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CONTROLE DE QUALIDADE DA FOLHA DA GRAVIOLA Annona muricata L.

COMERCIALIZADA NO VER –
O – PESO, BELÉM, PA

Sheyla Silvana Gouveia Alcântara


Orcid:
ESAMAZ- Escola Superior Da Amazônia, Brasil
E-mail: Sheylagsalcantara42@gmail.com

Andreza Das Mercês Monteiro


Orcid:
ESAMAZ- Escola Superior Da Amazônia, Brasil
E-mail: andrezamonteiro.33@gmail.com

Jacqueline Figueiredo Da Silva


Orcid:
ESAMAZ- Escola Superior Da Amazônia, Brasil
E-mail: jacquelinesilva1980@hotmail.com

Kleber Ulisses Xavier


Orcid:
ESAMAZ- Escola Superior Da Amazônia, Brasil
E-mail: xavkleber@gmail.com

RESUMO

A gravioleira (Annona muricata L.), é uma árvore originária das regiões tropicais da América, que produz o fruto
graviola. Esta planta é popular por suas extraordinárias propriedades medicinais. A folha da graviola contém várias
propriedades capazes de combater problemas respiratórios, nervosos, circulatórios e infecções. Ela também é uma grande
aliada para combater os tumores gerais e câncer. O objetivo deste trabalho é analisar a qualidade da folha da graviola
comercializadas no ver-o- peso em Belém, PA, a metodologia utilizada foi baseada na Farmacópeia Brasileira (2019), foi
realizado o teste fitoquímico, com o qual foi possível verificar que existe a presença de alguns metabólitos secundários como
os taninos, alcalóides, saponinas e proteínas e aminoácidos. O resultado obtido é possível dizer que a folha da Annona
muricata L., há presença dos metabólitos secundários encontrados auxiliam no tratamento de algumas enfermidades. Conclui-
se através da análise, que as folhas da graviola possuem diversos compostos com atividades farmacológicas e que as folhas
coletadas no ver-o-peso estavam no padrão de qualidade.

PALAVRAS-CHAVE: Annona muricata; fitoquimico; metabólicos secundários.

1.INTRODUÇÃO

A utilização da Annona muricata L. na medicina tradicional, cada vez mais está relacionado ao uso de suas folhas, na
forma de chá para tratamento de doenças como: ação hipotensiva, antiespasmódica, vasodilatadora, relaxante do músculo
estomacal e atividade citotóxica contra células cancerígenas a partir dos extratos das folhas e troncos devidos os seus
compostos bioativos e fotoquímicos. A graviola (Annona muricata L.) é uma fruta tropical originária da América tropical,
principalmente das Antilhas e da América Central, e muito cultivada nos países de clima tropical, inclusive no Brasil, pertence
à família Anonaceae, da qual fazem parte cerca de 75 gêneros e mais de 600 espécies fotoquímicos, todavia, somente os
gêneros Annona, Rollinia, Uvaria e Asimina produzem frutos comestíveis, embora os dois primeiros tenham maior 12
importância comercial, em virtude da qualidade de seus frutos fotoquímicos. O gênero Annona possui cerca de 60 espécies, e o
gênero Rollinia, por volta de 20 espécies. As Annonas se caracterizam por produzirem frutos compostos ou sincarpos
(carpelos) fecundados conjuntamente, sendo a graviola (Annona muricata L.) uma das frutas mais importantes desse gênero
fotoquímico. A graviola (A. muricata L.), por sua vez, pertence ao grupo denominado Guanabani, ao qual também pertencem o
araticum das montanhas (A. montana Macfad), e o araticum do brejo (A. glabra L.) (PINTO e SILVA, 1995).
Todas as partes da árvore de Graviola são usadas em medicamentos naturais nos trópicos: casca, folhas, raízes, frutos
e sementes em que são atribuídas diferentes propriedades e usos às diversas partes da árvore, geralmente se utiliza a fruta e o
suco para vermes, parasitas e febres; para aumentar o leite no período de lactação, e como um adstringente para diarreia e
disenteria. As sementes esmagadas são usadas como vermífugo contra parasitas internos, externos e vermes. A casca, as folhas
e a polpa são consideradas sedativas, antiespasmódicas, hipotensivas e relaxantes fotoquímicos utiliza-se também um chá que é
utilizado para tratar várias desordens orgânicas. Os índios ocidentais usam as folhas por suas propriedades sedativas ou
sudoríferas e os brotos jovens ou folhas são considerados remédio para problemas hepáticos, tosse, catarro, diarreia, disenteria
e indigestão. No Equador, as folhas são utilizadas como analgésico e antiespasmódico. é utilizada em erupções de pele
(SANTIAGO, 2000).
Conforme Santiago (2000), a graviola possui os As folhas frescas trituradas são usadas em forma de cataplasma para
aliviar reumatismo, eczemas e outras afecções de pele. A seiva das folhas novas seguintes componentes fito-químicos:
Acetaldeído, Amyl-caproato, Amyloid, Annonain, Anomuricina, Anomuricinina, Anomurina, Anonol, Atherosperminine,
Beta-sitosterol, Campesterol, Cellobiose, Ácido Cítrico, Citrullina, Coclaurina, Coreximina, Dextrose, Ethanol, Folacin,
Frutose, Gaba, Galactomannan, Glicose de Geranaproate, HCN, Ácido Isocitrico, Ácido Lignocerico, Ácido Málico,
Manganês, Mericyl-álcool, Metanol, Metil-hex-2-enoate, Metil-hexanoate, Muricine, Muricinine, Muricapentocin,
Muricoreacin, Ácido Myristic, Ácido P-coumaric, Parafina, Cloreto de Potássio, Proantocianidina, Reticulina, Scyllitol, Ácido
Estearico, Stepharine, Stigmasterol, Sacarose, Tanino, Xylosyl-celulose.
Pesquisas indicam que a graviola possui um novo grupo de fotoquímicos denominados acetogeninas anonáceas. As
acetogeninas anonáceas atuam através da depleção dos níveis de ATP ao inibir o complexo I na cadeia de transporte de
elétrons nas mitocôndrias, e inibindo a NADH oxidase do plasma de membranas principalmente de células tumorais (ALALI
et al., 1999 apud FREITAS, 2007) uma vez que essas células possuem uma alta demanda de ATP (ZAFRA-POLO et al., 1996
apud FREITAS, 2007). Desta forma, este trabalho teve como objetivo analisar a qualidade da folha da graviola
comercializadas no ver-o- peso em Belém, PA.

2. METODOLOGIA

Obtenção da amostra e análise

As analises foram realizadas no Laboratório de Farmacognosia da Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ). As


folhas da graviola secas foram obtidas na feira do Ver-o-Peso localizado na cidade de Belém do Pará, para análise de avaliação
da qualidade do material vegetal.
Características Organolépticas

As folhas da Annona muricata L. foram analisadas à cor, odor e aspecto, a partir dos parâmetros descritos pela
Farmacopeia Brasileira (2019). Para melhor visualização das características, as amostras foram transferidas para folhas de
papel manteiga, e observadas sob luz natural.

Determinação de água

Para a determinação do teor de água utilizou-se o método gravimétrico descrito na Farmacopeia Brasileira (2019). As
análises foram realizadas em triplicata para todas as amostras e os resultados expressos em porcentagem.

Análise do material Estranho

Segundo a Farmacopeia Brasileira (2019), as drogas vegetais apresentam, frequentemente, certas impurezas que
podem representar órgãos da própria planta diferente da parte usada; fragmentos de outras plantas; materiais de outra origem,
como areia ou terra e desde que esses elementos não caracterizem falsificação ou adulteração do material, são considerados
como material estranho. Para procedimento da análise de material estranho foi utilizado os matérias: papel manteiga, pinça
metálica, lupa com aumento de 5-10x, e balança analítica calibrada (marca QUIMIS-AG200). Pesamos a amostra e logo em
seguida espalhamos sobre o papel, com auxílio da pinça, separamos todo o material estranho a olho nu, com o auxílio da lupa
para termos certeza que era um material estranho a ser coletado.

Figura 1: Analise de Material estranho da folha da Graviola

Fonte: autores (2022)

Umidade

O teor de umidade foi determinado pelo método gravimétrico descrito na Farmacopeia Brasileira (2019), baseando-se
na perda de peso do material submetido ao aquecimento em estufa à 105ºC (durante 12 horas) até peso constante, as folhas
secas foram pulverizadas e distribuídas em quatro repetições com 2,0g de cada. O material foi colocado em cadinhos de
porcelana e levados a estufa à 105ºC até peso constante (Farmacopeia Brasileira, 2019). Em todos os procedimentos as
pesagens necessárias foram realizadas em balança analítica.
Análise Fitoquímica

Os extratos foram filtrados através de papel de filtro e ensaiados para a pesquisa de metabólitos secundários por testes
analíticos qualitativos, tais como: flavonóides, esteróides e triterpenóides, alcalóides, saponinas, taninos, e glicosídeos
cardioativos (MATOS, MATOS, 1989).
Para esta análise fotoquímica, foram realizados a pesquisa nos seguintes metabólicos:
 Os Taninos redissolveram-se 2ml de extrato em 4 mL de água destilada em um tubo de ensaio. Em seguida,
foi adicionado 3 gotas de cloreto férrico 1% com o auxílio de um conta gotas. Mudança de coloração para
azul indica reação positiva para taninos hidrolisáveis.
 Flavonóides foi redissolvido 2 ml de extrato em 1 mL de água destilada, em seguida 2 mL de metanol e
filtrado com papel filtro em um tubo de ensaio. Adicionou-se: 5 gotas de ácido clorídrico concentrado com
conta gotas; - 1 cm de fita de magnésio O surgimento de uma coloração rósea na solução indica reação
positiva para essa classe de polifenol.
 Catequinas foi redissolvido 2 ml de extrato em 1 mL de água destilada, em seguida 3 mL de metanol e
filtrado para um tubo de ensaio. Adicionou-se 1 mL de solução aquosa de vanilina 1% e 1 mL de ácido
clorídrico concentrado com o auxílio de pipeta graduada. O surgimento de uma coloração vermelha intensa
indica reação positiva para esse polifenol com forte ação antioxidante.
 Saponina Espumídica redissolveu-se 2 ml de extrato em 1 mL de etanol 80°GL e diluído até 10 mL com
água destilada. Posteriormente, foi agitado vigorosamente durante alguns minutos num tubo de ensaio
fechado. Se a camada de espuma permanece estável por mais de meia hora, o resultado é considerado
positivo tendo, então, propriedades detergentes e surfactantes.
 Proteínas e Aminoácidos, foi redissolvido 2 ml de extrato em 1 mL de água destilada, em seguida 3 gotas α-
naftol e 3ml de ácido sulfúrico. Agitou-se e adicionou três gotas de cloreto férrico (FeCl3) 1% com um conta
gotas. O desenvolvimento de coloração azul em um anel violáceo indica presença de grupamentos amino,
revelando a existência de aminoácidos, peptídeos ou proteínas na amostra.
 Alcalóides foi redissolvido 2 ml de extrato em 4 mL de ácido clorídrico a 5% e, então, filtrado. Separou-se
porções de 1 mL em tubos de ensaio, e adicionado 5 gotas do reagente Dragendorff. No caso de precipitação
a reação é positiva se ficar na cor vermelho-tijolo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Resultado das Características Organolépticas identificadas nas folhas da Annona muricata L. são classificadas como
oblongo-elípticas a ovaladas (ou seja, com um formato semelhante a um ovo), cartáceas (ou seja, com uma textura semelhante
ao papel, assim como ocorre com a maiorias das folhas), descolores (ou seja, com coloração diferente entre um lado e outro) e
largas. A cor das folhas são verdes brilhantes quando vão ficando secas ficam na cor verde musgo, e tem o odor amadeirado
meio amargo. Essas folhas mediam entre 8 a 15 cm centímetros de comprimento. Possuem aspecto liso.
De acordo com a Farmacopeia Brasileira (2019), o limite máximo é de 2% para presença de material estranho em
amostras de drogas vegetais. Desta forma, as amostras estão dentro do limite determinado pela Farmacopeia Brasileira, não
sendo identificado material estranho. Assim como, o resultado obtido o teor de umidade foi de 7,1%, apresentou-se dentro do
parâmetro descrito pela Farmacopeia, o qual é de no máximo 11,00%.
De acordo com Luz (2005), nos últimos anos a procura por medicamentos fitoterápicos vem crescendo, aliada ao
consumo de alimentos orgânicos e à perspectiva de uma vida mais próxima à natureza. Dessa forma, grandes empresas
farmacêuticas têm investido na pesquisa de plantas que produzam princípios ativos medicamentosos, cultivando-as de modo
sustentável, sem comprometimento do meio ambiente (RIBEIRO, 2001).
O estudo fotoquímico demonstrou que as folhas da graviola diversos compostos com atividades farmacológicas:
taninos, saponinas, e alcalóides, proteínas e aminoácidos. Para os outros metabólicos secundários Flavonoides e catequinas
deram negativo. Os resultados dessa pesquisa são semelhantes aos resultados obtidos na pesquisa do artigo publicado no
Congresso de química dos autores Alves et. al (2010) que trata sobre Atividade Fitoquímica e Antioxidante da folha Annona
Muricata L. frente ao radical ABTS, onde demostra que nossos resultados provam que a graviola possui diversos compostos
que podem ser utilizados em pesquisas para confecção de diversos medicamentos para tratamento de enfermidades.
Contudo pode-se dizer de acordo com os resultados em geral que as folhas da graviola, coletadas na feira do ver-o-
peso estavam livres de material estranho o que comprova a qualidade da folha para fins medicinais, pois qualidade da matéria-
prima vegetal pode ser considerada uma primeira etapa para garantir a qualidade do produto final.

4. CONCLUSÃO

As plantas medicinais são usadas há muito tempo por nossos antepassados e são conhecidas por terem um papel
importante na cura e tratamento de algumas doenças. Ao utilizar a planta medicinal de maneira industrial para obtenção de um
medicamento, surge um fitoterápico. Os estudos acerca da folha da graviola ainda são poucos na literatura, mas sabe-se que é
muito utilizada para tratamento para algumas enfermidades. As substâncias encontradas nas folhas da graviola que permitem a
cura ou tratamento de doenças normalmente estão relacionadas com a defesa da planta. Essas substâncias, quando possuem
ação farmacológica, dão a esta folha a classificação de medicinal. As plantas medicinais tornaram-se importantes mecanismos
na prevenção e recuperação da saúde em nosso país, não só pela cultura medicinal, mas também em função do pouco acesso
aos serviços de saúde e aos medicamentos.

REFERENCIAS

ALVES, Isnara Correia. FREITAS, Tatiana Maria Barreto de. LUNA, Amanda Furtado. LUZ, Emmanuel Wassermann
Moraes e. PINTO, Clidia Eduarda Moreira. Atividade Fitoquímica e Antioxidante da folha Annona Muricata L. frente ao
radical ABTS. V Congresso de pesquisa e inovação da rede norte e nordeste de educação tecnológica. Teresina-PI,
2010. Disponível em: < http://congressos.ifal.edu.br/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/1003/741>. Acesso
em: 24 de maio 2022.

CARDOSO, Caroly Mendonça Zanella. Manual de controle de qualidade de matéria prima vegetal para farmácia magistral.
1.ed. -São Paulo: Pharmabooks, 2009.

FARMACOPÉIA Brasileira. 6. ed. São Paulo: Atheneu, 2019.

SANTIAGO, Fernando. Graviola. 2000. Disponível em:< https://www.fernandosantiago.com.br/gravioca.htm>. Acesso em: 01


de maio de 2022.

FREITAS, Renata Dédalo Ribeirão de. Estudo da ação de extratos de graviola (Annona Muricata) sobre o estresse oxidativo
em células sadias e linhagens tumorais. 15° Congresso de Iniciação Científica- UNIMEP, 2007, Piracicaba-SP. Disponível em:
<130.pdf (unimep.br)>. Acesso em: 01 de maio 20022.

GIL, Antônio Carlos. Como delinear uma pesquisa bibliográfica. 4ª ed. São Paulo: Atlas; 2002.

LUZ, M.T Cultura contemporânea e medicinas alternativas: novos paradigmas em saúde no fim do século XX. Physis, 15:
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de 2022.
MATOS, J. M. D. MATOS, M.E.O. Farmacognosia: curso teórico-prático. Fortaleza: UFC, 1989.

PINTO, A. C. de Q. SILVA, E. M. da. A cultura da graviola. Brasília, DF: EMBRAPA-SPI; Embrapa-CPAC, 1995.
Disponível em:< http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/114141>. Acesso em 01 de maio de 2022.

RIBEIRO, M.A.R. Public health and chemical-pharmaceutical companies. História, ciências, saúde—Manguinhos, 7: 607-626,
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VERTUAN, Milena Panício; SANTIAGO, Bruna Barbarote; BIDO, Graciene de Souza; FELIPE, Daniele Fernanda. ESTUDO
DO POTENCIAL TERAPÊUTICO DA GRAVIOLA CONTRA O CÂNCER. In: XI EPCC - Encontro Internacional de
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