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2º Módulo - Marco Civil Da Internet
2º Módulo - Marco Civil Da Internet
Após dois anos de existência, o Marco Civil da Internet apresentava três lacunas
que precisavam ser preenchidas por um decreto: exceções para a regra de
neutralidade de rede; proteção aos registros e dados pessoais; definição de
competência para fiscalização das regras definidas pela regulamentação.
A disputa para tratar desses pontos foi intensa. A consulta pública feita pelo
Ministério da Justiça ao longo de 2015 contou com mais de 2.500 contribuições e
70.000 acessos de cidadãos, empresários, ativistas e acadêmicos.
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Na prática, a regra tira poderes da Anatel e reforça o caráter excepcional da
discriminação de tráfego a partir dos critérios técnicos do CGI.br, voltados à
“estabilidade, segurança e funcionalidade” da rede. Em outras palavras, o decreto
reforça os poderes normativos do CGI.br, um órgão técnico e com participação
multissetorial. O texto também inova em outro ponto importante: as práticas de
gerenciamento devem ser descritas e explicadas (motivos e necessidades) nos sítios
eletrônicos das provedoras de conexão (art. 7º, parágrafo único), garantindo mais
transparência a tais práticas.
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A terceira mudança significativa diz respeito aos padrões de segurança e
proteção de dados pessoais. O decreto define que “cabe ao CGI.br promover estudos e
recomendar procedimentos, normas e padrões técnicos e operacionais” para guarda,
armazenamento e tratamento de dados pessoais e comunicações privadas (art. 13).
Cabe ressaltar que o CGI não substitui a Autoridade de Proteção de Dados Pessoais e
que o Congresso Nacional tem o poder de definir uma lei específica sobre direitos dos
usuários e obrigações das empresas que coletam e tratam dados.
Esse novo texto cria equidade entre Anatel, Senacon e Cade. Os três órgãos
deverão coordenar suas competências e sempre “atuar de forma colaborativa”,
considerando as “diretrizes do CGI.br”.
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Sem dúvidas, a má reputação da Anatel diante da polêmica sobre as franquias
de dados na internet fixa ajudou nesse processo. O governo ganhou força para
diminuir o poder da agência e respeitar o Marco Civil da Internet, garantindo
“mecanismos de governança multiparticipativa” (art. 24, Lei 12.965/2014).
Essa polêmica será resolvida nas disputas interpretativas, nos discursos dos
juristas e nas decisões judiciais. Até lá, o Marco Civil da Internet ainda será objeto de
muita discussão.
Fonte:https://idec.org.br/em-acao/artigo/o-que-mudou-na-regulamentaco-do-marco-civil da-
internet?gclid=Cj0KCQjwv DaBRCcARIsAI9sba_XERGwbKUZ1p-MAvBYnS5OMKkpdcOX2pNK-
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