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CADERNO – DIREITO DIGITAL

ANOTAÇÕES DE AULA 09/03/2018 (SEMANA 2)


Comandos da última aula (TRACEROUTE, WHOIS, PING) > Calculam a rota do
dado. Basicamente, demonstram os princípios do design de rede (vide texto base da
aula);
Disciplina dentro do Direito Econômico, quer estabelecer como regular a internet;
1. Neutralidade da rede
Definição: Considera-se que o conceito de neutralidade de rede implica que os indivíduos,
empresas e governos responsáveis pelo gerenciamento de redes de telecomunicações não
discriminem injustificadamente o tráfego de dados que nelas transita. Vale dizer:
neutralidade significa manter as regras de tráfego estabelecidas pelos padrões que
regem a própria Internet como um todo, evitando assim que operadores de trechos da
rede possam ditar suas próprias regras extravagantes (LEMOS, 2016)

 A Carta de Direitos Humanos e Princípios para a Internet, idealizada pela


Internet Rights & Principles Coalition – IRPC, identifica que um dos princípios que
deve guiar o direito de acesso à Internet é o da neutralidade e igualdade de
rede. Segundo a IRPC, a internet é “um bem comum global”, cujo formato deve ser
protegido e promovido como um veículo livre, aberto, igualitário e não discriminatório
de trocas de informação.
 Ainda segundo a Carta, não devem existir privilégios ou obstáculos para o acesso a
qualquer conteúdo por razões econômicas, sociais, culturais ou políticas, permitida a
discriminação positiva para promover a equidade e diversidade da rede.
 Importante notar que nem mesmo no surgimento da ideia de neutralidade de rede,
atribuída ao americano Tim Wu, essa noção era baseada em ideais formais de
igualdade de tráfego. O seu objetivo, segundo Wu é “preservar uma competição
Darwiniana entre todas as formas concebíveis de uso da internet a fim de que
apenas as melhores sobrevivam”

1.1. Regulação x Regulamentação


A)Regular: Atividade estatal de intervenção indireta (fiscalização, emissão
de certificados na ANATEL – entre outros, etc) sobre a conduta dos sujeitos
públicos e privados, de modo permanente e sistemático, para implementar
políticas do governo e realização de direitos fundamentais;
ESTADO INTERVEM NO MERCADO (SUJEITO PUBLICO OU PRIVADO)

B)Regulamentar: É o ato da Administração pública relacionado ao exercício


do poder normativo.
Art. 84, IV, CRFB/88:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: I


V - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;

 A regulação (mais que regulamentar: Emitir decretos e outras atividades),


embora envolva uma parcela de atividade normativa, engloba outras
funções, tais como assegurar a aplicação de regras e impor sanções.
o Formas do estado intervir: Aplicação de atividades coercitivas,
adjudicatórias, coordenação, organização, fiscalização,
conciliação, funções de subsidiar e recomendar adoção de
medidas de ordem geral.
 Geralmente ocorre pela a atividade de autarquias (ANATEL,
INTEL, etc). Nem em todas as atividades econômicas
existirá uma regulamentação> Somente as mais diretas)
o Envolvida com as atividades econômicas

1.2. Marco Civil (Lei 12.965/2014)


 Projeto inicial era completamente diferente do que foi aprovado.
 Acontecimentos que influenciaram na liberação dessa lei (Espionagem
internacional entre os governos, Grupos agindo na internet durante as
manifestações de 2013, Lei Carolina Dieckmann, etc)
o Art 1º: Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres
para o uso da Internet no Brasil
o Art 2º (Fundamentos)
 A rede tem uma finalidade social tal como a propriedade,
não é um simples objeto da livre iniciativa do mercado.
 Marco civil traz uma segurança jurídica para o
funcionamento da internet;
o Art 3º (Princípios)
 Inciso IV: Neutralidade (IV - preservação e garantia da
neutralidade de rede;): A rede tem de funcionar de modo
que não privilegie ninguém de forma injusta
o Art 5º: Serve como um “glossário” dos termos utilizados na lei.
Abarca a nomenclatura dos diversos elementos pertinentes à
internet e os seus sistemas de funcionamento

o Art 9º: Dispõe sobre a neutralidade de rede


Art. 9o O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de
tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por
conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação.
§ 1o A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada nos termos das
atribuições privativas do Presidente da República previstas no inciso IV do art. 84 da
Constituição Federal, para a fiel execução desta Lei, ouvidos o Comitê Gestor da
Internet e a Agência Nacional de Telecomunicações, e somente poderá decorrer de:
I - requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e
aplicações; e
II - priorização de serviços de emergência.
§ 2o Na hipótese de discriminação ou degradação do tráfego prevista no § 1o, o
responsável mencionado no caput deve:
I - abster-se de causar dano aos usuários, na forma do art. 927 da Lei no 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil;
II - agir com proporcionalidade, transparência e isonomia;
III - informar previamente de modo transparente, claro e suficientemente
descritivo aos seus usuários sobre as práticas de gerenciamento e mitigação de
tráfego adotadas, inclusive as relacionadas à segurança da rede; e
IV - oferecer serviços em condições comerciais não discriminatórias e abster-
se de praticar condutas anticoncorrenciais.
§ 3o Na provisão de conexão à internet, onerosa ou gratuita, bem como na
transmissão, comutação ou roteamento, é vedado bloquear, monitorar, filtrar ou
analisar o conteúdo dos pacotes de dados, respeitado o disposto neste artigo.

 Decreto nº. 8.771/2016


Art. 1o Este Decreto trata das hipóteses admitidas de discriminação de pacotes
de dados na internet e de degradação de tráfego, indica procedimentos para
guarda e proteção de dados por provedores de conexão e de aplicações, aponta
medidas de transparência na requisição de dados cadastrais pela
administração pública e estabelece parâmetros para fiscalização e apuração de
infrações contidas na Lei no 12.965, de 23 de abril de 2014.
[...]
Art. 4o A discriminação ou a degradação de tráfego são medidas excepcionais,
na medida em que somente poderão decorrer de requisitos técnicos
indispensáveis à prestação adequada de serviços e aplicações ou da
priorização de serviços de emergência, sendo necessário o cumprimento de
todos os requisitos dispostos no art. 9º, § 2º, da Lei nº 12.965, de 2014. (Esse
dispositivo corrobora o que dispõe o art. 9º, §2º, Lei 12.965/2014)
[...]

o Art 17: Atribuições da Anatel (Agência Nacional de


Telecomunicações)

Art. 17. A Anatel atuará na regulação, na fiscalização e na apuração de infrações,


nos termos da Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997.

o Art 18: Atribuições da Secretaria Nacional do Consumidor

Art. 18. A Secretaria Nacional do Consumidor atuará na fiscalização e na apuração


de infrações, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990.

o Art 19 : Atribuições do CADE (Conselho Administrativo de


Defesa Econômica)
Art. 19. A apuração de infrações à ordem econômica ficará a cargo do Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência, nos termos da Lei no 12.529, de 30 de
novembro de 2011.

1.3. Ordem Econômica


o Art 170, CRFB/88: A ordem econômica está prevista como
elemento sob tutela do Estado, existindo princípios que devam ser
respeitados nessa relação (Foco do direito econômico: principal
nos princípios de livre concorrência e defesa do consumidor)
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade
econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
previstos em lei.

o Art 174, CRFB/88: Estado age de forma regulatória dessas


atividades econômicas (todos os casos estudados na disciplinas
vão envolver o papel do Estado regular ou não aquelas atividades)
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento,
sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento
nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e
regionais de desenvolvimento.
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas,
levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos
garimpeiros.
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na
autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais
garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o
art. 21, XXV, na forma da lei.

 CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica):


Principal autarquia que regula no Direito Econômico no Brasil
o Lei 12.529/2011
 Art. 1º CADE pertence ao SBDC> CADE fiscaliza a livre
concorrência no mercado
Art. 1o Esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência -
SBDC e dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem
econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre
concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao
abuso do poder econômico.
Parágrafo único. A coletividade é a titular dos bens jurídicos protegidos por esta Lei.

 Art 3º SBDC (Sistema Brasileiro de Defesa da


Concorrência)
Art. 3o O SBDC é formado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica -
CADE e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da
Fazenda, com as atribuições previstas nesta Lei.

 Art 4º CADE e seus órgãos constituintes

Art. 4o O Cade é entidade judicante com jurisdição em todo o território nacional,


que se constitui em autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede
e foro no Distrito Federal, e competências previstas nesta Lei.

Art. 5o O Cade é constituído pelos seguintes órgãos:


I - Tribunal Administrativo de Defesa Econômica;
II - Superintendência-Geral; e
III - Departamento de Estudos Econômicos.

 Art 36, §3º: Dispõe sobre as infrações da ordem econômica

1.4. ESTUDOS DE CASO


A internet foi criada, funciona de uma maneira que existem pessoas que queiram
deturpar tal sistema
Pela rede de transmissão (Conjunto de roteadores/provedores/etc) um
computador (IP XXXX) consegue acessar um outro computador (IP XXXX)
Todo roteador/provedor tem o seu IP próprio, pois para transmitir dados é
necessário ser reconhecido na própria rede)
IP no brasil é chamado de IPv4: para cada IP existem 4 bytes > Já existe um
esforço para transformar a rede para IPv6 (Contudo não é reconhecido na
rede de IPv4)
As redes foram crescendo e os problemas foram acontecendo: Ex: Censura
(Provedora impediu o acesso a determinados IP’s > Pode infringir alguns
direitos de comunicação, de liberdade (Ex: China bloqueia determinados IPs
para não receber os dados em determinados sites). O mesmo ocorre quando um
juiz sentencia o bloqueio de um determinado conteúdo na internet.
Tendo essa capacidade técnica de comunicação, as Provedoras têm o direito de
se autorregularem? Não! O Marco Civil da Internet surge para evitar situações
em que o próprio mercado se regule.

 BRASIL: ZERO-RATING (Por mais que seja uma pratica para beneficiar
uma determinada rede, não degrada o tráfego dos demais serviços )
CADE entendeu que nesse caso não fere a neutralidade. Mesma
discussão ocorreu na Europa, EUA, Ásia, etc.
O zero rating é uma estratégia comercial através da qual o provedor de
conexão garante a seus consumidores que o volume de dados
associados a certas aplicações patrocinadas não seja descontado da
franquia contratada. Nessa

 EUA:
o MADISON RIVER (Provedor de Internet que vendia o seu serviço
para várias pessoas) Em 2004/2005 surge uma nova tecnologia
VoIP (Voz sobre IP): Comunicação de voz foi substituído pela
telefonia e passou a ser usada a internet sem pagar mais nada
(Comunicação em tempo real). Tal tecnologia sobrecarrega o
sistema como um todo. Por conta desse sobrecarregamento o
Madison River bloqueou os dados de VoIP, visto que a garantia de
dados de outros muitos usuários foi reduzida. Foi questionado se
poderia fazer isso, visto que no momento da venda do serviço foi
vendido um canal de comunicação e não falava como deveria ser a
utilização dos dados. O FCC (equivalente a ANATEL) condenou em
15000 dolares por entender que não poderia ser feito

o COMCAST : Rede evoluiu e os usuários começaram a usar o Bit


Torrent (Distribui arquivos imensos na rede). Houve grande
demanda da rede da Provedora e um sobrecarregamento da rede
(planejamento feito pela empresa não funcionava, visto que a
prestação do serviço começou a cair de rendimento). Bloqueou o
Bit Torrent em nome da proteção a propriedade intelectual dos
produtores daqueles arquivos. A FCC não aceitou esse argumento
hipotético e foi condenado. Pouco tempo depois, esteve vinculada
a um novo caso: NETFLIX (Sobrecarrega ainda mais a rede devido
a busca de um filme com resolução de qualidade, ininterrupta, etc).
A COMCAST é dono de um serviço parecido ao NETFLIX
(XFINITY) e começou a degradar o serviço dessa outra empresa
(vídeo trava, qualidade diminui). Prática ilegal que prejudica o
reconhecimento de uma empresa em prol de uma outra em que
você mesmo é dono. No Brasil isso caracteriza infração contra a
ordem econômica (Art. 36, paragrafo 3º, inciso IV, Lei 12529/2011).
A FCC interviu no caso e foi contra. NETFLIX para resolver mais
rápido fez um acordo com a COMCAST em pagar mais para
demandar mais da rede.
 Casos acima tem a ver com a neutralidade da internet, necessário
respeitar o art. 9º do Marco Civil
 As informações básicas da transmissão de dados (destinatário, remetente,
etc) conseguem ser levantadas por aqueles que controlam a rede e não
infringe a privacidade de ninguém, visto que o dado em si está codificado
e não pode ser desvendado
 O controle de consumo de internet de cada usuário é feito por inúmeras
formas.
 Baseado no contrato com os servidores, a Provedora não pode prejudicar
o acordado de maneira esdrúxula.
 Muitos doutrinadores afirmam que o Marco Civil não inovou
significativamente. Já havia a regulação em outras leis. Porém, com o MC
buscou-se maior segurança jurídica para evitar as problemáticas que
aconteceram, por exemplo, nos EUA.
 Alguns teóricos afirmam que a neutralidade engessa o mercado porque as
empresas estariam, por exemplo, impedidas de fazer pacotes que
controlariam o conteúdo que o usuário estaria demandando, o que
mudaria o preço para todos. Contudo, o controle sobre o conteúdo não
seria certo, na visão do professor
ANOTAÇÕES DE AULA 16/03/2018 (SEMANA 3)

PRIVACIDADE E MARCO CIVIL DA INTERNET


PRIVACIDADE: Questão muito próxima da vida civil
 O que é?
o É um dos conceitos mais complexos do Direito. Muda de acordo com
as concepções individuais de cada um. Social: Aquilo que quer
manter privado para si e não quer que seja divulgado na esfera
pública (outras pessoas).
 CRFB/88: Art. 5º, X: Estabelece o Direito à Privacidade:
o Intimidade: Faz referência ao foro íntimo da pessoa (pensamento, etc)
o Vida privada: Intimidade+Informações dentro do meio social
o O Estado se organiza para garantir o direito a privacidade> CC/02 (Lei
que protege a vida privada)> Repete o dispositivo da CRFB/88. Para
garantir que esse direito seja assegurado, há um diálogo entre as
fontes existentes
o Um dos direitos derivados da Personalidade.
o As vezes há outras garantias fundamentais que conflitam com direito à
privacidade (Ex. Direito à Liberdade de Expressão) > Soluciona-se por
meio da Ponderação de Princípios1, Proporcionalidade.
o Com o surgimento da Internet, as formas de infringir o direito de
privacidade de outrem amentaram (seja no tempo, espaço, etc)
 Controle dos meios que não sejam a internet é mais fácil.
Contudo, no nosso caso a violação à privacidade é
potencializada devido ao acesso mundial à essa plataforma de
comunicação.
 Principalmente antes da promulgação da Lei 12.965/2014
(Marco Civil da Internet), muitos juízos responsabilizaram
instantaneamente toda a cadeia envolta na violação da
privacidade (blog, servidor, provedora, plataforma, etc), o que
acabou evoluindo para uma responsabilidade solidária (todos os
presentes na relação digital tinham responsabilidade).
 Tempos depois, entendeu-se que só existiria responsabilidade
solidária nos casos em que a plataforma fosse notificada
(poderia ser notificação extrajudicial) sobre a infringência do
direito.
 Geração de inúmeras jurisprudências> muitas delas divergentes
entre si

1
Existe uma vertente no Direito Econômico que faz a ponderação por meio de critérios econômicos: Qual dos
princípios que menos irá lesar economicamente as partes.
o O marco civil teve o cuidado de trazer inúmeros dispositivos para
uniformizar o entendimento de regulação da vida privada
 CC/02: Art. 21: A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
o Art. 12, 17, 20

MARCO CIVIL DA INTERNET


Lei 12.965/2014 (Marco Civil da Internet): Não inovou, mas trouxe maior segurança
jurídica no que tange a privacidade. Muito vinculado aos dispositivos constitucionais.
 Art. 2º, II: Proteção dos direitos à personalidade é um dos fundamentos
do Marco Civil da Internet:
Art. 2o A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito à
liberdade de expressão, bem como:
II - os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exercício da
cidadania em meios digitais;

 Art. 3º, II: A proteção da privacidade é um dos princípios que norteiam o


Marco Civil da Internet:
Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios:
II - proteção da privacidade;

 Art. 7º, I: Assegurou direitos inerentes ao âmbito digital:


Art. 7o O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são
assegurados os seguintes direitos:
I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Além dos dispositivos da CRFB/88 que foram reiterados, o Marco Civil da Internet
(Lei 12.965/2014) trouxe algumas inovações, quais sejam:

 Art. 7º, X: Tal dispositivo encontra-se muito vinculado ao Direito de


Esquecimento, sendo a exclusão dos dados de um usuário uma
garantia do sujeito:
Art. 7o O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são
assegurados os seguintes direitos:
X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada
aplicação de internet, a seu requerimento, ao término da relação entre as partes,
ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de registros previstas nesta Lei;

 Art. 8º: Prevê que o direito à privacidade é condição para o pleno


exercício de acesso à internet:
Art. 8o A garantia do direito à privacidade e à liberdade de expressão nas
comunicações é condição para o pleno exercício do direito de acesso à internet.
Parágrafo único. São nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que violem o
disposto no caput, tais como aquelas que:
I - impliquem ofensa à inviolabilidade e ao sigilo das comunicações privadas, pela
internet; ou
II - em contrato de adesão, não ofereçam como alternativa ao contratante a adoção
do foro brasileiro para solução de controvérsias decorrentes de serviços prestados no
Brasil.

 Art. 18: A partir do MCI, o conteúdo publicado por terceiro não é de


responsabilidade do Provedor de Conexão:

Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente


por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros.

o Obs: Somente será responsabilizado civilmente pelos danos feitos por


terceiros se, após ordem judicial especifica, não tomar as medidas
técnicas para retirar aquele conteúdo que viola a privacidade (Art. 19,
MCI)

 Art. 19: Responsabilidade dos provedores de aplicação: Os pedidos de


exclusão de conteúdo devem trazer a especificidade do caminho do
dado, espaço onde estava, etc. Conteúdos que violam a privacidade que
não estejam compreendidos no art. 21.
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o
provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado
civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após
ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos
limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar
indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições
legais em contrário.

§ 1o A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de nulidade,
identificação clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que
permita a localização inequívoca do material.
§ 2o A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou a
direitos conexos depende de previsão legal específica, que deverá respeitar a
liberdade de expressão e demais garantias previstas no art. 5o da Constituição
Federal.
§ 3o As causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de
conteúdos disponibilizados na internet relacionados à honra, à reputação ou a
direitos de personalidade, bem como sobre a indisponibilização desses
conteúdos por provedores de aplicações de internet, poderão ser apresentadas
perante os juizados especiais.
§ 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3o, poderá antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova
inequívoca do fato e considerado o interesse da coletividade na disponibilização do
conteúdo na internet, desde que presentes os requisitos de verossimilhança da
alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

o Caso Cicarelli: Caso conhecido mundialmente por ocorrer em um


Estado, não autoritário, que ordenou o bloqueio do IP de um site. Tais
fatos, até então, só haviam ocorrido em Estados Totalitários como, por
exemplo, China, Coréia do Norte, etc.
 Vida íntima publicada no YouTube: Vídeo viralizou nos meios
de comunicação. Ajuizou uma ação no TJSP pedindo que o
vídeo fosse retirado. Juiz reconheceu a violação do Direito a
Privacidade, que intimou o GoogleBr que, por sua vez, alegou
que não foi especificado os termos técnicos para retirada do
arquivo do ar, porque não sabia como especificar a retirada de
conteúdos de endereços diferentes. Juiz não gostando, expediu
uma ordem para tirar o Youtube do Ar (Pediu que os provedores
de conexão bloqueassem-Blackbones- o IP do Youtube)> o Ato
de bloquear propagou o vídeo mais ainda e durou 2 dias.
Depois a decisão foi revertida. Caso virou um paradigma da
responsabilidade de tirar do ar os conteúdos infringente e viu-se
a dificuldade de executar a decisão judicial sem identificação
clara e específica do que quer retirar do ar.

 Art. 21: Por virtude desse artigo, as plataformas passaram a criar meios
de denúncia direta (usuário-plataforma) para evitar conteúdos lesivos
que possam, no futuro, ser responsabilizados. Nesse caso, a notificação
é extrajudicial
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo
gerado por terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da
intimidade decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes, de
imagens, de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos
sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de notificação pelo
participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse
conteúdo.

Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena de


nulidade, elementos que permitam a identificação específica do material
apontado como violador da intimidade do participante e a verificação da
legitimidade para apresentação do pedido.

 A plataforma só será responsabilizada se não conseguir responsabilizar o


indivíduo que divulgou aquele conteúdo lesivo.
o Muitos casos as plataformas informam as informações de quem
publicou para que ele seja responsabilizado. Há um mecanismo de
censura muito rígido, mas que está vinculado a legislação brasileira
Atualmente, há um entendimento de que a plataforma tem certa
responsabilidade frente à esses conteúdos.
o Por força do art. 18 o provedor de internet (GVT, NET, etc) não tem
responsabilidade sobre o conteúdo publicado por terceiro
COOKIES/DIREITO DO CONSUMIDOR E MARCO CIVIL DA INTERNET
 Um dos princípios da ordem econômica é a defesa do direito do consumidor,
devido as relações de consumos serem cada vez mais abundantes e
complexas. O consumidor é um sujeito hipossuficiente na relação de
consumo;
 A privacidade e o direito de consumidor as vezes se correlacionam, devido
que as plataformas tem acessos à muitos dados que podem ser divulgados
para outras empresas sem a autorização do usuário (pode ser entendido
como uma invasão de privacidade em uma relação de consumo, algo que no
ordenamento jurídico brasileiro é muito grave).
 O serviço para caracterizar a relação de consumo não precisa ser pago: O
Facebook pode ser encarado como fornecedor e o indivíduo como
consumidor.
 Existem muitas teses de como essas relações podem ser resolvidas
 Cookies: Arquivos que o servidor web manda junto com a requisição feita
pelo usuário que fica armazenado no computador do usuário. Os
navegadores estão preparados para mandar o cookie com a próxima
requisição. O servidor web passa a ter controle de quem é o usuário. Cookie
grava o dia de acesso, pagina de requisição, informações do que estava
sendo navegado, etc.
 A restrição de leituras em sites de notícias é dada através dos Cookies.
 As formas anônimas no navegador desabilita o recebimento de cookies.
 Já gerou problema jurídico: Jurisprudência: Sites que usam cookies devem
informar o usuário.
DIREITO AO ESQUECIMENTO

1 - Provedor de conexão: Fornece um IP fixo para quem fornece o serviço> IP vira um


domínio para que o usuário consiga acessar facilmente o serviço do fornecedor. Registro do
domínio é feito perante o Registros.br(Controla os domínios)
Depois vai ter um servidor web (aplicativo) para que o seu serviço seja provido para o
usuário (informações daquilo que o usuário quis acessar). Servidor web verifica no seu
próprio disco e devolve as informações para o usuário que requisitou). Geralmente o http é
vinculado à porta 80 (convenção)
2- Usuário faz a requisição para o domínio do servidor web (IP do usuário muda )
Cadastro e Login: Forma de permitir informações sobre o usuário

ANOTAÇÕES DE AULA 23/03/2018 (SEMANA 3-CONTINUAÇÃO)


 O Direito ao Esquecimento muitas vezes apresenta conflitos em relação ao
Direito de Liberdade de Expressão e Manifestação
 Corrente midiática: Prevalece o Direito de Liberdade de
Expressão e Manifestação;
 Corrente majoritária: Deve existir uma ponderação entre tais
princípios/direitos
 Trata-se de um conjunto de direitos, tomados como ações pelo Estado, para
garantir a privacidade do indivíduo. Faz parte do rol de direitos da
privacidade.
o Julgados:
 REsp 1.334.097/RJ (2013): Em 2006, a Globo cita o nome de
uma das pessoas que, durante o processo da Chacina da
Candelária, foi dada como envolvida nos crimes ocorridos em
1993, mas que fora absolvida pela justiça ao final do processo.
Segundo o autor do Recurso, o simples fato de ter seu nome
vinculado à Chacina, à época, trouxe inúmeros problemas para
sua vida e para sua família. Para ele, a Globo ao retratar sobre
o caso e citar seu nome na matéria fere sua moral e é ilícita.
STJ não deu provimento ao REsp.
 REsp 1.335.153/RJ (2013): Globo fez uma reportagem sobre
um crime ocorrido em 1958, sem a autorização dos familiares
da vítima. Para os autores, a veiculação da notícia fere a moral
dos familiares e trata-se de um ganho ilícito da emissora, por
não respeitar o Direito ao esquecimento dos familiares. STJ não
deu provimento ao REsp.
 A doutrina atual apresenta inúmeras discussões sobre o tema, não havendo
um certo consenso em suas argumentações.
 Devido à sua lógica liberal própria, no caso dos EUA, geralmente, prevalece
o Direito de Liberdade de Expressão e Manifestação. Contudo, a Europa dá
prevalecimento ao Direito à Privacidade (tal fato é corroborado pela grande
quantidade de órgãos/agências de regulamentação que existem no
continente).
 REsp 1.6660.168/RJ: Caso Ex-BBB Aline. A autora apelou afirmando que a
matéria além de ser publicada sem sua autorização, está cheia de
inverdades, colocando-a em situação vexatória e humilhante, e ainda teve
divulgadas fotos retiradas de sua página do Facebook sem autorização,
tendo conhecimento a ré Globo Comunicação que não autoriza a publicação
de qualquer matéria ou assunto sobre sua vida, o que foi republicado por
vários sites, avassalando de vez sua vida, inexistindo interesse público na
informação, caracterizando o dano moral, violando, ainda, seu Direito ao
Esquecimento. Ação continua em tramitação.
 Relevância Jurídica: O Direito ao Esquecimento, no Brasil, está muito
vinculado ao Direito à privacidade.
o Art. 21, CC/02:
Art. 21 A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma.

o Art. 7º, X, Marco Civil da Internet:


Art. 7o O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são
assegurados os seguintes direitos:
X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada
aplicação de internet, a seu requerimento, ao término da relação entre as partes,
ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de registros previstas nesta Lei;

o Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil:

ENUNCIADO 531 – A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da


informação inclui o direito ao esquecimento. Artigo: 11 do Código Civil.
Justificativa: Os danos provocados pelas novas tecnologias de informação vêm-se
acumulando nos dias atuais. O direito ao esquecimento tem sua origem histórica no
campo das condenações criminais. Surge como parcela importante do direito do ex
detento à ressocialização. Não atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou
reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de discutir o uso
que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o modo e a finalidade com que
são lembrados.

 A tendência jurisprudencial é afirmar que o Direito ao Esquecimento


está vinculado ao interesse público. Caso uma determinada
informação seja de maior repercussão, os Tribunais têm decidido em
favor da Liberdade de Expressão e Manifestação.
(TAIS DECISÕES NÃO APRESENTAM UM CRITÉRIO DE
ARRAZOABILIDADE SIGNIFICATIVO)

FUNCIONAMENTO DOS MECANISMOS DE INDEXAÇÃO


 Como todo Servidor de Aplicação tem um IP fixo para que seja possível
fornecer dados para a Internet, o Google (utilizado nesse exemplo)
desenvolveu uma tecnologia em que o seu programa vasculhava cada página
da internet e as salvava em um disco próprio com capacidade para tanto.
Após a realização de todo esse serviço, o programa tinha como principal
meta organizar todos as páginas existentes e levantar os termos constantes
em cada uma delas. A essa organização deu-se o nome de indexação, ou
seja, era feito uma lista que atribuía um determinado termo à uma
determinada página:
INDEXAÇÃO
TERMO DOCUMENTO(PÁGINA)
A 1, 2,
B 2, 3, 4
C 1, 3, 4
D 1, 2, 3, 4
 Dessa maneira, a tecnologia desenvolvida permitia que o Google
reconhecesse um determinado termo em uma determinada página, sem de
fato ser necessário o conhecimento de todo o conteúdo do site. Sendo assim,
é possível que o Google limpe todo os seu disco, pois só há interesse em
saber qual termo está em qual página.
 Quando um usuário faz a pesquisa de um termo no site de buscas, o
programa revela, organizadamente, qual as páginas referentes à busca
daquele termo, ou seja, se ele pesquisar pelo termo “B”, aparecerá em sua
tela as páginas 2, 3, 4. Com essa tecnologia, o Google possibilitou que os
mecanismos de busca fossem amplamente potencializados.
 Atualmente, os mecanismos de busca têm tecnologias mais desenvolvidas do
que o modelo de indexação inicial apresentado pela Google. O próprio
Departamento de Computação da UFMG já participou da potencialização do
sistema inicialmente apresentado: desenvolveu um software que analisava a
relevância de cada página para a pesquisa do usuário. Nessa nova lógica,
primeiro apareceriam as páginas que têm maior relevância ao contrário do
que acontecia (demonstravam somente as páginas que tinham o maior
número de termos iguais).
 Caso Denise Nunes: Denise Nunes prestou concurso para torna-se Juíza de
Direito. Mais tarde, foi alegado fraude em seu processo seletivo, sendo tal
fato amplamente noticiado nas mídias digitais. Denise ajuíza uma ação contra
a Google, Microsoft, Yahoo, etc., onde requer que seu nome não seja mais
vinculado às notícias do fato. Contudo, os pedidos formulados na inicial
careciam da clareza e determinação que são indispensáveis para a retirada
de um conteúdo do ar e a desindexação deste dos programas de busca. As
decisões judiciais, com base nisso, negaram os seus pedidos.
 Destarte, é possível perceber que, por uma lógica sistemática, torna-se
quase impossível que um termo, uma notícia ou página seja retirada do ar
com uma mera menção do pedinte, visto que os mecanismos de buscas não
têm controle sobre o conteúdo de cada site, sabendo somente onde um
termo é encontrado. Assim, os pedidos judiciais devem envolver a
desindexação (pedido de retirada de um documento X da máquina de
busca)
 Deve-se perseguir dois efeitos jurídicos principais:
o Pedido da desindexação: Retirar um documento específico do
mecanismo de buscas.
o Pedido de retirada do conteúdo do ar: Solicitar que o Servidor de
Aplicação retire do ar determinado conteúdo.

 Cabe reiterar que o pedido deve ser (re)feito para cada um dos provedores,
sites, etc.
DEEP WEB
 A Deep Web surge na mesma lógica que a Internet convencional: Busca dos
departamentos norte-americanos por formas de comunicação entre todos os
envolvidos na conexão com maior segurança. Evitar as possibilidade de
espionagem, pois o modelo convencional de criptografia é sujeito à
inseguranças.
 Deep Web: Qualquer serviço de internet que não esteja disponível de forma
pública na internet (Necessitam de login, senhas, etc. para a conexão) >
Visam a privacidade e/ou anonimato do usuário;
 Dark Web: Fração da internet que utiliza o navegador TOR para cometimento
de atos ilícitos.

FUNCIONAMENTO DA DEEP WEB


 No modelo convencional de Internet, o IPusuário e IPservidor são
detectáveis, fazendo com que a privacidade dos envolvidos possam ser
expostas.
 Com isso, surge o TOR (The Onion Router), programa que cria um serviço de
transporte de dados acima do mecanismo comum. Para tanto, o TOR
necessitará de Relays (Servidores submetidos ao programa) de entrada,
que serão conectados por criptografia em um canal indireto com os demais
Relays de transporte. O indivíduo, ao baixar o navegador TOR, faz a
solicitação de um dado à um servidor qualquer. Nesse momento, a
solicitação de dados passará por uma quantidade enorme de Relays de
Transporte, sendo criptografado à cada trecho, ou seja, o pedido para
recebimento de um determinado dado passa por inúmeras máquinas. Tal
lógica permite que quem for analisar o transporte de dados nunca consiga
detectar de fato de qual máquina partiu a solicitação, seja por conta da
própria criptografia, seja por conta do sistema em redes que irradia a
solicitação e a transferência de dados para uma quantidade inimaginável de
máquinas. Depois de passar por toda a trama de relays de transporte, a
solicitação chega ao Relay de Saída, única máquina
que faz conexão com o Servidor de Aplicação. Pedido de Dados

Relay de Entrada Relays de Transporte


Relay de Saída (Faz
(Faz contato com o (Fazem conexões
contato com o
computador que tem com outros relays de
Servidor da
baixado o navegador transporte +
Aplicação)
do TOR) Criptografia)

Devolução de Dados

 Os Relays de Transporte podem estar qualquer local do planeta. Não há uma


conexão física entre eles, mas sim virtual.
 Benefícios do TOR: Não permite os mecanismos de cookies, tem uma
garantia de privacidade para além da internet normal, usuário pode fornecer
dados de forma anônima; Existem, no mínimo, seis conexões criptografadas
para cada Relay.
 O sistema utilizado pela Deep Web garante privacidade e anonimato para
seus usuários. O problema ocorre quando USUÁRIOS usam dessa
tecnologia para cometer crimes (venda de drogas, pornografia infantil,
transmissão de assassinatos e torturas, etc)
 Nessa seara, surgem inúmeras discussões sobre a regulação ou não dessas
tecnologias, levando-se em consideração, ainda, dilemas jurídicos, técnicos,
etc.
 Segundo o professor, o desregulamento de alguns ilícitos na esfera civil ou
criminal pode reduzir os problemas existentes no mundo digital.
ANOTAÇÕES DE AULA 06/04/2018 (SEMANA 4)
PROTEÇÃO DE DADOS/BIG DATA
Aula focada no âmbito das relações privadas
A ODCE (Office of the Director of Corporate Enforcement), em 1980, estabeleceu os
Princípios de Armazenamento e Proteção de Dados, quais sejam:
 Transparência: As informações coletadas devem ser transparentes;
 Qualidade: Os dados pessoais deveriam ser relacionados com as finalidades
de sua utilização e, na medida necessária, devem ser exatos, completos e
permanecer atualizados;
 Finalidade: Os propósitos da coleta de dados pessoais devem ser indicadas
no momento da coleta de dados ao mais tardar e o uso subsequente limitado
à realização destes objetivos ou de outros que não sejam incompatíveis e
que sejam especificados cada vez que mudar o propósito, ou seja, o
armazenamento de dados necessita ter uma finalidade clara e condizente
com a sua obtenção. Não
 Livre Acesso: O usuário tem o direito de consultar, a qualquer tempo e
lugar, quais dados estão sendo armazenados pela instituição.
 Segurança: É necessário proteger os dados pessoais contra riscos, tais
como perda, acesso, destruição, uso, modificação ou divulgação
desautorizados.
 Proporcionalidade:
 Necessidade: Obter e armazenar os dados que são necessários para o
exercício da empresa.
Normas jurídicas que devem ser levadas em consideração na proteção de
dados.
CRFB/88
 Art. 5º, X (Garantia constitucional relacionada a vida privada) e XII (Garantia
constitucional de inviolabilidade das comunicações):
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal;

CDC: Art. 43, §§1º, 2º e 3º: Proteção de dados nas relações de consumo
Previsão dessas garantias supracitadas nas relações de consumo. Consumidor tem
o direito de saber quais os dados armazenados pela pessoa e suas respectivas
informações. O CDC é passível de aplicação no âmbito digital, visto que essa pode
ser caracterizada como uma relação de consumo.
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às
informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros,


verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter
informações negativas referentes a período superior a cinco anos.
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá
ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e
cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de
cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações
incorretas.

Marco Civil da Internet: Confirma a proteção dos dados em relação as normas


supracitadas. Não há nenhuma inovação, mas contribui para a segurança
jurídica
Art. 3º, II e III: Princípios de proteção de privacidade e proteção de dados
Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios:
II - proteção da privacidade;
III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei;

A empresa tem, legalmente, o dever de proteger os dados de seus


consumidores. Ex: Caso de vazamento de dados amplamente noticiado nos
últimos dias (Deve o Facebook ser responsabilizado?)
Na Europa, há uma grande proteção de dados. Ao contrário dos EUA.
Art. 5º, VI e VIII: Define quais as obrigações inerentes aos registros de
conexão (operadoras) e registros de aplicação (empresas de aplicativos na
internet) têm que manter
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
[...]
VI - registro de conexão: o conjunto de informações referentes à data e hora de início
e término de uma conexão à internet, sua duração e o endereço IP utilizado pelo
terminal para o envio e recebimento de pacotes de dados;
VIII - registros de acesso a aplicações de internet: o conjunto de informações
referentes à data e hora de uso de uma determinada aplicação de internet a partir de
um determinado endereço IP.

As operadoras de telefonia, internet e tv não podeM conter informações a


respeito do que o indivíduo está consultando. Tecnicamente, há a
possibilidade de isso acontecer (Ex: Oi do RJ vasculhava quais as
informações dos dados de seus usuários e usava tais informações para
vincular pop ups para os consumidores)
Os registros de aplicação deve conter o IP, informações de acesso (horário,
data, navegador, cookie, etc)> Conjunto de dados que dispõe sobre as
informações gerais daqueles dados).
Art. 7º, I (Vida privada), II e III (Sigilo dos dados2), VII (não repassar para
terceiros os dados obtidos3), VIII (informações devem ser claras), IX (Deve
existir o consentimento expresso do usuário), X (exclusão de dados quando a
pessoa quiser exercer o seu direito ao esquecimento), XI (políticas de uso),
XIII (aplicação do CDC): Dispõe sobre os direitos protegidos pelo MCI
Art. 7o O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são
assegurados os seguintes direitos:
I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por
ordem judicial, na forma da lei;
III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por
ordem judicial;
[...]
VII - não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de
conexão, e de acesso a aplicações de internet, salvo mediante consentimento livre,
expresso e informado ou nas hipóteses previstas em lei;
VIII - informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento
e proteção de seus dados pessoais, que somente poderão ser utilizados para
finalidades que:
a) justifiquem sua coleta;
b) não sejam vedadas pela legislação; e
c) estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em termos de
uso de aplicações de internet;
IX - consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e tratamento de
dados pessoais, que deverá ocorrer de forma destacada das demais cláusulas
contratuais;
X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada
aplicação de internet, a seu requerimento, ao término da relação entre as partes,
ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de registros previstas nesta Lei;
XI - publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos provedores de conexão à
internet e de aplicações de internet;
[...]
XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de
consumo realizadas na internet.

2
A falta desses sigilos caracterizam uma invasão de privacidade que pode trazer inúmeros transtornos.
3
Muitas empresas digitais compartilham os dados entre si sob a justificativa de “melhorar a experiência do
usuário naquela plataforma”
Art. 10º, §§1º e 2º (Se a plataforma não tem uma maneira fácil de obtenção
dos dados registrados, o usuário deverá ajuizar uma ação para obter tais
informações4)e 3º (os órgãos públicos tem a autoridade de pedir tais dados
sem a necessidade de ajuizar uma ação:
Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão e de acesso a
aplicações de internet de que trata esta Lei, bem como de dados pessoais e do
conteúdo de comunicações privadas, devem atender à preservação da intimidade, da
vida privada, da honra e da imagem das partes direta ou indiretamente envolvidas.

§ 1o O provedor responsável pela guarda somente será obrigado a disponibilizar os


registros mencionados no caput, de forma autônoma ou associados a dados
pessoais ou a outras informações que possam contribuir para a identificação do
usuário ou do terminal, mediante ordem judicial, na forma do disposto na Seção IV
deste Capítulo, respeitado o disposto no art. 7o.
§ 2o O conteúdo das comunicações privadas somente poderá ser disponibilizado
mediante ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, respeitado o
disposto nos incisos II e III do art. 7o.

Art. 11, §§1º (Os servidores que não estejam no Brasil devem seguir as
normas brasileiras) e 2º (Em relação a proteção de dados, o grupo
econômico, seja ele PJ diferente daquela da sede estrangeira, será
responsabilizado – Google Brasil está vinculado à Google EUA e é tão
responsável quanto a empresa norte americana).
Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de
registros, de dados pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de
aplicações de internet em que pelo menos um desses atos ocorra em território
nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira e os
direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações
privadas e dos registros.
§ 1o O disposto no caput aplica-se aos dados coletados em território nacional e ao
conteúdo das comunicações, desde que pelo menos um dos terminais esteja
localizado no Brasil.
§ 2o O disposto no caput aplica-se mesmo que as atividades sejam realizadas por
pessoa jurídica sediada no exterior, desde que oferte serviço ao público brasileiro ou
pelo menos uma integrante do mesmo grupo econômico possua estabelecimento no
Brasil.

Art. 12: Sanções previstas no não cumprimento das disposições do


MCI:
Art. 12. Sem prejuízo das demais sanções cíveis, criminais ou administrativas, as
infrações às normas previstas nos arts. 10 e 11 ficam sujeitas, conforme o caso, às
seguintes sanções, aplicadas de forma isolada ou cumulativa:
I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas;
II - multa de até 10% (dez por cento) do faturamento do grupo econômico no
Brasil no seu último exercício, excluídos os tributos, considerados a condição
econômica do infrator e o princípio da proporcionalidade entre a gravidade da falta e
a intensidade da sanção;
III - suspensão temporária das atividades que envolvam os atos previstos no art.
11; ou

4
Existe uma ADI no STF que questiona se os dados estiverem em outro país, o Brasil tem soberania para
determinar que os dados sejam disponibilizados.
IV - proibição de exercício das atividades que envolvam os atos previstos no
art. 11.
Parágrafo único. Tratando-se de empresa estrangeira, responde solidariamente pelo
pagamento da multa de que trata o caput sua filial, sucursal, escritório ou
estabelecimento situado no País.

Art. 13, §1º: Toda empresa tem que manter o seu serviço de proteção de
dados internamente. Para o professor, há um problema nisso, visto que nem
todas as empresas tem suporte econômico, know how e estrutura para
manter. Não existe fiscalização quanto a execução dessa norma na prática.
Prazo de 1 ano.
Art. 13. Na provisão de conexão à internet, cabe ao administrador de sistema
autônomo respectivo o dever de manter os registros de conexão, sob sigilo, em
ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 1 (um) ano, nos termos do
regulamento.
§ 1o A responsabilidade pela manutenção dos registros de conexão não poderá ser
transferida a terceiros.

Talvez seja uma forma de garantir que os dados não sejam controlados
por uma única empresa especialista nessa proteção. Essa empresa
terceirizada pode obter informações do usuário de todas as plataformas.
Quais as consequências disso? (Refletir)
Art. 14:
Art. 14. Na provisão de conexão, onerosa ou gratuita, é vedado guardar os registros
de acesso a aplicações de internet.

Art. 15: Prazo legal de registro dos dados: 6 meses (Obviamente, as


empresas mantém o tempo de guarda muito maior)
Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma de pessoa jurídica
e que exerça essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins
econômicos deverá manter os respectivos registros de acesso a aplicações de
internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 6 (seis)
meses, nos termos do regulamento.
§ 1o Ordem judicial poderá obrigar, por tempo certo, os provedores de aplicações de
internet que não estão sujeitos ao disposto no caput a guardarem registros de acesso
a aplicações de internet, desde que se trate de registros relativos a fatos específicos
em período determinado.
§ 2o A autoridade policial ou administrativa ou o Ministério Público poderão requerer
cautelarmente a qualquer provedor de aplicações de internet que os registros de
acesso a aplicações de internet sejam guardados, inclusive por prazo superior ao
previsto no caput, observado o disposto nos §§ 3o e 4o do art. 13.
§ 3o Em qualquer hipótese, a disponibilização ao requerente dos registros de que
trata este artigo deverá ser precedida de autorização judicial, conforme disposto na
Seção IV deste Capítulo.
§ 4o Na aplicação de sanções pelo descumprimento ao disposto neste artigo, serão
considerados a natureza e a gravidade da infração, os danos dela resultantes,
eventual vantagem auferida pelo infrator, as circunstâncias agravantes, os
antecedentes do infrator e a reincidência.
Art. 16: Cada aplicativo deve armazenar os dados dele próprio e não de
outrem. Ademais, garante os princípios da finalidade, proporcionalidade e
necessidade
Art. 16. Na provisão de aplicações de internet, onerosa ou gratuita, é vedada a
guarda:
I - dos registros de acesso a outras aplicações de internet sem que o titular dos
dados tenha consentido previamente, respeitado o disposto no art. 7o; ou
II - de dados pessoais que sejam excessivos em relação à finalidade para a qual foi
dado consentimento pelo seu titular.

Art. 22: Requisição judicial de registros. Os dados podem servir de fato


probatório para outros processos judiciais. Necessário ter fundamento do
ilícito, justificativa motivada e qual o período da requisição (Ver arts do CPC,
abaixo) > Marco civil trouxe uma forma de descobrir quais os ilícitos estão
sendo cometidos no âmbito da internet.
Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto probatório
em processo judicial cível ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao
juiz que ordene ao responsável pela guarda o fornecimento de registros de conexão
ou de registros de acesso a aplicações de internet.
Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais requisitos legais, o requerimento deverá
conter, sob pena de inadmissibilidade:
I - fundados indícios da ocorrência do ilícito;
II - justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins de
investigação ou instrução probatória; e
III - período ao qual se referem os registros.

Decreto 8.771/2016: Ambos os arts. têm relação com o §3º, do Art. 10, MCI
(Verificar legislação)
Art. 11. As autoridades administrativas a que se refere o art. 10, § 3º da Lei nº 12.965,
de 2014, indicarão o fundamento legal de competência expressa para o acesso e a
motivação para o pedido de acesso aos dados cadastrais.
§ 1o O provedor que não coletar dados cadastrais deverá informar tal fato à
autoridade solicitante, ficando desobrigado de fornecer tais dados.
§ 2o São considerados dados cadastrais:
I - a filiação;
II - o endereço; e
III - a qualificação pessoal, entendida como nome, prenome, estado civil e profissão
do usuário.
§ 3o Os pedidos de que trata o caput devem especificar os indivíduos cujos dados
estão sendo requeridos e as informações desejadas, sendo vedados pedidos
coletivos que sejam genéricos ou inespecíficos.

Art. 12. A autoridade máxima de cada órgão da administração pública federal


publicará anualmente em seu sítio na internet relatórios estatísticos de requisição de
dados cadastrais, contendo:
I - o número de pedidos realizados;
II - a listagem dos provedores de conexão ou de acesso a aplicações aos quais os
dados foram requeridos;
III - o número de pedidos deferidos e indeferidos pelos provedores de conexão e de
acesso a aplicações; e
IV - o número de usuários afetados por tais solicitações.
CPC: Atos para obtenção de provas. (Verificar legislação)> Equivalente (Art.
22, MCI)
Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre
em seu poder.

Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:


I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou
com a coisa;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento
ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.

Europa: GDPR (General Data Protection Regulation): Legislação europeia que


irá entrar em vigor no próximo mês. Traz uma série de obrigações para o
funcionamento da rede na Europa. Muito rigorosa (Para o prof. É uma das
legislações mais rigorosas) > Obrigações que terão efeitos econômicos muito
grande (Corre o risco das empresas não se sentirem atraídas para aquela região);
Favorecimento de grandes empresas que têm condições de suportar algum
problema jurídico que surgir. Válida para quaisquer empresas que trabalhem com
mercado digital.
Dispõe sobre institutos jurídicos estudados anteriormente e que, em certa medida,
encontra-se normatizado pelo Direito Brasileiro:
Art. 17: Dispõe sobre o Direito ao esquecimento
Direito ao apagamento dos dados («direito a ser esquecido»)
1.O titular tem o direito de obter do responsável pelo tratamento o apagamento dos
seus dados pessoais, sem demora injustificada, e este tem a obrigação de apagar os
dados pessoais, sem demora injustificada, quando se aplique um dos seguintes
motivos:
a) Os dados pessoais deixaram de ser necessários para a finalidade que motivou a
sua recolha ou tratamento
b) O titular retira o consentimento em que se baseia o tratamento dos dados nos
termos do artigo 6.o, n.o 1, alínea a), ou do artigo 9.o, n.o 2, alínea a) e se não
existir outro fundamento jurídico para o referido tratamento;
c) O titular opõe-se ao tratamento nos termos do artigo 21.o, n.o 1, e não existem
interesses legítimos prevalecentes que justifiquem o tratamento, ou o titular opõe-se
ao tratamento nos termos do artigo 21.o, n.o 2;
d) Os dados pessoais foram tratados ilicitamente;
e) Os dados pessoais têm de ser apagados para o cumprimento de uma obrigação
jurídica decorrente do direito da União ou de um Estado-Membro a que o
responsável pelo tratamento esteja sujeito;
f) Os dados pessoais foram recolhidos no contexto da oferta de serviços da
sociedade da informação referida no artigo 8.o, n.o 1.

2.Quando o responsável pelo tratamento tiver tornado públicos os dados pessoais e


for obrigado a apagá-los nos termos do n.o 1, toma as medidas que forem razoáveis,
incluindo de caráter técnico, tendo em consideração a tecnologia disponível e os
custos da sua aplicação, para informar os responsáveis pelo tratamento efetivo dos
dados pessoais de que o titular dos dados lhes solicitou o apagamento das ligações
para esses dados pessoais, bem como das cópias ou reproduções dos mesmos.
3.Os n.os 1 e 2 não se aplicam na medida em que o tratamento se revele
necessário:
a) Ao exercício da liberdade de expressão e de informação;
b)Ao cumprimento de uma obrigação legal que exija o tratamento prevista pelo
direito da União ou de um Estado--Membro a que o responsável esteja sujeito, ao
exercício de funções de interesse público ou ao exercício da autoridade pública de
que esteja investido o responsável pelo tratamento;
c) Por motivos de interesse público no domínio da saúde pública, nos termos do
artigo 9.o, n.o 2, alíneas h) e i), bem como do artigo 9.o, n.o 3;
d) Para fins de arquivo de interesse público, para fins de investigação científica ou
histórica ou para fins estatísticos, nos termos do artigo 89.o, n.o 1, na medida em
que o direito referido no n.o 1 seja suscetível de tornar impossível ou prejudicar
gravemente a obtenção dos objetivos desse tratamento; ou
e) Para efeitos de declaração, exercício ou defesa de um direito num processo
judicial.

Art. 37: Proteção de dados (Toda empresa tem que ter um escritório de
proteção de dados)
Designação do encarregado da proteção de dados
1.O responsável pelo tratamento e o subcontratante designam um encarregado da
proteção de dados sempre que:
a) O tratamento for efetuado por uma autoridade ou um organismo público,
excetuando os tribunais no exercício da sua função jurisdicional;
b) As atividades principais do responsável pelo tratamento ou do subcontratante
consistam em operações de tratamento que, devido à sua natureza, âmbito e/ou
finalidade, exijam um controlo regular e sistemático dos titulares dos dados em
grande escala; ou
c) As atividades principais do responsável pelo tratamento ou do subcontratante
consistam em operações de tratamento em grande escala de categorias especiais
de dados nos termos do artigo 9.o e de dados pessoais relacionados com
condenações penais e infrações a que se refere o artigo 10.o.
2.Um grupo empresarial pode também designar um único encarregado da proteção
de dados desde que haja um encarregado da proteção de dados que seja facilmente
acessível a partir de cada estabelecimento.
3.Quando o responsável pelo tratamento ou o subcontratante for uma autoridade ou
um organismo público, pode ser designado um único encarregado da proteção de
dados para várias dessas autoridades ou organismos, tendo em conta a respetiva
estrutura organizacional e dimensão.
4.Em casos diferentes dos visados no n.o 1, o responsável pelo tratamento ou o
subcontratante ou as associações e outros organismos que representem categorias
de responsáveis pelo tratamento ou de subcontratantes podem, ou, se tal lhes for
exigido pelo direito da União ou dos Estados-Membros, designar um encarregado da
proteção de dados. O encarregado da proteção de dados pode agir em nome das
associações e de outros organismos que representem os responsáveis pelo
tratamento ou os subcontratantes.
5.O encarregado da proteção de dados é designado com base nas suas qualidades
profissionais e, em especial, nos seus conhecimentos especializados no domínio do
direito e das práticas de proteção de dados, bem como na sua capacidade para
desempenhar as funções referidas no artigo 39.o.
6.O encarregado da proteção de dados pode ser um elemento do pessoal da
entidade responsável pelo tratamento ou do subcontratante, ou exercer as suas
funções com base num contrato de prestação de serviços.
7.O responsável pelo tratamento ou o subcontratante publica os contactos do
encarregado da proteção de dados e comunica-os à autoridade de controlo.

Art. 83: Sanções em caso de descumprimento


Condições gerais para a aplicação de coimas (sanções)
1.Cada autoridade de controlo assegura que a aplicação de coimas nos termos do
presente artigo relativamente a violações do presente regulamento a que se referem
os n.os 4, 5 e 6 é, em cada caso individual, efetiva, proporcionada e dissuasiva.

2.Consoante as circunstâncias de cada caso, as coimas são aplicadas para além ou


em vez das medidas referidas no artigo 58.o, n.o 2, alíneas a) a h) e j). Ao decidir
sobre a aplicação de uma coima e sobre o montante da coima em cada caso
individual, é tido em devida consideração o seguinte:
a) A natureza, a gravidade e a duração da infração tendo em conta a
natureza, o âmbito ou o objetivo do tratamento de dados em causa, bem
como o número de titulares de dados afetados e o nível de danos por eles
sofridos;
b) O caráter intencional ou negligente da infração;
c) A iniciativa tomada pelo responsável pelo tratamento ou pelo
subcontratante para atenuar os danos sofridos pelos titulares;
d) O grau de responsabilidade do responsável pelo tratamento ou do
subcontratante tendo em conta as medidas técnicas ou organizativas por eles
implementadas nos termos dos artigos 25.o e 32.o;
e) Quaisquer infrações pertinentes anteriormente cometidas pelo responsável
pelo tratamento ou pelo subcontratante;
f) O grau de cooperação com a autoridade de controlo, a fim de sanar a
infração e atenuar os seus eventuais efeitos negativos;
g) As categorias específicas de dados pessoais afetadas pela infração;
h) A forma como a autoridade de controlo tomou conhecimento da infração,
em especial se o responsável pelo tratamento ou o subcontratante a
notificaram, e em caso afirmativo, em que medida o fizeram;
i) O cumprimento das medidas a que se refere o artigo 58.o, n.o 2, caso as
mesmas tenham sido previamente impostas ao responsável pelo tratamento
ou ao subcontratante em causa relativamente à mesma matéria;
j) O cumprimento de códigos de conduta aprovados nos termos do artigo 40.o
ou de procedimento de certificação aprovados nos termos do artigo 42.o; e
k) Qualquer outro fator agravante ou atenuante aplicável às circunstâncias do
caso, como os benefícios financeiros obtidos ou as perdas evitadas, direta ou
indiretamente, por intermédio da infração.

3.Se o responsável pelo tratamento ou o subcontratante violar, intencionalmente ou


por negligência, no âmbito das mesmas operações de tratamento ou de operações
ligadas entre si, várias disposições do presente regulamento, o montante total da
coima não pode exceder o montante especificado para a violação mais grave.
4.A violação das disposições a seguir enumeradas está sujeita, em conformidade
com o n.o 2, a coimas até 10 000 000 EUR ou, no caso de uma empresa, até 2 % do
seu volume de negócios anual a nível mundial correspondente ao exercício
financeiro anterior, consoante o montante que for mais elevado:
a) As obrigações do responsável pelo tratamento e do subcontratante nos
termos dos artigos 8.o, 11.o, 25.o a 39.o e 42.o e 43.o;
b) As obrigações do organismo de certificação nos termos dos artigos 42.o e
43.o;
c) As obrigações do organismo de supervisão nos termos do artigo 41.o, n.o
4; 4.5.2016 L 119/82 Jornal Oficial da União Europeia PT

5.A violação das disposições a seguir enumeradas está sujeita, em conformidade


com o n.o 2, a coimas até 20 000 000 EUR ou, no caso de uma empresa, até 4 % do
seu volume de negócios anual a nível mundial correspondente ao exercício
financeiro anterior, consoante o montante que for mais elevado:
a) Os princípios básicos do tratamento, incluindo as condições de
consentimento, nos termos dos artigos 5.o, 6.o, 7.o e 9.o;
b) Os direitos dos titulares dos dados nos termos dos artigos 12.o a 22.o;
c) As transferências de dados pessoais para um destinatário num país
terceiro ou uma organização internacional nos termos dos artigos 44.o a 49.o;
d) As obrigações nos termos do direito do Estado-Membro adotado ao abrigo
do capítulo IX;
e) O incumprimento de uma ordem de limitação, temporária ou definitiva,
relativa ao tratamento ou à suspensão de fluxos de dados, emitida pela
autoridade de controlo nos termos do artigo 58.o, n.o 2, ou o facto de não
facultar acesso, em violação do artigo 58.o, n.o 1. 6.O incumprimento de uma
ordem emitida pela autoridade de controlo a que se refere o artigo 58.o, n.o
2, está sujeito, em conformidade com o n.o 2 do presente artigo, a coimas até
20 000 000 EUR ou, no caso de uma empresa, até 4 % do seu volume de
negócios anual a nível mundial correspondente ao exercício financeiro
anterior, consoante o montante mais elevado.

7.Sem prejuízo dos poderes de correção das autoridades de controlo nos termos do
artigo 58.o, n.o 2, os Estados--Membros podem prever normas que permitam
determinar se e em que medida as coimas podem ser aplicadas às autoridades e
organismos públicos estabelecidos no seu território.

8.O exercício das competências que lhe são atribuídas pelo presente artigo por parte
da autoridade de controlo fica sujeito às garantias processuais adequadas nos
termos do direito da União e dos Estados-Membros, incluindo o direito à ação judicial
e a um processo equitativo.

9.Quando o sistema jurídico dos Estados-Membros não preveja coimas, pode


aplicar-se o presente artigo de modo a que a coima seja proposta pela autoridade de
controlo competente e imposta pelos tribunais nacionais competentes, garantindo ao
mesmo tempo que estas medidas jurídicas corretivas são eficazes e têm um efeito
equivalente às coimas impostas pelas autoridades de controlo. Em todo o caso, as
coimas impostas devem ser efetivas, proporcionadas e dissuasivas. Os referidos
Estados-Membros notificam a Comissão das disposições de direito interno que
adotarem nos termos do presente número até 25 de maio de 2018 e, sem demora,
de qualquer alteração subsequente das mesmas.

Comentários sobre a GDRP: Para o professor, adotar uma legislação equivalente a essa
no país é bastante crítico. As empresas brasileiras não têm suporte para tanto.
Projeto de Lei 5.276/2016: Lei de Proteção de Dados no Brasil. Expande e detalha as
regulamentações que hoje são vistas no MCI.
A proteção de dados tem relevância, visto que, atualmente, há uma grande expansão de
tecnologias que capturam dados para serem eficientes. Para o professor, a privacidade,
hoje, é muito reduzida. O que pode ser feito é estabelecer conjecturas de proteção dos
dados coletados e tentar reduzir os efeitos nocivos da obtenção dessas informações.
Big Data (Tecnologia): Big data é o termo utilizado para os negócios que utilizam um
volume muito grande e complexo de dados (valor), estruturados de tal forma para que se
consiga extrair uma informação (conjunto de valores). A utilidade desse tipo de aplicação é
enorme. Ex de empresas: facebook, google, etc. O uso de Big datas pode se dar de formas
lícitas e ilícitas. Como lhe dar com isso?

ANOTAÇÕES DE AULA 13/04/2018 (SEMANA 5)


Estado de Vigilância: O Estado adquire tecnologias de tratamento de dados para
controlar os cidadãos. Ex: China
Aula sem muita apresentação. Ver vídeos do site.
ANOTAÇÕES DE AULA 20/04/2018 (SEMANA 6)
 Marco Civil é bom, mas ainda está muito limitado à princípios gerais
 Casos práticos do Direito Digital
 Projeto de Lei do Cadastro Positivo> Proposta de forma a incluir informações
que vão além de se você paga ou não suas contas. Abarca também
informações do indivíduo e familiares da quantidade que recebem, quando
recebem, etc> Para prof. É um controle social de dados no âmbito da
BigData.

ECONOMIA COMPARTILHADA

DEFINIÇÃO: Economia do Compartilhamento (Sharing economy)> Modelo de


transação que se popularizou após a crise de 2008. Com a crise, as pessoas viram
que podem, eventualmente, não ter dinheiro para comprar coisas, mas têm dinheiro
para alugar, momentaneamente, o bem daqueles que já tem a sua propriedade.
Pares em uma relação com base em um objeto ocioso por um tempo determinado
que têm um terceiro envolvido (plataforma)
Sharing economy é o termo dado ao arranjo na qual os agrupamentos de “pares”
conectam-se através da Internet a fim de realizar transações que aproveitam a
capacidade ociosa de produtos e serviços, incentivados pelas relações de
confiança e reputação (COUTO, 2017). A sharing economy pode impulsionar o
crescimento econômico uma vez que promove a competição, facilita a entrada de
novos fornecedores de produtos e serviços e favorece uma melhor qualificação de
escolha para os consumidores.

EXEMPLOS: Uber; Airbnb

EFEITOS DE REGULAÇÃO:

Plataforma

Consumidor Fornecedor

Consumidor e fornecedor não pretendem comprar ou vender nenhum bem ou


serviço, querem somente alugar provisoriamente aquele bem. A plataforma faz
o papel de um sistema que põe em contato esses dois indivíduos.

P-C e P-F: Criação de novas relações jurídicas

P-C: Relação jurídica (Relação de Consumo>Tipo de contrato que pega-se


um modelo pronto e adota todos os parâmetros dispostos, entendido dessa forma
para garantir direitos do consumidor para o usuário, diminuição da eficácia diagonal
dos direitos). Hoje em dia, segundo o professor, é considerada como uma Relação
de Consumo (Não é um parecer unânime)

P-F: Polêmica na classificação da relação jurídica (É um celeuma). Muitos


trabalhistas consideram tal relação como uma Relação de Trabalho5 (Uber:

5
Critérios para efetivação: Hierarquia, Onerosidade, Não eventualidade, Pessoalidade, empregado tem que ser
pessoa física
Questionamento acerca do critério de não eventualidade e hierarquia das atividades
do fornecedor6). Maior parte do problema é a classificação das relações jurídicas
entre a plataforma e o fornecedor

Há inúmeros problemas na forma de classificar as relações jurídicas


existentes.

C-F: Relações jurídicas já existentes no Direito Civil, mas foram potencializadas


pela plataforma digital. Pode abarcar inúmeros tipos de bens/serviços; Não pode
abarcar serviços de empréstimo entre particulares com fins lucrativos – Agiotagem -
(É uma área regulada e restrita a empresas financeiras. Banco Central já vetou um
aplicativo que promovia tal tipo de transação – processo em segredo de justiça)

ECONOMIAS DE “PLATAFORMA”

VANTAGENS

 Diminuição do custo de transação: A plataforma facilita o contato (anúncio)


dos fornecedores com os consumidores. Plataforma é digital, de fácil acesso
 Diminuição de assimetria de informação: Enorme vantagem> Consumidor
tem informações que auxilia na sua tomada de decisões.
 Melhor utilização de bens e serviços: O bem ocioso passa a ter uma
função social e utilidade no mercado. Baixa da especulação do bem
 Redução da captura de mercado: Aqueles que têm capital para promover
um mercado fechado, passam a não ter um poder tão elevado de determinar
o mercado, visto a existência da concorrência. Ex: Supervalorização das
placas de taxi em Bh, variavam em torno dos R$ 200 mil reais.

DESVANTAGENS

 Externalidades: Podem trazer problemas econômicos de efeito em cascata


nos locais onde há um grande uso da plataforma (Ex.: Airbnb nos grandes
centros urbanos mundiais – aumento expressivo dos alugueis de longa
temporada em detrimento daqueles de baixa temporada que demonstraram
ser de maior valia para os fornecedores) – o Estado deve intervir nessas
externalidades? Alguns Estados entenderam que sim, outros não.

6
No caso do Uber, por exemplo, o indivíduo não é obrigado a ter habitualidade. Hierarquia também é
questionável. Se tem dois critérios questionáveis, a Justiça do Trabalho é competente para julgar tais relações?
 Subordinação à algoritmos: Subordinação aos programas desenvolvidos.
Ex: Quais os parâmetros que o algoritmo da determinação de preço da Uber
leva em consideração? Pode trabalhar de forma suspeita e, até mesmo,
ilícita.
 “Economia comportamental”: A economia é influenciada pelos
comportamentos dos indivíduos existentes na relação jurídica.

ESTUDO DE CASOS

UBER: Contrato de Prestação de Serviço de Transportes. Acesso ao tempo do


carro/motorista de um lugar para o outro

Histórico:

 Taxis: Serviço começou a ser regulado nos EUA, em 1920. A popularização


do aluguel temporário de automóveis nos Eua, fez com que surgisse
inúmeros problemas (não paridade nas tarifas, delinquentes que usavam o
serviço para roubar, etc). Estado promove a regulamentação dessa área:
Fizeram uma triagem prévia de motoristas, identificação dos automóveis,
paridade de tarifas de acordo com o tempo e distância, dentre outras
medidas (melhorou o lado dos consumidores). Em contrapartida, os taxistas
reivindicaram regulações para melhorar suas condições (limitação do número
de automóveis, herança da placa de taxi, etc). Buscou-se, portanto, a
proteção do consumidor e do fornecedor. O sistema de taxis no Brasil segue
a mesma lógica dos EUA na década de 20. Após 90 anos, surge a Uber que
utiliza as novas tecnologias e promove serviços de melhor qualidade e que,
faticamente, demonstrou-se preponderantemente a prestação de serviços
dos taxis. Talvez, uma melhoria para os taxistas seria a modernização da
legislação existente. A coexistência da prestação de serviços, tanto do Uber,
quanto do taxi, podem trazer benefícios para todos (consumidor e fornecedor)

Transporte individual privado (Uber) – não vinculado a qualquer um, tem que o
app instalado x Transporte individual público (Taxi) – Qualquer um pode pegar
um taxi

 Uber tem uma interferência na relação jurídica entre o consumidor e o


fornecedor> Ele informa e obriga o valor das corridas.
As regulações existentes são eficazes? São pertinentes na atualidade? Deve-se
fazer sempre esses questionamentos quando analisar as legislações existentes.

Argumentos que explicitam a necessidade de uma maior regulação:

 Num primeiro momento, a empresa poderia inundar o mercado com um


serviço de menor custo e, num segundo momento, cobraria tarifas abusivas.
Esse preço, por sua vez, é formado em uma via única, através de uma
análise centralizada de oferta e demanda. O algoritmo não está disponível
para os usuários e nem para os motoristas, ou seja, nenhum outro
participante do mercado possui controle sobre o preço;
 Como bem explicado por Ragazzo, o modelo de tarifa-teto não só proíbe a
prática de preços abusivos, como também mantém um espaço para a
concorrência se formar;
 Necessário que a empresa implemente um recurso em seu aplicativo para
que a qualidade e segurança do serviço possam ser fiscalizadas pelos
usuários e pelo Estado;
Argumentos que contrariam a ideia de uma maior regulação:
 O serviço prestado pelos taxis não têm qualidade: Os lucros obtidos nesse
tipo de negócio, muitas vezes não são investidos no próprio tipo de serviço;
 Monopolização das cooperativas de taxi: o mercado de taxi, tanto no Brasil,
quanto no exterior, foi monopolizado por poucos indivíduos. Não permite a
concorrência do serviço.

Soluções possíveis

 Administrativamente, as regras poderiam ser relaxadas de forma que


qualquer motorista possa se candidatar a uma licença perante o Poder
Público, desde que os critérios estabelecidos sejam atendidos. Essa ação
teria dois efeitos: 1) ao eliminar a restrição de quantidade de táxis,
possibilitaríamos uma concorrência natural no mercado e 2) a captura do
mercado seria inibida. Obviamente, as regras para se obter uma licença
atenderiam normas de segurança e qualidade para garantir o bem-estar do
consumidor, o que exigiria maior investimento do Poder Público na
fiscalização. Além disso, há de se rever a política de sorteio para emissão de
licenças e alvarás de funcionamento para os táxis. É medieval pensar que um
serviço de concessão pública seja tratado a base de sorteio, e não na
qualidade do serviço oferecido e ganhos para a população. Se o problema é
a quantidade de serviços alternativos que possam surgir, basta também
limitar em um valor máximo a quantidade de licenças emitidas para um
mesmo CNPJ (tratando-se o Uber como uma empresa que licencia seus
serviços para motoristas).
 Há de se repensar a política de entrada no mercado de transporte de táxis,
mas não se deve abrir mão de princípios como segurança do passageiro e
motorista, muito menos do dever do pagamento de taxas e a garantia de
controle de ordem econômica (impedir cobrança preços abusivos, por
exemplo). Deve-se ter o mesmo cuidado para estabelecer as relações
jurídicas entre os diferentes agentes do mercado, pois não se pode esquecer
a proteção trabalhista de nossa legislação.

Vários outros mercados podem ser somados ao seu modelo de negócios, criando
uma cadeia de inovações disruptivas em vários setores econômicos.

AIRBNB: Facilitou a transação entre sujeitos que não se conheciam

Contrato de Aluguel (De pequena temporada, geralmente) > Já tem lei especial

Justiça tem decidido que a plataforma é responsável pelo anúncio com problemas.
Se houver algum problema entre o consumidor e o fornecedor, durante a execução
do contrato, ela não será responsabilizada. (Jurisprudência recente, pouca literatura
na doutrina)

O AirBnb atua em uma área muito bem regulada> Prestação de serviço hoteleiro, de
pousada, etc.

Locais onde há regulação para o Airbnb: San Francisco, Barcelona, etc

Discussões atuais: Como é a responsabilização do Airbnb frente ao art. 19, MCI?


Questões em relação ao Direito Tributário e a configuração de hospedagens por um
longo tempo que aparentam ser um aluguel;

Existiram determinados problemas em relação aos hotéis: Muitos indivíduos faziam


o uso do serviço para burlar as regras e obrigações dos hotéis.
A Airbnb vale mais que a rede Hilton de hotéis que têm imóveis, estrutura e outros
bens.

A crítica ao aplicativo é que ele fomenta, através da sharing economy, o que se


denomina “aluguel de pequena temporada”. Juridicamente, essa modalidade de
aluguel pode ser tratada 1) ou como uma forma ilegal de se exercer serviços de
hotelaria 2) ou como um direito do proprietário.

Demonizar um novo aplicativo por essas questões não é frutífero, pois não é a
causa do problema. A questão aqui é a adequabilidade dessas legislações à
dinâmica da sociedade.

Soluções possíveis:

o Apartamentos que se utilizam do “aluguel de pequena temporada” também


deveriam atender a restrições de segurança e urbanização, o que não quer
dizer proibir a prática ou inviabilizar o modelo de negócios. Trata-se de
adaptar as regras a uma nova economia, sem abrir mãos de princípios
jurídicos e econômicos maiores.

POLÊMICAS

 Regulação: Deve regular ou não? Deve levar em consideração os efeitos


econômicos da escolha feita.
o A regulação deve estabelecer um nível adequado de segurança e
estabilidade entre os diversos atores do mercado e o Estado, tendo
as agências reguladoras o cuidado de não serem apenas órgãos
perpetuadores do status quo ou de situações favoráveis a
interesses de terceiros que, de outra forma, não conseguiriam se
estabelecer em um mercado competitivo sem motivo
constitucional razoável.
o A consequência é que os agentes que exploram a sharing economy
vêm adotando uma postura agressiva: ao invés de adentrarem no
ambiente político para possíveis alterações legislativas, as
empresas desafiam as leis, estabelecem o produto e a marca e
esperam que, com a inércia do judiciário e legislativo de cada
jurisdição, possam construir uma base de clientes e uma
economia forte que não possa ser eliminada futuramente.
o Solução razoável: A autora de (RANCHORDAS, 2014) propõe uma
abordagem à regulação de sharing economy chamada de “innovation
law”. Nessa perspectiva, a regulação deve ser feita de forma flexível e
sempre almejando o desenvolvimento de inovações, sejam elas um
processo, um resultado, um produto, um serviço ou uma melhoria
tecnológica. A regulação se basearia mais em princípios que em
regras rígidas e a inovação seria tratada também como um bem
público a ser protegido.
o Certos princípios são tão válidos na sharing economy quanto em
qualquer outra economia e deveriam ser priorizados sempre que se
estudar novas formas de regulação, como a defesa do consumidor
contra práticas abusivas e fraudulentas, a defesa da segurança
pública, a defesa do meio-ambiente, a defesa de garantias trabalhistas
e a defesa contra abuso de posições dominantes no mercado
 Relações entre os participantes: Não tem uma uniformidade
jurisprudencial/normativa de classificação.

ANOTAÇÕES DE AULA 27/04/2018


FINTECHS
CMN 4656, de 26 de Abril de 2018 (SEP): Regulação das Fintechs no Brasil:
Funcionamento parecido com a estrutura de Economia Compartilhada

ANOTAÇÕES DE AULA 11/05/2018 (SEMANA 7)


 Caso Neon: Banco digital que foi fechado pelo BCB por conta de gestão
fraudulenta de instituição financeira;
 Área que apresenta grande complexidade, seja em função do desenvolvimento
tecnológico cada vez mais recorrente, seja em função da complexidade do
próprio sistema financeiro;

FINTECHS (Empresas que trabalham com tecnologia no sistema financeiro)


 Definição: Iniciativas empresariais que se valem de tecnologia para oferecer
produtos e serviços financeiros de maneira diferenciada (NOVAIS). Empresas
intensivas em tecnologia que prestam serviços financeiros (BCB). Deve ter
uma inovação incremental ou desruptiva. Aplicação intensiva de novas
tecnologias no mercado sob a regulação da CVN
 Histórico (Fases da Fintech) – As crises financeiras sempre mudam os
paradigmas sociais, econômicos e tecnológicos
o Fintechs 1.0 – 1866/1987: Restrito à tecnologias analógicas (sem
grande relevância)
o Fintechs 2.0 – 1987/ 2008: Em 87 teve uma crise mundial e as
empresas financeiras promoveram uma maior organização e fluxos de
dados. Início do uso da tecnologia para promover a comunicação e
integração dos sistemas empresariais.
o Fintechs 3.0 – 2008/ ... (Até os dias atuais): Popularização das
Fintechs. Em 2008, “too big, too fail”. Descrédito das instituições
financeiras comuns. Surgem, assim, iniciativas variadas (LandingClub,
Bancos Digitais, etc.). Efervescência do mercado.
o Único ponto em comum entre as fases é a definição do termo Fintech
A primeira, entre 1866-1987, é marcada pela gradual transição
entre sistemas analógicos para sistemas digitais. A segunda,
entre 1987-2008, é marcada pelo desenvolvimento e
fornecimento de serviços digitais pela tradicional indústria
financeira altamente regulada. Já a terceira, que começa em
2009 e vem até os dias de hoje, se destaca pelo aparecimento
de start-ups que prestam serviços financeiros ao público geral,
antes de exclusividade das instituições tradicionais do setor.

 Tipologia (Muito dinâmica por falta de regulação e dinâmica do


crescimento digital) – grupos baseados nos serviços que elas provêm
o 1) Finanças e investimento
o 2) Gerência de risco
o 3) Pagamentos e infraestrutura
o 4) Segurança e monetização
o 5) Interface com o usuário

 Relatório Fintech Lab (2017) – Proporções sempre mudam entre os anos.

Relatório Fintech Lab 2017


Negociação de Outros serviços
dívidas 6%
5%
Criptomoedas
5%

Seguro
6% Pagamento
32%
Crowdfunding
7%

Gestão Financeira
Investimentos
18%
8% Empréstimos
13%
o Como garantir o crescimento desse mercado sem aumentar a taxa de
juros?

o BCB está sempre de olho nas Fintechs. Acreditam que essas


empresas são uma forma de diminuir a taxa de juros
proporcionalmente à Taxa SELIC. Grande regulação e promoção
dessas empresas nos últimos tempos, visto que os Bancos Comuns
formaram uma espécie de Cartel e não abaixava as suas taxas de
juros. Mudou-se o paradigma: Não há tanto problema na existência de
bancos digitais: maior tecnologia envolvida. Mas devemos ter um olhar
crítico sobre o tema: e a privacidade? E a falta de regulação? Etc.
o Mudança do Cadastro Positivo está envolvido com o sistema
financeiro

 Lei 4.595/1964: Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias,


Bancárias e Creditícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras
providências.

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN)


ÓRGÃOS ÓRGÃOS ÓRGÃOS
NORMATIVOS SUPERIORES OPERADORES
(FISCALIZAR E REGULAR
O MERCADO)
Conselho Banco Central do INSTITUIÇÕES
Monetário Nacional Brasil (BCB) FINANCEIRAS EM
(CMN) Comissão de GERAL
Valores Mobiliários
(CVM)
Conselho Nacional Superintendência
de Seguros de Seguros
Privados (CNSP) Privados (SUSEP)
Conselho Nacional Superintendência
de Previdência Nacional de
Complementar Previdência
(CNPC) Complementar
(PREVIC)

o Art. 1º: Estabelece o Sistema Financeiro Nacional (SFN)

Art. 1º O sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado


pela presente Lei, será constituído:
I - do Conselho Monetário Nacional;
II - do Banco Central do Brasil
III - do Banco do Brasil S. A.;
IV - do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
V - das demais instituições financeiras públicas e privadas.
o Art. 2º: Definição CMN. Composto pelo Presidente do BCB,
Ministro da Fazenda e Ministro do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão (Conselho)

Art. 2º Fica extinto o Conselho da atual Superintendência da


Moeda e do Crédito, e criado em substituição, o Conselho
Monetário Nacional, com a finalidade de formular a política da
moeda e do crédito como previsto nesta lei, objetivando o
progresso econômico e social do País.

o Art. 8º: Definição BCB (Antiga SUMOC)

Art. 8º A atual Superintendência da Moeda e do Crédito é


transformada em autarquia federal, tendo sede e foro na
Capital da República, sob a denominação de Banco Central da
República do Brasil, com personalidade jurídica e patrimônio
próprios este constituído dos bens, direitos e valores que lhe
são transferidos na forma desta Lei e ainda da apropriação dos
juros e rendas resultantes, na data da vigência desta lei, do
disposto no art. 9º do Decreto-Lei número 8495, de
28/12/1945, dispositivo que ora é expressamente revogado.

Parágrafo único. Os resultados obtidos pelo Banco Central do


Brasil, consideradas as receitas e despesas de todas as suas
operações, serão, a partir de 1º de janeiro de 1988, apurados
pelo regime de competência e transferidos para o Tesouro
Nacional, após compensados eventuais prejuízos de
exercícios anteriores

o Art. 10: Competências do BCB


Art. 10. Compete privativamente ao Banco Central da
República do Brasil:

I - Emitir moeda-papel e moeda metálica, nas condições e


limites autorizados pelo Conselho Monetário Nacional
(Vetado)).
II - Executar os serviços do meio-circulante;
III - determinar o recolhimento de até cem por cento do total
dos depósitos à vista e de até sessenta por cento de outros
títulos contábeis das instituições financeiras, seja na forma de
subscrição de Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou
compra de títulos da Dívida Pública Federal, seja através de
recolhimento em espécie, em ambos os casos entregues ao
Banco Central do Brasil, a forma e condições por ele
determinadas, podendo:
a) adotar percentagens diferentes em função:
1. das regiões geoeconômicas;
2. das prioridades que atribuir às aplicações
3. da natureza das instituições financeiras;
b) determinar percentuais que não serão recolhidos, desde
que tenham sido reaplicados em financiamentos à agricultura,
sob juros favorecidos e outras condições por ele fixadas.
IV - receber os recolhimentos compulsórios de que trata o
inciso anterior e, ainda, os depósitos voluntários à vista das
instituições financeiras, nos termos do inciso III e § 2° do art.
19.
V - Realizar operações de redesconto e empréstimos a
instituições financeiras bancárias e as referidas no Art. 4º,
inciso XIV, letra " b ", e no § 4º do Art. 49 desta lei;
VI - Exercer o controle do crédito sob todas as suas formas;
VII - Efetuar o controle dos capitais estrangeiros, nos termos
da lei;
VIII - Ser depositário das reservas oficiais de ouro e moeda
estrangeira e de Direitos Especiais de Saque e fazer com
estas últimas todas e quaisquer operações previstas no
Convênio Constitutivo do Fundo Monetário
Internacional;
IX - Exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar
as penalidades previstas;
X - Conceder autorização às instituições financeiras, a fim de
que possam:
a) funcionar no País;
b) instalar ou transferir suas sedes, ou dependências, inclusive
no exterior;
c) ser transformadas, fundidas, incorporadas ou encampadas;
d) praticar operações de câmbio, crédito real e venda habitual
de títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal,
ações Debêntures, letras hipotecárias e outros títulos de
crédito ou mobiliários;
e) ter prorrogados os prazos concedidos para funcionamento;
f) alterar seus estatutos.
g) alienar ou, por qualquer outra forma, transferir o seu
controle acionário.
XI - Estabelecer condições para a posse e para o exercício de
quaisquer cargos de administração de instituições financeiras
privadas, assim como para o exercício de quaisquer funções
em órgãos consultivos, fiscais e semelhantes, segundo normas
que forem expedidas pelo Conselho Monetário
Nacional;
XII - Efetuar, como instrumento de política monetária,
operações de compra e venda de títulos públicos
federais;
XIII - Determinar que as matrizes das instituições financeiras
registrem os cadastros das firmas que operam com suas
agências há mais de um ano.
§ 1º No exercício das atribuições a que se refere o inciso
IX deste artigo, com base nas normas estabelecidas pelo
Conselho Monetário Nacional, o Banco Central da República
do Brasil, estudará os pedidos que lhe sejam formulados e
resolverá conceder ou recusar a autorização pleiteada,
podendo (Vetado) incluir as cláusulas que reputar
convenientes ao interesse público.
§ 2º Observado o disposto no parágrafo anterior, as
instituições financeiras estrangeiras dependem de autorização
do Poder Executivo, mediante decreto, para que possam
funcionar no País (Vetado)

o Art. 17: Instituições financeiras (órgãos operadores). Captam


recursos dos agentes superavitários e fazem interligação com
aqueles que não tem recursos (agentes deficitários)

Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos


da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou
privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a
coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e
a custódia de valor de propriedade de terceiros.

Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em


vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas
físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste
artigo, de forma permanente ou eventual.

o Art. 18: Funcionamento das instituições financeiras necessita de


autorização do BCB
Art. 18. As instituições financeiras somente
poderão funcionar no País mediante prévia autorização do
Banco Central da República do Brasil ou decreto
do Poder Executivo, quando forem estrangeiras.

§ 1º Além dos estabelecimentos bancários oficiais ou privados,


das sociedades de crédito, financiamento e investimentos, das
caixas econômicas e das cooperativas de crédito ou a seção
de crédito das cooperativas que a tenham, também se
subordinam às disposições e disciplina desta lei no que for
aplicável, as bolsas de valores, companhias de seguros e de
capitalização, as sociedades que efetuam distribuição de
prêmios em imóveis, mercadorias ou dinheiro, mediante
sorteio de títulos de sua emissão ou por qualquer forma, e as
pessoas físicas ou jurídicas que exerçam, por conta própria ou
de terceiros, atividade relacionada com a compra e venda de
ações e outros quaisquer títulos, realizando nos mercados
financeiros e de capitais operações ou serviços de natureza
dos executados pelas instituições financeiras.

§ 2º O Banco Central da Republica do Brasil, no exercício da


fiscalização que lhe compete, regulará as condições de
concorrência entre instituições financeiras, coibindo-lhes os
abusos com a aplicação da pena (Vetado) nos termos desta
lei.

§ 3º Dependerão de prévia autorização do Banco Central da


República do Brasil as campanhas destinadas à coleta de
recursos do público, praticadas por pessoas físicas ou jurídicas
abrangidas neste artigo, salvo para subscrição pública de
ações, nos termos da lei das sociedades por ações.

 Lei 7.492/86: Define os crimes contra o sistema financeiro nacional, e dá


outras providências.
o Art. 1º:
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei,
a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como
atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a
captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
(Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a
custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou
administração de valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros,
câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de
poupança, ou recursos de terceiros;
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades
referidas neste artigo, ainda que de forma eventual.

o Art. 5º:
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no
art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer outro
bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito
próprio ou alheio:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das
pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito,
título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a
posse, sem autorização de quem de direito.

o Art. 16:
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com
autorização obtida mediante declaração (Vetado) falsa,
instituição financeira, inclusive de distribuição de valores
mobiliários ou de câmbio:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

o Art. 25:
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o
controlador e os administradores de instituição financeira,
assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição
financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em
quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de
confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial
toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois
terços.

 FairPlace (2010): Usava o mesmo sistema de sharing economy para


estabelecer serviços de empréstimos. Processo no BCB corre em sigilo(o
banco era contrário à esse tipo de serviço)
 Resolução do BCB 4656 – SEP (Mudança do entendimento do BCB)
Melhoria no SFN
o Deve-se analisar criticamente esses dispositivos (A melhor forma de
regular é por meio desses dispositivos?)
 A obrigação de S.A não é a mais viável para o surgimento de
Fintechs.
o Art. 7º:
Art. 7º A SEP é instituição financeira que tem por objeto a
realização de operações de empréstimo e de financiamento
entre pessoas exclusivamente por meio de plataforma
eletrônica.
§ 1º Além de realizar as operações mencionadas no caput, a
SEP pode prestar apenas os seguintes serviços:

I - análise de crédito para clientes e terceiros;

II - cobrança de crédito de clientes e terceiros;

III - atuação como representante de seguros na distribuição de


seguro relacionado com as operações mencionadas no caput,
nos termos da regulamentação do CNSP; e

IV - emissão de moeda eletrônica, nos termos da


regulamentação em vigor.

§ 2º Na denominação da instituição financeira a que se refere


este artigo deve constar a expressão "Sociedade de
Empréstimo entre Pessoas", sendo vedado o uso de
denominação ou nome fantasia que contenha termos
característicos das demais instituições do Sistema Financeiro
Nacional ou de expressões similares em vernáculo ou em
idioma estrangeiro.

o Art. 16:
Art. 16. O credor da operação de empréstimo e de
financiamento de que trata o art. 8º não pode contratar com um
mesmo devedor, na mesma SEP, operações cujo valor
nominal ultrapasse o limite máximo de R$15.000,00 (quinze
mil reais).
§ 1º Além do limite de que trata o caput, a SEP pode
estabelecer outros limites para os credores e para os
devedores, referentes às operações de empréstimo e de
financiamento.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos credores que
sejam investidores qualificados, conforme definição da
regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários.
o Art. 26:
Art. 26. A SCD e a SEP devem observar permanentemente o
limite mínimo de R$1.000.000,00 (um milhão de reais) em
relação ao capital social integralizado e ao patrimônio líquido.

o Art. 28:
Art. 28. O funcionamento da SCD e da SEP depende de prévia
autorização do Banco Central do Brasil, conforme disposto
nesta Resolução e nas demais disposições regulamentares
vigentes.

 Lei 12865 (Instituições de Pagamento) – Melhoria no SFN


Art. 6º: Alteração do sistema de pagamento brasileiro
I – Arranjo de Pagamento (Conjunto de normas que
estabelecem como o pagamento será feito)
II – Instituidor do arranjo de pagamento
III – Instituições de pagamento
 Circular BCB 3.683 (Revogada pela Circular BCB 3.885/2018)
o Art. 2º.
Resolução 4553 (Regulação prudencial): tentativa do BCB em voltar em
uma forma de ser mais flexível na regulação. Classifica as instituições
financeiras em grupos de maneira a não prejudicar as menores e não regular
de menos as maiores.
 Instrução CVM nº. 588 (Regula o Crowdfunding) – Financiamento coletivo.
Resposta rápida da CVM ao que acontecia no mercado.
 Observações:
o NUBANK ainda não é uma instituição financeira, mas já conseguiu
autorização para tanto.

ANOTAÇÕES DE AULA 11/05/2018 (SEMANA 7)


BITCOIN/BLOCKCHAIN

 O QUE É BITCOIN?
o É uma criptomoeda: é uma abstração digital que diz que o indivíduo é
proprietário de um bem intangível. Manifestação de uma ideia na
internet
 Obtida pela chave privada: código alfa numérico específico para
cada um dos usuários/proprietários. Geralmente, dividido em
duas partes (chave pública e privada) e a união dela no âmbito
digital comprova que o indivíduo é dono daquelas
criptomoedas na plataforma. A ideia do par chave privada(não
divulgada) e chave pública (divulgada) pode ser entendido
como um login e senha. Usa-se a chave pública para que
alguém transfira moedas para mim. Já a privada, quando eu
quero transferir as moedas para alguém.
o
 O QUE É BLOCKCHAIN
o No Blockchain sua conta é compreendida pela chave pública e chave
privada.
 Moedas: Ao longo da história teve-se inúmeras moedas com diversos
problemas:
o Eram perecíveis (cabeça de gado, café, etc)
o Utilizou-se minerais (Ouro, prata, etc). Durou alguns milênios:
Problemas comuns eram a falsificação.
o Papel moeda
o Moeda eletrônica
o E atualmente tem-se as criptomoedas: meios de melhor valorização
da moeda, mais estabilidade, etc.
o Sistema centralizado: Grande problema da centralização das
operações de moedas feita pelos bancos, atualmente, é o próprio
banco, visto que há uma cadeia de regulação e processual que
deixam tais operações mais caras, mas tem algum benefícios (maior
segurança de dados, regulação e certa intervenção estatal, etc.
 Nos anos 80 surgiu o CyberPunk (movimento de contra cultura
que criticava a cultura como um todo). Dele surgiu o
CypherPunk que começou a fazer movimentações sociais,
acadêmicas e tecnológicas para acabar com a lógica bancária
que, aqui, era entendida como algo ruim que tomava o
dinheiro das pessoas. Tal movimento promoveu7 o surgimento
do BlockChain com a finalidade de dar autonomia as pessoas
em face do sistema centralizado.
o Blockchain é considerado um sistema descentralizado que tende a
acabar com a lógica centralizada. Os sistemas descentralizados
apresentam muitos problemas:
 Banco de dados descentralizados: Todos que participam da rede
têm uma cópia em seu computador do banco de dados do
sistema. As operações monetárias, ao se fazer algum tipo de
transação, são informadas para todos os usuários e todos eles
irão saber o quanto cada um tem em sua conta (publiciazação
dos dados). Contudo, não há nenhum tipo de informação do
indivíduo, visto que faz-se o uso das chaves públicas e
privadas.
 Inexistência dos programas de créditos e empréstimos como é
feito pelos bancos.
 Inexistência de rendimentos.
 Desconhecimento dos indivíduos e suas práticas no próprio
sistema: A priori, os indivíduos podem forjar a transmissão de
moedas e emitir mensagens falsas na rede que faça com que
o banco de dados seja atualizado com informações errôneas.
Para evitar tal problema, utiliza-se as chaves públicas e
privadas para conferência dos dados emitidos entre os
usuários. A chave pública deve ser consistente com a
assinatura (informação criptografada que confirma a
transmissão de dados).
 Falta de garantia, a priori, do fluxo de informações existentes no
sistema. A tecnologia do blockchain é garantir a consistência
da transferência de dados ao longo do tempo. Para tanto, faz
o agrupamento das transações (bloco) até um limite pré-
estabelecido. Cada bloco tem a sua própria assinatura que é
verificada por um outro algoritmo (SHA256) a fim de evitar
fraudes (é muito difícil que um indivíduo consiga, em tempo
viável, calcular todas as combinações possíveis que tragam
validade para o bloco). O sistema funciona pois, ao mesmo
tempo, existem inúmeras máquinas calculando as
possibilidades. Quando uma das máquinas encontra a
confirmação daquele bloco, ela faz a emissão da validade
desse bloco para as outras máquinas. O que garante a
consistência do blockchain é que todos estão calculando, ao
mesmo tempo, quais as validações das transações de dados.
Cada assinatura de um bloco irá compor o bloco
superveniente que gerará uma nova assinatura e assim por
diante. Quem faz a decifração do bloco para confirmar as
transações ganha inúmeras moedas virtuais como incentivo
(chama-se assim de mineração – formatar/garantir a
consistência do bloco). A cada quantidade de blocos definida
o incentivo é dividido por dois(começou em 50x o valor da

7
Também deu origem ao TOR.
moeda, passou para 25x, depois 12,5x (hoje) e assim por
diante). Estima-se que em 2050, tal incentivo aproxima-se de
zero e, portanto, não haverá nenhuma emissão de bitcoin. O
incentivo, a partir daí, virá das próprias transações e não da
decifração dos blocos.
o Há uma grande improbabilidade de hackear o sistema utilizado no
blockchain, contudo não é impossível. O número de combinações
possíveis é compreendido na casa dos 9x1077.
o Blockchain.info
o É possível converter os bens intangíveis (tratados na lógica do
blockchain) em moedas. Para tanto, faz uso das “casas de câmbio”
(Ex: Foxbit, Mercado do Bitcoin, etc)
 O Bitcoin não tem valor jurídico de moeda, apesar de na lei não existir uma
definição concreta do que seria isso. Recorre-se à outras áreas do
conhecimento. Difícil de determinar.
o Moeda tem que atender 3 funções:
 Tem que ser um meio de troca.
 Deve ter reserva de valor durante um tempo.
 Deve ter um denominador comum monetário para que o
indivíduo possa fazer analogias e comparações.
 Características:
 Bem escasso, mas não tanto
 Durabilidade
 Portabilidade
 Divisibilidade
 Fácil armazenamento
 Fungível
 Dificuldade de falsificar
 Uso extenso
 O bitcoin não é considerado moeda porque não tem reserva de
valor (Um valor x de bitcoins, daqui um ano não tem o mesmo
valor). Perde seu valor de forma muito rápida.
 A perda das chaves públicas e privadas faz com que o indivíduo perca seus
bitcoins, pois ninguém mais tem essas chaves.
 CF
o Art. 21, VII: Emissão de moedas é de competência da União
o Art. 164: Responsabilidade do BCB em emitir moeda
o Art. 48, XIV: Necessidade do congresso aprovar algumas questões
pertinentes.
 Lei 4595
o Art. 10: Competência do BCB (referência ao art. 164, cf)
o Art. 3º, II e III
o Art. 4º, I e IV
 Decreto Lei 3.688 (Contravenções penais)
o Art. 43
 Comunicado 31.379 (BC)
 IRPF: Desde 2014, a RF obriga que o indivíduo declare as transações de
bitcoins a partir de transações que cheguem ao valor de R$ 35 mil. Quase
ninguém declara (Bitcoin tornou-se uma forma de sonegação de impostos)
 CVM
o Lei 6.385
o Nota 11/10/2017

Aula 29/06/2018
Inteligência Artificial e Direito

 Existem inteligências artificiais que geram e outras que classificam; Os vídeos


exemplificativos da aula de hoje são exemplos das IAs que geram;
 Teclado do WhatsApp tem uma mini inteligência artificial, visto as três sugestões de
palavras que aparecem a cada termo digitado;
 Temos músicas, quadros, obras artísticas em geral que são criadas por IA. As
tecnologias, contudo, não têm capacidade, ainda, de dar uma compreensão
semântica às suas obras;
 Devido ao estágio de desenvolvimento que as IAs apresentam hoje, alguns serviços
não são realizados de forma bem. Contudo, a tendência é que as relações
sociais/jurídicas se modifiquem;
 No âmbito do Direito temos alguns questionamentos, quais sejam:
o De quem será a propriedade intelectual dessas obras? Da própria máquina,
do artista, do programador, da empresa que desenvolveu a máquina?
o Não temos respostas para tais indagações; Somente teremos soluções
quando tentarmos resolver os casos práticos;
o A Inglaterra possui algumas normas que afirmam que a propriedade
intelectual pertencerá àquele que proporcionar os meios que possibilitem a IA
realizar as obras;
 Antes de falarmos de propriedade intelectual, temos que remeter ao direito de
Propriedade
 Personalidade
 Pode fechar contratos?
 Problemas de imputação de responsabilidades. Até quando vamos retroagir na
cadeia causal das relações para achar um responsável?
o Culpa e Dolo
 IA fraca não tem desejo/vontade/pulsão: Casos atuais. Algo que fica fácil tratarmos
as tecnologias atuais como mero instrumento;
 IA forte: Tem manifestação de vontade; Logicamente é uma programação. Contudo,
não saberemos qual a diferença entre a vontade humana e a vontade da máquina;

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