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FOCUS

ESCOLA DE FOTOGRAFIA

TÉCNICAS E USO DO FLASH

KAREN LYNNE DEJEAN

Relatório apresentado como parte das


exigências para conclusão do Módulo 2
do curso de Fotografia.

Joinville, SC

Julho de 2017
O Flash Portátil não-embutido, ou fora da câmera, é um elemento
importante da iluminação usada em fotografia. Há algum tempo, esse uso do flash
tem sido chamado de “strobist”. Ainda que ele não tenha o mesmo efeito de uma
iluminação de estúdio, ele permite chegar razoavelmente perto – e com a vantagem
de que pode ser usado em qualquer locação.

Ao contrário da iluminação de estúdio que depende de equipamentos


pesados e suas tomadas, os flashes portáteis nos permitem usar uma iluminação
com mais praticidade e controle pois são pequenos e usam pilhas e baterias
portáteis. No entanto, eles possuem menos potência mas nada que não possa ser
resolvido usando mais de um deles, ou aproximando o flash do assunto. Há flashes
de várias marcas, incluindo os oficiais das câmeras DSLR como Canon e Nikon.

Figura 1: Uso de flash portátil (speedlight) fora da câmera, com sombrinha para difusão da luz.

Existem, basicamente, três possibilidades de disparo do flash fora da


câmera. Antes, porém, uma observação do fotógrafo carioca e professor de
fotografia Léo Neves: “Strobist, na verdade, é o título do blogue de um sujeito
chamado David Hobby. Ele fazia fotos com o flash fora da câmera e divulgava as
informações de configuração e equipamentos usados. Ele chamava de ‘strobist info’.
O blogue ficou muito popular e vários fotógrafos começaram a fazer e divulgar as
configurações de suas próprias fotos usando o termo ‘strobist info’. ‘Strobist’ acabou
virando um termo usado para dizer que o flash dedicado foi usado remotamente,
fora da câmera. Mas não era uma técnica nova, já era muito comum fotógrafos
usarem o flash fora da câmera para diversos tipos de fotos, até mesmo quando não
existiam os sistemas de disparo por infravermelho”, esclarece Léo.

A primeira forma de disparo é feita via infravermelho: um flash dedicado na


sapata da câmera (ou mesmo o flash incorporado da câmera) dispara um sinal
infravermelho que aciona o flash remoto. “Nesse sistema, é possível usar com o
flash remoto o modo TTL, travamento de exposição, o sincronismo em alta
velocidade e todas as funcionalidades do flash como se ele estivesse na sapata da
câmera”, explica Neves.

Ele afirma ainda que é possível controlar o segundo flash diretamente da


câmera, sem necessidade de ir até o flash remoto. A desvantagem desse modo é o
alcance muitas vezes limitado (dependendo do flash usado como mestre, para
disparar o remoto) e a necessidade de ter contato visual entre os dois flashes,
mestre e escravo. “Existe um sensor no flash dedicado que recebe esse sinal. Um
vidro preto que fica ao lado do flash (Nikon) ou na parte da frente (Canon). Qualquer
bloqueio pode cortar o sinal do flash mestre e o escravo não dispara”. Assim, não é
possível esconder um flash atrás de uma parede para iluminar outra sala ao fundo,
exemplifica. Outro problema seria fazer fotos ao ar livre em dias de muito sol. A luz
do sol pode “confundir” o sensor do flash remoto, impedindo que ele “perceba” o
flash mestre disparando.

O fotógrafo ainda ressalta que boa parte das câmeras Nikon e algumas da
Canon podem fazer o disparo remoto com infravermelho por meio do flash
incorporado da câmera. Nesse caso, o próprio flash incorporado (embutido no
corpo da câmera) faz o papel do mestre. A maneira de executar esse procedimento
pode ser vista no manual da câmera. “Quando a câmera não tem essa função, aí o
fotógrafo recorre a dois flashes, um mestre em cima da câmera e o segundo remoto.
Existe também, tanto na Nikon quanto na Canon, um transmissor infravermelho
específico, que não dispara flash, apenas o sinal infravermelho”, informa.

A segunda possibilidade seria o uso de um sistema de radio flash. Um


aparelho transmissor de ondas de rádio é colocado na sapata da câmera e um
receptor é ligado ao flash, por sapata ou cabo. “Geralmente, não é possível usar os
modos TTL e outras funções, mas existem rádios com essas funções, geralmente
um pouco mais caros que os modelos mais comuns”. Nos modelos mais simples, o
flash só vai funcionar em modo manual e o fotógrafo precisa ir até o flash fazer
qualquer alteração na carga. Como é um sinal de rádio, não vai acontecer o
problema do bloqueio do sinal, sendo possível colocar o flash atrás de paredes e
outros bloqueios.

“Existem vários modelos de rádio flash no mercado. Alguns mais estáveis e


cheios de funções – permitindo até controlar a carga do flash remoto direto do
próprio transmissor – até os mais baratos e, às vezes, instáveis, que podem deixar o
fotógrafo na mão algumas vezes. Um cuidado que o fotógrafo precisa tomar com os
rádios é sempre checar as pilhas dos transmissores e receptores”, alerta o fotógrafo.

Figura 2: Sistema de rádio flash.


Por último, temos a fotocélula, um dispositivo sensível à luz que aciona o
flash remoto. “Alguns flashes da Nikon têm esse sistema embutido no flash
(chamado su-4). Na Canon, ou em modelos Nikon sem a função su-4, só mesmo
com a célula externa, na sapata do flash. Nesse sistema, qualquer flash pode
disparar o flash remoto, até mesmo uma câmera compacta. Não é indicado para
ocasiões onde outras pessoas estarão fotografando também, mas pode ser uma
opção barata para quem faz ensaios onde só um fotógrafo vai disparar o flash”,
destaca Léo.

Daniel Mitsuo, fotógrafo de São Paulo, também exalta a praticidade do


sistema: “A vantagem é a mobilidade. Não ocupa espaço, dá pra levar pra onde
quiser, não pesa na mochila e não precisa de fonte de energia extra”, enumera Fore,
como é mais conhecido o fotógrafo. “A desvantagem é a potência da luz. Em um dia
ensolarado, por exemplo, vai ser mais difícil conseguir a luz desejada, mas nada
impossível, até porque, assim como num estúdio, você usa quantos flashes quiser
ao mesmo tempo”, completa o paulistano, que usa um transmissor infravermelho
para disparar seu flash remoto. “Algumas vezes uso um softbox feito para utilizar
com esse tipo de flash para deixar a luz mais difusa”, acrescenta.

“Um recurso bacana é usar mais de um flash. É possível iluminar o ambiente,


acrescentar uma luz de recorte, preencher sombras – o céu é o limite”, garante Léo
Neves. “Existem as gelatinas, que modificam a cor da luz do flash. O fotógrafo
afirma que 90% do seu trabalho é feito com o flash fora da câmera, mas receita bom
senso: “Já passei por situações em que percebi que posicionar o modelo na própria
luz ambiente dava um resultado melhor que montar minha própria luz, então abri
mão. Mas não é necessariamente um impedimento. Aí é mais uma questão de
feeling”, acredita.
Figura 3: Gelatinas para modificação da iluminação.

Para quem está começando a usar um flash portátil não-embutido, tudo que é
preciso é um único flash e alguns disparadores simples. Você também precisará
de um tripé de iluminação para o flash e possíveis modificadores de iluminação.
Os modificadores de iluminação, é claro, são opcionais – como filtros em uma
fotografia. Outro item opcional é o gel para correção de temperatura da cor. Com
esses itens, pode-se obter uma ampla gama de efeitos de iluminação. Esse é um
primeiro passo para criar um “kit de fotografia em locações externas”, em modo
manual ou TTL.
Figura 4: Sugestão de kit de fotografia para locações externas.

É preciso lembrar que, em sessões externas, fora do estúdio, a luz natural


tem um papel muito importante. Por isso, antes de começar a utilizar um flash
portátil, é importante fazer a leitura da iluminação do ambiente e ajustar as
configurações do flash para complementarem esta iluminação – sem dominá-la.
Uma proporção de 2:1 entre a luz natural e o flash é geralmente indicada. Além do
controle da proporção, também é importante observar a direção da luz, ou seja, o
ângulo que ela irá atingir. Para fazer isso, use o controle interno de zoom do flash
portátil. Isso permite, por exemplo, que você ilumine o modelo enquanto mantém a
luz natural no fundo.
Figura 5: Retrato em cena externa, à luz do dia, com flash portátil externo.

Podemos pensar em fotografia de cenas externas com o uso de flash portátil em


três passos. Primeiro, utilize o modo automático (ou P) e tire uma leitura da
câmera do fundo por trás do tema. É necessário lembrar do triângulo de exposição:
ISO, velocidade do obturador e abertura. Em seguida, mude para o modo manual e
marque as mesmas configurações. Neste ponto, não é necessário se preocupar em
expor corretamente o tema principal; e nem é preciso que ele esteja em frente à
câmera enquanto faz isso.

Para demonstrar, digamos que o fundo está bem exposto com ISO 200, f/4 e
a velocidade do obturador de 1/125. Caso se prefira um fundo mais escuro, pode-se
diminuir-se o ISO (isto é, de ISO 200 para ISO 100), estreitar-se a abertura (ou seja,
de f/4 para f/5.6) ou aumentar-se a velocidade do obturador (isto é, de 1/125 para
1/160). Faça o contrário se a intenção for obter um fundo mais claro.

Figura 6: Fotografia de cena externa com flash portátil e fundo mais subexposto que o tema principal.

Em seguida, é preciso fazer-se um teste e verificar SOMENTE o plano de


fundo para quaisquer luzes estouradas, a fim de se evitar a perda de detalhes da
imagem no pós-processamento. Após obter a exposição ideal para o plano de fundo,
avance para o próximo passo.

O segundo passo consiste em adicionar-se luz de preenchimento ao tema


princial. Por onde começar? A menos que se tenha um medidor de luz, serão
necessárias algumas fotos-teste. Sim, parece muito contra-intuitivo. Mas, caso não
tenha idéia de onde começar, pode-se usar 1/16 da potência do flash.

Posicione o tema na frente da câmera e faça um teste. Verifique neste


momento SOMENTE o assunto e veja se ele está corretamente exposto. Antes de
fazer qualquer configuração em sua câmera, siga o terceiro passo.
Esta é talvez a parte mais técnica neste processo. Para esta etapa, é mais
indicado mudar somente a potência do flash durante o maior tempo possível. No
entanto, isso nem sempre será o caso - como veremos a seguir.

Primeiro, se o tema ainda estiver escuro demais, aumente a potência do flash


(de 1/16 para 1/8); se o assunto estiver muito claro, diminua a potência (de 1/16 a
1/32). Lembre-se de verificar se há algo estourado na imagem. Se o assunto ainda
estiver muito escuro depois de chegar à metade da potência do flash, alargue a
abertura (isto é, de f / 4 para f / 2.8). Se já estiver na maior abertura possível e a foto
ainda estiver escura, aumente o ISO. (Aumentar o ISO adicionará ruído à foto).

No entanto, não é desejável configurar o flash para mais da metade (1/2)


de sua potência, devido ao seu tempo de recuperação. O disparo a plena potência
(1/1) drena a bateria rapidamente e será preciso esperar cerca de 5 segundos entre
cada disparo. Isso é difícil em situações de fotografia de retratos, quando se tem
uma pessoa aguardando.

Por outro lado, se o o tema está muito claro e já se diminuiu a potência do


flash para 1/128 (que é a mais baixa), então é preciso diminuir a abertura (ou seja,
de f /4 para f / 5.6, f /8, etc.). Diminua o ISO também, se for necessário.

Resumindo, a câmera controla o plano de fundo e o flash controla o assunto.


As duas coisas mais importantes para se lembrar quando se fotografa em cenas
externas com flash fora da câmera são as seguintes:

1. Para ajustar a potência do flash em relação ao assunto enquanto se usa o


flash, altere a ABERTURA.

2. Para ajustar a potência do flash em relação à luz ambiente do fundo ao


usar o flash, altere a VELOCIDADE DO OBTURADOR.

REFERÊNCIAS:

LEITE, ENIO. Fotografia Digital: aprendendo a fotografar com qualidade. São


Paulo: Ed. Viena, 2017.
http://iphotochannel.com.br/iluminacao-fotografia/flash-remoto-3-formas-de-usar

https://blog.emania.com.br/flash-portatil/

http://www.photochannel.com.br/index.php/entrevista/flash-fora-da-camera-um-
estudio-na-palma-da-mao/

http://mci.tv/index.php?route=pavblog/blog&id=81

https://digital-photography-school.com/tips-using-flash-enhance-outdoor-nature-
landscape-photography/

https://photographylife.com/when-to-use-flash

http://leoneves.net/blog/?category=dos%20esquemas%20de%20luz

https://www.youtube.com/watch?v=PrbVKwk0GFk

https://www.digitalphotomentor.com/off-camera-flash-portraits/

http://www.digital-photo-secrets.com/tip/195/using-a-flash-when-outside/

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