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Soldagem

Matriz 1025 – Código 3050096


Aula 2
Prof. Éverton Rafael Breitenbach

1
Disciplina Soldagem

Na soldagem por fusão a velocidade de resfriamento varia


com:

 a energia cedida durante a soldagem por unidade de


comprimento da solda,

 com a temperatura inicial da peça,

 com a sua espessura,

 com a sua geometria.

Este fato é muito importante pois pode limitar a faixa de


energia utilizável na soldagem de um componente de aço
em que se necessita alta tenacidade.
Disciplina Soldagem

 Na maioria dos processos de soldagem, a junta


precisa ser aquecida até uma temperatura adequada.
Em particular, na solda for fusão, trabalhe-se com
fontes de calor de elevada temperatura (2000 a 20000
oC) e concentradas (arco voltaico > 8x108 W/m2), as

quais ao serem deslocadas ao longo da junta resultam


na formação da solda pela fusão e solidificação
localizadas da junta.

 Esta aplicação concentrada de energia gera altos


gradientes térmicos (102 a 103 oC/mm) com extensas
alterações na microestrutura e propriedades em um
volume pequeno de material.
Disciplina Soldagem

A microestrutura formada em função da velocidade de


resfriamento (ou temperatura de transformação) é obtida
experimentalmente, sendo registrada em diagramas TTT
ou TRC.
Disciplina Soldagem

A resistência mecânica dos aços pode variar


enormemente, de cerca de 200 até 2000 MPa. Dentre os
mecanismos de endurecimento de aços pode-se citar:

 deformação a frio;
 formação de solução sólida;
 formação de constituintes mais resistentes;
 endurecimento por precipitação;
 refino de grão.

O refino de grão é particularmente importante para


produzir aços com ductilidade e tenacidade em sintonia
com a demanda do projeto.
Disciplina Soldagem
Fluxo de Calor na Soldagem

O fluxo de calor na soldagem pode ser dividido, de


maneira simplificada, em duas etapas básicas:
fornecimento de calor à junta e dissipação deste calor
pela peça.

Na primeira etapa um parâmetro importante para


caracterizar o processo é a energia de soldagem (aporte
térmico ou heat input) definida como a quantidade de
energia fornecida à junta por unidade de comprimento da
mesma.
Disciplina Soldagem

Conceito de energia de soldagem. . é a potência


dissipada no arco e cedida à peça, t é o tempo e L é o
comprimento de solda.
H é a energia de soldagem (J/mm), η é a eficiência térmica
do processo, V é a tensão no arco (V), I é a corrente de
soldagem (A) e v a velocidade de solda (mm/s)
Disciplina Soldagem
Na segunda etapa, a dissipação de calor ocorre
principalmente por condução, das regiões aquecidas para o
restante do material. A evolução de temperatura em
diferentes pontos, devido à soldagem, pode ser estimada
teórica ou experimentalmente.
Disciplina Soldagem
Temperatura de pico (Tp) : é a temperatura máxima atingida pelo
ponto. A temperatura de pico indica a possibilidade de ocorrência
de transformações microestruturais, determinando assim a
extensão da região afetada pelo calor durante a soldagem.

Tempo de permanência (Tc) acima de uma temperatura crítica:


tempo em que o ponto fica submetido a temperaturas superiores
a uma temperatura mínima (Temperatura crítica – Tc), para
ocorrer uma alteração microestrutural ou de propriedades
significativas no material

Velocidade de resfriamento (φ): é obtida pela derivada (ou


inclinação) em uma determinada temperatura (T) da curva de
resfriamento. Alternativamente, é comum caracterizar o
resfriamento de uma tolda pelo tempo (ΔtT1/T2 ) para a solda se
resfriar de uma dada temperatura T1 até outra T2. Para a
soldagem de aços, as temperaturas são, em geral 800 e 500º C.
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Os ciclos térmicos térmicos de soldagem e a repartição


térmica dependem de diversas variáveis, entre elas:

Tipo de metal base:

Metais e ligas de elevada condutividade térmica,


como o cobre e alumínio, dissipam o calor rapidamente da
região da solda, o que torna mais difícil a formação da poça
de fusão.
Por outro lado, materiais com menor condutividade
térmica tendem a apresentar gradientes térmicos mais
abruptos no aquecimento e menores velocidades de
resfriamento. Nesses materiais, a energia térmica é melhor
aproveitada para a fusão localizada à soldagem.
Disciplina Soldagem

Geometria da Junta:

Considerando todos os parâmetros idênticos, uma


junta em T possui três direções para o fluxo de calor,
quanto uma junta de topo possui apenas duas, logo as
juntas em ângulo tendem a esfriar mais rapidamente.
Disciplina Soldagem

Espessura da Junta:

Para uma mesma condição de soldagem, uma junta


de maior espessura facilita o escoamento o calor na região
da solda. Para a condição em que o tempo de resfriamento
da solda seja entre 800 e 500º C, este pode ser estimado
pela expressão:

Onde K é a condutividade térmica do material e To é a


temperatura inicial do material.
Disciplina Soldagem
Energia de Soldagem e Temperatura Inicial da Peça:

A velocidade de resfriamento diminui com o aumento


destes dois parâmetros, e a repartição térmica torna-se
mais larga. Do ponto de vista operacional, estes dois
parâmetros são aqueles que podem ser mais facilmente
alterados pelo pessoal responsável pela operação de
soldagem. Isto é muito importante pois tem influência direta
na microestrutura e propriedades da região da solda.
Disciplina Soldagem
A curva de repartição térmica permite definir, para uma
solda por fusão, três regiões básicas:
Disciplina Soldagem
A curva de repartição térmica permite definir, para uma
solda por fusão, três regiões básicas:

Regiões de uma solda por fusão (esquemética): A – Zona


Fundida (ZF); B – Zona Termicamente Afetada (ZTA); e C –
Metal Base (MB).
Disciplina Soldagem
A figura mostra esquematicamente as reações e
alterações esperadas, na soldagem de um aço de baixo
carbono, para um ponto situado na zona fundida.
Disciplina Soldagem
Na parte posterior da poça de fusão, a queda de
temperatura provoca a redução da solubilidade de gases
em solução, como o H, N e o O, resultando em porosidades
e/ou inclusões de materiais insolúveis no material base.

Variação da solubilidade do H no ferro líquido e sólido


Disciplina Soldagem

Efeito da basicidade da escória no teor de oxigênio da zona fundida


(% em peso)
Disciplina Soldagem
Ainda, na parte posterior da poça de fusão, a estrutura
típica, é semelhante de um lingote ou peça fundida.
Disciplina Soldagem

Em um cordão de solda, o metal líquido da poça de


fusão entra em contato com o metal base (a “parede do
molde”) e não é fortemente superresfriado pois o metal de
base foi aquecido até a temperatura de fusão pela fonte de
calor.
Assim a formação de um grande número de novos
grão não tende a ocorrer, a zona coquilhada não é formada
e o cordão de solda é constituído predominantemente por
uma zona colunar.

Metalografia entre a região de


ZTA e ZF de um aço inoxidável
ferrítico mostrando a
continuidade dos grãos.
Aumento 100 x.
Disciplina Soldagem

Na soldagem com elevada energia de soldagem,


quando a poça apresenta grandes dimensões, uma zona
central pode ser formada, entretanto não é a situação
encontrada para a maioria dos casos de soldagem.

Como a formação de grãos é limitada, o início da


solidificação na poça de fusão ocorre principalmente pelo
crescimento de grão do metal base que estão na linha de
fusão (fronteira entre a ZF e a ZTA), assegurando a
continuidade metalúrgica entre estas zonas.
Disciplina Soldagem
Em um cordão de solda, com vários passes, a
microestrutura é ainda mais complexa, causando a
reaustenitização e subsequente transformação desta no
resfriamento, alterando (refinando) parcialmente a microestrutura.

Macrografia de
uma solda de
vários passes
em um aço de
baixo carbono
Disciplina Soldagem
As caracterísitcas da ZTA dependem
fundamentalmente do tipo de metal base e do processo e
procedimento de soldagem, isto é, dos ciclos térmicos e da
repartição térmica.

No caso de metais não transformáveis (Al, Cu) no


estado recozido, a mudança mais marcante será o
crescimento de grão.

Caso o material esteja encruado, a ZTA apresentará,


além de uma região de crescimento de grão adjacente à ZF,
uma região recristalizada localizada um pouco afastada.

Em metais transformáveis, a ZTA será mais


complexa.
Disciplina Soldagem

Estrutura esquemática da ZTA de um aço de baixo carbono


Disciplina Soldagem
Região de Crescimento de Grão
Disciplina Soldagem
Região de Refino de Grão

Região Intercrítica
Disciplina Soldagem
Descontinuidades

 Descontinuidade é a interrupção das estruturas típicas


de uma junta soldada, no que se refere à
homogeneidade de características físicas, mecânicas
ou metalúrgicas.

 Não é necessariamente um defeito.

 A descontinuidade só deve ser considerada defeito,


quando, por sua natureza, dimensões ou efeito
acumulado tornar a junta inaceitável, por não satisfazer
os requisitos mínimos da norma técnica aplicável.
Disciplina Soldagem

Terminologia de Descontinuidades
Preparação incorreta da junta

Ângulo excessivo de reforço

Normal Excessivo 28
Disciplina Soldagem

Cavidade alongada

b
Disciplina Soldagem

Concavidade

Concavidade excessiva

Normal Excessivo
Disciplina Soldagem

Calibre de solda Calibre de solda


Disciplina Soldagem

Deformação angular

Normal Excessiva

Deposição insuficiente
Disciplina Soldagem
Desalinhamento

Embicamento
Disciplina Soldagem

Falta de fusão

a b

c d
Disciplina Soldagem

Falta de penetração

d
Disciplina Soldagem

Inclusão de escória

a b

c d
Disciplina Soldagem
Mordedura

Mordedura na raiz Penetração excessiva


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Porosidade

Porosidade agrupada
Disciplina Soldagem
Porosidade alinhada

Porosidade vermiforme
Disciplina Soldagem
Rechupe de cratera

A : A´
Disciplina Soldagem
Reforço excessivo

Normal Excessivo

Sobreposição
Disciplina Soldagem

Solda em ângulo assimétrica


Disciplina Soldagem
Trinca de cratera

(a) (b)
Disciplina Soldagem
Trinca Interlamelar

Trinca irradiante
Disciplina Soldagem
Trinca longitudinal

(d)

Trinca na margem
Disciplina Soldagem
Trinca na raiz

(a) (a)

Trinca ramificada

(a)

(b)
Disciplina Soldagem

Trinca sob cordão

Trinca transversal

(a)
(b)

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