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RICARDO CUZZIOL

Substituição de
Metais por
Plásticos
Cinco passos para a conversão de peças metálicas
Não há material bom ou ruim
– há apenas o material mais
adequado para cada situação
Os materiais fazem parte da vida dos seres humanos desde as mais
remotas eras. Uma das características que nos diferencia como
espécie é a habilidade de construir utensílios. E a matéria prima
para construção de nossos utensílios são exatamente os diferentes
materiais à nossa disposição.
Não só para utensílios e ferramentas, vestuário, moradia,
armas...enfim, para cada necessidade humana, nossa espécie
sempre se apoiou nos materiais para, se aproveitando de suas
propriedades, conformá-los nas soluções de nossos problemas.
De fato, os materiais são tão importantes para os seres humanos,
que as eras históricas são, em grande parte, nomeadas em função
do material mais importante do período: Idade da Pedra, Idade do
Bronze etc.
Na Figura 1 você pode avaliar como cada grande família de
materiais evoluiu em importância ao longo das eras históricas.
Você pode perceber por exemplo, que nas eras mais remotas, os
polímeros tinham uma importância relativamente grande. Contudo
se tratavam de polímeros naturais como peles, madeira, lã. O
mesmo vale para os materiais compósitos e para as argilas. Isto se
deve ao fato de que, nessa época, éramos basicamente
extrativistas. Utilizávamos os materiais disponíveis na natureza
com pouco ou nenhum beneficiamento antes de transformá-lo em
utensílios.
Metais

Polímeros

Compósito

Cerâmicas
C
0A

AC

00

00

00

00

20

40

60

80

00

20
00

00

10

15

18

19

19

19

19

19

20

20
10

50

Figura 1 - Importância relativa dos materiais ao longo das eras históricas

Uma percepção interessante diz respeito aos metais. Note que nas
eras mais remotas sua importância relativa era bem pequena. Isto
porque não havia tecnologia disponível que permitisse trabalhar os
metais de forma fácil. Apesar de já dominarmos o uso do fogo,
ainda não era possível atingir as altas temperaturas necessárias
para tornar os metais maleáveis o suficiente para moldá-los.
À medida que a tecnologia, em particular o domínio do fogo, se
aperfeiçoou, os metais passaram rapidamente a ganhar espaço.
Sua incrível maleabilidade, resistência e durabilidade fizeram com
que se tornasse uma das famílias de materiais mais importantes da
humanidade. As civilizações que dominavam a arte da metalurgia
também dominavam o mundo.
Em tempos mais recentes, talvez o pico na importância relativa dos
metais sobre os outros materiais tenha sido entre as décadas de 40
e 60 do século XX. Muito provavelmente impulsionado pelas
guerras e pela corrida espacial, os metais dominaram as
construções de engenharia humanas e seus diferentes tipos
proliferaram neste período.
Em minha opinião, uma consequência deste fenômeno, foi que
muitas aplicações, em todas as áreas da engenharia, foram
desenvolvidas em metais neste período. Devido à grande
abundância de tipos de metais e de um nível de conhecimento
acerca de seu comportamento – que por sinal é bastante estável e
previsível – muitas dessas aplicações aconteceram em metais de
diversos tipos.
Contudo, nessa mesma época e também devido à grande expansão
dos programas aero-espaciais, surgiu com muita força outra classe
de materiais revolucionários – os polímeros sintéticos. Em verdade,
os polímeros sintéticos apareceram décadas antes, porém a
tecnologia, diversidade de tipos e propriedades e expansão dos
métodos de fabricação em massa destes materiais explodiram mais
ou menos após a Segunda Guerra Mundial.
Atualmente, como você também pode avaliar na Figura 1, vivemos
numa era multimaterial, em que a importância relativa entre as
diferentes famílias é muito similar. Esta equalização de importância
entre as diferentes famílias de materiais trouxe uma outra
percepção – talvez, muitas das peças desenvolvidas décadas atrás,
se aproveitando da abundância e das propriedades dos metais,
possam ser fabricadas atualmente com outras classes de materiais,
como os polímeros, de forma mais eficiente e viável em termos
econômicos.
Engenheiros, projetistas e especialistas em materiais chegaram a
uma conclusão muito útil para a criação de peças de máxima
performance. Mas esta conclusão exige cada vez mais
conhecimento e pesquisa para a seleção de materiais: “Não existe
material bom ou material ruim. Existe apenas o material mais
adequado para uma dada situação” (Anônimo).
Por situação, entendemos o conjunto de material, geometria,
ambiente de utilização, função a ser realizada e retornos
esperados. Com isso, outro fenômeno ocorre: uma mesma peça
pode ser fabricada em materiais diferentes e ainda ser muito
eficiente caso as condições de uso e requisitos sejam diferentes em
situações diferentes.
Cabe, então, ao engenheiro de materiais, ao projetista, enfim à
equipe de desenvolvimento de um produto, selecionar o melhor
material com base em uma análise criteriosa das condições de uso
e selecionar materiais específicos para cada aplicação.
Um último dado muito importante e que pode representar uma
grande oportunidade para a substituição de peças metálicas por
peças plásticas - segundo um estudo conduzido pela indústria de
materiais plásticos de engenharia, de todas as peças metálicas que
têm potencial para conversão para plásticos, apenas 4% já
passaram por esta conversão! Ainda há muito trabalho a ser feito…
O processo de seleção de
materiais
É estimado que falhas catastróficas em aplicações de engenharia
tenham como causa raiz a seleção inadequada de materiais em
aproximadamente 40% dos casos! De acordo com o que vimos no
Capítulo 1, isto não significa que seja um material ruim ou de baixa
qualidade. Isto significa que, nestes casos, muito provavelmente o
material selecionado não é o mais adequado para a situação em
questão.
Existem inúmeros métodos desenvolvidos para a seleção eficiente
de materiais em aplicações de engenharia. Softwares
especialmente dedicados à seleção de materiais, comparação de
propriedades, avaliação de custo benefício etc, estão disponíveis e
são excelentes e poderosas ferramentas para o engenheiro de
materiais.
Contudo, apesar de fazer parte do processo proposto por estes
programas, um dos primeiros passos para assegurar o sucesso da
seleção de materiais depende em grande parte da habilidade do
ser humano conduzindo o processo.
Este passo é, especificamente, a identificação do “problema” a ser
solucionado pelo material que está sendo buscado. Sendo assim,
neste capítulo irei focar em um processo que pode auxiliar na
identificação deste “problema” e como conectá-lo com o processo
de seleção de materiais e guiar a escolha do material (ou materiais)
mais adequado para uma dada situação em particular.
Um fato interessante é que, a depender do “problema” em
questão, mais de uma solução pode ser possível e, por
consequência, mais de um material diferente pode ser selecionado.
Cada possível solução representa uma situação diferente de
abordar o “problema” e, portanto, materiais diferentes podem ser
mais adequados para cada uma destas abordagens.

Figura 2 - Processo de seleção de materiais proposto

Na Figura 2 você pode ver um esquema do processo proposto para


conectar a identificação do problema à seleção do material. Note
que tudo começa pela definição clara, precisa e objetiva do que
precisa ser resolvido. Também aqui existem muitas ferramentas
interessantes como o Design Thinking, mas este será tema para
outro e-book. Ao definir o problema, é importante desvinculá-lo
das ações a serem tomadas para solucioná-lo. Por exemplo, se o
problema é fazer uma peça chegar do ponto A ao ponto B, você
deve perguntar:
• Quais as formas de fazê-lo? Existe alguma dessas formas
que seja mais viável para o local, para o orçamento
disponível, para o peso da peça, que tenha os menores
custos ou que ocorra no menor tempo?
• Qual o objetivo de fazê-lo?
• O que ocorre quando a peça chegar ao ponto B? Isto pode
ocorrer no ponto A de outra forma? Em outras palavras – é
realmente necessário mover a peça?
Ao explorar estas perguntas e outras, muitas vezes você pode,
inclusive, descobrir que seu “problema” não é exatamente o que
você pensou em primeiro lugar. Pode ser que mover a peça seja
necessário apenas para fazê-la chegar ao operador que realiza a
próxima etapa da linha, mas nesse caso realizar a próxima etapa é
na verdade o que precisa ser solucionado, e se continuar a explorar
dessa forma pode ser que chegue a outro empecilho ainda mais
básico. Fazer esse processo até chegar ao problema raiz é um dos
grandes desafios da seleção de materiais e, talvez por isso haja uma
taxa tão alta de falhas relacionadas à má seleção de materiais –
dificuldade na identificação do problema real.
Uma vez identificado o problema, é preciso, aí sim, listar as ações
concretas que podem ser alternativas para solucioná-lo (p. ex.
girar, tracionar, comprimir, mover etc...). Em seguida pode-se
passar a conceber um produto, que pode ser composto por uma
única peça ou por vários componentes. Este é o produto que
realizará ou, na verdade, auxiliará às pessoas a realizarem as
funções para solucionar o problema. Este produto (e seus
componentes, se houverem) por sua vez possui uma geometria
adequada para executar a função para a qual foi concebido. Para
que execute esta função, existem alguns requisitos como
resistência mecânica, aparência, propriedades elétricas etc. Para
atender a estes requisitos, finalmente selecionamos um material
que, por meio de um processo de fabricação específico, será
transformado na geometria desejada.
Novamente, note que, ao alterarmos a função ou ação a ser
executada, muito provavelmente precisaremos de um produto
diferente com geometria e requisitos diferentes e que, portanto,
pode necessitar de materiais e processos de fabricação diferentes.
Ainda assim o problema continua sendo solucionado. O foco da
seleção de materiais, portanto, deve ser no problema, ou melhor,
em como solucionar o problema.
Para melhor explorar este conceito, quero utilizar um exemplo
prático. Imagine que você vá receber amigos em casa para uma
noite do “queijo & vinho”. Para poder servir seus convidados, pelo
menos na parte do vinho, você precisará abrir a garrafa! Este então
é o nosso problema. Na verdade, poderíamos explorar um pouco
mais e dizer que o problema de fato é transferir o líquido de dentro
da garrafa para as taças, mesmo que isso não envolva retirar a
rolha! Contudo, para ficar didático, vamos definir o problema como
abrir a garrafa, ou remover a rolha.
Uma vez definido o problema, agora precisamos definir uma ou
algumas funções, ações concretas que podem ser realizadas para
solucionar o problema. Na Figura 3, existem várias alternativas que
podem ser aplicadas a este caso. As ações concretas ou funções,
são representadas pelas setas. Note que podemos pensar em uma
função de rotação, seguida de uma função de tração. Podemos
pensar em uma função de torção, seguida por uma função de
alavanca, podemos ainda pensar simplesmente em uma função de
compressão, seguida por uma de tração. Enfim são várias
possibilidades de ações que, quando executadas solucionarão o
problema de abrir a garrafa.
a) b)

c) d)

e)

Figura 3 - Alternativas de design para "saca-rolhas" - a) Saca-rolhas tradicional; b) Saca-rolhas


de braços; c) Saca-rolhas de rosca; d) Saca-rolhas de lâminas; e) Saca-rolhas "amigo do
garçom". As setas indicam as ações para cada modelo
Em face destas diferentes geometrias, cada produto possui
requisitos únicos de resistência mecânica, ergonomia, segurança
etc. Da mesma forma, os produtos mais complexos e refinados,
podem possuir requisitos diferentes em termos estéticos.
Finalmente então, para cada uma das geometrias que você
visualiza na Figura 3, em verdade, para cada componente de cada
produto ali representado, precisamos selecionar um material mais
adequado para entregar as propriedades que tornarão possível
realizar as funções de cada caso. Além disso, o material deve
permitir que a geometria específica para a qual foi selecionado seja
fabricada por um método de transformação mais viável
economicamente.
Com este exemplo, fica claro que um problema pode possuir várias
soluções diferentes e cada uma destas soluções possuir requisitos
diferentes para sua implementação e assim o mesmo problema
pode ser solucionado de formas diferentes e com materiais
diferentes que são adequados para cada uma das situações
pensadas mas não necessariamente adequados para todas elas.
Introdução aos polímeros
Obviamente, uma classe de materiais possível de ser selecionada
como a mais adequada para uma dada situação, como explorado
no capítulo anterior, são os polímeros. É uma tese deste autor que
peças metálicas foram desenvolvidas em grande quantidade nas
décadas de 1940 a 1960 devido à grande importância relativa e
maior disponibilidade de tipos e conhecimento que os metais
possuíam nesta época (veja Capítulo 1). Também é tese deste autor
que muitas destas aplicações podem, na verdade, ter como
material mais adequado, no lugar dos metais, os polímeros.
Sendo assim, nada mais interessante do que contribuir para, pelo
menos no tocante ao conhecimento, equilibrar a balança em favor
dos polímeros com este livro. É exatamente a isso que se propõe
este capítulo – nivelar conhecimentos acerca dos materiais
poliméricos com conceitos básicos, classificações, principais tipos,
suas propriedades e aplicações.
Como complemento a este capítulo, de fato como forma de
aprofundar ainda mais os conhecimentos aqui expostos, indico a
você se inscrever em meu curso online – Curso Expresso de
Introdução aos Polímeros, disponível pela plataforma Udemy no
seguinte link:

Curso Expresso de Introdução aos Polímeros

Tendo em vista que o foco deste livro é exatamente a substituição


de metais por polímeros, onde esta substituição fizer sentido,
muitas das comparações de propriedades e características dos
polímeros serão apresentadas em comparação aos metais. Isto é
especialmente útil até mesmo pelo fato de que os metais são muito
bem conhecidos e, em sua grande maioria, os principais cursos de
formação técnica (p. ex. engenharias, tecnologias etc), possuem
disciplinas muito boas e aprofundadas sobre metalurgia. Em outras
palavras, muitos dos engenheiros, técnicos e tecnólogos conhecem
muito bem os metais e não os polímeros e, assim, utilizar a
comparação polímeros x metais é útil para o entendimento dos
polímeros.
Polímeros são materiais orgânicos, ou seja, baseados no átomo de
carbono. Este átomo é um dos únicos da tabela periódica a possuir
a capacidade de se ligar nele mesmo formando grandes cadeias
moleculares. No caso dos polímeros, estas cadeias são as chamadas
macromoléculas.
Por serem materiais orgânicos, em que suas moléculas são
formadas por ligações covalentes (ao contrário das ligações
metálicas dos metais), algumas características gerais são bastante
diferentes quando comparamos estas classes de materiais:
• Polímeros são isolantes térmicos e elétricos muito bons,
enquanto os metais são bons condutores.
• Polímeros possuem um comportamento mecânico menos
previsível (não linear) do que os metais, especialmente
quando expostos a grandes tensões e/ou deformações.
• Polímeros sofrem alterações de propriedades, em especial
mecânicas, em uma magnitude muito maior do que os
metais em variações de temperatura.
• Polímeros possuem limitações de trabalho em
temperaturas extremas com limites bem menores do que
os metais.
• Polímeros necessitam de muito menos energia para serem
transformados em peças (e para sua reciclagem) do que os
metais.
• Polímeros possuem uma relação resistência/densidade
muito superior à dos metais (para certos tipos pode ser
maior do que 3x). Isto permite a geração de peças muito
mais leves com a mesma resistência mecânica.
• Polímeros são muito mais fáceis de moldar do que os metais
podendo gerar peças extremamente complexas em muito
menos passos de fabricação, permitindo a obtenção de
peças com menos recursos, num menor tempo e menor
custo.
Estas e muitas outras características devem ser levadas em conta
no projeto de peças plásticas, em especial se o projeto for
referente à uma substituição de metal em uma peça existente. O
tema design de peças será tratado no próximo capítulo.
À parte de serem materiais orgânicos, os polímeros podem ser
classificados de diversas formas. A primeira delas é entre os
polímeros naturais e sintéticos. Como o nome sugere, polímeros
naturais são aqueles que estão disponíveis na natureza e que
podem ser utilizados com pouca ou nenhuma necessidade de
beneficiamento. Exemplos são lã, madeira (celulose) e, talvez o
mais utilizado – borracha natural. Já os polímeros sintéticos são
aqueles fabricados pelo homem através de processos industriais.
São os materiais poliméricos de maior diversidade de tipos e
propriedades, por este motivo são os mais importantes
comercialmente. Neste livro, o maior foco é nos polímeros
sintéticos.
Outra classificação importante é se um polímero se trata de um
termoplástico, termofixo ou elastômero (veja vídeo no youtube
sobre este assunto). Resumidamente, os termoplásticos são os
polímeros recicláveis. Fundem-se com calor, solidificam-se com
resfriamento e este processo pode ser repetido várias e várias
vezes. Os termofixos são polímeros que, após sua moldagem,
passam por uma reação química que forma ligações cruzadas entre
suas moléculas (reticulações). Estas ligações cruzadas impedem
que sejam fundidos novamente e, portanto, são materiais não
recicláveis – pelo menos no sentido mais básico de reciclagem (veja
vídeo no youtube sobre “reciclagem” de termofixos). Finalmente
os elastômeros, são polímeros muito flexíveis e elásticos, absorvem
muita energia mecânica e apresentam altas taxas de deformação
elástica. Também passam por um processo de geração das ligações
cruzadas chamado vulcanização e, portanto, também não são
recicláveis.
Os termoplásticos são o grupo de polímeros com a maior
quantidade de tipos comerciais disponíveis, Também são os que
apresentam a maior diversidade de propriedades e o maior
interesse comercial, inclusive devido ao apelo ambiental da
reciclagem.
Os termoplásticos podem ser ainda divididos em duas grandes
categorias: os polímeros amorfos e os polímeros semi-cristalinos.
Esta classificação é relativa ao modo como as moléculas do
material estão dispostas no espaço. Isto é importante pois esta
disposição espacial determina muitas das propriedades de um
polímero.

Figura 4 - Estrutura molecular aleatória dos


polímeros amorfos
Os materiais amorfos têm suas moléculas aleatoriamente dispostas
no espaço. Se pudéssemos visualizar estas moléculas, veríamos
algo como a Figura 4, muito similar a um prato de espaguete
cozido. Este tipo de disposição molecular apresenta um grande
espaço intermolecular e um “enroscamento” molecular (moléculas
enroladas umas às outras). Com isto os polímeros amorfos
apresentam as seguintes características:
• Devido ao grande espaço intermolecular, a luz consegue
atravessar estes materiais. Assim, polímeros amorfos
podem ser transparentes. Como a transparência não é
devida exclusivamente ao espaçamento molecular, nem
todos os polímeros amorfos são transparentes, mas todos
os polímeros transparentes são amorfos.
• A configuração molecular aleatória assemelha-se muito a
um fluido super-resfriado. Assim, um polímero amorfo,
mesmo no estado sólido, não apresenta um ponto de fusão
bem definido. À medida que aumentamos a temperatura,
as moléculas começam a se mover gradativamente até
chegarem a um ponto em que passam a fluir. Este processo
ocorre em uma ampla faixa de temperaturas e com níveis
de energia relativamente baixos.
• Ainda com relação à temperatura, em geral, os polímeros
amorfos, por necessitarem de pouca energia para iniciarem
a movimentação molecular, tendem a possuir menor
resistência térmica. Peças fabricadas com polímeros
amorfos tendem a se deformar a temperaturas pouco
acima da temperatura ambiente.
• Também devido ao espaçamento molecular, a área de
contato das moléculas com possíveis substâncias químicas
presentes no ambiente de aplicação é maior nos polímeros
amorfos. Isto faz com que sejam mais suscetíveis ao ataque
químico.
• Como as moléculas de um polímero amorfo estão
“enroscadas” umas às outras, sua mobilidade em
temperatura ambiente é relativamente baixa. Isto faz com
que sejam materiais de alta rigidez, porém menos dúcteis.
• Também devido ao “enroscamento” molecular, polímeros
amorfos tendem a ser mais resistentes a solicitações de
longo prazo apresentando melhor performance em
propriedades como o creep (fluência a frio).

Figura 5 - Estrutura molecular organizada dos


polímeros semi-cristalinos

Já os polímeros semi-cristalinos possuem regiões em que suas


moléculas apresentam um grau de ordenação bastante elevado.
Estas regiões são chamadas de cristais. Como nem todas as
moléculas se organizam na forma de cristais (Figura 5), algumas
regiões ainda apresentam certo grau de aleatoriedade, daí o nome
semi-cristainos. As propriedades dos polímeros semi-cristalinos
são:
• Contrariamente aos materiais amorfos, as moléculas de um
polímero semi-cristalino, especialmente na região dos
cristais, estão muito próximas entre si. Com isso não há
passagem de luz e, assim, todos os materiais semi-
cristalinos são opacos (mas nem todo material opaco é
semi-cristalino).
• Na região dos cristais a ligação intermolecular é muito alta
e necessita de muita energia para ser quebrada. Contudo,
uma vez atingido este nível de energia, os cristais são
completamente destruídos e as moléculas do material
passam imediatamente a fluir. Isto significa que os
materiais semi-cristalinos possuem um ponto de fusão
muito bem definido.
• Devido à alta energia necessária para destruir os cristais, os
polímeros semi-cristalinos, em geral, possuem maior
resistência térmica podendo ser utilizados a temperaturas
bastante acima da temperatura ambiente com um bom
nível de manutenção de propriedades.
• Com moléculas bastante próximas, substâncias químicas
praticamente não conseguem penetrar na estrutura de um
material semi-cristalino. Assim sua resistência química é
bastante elevada em comparação aos materiais amorfos.
• A combinação de aleatoriedade e alta organização
molecular faz com que os polímeros semi-cristalinos
possuam um excelente balanço entre rigidez e tenacidade.
Em outras palavras, estes materiais são muito bons para
peças estruturais e ainda suportam esforços de impacto de
forma bastante interessante.
• Em contrapartida, solicitações de longo prazo como é o
caso de creep podem levar a problemas prematuros com
polímeros semi-cristalinos.
Finalmente, uma última classificação dos polímeros está
relacionada à sua importância comercial e ao tipo de aplicação em
que são utilizados:
• Commodities: são materiais com propriedades gerais
relativamente mais baixas, por este motivo apresentam
mais baixo custo e são utilizados em aplicações comuns do
dia a dia como embalagens e utensílios domésticos. São os
materiais consumidos em mais alto volume da indústria.
• Polímeros de engenharia: possuem um nível de
propriedades mais elevado e, portanto, um maior custo e
performance em aplicações técnicas. São muito utilizados
na fabricação de peças de alta demanda mecânica, térmica
e que requerem precisão dimensional. Os volumes de
consumo são menores do que os dos materiais
commodities.
• Polímeros especiais: estes materiais destacam-se,
normalmente, em poucas propriedades extremamente
elevadas (p. ex. um material especial pode ser imbatível em
resistência química, ainda que sua resistência mecânica não
seja muito elevada). Por este motivo são materiais de mais
alto custo e usados em pequenos volumes, apenas em
situações que realmente demandem um material para
solucionar problemas específicos.
Na Figura 6 você pode ver um resumo desta classificação dos
materiais termoplásticos, separando-os em amorfos e semi-
cristalinos commodities, de engenharia e especiais com exemplos
de representantes dessas classificações. O tamanho de cada
“quadrante” da pirâmide é uma representação do volume relativo
de uso para cada tipo.
Finalmente, na Tabela 1, você pode encontrar uma lista com os
principais tipos de polímeros comerciais, suas características,
classificações, propriedades, curiosidades e aplicações principais.
Figura 6 - Classificação de polímeros
Tabela 1 - Tipos, propriedades e aplicações de diferentes polímeros
Material Sigla Propriedades Limitações Curiosidades Aplicações

Boa Flexibilidade Disponível nas versões


Alta tenacidade baixa (PEBD), média Embalagens, tubos,
Baixa resistência térmica
Polietileno PE Excelente resistência (PEMD) e alta (PEAD) bombonas, frascos e
Baixa capacidade de
química densidade. utensílios domésticos em
cargas estáticas
Ótima processabilidade e Há ainda o tipo Ultra alto geral
estabilidade peso molecular
Excelente resistência à
Está no limiar entre as
fadiga por flexão Baixa tenacidade abaixo
commodities e os Embalagens, potes
Boa tenacidade dos 15 °C
polímeros de engenharia injetados, filmes
Polipropileno PP Boa estabilidade térmica Limitada capacidade de
Disponível como homo e biorientados, peças de
Fácil processabilidade carga estática em
copolímero engenharia (versão com
Possibilidade de comparação aos
Usado em filmes fibras de vidro)
compostagem com cargas polímeros de engenharia
biorientados (BOPP)
e fibras
Alta rigidez Baixa tenacidade
Ótima transparência Baixa resistência à Disponível nas versões Descartáveis,
Poliestireno PS
Baixo peso intempéries cristal, alto impacto e embalagens, utensílios
Fácil processamento Relativa baixa resistência expandido (Isopor®) domésticos
Fácil coloração química
Muito versátil
Anti chama Muito mais comumente Tubos e conexões
Baixa estabilidade
Atóxico e inerte utilizado na forma de hidráulicas, fios e cabos
Poli(Cloreto de Vinila) PVC térmica
Ampla gama de compostos elétricos, esquadrias,
Liberação de HCl durante
propriedades (compostos) 2º material plástico mais forros, pisos laminados,
a degradação (queima)
Bom isolante térmico, utilizado no mundo brinquedos
elétrico e acústico
Primeiro e principal
Excelentes propriedades
polímero de engenharia
mecânicas Baixa estabilidade Peças de engenharia em
Diversos tipos existentes
Excelentes propriedades dimensional geral (automotivo),
Poliamida PA Nomenclatura em função
químicas Absorção de água filamentos e cerdas,
da quantidade de átomos
Excelentes propriedades Propensão ao tubos para a indústria de
de carbono na estrutura
térmicas amarelecimento petróleo e gás,
Nome mais conhecido –
Facilidade de modificação
Nylon
Excelente balanço de
propriedades físicas
Disponível nas versões
Ótima tenacidade
Limite de temperatura de homo e copolímero Engrenagens, esteiras
Elevadíssima rigidez
Poliacetal POM uso – 90 °C Sua cor bastante clara transportadoras,
Auto lubrificação
Baixa resistência a permite a obtenção de fixadores, peças de
superficial
entalhes peças nas mais variadas engenharia em geral
Manutenção de
tonalidades
propriedades e baixa
temperatura
Excelente balanço de
Pode se apresentar
propriedades Conectores elétricos,
amorfo ou semi cristalino
Ótimas propriedades de Hidrólise acima dos 90 °C bobinas, peças
a depender do
Poli(Etileno Tereftalato) PET barreira Na forma amorfa, estruturais, cerdas e
resfriamento
Ótimas propriedades deformação acima dos filamentos, garrafas
Versões com fibras de
elétricas 70 °C descartáveis, filamentos
vidro para aplicações de
Alta estabilidade têxteis
engenharia
dimensional
Excelente transparência Lentes óticas e
Policarbonato PC Elevada tenacidade Baixa resistência química Ótimo substituto para o automotivas, discos
Alta resistência térmica Baixa resistência ao risco vidro óticos, chapas para
Anti chama coberturas prediais
Excelente combinação de Ampla gama de Carcaças de
Acrilonitrila-Butadieno- rigidez e tenacidade Relativa baixa resistência propriedades (a depender equipamentos eletro-
ABS
Estireno Ótimas propriedades química da proporção dos co- eletrônicos, peças a
superficiais (brilho) Baixa resistência ao risco monômeros) serem cromadas e
Fácil processamento Pode ser cromado pintadas em geral
Design de peças plásticas
Muito bem, neste ponto você já deve ter percebido que não existe
material bom ou material ruim, apenas o mais indicado para uma
determinada situação, que há um processo que você pode seguir
para identificar o material (ou os materiais) mais indicados em
função da situação de uso específica e que os polímeros são
alternativas importantes e interessantes para muitas dessas
situações.
Mas por que você selecionaria um polímero para sua aplicação?
Quais os problemas que um polímero pode ajudar a solucionar?
Neste Capítulo estão relacionados alguns dos principais motivos
pelos quais um material plástico pode ser selecionado para uma
dada aplicação. Esta lista não é, nem de longe, exaustiva, o que
significa que outros motivos podem ser considerados para a
seleção de polímeros.
• Polímeros permitem a fabricação de peças extremamente
complexas em poucas etapas de processo economizando
recursos, tempo e permitindo a fabricação de peças de
menor custo.
• Polímeros são facilmente coloridos. As peças já podem,
inclusive, ser moldadas diretamente na cor desejada sem
necessidade de processos posteriores como a pintura. Isto
contribui para a eliminação de etapas do processo e
também para a preservação do ambiente uma vez que
processos de pintura sempre geram efluentes que precisam
de tratamento, além de apresentarem riscos de saúde e
segurança.
• Polímeros também podem ser utilizados em aplicações que
não requerem cor nenhuma, ou seja, transparentes. Como
vimos, muitos materiais amorfos são transparentes e
podem substituir outros materiais como vidro com
vantagens em redução de peso, necessidades energéticas
de produção e resistência mecânica das peças.
• Polímeros não são suscetíveis à corrosão, como os metais.
Mesmo em ambientes não agressivos os metais podem
sofrer corrosão (ferrugem), já os polímeros são imunes a
este tipo de ataque e, de fato, são utilizados para proteger
peças metálicas do enferrujamento (pintura).
• Polímeros são excelentes isolantes térmicos, elétricos e
acústicos. Aplicações que requeiram este tipo de
propriedade como cabos elétricos, e painéis de isolação
térmica e acústica doméstica podem utilizar polímeros de
forma bastante eficiente.
• Polímeros são recicláveis. Em verdade, outros materiais
também são, contudo os polímeros apresentam vantagens
no processo de reciclagem como menor demanda
energética em complemento às vantagens mencionadas
anteriormente.
Contudo, substituir peças fabricadas em outros materiais,
especialmente os metais, não é uma tarefa a ser realizada sem
alguns cuidados. Como mencionei no Capítulo 1, metais são
materiais cujo comportamento é vastamente conhecido e
previsível. Os engenheiros e projetistas dominam muito bem a arte
de projetar com metais. Já com polímeros esta arte ainda está em
fase de disseminação. Como consequência, o principal problema na
conversão de peças metálicas por peças plásticas se origina pelo
fato de se utilizarem as mesmas regras de design dos metais para
as peças plásticas. De fato, muitas peças que passam por esta
conversão, simplesmente “trocam” de material com pouca ou
nenhuma alteração de design entre a peça original de metal e a
nova peça em plástico.
Como os plásticos, obviamente, não são metais, algumas
adaptações de design devem ser feitas na grande maioria dos
casos. O processo de conversão de peças metálicas em peças
plásticas segue os passos representados na Figura 7, sendo que o
passo intermediário de estudos para esta conversão talvez seja o
mais importante.

Figura 7 - Processo de conversão de peças metálicas em peças plásticas

A seguir seguem algumas recomendações, regras e dicas para o


design de peças plásticas, em especial, para peças que forem
passar pela conversão de metal para plástico:
• Cuidado com as espessuras – polímeros diferentemente
dos metais, possuem um módulo de flexão (que é uma
medida de rigidez do material) dependente da espessura.
Quanto maior a espessura da peça menor o módulo. Sendo
assim aumentos de espessura visando enrijecer a peça
podem não ser eficientes (Figura 8).
• De fato, peças plásticas devem seguir a máxima “tão
espessa quanto necessário, tão fina quanto possível”.
Tipicamente você vai encontrar peças plásticas de
engenharia com espessuras entre 2 mm e 5 mm.
Obviamente que espessuras fora dessa faixa são
encontradas, porém devem ser usadas com bastante
critério e em função do material específico em uso.
Figura 8 - Módulo de elasticidade de polímeros em função da espessura

• Outro ponto importante com relação a espessuramento de


peças plásticas – tanto quanto possível, mantenha as
espessuras das peças o mais uniforme possível em toda a
geometria (Figura 9).

Figura 9 - Espessuramento uniforme - esquerda - ruim; centro - melhor; direita - ideal

• Com raras exceções, por exemplo em nervuras, quanto


mais uniformes as espessuras, melhor o desempenho das
peças em termos de estabilidade dimensional e em controle
de processo de fabricação.
• A forma mais eficiente para aumento de rigidez em peças
plásticas é o nervuramento. Aproveite a possibilidade de
moldagem de peças complexas em polímeros e preveja
nervuramento para aumento de rigidez. Com isso, além do
reforço estrutural, também é possível projetar peças que
economizam material e que podem ser fabricadas em ciclos
mais rápidos (Figura 10 até Figura 13).

Figura 10 - Padrões de nervuramento e influência na resistência da peça

Figura 11 - Dimensionamento de nervuras


Figura 12 - Intersecção de nervuras

Figura 13 - Peças com mesma resistência mecânica: Topo) sem nervuras; Centro) nervuras
propiciam 23 % menos material e ciclo 35 % menor; Embaixo) nervuras propiciam 57 % menos
material e ciclo 15 % menor
• Considere com cautela questões dimensionais como
tolerâncias. A estabilidade dimensional dos polímeros é
mais baixa do que a dos metais. Ainda que peças de
extrema precisão possam ser fabricadas com polímeros,
dificilmente você terá as mesmas tolerâncias que peças
metálicas usinadas. Lembre-se também que polímeros se
deformam mais facilmente do que os metais quando
sujeitos a esforços e, portanto, são mais fáceis de manusear
em processos de montagem posteriores o que pode
minimizar a necessidade de altíssima precisão.
• Apesar de não serem suscetíveis à corrosão, como já
mencionado, polímeros são suscetíveis a outros tipos de
ataque que podem levar à degradação (perda de
propriedades e funcionalidade). Um bom exemplo é a
radiação UV que praticamente não afeta os metais, mas
tem efeito devastador em materiais poliméricos que não
sejam devidamente protegidos. Leve em conta o ambiente
de aplicação e avalie todos os agentes que podem
potencialmente degradar os polímeros. Exemplos: radiação
UV, água quente (para materiais que sofrem hidrólise como
poliésteres), ácidos e bases fortes, solventes, alta
temperatura etc.
• Por falar em alta temperatura, também já foi mencionado
o fato de que os polímeros possuem um limite mais baixo
para exposição à temperatura quando comparado aos
metais. Polímeros podem apresentar comportamento
mecânico completamente diferente em uma faixa de
temperatura tão estreita quanto entre 25 °C e 100 °C. Por
este motivo considere as propriedades mecânicas do
material a ser selecionado na temperatura de uso real da
peça (Figura 14).
250 -20 °C
0 °C
23 °C
B 40 °C
60 °C
90 °C
200 120 °C
150 °C

B B - Break

Stress in MPa 150

B
B
100 B
B
B
B

50

0
0 1 2 3 4 5 6

Strain in %

Figura 14 - Comportamento mecânico de


material polimérico em diferentes temperaturas

• Cantos vivos são bastante conhecidos por serem pontos de


acúmulo de tensões. Mesmo em outros materiais, como os
metais, é uma boa prática evitar este tipo de construção.
Contudo, em polímeros o efeito dos cantos vivos é ainda
mais pronunciado. Sendo assim, considere sempre incluir
raios de transição no encontro de paredes e nervuras. Não
é necessário um grande raio, por menor que seja, o efeito
de melhoria já é bastante grande (Figura 15).

ade
sid
Resistência ao impacto (kJ/m2)

visco
a
alt de
de s i da
M a visco
PO méd
i
d e
POM

Raio (mm)
Figura 15 - Influência do raio de transição na resistência ao impacto
• Evite acúmulos de massa em peças plásticas. Esta medida
está muito alinhada com a utilização de espessuras
uniformes ao longo da peça. Porém algumas regiões
pontuais como bases de nervuras, encontro de paredes,
raios de transição etc, podem apresentar acúmulo de massa
e passarem desapercebidos. Estas regiões de acúmulo de
massa podem levar a problemas como vazios internos
(bolhas), rechupes (depressões estéticas na superfície das
peças), elevação desnecessária do tempo de ciclo e
distorções nas peças.
• Isotropia e anisotropia. Em geral os materiais poliméricos
são mais anisotrópicos do que os metais e outros materiais.
Isto se deve ao fato de que são formados por longas
moléculas e em muitos casos isto é ainda mais pronunciado
devido à incorporação de reforços fibrosos (como fibras de
vidro por exemplo). Leve em conta este fator ao projetar
sua peça avaliando a orientação molecular do material e
das fibras de reforço para sempre trabalhar no eixo de
maior resistência do material (Figura 16).

Figura 16 - Polímeros apresentam anisotropia, ou seja,


propriedades diferentes em direções diferentes
• Conheça os tipos de solicitação mecânica presentes na peça
em estudo. Adicionalmente, saiba quais propriedades dos
materiais poliméricos podem ajudar no dimensionamento
da peça para suportar os respectivos esforços mecânicos.
Familiarize-se com as propriedades dos materiais
poliméricos e conheça as fontes de informação para estes
materiais.
Como mencionado neste capítulo, o passo intermediário na
conversão de peças metálicas para peças plásticas, que é o passo
de estudos de seleção de materiais e de geometrias a serem
utilizadas, é o mais crítico. Por este motivo, a maior alocação de
tempo no processo de conversão de peças metálicas para peças
plásticas deve ser na etapa de estudo. Além dos estudos
tradicionais, cálculos e brainstorming, as simulações
computacionais podem ajudar imensamente neste processo.
Simulações tanto estruturais quanto de fluxo auxiliam a criar e
analisar diferentes cenários com diferentes geometrias e materiais
em tempo muito mais curto do que ensaios reais e protótipos.
Conhecer estas ferramentas é uma vantagem muito interessante
para engenheiros e projetistas de peças plásticas, contudo este
também será tema para outra publicação.
Na fase de estudo, contemple também a possibilidade de
integração de peças e funções. Como os materiais plásticos
permitem a fabricação de peças bastante complexas em menos
etapas de fabricação, pode fazer muito sentido converter não
apenas uma peça de metal para plástico mas também algumas (ou
várias) peças adjacentes àquela em uma única peça moldada.
Exemplos de Peças
Neste capítulo, vou te mostrar 4 exemplos de peças convertidas de
metal para plásticos. Serão apresentados a imagem da peça,
benefícios dessa conversão e o material utilizado.

• Carter automotivo: Peça originalmente fabricada em alumínio.


• Material atual: Nylon 66 com fibras de vidro e estabilizado
termicamente
• Benefícios da conversão: redução de peso, integração de funções (peça
pronta para montagem em menos passos de processo), resistência
mecânica melhorada (impacto), redução de custos
• Duto de ar automotivo: Peça originalmente fabricada em alumínio e
borracha
• Material atual: TPC-ET (elastômero termoplástico base éter-éster)
• Benefícios da conversão: redução de peso (mais de 50 %), integração
de funções (redução do número de componentes), redução de custos

• Dobradiça de porta de trator: Peça originalmente fabricada em aço.


• Material atual: PPA com fibras de vidro
• Benefícios da conversão: redução de peso, redução do tempo de
produção, manutenção da resistência mecânica, otimização de design
• Parafuso de fixação: Peça originalmente fabricada em aço carbono
• Material atual: TPU com fibras de vidro (poliuretano termoplástico)
• Benefícios da conversão: eliminação de problemas de corrosão,
manutenção das propriedades mecânicas, redução de peso
Créditos das fotos e imagens
• Capa: Designed by aopsan / Freepik
• Figura 1 – adaptado de: Ashby, M., Material Selection in
Mechanical Design, 3rd Edition, Butterworth-Heinemann,
London, 2005.
• Imagens na Figura 3 (saca-rolhas): Sketchup 3D warehouse
database
• Figura 14 – Fichas técnicas de materiais da DuPont.
Disponível em:
https://dupont.materialdatacenter.com/products
• Figura 15 – Manuais técnicos DuPont. Disponível em:
https://dupont.materialdatacenter.com/products
• Carter Automotivo: imagem cedida por DuPont
• Duto de ar automotivo: imagem cedida por DuPont
• Dobradiça de trator: imagem cedida por DuPont
• Parafuso e porca: imagem cedida por Lubrizol
• Demais fotos e imagens: autoria própria
Sobre o autor
Ricardo é técnico em plásticos pelo SENAI ”Mario Amato”,
Engenheiro Químico pela E. E. Mauá e Mestre em Engenharia
Química com ênfase em ciência e tecnologia de polímeros pela
FEQ/Unicamp. Também é Master Practitioner em PNL pela Ápice
Desenvolvimento Humano e Master Coach de Carreira pelo IBC e
pelo Instituto Maurício Sampaio com reconhecimento
internacional. Co-autor do livro ”Ação Transformadora - Coaching
como Ferramenta de Mudança” tem 20 anos de experiência como
especialista técnico em transformação de polímeros, líder de
projetos de crescimento e líder de equipes de desenvolvimento de
aplicações. Atua na indústria como especialista técnico em
moldagem de polímeros, treinador técnico e coach de engenheiros
além de gerenciar o canal de Youtube sobre polímeros -
http://www.youtube.com/c/ricardocuzziol.

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