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CAMPINAS
2017
2
CAMPINAS
2017
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES, 1543078/2015
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Física Gleb Wataghin
Lucimeire de Oliveira Silva da Rocha - CRB 8/9174
Título em outro idioma: Fabrication and characterization of healable hydrophobic thin film
Palavras-chave em inglês:
Smart materials
Polymeric nanocomposite materials
Self-healing materials
Reduced graphene oxide
Thin films
Hydrophobicity
Área de concentração: Física
Titulação: Mestra em Física
Banca examinadora:
Antonio Riul Júnior [Orientador]
Marisa Masumi Beppu
Varlei Rodrigues
Data de defesa: 28-08-2017
Programa de Pós-Graduação: Física
COMISSÃO JULGADORA:
CAMPINAS
2017
5
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 17. Imagem obtida com objetiva 10X do filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60, a região
circulada vermelha ilustra a área danificada pelo laser sem filtro. ........................................... 45
Figura 18. Imagens obtidas com ampliação 420X, pelo Dino Lite, do filme (GPAH-
PEI/GPSS-PAA)60 danificado, antes (esquerda) e depois (direita) da imersão em água por 15
min. ........................................................................................................................................... 46
Figura 19. Imagens obtidas com ampliação 420X, pelo Dino Lite, do filme (PEI/PAA)30
danificado, antes (esquerda) e após (direita) imersão em água por 15 min.............................. 47
Figura 20. Imagens AFM do filme (PEI/PAA)60 danificado, antes (esquerda) e após (direita)
imersão em água por 15 min. ................................................................................................... 47
Figura 21. Imagens AFM dos filmes (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 (a) e (d), (PEI/PAA)60 (b) e
(e) e (GPAH/GPSS)50 (c) e (f), sendo (a),(b) e (c) imagens de sensor de altura e (d), (e) e (f)
de fase. ...................................................................................................................................... 48
Figura 22. Ilustração do perfil do filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 analisado no perfilômetro.
A primeira profundidade demarcada pelo traço vertical à esquerda do gráfico representa um
risco sobre o filme até atingir o vidro, a segunda representa uma área riscada e regenerada
após imersão em água. .............................................................................................................. 49
Figura 23. Gráfico de ângulo de contato por número de camadas depositadas de POTS, sobre
o filme (PDDA/PAA)25 com uma camada de NPSiO2. ............................................................ 51
Figura 24. Imagens de DSA da gota de 5 μL sobre o filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 com
ilustração do ajuste em linha verde contornando a gota. .......................................................... 53
Figura 25. Gráfico de corrente por tensão de (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60, (PEI/PAA)60 e
(GPAH/GPSS)50. ...................................................................................................................... 54
Figura 26. Gráficos de Corrente por tensão de (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 e (PEI/PAA)60 (a),
e apenas de (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 para melhor visualizar o comportamento capacitivo.55
Figura 27. Gráficos de condutividade elétrica por número de bicamadas dos filmes de
(GPAH-PEI/GPSS-PAA)60, (PEI/PAA)60 e (GPAH/GPSS)50 (esquerda), um zoom para região
de análise para apenas os dois primeiros filmes (direita). ........................................................ 56
Figura 28. Gráfico de Carga de Força vs. Profundidade obtido das medidas de
nanoindentação para os filmes (PEI/PAA)60 e (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60. ............................ 57
10
AC Corrente Alternada
AFM Microscópio de Força Atômica
bPEI Poli(etileno imina) Ramificado
BTA Benzotriazol
CA Ângulo de Contato
CMC Carboximetilcelulose
CS Quitosana
DC Corrente Direta
DSA Drop Shape Analyzer (Analisador de forma de gota)
EIS Espectroscopia de Impedância Eletroquímica
GE Grafeno
GO Óxido de Grafeno
GPAH Grafeno-Poli(cloridrato de alilamina)
GPSS Grafeno-Poli(estireno-sulfonato de sódio)
HA Ácido Hialurônico
ICSHM International Conference of Self-Healing Materials (Conferência
Internacional de Materiais autorregeneráveis)
LAMULT Laboratório Multiusuário
LbL Layer-by-Layer (Camada-a-camada)
MMT Argila Montmorilonita
NPSiO2 Nanopartículas de sílica
PAA Poli(ácido acrílico)
PAH Poli(cloridrato de alilamina)
PDADMAC Poli(cloridrato de dialildimetilamônio) (Sinônimo de PDDA)
PDDA Poli(cloridrato de dialildimetilamônio)
PE Polieletrólito
PEG Polietilenoglicol
PEI Poli(etileno imina)
PEO Poli(óxido de etileno)
PFOS Ácido perfluorooctanossulfônico
PIM1 Polímero de microporosidade intrínseca
PMAA Poli(metacrilato de metilo)
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO................................................................................. 14
1.3.3.1.ENCAPSULAMENTO .................................................................................. 28
1.3.3.2.CAPILARES .................................................................................................. 28
3. CARACTERIZAÇÕES .................................................................................. 36
5. CONCLUSÕES ............................................................................................... 58
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Figura 1. Total de publicações científicas por ano em materiais autorregeneráveis, obtido na Web of Science [3], em julho
2017.
15
A técnica LbL foi desenvolvida pela primeira vez em 1966 por Iler através da
interação química de materiais, ficando amplamente conhecida em 1997 com o trabalho de
Decher e colaboradores [12], que estenderam o trabalho de Iler com o uso de polieletrólitos de
cargas opostas e interações físicas entre os materiais. Polieletrólitos podem ser classificados
como polieletrólitos fracos ou fortes, sendo os fortes aqueles que apresentam grande
concentração de carga com pouca dependência do pH em que se encontra, i.e., possuem um
baixo pKa. Já os polieletrólitos fracos dependem fortemente do pH, sendo sensível a este, pois
19
Figura 2. A. Etapas de fabricação de um filme multicamadas: 1-Adsorção do poliânion; 2-Lavagem para remoção de excesso
de poliânion; 3-Adsorção do policátion; 4-Lavagem para remoção de excesso de policátion. B. Processo de adsorção dos
polieletrólitos. Adaptado de [12].
20
um dos dois polieletrólitos fracos penetra o filme LbL e chega ao substrato durante sua
deposição. Ao emergir da solução ele é difundido para fora e isto é possível devido à grande
porosidade do material e de suas ligações fracas, permitindo essas passagens e uma alta
mobilidade das moléculas no filme. Durante a imersão, forças coulombianas na solução
contendo cargas iguais “empurram” material para dentro do filme e, ao emergir da solução,
esta força desaparece fazendo com que a resultante de força termine na direção da superfície
do filme, ou seja, o material difunde “para fora”. Toda deposição é acompanhada pela difusão,
fazendo com que a espessura cresça exponencialmente, e este é o caso que ocorre no filme
(PEI/PAA) que apresentaremos um pouco mais a frente [2]. Filmes LbL com crescimento
linear demandam, em geral, um grande consumo de tempo para fabricar revestimentos
nanométricos, entretanto, com o mecanismo de difusão, revestimentos com espessura da
ordem de micrômetros são fabricados no mesmo período de tempo [2].
Figura 3. As compensações intrínseca e extrínseca de carga durante deposições de LbL. Adaptado de [44].
ΔG = ΔH – TΔS (1.1)
1.3.2. MOLHABILIDADE
[49] e para melhor entender o mecanismo de interação do material com a água é necessário
retomar nossos conhecimentos sobre a tensão superficial de um material.
Todo material é formado por inúmeras ligações químicas e físicas entre moléculas
e/ou cadeias. Em seu interior, as ligações podem ser feitas em todas as direções, mantendo o
sistema em um equilíbrio de menor energia. Entretanto, na superfície, as moléculas se
encontram em uma fronteira que limita sua quantidade de ligações, havendo um excesso de
energia, e esta energia por área é a tensão superficial (γ) do material, ilustrado na Figura 4.
Este excesso de energia pode fazer a superfície possuir propriedades distintas do volume e em
uma gota de líquido, por exemplo, as moléculas da superfície tendem a se unir em um formato
esférico para minimizar a área superficial e reduzir a energia de superfície e ligações
incompletas [50].
Figura 4. Ilustração do conceito da energia superficial. Moléculas no volume de um material têm forças intermoleculares
resultantes nulas, porém na superfície o excesso de energia por área faz com que haja uma tensão superficial.
Quando uma gota de líquido está em contato com uma superfície sólida precisam
ser consideradas as interfaces sólido-líquido (SL), sólido-vapor (SV) e líquido-vapor (LV)
presentes no sistema. Portanto, cada interface tem sua tensão superficial associada a γSL, γSV,
γLV, respectivamente. O formato da gota resulta do balanço entre estas três tensões, e este
estado de equilíbrio pode ser caracterizado por um ângulo formado entre a direção do plano
da superfície sólida e o tangencial, em relação ao perfil circular da gota, no ponto de
intersecção das três interfaces, como ilustrado na Figura 5. O ângulo de contato estático (θ) é
definido pela equação de Young, sendo considerada uma gota de água sobre uma superfície
plana.
24
𝛾𝑆𝑉 −𝛾𝑆𝐿
cos θ = (1.2)
𝛾𝐿𝑉
Figura 5. Classificação dos regimes de molhamento em função do ângulo de contato e relações de tensões superficiais
envolvidas [49].
Em 1944, Cassie e Baxter propuseram que haveria outra forma da gota interagir
com a superfície rugosa energeticamente mais favorável [49]. Em vez de acompanhar os
contornos da superfície, a gota pode se apoiar nos topos das rugosidades para reduzir a
energia do sistema, formando uma interface entre gota e superfície, composta por pacotes de
ar e pilares sólidos de rugosidade. Consequentemente, o cosseno do novo θ da gota na
superfície rugosa (θCB) é a média ponderada entre o cosseno do θ da gota sobre os pacotes de
ar (θAR) e o cosseno do θ da gota sobre o sólido (θS) [49]:
sendo Φs a fração de superfície correspondente aos topos de rugosidade e (1- Φs) aos pacotes
de ar. θS é equivalente ao θ do modelo Wenzel (θw), pois considera apenas o líquido no sólido
rugoso, sem levar em consideração pacotes de ar. Logo, a partir da equação (1.3) temos:
Note que para o caso ideal em que as lacunas entre os topos de rugosidade são 100%
pacotes de ar, não havendo umidade e impurezas, o θAR é considerado 180º. Desta forma,
substituindo a equação (1.5) na equação (1.4) é possível verificar que:
Figura 6. Ilustração das superfícies descritas pelos modelos de Wenzel e de Cassie-Baxter. Adaptado de [49].
1.3.2.5. A SUPERHIDROFOBICIDADE
se concluir que é possível atingir a superhidrofobicidade tendo uma superfície hidrofóbica, i.e.,
de baixa tensão superficial, com rugosidade em estrutura hierárquica [55], e foi o que
tentamos atingir neste trabalho.
Figura 7. a. Imagem de uma gota de água sobre folha de lótus. b. Imagem SEM das extensões da folha de
lótus. c. Imagem SEM dos topos das extensões. d. Microcristais de cera da folha de lótus [54].
1.3.3. AUTORREGENERAÇÃO
1.3.3.1. ENCAPSULAMENTO
1.3.3.2. CAPILARES
O grupo extrínseco, pela sua estrutura complexa, sempre demanda uma montagem
experimental sofisticada que limita muito sua produção e aplicação em grande escala. Sua
baixa reversibilidade também é um forte indício da necessidade de um novo mecanismo de
autorregeneração, e é neste cenário que introduzimos o grupo intrínseco.
29
Outra possibilidade é usar metais iônicos, como no trabalho de Del Campo et al. [62] que
utilizaram o íon de metal Fe3+ como a parte positiva da interação eletrostática, enquanto a
parte negativa segue um polieletrólito.
As interações hidrofóbicas são ações que ocorrem entre moléculas polares e não
polares, e são reversíveis, como mostra no trabalho de Gong et.al. [65]. Em um teste de tração,
as interações hidrofóbicas se dissociam com uma dissipação de energia do sistema e se
reassociam quando a tração é retirada. Tuncaboylu et al. [66] trabalharam com polimerização
de metacrilato de estearilo hidrofóbico e acrilamida hidrofílica, sintetizando hidrogéis
regeneráveis em temperatura ambiente.
Figura 10. Gráficos de retenção de água e razão de inchaço do filme por tempo, indicando uma relação direta entre o
inchaço e o processo de regeneração. Adaptado de [44].
32
CAPÍTULO 2
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. MATERIAIS
Para a fabricação das amostras foram utilizados PEI (Mr = 600000 ~ 1000000),
PAA (Mv = 1250000), NPSiO2 e POTS, adquiridos da Sigma Aldrich e utilizados como
recebidos. GPAH e GPSS foram preparados e gentilmente fornecidos pelo aluno de doutorado
Mawin Martinez da UNICAMP, também sob supervisão do Prof. Riul. A água para preparo
das soluções e lavagem foi água ultrapura obtida de um sistema Satorius, modelo Arium
Comfort, com pH em torno de 6. Para preparo da solução de GPAH, o material em pó foi
disperso em água e sonicado com a ponta ultrassônica Qsonica Sonicators da Analítica
durante 30 minutos, descansando por 2 minutos a cada 5 minutos. O GPSS foi diluído em
água e sonicado em um banho ultrassônico Ultraclear 1400 da Unique durante 30 minutos
sem pausa. As estruturas dos materiais citados que constituem o filme fino estão ilustradas na
Figura 11.
Para obter um revestimento multicamadas autorregenerável é necessário que os
materiais constituintes das camadas tenham interações que enquadrem nas descritas na seção
1.3.3. O PAA foi estudado por diversos grupos de pesquisas para o tema e tem comprovada
capacidade de autorregeneração [13,14,24-27]. Sua interação com PEI forma uma interação
eletrostática, e ambos são considerados como polieletrólito fracos. As forças intermoleculares
fracas favorecem mobilidade de algumas partes nas nanoestruturas formadas, possibilitando o
efeito autoregenerativo em alguns casos, uma vez que o desbalanço das cargas ao ter sua
superfície danificada causa uma tendência de uma autorreconstrução da estrutura do
polieletrólito para equilibrar a distribuição de cargas no interior da amostra [5]. Além do mais,
quando ocorre um dano é necessário que haja um mecanismo de deslocamento que leve
materiais separados pelo dano mecânico a se juntarem e se regenerar. Este mecanismo no
nosso caso deve-se ao inchaço do PEI em contato com a água.
33
Figura 11. Estrutura de todos os componentes envolvidos no filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA): PEI, PAA, nanofolhas de rGO
funcionalizados por PAH e PSS [69].
ARDUÍNO
Figura 12. Esquematização do equipamento montado pelo grupo para a técnica LbL.
34
CAPÍTULO 3
3. CARACTERIZAÇÕES
Nas soluções de polieletrólitos utilizados para fabricação do filme LbL, temos o meio
contínuo líquido e as suspensões formadas pelas moléculas e cadeias de polieletrólitos
dispersas neste meio. As suspensões apresentam cargas elétricas e estas formam uma
diferença de potencial com o meio contínuo, chamado de potencial Zeta [70]. O potencial
Zeta tem como objetivo a análise da força iônica e concentração de cargas do material.
Através da aplicação de um campo elétrico sobre o material em análise, as suspensões de PE
carregadas se locomovem em resposta ao campo com velocidade determinada pela sua carga,
forma e massa [71]. Com estes comportamentos, é possível uma análise da dispersão das
suspensões carregadas imersas no meio contínuo e obter dados sobre a magnitude de interação
eletrostática entre estas, ou seja, conhecendo a força iônica e concentração de cargas dentro
do material. Este estudo pode ser feito com diferentes pH do meio, um fator que influencia
diretamente a concentração de carga da solução. Um ponto importante que se relaciona
diretamente com a estabilidade da solução é o ponto isoelétrico. O ponto isoelétrico é um
valor de pH no qual a solução apresenta carga elétrica nula, ou seja, é atingido um equilíbrio
entre os grupos iônicos positivos e negativos contidos em solução [70]. Realizando medidas
do potencial Zeta em função de diferentes pH das soluções de GPAH e GPSS podemos
determinar o pH adequado ao experimento de forma a garantir uma interação eletrostática
fraca entre cadeias moleculares, de maneira a viabilizar maior mobilidade entre estas,
possibilitando a capacidade de autorregeneração do filme LbL.
3.2. RAMAN
1
Em = (n + 2 ) hυm (2.1)
3.3. AUTORREGENERAÇÃO
3.4. AFM
Carlos (USP) para as medidas de microscopia de força atômica, em colaboração com o Dr.
Marcelo A.P. Silva.
Para análises topológicas dos materiais fabricados, além de medir a rugosidade e
espessura do filme, conseguimos obter também as funções trabalho das diferentes arquiteturas
LbL estudadas. A rugosidade do filme é de interesse para relacionarmos esta característica
com a molhabilidade desejada do filme. Para medir a rugosidade é realizada uma varredura
simples da superfície em uma área bidimensional quadrada. Para amostras com superfícies
irregulares, a área varrida é de 2 μm x 2 μm, já para superfícies mais homogêneas, de 10 μm x
10 μm. Uma superfície regular permite a varredura em uma área maior para resultados
acurados, porém, uma superfície irregular dificulta a varredura em áreas grandes e reduz a
qualidade da medida, portanto, é varrido um conjunto de área menor e feito uma média
aritmética para estimativa da rugosidade, pois caso seja feita apenas uma medida, é possível
obter rugosidades distintas variando a ordem de grandeza analisada. A espessura do filme nos
forneceria informações sobre o mecanismo do crescimento do filme. Para a medida de
espessura do filme LbL foi feito um risco manualmente com uma ponta de STM sobre o filme
até visualização do substrato. A varredura sobre uma região contendo o local do risco com
borda do filme nos fornece a profundidade do corte, que corresponde a espessura do filme
LbL. Posteriormente, mergulhamos o filme com corte em água por 15 minutos, e após o filme
estar seco, uma nova varredura fornecerá um novo valor de profundidade no local. Qualquer
redução na profundidade indica capacidade de regeneração do filme com estímulo da água, e
sua eficiência seria quantificada com a sua proporcional redução da profundidade. Entretanto,
a rugosidade era alta demais para a faixa de funcionamento do AFM, prejudicando seriamente
a qualidade da medida. Portanto, foram realizadas medidas no Perfilômetro, vide seção 3.5.
3.5. PERFILOMETRIA
3.8. NANOINDENTAÇÃO
Uma técnica de caracterização muito utilizada para medir dureza de filmes finos é
a nanoindentação. As medidas foram realizadas em colaboração com o Prof. Dr. Fernando
41
Figura 14. Gráfico ilustrativo de carga vs. profundidade no processo de nanoindentação para materiais a) perfeitamente
plástico, b) elasto-plástico e c) perfeitamente elástico [73].
CAPÍTULO 4
4. RESULTADOS E ANÁLISES
Figura 15. Gráfico de potencial Zeta para GPAH e GPSS em função do pH.
43
4.2. RAMAN
Figura 16. Espectroscopia Raman dos filmes (GPAH/GPSS)50, (PEI/PAA)60 e (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 em análise.
45
Na Figura 17 temos uma foto tirada com a objetiva 10X do equipamento Raman
diretamente na área analisada. Temos a superfície do filme de (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60
com uma área circular degradada escura, circulada em vermelho, causada pelo feixe de laser
do equipamento que queimou aquela região, ilustrando sua vulnerabilidade a aplicação de
altas energias e altas temperaturas. Para corrigir o problema, foi adicionado um filtro de 10%,
não sendo mais observados danos nas amostras.
_____
10 μm
Figura 17. Imagem obtida com objetiva 10X do filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60, a região circulada vermelha ilustra a área
danificada pelo laser sem filtro.
4.3. AUTORREGENERAÇÃO
Figura 18. Imagens obtidas com ampliação 420X, pelo Dino Lite, do filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 danificado, antes
(esquerda) e depois (direita) da imersão em água por 15 min.
Figura 19. Imagens obtidas com ampliação 420X, pelo Dino Lite do filme (PEI/PAA)30 danificado, antes
(esquerda) e após (direita) imersão em água por 15 min.
Figura 20. Imagens AFM do filme (PEI/PAA)60 danificado, antes (esquerda) e após (direita) imersão
em água por 15 min.
4.4. AFM
4.5. PERFILOMETRIA
Figura 22. Ilustração do perfil do filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 analisado no perfilômetro. A primeira profundidade
demarcada pelo traço vertical à esquerda do gráfico representa um risco sobre o filme até atingir o vidro, a segunda
representa uma área riscada e regenerada após imersão em água.
50
Os primeiros testes que realizamos sobre molhabilidade dos filmes LbL foram
com estruturas envolvendo apenas bicamadas de polieletrólitos e incorporação de
nanopartículas de sílica para aumentar a hidrofobicidade do material devido ao aumento de
rugosidade que poderia atribuir à superfície do filme LbL, seguindo resultados da literatura
que incorporaram NPSiO2 para esta finalidade [52]. Os resultados de ângulo de contato destes
primeiros filmes foram inesperadamente pequenos, indicando filmes LbL bastante hidrofílicos.
Com maior aprofundamento no estudo da literatura, verificamos que a hidrofobicidade é
principalmente devido a um processo de silanização [53], que passamos a realizar em
colaboração com o Prof. Dr. Ítalo Mazzali (IQ, UNICAMP) através da Dra. Anerise de Barros.
O método de silanização consiste em depositar uma camada de POTS por imersão durante 5
minutos sobre a última camada depositada no filme LbL. Em seguida, o filme é submetido a
200ºC em uma estufa por duas horas para que ocorra a remoção de excesso de água e aumente
a ligação do POTS com o filme LbL. Posteriormente, o filme é retirado da estufa e todo
procedimento é repetido quantas vezes desejado, dependendo da quantidade de camadas de
POTS que se queira.
51
Figura 23. Gráfico de ângulo de contato por número de camadas depositadas de POTS, sobre o filme (PDDA/PAA) 25 com
uma camada de NPSiO2.
atingida por filmes com rugosidade nanométrica em torno de 130º, que está de acordo com os
nossos resultados experimentais [8].
Os últimos testes que realizamos foram realizados sobre os filmes com
(PEI/PAA)60 e (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 (Figura 24), entre outras estruturas com
composições semelhantes. Os resultados destes apresentam um alto ângulo de contato sem
necessidade da etapa de silanização, chegando ao máximo θ = 136º, considerado como
hidrofóbico. Aplicamos também a silanização nos filmes (PEI/PAA)60, mas verificamos que
esta arquitetura LbL é pouco resistente ao calor, deixando o filme quebradiço e hidrofílico
após a etapa de aquecimento a 200oC.
Depositamos também filmes LbL em vidros com regiões cuja rugosidade foi
alterada com laser de alta intensidade, em colaboração com o Prof. Cléber R. Mendonça
(IPOTSC, USP), apresentando rugosidades de 10 a 20 μm. Nanopartículas de sílica foram
depositadas para verificar a estrutura hierárquica desejada e observamos um pequeno aumento
de ângulo de contato, que estava dentro da margem de erro da medida realizada. Verificamos
até o momento da molhabilidade das estruturas LbL (TiO2/GPSS)2/(PEI/PAA)40,
(PEI/PAA)40/(TiO2/GPSS)1 e (PEI/PAA)40 depositadas sobre estas lâminas com regiões de
rugosidade micrométrica fornecidas pelo Prof. Cléber Mendonça, mas sem grandes alterações
no ângulo de contato, possivelmente pelo fato das rugosidades dos filmes LbL estarem
próximas da rugosidade dessas regiões, não atingindo a hierarquia exigida para a
superhidrofobicidade. Ilustramos na Tabela 4 todas as arquiteturas LbL testadas e ângulos de
contato avaliados, ressaltando que cronologicamente esta etapa foi anterior aos resultados
inicialmente apresentados sobre materiais autorregeneráveis, na busca por materiais que
possam ter superhidrofobicidade junto com autorregeneração. Até o momento, os resultados
mais favoráveis foram para o filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60, que resultou em um ângulo de
contato alto e sem necessidade da etapa de silanização, devido à baixa energia superficial do
material e elevada rugosidade do filme, que acreditamos estar relacionada com as fracas
interações intermoleculares entre os constituintes. Estes resultados nos orientaram em relação
à etapa posterior de caracterização elétrica da estrutura LbL (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60.
53
(PDDA/PAA)25/(PDDA/MMT)/(PDDA/NPSiO2)/(POTS)5 53,7
(PEI/PAA)30,40 130
(PEI/PAA)60 130
(TiO2/GPSS)2/(PEI/PAA)40/NPSiO2 140
(PEI/PAA)40/(TiO2/GPSS)2/NPSiO2 110
(GPAH/GPSS)50/(PEI/PAA)60/NPSiO2 130
(GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 136
(GPAH/GPSS)50 90
Figura 24. Imagens de DSA da gota de 5 μL sobre o filme (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 com ilustração
do ajuste em linha verde contornando a gota.
54
Figura 26. Gráficos de Corrente por tensão de (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60 e (PEI/PAA)60 (à esquerda), e apenas de (GPAH-
PEI/GPSS-PAA)60 para melhor visualizar o comportamento capacitivo (à direita).
Figura 27. Gráficos de condutividade elétrica por número de bicamadas dos filmes de (GPAH-PEI/GPSS-PAA)60, (PEI/PAA)60 e
(GPAH/GPSS)50 (esquerda), um zoom para região de análise para apenas os dois primeiros filmes (direita).
4.8. NANOINDENTAÇÃO
Figura 28. Gráfico de Carga de Força vs. Profundidade obtida das medidas de nanoindentação para os filmes (PEI/PAA)60 e
(GPAH-PEI/GPSS-PAA)60.
CAPÍTULO 5
5. CONCLUSÕES
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Multilayer Coatings,” Angew. Chem. Int. Ed. Engl., Vol. 50, pp. 11378-11381, 2011.
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Disponível Em: Https://Www.Webofknowledge.Com/. [Acesso Em 01 Jul. 2017].
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10447, 2015.
[5] E. V. Skorb E D. V. Andreeva, "Self-Healing Properties Of Layer-By-Layer Assembled
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Recent Developments,” Progress In Polymer Science, Vol. 33, pp. 479-522, 2008.
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Reversible, Ph-Triggered Wetting Transitions Enabled By Layer-By-Layer Films,” ACS
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[8] M. R. Cardoso, R. J. Martins, A. Dev, T. Voss E C. R. Mendonça, “Highly Hydrophobic
Herarchical Nanomicro Roughness Polymer Surface Created By Stamping And Laser
Micromaching,” Journal Of Applied Polymer, Vol. 132, pp. 42082(1-4), 2015.
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