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CAPÍTULO 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO ACIONAMENTO

1.1 INTRODUÇÃO

As máquinas existentes nas instalações industriais, comerciais ou mesmo domésticas são,


geralmente, constituídas de um grande número de componentes (peças, mecanismos,
dispositivos, etc) cada um deles exercendo uma função definida. Uma máquina entra em
operação para realizar um determinado trabalho quando todos os seus componentes ou
alguns deles entram em movimento. Para uma máquina realizar o seu trabalho é
necessário que ela seja acionada, isto é, receba conjugado mecânico de uma fonte externa
para ser colocada em movimento. Esta fonte externa ou órgão primário recebe o nome
genérico de acionador. O conjugado mecânico fornecido pelo acionador é levado à
máquina por meio de um sistema de transmissão que une o eixo principal da máquina1
com o eixo do acionador. Este sistema de transmissão pode ser uma simples luva de
acoplamento direto ou um complexo redutor ou multiplicador de velocidades de
engrenagens, de correias, hidráulico, com ou sem embreagens, etc. Nas plantas
industriais, onde os processos de fabricação exigem os mais variados tipos de máquinas,
estão presentes diversos tipos de acionadores: motores elétricos, motores de combustão
interna (diesel ou gasolina), turbinas a vapor ou a gás, etc. Podemos dizer que o acionador,
o sistema de transmissão e a máquina acionada formam um conjunto.
Os motores elétricos são os mais importantes acionadores industriais. Eles apresentam
diversas vantagens sobre os demais acionadores tais como:

• São fabricados para qualquer potência.


• Sua velocidade pode ser controlada dentro de uma ampla faixa.
• Os componentes que fazem este controle são todos padronizados: relés, contatores,
chaves automáticas, inversores, etc.
• Permitem um elevado grau de automação dos processos industriais.
• Os controles podem ser feitos junto ao motor ou à distância.
• São de fácil manutenção e reposição.

A correta seleção de motores para realizar um acionamento, principalmente nas


plantas industriais, constitui um dos mais importantes problemas da eletrotécnica
aplicada, pelos aspectos técnicos e econômicos envolvidos. Ao longo de muitos anos, o
fato de a energia elétrica ter sido um insumo relativamente barato na composição dos
custos dos produtos industriais, criou entre muitos técnicos uma cultura de relativa
indiferença quanto a uma correta seleção dos motores elétricos para realizar um
determinado acionamento. Desde que o acionador colocasse a máquina em operação na
velocidade correta, fornecendo a potência necessária, outros aspectos do problema, tais
como sobre-dimensionamento e negligência na manutenção do motor, teriam importância
secundária. Porém, com o custo da energia elétrica se tornando cada vez maior,

1Eixo principal de uma máquina é o eixo através do qual ela recebe potência e conjugado do acionador. Ele pode estar acoplado ao
eixo do acionador diretamente ou através de um sistema de transmissão.
2
principalmente nas regiões onde ela é gerada a partir de combustíveis fósseis, a
preocupação dos engenheiros eletricistas com um melhor rendimento dos motores
elétricos e, consequentemente, com uma correta escolha do motor para acionar uma
determinada máquina, foi se tornando um ponto relevante no problema do acionamento
elétrico.

A Figura 1.1 mostra o consumo de energia elétrica (GWh) por classe no Brasil, no
ano de 2010. A Tabela 1.1 mostra o consumo por classe no período de 2006 a 2010. Na
média histórica, cerca de 44% é para atender o consumo industrial, 27% é consumo
residencial, 14% comercial e 15% outros setores.

Consumo de Energia Elétrica (GWh) - ano base 2010

Serviço público
Iluminação
Poder público 13.589 Próprio
pública
3,3% 2.456
12.817 2.051
3,1% 0,6%
2,9%
Rural Residencial
18.500 107.215
4,5% 25,8%

Comercial
69.170
16,7%

Industrial
179.478
43,2%

Figura 1.1: Consumo de energia elétrica no Brasil


Fonte: EPE 2011 (ano base 2010)

Tabela 1.1: Consumo de Energia Elétrica por Classe em GWh


2006 2007 2008 2009 2010 ∆% Participação %
(2010/2009) (2010)
Brasil 356.129 377.030 388.472 384.306 415.277 8,1 100,0
Residencial 85.784 89.885 94.746 100.776 107.215 6,4 25,8
Industrial 163.180 174.369 175.834 161.799 179.478 10,9 43,2
Comercial 55.369 58.647 61.813 65.255 69.170 6,0 16,7
Rural 16.022 17.269 17.941 17.304 18.500 6,9 4,5
Poder público 10.648 11.178 11.585 12.176 12.817 5,3 3,1
Iluminação pública 10.975 11.083 11.429 11.782 12.051 2,3 2,9
Próprio 1.987 2.158 2.270 2.319 2.456 5,9 0,6

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2011 – EPE

A distribuição do consumo de energia elétrica por uso final na classe industrial é


mostrada na Figura 1.2. Destaca-se o uso intenso da força motriz (68,3%) seguido da
eletrotermia (22,8%).
3

Figura 1.2: Distribuição do consumo de energia elétrica por uso final na indústria
Fonte: Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos de Uso – Ano Base 2005 – Classe Industrial – Alta
Tensão. Relatório Executivo 2008 – PROCEL

A distribuição do uso da energia elétrica na força motriz é mostrada na Figura 1.3.

Figura 1.3: Distribuição do consumo de energia elétrica na força motriz.


Fonte: Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos de Uso – Ano Base 2005 – Classe
Industrial – Alta Tensão. Relatório Executivo 2008 - PROCEL

Os equipamentos utilizados nos processos são soldadoras, extrusoras, centrífugas,


misturadores, fornos, secadores, evaporadores, estufas, peneiras, filtros, tornos, fresas,
robôs diversos, etc., que contribuem com 45% do consumo.

A força motriz também é utilizada, em menor escala, nas classes comercial e


residencial. A Figura 1.4 mostra o consumo de energia elétrica por uso final na classe
comercial.
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Figura 1.4: Distribuição do consumo de energia elétrica por uso final na classe comercial.
Fonte: Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos de Uso – Ano Base 2005 – Classe Comercial – Alta
Tensão. Relatório Executivo 2008 – PROCEL

Considerando o consumo de 68,3% em força motriz na classe industrial, cerca de


37% na classe comercial e aproximadamente 10% na classe residencial, podemos estimar
que os motores elétricos são responsáveis por cerca de 38% (157.800 GWh) da energia
elétrica consumida no Brasil.

Por outro lado, pesquisas e estudos revelam que, no Brasil, o consumo de energia
é realizado de modo ineficiente em decorrência dos esperdícios de energia nos hábitos de
consumo e nos equipamentos. Constata-se a existência de um potencial de energia a ser
conservada ou de eficiência energética, isto é, um mesmo produto ou serviço pode ser
obtido com menor consumo de energia. Para a International Energy Agency (IEA, 2007)
“eficiência energética é a obtenção de serviços energéticos, como produção, transporte
e calor, por unidade de energia utilizada, como gás natural, carvão ou eletricidade”.

A confederação Nacional da Indústria (CNI) e o PROCEL/ELETROBRÁS, em (CNI –


PROCEL, 2009), realizaram diagnóstico em 13 setores industriais que consomem energia
de forma expressiva. As conclusões, no que diz respeito a economia de energia em relação
ao consumo total da industria brasileira, são que existe um potencial técnico total de
redução1 de 25,7% (ou 14.655.855,67 tep2) do consumo global de energia da indústria
brasileira sendo que deste total, 81,54% (ou 11,95 Mtep) estão em combustíveis e, 18,54%
(ou 2,705 Mtep = 31,6 MWh) esta em energia elétrica. Desta, 13,87% (ou 2.032.767,18 tep
= 23.641 GWh) estão potencial de economia em sistemas motrizes equivalente a uma
economia de R$ 5,12 R$ 6,8 bilhões/ano com base na tarifa de R$ 216,61/MWh da ANEEL
2007. Ou, equivalente à construção de de uma usina hidrelétrica de 6.500 MW de potencia
instalada (NOTA TÉCNICA DEA 14/10).

1Ospotenciais técnicos de eficiência são a diferença entre os consumos nacionais médios de energia (combustíveis e eletricidade)
e os consumos mínimos de energia caso todas as indústrias no Brasil, de um determinado setor, adotassem tecnologias,
equipamentos e práticas de gestão que correspondem ao estado da arte.

2tep:
tonelada equivalente de petróleo – unidade de energia que permite somar vários tipos de energéticos (energia elétrica, 5.
combustíveis, gás natural etc.). Conversão: 1tep = 41,87 x 109 J = 11,63 x 103 kWh. Essa unidade de energia é muito usada em
documentos oficiais de planejamento energético.
5

Cerca de 49% do consumo industrial é devido aos motores elétricos e também 37% do
consumo comercial, o que dá um total de 26,74%. Se levarmos em conta que no consumo
residencial há muitos motores que acionam aparelhos eletrodomésticos e o serviço público
caracterizado pelo uso de motores e máquinas essenciais à operação dos serviços de
tração elétrica, água, esgoto e saneamento, podemos estimar que o consumo de energia
elétrica anual no Brasil pelos motores representa cerca de 30% do total consumido. É, pois,
importante que a técnica de escolher motores elétricos seja estudada e aplicada com
critérios a fim de se evitar maiores desperdícios de energia.

Uma das maiores dificuldades que se coloca para o engenheiro eletricista ao lidar com o
problema do acionamento é a de fazer uma escolha adequada do motor elétrico dentre os
comercialmente disponíveis. Não se trata de calcular um motor elétrico. Este é um problema do
fabricante do motor. Trata-se de saber, a partir de informações e dados da máquina, do meio ambiente
onde o motor será instalado e dos tipos de motores disponíveis, qual o mais adequado para realizar o
acionamento. Os dados e informações deverão permitir que o tipo de motor a ser escolhido atenda
aos seguintes requisitos:

• Fonte de alimentação do motor: tensão, frequência, número de fases, etc.


• Características do ambiente: temperatura, altitude, presença de vapores e gases, etc.
• Características da máquina: potência requerida, velocidade, tipo de máquina, regime de
operação, etc

A Figura 1.1 mostra a “família” dos motores elétricos a partir da qual um dos tipos deverá ser
escolhido. A área de aplicação dos motores elétricos que mais apresenta problemas é a área industrial
ou as grandes instalações comerciais de condicionamento de ar e refrigeração. Nestas, predomina a
fonte de alimentação em corrente alternada (CA) trifásica. Em algumas situações especiais vamos
encontrar acionamentos industriais feitos por motores monofásicos ou, mais raramente, por motores
de corrente contínua (CC), estes, principalmente em instalações industriais mais antigas. Os motores
de CC têm sido utilizados, ao longo do tempo, nas plantas industriais, nas aplicações em que se deseja
um controle eficiente de velocidade. Os motores com excitação de campo em derivação são
especialmente empregados com esta finalidade. Porém, os progressos obtidos com a eletrônica de
potência que permitem sejam hoje fabricados conversores estáticos de alta capacidade e
confiabilidade para fazer o controle de velocidade de motores de indução de rotor em gaiola, serão
certamente opções mais atraentes do que o uso de motores de CC. Os motores de indução, em especial
os de rotor em gaiola, possuem diversas vantagens em comparação com os motores de CC:

• Maior robustez que lhes permite operar em temperaturas mais elevadas e alta velocidade
por períodos prolongados sem manutenção.
• Menor custo comparado com o motor de CC de mesma potência e velocidade.
• Menor peso do rotor, cerca de metade do peso do rotor de CC de mesma potência e
velocidade, conseqüentemente, menor efeito de inércia.
• Não apresentam as limitações de corrente e tensão devidas ao processo de comutação
mecânica presente na operação dos motores de CC.
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MOTORES
ELÉTRICOS

CORRENTE Motor CORRENTE


ALTERNADA Universal CONTÍNUA

• Imã permanente
• Campo série
• Campo derivação
• Campo composto

Motores Motores
Monofásicos Trifásicos

Indução Síncrono Indução Síncrono


• Rotor em • Histerese • Rotor em • Imã per-
gaiola • Imã per- gaiola manente
• Rotor manente • Rotor • Rotor
bobinado • Relutância bobinado bobinado
• Relutância

Figura 1.1 - Família dos motores elétricos

Os motores de grande potência (acima de 1000 CV) e tensão elevada (acima de 2200 volts)
são motores especiais, isto é, eles são fabricados sob encomenda e sua potência não é padronizada.
Os motores de CC são extensamente empregados na tração elétrica. Os trens metropolitanos,
os grandes caminhões “fora-de-estrada” e os “trolleybuses” utilizam, como principais acionadores,
motores de CC com excitação série por possuírem um elevado conjugado de partida.
7
Os motores síncronos são muito aplicados em acionamentos de máquinas que requerem
grande potência ou naquelas aplicações em que a velocidade da máquina deve ser mantida constante
em qualquer condição de carga. O fato de poderem funcionar superexcitados e, com isto, fornecer
energia reativa para a instalação industrial para fins de melhoria do fator de potência, também
recomenda sua aplicação em algumas situações.
A Figura 1.2 mostra um quadro sinóptico da aplicação dos motores de indução e síncronos,
em função da potência (CV) e velocidade (RPM), onde se pode notar a supremacia absoluta dos
motores de indução de qualquer potência para os motores de alta velocidade (2 e 4 pólos em 60 Hz.)

1000
CV Motores síncronos

800

500 Motores de indução ou


Motores síncronos

200

100 Motores de indução

3600 1800 1200 900 720 600 514 450 360 327 300 RPM

Fig. 1.2 - Quadro sinóptico de aplicação de motores de indução e síncronos

Os motores de indução trifásicos são os mais utilizados industrialmente e, dentre eles, o de


rotor em gaiola, cujo campo de aplicação se estende, praticamente, a todo tipo de acionamento. A sua
robustez, baixo custo, simplicidade operacional e de manutenção, o tornam preferido para acionar
máquinas de qualquer potência. Sua principal limitação, que residia no fato de ele ser um motor de
velocidade praticamente constante, isto é, não proporcionar condições de um eficiente controle de
velocidade, está sendo hoje superada pelo uso extensivo de inversores estáticos de freqüência para
fazer este tipo de controle. Os motores de rotor bobinado ou de anéis são utilizados em aplicações
onde se deseja manter um elevado conjugado de aceleração, como por exemplo na operação de pontes
rolantes.
Por todas estas razões, vamos concentrar nosso estudo em acionamentos feitos pelos motores
de indução. Porém, os conceitos que serão estabelecidos poderão ser aplicados aos demais tipos de
motores, adaptando o que for necessário.
Quando se vai fazer a escolha de um motor para realizar o acionamento de uma determinada
carga, uma das primeiras providências é verificar se a característica conjugadoxvelocidade do motor
atende aos requisitos exigidos pela característica da carga acionada. O comportamento do motor
durante os períodos transitórios de partida, de frenagem ou de variação da velocidade depende de
como os conjugados do motor e da máquina acionada variam com a velocidade. É necessário estudar
estas características de modo a se fazer uma seleção correta e econômica do motor.
Vamos iniciar nosso estudo pelas características do motor de indução. Em seguida,
estudaremos as características típicas das máquinas acionadas.
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1.2) CARACTERÍSTICAS DE CONJUGADOxVELOCIDADE DO MOTOR DE INDUÇÃO

A Figura 1.3 mostra uma vista em corte de um motor de indução trifásico, rotor em
gaiola ou em curto-circuito, com suas partes constituintes mais importantes. Ele é do tipo
totalmente fechado com ventilação externa (TFVE) autoventilado.

Figura 1.3 - Vista em corte de um motor de indução trifásico rotor em gaiola de esquilo
(Cortesia da WEG)

Placa de identificação dos motores

Em todos os equipamentos é obrigatória a presença de uma placa para a sua identificação


contendo informações que determinam sua identidade, as suas características construtivas
e de desempenho, definidas por normas técnicas.

Na placa de identificação dos motores elétricos deve ser indicada a fabricação, a


identificação, as informações elétricas, mecânicas, térmicas e ambientais.

A Figura 1.4 exemplifica modelos de placas de identificações de motores elétricos de alguns


fabricantes.
9

Figura 1.4 (a) - Placa de identificação para máquinas com partida direta fabricadas de acordo
com a IEC - (Cortesia ABB)

Figura 1.4 (b) - Placa de classificação para máquinas com conversor de frequência fabricadas
de acordo com a IEC - (Cortesia ABB)

1. Tipo de designação
13. Potência nominal de saída [kW] ou [HP]
2. Ano de fabricação
14. Tensão nominal de alimentação [V]
3. Função
15. Frequência nominal [Hz]
4. Tipo de conexão
16. Velocidade de rotação nominal [rpm]
5. Classes de isolamento
17. Corrente nominal de alimentação [A]
6. Peso da máquina [kg] ou [lb]
18. Fator de potência nominal [cos j]
7. Grau de proteção [classe IP]
19. Marcação CSA
8. Tipo de resfriamento [código IC]
20. Norma
9. Disposição da montagem [código IM] (IEC)
21. Designação para rotor travado kVA/HP (NEMA)
10. Informações adicionais
22. Temperatura ambiente [°C] (NEMA)
11. Fabricante
23. Fator de serviço (NEMA)
12. Número serial
10
1. Fabricante /Marca
2. Linha do motor
3. Norma
4. Tipo de alimentação: Alternada
5. Trifásico
6. Modelo da carcaça
7. Data de fabricação
8. No de série
9. Tipo do motor
10. Frequência nominal de alimentação [Hz]
11. Categoria do motor rotor em gaiola
12. Potência nominal de saída [kW] ou [cv]
13. Velocidade de rotação nominal [rpm]
14. Fator de serviço
15. Classe de isolamento e elevação de
temperatura na condição nominal
16. Grau de proteção da carcaça
17. Corrente de partida [p.u.]
18. Tensões nominais de alimentação [V]
19. Correntes nominais de alimentação [A]
20. Regime de serviço: S1 (regime contínuo)
21. Máxima temperatura ambiente [°C] e altitude
máxima
22. Rendimento nominal [%]
23. Fator de potência nominal ou cos j [p.u.]
24. Corrente no FS, quando maior que 1,15
25. Diagramas ou esquemas das ligações do estator
26. Códigos dos rolamentos dianteiro e traseiro e
tipo de graxa
27. Massa ou peso da máquina [kg ou kgf]
28. Participação do produto no Programa Brasileiro
de Etiquetagem - PBE, coordenado pelo INMETRO e
PROCEL.
Figura 1.4 (c) - Placa de identificação de um MIRG Trifásico com partida direta fabricado de acordo
com a NBR 7094 - (Cortesia WEG)

Figura 1.4 (d) - Placa de identificação de um MIRG Trifásico com partida direta fabricado de acordo
com a NBR 7094 - (Cortesia Siemens)

O motor é dito operando na sua condição nominal ou a plena carga quando a carga
acoplada ao seu eixo exige que ele forneça sua potência nominal (kW ou cv) e sendo
alimentado com tensão e freqüência nominais ele gira na rotação nominal, absorve a
corrente nominal e a sua temperatura elevara após atingir o equilíbrio térmico em regime
contínuo.
11
1.2.1 – CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR DE INDUÇÃO

O rotor do motor de indução gira a uma velocidade n menor do que a velocidade ns


do campo magnético girante do estator. A velocidade ns do campo magnético girante do
estator está relacionada com a freqüência da rede e o número P de pólos do motor através
da seguinte equação:

Pns 120 f1
f1 = \ ns = [1.01]
120 P

A diferença entre as duas velocidades é chamada escorregamento. Devido ao


escorregamento, um campo magnético girante é induzido no enrolamento do rotor e, da
interação entre os dois campos magnéticos, resulta o conjugado eletromagnético do motor
que o faz girar. O escorregamento é tomado sempre em valores percentuais ou em pu da
velocidade síncrona, ou seja:

ns - n
s= \ n = ns (1 - s ) [1.02]
ns

Nas equações [1.01] e [1.02] a letra n representa a velocidade do motor em rotação


por minuto [rpm=1/min=min -1]. Em muitas equações que serão apresentadas mais adiante
a velocidade será dada em radianos por segundo [rd/s=1/s=s -1] e representada pela letra
grega w. A relação entre as duas grandezas é dada pela equação [1.03].

2pn
w= [1.03]
60

A curva característica conjugado x velocidade de um motor de indução é a


representação gráfica da relação entre o conjugado mecânico interno1 desenvolvido pelo
motor e a velocidade correspondente. Em lugar da velocidade, pode-se usar o
escorregamento como variável, pois esta grandeza está relacionada com a velocidade,
conforme mostra a equação [1.02]. A equação [1.10] explicita essa relação em função dos
parâmetros do circuito equivalente segundo o modelo baseado no teorema de Thévénin 2.
A Figura 1.5 mostra o circuito equivalente completo correspondente a uma fase de
um motor de indução a partir do qual a característica de conjugado foi deduzida.

1
A diferença entre o conjugado mecânico interno e o conjugado eletromagnético é que este último inclui um conjugado fictício
associado às perdas jóulicas do rotor além do conjugado mecânico interno. Somente este último e o conjugado útil disponível no eixo é
que são grandezas mecânicas.
2
Ver o assunto sobre circuito equivalente no capítulo VII do livro Máquinas Elétricas, de A. E. Fitzgerald; Charles Kingsley Jr;
Alexander Kusko; Editora Mc GrawHill do Brasil
12
R1 X1 I1 A I2 R2 X2

E1 Rw Xm
V1

Io

Figura 1.5 - Circuito equivalente completo de um motor de indução para uma fase Y.

As letras e símbolos têm os seguintes significados:

V1 = tensão por fase aplicada a uma fase do enrolamento do estator.


E1 = tensão induzida pelo fluxo girante em uma fase do enrolamento do estator.
I1 = corrente do estator.
R1 = resistência ôhmica de uma fase do enrolamento do estator.
X1 = reatância de dispersão de uma fase do enrolamento do estator.
Rw = resistência equivalente às perdas magnéticas do estator, para uma fase.
Xm = reatância de magnetização.
I0 = corrente a vazio.
Iw = corrente que passa por Rw, que produz as perdas magnéticas do estator(não indicada
na figura)
Im = corrente magnetizante que passa por Xm que produz o campo magnético(não indicada
na figura)
R2 = resistência de uma fase do enrolamento do rotor, referida ao estator.
X2 = reatância de dispersão de uma fase do rotor, referida ao estator.
I2 = corrente do rotor, referida ao estator.

A resistência Rw do circuito equivalente da figura 1.02 é sempre desprezada na


solução dos problemas práticos pois o seu valor é muito grande comparado com a reatância
Xm, isto é, a impedância entre os pontos A e B é praticamente igual à reatância Xm. Porém,
as perdas magnéticas correspondentes a ela não são desprezadas. Elas são somadas às
perdas mecânicas e a soma resultante constitui as perdas rotacionais a vazio do motor. A
figura 1.03 mostra o circuito equivalente sem a resistência Rw.

A figura abaixo exemplifica através de uma tubulação com escapes ou furos o fluxo
de potência em um motor de indução, desde a potência de entrada no estator, na forma
elétrica Pem , até a potência de saída no eixo, na forma mecânica Pmec .
13

Figura 1.6 – Fluxo de potência ativa no motor de indução.

No estator ocorrem as perdas elétricas nas resistências dos enrolamentos DPj1 e no


núcleo de aço DPhf (aço ) . A potência líquida resultante no estator é chamada de potência
eletromagnética ou de entreferro Pem que é transferida ao rotor através do campo
magnético, isto é Pem = Pele - ( DPj1 + DPhf ( aço ) ).
No rotor ocorrem as perdas elétricas nos enrolamentos ou nas barras da gaiola DPj 2
e também as perdas mecânicas por atrito e ventilação DPmec . A diferença entre a potência
eletromagnética e as perdas elétricas no rotor, é denominada de potência mecânica interna
Pmi = Pem - DPj 2 .
E, a diferença entre a potência mecânica interna e as perdas mecânicas no rotor é a
potência mecânica líquida que o motor disponibiliza no seu eixo e que é absorvida pelo
conjunto sistema de transmissão-carga mecânica, isto é Pmec = Pmi - DPmec .
Basicamente, o que se pretende com o circuito equivalente é determinar as
grandezas operacionais do motor tais como potência de entrada, potência de saída,
conjugado útil, etc. Para isto, é essencial o cálculo da corrente I2 do rotor. Há dois métodos
para resolver o circuito equivalente que, resumidamente, são os seguintes:

a) Método clássico: substituindo o circuito do rotor da Figura 1.5 por uma


impedância equivalente composta da reatância Xm em paralelo com a impedância do rotor
R
Z 2 = 2 + jX 2 . Esta impedância se soma à impedância do estator Z1 = R1 + jX1 dando como
s
resultante a impedância total do motor Z eq , para o escorregamento estabelecido, percorrida
pela corrente I1 do estator.
𝑉!̇ = 𝑍"# ∙ 𝐼!̇ 1.04

!
$ " %&'" (∙&'$
𝑍"# = (𝑅! + 𝑗𝑋! ) + !"# 1.05
%&('" %'$ )
#
14

Deve ser observado que nas expressões 1.05, relativa ao circuito elétrico equivalente da
Figura 1.6, não foi considerada a resistência 𝑅, representativa das perdas magnéticas, pelo
fato de 𝑅, ≫ 𝑋- .

Fig. 1.6 – Circuito equivalente do motor de indução sem a resistência Rw

b) Método de Thévénin: aplicando o teorema de Thévénin ao circuito equivalente,


isto é, substituindo o circuito do estator por uma impedância equivalente composta da
reatância magnetizante Xm em paralelo com a impedância do estator Z1 = R1 + jX 1 . Esta
impedância, chamada impedância de Thévénin, se soma à impedância do rotor dando
como resultante a impedância total do motor para o escorregamento estabelecido,
percorrida pela corrente I2 do rotor.

Quando se aplica ao circuito equivalente da Figura 1.6 o teorema de Thévénin,


obtem-se um circuito equivalente conforme o da Figura 1.7 o qual, simplifica o cálculo da
corrente rotórica, sem perder a precisão, e ressalta as relações entre conjugado e potência.

Fig. 1.7 – Circuito equivalente segundo o modelo Thévénin (sem a resistência Rw)

Os pontos A e B na Figura 1.6, dividem o circuito equivalente em duas partes: à


esquerda, o circuito do estator e à direita, o do rotor. Para se obter a tensão de Thévénin,
15
os pontos A e B são abertos, o que significa fazer I2 = 0 e, em seguida, se calcula a tensão
VTh que será dada pela equação [1.06].

jX m
VTh = V1 [1.06]
R1 + j ( X 1 + X m )

A impedância do estator equivalente de Thévénin, Z Th = RTh + jX Th , é a impedância


entre os terminais A e B da Figura 1.6, com a fonte de tensão V1 curto-circuitada, igual a R1
+ jX1 em paralelo com jXm.
As seguintes premissas são admitidas na solução dos problemas a partir do circuito
equivalente:
• As tensões e correntes presentes na operação do motor são consideradas
senoidais.
• A distribuição espacial do campo magnético girante ao longo do entreferro do motor
é considerada senoidal.
• As perdas magnéticas do rotor são desprezadas.
• Todas as resistências e reatâncias são consideradas constantes.
• O conjugado mecânico interno traz embutido o conjugado associado às perdas
rotacionais a vazio. Para se ter o conjugado útil disponível no eixo do motor deve-se subtrair
do conjugado mecânico interno, dado pelas equações [1.10] ou [1.12], o valor do conjugado
associado às perdas rotacionais a vazio.
Conforme podemos observar pelo circuito equivalente, a potência que é transferida
do estator para o rotor, através do campo magnético do entreferro, chamada potência
eletromagnética Pem,, divide-se em duas parcelas: uma, é transformada em calor na
1- s
resistência R2 do rotor e a outra, na resistência R2 , é equivalente à potência mecânica
s
interna, na seguinte proporção3:

m1R2 2 1- s 2
Pem = I 2 = m1R2 I 22 + m1R2 I2 [1.07]
s s

A menor parcela será:


m1I 22 R2 = sPem = DPj 2 [1.08]

onde chamamos de DPj2 a perda elétrica do rotor. A maior parcela será:

m1 R2
(1 - s ) I 2 = (1 - s )P = Pmi
2 em [1.09]
s

3
Foi introduzida a letra m1 para designar o número de fases do motor. m1 = 3 para motores trifásicos.
16
onde Pmi representa a potência mecânica interna do motor. A potência mecânica útil
disponível no eixo 𝑃-". será obtida subtraindo de Pmi as perdas rotacionais a vazio definida
por ∆𝑃/ = (∆𝑃-". + ∆𝑃01 ).

A potência nominal do motor que vem indicada na sua placa de identificação se


refere à potência mecânica útil disponível no eixo.

A expressão do conjugado mecânico interno Cmi será obtida dividindo-se a equação


[1.09] pela velocidade do motor, ou seja:

m1 R2
(1 - s ) I 2
Pmi s
2
m1 R2 2
C mi = = = I2 [1.10]
w w s (1 - s ) wss

Na expressão [1.10], se a potência for medida em watts e ws em radianos por


segundo, Cmi será obtido em Nm.
A corrente I2 será obtida a partir do circuito equivalente através da seguinte
expressão:

VTh
I2 = [1.11]
æ R ö
ç RTh + 2 ÷ + j ( X Th + X 2 )
è s ø

Substituindo a equação [1.11] na equação [1.10], obteremos a expressão do


conjugado mecânico interno do motor em função dos parâmetros do seu circuito
equivalente:

mR VTh2
C mi = 1 2× [1.12]
sw s æ R ö
2

÷ + ( X Th + X 2 )
2
ç RTh + 2
è s ø

A representação gráfica desta equação pode apresentar variadas configurações,


dependendo principalmente da constante R2. A figura 1.05 mostra uma curva característica
típica de um motor de indução trifásico, rotor em gaiola, categoria N4. No eixo das abscissas
são tomados, ou os valores do escorregamento, ou os da velocidade do motor, em geral,
em porcentagem ou pu da velocidade síncrona. No eixo das ordenadas são tomados os
valores do conjugado, em geral, em porcentagem ou em pu do conjugado nominal. Além
da característica do conjugado, a figura mostra também a característica mecânica de uma
máquina que o motor está acionando. Trata-se, no caso, do ramo de uma parábola,
característica típica das bombas centrífugas, como se verá mais adiante. Podemos
distinguir na característica os seguintes pontos notáveis:

4
Os motores de indução trifásicos de rotor em gaiola são classificados pela NBR-7094 nas categorias N, H e D, de
acordo com os valores de seu escorregamento nominal, conjugado de partida e corrente de partida. Para cada uma
destas categorias resulta uma característica típica de conjugado ´ velocidade, como se verá mais adiante.
17

• Conjugado de partida ou conjugado com rotor bloqueado, Cp: é o conjugado


que o motor desenvolve no momento em que ele é ligado a uma rede de tensão e freqüência
nominais, com o rotor parado. O seu valor pode ser obtido fazendo-se na equação [1.10] o
escorregamento igual a 1. O conjugado de partida pode assumir valores da ordem de 2 a 3
vezes o conjugado nominal para motores de pequena e média potência, diminuindo para
valores inferiores a 2 para os motores de maior potência e maior número de pólos.

Conjugado mínimo, Cmin: é o menor valor que o conjugado assume durante o


período de aceleração, representado pelo ponto mais baixo da característica, entre a
velocidade zero e a velocidade correspondente ao conjugado máximo, sob tensão e
freqüência nominais. É um valor importante de se conhecer, principalmente quando são
usadas chaves redutoras de tensão para dar a partida no motor (estrela-triângulo,
autotransformadora, chaves estáticas, etc).

Figura 1.8 - Curva característica típica de um motor de indução de rotor em gaiola de categoria N

• Conjugado máximo ou conjugado crítico, Cm: é o máximo valor de conjugado que o


motor pode desenvolver durante a sua operação. Ele divide a curva característica em duas regiões
distintas: a primeira, chamada região estável, compreendida entre o conjugado máximo e o conjugado
nulo (s = 0); a segunda, chamada região instável, compreendida entre o conjugado máximo e o
conjugado de partida. O motor trabalha em suas condições normais na região estável, no ponto de
encontro das curvas características do motor e da máquina acionada. Enquanto o motor trabalhar nesta
região, seu funcionamento será estável, isto é, a toda variação do conjugado da máquina acionada
corresponderá uma variação do conjugado motor no mesmo sentido. Porém, se por qualquer razão o
conjugado da máquina acionada aumenta seu valor e ultrapassa o valor do conjugado máximo do
motor, mesmo que momentaneamente, o motor não terá como equilibrar este aumento com um
aumento do seu conjugado. À medida que o conjugado da máquina faz aumentar o escorregamento,
o conjugado do motor diminui e ele entra num processo de desaceleração até parar. Por este motivo,
Cm recebe também o nome de conjugado crítico e o escorregamento correspondente é chamado de
escorregamento crítico. O valor do conjugado crítico determina a capacidade momentânea de
sobrecarga mecânica do motor. Quando ele é tomado em pu do conjugado nominal, que é o caso
normal, recebe o nome de Fator de Sobrecarga Mecânica e é representado na literatura técnica pela
letra grega l. O valor do conjugado máximo pode ser obtido através da equação [1.14 1.12],
18
originada da equação [1.12 1.10] quando se faz s igual a sm, sendo sm dado pela equação [1.13 1.11].
O conjugado máximo assume valores da ordem de 2 a 3 vezes o conjugado nominal.

R2
sm = [1.13 1.11]
R + ( X Th + X 2 )
2 2
Th

2
m1VTth
Cm = [1.14 1.12]
2w s é RTh + RTh2 + ( X Th + X 2 ) ù
2
êë úû

• Conjugado nominal ou de plena carga, Cn: é o conjugado que o motor desenvolve na sua
condição nominal de operação, isto é, com tensão e freqüência nominais aplicadas aos terminais do
motor, ele gira à velocidade nominal, fornecendo a potência nominal no seu eixo. Se na equação [1.12
1.10] se fizer s = sn, vamos obter o valor do conjugado nominal mecânico interno, isto é, incluindo o
conjugado associado às perdas rotacionais a vazio. Os catálogos dos fabricantes fornecem o
conjugado nominal útil, disponível no eixo, do qual já foi subtraído o conjugado associado às perdas
rotacionais a vazio. Da mesma forma, os valores de Cp e Cm, que são dados em porcentagem ou em
pu deste valor. Se fosse traçada uma curva característica com estes valores de catálogo, ela seria
praticamente a mesma da obtida pela equação [1.12 1.10]. Daqui por diante, a menos que seja dito
o contrário, ao nos referirmos a conjugados desenvolvidos pelo motor, estaremos considerando
sempre os conjugados úteis disponíveis no eixo. Por exemplo, os conjugados máximos e de partida
são dados em pu ou em porcentagem, tomando-se o conjugado nominal útil disponível no eixo como
conjugado base.

1.2.2 – CATEGORIAS DOS MOTORES DE INDUÇÃO DE ROTOR EM GAIOLA

A equação [1.10] mostra que o valor do conjugado se altera quando as constantes do circuito
equivalente se alteram, em especial a resistência do rotor. Nos motores de rotor bobinado, por
exemplo, é relativamente fácil aumentar a resistência rotórica introduzindo segmentos de resistências
em série com R2 por meio de um reostato. Com isto, a característica do conjugado se desloca na
direção do eixo das ordenadas, obtendo-se valores maiores de conjugado de partida.
No caso dos motores de rotor em gaiola isto, obviamente, não é possível. Para atender as
exigências de conjugado requeridas pela máquina acionada, os motores de rotor em gaiola são
fabricados com diferentes tipos de gaiola, o que equivale dizer, com diferentes valores de resistência
rotórica. Se de um lado, ao se projetar um motor com alta resistência rotórica, o conjugado de partida
aumenta, de outro lado, as perdas jóulicas do rotor também aumentam durante a operação normal. Há
de se buscar, portanto, uma solução de compromisso no projeto do motor de modo a atender estas
exigências conflitantes. Como exemplo, o motor de dupla gaiola ou de barras profundas resolve,
dentro de certos limites, este problema: possui alta resistência na partida devida ao efeito pelicular da
corrente do rotor e uma resistência normal durante a operação em regime contínuo quando o efeito
pelicular cessa.
A NBR-7094, norma brasileira que fixa os requisitos básicos a serem atendidos pelos motores
de indução, estabelece o que ela denomina de categoria dos motores de indução trifásicos de rotor
em gaiola à qual estão associadas as grandezas conjugado de partida, conjugado mínimo e conjugado
máximo que, por sua vez, dependem do valor da resistência rotórica. Estas categorias receberam as
designações N, H e D e as características de conjugado típicas correspondentes estão mostradas na
figura 1.06. As configurações dependem do valor da resistência rotórica. Assim, por exemplo, um
motor de categoria D possui uma resistência rotórica maior do que os de mesma potência e número
de pólos das demais categorias, sendo o de categoria N o de menor resistência.
19
Ainda segundo a NBR-7094, para que os motores sejam classificados em cada uma das
categorias acima, eles devem satisfazer a valores mínimos de conjugado de partida, conjugado
máximo e conjugado mínimo, conforme tabelas estabelecidas e aceitas em comum acordo por todos
os fabricantes5. Esta classificação dos motores em categorias é válida para motores de fabricação
seriada, tensão até 600 V e com limite de potência e número de pólos. Os grandes motores especiais,
de tensão e potência superiores aos valores normalizados pela NBR-7094, também podem nela se
enquadrar de acordo com os valores de seus conjugados.

Fig. 1.06 – Características típicas de motores de categorias N,H e D

De uma maneira geral, podemos dizer que os motores de categoria N devem ser usados no
acionamento de cargas que possuem um baixo conjugado resistente na partida, tais como bombas
centrífugas, ventiladores, exaustores, etc. Estes motores possuem um baixo conjugado de partida
comparado com as duas outras categorias. Os motores de categoria D são ideais para o acionamento
de cargas de grande impacto tais como as prensas ou máquinas de corte que exigem um elevado
conjugado durante a sua operação e que operam em regimes intermitentes. Os motores de categoria
H são aplicados em situações intermediárias entre a categoria N e D e são muito usados no
acionamento de ventiladores de grande potência e elevada inércia. Os motores de dupla gaiola ou de
barras profundas são exemplos típicos de motores desta categoria.
Além das características mecânicas de conjugado em função da velocidade, típicas dos
motores de indução, indicadas nas figuras 1.05 e 1.06, há outras características, denominadas de
características de desempenho que mostram a variação das grandezas presentes na operação do
motor, como corrente, rendimento, rotação e fator de potência, em função da carga no eixo (ver figura
1.06a).

1.2.3 – CARACTERÍSTICAS DE DESEMPENHO DOS MOTORES DE INDUÇÃO

Como se pode observar, entre aproximadamente 50 e 100% da carga, os valores de rendimento


h do motor aumentam muito pouco. A partir de 100% de carga, as perdas jóulicas que representam
cerca de 70% da perda total do motor aumentam significativamente fazendo com que o rendimento
diminua. Abaixo dos 50% de carregamento, o rendimento diminui muito rapidamente, o que nos leva
a concluir que não é vantagem, do ponto de vista de consumo, sobredimensionar o motor para uma
dada aplicação. Por outro lado, a curva do fator de potência, cos j, apresenta sempre valores

5
Ver a citada NBR-7094, edição de dezembro1996.
20
crescentes sendo que na condição de operação a vazio seu valor é baixo. A corrente por sua vez,
apresenta uma variação quase que linear com a potência mecânica a partir da condição a vazio.
Por outro lado, a velocidade do motor diminui com o aumento da carga. O conjugado
resistente correspondente, como vimos anteriormente, não deve ultrapassar o valor do conjugado
máximo, pois este valor sendo ultrapassado o motor entra em processo de desaceleração ou será
desligado pela proteção térmica. Em outras palavras, o motor só pode operar na região estável de sua
característica de conjugado.

Fig. 1.06a - Características típicas mecânica e de desempenho dos motores de indução


trifásicos de rotor em gaiola

1.2.4 – VALORES MÉDIOS DAS CARACTERÍSTICAS DE CONJUGADO

Muitos problemas de acionamento, tais como o cálculo do tempo de aceleração do motor,


podem ser resolvidos com a utilização do valor médio do conjugado desenvolvido pelo motor durante
o período de partida até ele atingir a sua condição nominal. Ele será designado por Conjugado Motor
Médio e representado por Cmm. O seu valor é dado pelas equações [1.13] para os motores das
categorias D e [1.14] para os de categoria N e H.

Cmm = 0,60C p [1.13]

(
Cmm = 0,45 Cp + Cm ) [1.14]

Cp e Cm representam, respectivamente, o conjugado de partida e o conjugado máximo do motor.

A figura 1.07 mostra o significado do conjugado médio motor para uma característica típica
de um motor de categoria N. Para que Cmm (na figura, Cm) seja considerado o valor médio dos
conjugados durante o período de aceleração, as áreas formadas devem guardar a seguinte relação:
A1 + A2 = A3 . Em outras palavras, durante a partida do motor, pode-se considerar que a curva
característica de conjugado do motor formada por valores variáveis pode ser substituída pelo
segmento de reta Cmm de valor constante. As expressões [1.13] e [1.14] são obtidas
experimentalmente.

Além do conjugado médio motor, a figura mostra também o significado do Conjugado


Resistente Médio, Crm (na figura, Cl), ou seja, o segmento de reta Crm é o valor médio dos valores que
o conjugado resistente de variação parabólica assume entre 0 e n quando a área B1 é igual à área B2.
Seu valor será calculado na seção seguinte.
21

Fig. 1.07 – Conjugado médio motor

1.3) CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS TÍPICAS DAS MÁQUINAS

1.3.1 – EQUAÇÃO GENÉRICA DOS CONJUGADOS DAS MÁQUINAS

Para uma máquina realizar o trabalho para o qual ela foi construída é necessário que ela seja
acionada, isto é, receba no seu eixo principal um conjugado mecânico de um órgão acionador. Este
conjugado mecânico equilibra o conjugado desenvolvido pela máquina, chamado conjugado
resistente e que se opõe ao conjugado fornecido pelo órgão acionador.
O conjugado resistente da máquina é composto de duas parcelas: a primeira, que chamaremos
de conjugado útil, Cu, isto é, o conjugado que ela desenvolve ao realizar o trabalho para o qual foi
construída; a segunda, é o conjugado originário do atrito entre as partes móveis e fixas da máquina,
que se transforma em perdas, chamado de conjugado de atrito Co. Podemos escrever:

C r = C o + Cu [1.15]

Como o conjugado resistente é devido ao movimento que a máquina realiza, podemos afirmar
que existe uma relação entre esse conjugado e a velocidade do eixo principal da máquina. Esta relação
recebe o nome genérico de característica mecânica e pode ser representada, graficamente, por retas
ou algumas curvas típicas, dependendo de como o conjugado útil varia com a velocidade do eixo
principal da máquina. Apesar de existir uma variedade imensa de máquinas, podemos agrupar as suas
características mecânicas em uma única equação empírica geral [1.16] que se aplica, com
particularidades, a todas elas.
C r = C0 + Cu = C0 + K r w x [1.16]

Nesta equação,w representa a velocidade do eixo principal da máquina, x um coeficiente


exponencial que caracteriza a variação do conjugado útil com a velocidade. Kr é uma constante, que
depende do tipo de máquina, que poderá ser calculada da seguinte forma: quando a velocidade da
máquina for a nominal, wn, o conjugado resistente que ela desenvolve é o nominal, Crn. Podemos
então escrever:
C -C
Crn = C0 + K rw nx \ K r = rn x 0 [1.17]
wn
22
O campo de variação do coeficiente x vai de -1 a 2, podendo neste intervalo assumir valores
inteiros ou fracionários. Há casos raros de máquinas em que o coeficiente x é maior do que 2. Na
realidade, quando atribuímos a x valores inteiros -1, 0, 1 e 2, estamos obtendo configurações típicas
da equação [1.16] para as quais as características mecânicas das máquinas reais se aproximam mais
ou menos. O conjugado C0, como já foi dito, é devido ao atrito das partes fixas e móveis da máquina
que, pela sua natureza, é independente da velocidade.

Nas seções seguintes, vamos estabelecer as características mecânicas típicas, teóricas, dadas
pela equação [1.16], identificando para cada uma as máquinas cujas características mecânicas reais
delas mais se aproximam.

1.3.2) CARACTERÍSTICA MECÂNICA CONSTANTE COM A VELOCIDADE

Se fizermos na equação [1.16] x = 0, resultará a equação [1.18], ou seja:

Cr = C0 + K r = Crn [1.18]

tambor Cr
de aço
d = 2r

F Crn

C0 + Kr
G v (m/s)

0 w
(a) (b)

Figura 1.08 Guincho ou talha simples e sua característica mecânica

O conjugado útil que a máquina desenvolve é constante com a velocidade do seu eixo principal
e igual a Kr. Somado ao conjugado de atrito é igual ao seu conjugado nominal, se a máquina estiver
operando na condição nominal. Obviamente, se ela estiver operando em outra condição diferente da
nominal, o conjugado que ela está desenvolvendo será diferente do nominal, mas sua natureza será a
mesma, isto é, continuará a ser constante com a velocidade.
Dentre as máquinas cujas características se enquadram na equação [1.18] estão os sistemas de
elevação dos guindastes, pontes rolantes, talhas, gruas, guinchos, correias transportadoras e todas as
máquinas cujo conjugado útil é devido ao atrito. A figura 1.08a representa, simplificadamente, um
sistema de elevação de um guincho ou talha simples constituído por um tambor sobre o qual se enrola
um cabo de aço que eleva o peso G. A figura 1.08b mostra a característica mecânica correspondente.
O tambor está acoplado ao eixo de um motor através de um redutor não representado na figura.
O conjugado útil que o motor “enxerga” é igual a Fr para qualquer velocidade v de elevação do peso
G, isto é, para qualquer velocidade w do motor.
As correias transportadoras que carregam um volume constante de material por unidade de
comprimento se enquadram nesta característica porque o seu trabalho útil se faz através do atrito da
correia com o cilindro acionador acoplado ao motor.

Exemplos:
Ø Equipamentos de Içamentos: Guindastes, Elevadores de Cargas
23
Ø Transportadores: correias, esteiras/escadas rolantes, correntes, mesas transportadoras,
monovias, nórias, etc.
Ø Laminadores
Ø Trefilas
Ø Extrusoras
Ø Bombas de Deslocamento Positivo ou volumétricas (bombas a pistão, helicoidais e de
engrenagens)
Ø Bombas de Pressão Controlada
Ø Bobinadeiras /Desbobinadeira com acionamento tangencial.

1.3.3) CARACTERÍSTICA MECÂNICA LINEAR CRESCENTE COM A


VELOCIDADE

Se fizermos na equação [1.16] x = 1, resultará a seguinte equação para a característica


mecânica:
C r = C0 + K r w [1.19]

Esta é a equação de uma reta que passa pelo ponto (Cr = C0; w = 0), com uma determinada
inclinação, conforme mostra a figura 1.09. O conjugado útil varia linearmente com a rotação. Dentre
os tipos de máquinas cujas características se enquadram nesta equação podem ser citadas as calandras
para conformar chapas de aço, moinhos de rolos, alguns tipos de plainas e outras. O gerador de
corrente contínua com excitação separada ou em derivação é um exemplo de máquina elétrica que se
enquadra nesta característica.

Exemplos:
Ø Calandras
Ø Freios a Correntes de Foucault
Ø Moinhos a Tambor (moinhos de bolas, rolos)
Ø Máquinas de Lavar Roupa Industrial
Ø Plainas (alguns tipos)

Cr Cr

C0 C0

0 w 0 w

Fig.1.09 - Característica linear crescente Fig. 1.10 - Característica parabólica

1.3.4) CARACTERÍSTICA MECÂNICA PARABÓLICA COM A VELOCIDADE.

Para x = 2, a equação [1.16] toma a seguinte forma:


24

Cr = C0 + K rw 2 [1.20]

A equação [1.20] é a de uma parábola que corta o eixo dos conjugados no ponto (Cr = C0;w
=0). A figura 1.10 mostra apenas o ramo da parábola no primeiro quadrante onde a velocidade do
motor é considerada positiva. Vê-se que o conjugado útil varia com o quadrado da velocidade. Uma
grande variedade de tipos de máquinas industrial possui características mecânicas que se enquadram
nesta equação: bombas centrífugas, compressores centrífugos, todos os tipos de ventiladores (hélices,
exaustores, sopradores de ar) e outras.
Exemplos:
Ø Agitadores
Ø Bombas Centrífugas
Ø Compressores
Ø Ventiladores Centrífugos

1.3.5) CARACTERÍSTICA MECÂNICA HIPERBÓLICA COM A VELOCIDADE

Fazendo, agora, x = -1 na equação [1.16] ela tomará a seguinte forma:

Kr
Cr = C0 + K rw -1 = C0 + [1.21]
w

Esta é a equação de uma hipérbole conforme mostra a figura 1.11. O conjugado útil varia
inversamente com a velocidade do eixo principal da máquina. As bobinadeiras de papel ou de chapas
de aço (semelhantes na sua operação às fitas de vídeo ou cassete), constituem o exemplo clássico das
máquinas cujas características mecânicas satisfazem à equação [1.21].

Exemplos:
Ø Bobinadeiras /Desbobinadeira com acionamento axial (pano, papel, aço)
Ø Tornos de Superfície/Laminador Desfolhador
Ø Furadeiras
Ø Perfuratrizes
Ø Mandrilhadoras
Ø Agitadores (alguns tipos)

Cr

C0

0 w1 w2 velocidade

Figura 1.11 - Característica não linear decrescente (hiperbólica)


25
Outras máquinas que podem ser citadas como exemplos são as máquinas de furar,
serras de fita ou serras de disco para madeiras e outras. Como se pode observar pela
equação [1.21], se n = 0, o conjugado seria, teoricamente infinito; se w = ¥, o conjugado
seria C0. Tais condições, obviamente, a máquina não atinge. Por isto, para este tipo de
máquina, a sua característica mecânica é analisada entre dois valores limites w1 e w2,
conforme mostra a figura 1.11.

1.3.6) VALORES MÉDIOS DAS CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS

Em muitos problemas de acionamento é necessário conhecer o valor médio


equivalente das características mecânicas das máquinas para resolvê-los. Para acharmos
este valor que designaremos por Conjugado Resistente Médio, Crm, referente a cada uma
das características mecânicas típicas, vamos calcular a integral da equação [1.16], entre
os limites w1 e w2, dividindo-a pela diferença correspondente aos limites de integração,
como mostra a equação [1.22].

ò
w

w
(C
2

o )
+ K r w x dw
C rm = 1
[1.22]
w 2 - w1

O resultado da integração é o indicado nas equações [1.23] e [1.24].

w2
é K r w x +1 ù
C
ê 0 w + ú
ë x + 1 ûw
C rm = 1
[1.23]
w 2 - w1

\
æ w x +1 - w1x +1 ö 1
C rm = C0 + K r çç 2 ÷÷ [1.24]
è w 2 - w1 ø x + 1

A constante Kr é determinada a partir da condição nominal de operação da máquina e


expressa por [1.25].

"!" #"#
𝐾! = 1.25
$"$

Substituindo 1.25 em 1.24, obtêm-se a expressão geral 1.26 do conjugado resistente médio
para as máquinas mecânicas para x igual a 0, 1 e 2.

𝐶!' − 𝐶& 𝑤)(*+ − 𝑤+(*+ 1


𝐶!% = 𝐶& + ' ( 1.26
𝑤'( 𝑤) − 𝑤+ 𝑥+1

Quando a máquina é acelerada a partir do repouso até atingir a velocidade final w2, teremos
w1 = 0 e w2 ≠ wn. A equação [1.26] se simplifica tornando-se a [1.27].
26

𝐶!' − 𝐶& ( 1
𝐶!% = 𝐶& + ( 𝑤) ) 1.27
𝑤'( 𝑥+1

E, se a máquina é acelerada a partir do repouso até atingir a velocidade nominal, teremos


w1 = 0 e w2 = wn. A equação [1.27] se simplifica tornando-se a [1.28].

𝑤'( 𝐶!' − 𝐶& 1.28


𝐶!% = 𝐶& + 𝐾! = 𝐶& +
𝑥+1 𝑥+1

O conjugado médio equivalente a cada uma das características mecânicas será designado por
Conjugado Resistente Médio e representado por Crm. O seu valor será obtido a partir das
características mecânicas de cada tipo de máquina fazendo na equação [1.25] x = 0,1,2 e –1 e
substituindo o valor de Kr dado pela equação [1.17]. Teremos, então, para cada tipo de máquina os
seguintes valores:
• x = 0 Þ Característica constante: Crm = C0 + K r = Crn [1.26]

C 0 + C rn
• x = 1 Þ característica linear crescente: C rm = C 0 + K r w = [1.27]
2

C rn - C 0
•x= 2 Þ Característica parabólica: C rm = C 0 + K r w = C 0 +
2
[1.28]
3

• x = -1 Þ Característica hiperbólica. Neste caso resultaria um valor infinito para o conjugado


resistente médio o que não faria sentido físico. Conforme afirmado anteriormente, esta característica
deve ser analisada entre dois valores n1 e n2. O valor médio será obtido conforme a equação [1.29]
abaixo sendo Kr dado pela equação [1.17]:

w2 Kr
òw w
dw
Kr w
C rm = = ln 2
1
[1.29]
w 2 - w1 w 2 - w1 w1

Em todas as equações acima C0 representa o conjugado de atrito e Crn o conjugado resistente


nominal.

1.3.7) CARACTERÍSTICA DE POTÊNCIA REQUERIDA PELA MÁQUINA

Como sabemos, (ver equação 1.08), a potência e o conjugado desenvolvidos no eixo de um


motor ou de uma máquina que gira à velocidade w radianos por segundo, estão relacionados entre si
através da seguinte relação:
P
P = Cw \ C = [1.30]
w
27
onde C é o conjugado existente no eixo, em Nm; P a potência mecânica fornecida ou consumida no
eixo, em watts; w é a velocidade mecânica do eixo em rad/s. Outras formas da equação [1.30] em
unidades usuais são as seguintes:

P[cv ] P[kW ] P[kW ]


C [kgfm ] = 716 C [kgfm ] = 973 C [Nm ] = 9550 [1.30a]
n[rpm] n[rpm] n[rpm]

Se multiplicarmos as equações das características mecânicas dos diversos tipos de máquinas


pela velocidade n do seu eixo principal, estaremos determinando as equações das potências que elas
requerem naquele eixo, de acordo com a equação [1.30]. Serão obtidas as seguintes equações:

Da equação [1.35]: Pr = (C0 + K r )w ; (curva a da figura 1.12) [1.31.a]


Da equação [1.36]: Pr = (C0 + K r w )w ; (curva b da figura 1.12) [1.31.b]
( )
Da equação [1.37]: Pr = C 0 + K r w w ; (curva c da figura 1.12)
2
[1.31.c]
æ K ö
Da equação [1.38]: Pr = ç C 0 + r ÷w ; (curva d da figura 1.12) [1.31d]
è w ø

Pr
d

c b

0 w

Figura 1.12 - Características de potência requeridas pelas máquinas

Vê-se, portanto, que a potência útil requerida pelas máquinas varia, com a velocidade, um
grau acima da característica de conjugado útil correspondente, ou seja, uma máquina cuja
característica de conjugado útil é constante com a velocidade dá origem a uma característica de
potência útil requerida que varia linearmente com a velocidade; a característica de conjugado útil com
variação linear com a velocidade se transforma em uma característica de potência útil requerida com
variação parabólica da velocidade, isto, é, a potência útil requerida varia com o quadrado da
velocidade; a característica de conjugado útil de variação parabólica com a velocidade torna-se uma
característica de potência útil requerida que varia com o cubo da velocidade; a característica de
conjugado útil com variação hiperbólica com a velocidade origina uma característica de potência útil
constante com a velocidade. A parcela correspondente ao conjugado de atrito variará sempre
linearmente com a velocidade.
As máquinas com característica mecânica parabólica crescente são das mais comumente
utilizadas nas plantas industriais como exaustores, sopradores de ar, compressores centrífugos e
bombas centrífugas. Estas, por exemplo, são equipamentos dos mais usados nas refinarias de petróleo
para movimentação dos produtos em todas as suas fases de produção. A potência que uma bomba
centrífuga requer do acionador acoplado ao seu eixo pode ser obtida através da seguinte expressão:
gQH
Pr = [1.32]
h
28

em que Pr é obtida em W, g é a densidade do líquido bombeado em N/m3, Q a vazão da bomba em


m3/s, H é a sua altura manométrica total em m e h o rendimento da bomba.

1.4) CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO ACIONAMENTO

1.4.1) EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO ACIONAMENTO

A figura abaixo mostra um sistema de acionamento simples constituído por um motor elétrico,
um soprador de ar tipo radial ou centrifugo e uma transmissão tipo polias e correia. O motor, chamado
de acionador, transmite movimento ao soprador ou máquina acionada através do conjunto polias-
correia.

Quando o conjunto acionador - máquina se põe em movimento, aparecem dois tipos de conjugados
que podem ser diferenciados pelo seu modo de atuação: o primeiro tipo atua no sentido de propagar
e sustentar o movimento e o segundo, atua no sentido de se opor a esta propagação e sustentação do
movimento. Ao primeiro tipo, que se desenvolve no acionador, denominamos de conjugado ativo ou
conjugado motor; ao segundo, que se desenvolve na máquina acionada, denominamos de conjugado
reativo ou resistente.
O movimento do conjunto pode ser uniforme, se a velocidade n do eixo do motor for constante,
ou não uniforme, se ela for variável. O movimento uniforme ocorre, por exemplo, quando a máquina
trabalha em regime contínuo na sua condição nominal. O movimento não uniforme ocorre em
condições transitórias, isto é, durante a partida e aceleração, frenagem ou uma súbita variação da
velocidade.
Quando o movimento é não uniforme, o conjugado desenvolvido pelo motor deve equilibrar,
além do conjugado resistente desenvolvido pela máquina, o conjugado inercial Ci devido à inércia
das massas do conjunto que se põem em movimento. Este conjugado é também um conjugado reativo,
pois ele se opõe ao conjugado desenvolvido pelo motor tendendo a retardar o movimento, quando o
motor está se acelerando, e a mantê-lo, quando o motor está desacelerando. Sua expressão é dada pela
equação [1.34].
dw
Ci = J [1.34]
dt
29
dw
onde J é o momento de inércia6 das massas que estão em movimento rotativo e representa a
dt
aceleração. Qualquer que seja a condição operacional do conjunto, os conjugados presentes durante
a operação devem estar em equilíbrio, isto é, o conjugado motor é igual à soma de todos os
conjugados resistentes. Este é o conceito fundamental sobre o qual se apoia toda a teoria do
acionamento. A partir dele podemos estabelecer a equação fundamental do acionamento:

dw
C = C r + Ci = C r + J [1.35]
dt

onde C representa o conjugado útil desenvolvido pelo motor, disponível no seu eixo; J o momento
de inércia de todas as massas em movimento, inclusive a massa do rotor do motor e Cr o conjugado
resistente da máquina acionada dado por uma das equações [1.18] a [1.21].
A equação [1.35] parte do pressuposto de que o motor e a máquina acionada giram à mesma
velocidade w, ou seja, o acoplamento entre o motor e a máquina é um acoplamento direto, conforme
indica a figura 1.13. Na realidade, é muito comum a máquina acionada girar a uma velocidade
diferente da do motor. Neste caso, devemos considerar um conjunto equivalente, semelhante ao da
figura 1.13, em que o eixo AA é o mesmo para o motor e a máquina. Isto será sempre possível, como
se verá mais adiante.

ACOPL.
C
A MOTOR MÁQUINA A
. w
Cr

Figura 1.13 - Conjunto motor máquina com acoplamento direto

A equação [1.35] pode ser reescrita conforme a equação [1.36]:

dw
C - Cr = J [1.36]
dt

Enquanto na equação [1.35] está destacado o conjugado desenvolvido pelo motor, na equação
[1.36] o que aparece é a diferença entre os conjugados motor e resistente. Esta diferença poderá ser
dw
positiva (C>Cr), negativa (C<Cr) ou nula (C = Cr). No primeiro caso, significa que a derivada
dt
é positiva, ou seja, a velocidade do motor aumenta no sentido considerado positivo. O motor está se
dw
acelerando. Quando C<Cr, a derivada é negativa, ou seja, a velocidade do motor está diminuindo
dt
(aumentando no sentido oposto ao considerado positivo). O motor está, então, se desacelerando. Esta
situação ocorre quando o motor é desligado e se aplica ou não algum tipo de frenagem para fazê-lo
parar. Podemos falar, por analogia com o caso anterior, que temos um conjugado de desaceleração.
dw
Finalmente, quando C = Cr , a derivada se anula, o que significa dizer que a velocidade w é
dt
constante. Neste caso, o motor está funcionando em uma condição de regime estável.

6
O conceito de momento de inércia será apresentado na próxima seção e no APÊNDICE A, fim do presente capítulo.
30
O primeiro membro da equação é chamado conjugado de aceleração e será, doravante,
representado por Ca. Como pode observar, este conjugado é, numericamente, igual ao conjugado
inercial. Porém, enquanto este é um conjugado reativo, o conjugado de aceleração é um conjugado
ativo. Desta forma, podemos interpretar a equação [1.35] afirmando que o conjugado desenvolvido
pelo motor é composto de duas parcelas: uma, que equilibra o conjugado resistente desenvolvido pela
máquina e a outra, o conjugado de aceleração, que equilibra o conjugado inercial enquanto a
velocidade do motor estiver variando

1.4.2) MOMENTO DE INÉRCIA

Todo corpo que se põe em movimento acumula uma certa quantidade de energia chamada
energia cinética. Esta energia acumulada resulta da reação que o corpo oferece à força externa
aplicada para tirá-lo do seu estado de repouso. Esta propriedade dos corpos de acumular energia
cinética está associada à sua massa e é chamada de inércia. Quando se trata de um movimento linear,
a energia acumulada é dada através da conhecida expressão [1.37]:

mv 2
Ec = [1.37]
2

onde m é a massa do corpo (kg), v a velocidade de deslocamento (m/s) e Ec a energia cinética


acumulada (Joules).
Quando o corpo está animado de um movimento rotativo em torno de um eixo, ocorre o
mesmo fenômeno de acumulação de energia. Neste caso, a energia cinética acumulada está associada
não apenas à massa do corpo, mas à maneira como ela se acha distribuída no corpo em relação ao
eixo de rotação.
Quando um corpo gira ao redor de um eixo, sua massa, sob o ponto de vista dinâmico, se
comporta como se ela tivesse se deslocado e se concentrado numa coroa circular de espessura
infinitesimal, a uma determinada distância do eixo de rotação, denominada raio de giração
representado por R. (Figura 1.14)

Coroa com
espessura
infinitesimal

m m
•O rotação •O

D = 2R

Figura 1.14 Raio de giração

A velocidade linear ou tangencial da massa m situada a uma distância R do eixo de rotação


que gira a uma velocidade w rad/s é igual a v = wR . Substituindo este valor de v na equação [1.37],
vamos achar a energia cinética acumulada nesta massa m, agora, girando em torno de um eixo.
Teremos:
31
2
æ 2pn ö
Jç ÷
mR w
2 2
Jw 2
è 60 ø
Ec = = = [1.38]
2 2 2

Aparece na equação [1.38] a grandeza mR2 que fizemos igual a J. Sendo o produto de uma
massa pelo quadrado de uma distância, ela recebe o nome de momento de inércia dinâmico. O cálculo
do momento de inércia de um corpo é, às vezes, um problema complicado devido à necessidade de
se conhecer o seu raio de giração. Quando se trata de corpos de formas geométricas regulares tais
como cilindros, esferas, cubos e outros, e o eixo de rotação coincide com o eixo de simetria destes
corpos, o raio de giração pode ser calculado por meio de fórmulas matemáticas. Porém, quando os
corpos possuem formas geométricas não regulares, que é o caso mais comum, o cálculo do raio de
giração torna-se muito complexo e o momento de inércia tem de ser obtido através de outros meios
tais como ensaios de fábrica.
Alguns fabricantes de equipamentos rotativos, em lugar de usar a grandeza momento de
inércia definida por J = mR2, preferem usar uma outra à qual dão o nome de momento de impulsão,
mais conhecida pelo seu símbolo GD2, e que se relaciona com o momento de inércia J como segue:

GD 2
J = mR 2 = [1.39]
4g

onde G é o peso do corpo em N; g = 9,81 m/s2, a aceleração da gravidade; D = 2R, o diâmetro de


giração em m. Se o peso do corpo for dado em kgf, que numericamente é igual à sua massa, e sendo
kgf = 9,81 N, então o momento de inércia J será dado por:

GD 2
J= [1.40]
4

As figuras 1.15 mostram as fórmulas para se calcular os diâmetros de giração de alguns


volumes conhecidos em função de suas dimensões principais, para um eixo de rotação coincidindo
com seus respectivos eixos de simetria.

X d Y

d2
D2 =
2

Fig.1.15a – Cilindro maciço de diâmetro d e comprimento


32

h
X Y d1 d2

d12 + d 22
D =
2

Fig.1.15b – Cilindro oco de diâmetro interno d1 e externo d2

d d X Y

D 2 = 0,4d 2 D2 = 0,3d 2

(c1) (c2)

Fig. 1.15c1– Esfera maciça de diâmetro d


Fig. 1.15c2 – Cone maciço de diâmetro da base d e altura h

X Y d1 d2

d 25 - d15
D 2 = 0,4
d 23 - d13

Fig. 1.15d - Esfera oca de diâmetro interno d1 e diâmetro externo d2


33

d1 X Y d2

d 25 - d15
D = 0,3 3
2

d 2 - d13

Fig. 1.15e - Tronco de cone maciço de diâmetros de base d1 e d2 e altura h entre as bases,
com o eixo de rotação passando pelo seu centro.

1.4.3) MOMENTO DE INÉRCIA REFERIDO AO EIXO DO MOTOR

O momento de inércia J que aparece nas equações [1.34] e seguintes supõe um modelo de
conjunto em que máquina e motor giram à mesma velocidade. Quando a máquina gira a uma
velocidade diferente da do motor, torna-se necessário referir o momento de inércia da máquina ao
eixo do motor para que as equações possam ser aplicadas. Em outras palavras, trata-se de determinar
como o momento de inércia da máquina é visto do lado do motor. A figura 1.16 mostra um conjunto
em que os eixos da máquina e do motor giram a velocidades diferentes obtidas por meio de um redutor
de velocidades de engrenagens.

A MOTOR A w
Jm

B MÁQUINA B w1
J1

Figura 1.16 - Motor e máquina giram a velocidades diferentes


34
O eixo AA do motor gira à velocidade w rad/s e o seu momento de inércia é Jm. O eixo BB
da máquina gira à velocidade w1 rad/s e o seu momento de inércia, tomado em relação a este eixo, é
J1. Em geral, o momento de inércia do sistema de transmissão é tomado como um percentual do
momento de inércia do rotor do motor, da ordem de 20%, e somado a este último. O problema
consiste, portanto, em referir apenas o momento de inércia da máquina. Para isto, vamos supor um
momento de inércia J equivalente aos momentos de inércia existentes no conjunto, referido ao eixo
do motor.
A energia cinética armazenada nele será igual à soma das energias cinéticas armazenadas em
cada um dos momentos de inércia do conjunto, ou seja:

Jw 2 J mw 2 J mw 2 J1w12 J mw 2 J1w12
= + 0,2 + = 1,2 + [1.41]
2 2 2 2 2 2

Fazendo as simplificações necessárias teremos:

2
æw ö
J = 1,2 J m + J 1 ç 1 ÷ [1.42]
èw ø

Se o conjunto for mais complexo e possuir outras máquinas interligadas, com seus eixos de
rotação paralelos, girando a velocidades diferentes w1, w2, w3, .........wn, com seus respectivos
momentos de inércia J1, J2, J3, ..........Jn, o momento de inércia equivalente referido ao eixo do motor
será dado por:
2 2 2
æw ö æw ö æw ö
J = 1,2 J m + J 1 ç 1 ÷ + J 2 ç 2 ÷ + × × × × × + J n ç n ÷ [1.43]
èw ø èw ø èw ø

Se o conjunto for semelhante ao da figura 1.17 que representa, simplificadamente, um


guincho ou talha para levantamento de cargas, o momento de inércia equivalente será obtido a partir
da equação [1.44].

A MOTOR A w
Jm

B TAMBOR B
w1

G v (m/s)

Figura 1.17 - Guincho ou talha simples para levantamento de cargas


35
2 2
Jw 2 J w 2 J w 2 mv 2 æw ö ævö
= 1,2 m + tb 1 + \ J = 1,2 J m + J tb ç 1 ÷ + mç ÷ [1.44]
2 2 2 2 èw ø èw ø

G
onde m = , é a massa da carga em kg a ser levantada com a velocidade de v m/s e Jtb é o momento
g
de inércia do tambor sobre o qual o cabo de aço se enrola.
Os exemplos acima mencionados são clássicos e representam uma grande maioria de
conjuntos. Outros tipos de acionamentos devem ser examinados procurando torná-los equivalentes
aos acima estudados.

1.4.4) CONJUGADO RESISTENTE REFERIDO AO EIXO DO MOTOR

O conjugado resistente desenvolvido pela máquina em uma velocidade diferente da


velocidade do motor, necessita, como foi feito para o momento de inércia, ser referido ao eixo do
motor antes de se poder aplicar as equações básicas do acionamento. Para se referir o conjugado
resistente da máquina ao eixo do motor, devemos simplesmente nos lembrar que a potência fornecida
pelo motor no seu eixo é igual à potência consumida pela máquina somada às perdas que ocorrem no
sistema de transmissão. Como sabemos, (ver equação 1.07), a potência e o conjugado desenvolvidos
no eixo de um motor ou de uma máquina que gira à velocidade w rad/s estão relacionados entre si
através da equação [1.30], repetida na equação [1.45]:

P
P = Cw \ C = [1.45]
w

Consideremos o conjunto da figura 1.16 e seja Cr1 o conjugado resistente que a máquina
desenvolve no seu eixo que gira à velocidade de w1 rad/s e Cr o seu valor referido ao eixo do motor.
Sendo h o rendimento do sistema de transmissão, podemos escrever a seguinte equação:

C r1 æ w 1 ö
C r wh = C r1w1 \ C r = ç ÷ [1.46]
h èw ø

Quando se tratar de um conjunto semelhante ao da figura 1.17 sendo F a força que é exercida
pelo guincho ou talha para equilibrar o peso G que é alçado à velocidade de v m/s, (F igual e oposta
a G), esta força F será referida ao eixo do motor como um conjugado resistente. Chamando de Cr o
conjugado equivalente à força F, referido ao eixo do motor, teremos:

Fævö
Crwh = Fv \ Cr = ç ÷ [1.47]
h èw ø

onde Cr será obtido em Nm; F em N, v em m/s e w em rad/s.

1.4.5) EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1) Determinar a potência e a velocidade que o motor está fornecendo para elevar o peso G da
figura 1.17 sabendo-se que: a) O peso G é igual a 1000 kgf.; b) A velocidade de levantamento é igual
a 0,6 m/s; c) O rendimento do sistema de transmissão é 85%; d) O diâmetro do tambor sobre o qual
se enrola o cabo de aço é 0,60 m; e) A relação das velocidades dos eixos AA e BB é 61:1.
36
Solução:

A potência requerida para elevar o peso G a uma velocidade de 0,6 m/s será:

Fv = (1000 × 9,81)0,6 = 5886watts (1 kgf = 9,81 N)

Esta potência será fornecida pelo motor através do sistema de transmissão que tem um
rendimento de 85%. Logo, a potência que o motor deverá fornecer será:

Fv 5886
P= = = 6924,7 w = 6,9kw
h 0,85

A sua velocidade n será obtida através de n = 61n1. A velocidade n1 está relacionada com a
2pn1 v
velocidade de levantamento do peso G (velocidade tangencial do tambor) através de = w1 =
60 r
2pn1 0,6
, sendo r o raio do tambor. Substituindo v e r pelos seus valores teremos = \ n1 = 19,099
60 0,3
RPM. Portanto, a velocidade do eixo do motor será n = 61x19,099 = 1165 RPM
Se fôssemos escolher o motor através de catálogo, para uma freqüência de 60 Hz, seria um
motor de 6 pólos e potência padronizada de 7,5 kW.

A subida do peso G seria “enxergada” pelo motor como um conjugado resistente igual a

P 6,9247
C r = 9550 = 9550 = 56,76 Nm, dos quais a elevação do peso consumiria 85% e os
n 1165
restantes 15% seriam consumidos no sistema de transmissão.

2) Com relação ao acionamento anterior, determinar qual o momento de inércia total referido
ao eixo do motor sabendo-se que: a) O momento de inércia do rotor do motor escolhido é 0,05 kgm2;
b) O momento de inércia do tambor (cilindro maciço) é 3,4 kgm2.

Solução:

O momento de inércia total referido ao eixo do motor será igual à soma de cada um dos
momentos de inércia dos componentes referidos, individualmente, ao eixo do motor. Teremos:

2
æ ö
2 ç ÷ 2 2
æ n1 ö ç v ÷ æ1ö æ 0,6 ö
J = 1,2 J m + J tb ç ÷ + m = 1,2 ´ 0,05 + 3,4ç ÷ + 1000ç ÷ = 0,0851 kgm2
n
è ø ç 2p ´ 1165 ÷ 61
è ø è 122 ø
ç ÷
è 60 ø

3) Uma bomba centrífuga (característica mecânica parabólica), possui os seguintes dados


operacionais: a) Conjugado nominal: 95 Nm; b) Conjugado de atrito: 9,5 Nm; c)Velocidade nominal:
3550 RPM; d) Momento de inércia: 2,8 kgm2

Ela foi acoplada diretamente, por engano, (a placa com seus dados estava ilegível), a um motor
trifásico de 37 kW, 440 V, 60 Hz, 4 pólos, 1775 RPM, Jm = 0,354 kgm2. O motor foi ligado à rede e
então se percebeu que a bomba não fornecia a vazão esperada. Pede-se: a) Porque a bomba não
operava corretamente? Qual a potência que o motor estava fornecendo a ela? b) Na tentativa de
resolver o problema, instalou-se um multiplicador de velocidades de relação igual 2 e rendimento
80% que estava disponível. O problema foi resolvido? Porque? c) Determinar o momento de inércia
37
de todo o conjunto, bem como o conjugado resistente médio, na condição do item b), referidos ao
eixo do motor.

Solução

a) Sendo a velocidade nominal da bomba 3550 RPM, ao ser acoplada diretamente a um motor
que girava a 1775 RPM, o seu conjugado útil que é igual a Cu = 95 – 9,5 = 85,5 Nm, vai variar com
o quadrado da velocidade, ou seja:

2 2
ænö æ 1775 ö
C = Cu çç ÷÷ = 85,5ç
'
u ÷ = 21,37 Nm
è n1 ø è 3550 ø

Portanto, a bomba não poderia operar corretamente pois o seu conjugado útil requerido havia
se reduzido para 25% do necessário. A potência total requerida pela bomba, a ser fornecida pelo
motor será então:
( Cu' + Co ) n ( 21,37 + 9,5)1775
Pr =
'
= = 5,74 kW (R)
9550 9550

b) Sendo instalado um multiplicador de relação igual a 2, a velocidade da bomba retorna à sua


velocidade nominal e a sua potência requerida passa a ser:

Crn ´ n 95 ´ 3550
Pr = = = 35,31 Nm
9550 9550

A potência fornecida pelo motor deverá ser então:

Pr 35,31
Pmot = = = 44,14 kW (R).
ht 0,80
44 ,14
O motor estaria operando com uma sobrecarga contínua de = 1,19 que,
37
provavelmente, provocaria a atuação dos relés de proteção contra sobrecarga. Logo, o
problema não foi resolvido (R).

c) O momento de inércia total no eixo do motor será:

J = 1,2 ´ 0,354 + 2,8 ´ 2 2 = 11,625 kgm2 (R)


O conjugado resistente médio da bomba será igual a:

95 - 9 ,5
Crm = 9 ,5 + = 38 Nm. Este valor referido ao eixo do motor será igual a:
3

38
C rm (ref ) = ´ 2 = 95 Nm (R)
0,80

1.5) EXERCÍCIOS PROPOSTOS


38

01) Um motor de indução trifásico, rotor em gaiola, possui os seguintes dados:

220 V; 60 Hz; 4 polos; estator ligado em estrela (Y)

As constantes do circuito equivalentes, como o da figura 1.03, têm os seguintes valores, em


ohms por fase:
R1 = 0,3; R2 = 0,1; X1 = 0,5; X2 = 0,2; Xm = 10,0

As perdas rotacionais a vazio totalizam 400 W. O motor opera em regime permanente com
um escorregamento de 2%. Pede-se calcular: a) A velocidade do motor; b) O conjugado útil; c) A
potência mecânica útil disponível no eixo; d) A corrente do estator; e) O fator de potência; f) O
rendimento do motor (Problema do provão elétrica 2000).

02) Um motor de 3,7 kW, 220 V, 60 Hz, 4 polos, 1730 RPM, possui uma corrente de partida
rotórica igual a 7,5 pu tomando a corrente nominal do rotor como corrente base. Qual deve ser o seu
conjugado de partida, em pu e em Nm, tomando o conjugado nominal como conjugado base?

03) Os dados do circuito equivalente de um motor de indução trifásico, rotor em gaiola, estator
ligado em estrela, de 37 kW, 440 V, 60 Hz, 1766 RPM, segundo o modelo de Thévénin, são os
seguintes (valores por fase):

VTh = 266 V; RTh = 0,133 ohms; XTh = 0,497 ohms; R2 = 0,10 ohms; X2 = 0,20 ohms

O motor operava na sua condição nominal quando ocorreram, simultaneamente, dois eventos:
a tensão do barramento caiu para 85% do seu valor e uma sobrecarga momentânea no eixo do motor
fez aumentar o conjugado resistente em 35% durante 25 segundos (o relé de proteção contra
sobrecargas não atuou, pois estava ajustado para atuar com 30 segundos). Pergunta-se: a) O motor
terá conjugado suficiente para acionar a carga nesta condição? b) Se o motor não conseguir acionar a
carga ele vai se desacelerar. Qual o valor do seu conjugado mínimo Cmin, sabendo-se que ele ocorre
a 560 RPM?

04) Um motor de indução opera na sua condição nominal acionando uma carga cujo
conjugado resistente é constante com a velocidade. O seu conjugado máximo é igual a 2,0 pu. Qual
o valor mínimo que a tensão pode ser rebaixada de modo a permitir que o motor continue a acionar a
sua carga?

05) Um motor de indução trifásico, rotor em gaiola, tem um escorregamento a plena carga
igual a 4%. A resistência e a reatância por fase do rotor são, respectivamente, 0,02 ohms e 0,10 ohms,
podendo ser desprezadas a resistência e a reatância do estator. O motor aciona uma carga de
conjugado constante com a velocidade. Deseja-se reduzir a velocidade do motor a 50% da nominal.
Pede-se: a) Qual o percentual de redução deve ocorrer na tensão aplicada? b) A mesma pergunta
quando o conjugado útil da carga varia parabolicamente.

06) A figura 1.18 representa um volante de inércia cortado por um plano que passa pelo seu
centro. Calcular o seu momento de inércia em relação ao eixo de giração que passa pelo seu centro,
decompondo-o em volumes semelhantes aos da figura 1.10. As dimensões são dadas em mm e o
material usado na fabricação da peça é aço de massa específica igual a 7,8 kg/dm3.
39

30

60 10

100

240

300

Figura 1.18 - Volante de inércia

OBSERVAÇÃO

Volante de inércia é uma peça metálica, em geral de aço, que é acoplada ao eixo de motores
elétricos que acionam máquinas que demandam potência variável durante o seu regime de trabalho
(britadores, prensas, laminadores, etc). Durante o processo de aceleração do conjunto, o volante de
Jw 2
inércia armazena energia sob a forma , (w é sua velocidade de operação) e depois a utiliza para
2
manter a velocidade quando esta diminui motivada por um aumento da carga. Com isto, as flutuações
de potência requerida da rede elétrica que alimenta o motor tornam-se mais suaves.

07) O volante da questão anterior será acoplado diretamente ao eixo de um motor elétrico que
gira a 1760 RPM nas condições normais de trabalho, acionando um britador (figura 1.19). O rotor do
motor, que pode ser considerado um cilindro maciço, possui uma massa igual a 50 kg e o seu diâmetro
mede 0,20 m. O momento de inércia do britador é igual a 2 kgm2. Calcular a energia armazenada no
conjunto.

VOLANTE

MOTOR BRITADOR

ACOPL.

Figura 1.19 - Conjunto de acionamento com volante de inércia

08) Supondo que o britador do problema anterior esteja acoplado ao motor através de um
redutor de velocidades de relação 0,333, qual seria a energia cinética acumulada no conjunto?
40
09) A figura 1.20 representa, simplificadamente, um conjunto para fazer levantamento de
cargas. O tambor do guincho, sobre o qual se enrola um cabo de aço que faz o levantamento da carga,
tem um diâmetro igual a 0,4 m. O sistema está projetado para levantar cargas de até 20000 N de peso
a uma velocidade de ascensão constante igual a 0,62 m/s.

acoplamento
a1 .
A Motor A nA

b2 b1
B B nB

Tambor
C C nC

G v = 0,62 m/s

Figura 1.20 - Conjunto para levantamento de cargas

Os momentos de inércia dos elementos componentes do conjunto são os seguintes:

Momento de inércia do acoplamento: Jac = 0,075 kgm2


Momento de inércia do tambor: Jtb = 400 kgm2
Momento de inércia da engrenagem a1: Ja1 = 0,05 kgm2
Momento de inércia da engrenagem b2: Jb2 = 0,159 kgm2
Momento de inércia da engrenagem b1: Jb1 = 0,525 kgm2
Momento de inércia da engrenagem c: Jc = 1,375 kgm2

O rendimento de todo o sistema de transmissão é igual a 90,25% e as relações de velocidades


dos eixos são:
AA BB
= 6; = 10
BB CC

Pede-se: a) Determinar a potência que o motor está fornecendo (dar seu número de pólos para
uma frequência de 60 Hz; b) Calcular o momento de inércia total referido ao eixo do motor.

10) A figura 1.21 representa um conjunto de engrenagens (“trem de engrenagens”) que deverá
ser empregado para se conseguir uma redução de 0,125 na velocidade do motor e de modo a se obter
o mínimo momento de inércia equivalente referido ao eixo do motor. Todas as engrenagens são
maciças, têm a mesma largura e o momento de inércia dos eixos sobre os quais elas estão montadas
é desprezível.
Calcular os momentos de inércia de cada uma das soluções dadas a seguir, referidos ao eixo
do motor, tomando como base o momento de inércia da engrenagem (pinhão) do eixo do motor, o
qual será suposto conhecido e igual a 1 pu.
41
a) Primeira solução: redução simples: 0,125;
b) Segunda solução: redução dupla: 0,5 seguida de 0,25;
c) Terceira solução: redução dupla: 0,333 seguida de 0,375;
d) Quarta solução: redução dupla: 0,25 seguida de 0,5

a1

A MOTOR A nA

b
B B nB
a2

C MÁQUINA C nC

ACOPL.

Figura 1.21 - Trem de engrenagens

EXPLICAÇÕES SOBRE A FIG. 1.21

a – As engrenagens a1 e a2, chamadas pinhões, são iguais.


b – Quando se tratar da primeira solução o eixo BB desaparece e a engrenagem c se engrena
diretamente ao pinhão a1 do eixo do motor.
c – O momento de inércia do acoplamento do eixo CC é desprezado.

11) Um compressor de ar centrífugo é acionado por um motor de indução trifásico, rotor em


gaiola. Nas suas condições nominais de operação o compressor desenvolve um conjugado de 150
N.m à velocidade de 3555 RPM. Ele está acoplado ao motor através de um multiplicador de
velocidades de relação 3 cujo rendimento é igual a 90%. O momento de inércia do compressor é 8
kgm2. Pede-se: a) Qual a potência e número de polos do motor, para uma frequência de 60 Hz? b)
Qual o momento de inércia do compressor referido ao eixo do motor?

12) Sabendo-se que o motor síncrono é um motor de velocidade constante para qualquer valor
de conjugado que ele desenvolve, desenhar a sua característica de conjugado C = f(n) comparando-a
com a característica do motor de indução de rotor em gaiola.

13) Uma planta industrial possui geração própria na frequência de 50 Hz. A maior parte da
carga é constituída de bombas centrífugas acionadas por motores de indução de rotor em gaiola. Foi
decidido eliminar a geração própria e comprar energia da concessionária cuja frequência é de 60 Hz.
Quais as consequências desta mudança sobre os motores e que medidas podem ser tomadas para
resolver os problemas surgidos?

14) A tiragem de um forno de aquecimento de uma refinaria de petróleo é feita com o auxílio
de um exaustor (característica mecânica parabólica crescente com a velocidade) acionado por um
motor de indução trifásico, rotor em gaiola, acoplado diretamente ao seu eixo. O conjugado de atrito
do compressor é igual a 10% do seu conjugado nominal. Quando o conjunto opera na sua condição
42
nominal, para evitar baixa temperatura no interior do forno, na saída do exaustor há uma válvula tipo
borboleta que controla a vazão dos gases e que opera numa posição semi-aberta. Desta forma, há
perda de energia localizada durante a operação que foi estimada em 12% de toda a energia consumida
pelo exaustor quando ele opera na velocidade de 1780 RPM. As principais características do motor
são:
30 kW - 60 Hz - 4 pólos - 1780 RPM - 440 V

Para reduzir estas perdas, o engenheiro recomendou a instalação de um inversor de freqüência


que vai permitir o motor operar na velocidade de 1580 RPM, sem elevar sua temperatura a valores
perigosos para sua classe de isolamento e permitir que a válvula borboleta opere numa posição menos
inclinada para economizar energia. As perdas na nova condição operacional do exaustor foram
calculadas em 8% de toda a energia consumida pelo exaustor. Supondo que o forno opera 360
dias/ano, 24 horas/dia, qual será a energia economizada pelo exaustor, em kWh, com a instalação do
inversor?

15) A figura 1.22 representa de uma forma simplificada uma correia transportadora
(representação nos planos horizontal e vertical) cujos dados são fornecidos abaixo:

a) Velocidade da correia: v = 4 m/s


b) Comprimento da correia: L = 15 m
c) Largura da correia: T = 0,75 m
d) Altura de elevação do material: H = 5 m
e) Taxa de transporte da carga: 120 ton/h
f) Momento de inércia da correia (tambores + esteira de lona) referido ao eixo do tambor de
acionamento: 3,2 kgm2.
g) Diâmetro dos tambores (de acionamento e de inversão): d = 0,20 m
h) Rendimento do acoplamento: h = 0,95.
i) Fator de redução do acoplamento do motor para o eixo do tambor: 0,3333

Pede-se: a) Escolher o motor para acionar a correia, utilizando o catálogo da WEG. Dar sua
potência e número de pólos para uma freqüência de 60 Hz; b) Calcular o momento de inércia total
referido ao eixo do motor.

OBSERVAÇÃO: PARA RESOLVER ESTE PROBLEMA É NECESSÁRIO LER O


APÊNDICE B NO FIM DO CAPÍTULO.
43

d
Plano Vertical

Tambores de
desvio Roldanas de Tambor
suporte Acionador

Plano Horizontal

Tambor de
inversão

Motor

Figura 1.22 - Correia transportadora simplificada

16) Uma calandra, máquina para conformar chapas de aço para serem usadas na fabricação de
tanques, cuja característica mecânica é linear crescente com a velocidade, possui os seguintes dados:
Conjugado nominal: 90 Nm
Velocidade nominal: 950 RPM
Conjugado de atrito: 10 Nm
Momento de inércia: 5 kgm2

A máquina está acoplada diretamente ao eixo de um motor de indução trifásico, rotor em


gaiola de 11 kW, 380 V, 50 Hz, 6 pólos, 950 RPM, Jm = 0,125 kgm2 (o conjunto foi importado da
Europa). Ao se instalar a máquina no Brasil, não se observou que a freqüência do motor era 50 Hz e
ele foi ligado à nossa rede de 60 Hz, à mesma tensão). Verificou-se que a máquina atingiu a
velocidade de 1140 RPM sendo o motor desligado pelo relé de sobrecarga após um curto tempo de
operação. Não foi encontrado nenhum defeito no motor que justificasse a atuação do relé. Pergunta-
se: a) Qual a explicação possível para a ocorrência? Que potência o motor fornecia quando houve o
desligamento? b) Na tentativa de resolver o problema foi instalado um redutor de velocidades de
relação 0,833 e de rendimento 88%. O problema foi resolvido? Porque? Justificar as respostas com
cálculo.

17) Uma bobinadeira de papel (máquina de característica mecânica hiperbólica), possui os


seguintes dados: a) Conjugado nominal: 100 Nm; b) Conjugado de atrito: 10 Nm; c) Velocidade
nominal: 3550 RPM; d) Momento de inércia: 2,8 kgm2. Ela foi submetida a ensaios de desempenho
na fábrica e foi acoplada diretamente, a um motor trifásico de 45 kW, 440 V, 60 Hz, 4 pólos, 1775
RPM, Jm = 0,354 kgm2. Pede-se: a) Qual o conjugado requerido pela bobinadeira, quando o tacômetro
que media sua velocidade indicava 1630 RPM? b) Qual a potência que o motor fornecia? c) Em outro
ensaio, instalou-se um multiplicador de velocidades de relação igual 2 e rendimento 90%. O motor
44
conseguirá acionar a carga na sua condição nominal? Porque? Justificar as respostas com cálculos;
d) Determinar o momento de inércia de todo o conjunto referido ao eixo do motor; e) Determinar o
conjugado resistente médio, entre os limites de velocidade 3550 RPM e 2350 RPM, na condição do
item c), referidos ao eixo do motor.

18) A característica mecânica de uma máquina é linear crescente e varia de acordo com a
seguinte equação:
Cr = 40 + 0,25n

sendo n a velocidade de seu eixo principal em RPM e Cr o seu conjugado resistente em Nm. Ela é
acionada por um motor elétrico através de um redutor de velocidades de relação 0,4. Nas condições
nominais de operação, a rotação do eixo principal da máquina é 710 RPM. O rendimento do redutor
é 88%. Pede-se: a) Qual a potência que o motor fornece no seu eixo nestas condições? b) Reescrever
a característica mecânica da máquina referida ao eixo do motor; c) Calcular o seu valor médio
referido.

19) Uma máquina possui a seguinte característica mecânica: Cr = Co + K r n 2 . Para as


condições nominais de operação tem-se os seguintes valores:

Crn = 300 Nm; Co = 30 Nm; n = 1200 RPM;

Ela será acionada por um motor de indução trifásico, rotor em gaiola, 45 kW, 60 Hz, 4 pólos,
1775 RPM, Jm = 0,56 kgm2 cujos rendimentos em função da carga no eixo são os seguintes:

Carga ( %) Rendimento (pu)


95 – 100 0,95
90 – 95 0,92
85 – 90 0,89

A máquina está acoplada ao motor através de um “trem” de engrenagens redutor que,


mantendo a mesma velocidade de entrada do motor permite obter várias velocidades de saída. O
rendimento do “trem” para qualquer relação de velocidades é 88 %. Com o objetivo de economizar
energia foi proposto que a máquina devesse girar a 1050 RPM. Pede-se: a) Qual a energia em kWh
foi economizada na nova condição operacional em relação à condição nominal, durante 30 dias, com
a máquina operando 10 horas/dia? b) Reescrever a característica da máquina para o eixo do motor na
condição operacional fora da nominal; c) Calcular a energia cinética armazenada no conjunto na
condição nominal de operação.

1.5.1) RESPOSTAS DOS PROBLEMAS DO CAPÍTULO I

01: a) 1764 RPM; b) 39 Nm; c) 7208 W; d) 25,84 A; e) 0,849 indutivo; f) 89,28%


02: Cp = 2,187 pu. = 44,68 Nm
03: a) O conjugado resistente atinge 270 Nm; o conjugado máximo é reduzido para 427 Nm.
b) Cmin = 290,25 Nm.
04: 0,707 pu.
05: a) Tensão aplicada: 0,757 pu (redução de 24,3%); b) Tensão aplicada: 0,378 pu (redução de
62,2%)
06: 0,25 kgm2
07: 42461 joules
08: 12266 joules
45
09: a) Potência fornecida pelo motor: 13,74 kW; b) J = 0,3084 kgm²
10: a) 65 pu.; b) 69,25 pu.; c) 74,11 pu.; d) 81,06 pu.
11: a) Potência fornecida pelo motor: 50,18 kW; motor escolhido: 55 kW, 6 pólos; b) J = 72 kgm2.
14: 14941 kWh
15: a) Potência fornecida: 6,113 kW; motor escolhido: 7,5 kW, 6 pólos; b) J = 0,56 kgm²
16: a) A potência solicitada pela máquina passou a ser 12,65 kW, ou seja, o motor estava com
sobrecarga de 15%; b) o problema foi resolvido pois o motor passou a fornecer uma potência de
10,17 kW.
17: a) 206 Nm; b) 35,16 kW; c) Sim. A potência requerida é 41,3 kW; d) J = 11,554 kgm²;
e) Crm = 244,08 Nm
18: a) 18,37 kW; b) Cr = 18,18 + 0,045n; c) 58,11 Nm

áááááááááá

APÊNDICE A

CONCEITO DE MOMENTO DE INÉRCIA DE


UM CORPO EM MOVIMENTO ROTATIVO

Consideremos a figura 1.23 que mostra um corpo rígido de massa m que pode girar em torno
do eixo OY, descrevendo um ângulo q que varia com o tempo, isto é, q = f(t).

Y
r r d = 2r
A
m

dr
0
r r X
B
ds

Figura 1.23 - Corpo de massa m girando Figura 1.24 - Cilindro maciço


ao redor do eixo 0Y com coroa de espessura dr

Quando o corpo gira em torno de OY, cada ponto, tal como o ponto A que está situado a uma
distância r do eixo de rotação, descreverá uma circunferência de raio r. Se ds representa um arco
infinitesimal desta circunferência, ao qual corresponde o ângulo dq, descrito durante o tempo dt, a
velocidade instantânea do ponto A será igual a:
ds
v= [1.47]
dt
Porém, ds está relacionado com o ângulo dq, quando este é medido em radianos, através da
seguinte relação:
ds = r.dq [1.48]
Substituindo [1.50] em [1.49], teremos:
46
dq
v=r = rw [1.49]
dt
dq
sendo w = a velocidade angular em rad/s do corpo em torno de OY, medida em rad/s.
dt

Se w for constante ao longo do tempo, todos os pontos situados a uma mesma distância do
eixo de rotação OY possuem a mesma velocidade instantânea v. Se w for variável com o tempo, isto
é, se o corpo está em movimento não uniforme, os pontos situados a uma distância r terão uma
aceleração instantânea definida por:
dv dw
at = =r [1.50]
dt dt

Consideremos uma massa elementar infinitesimal dm ao redor do ponto A. A força elementar


que vai atuar sobre ela será:
dw
dF = at dm = r dm [1.51]
dt
Esta força elementar, aplicada sobre dm aumentará a sua velocidade de dw. O produto desta
força pela distância ao eixo de rotação OY, representa o conjugado de aceleração elementar, isto é:

dw
d (C - C r ) = r.dF = r 2 dm [1.52]
dt
Integrando a equação acima teremos:
dw dw 2
C - Cr = Ca = ò r 2 dm = ò r dm [1.53]
dt dt

A expressão ò r 2 dm é chamada de MOMENTO DE INÉRCIA do corpo de massa m e é


representado pela letra J, ou seja:
J = ò r 2 dm [1.54]

O resultado da integração da equação [1.56] vai nos conduzir a um resultado como o que se
segue:
J = m.R 2 [1.55]

onde R representa o raio de giração do corpo de massa m em relação ao eixo de rotação OX.

Como exemplo, vamos calcular o raio ou o diâmetro de giração de um cilindro maciço em


relação ao eixo de giração que passa pelo seu centro. A mesma sistemática poderá ser aplicada a
outros volumes conhecidos.
Consideremos no cilindro maciço uma coroa circular elementar de espessura dr, situada a uma
distância r do eixo de rotação, conforme mostra a figura 1.24. Sendo dm a massa elementar desta
coroa, r a sua massa específica e dV o seu volume elementar, podemos escrever:

dm = r .dV [1.56]
dV = p (r + dr ) .h - pr 2 .h = 2prh.dr
2
[1.57]

Substituindo [1.59] em [1.58] teremos:

dm = r (2prh.dr) [1.58]

Substituindo [1.58] em [1.54], teremos:


47

d /2
æ d4 ö
d /2
J = ò r .2phr dr = 2phr ò r dr = 2phr çç
3 3
÷÷ [1.59]
0 0 è 16.4 ø
A massa m total do cilindro será:
æd2 ö
m = p çç ÷÷hr [1.60]
è 4 ø
Levando os valores de J e m obtidos nas expressões acima na equação [1.61] teremos:

J d 2 (2r )
2 2
r2 æDö d2 d2
R2 = = = = ou ç ÷ = \ D2 = [1.61]
m 8 8 2 è2ø 8 2

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APÊNDICE B

DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA NOMINAL DE UM MOTOR ELÉTRICO


PARA ACIONAR UMA CORREIA TRANSPORTADORA7

A grande maioria das correias transportadoras opera numa posição inclinada, isto é, além de
transportar o material elas precisam de eleva-lo a uma determinada altura. A potência requerida para
realizar a operação de transporte é calculada em 3 parcelas, a saber:

P1 = potência requerida para transportar o material sobre a correia no plano horizontal.


P2 = potência requerida para elevar o material a uma altura H.
P3 = potência requerida para acionar a correia a vazio. É a parcela da potência que alimenta
as perdas por atrito.
A potência total requerida pela correia transportadora será a soma das 3 parcelas:

P r = P1 + P2 + P3

A seguir, serão apresentadas tabelas que permitem calcular as parcelas acima mencionadas.
A tabela P1 fornece a potência K1 necessária para transportar 100 t/h de material no plano
horizontal.
TABELA P1

Comp. [m] 10 15 20 25 30 40 50 60 70 80 90 100


K1 [kW] 0,46 0,50 0,54 0,58 0,63 0,71 0,79 0,88 0,95 1,04 1,12 1,20

A potência P1, em kW, requerida para transportar na horizontal uma carga Q diferente de 100
t/h será dada por:
Q
P1 = K1
100

A tabela P2 fornece a potência K2 necessária para elevar uma carga de 100 t/h de material a
uma altura H.

7
Transcrito do catálogo da WEG, Especificação de Motores Elétricos.
48
TABELA P2

H [m] 02 03 05 7,5 10 12,5 15 17,5 20 22,5 25 27,5 30


K2 [kW] 0,66 0,90 1,42 2,09 2,76 3.51 4,18 4,85 5,52 6,27 6,94 7,61 8,29

A potência P2, em kW, necessária para elevar uma carga Q diferente de 100 t/h é dada por:

Q
P2 = K2
100

A tabela P3 fornece a potência K3 necessária para acionar uma correia transportadora a vazio
à velocidade de 100 m/min.
TABELA P3

Largura K3 - Potência requerida pela correia, a vazio, a 100 m/min [kW]


da L – Comprimento da correia transportadora [m]
Correia
[cm] 10 15 20 25 30 40 50 60 70 80 90 100

40 0,61 0,66 0,71 0,76 0,82 0,93 1,04 1,15 1,26 1,38 1,48 1,59
50 0,79 0,86 0,94 1,02 1,08 1,23 1,38 1,51 1,66 1,80 1,96 2,10
60 0,96 1,05 1,13 1,22 1,31 1,38 1,66 1,83 2,02 2,19 2,36 2,53
75 1,35 1,46 1,61 1,71 1,80 2,08 2,32 2,57 3,81 3,06 3,30 3,55
90 1,58 1,72 1,88 2,03 2,17 2,38 2,75 3,04 3,32 3,62 3,92 4,20
100 1,92 2,09 2,27 2,44 2,61 2,97 3,30 3,66 4,02 4,36 4,72 5,06

A potência P3 requerida para acionar a correia transportadora, a vazio, em kW, a uma


velocidade Vc diferente de 100 m/min será dada por:

Vc
P3 = K3
100

A potência do motor necessária para acionar a correia será, portanto, igual a:

Pr P1 + P2 + P3
P= =
h h

sendo h o rendimento do acoplamento do motor com o eixo acionador da correia.

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APÊNDICE C

NORMAS BRASILEIRAS REGISTRADAS (NBR)


UTILIZADAS EM PROBLEMAS DE ACIONAMENTO
49
A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, tem editado várias normas que dizem
respeito à fabricação e aplicação das máquinas girantes em geral. Vamos relacionar estas normas
porque elas são de muita utilidade para o engenheiro que lida com a especificação e aplicação das
máquinas elétricas girantes, em especial dos motores.

a) NBR-5031/1977 - Máquinas elétricas girantes: classificação das formas construtivas e


montagens.
b) NBR-5110/1977 - Máquinas elétricas girantes: classificação dos métodos de resfriamento.
c) NBR-5117/1984 - Máquinas síncronas: Especificação.
d) NBR-5363/1977 - Invólucros à prova de explosão para equipamentos elétricos.
e) NBR-5383/1982 - Máquinas elétricas girantes: determinação das características das máquinas
de indução; Métodos de ensaio.
f) NBR-5418/1977 - Instalações elétricas em ambientes com líquidos, gases ou vapores
inflamáveis.
g) NBR-5432/1983 - Máquinas elétricas girantes: dimensões e potências nominais.
h) NBR-5453/1972 - Sinais e símbolos literais para eletricidade.
i) NBR-5457/1980 - Terminologia para máquinas elétricas girantes.
j) NBR-7034/1981 - Classificação térmica dos materiais isolantes elétricos.
k) NBR-7094/1996 - Máquinas elétricas girantes: especificação de motores de indução.
l) NBR-7565/1982 - Máquinas elétricas girantes: limites de ruído.
m) NBR-7844/1983 - Identificação dos terminais e terminações de equipamentos elétricos.
n) NBR-9383/1987 - Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas.
o) NBR-9884/1987 - Máquinas elétricas girantes: graus de proteção dados pelos invólucros.
p) NBR-10350/1987 - Motor de indução de gaiola para uso naval
q) NBR-11723/1987 - Máquinas elétricas girantes: motores assíncronos trifásicos de anéis para
regime intermitente.

Referências Bibliográficas
1 EPE Nota Técnica DEA 14/10 - Avaliação da eficiência energética na indústria e
nas residências no horizonte decenal (2010-2019); Rio de Janeiro, Julho 2010

2 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2011 | Sumário - EPE

3 Relatório da Pesquisa de Posse de Equipamentos Elétricos e Hábitos de Uso –


Ano Base 2005 - Classe Industrial – Alta Tensão. Relatório Brasil. PROCEL
ELETROBRÁS, Março 2008.

4 Relatório da Pesquisa de Posse de Equipamentos Elétricos e Hábitos de Uso –


Ano Base 2005 - Classe Comercial – Alta Tensão. Relatório Brasil. PROCEL
ELETROBRÁS, Agosto 2008.

5 CNI – PROCEL/ELETROBRÁS Eficiência Energética na Industria: o que foi feito


no Brasil, oportunidades de redução de custos e experiência internacional. CNI-PROCEL
Agosto 2009.

Fevereiro de 2022
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