Você está na página 1de 3

10/10/23, 00:15 Nova Lei das Teles entra em vigor com a promessa de aumentar investimentos — Senado Notícias

 Menu Acessibilidade Fale com o Senado

        Buscar 

Notícias Especiais Fotos Serviços Saiba Mais Expediente Reforma Tributária Orçamento 2024
Atos de 8 de janeiro Viaje na nossa história

Home › Matérias › Especial

Nova Lei das Teles entra em vigor


com a promessa de aumentar
investimentos
Da Redação | 27/12/2019, 18h13

Um dos objetivos da nova Lei Geral das Teles é estimular a expansão da internet banda larga
Desconhecido

Com foco na modernização dos contratos das empresas de telefonia em face dos
avanços tecnológicos no setor, a Lei Geral das Teles (Lei 13.879/2019) foi sancionada
em 4 de outubro depois de longa tramitação e grande controvérsia.

A Lei Geral das Teles, ao alterar a legislação de 1997 que regulava o segmento, permite
a migração das atuais concessões para o regime de autorização, em troca de
investimentos das empresas na expansão da banda larga. Diferente do contrato de
concessão, que exige licitação e não pode ser rompido unilateralmente, a autorização
dispensa a concorrência pública, mas pode ser revogada a qualquer tempo pelo poder
público. Com a mudança, as empresas deixarão de ter obrigações previstas no regime
de concessões, como, por exemplo, investimentos em telefones públicos, conhecidos
como orelhões. A alteração deve ter o aval da Anatel, e as empresas terão que cumprir
requisitos específicos, como a garantia da prestação de serviço em áreas sem
concorrência.

Também com a finalidade de aumentar a eficiência e competição na telefonia celular, a


lei passa a permitir a transferência de autorização de radiofrequências diretamente a
outro interessado. Essa mudança leva à criação de um mercado privado de revenda
dessas autorizações, o chamado mercado secundário de espectro. O texto também
flexibiliza a gestão do espectro, possibilitando a transferência da autorização do direito
de uso da faixa sem a correspondente transferência da concessão, permissão ou
autorização de prestação do serviço a ela vinculadas.

Um dos trechos mais polêmicos do texto trata dos chamados bens reversíveis, como
prédios e equipamentos que ficaram sob a responsabilidade das empresas após as
privatizações, desde que ativos essenciais e efetivamente empregados na prestação do

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/12/27/nova-lei-das-teles-entra-em-vigor-com-a-promessa-de-aumentar-investimentos 1/3
10/10/23, 00:15 Nova Lei das Teles entra em vigor com a promessa de aumentar investimentos — Senado Notícias

serviço concedido. Segundo a lei, os bens reversíveis não serão devolvidos à União ao
fim das concessões, mas o valor desses bens utilizados para a prestação de outros
serviços de telecomunicações, explorados em regime privado, será calculado na
proporção de seu uso para o serviço prestado em regime público.

A disciplina de outorga do direito de exploração de satélite brasileiro foi alterado,


passando a permitir que o atual prazo de exploração, de 15 anos, seja renovado por
vezes sucessivas. O dispositivo elimina ainda a necessidade de licitação para a
obtenção o direito de exploração de satélite, que passará a ser conferido mediante
processo administrativo organizado pela Anatel, e estabelece que o pagamento por
esse direito de exploração poderá ser convertido em compromissos de investimento,
de acordo com diretrizes impostas pelo Poder Executivo.

Em outras alterações, os serviços de interesse coletivo considerados essenciais passam


a poder ser explorados exclusivamente em regime privado, desde que não estejam
sujeitos a deveres de universalização; o prazo da concessão poderá ser prorrogado por
períodos de até 20 anos, em vez de uma única prorrogação pelo mesmo período; o
processo de outorga das autorizações dos serviços de telecomunicações deixa de
exigir a apresentação de projeto tecnicamente viável e compatível com as normas
aplicáveis; e revoga a exigência legal de o serviço de telefonia fixa ser prestado em
regime público, o que viabilizaria a migração de todas as concessionárias para o
regime privado.

A lei também altera a Lei do Fundo de Universalização dos Serviços de


Telecomunicações (Fust) para determinar que a contribuição de 1% sobre a receita
operacional bruta das empresas incide apenas sobre os serviços de telecomunicações.

A proposição começou a tramitar na forma do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 79/2016,


do ex-deputado Daniel Vilela (PMDB-GO). A intenção do deputado era estimular os
investimentos em redes de suporte à banda larga e aumentar a segurança jurídica dos
envolvidos no processo de prestação de serviços de telecomunicação. O projeto
recebeu apoio das empresas do setor, que entenderam como defasado o modelo de
concessões concebido na década de 1990.

Na tramitação, alguns senadores criticaram pontos do texto, como a anistia de multas


aplicadas às companhias do setor e o item que dispensa as teles de devolver à União,
ao fim das concessões, parte do patrimônio físico que vêm usando e administrando
desde a privatização há 20 anos. O Tribunal de Contas da União (TCU) considerou que
faltavam informações suficientes para calcular o valor dos bens reversíveis nas mãos
das concessionárias e o custo da transição entre os modelos de concessão e
autorização.

O texto foi aprovado em dezembro de 2016, em decisão terminativa, pela antiga


Comissão Especial de Desenvolvimento Nacional, então responsável pela chamada
"Agenda Brasil", e enviado logo em seguida para sanção do então presidente Michel
Temer. No entanto, um recurso da oposição foi parar no Supremo Tribunal Federal
(STF), que determinou a devolução do texto ao Senado. Os autores do recurso
alegaram que a proposta passou por uma tramitação acelerada e deveria ter ido ao
Plenário.

A tramitação do projeto ficou paralisada até abril de 2018, quando um despacho do


então presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira, determinou sua apreciação pela
Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT). Em 11 de setembro o projeto foi aprovado na
CCT — e, no mesmo dia, no Plenário — na forma do relatório da senadora Daniella
Ribeiro (PP-PB). Na ocasião, ela destacou que a alteração na Lei das Teles abrirá
caminho para novos investimentos no setor de telecomunicações.

— Estamos atualizando a lei para que possamos ver esse Brasil conectado. Nós
estamos ficando fora desse processo. Estamos atualizando o marco regulatório e
trazendo um novo momento para o país. Estamos pavimentando o caminho para uma
nova realidade de investimentos — afirmou.

Na votação, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou o projeto como


“temerário” e “lesa-pátria” ao mudar o regime para as teles. Ele e o senador Fabiano
Contarato (Rede-ES) terminaram por se abster na votação.

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/12/27/nova-lei-das-teles-entra-em-vigor-com-a-promessa-de-aumentar-investimentos 2/3
10/10/23, 00:15 Nova Lei das Teles entra em vigor com a promessa de aumentar investimentos — Senado Notícias

— Estamos entregando concessões públicas gratuitamente para o setor privado. O


não-aperfeiçoamento da matéria, pela pressa que o governo tem para votar, na prática
faz a doação de bens públicos sem contrapartida nenhuma.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também observou que os senadores não


têm uma medida clara dos impactos regulatório e financeiro da nova lei e deveriam ter
discutido o plano de aplicação dos investimentos antes de decidir sobre o projeto de
lei.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, destacou que o texto está de acordo com as
práticas modernas e permitirá a modernização de hospitais e escolas nos “rincões”.

Apesar de o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter sancionado a Lei Geral das
Teles sem vetos, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos
Pontes, prevê que a regulamentação da nova norma deve levar cerca de um ano. Entre
as regras pendentes de regulamento está a metodologia do cálculo do saldo entre as
receitas no velho e no novo modelo de exploração entre 2019 e 2025 e os critérios de
direcionamento dos investimentos das empresas para atendimento de áreas com
cobertura insuficiente.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Proposições legislativas

PLC 79/2016

    ENGLISH ESPAÑOL FRANÇAIS

 Intranet Servidor efetivo Servidor comissionado Servidor aposentado Pensionista  Fale com o Senado

Senado Federal - Praça dos Três Poderes - Brasília DF - CEP 70165-900 | Telefone: 0800 0 61 2211

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/12/27/nova-lei-das-teles-entra-em-vigor-com-a-promessa-de-aumentar-investimentos 3/3

Você também pode gostar