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Sistemasde

informações, inovação
e tecnologia na saúde
Profª. Joana Rita Galvão e Leandro Tiago Sperotto

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Profª. Joana Rita Galvão e Leandro Tiago Sperotto

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

G182s
Galvão, Joana Rita

Sistemas de informações, inovação e tecnologia na saúde. / Joana


Rita Galvão; Leandro Tiago Sperotto. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

194 p.; il.

ISBN 978-65-5663-255-1
ISBN Digital 978-65-5663-256-8

1. Sistema de informação em saúde. - Brasil. I. Sperotto, Leandro


Tiago. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 610

Impresso por:
Apresentação
Neste estudo, abordaremos o Contexto Histórico do Sistema de
Informação em Saúde, desde o período Colonial até os dias atuais. Nesse
processo histórico serão abordadas as estratégias de saúde adotadas em cada
período, bem como os tipos de controle e coleta de informações utilizados
frente às diferentes epidemias vivenciadas. Posteriormente, inicia-se a
discussão acerca dos SIS adotados pelo Ministério da Saúde atualmente,
como formas de ampliar os conhecimentos pertinentes às bases de dados
existentes, quais informações alimentam os sistemas e qual a contribuição de
cada um deles para o processo de tomada de decisões estratégicas no Sistema
de Saúde brasileiro. Da mesma forma, discorre-se sobre a forma como essas
informações são divulgadas e como esses sistemas de informação têm sido
substituídos ou adaptados para as tecnologias remotas, a partir da criação
de aplicativos (app) informacionais da saúde. Apresenta-se ainda o sistema
de informação criado como fonte informativa para difundir as questões
relacionadas à pandemia do novo Coronavirus (COVID-19), tanto em nível
nacional quanto internacional. Para finalizar, será feita a sistematização
dos passos fundamentais para a organização de um SIS, bem como a forma
pela qual são processados os registros eletrônicos em saúde (prontuários
eletrônicos). Ao final de cada tópico são propostas atividades de revisão,
como também, sugestões de leituras, resumos e as referências bibliográficas
utilizadas.

Na Unidade 2, estudaremos o desenvolvimento e adoção da


Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) e todo processo que envolve
o desenvolvimento dos sistemas, associando-o com as estratégicas
tecnológicas. Abordaremos questões relacionadas à avaliação da eficácia e
efetividade, das orientações e perspectivas da avaliação saúde pública, da
ética, da pertinência da informação para a indústria farmacêutica. Também
discutiremos sobre as principais tecnologias adotadas na área da saúde, bem
como seu ciclo de vida e as etapas da avaliação tecnológica em saúde. Ainda,
estudaremos os desafios enfrentados na área tecnológica, especificamente
quanto aos recursos limitados, a diversidade no padrão de morbidade, a
diversidade cultural, o sistema político, estrutura do sistema de saúde, a
informação e os dados disponíveis, e, por fim, a capacidade tecnológica e
a importância das tecnologias sociais como instrumentos para a tomada da
decisão.

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre a Inovação nos Serviços


de Saúde, e o que se espera desse processo, a partir da contextualização da
Política Nacional de Gestão de Tecnologia em Saúde e as novas tendências em
saúde. Nessa unidade serão apresentadas as novas tendências em saúde, que
em alguns lugares já estão sendo utilizadas como alternativas aos métodos
convencionais, como forma de otimizar, agilizar e garantir o atendimento
aos usuários. Da mesma forma, são apresentados os estudos em andamento,
bem como a fase de testes para implementação de novas tecnologias
voltadas para 3D, 4D e 5G. Entre as tecnologias abordadas, discorre-se sobre
a realização de exames, agendamento de consultas, a robótica, a Inovação em
Medicina Social , redes alternativas contra a falsificação de medicamentos, a
Inovação em Genética – um banco de dados para doenças de crânio e face,
a Inovação em Prevenção – Coração resguardado na quimioterapia, o uso
de nuvem no setor da saúde, o E-Saúde, a Telessaúde, a Telemedicina e o
OncoSus – aplicativo facilita acesso documentos sobre câncer.

Para finalizar, no decorrer de cada unidade, apresentam-se as leituras


complementares sugeridas em cada tópico, proporcionando a construção
dos conhecimentos de maneira mais prática acerca do conteúdo trabalhado.
É preciso lembrar ainda que, ao final de cada tópico, realizaremos uma breve
revisão de cada temática abordada, assim como realizaremos atividades
objetivas e descritivas.

Bons estudos!

Prof. Leandro Tiago Sperotto


Profª. Joana Rita Galvão
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)............................................. 1

TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE .................... .


INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)............................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS): HISTÓRICO E UTILIZAÇÃO .......... 3
2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA . ........................................................................................................ 5
2.1.1 Período colonial...................................................................................................................... 5
2.1.2 Século XIX................................................................................................................................ 7
2.1.3 Século XX................................................................................................................................. 9
2.1.4 O Século XXI.......................................................................................................................... 16
2.2 CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS EM SAÚDE E OS DADOS
EPIDEMIOLÓGICOS.................................................................................................................... 18
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 22
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 23

TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE....................................................... 25


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 25
2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE.................................................... 25
2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ATUAIS........................................................... 25
2.1.1 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)........................................ 28
2.1.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)........................................................... 29
2.1.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).............................................. 30
2.1.4 Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS)............................................................. 31
2.1.5 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS)............................................ 35
2.1.6 Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)........................................................... 37
2.1.7 Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN).................. 38
2.1.8 Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI).................... 42
2.1.9 Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo
Humano (SISÁGUA)............................................................................................................ 43
2.1.10 Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES)................... 44
2.1.11 Sistema de Informações do Câncer de Colo do Útero e Sistema de Informação do
Câncer de Mama (SISCOLO/SISMAMA)........................................................................ 45
2.1.12 Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos
(SISHIPERDIA).................................................................................................................... 46
2.1.13 Sistema de Acompanhamento da Gestante (SISPRENATAL)...................................... 47
2.2 DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES...................................................................................... 49
2.3 APP CORONAVÍRUS-SUS........................................................................................................... 53
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 56
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 58

TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE........... 61


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 61
2 PASSOS FUNDAMENTAIS PARA A ORGANIZAÇÃO DE UM SIS..................................... 61
3 REGISTRO ELETRÔNICO EM SAÚDE (PRONTUÁRIO ELETRÔNICO)........................... 64
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 68
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 71

UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE................................................ 73

TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE


TECNOLOGIAS EM SAÚDE..................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75
2 PLANEJAMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE.............. 75
3 DIMENSÕES E IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE........... 84
4 ORIENTAÇÕES DA AVALIAÇÃO................................................................................................. 88
5 PERSPECTIVAS DA AVALIAÇÃO................................................................................................. 89
5.1 SAÚDE PÚBLICA.......................................................................................................................... 90
5.2 ÉTICA.............................................................................................................................................. 91
5.3 INDÚSTRIA FARMACÊUTICA.................................................................................................. 92
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 95

TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE..................................................................................... 97


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 97
2 CICLO DE VIDA DAS TECNOLOGIAS....................................................................................... 97
3 ETAPAS DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE................................................ 101
4 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS CANDIDATAS E
ESTABELECER AS PRIORITÁRIAS............................................................................................ 105
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 109
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 110

TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE........................ 113


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 113
2 REALIDADE DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE....................................... 113
2.1 RECURSOS LIMITADOS............................................................................................................ 115
2.2 DIVERSIDADE NO PADRÃO DE MORBIDADE.................................................................. 118
2.3 DIVERSIDADE CULTURAL...................................................................................................... 118
2.4 SISTEMA POLÍTICO................................................................................................................... 119
3 ESTRUTURA DO SISTEMA DE SAÚDE.................................................................................... 119
3.1 INFORMAÇÃO E DADOS DISPONÍVEIS.............................................................................. 120
3.2 CAPACIDADE TECNOLÓGICA.............................................................................................. 120
4 TECNOLOGIAS SOCIAIS............................................................................................................. 120
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 123
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 128

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 130

UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE....................................................... 133

TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE?....................................... 135


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 135
2 O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE?.............................................................. 135
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 143
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 145

TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE.......... 147


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 147
2 CONHECENDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM
SAÚDE ............................................................................................................................................... 147
3 POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE.............................. 156
4 ANALISANDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
EM SAÚDE E O SUS........................................................................................................................ 158
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 163

TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE...................................................................... 165


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 165
2 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS EM SAÚDE......................................................................... 165
2.1 PROJETOS DE INOVAÇÃO – RESULTADOS........................................................................ 167
3 TELEMEDICINA ............................................................................................................................. 168
4 REALIZAÇÃO DE EXAMES.......................................................................................................... 171
5 MONITORAMENTO REMOTO................................................................................................... 172
6 AGENDAMENTO DE CONSULTAS........................................................................................... 172
7 ROBÓTICA SALVANDO VIDAS................................................................................................. 173
8 INOVAÇÃO EM MEDICINA SOCIAL – UMA REDE CONTRA A FALSIFICAÇÃO
DE MEDICAMENTOS.................................................................................................................... 174
9 INOVAÇÃO EM GENÉTICA – UM BANCO DE DADOS PARA DOENÇAS DE
CRÂNIO E FACE............................................................................................................................... 175
10 INOVAÇÃO EM PREVENÇÃO – CORAÇÃO RESGUARDADO NA
QUIMIOTERAPIA......................................................................................................................... 175
11 O USO DE NUVEM NO SETOR DA SAÚDE.......................................................................... 176
12 E-SAÚDE, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA......................................................................... 177
13 ONCOSUS – APLICATIVO FACILITA ACESSO DOCUMENTOS SOBRE CÂNCER.......... 179
14 TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PANDEMIA................................. 180
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 184
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 189
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 191

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 193
UNIDADE 1 —

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM
SAÚDE (SIS)
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os conceitos relacionados a um SIS, tais como: sistema, dado,


informação, situação de saúde, indicador e Sistema de Informação em
Saúde (SIS);

• discutir o modelo atual de SIS, sua funcionalidade para o processo de


gestão do Sistema de Saúde e identificar seus principais usuários;

• identificar quais são as informações que devem conter um SIS, eviden-


ciando sua importância para os indicadores de saúde a partir de sua
produção e disponibilidade;

• conhecer o passo a passo para a implantação e aperfeiçoamento de um


SIS.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS


DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

TÓPICO 2 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM


SAÚDE

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —

CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE


INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico! Neste tópico será trabalhado o contexto histórico da utilização
dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) no decorrer do tempo. Para tanto,
inicialmente, torna-se necessário que você problematize os conhecimentos que
tem acerca do tema trabalhado, especialmente quanto: o que é um Sistema de
Informação em Saúde? A partir de quando você acha que esse instrumento
de informação e gestão passou a ser utilizado? Como eram organizadas as
informações relacionadas à saúde (epidemiologia, mortalidades, epidemias,
vacinação) antes da criação e adoção dos SIS?

Partindo dessas questões, este tópico apresenta uma contextualização


histórica da saúde pública no Brasil, e, consequentemente como se organizavam
os dados atualizados de diferentes regiões acerca dos aspectos relacionados à
saúde da população. Para isso, inicialmente abordam-se as características sociais
e sanitárias do Brasil desde o período Colonial, tendo como foco as ações em
saúde e seus registros, e, posteriormente, finaliza-se com o cenário atual.

Neste tópico, ainda serão disponibilizados materiais extras, como vídeos,


leituras complementares, charges e, principalmente, o passo a passo de como
funcionam os Sistemas de Informação em Saúde (SIS).

2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS): HISTÓRICO


E UTILIZAÇÃO

Qual é a importância e o que é um Sistema de Informação em Saúde?
Desde quando se passou a utilizar os Sistemas de Informação m Saúde? Como
funcionava antes a implementação dos SIS?

Antes de entrar na história, é necessário entender que a informação em


saúde é a base para melhor gestão dos serviços, na medida em que orienta a
implantação, acompanhamento e avaliação dos modelos de atenção à saúde (AS),
como também, das ações de prevenção e controle de doenças.

São também de interesse dados/informações produzidos extrassetorial-


mente, cabendo aos gestores do Sistema a articulação com os diversos órgãos que

3
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

os produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo regular de infor-


mação em cada nível do setor saúde.

A figura a seguir apresenta as principais características que um Sistema


de Informação eficiente deve apresentar:

FIGURA 1 – CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EFICIENTE

FONTE: Os autores (2020)

Essas características variam de acordo com o tipo de sistema. O Sistema


de Informação em Saúde (SIS) deve ter a sensibilidade na captação precoce, que
pode ocorrer no perfil epidemiológico e de morbimortalidade da população dos
territórios de saúde.

Onde podemos visualizar essas características atualmente? – Na


atualização diária dos casos de COVID-19 por municípios, regiões de saúde,
estados e no país de modo geral. Essas atualizações são realizadas por cada gestor
municipal e sua equipe de saúde ou vigilância em saúde. A partir desses dados, é
possível que a população fique atualizada quanto à abrangência epidemiológica
do vírus, permitindo também que os gestores consigam adotar estratégias de
forma rápida para o enfrentamento da pandemia.

Mas.... Nem sempre foi assim! Vamos conhecer um pouco da história dos
Sistemas de Informação em Saúde?

4
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA


Os SIS tiveram sua importância e utilização nos últimos anos, em razão da
implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). O Departamento de Informática
do SUS (DATASUS) tem a responsabilidade de coletar, processar e disseminar
informações da área.

No sistema de informação disponibilizado pelo DATASUS apresenta-se o


“Caderno de Informações de Saúde”, com todos os tipos de dados – demográficos,
epidemiológicos, financeiros–sobre cada estado e município do Brasil (BRASIL, 2019).

2.1.1 Período colonial


O tema saúde não esteve presente durante o período colonial (1500-1889),
tendo seus primeiros registros apenas quando a medicina passou a fazer parte
das cidades, como um mecanismo de controle da vida social.

No período em que se buscou combater a lepra e a peste (figura a


seguir), foi realizado um controle sanitário nos portos, ruas, casas e praias pela
administração portuguesa, embora a transformação do objetivo da medicina da
doença para a saúde irá ocorrer somente no século XIX.

FIGURA 2 – RESUMO DO ESTADO DE SAÚDE NO PERÍODO COLONIAL

FONTE: Magalhães (2020, p. 22)

No Brasil colonial, o atendimento de saúde aos menos favorecidos era


realizado por curandeiros e barbeiros. As ações de saúde pública no Brasil
tiveram seu marco inicial com a chegada da família real, em 1808, porém, antes
disso, já havia iniciativas de saneamento e precário controle de doenças, como a
adoção das Ordenações Filipinas, de 1604. A partir de então, criou-se a primeira
organização nacional de saúde pública no Brasil, denominada Provedoria da

5
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

Saúde. Essa organização foi criada com o objetivo de promover e coordenar as


medidas necessárias para a melhoria da saúde da população, além de cuidar do
saneamento, do controle de alimentos, regulação do exercício da Medicina e vigiar
os portos para evitar a entrada de pessoas contaminadas por alguma doença.
No entanto, nessa época não existiam registros sobre o controle de doenças e de
saúde da população.

ATENCAO

A vinda da família real ao Brasil (1808) criou a necessidade da organização


de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte à estrutura de poder que se
instalava na cidade do Rio de Janeiro, trazendo mais gente e mais responsabilidades para
a localidade. Ainda que de forma incipiente, as intervenções estatais na área da saúde se
descolam paulatinamente da ação direta sobre o doente e passam a focar mais a saúde, ou
a preocupação em garantir a saúde dos sãos e prevenir doenças. Tanto foi assim que, em
1846, foi fundado o Instituto Vacínico do Império.

A ciência médica era praticada por um pequeno quantitativo de


médicos, cirurgiões e boticários, a maioria era membro da elite, bacharéis em
universidades europeias. A maior disponibilidade médica ocorria nas grandes
cidades, especialmente no Rio de Janeiro, Salvador e algumas outras capitais de
províncias. Os atendimentos eram às famílias mais ricas.

As populações mais pobres, moradores das ruas e escravos eram atendidos


e contavam com a solidariedade das Santas Casas de Misericórdia, instituições
religiosas e curandeiros, porém, existiam algumas instâncias oficiais de saúde nos
grandes centros.

A chegada de dona Maria (A Louca) e de dom João VI, seu filho e Príncipe
Regente de Portugal, inicialmente não representou evolução significativa na área
da saúde pública brasileira. No entanto, houve mudanças perceptíveis, uma vez
que, a situação em Saúde Pública era próxima de zero e, com a vinda dos nobres,
algumas ações foram desenvolvidas.

Entre as modificações ocorridas, pode-se citar: melhor acesso aos


medicamentos e consequentemente, melhores condições de trabalho para os
“físicos”, “cirurgiões-barbeiros” e os demais curandeiros, que eram muitos no
país nesse período. Mesmo com esses avanços no campo da saúde, a realidade era
pautada pela falta de organização e planejamento. Nesse período, era oferecido à
população o mínimo de proteção e de ações de recuperação da saúde. A situação
quase inexistente de assistência à saúde aumentava os transtornos, tornando a
realidade muito instável na época, e tornava a situação mais instável do que o
desejado. Havia alta mortalidade, principalmente entre os escravizados, sendo

6
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

que em alguns momentos a natalidade era menor do que a mortalidade entre eles.
Nessa época, como não era dada atenção especial à saúde, não havia registros
de dados epidemiológicos, doenças, nascimentos, mortes, ou dispensação de
medicamentos e prescrição de tratamentos.

2.1.2 Século XIX


Com a chegada da Família Real, a situação começou a mudar. Foram
criadas instâncias públicas de saúde, com atribuições de fiscalizar o exercício
da medicina, bem como a realização de exames da classe, para as pessoas que
tivessem interesse em trabalhar oficialmente na área, e, consequentemente,
ocorria a aplicação de multas para quem exercesse a profissão sem autorização,
como forma de garantir a salubridade na Corte. Essas medidas caracterizaram
um primeiro passo para a consolidação acerca da saúde pública no Brasil, apesar
de apresentar-se de forma restrita, pois o objetivo principal era manter a Corte,
ou seja, a elite, protegida das doenças e falta de higiene nos portos.

Na época, o Rio de Janeiro era conhecido pela Europa como uma cidade
pestilenta, e com isso, não atraia investimentos na agricultura, que tinha seu polo
financeiro nessa cidade. A partir de então, criou-se a Polícia Médica, com intuito
fiscalizatório nos portos e no comércio de alimentos na cidade. Concomitante
a isso, criaram-se as primeiras faculdades de medicina no Rio de Janeiro e em
Salvador, passando-se a emitir diplomas de médico, farmacêuticos e parteiras
(LUCCHESE, 2006).

ATENCAO

Entre 1848-49 e 1853-54, John Snow identificou o local de moradia de cada


pessoa que morreu por cólera em Londres, notando associação entre a origem da água
utilizada para beber e as mortes ocorridas.
A partir de então, Snow comparou o número de óbitos por cólera em áreas abastecidas por
diferentes companhias e verificou que a taxa de morte foi mais alta entre as pessoas que
consumiam água fornecida pela companhia Southwark.

No ano de 1849, tem-se os primeiros casos de ocorrência da febre amarela


no Brasil, tendo sua entrada através de um navio vindo dos Estados Unidos. Até
o ano seguinte, atingiu 90 mil dos 266 mil habitantes da capital, matando mais de
quatro mil pessoas em um curto período. Como não existia assistência médica e
medicação para toda população, esta encontrava-se fragilizada lutando contra a
morte, pois os doentes pobres eram cuidados pelos negros curandeiros, enquanto
os ricos buscavam tratamento na Europa.

7
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

A partir de então, nasce a política de saúde brasileira idealizando o


combate das enfermidades que reduziam a vida da população. Em função do
surto epidêmico da febre amarela, foi criada a Junta Central da Higiene Pública
em 1851. Ficou responsável pelo planejamento, organização e desenvolvimento
da política sanitária em terra, fazendo o monitoramento de todos os espaços
potencialmente perigosos da cidade. Desse período em diante, começam-se a
esboçar os primeiros registros (relatórios) sobre a saúde pública do Brasil.

Demonstrou-se então:

FIGURA 3 – INDICATIVO TEÓRICO DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

FONTE: Os autores (2020).

Nesses registros/relatórios elaborados pela Junta, havia informações a


respeito do estado de insalubridade da cidade, contendo a discriminação de suas
causas, conforme citado por Silva (2002):

• Despejos dos resíduos, unidos aos esgotos, despejos orgânicos e a


umidade.
• Os rios que cortavam a cidade carregados de imundícies.
• O matadouro, o lixo das ruas e das praias.
• Os cemitérios.
• As fábricas e estabelecimentos industriais.
• A umidade nociva pela falta de escoamento para as águas pluviais e do
esgotamento sanitário.

Como a Junta era responsável apenas pelo monitoramento das condições


salubres da cidade, não havia registros quanto às questões relacionadas diretamente
à saúde. Nesse período em 1880, a população no Brasil já atingia a marca de 11
milhões, sendo formada essencialmente por escravos, o que contribuiu para a
falta de políticas públicas de saúde. Ainda neste século, houve a independência
do Brasil, e com ela, surgiram as Câmaras Municipais, responsáveis pelas
questões de saúde, desenvolvendo uma gestão totalmente descentralizada, cada
município tinha autonomia para agir dentro de suas possibilidades e interesses,
porém, geralmente era controlada pelas classes mais ricas. Nessa época, o sistema
de saúde tinha como papel principal basicamente a vacinação contra a varíola
apenas durante as endemias e expulsava os doentes com doenças contagiosas
das áreas urbanas para o interior, ou até mesmo, isolava-os em Casas de Saúde
para manter eles afastados do convívio e do contágio da sociedade. Um exemplo
clássico, é a criação dos leprários, para isolamento das pessoas com lepra.

8
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

Nesse período, o país apresentava significativo crescimento econômico,


como a Europa e os Estados Unidos, favorecendo assim maior urbanização,
mas não o suficiente para melhorar a saúde pública nacional. O governo vinha
mantendo as mesmas características que o período imperial quanto à saúde
brasileira (POLITIZE, 2018).

ATENCAO

Foi somente neste século que a distribuição das doenças em grupos humanos
específicos passou a ser medida e registrada em larga escala. A abordagem epidemiológica
que passou a comparar os coeficientes (ou taxas) de doenças em diversos populacionais
passou a ser rotina no final do século XIX e início do século XX.

Inicialmente, teve sua aplicação visando ao controle de doenças


transmissíveis e, mais tarde, na busca de conhecer as relações entre condições ou
agentes ambientais e doenças específicas.

2.1.3 Século XX
Foi a partir do início do século XX que ocorreram mudanças na política
de saúde do país. Com muitas transformações no caráter produtivo e econômico
imperando no país, foram consolidadas novas formas de produção em
determinadas regiões, porém subordinadas à racionalidade capitalista articulada
ao Mercado Internacional. Nas regiões onde a relação capitalista era mais forte,
as políticas de saúde foram orientadas com foco na preservação da força de
trabalho, como por exemplo, no interior de SP, e Rio e São Paulo, os dois centros
comerciais, financeiros e industriais do país.

Os padrões sanitários, diferentes do modelo escravagista, até então


instaurado, foi modificado com a hegemonia das classes ligadas ao café. Essa nova
forma sanitária objetivou a melhoria das condições das cidades, especialmente as
portuárias, no período em que ocorreu a transição para a órbita da acumulação
industrial, como também a necessidade de ampliação do comércio exterior,
abrindo as portas para imigrantes europeus. Nessa época, os governantes achavam
que o combate à febre amarela era a chave principal para o desenvolvimento
da Saúde Pública no Brasil, pois sua gravidade inibia os estrangeiros a virem
trabalhar aqui, e impedia à expansão do comércio internacional.

No período entre 1902 – 1906, intensificou-se a luta sanitária, pois era


essencial para o êxito econômico do país, para Reforma Urbana. Em 1904, a
vacina tornou-se obrigatória, sendo aplicada de forma violenta e autoritária,

9
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

desencadeando a Revolta da Vacina. Nessa época, os registros apontam para


1.800 internações por causa da varíola no Hospital São Sebastião. No entanto, as
camadas populares não aceitaram a vacina, que em uma versão bem rústica, era
um líquido de pústulas de vacas doentes (figura a seguir). Em razão disso, existia
o boato entre a população de que a vacina deixava os vacinados com feições
bovinas.

FIGURA 4 – REVOLTA DA VACINA

FONTE: Fiocruz (2005, p. 1).

Importante destacar que o uso de vacina contra a varíola no Brasil foi


declarado obrigatório para crianças em 1837 e para adultos em 1846. No entanto,
como a disponibilidade da vacina não era suficiente para atender a todo esse
público, a resolução não era cumprida. Assim, em 1884, começou-se a produzir a
vacina em escala industrial no Rio de Janeiro.

Anos mais tarde, em junho de 1904, Oswaldo Cruz idealizou a volta da


obrigatoriedade da vacinação em todo país, motivando o governo a enviar ao
Congresso essa resolução. Como forma de controle social e sanitário, apenas os
indivíduos que comprovassem ter sido vacinados conseguiam contratos de tra-
balho, matrículas em escolas, certidões de casamento, autorização para viagens
etc. Como as camadas mais populares não aderiam ao plano de vacinação, em 5
de novembro, foi criada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. Cinco dias de-
pois, estudantes aos gritos foram reprimidos pela polícia. Até 1920, a atuação das
campanhas sanitárias era voltada para os problemas de saúde que ameaçavam
diretamente as relações de produção (FIOCRUZ, 2020).

DICAS

Vídeo: A revolta da Vacina. Disponível em: https://www.youtube.com/


watch?v=phUmdyENIAY.

10
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

A partir da imposição da vacinação obrigatória, passa a ocorrer um


deslocamento do foco de intervenção das práticas de saúde: do doente/doença
para a saúde. Nesse novo cenário, o médico assume novo papel, em que precisava
dificultar o aparecimento da doença. Nesse jogo, como a sociedade era vista
como desorganizada e responsável pelo aparecimento das doenças, os médicos
deveriam atuar no pilar: EMERGÊNCIA DA PREVENÇÃO. Nesse cenário, a
medicina começa a se reinventar e a sociedade, medicada. Como as questões
sanitárias ainda eram incipientes, o modelo médico lacunar e fragmentário, não
conseguia controlar a saúde pública, por essa razão, a medicação surgia antes dos
problemas, propriamente ditos.

As questões sanitárias passaram então a ser vistas com um enfoque mais


social do que econômico. Ocorreu a interiorização do sanitarismo, a criação de
diversos programas de saúde, além da criação e do Ministério da Educação e Saúde
Pública em 1930. Segundo a FUNASA (2019), os serviços relacionados à saúde
pública foram transferidos para o novo Ministério dos Negócios da Educação
e Saúde Pública. Foi reativado o Serviço de Profilaxia de Febre Amarela, em
função da epidemia de 1927-1928, no Rio de Janeiro, e da dispersão do mosquito
transmissor.

Em 1939 teve a criação do Serviço de Malária do Nordeste (SMN) para


intensificar o combate ao Anopheles gambiae, introduzido em Natal/RN, em 1930.
Foi estabelecido, com essa finalidade, novo convênio com a Fundação Rockefeller.
O SMN existiu até 1941, quando foi erradicado o mosquito (Decreto nº 1.042, de 11
de janeiro de 1939). Foi a partir da década de 1950 que os métodos epidemiológicos
passaram a ser aplicados para doenças crônicas não transmissíveis tais como
doença cardíaca e câncer, especialmente nos países industrializados.

Especificamente, em 1951, por decisão da Assembleia Mundial da Saúde,


retomaram-se as ações de promoção e controle da varíola em todo o mundo. Já em
1953 houve a criação do Ministério da Saúde, que foi regulamentado pelo Decreto
nº 34.596, de 16 de novembro de 1953, (Lei nº 1.920, de 25 de julho de 1953).
No mesmo ano, tornou-se obrigatória a iodação do sal de cozinha destinado a
consumo alimentar nas regiões bocígenas do país (Lei nº 1.944, de 14 de agosto
de 1953).

Anos mais tarde, em 1956, criou-se o Departamento Nacional de


Endemias Rurais (DENERu), incorporando então os programas existentes, sob a
responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde (febre amarela, malária e
peste) e da Divisão de Organização Sanitária (bouba, esquistossomose e tracoma),
órgãos do novo Ministério da Saúde (Lei nº 2.743, de 6 de março de 1956).

11
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

ATENCAO

A década de 1960 é marcada pelo início de diversas campanhas produção de


vacinas e vacinação em busca da erradicação de doenças da população, tais como:
Produção da vacina liofilizada, no Brasil, contra a varíola, substituindo-se a tradicional,
em forma de linfa, pouco estável. Introdução da técnica de diagnóstico laboratorial da
poliomielite, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

Ocorre ainda a realização das primeiras campanhas com a vacina oral


contra a poliomielite, iniciando com projetos experimentais nas cidades de
Petrópolis/RJ e Santo André/SP. No mesmo período é regulamentado o Código
Nacional de Saúde, Lei nº 2.312, de 3 de setembro de 1954, que passou então a
estabelecer Normas Gerais sobre Defesa e Proteção da Saúde (Decreto nº 49.974-
A, de 21 de janeiro de 1961). No ano seguinte, institui-se a Campanha Nacional
contra a Varíola, sendo coordenada pelo Departamento Nacional de Saúde,
organizando operações de vacinação em diversos estados, a partir de mobilização
de recursos locais. Ocorre também o ensaio para administração da vacina BCG
Intradérmica, no país.

Em 1965, cria-se a Campanha de Erradicação da Malária (CEM) (Lei nº


4.709, de 28 de junho de 1965). Em 1966, inicia-se a Campanha de Erradicação da
Varíola (CEV), também realizada diretamente pelo Ministério da Saúde, dirigida
por pessoal dos quadros da Fundação Sesp (Decreto nº 59.153, de 31 de agosto
de 1966). A partir de 1969, o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) passou a
denominar-se Fundação de Serviços de Saúde Pública Fsesp (Decreto Lei nº 904,
de 1 de outubro de 1969).

Surgiu ainda o sistema de notificação de algumas doenças transmissíveis,


prioritariamente aquelas passíveis de controle por meio de programas de
vacinação, e foi organizado, pela Fundação Sesp, que também criou o Boletim
Epidemiológico. Na década de 1970 continuaram ocorrendo inúmeras mudanças
em nível organizacional, iniciando-se pela reorganização administrativa do
Ministério da Saúde, através da criação da Superintendência de Campanhas de
Saúde Pública (Sucam), que ficou subordinada à Secretaria de Saúde Pública,
incorporando o DENERu, a CEM e a CEV (Decreto nº 66.623, de 22 de maio de
1970).

Ainda, ocorreu a criação da Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística


da Saúde (Dnees), no Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças. Foram
instaladas as unidades estaduais de Vigilância Epidemiológica da Varíola.
No ano de 1971, foi instituído o Plano Nacional de Controle da Poliomielite,
tornando-se um marco para as atividades de vacinação do país. Desenvolveu-se
ainda o primeiro projeto piloto no estado do Espírito Santo, incluindo avaliação

12
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

da resposta sorológica à vacina e introduziu-se a metodologia de campanhas


estaduais realizadas em um só dia, criando-se então, os calendários vacinais.

Cria-se também, a Central de Medicamentos (Ceme) e inicia-se a


organização do sistema de produção e distribuição de medicamentos essenciais,
incluindo os produtos imunobiológicos. Posteriormente, passa-se a utilizar um
sistema de registro de doses de vacinas aplicadas e a implantação do Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM). Implantação do Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM).

Através da Portaria GM/MS nº 314, de 27 de agosto de 1976, fica


estabelecida a notificação compulsória de doenças. É implementado o sistema
nacional de vigilância de casos suspeitos de poliomielite, contando com o
apoio de laboratórios de diagnóstico, permitindo assim a definição do perfil
epidemiológico da doença no país. E ainda, passa-se a utilizar a caderneta de
vacinação. Em 1988, com a Promulgação da Constituição Federal, de 5 de outubro
de 1988, institui-se a saúde como direito constitucional:

Arts. 196 – 198 e 200 Seção II Da Saúde.


Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo
ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou
através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito
privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas,
sem prejuízo dos serviços assistenciais;
Participação da comunidade
[...]
Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras
atribuições, nos termos da lei:
-Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de
interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
-Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como
as de saúde do trabalhador;
-Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
Participar da formulação da política e da execução das ações de
saneamento básico;
-Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e
tecnológico;
-Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu
teor nutricional, bem como bebidas e águas para o consumo humano;
-Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
-Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho (BRASIL, 1988).

13
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

Com a promulgação da Constituição da República teve-se a garantia do


acesso à saúde conforme apresentado na Figura 5, institui-se o Sistema Único
de Saúde (SUS), definindo seus objetivos, competências e atribuições; princípios
e diretrizes; organização, direção e gestão (Figura 6). Criou-se o subsistema
de atenção à saúde indígena; regulou-se a prestação de serviços privados de
assistência à saúde; definiu políticas de recursos humanos; financiamento; gestão
financeira; planejamento e orçamento (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990).

FIGURA 5 – CONSTITUIÇÃO E GARANTIA DO DIREITO A SAÚDE PELA CF/1988

FONTE: PASSOS (2016, p. 3).

Os objetivos, competências e atribuições; princípios e diretrizes;


organização, direção e gestão (figura a seguir) são norteadores de todo o sistema
de saúde, orientando ações, projetos e estratégias de atendimento em âmbito
nacional.

FIGURA 6 – PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS DO SUS

FONTE: Adaptado de < https://bit.ly/3hL5a0b >. Acesso em: 7 dez. 2020.

14
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

De acordo com a Cartilha SUS (2016), os princípios Universalidade,


Equidade e Integralidade correspondem diretamente à garantia do direito ao
acesso à saúde. Desta forma, todos devem ter acesso aos serviços de saúde e em
todos os níveis de assistência (universalidade), de maneira anticulada e contínua,
com ações e serviços de prevenção, promoção, recuperação, tanto individuais
como coletivas, conforme os casos, em todos os niveis de complexidade do
sistema (integralidade), diminuindo assim as desigualdades sociais, com maior
enfase e prioridade para regiões, comunidades e pessoas carentes (equidade).

Pertinente aos objetivos, evidencia-se quanto à:

• Identificação e divulgação: a partir de pesquisas, estudos epidemiológicos e


sistema de informação em saúde, sejam explicitados os fatores condicionantes
e determinantes de saúde.
• Formulação de uma política de saúde: a partir da promoção nos campos
econômico e social a observancia do dever do estado (§ 1º do Art. 2º, Lei nº
8080/1990).
• Assistência às pessoas: ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
com a integração das ações assistenciais e das atividades preventivas.

DICAS

Vídeo: SUS 30 anos. Disponível em: https://bit.ly/3rZ3zZm

A partir da implementação do SUS, emerge a necessidade em criar um


Sistema de Informação em Saúde, com dados atuais, respectivos a todas as regiões
do país, em todas as esferas da saúde. Nessa concepção, o Ministério da Saúde,
a partir Portaria Ministerial nº 2390/96, caracteriza os requisitos essenciais para
o SIS:

Art. 1° Fica instituída a Rede Integrada de Informações para a Saúde


(RIPSA), com os seguintes objetivos:
I - estabelecer bases de dados consistentes, atualizados, abrangentes,
transparentes de fácil acesso;
II - articular instituições que possam contribuir para o fornecimento
e crítica de dados e indicadores e para a análise de informações,
inclusive com projeções e cenários;
III - implementar mecanismos de apoio para o aperfeiçoamento
permanente da produção de dados e informações;
IV - promover intercâmbio com outros subsistemas especializados de
informação da administração pública;
V - contribuir para o aprofundamento de aspectos ainda pouco
explorados, ou identificados como de especial relevância para a
compreensão do quadro sanitário brasileiro (BRASIL, 1996, s. p.).

15
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

No próximo subtópico, apresentam-se os principais movimentos na área


da saúde, que possibilitaram então, o desenvolvimento tecnológico dos SIS, no
século XXI.

2.1.4 O Século XXI


Os SIS, nos últimos anos, tiveram um crescimento acelerado, tendo seu
ápice com a implantação do SUS. O Departamento de Informática do SUS
(DATASUS) tem a função e a responsabilidade de coletar, processar e disseminar
informações sobre saúde. Como visto no início da unidade, o DATASUS mantém
atualizado em seu site um “Caderno de Informações de Saúde”, com diversos
tipos de dados – demográficos, epidemiológicos, financeiros – sobre cada estado
e município do Brasil, conforme figura 7 (BRASIL, 2020).

FIGURA 7 – PÁGINA DATASUS – INFORMAÇÕES DE SAÚDE

FONTE: <https://bit.ly/3ojYKaV>. Acesso em: 7 dez. 2020;

Conforme observado na figura, a página inicial do DATASUS apresenta


uma visão geral das informações contidas na banco de dados, e cada link direciona
a pesquisa por região e por tipo de dado.

De acordo com a Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde


(2010, p. 9), “o desenvolvimento, a incorporação e a utilização de tecnologias
nos sistemas de saúde, bem como a sua sustentabilidade, estão inseridos em
contextos sociais e econômicos, que derivam da contínua produção e consumo
de bens e produtos”. Essa necessidade, como visto anteriormente, passou a ser
percebida após a Segunda Guerra Mundial, onde se observou um crescente
desenvolvimento científico e tecnológico que poderia contribuir para a

16
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

constituição do complexo econômico da saúde, como um dos setores de maior


desenvolvimento, contribuindo para a expansão dos sistemas de saúde e da
medicalização das sociedades enquanto um direito a ser preservado, tanto dos
indivíduos quanto das populações.

A partir de então ocorreu o fortalecimento do papel de seus profissionais


e dos usuários, exercendo forte pressão pela incorporação de novas tecnologias.
Nesse viés, o conhecimento em saúde começou a ser articulado numa perspectiva
populacional e social, superando os limites da prática clínica individual.

NTE
INTERESSA

Gestão de tecnologias em saúde como o conjunto de atividades gestoras


relacionado com os processos de avaliação, incorporação, difusão, gerenciamento da
utilização e retirada de tecnologias do sistema de saúde. Este processo deve ter como
referenciais as necessidades de saúde, o orçamento público, as responsabilidades dos três
níveis de governo e do controle social, além dos princípios de equidade, universalidade e
integralidade, que fundamentam a atenção à saúde no Brasil.

A partir de então, passa-se a pensar em políticas e, principalmente


estratégias que venham a contribuir com o processo de informação em sistemas
(rede) viabilizando a resolutividade das demandas da saúde, e assim, articular
ações em âmbito: municipal, estadual e federal, de acordo com a realidade
evidenciada em cada território. Consta na Política Nacional de Gestão de
Tecnologias em Saúde (2010) que uma das formas de se garantir o princípio
da integralidade, é por meio da incorporação de novas tecnologias e esta deve
privilegiar a integração de alternativas eficazes e seguras, e dentro do possível, que
os danos ou riscos não venham a superar os seus benefícios e que, principalmente,
beneficie todos os que delas necessitem, não prejudicando o atendimento de
outros segmentos da população.

Nesse processo, a gestão das tecnologias em saúde implica também uma


reflexão sobre o princípio da equidade, considerando-se que o SUS é um sistema
hierarquizado, e sua tomada de decisão para incorporação tecnológica deve
envolver 27 unidades federativas e aproximadamente 5.600 municípios, com
diferentes características e tetos financeiros. Agregado a isto a regionalização, que
é uma diretriz do SUS e um eixo estruturante do Pacto pela Vida, em Defesa do
SUS e de Gestão, o que demonstra a complexidade do processo decisório entre e
nas instâncias gestoras do SUS.

17
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

Entre todas as razões explicitadas, o principal foco de um SIS é a atualização


das informações pertinentes à saúde. Nesse viés, a seguir serão apresentados os
principais aspectos relacionados às características de estudos epidemiológicos,
que mantém os SIS atualizados, a partir de cada área e dos diferentes territórios
nacionais.

2.2 CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS EM SAÚDE E OS


DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Conforme vimos anteriormente, as primeiras intervenções estatais na
área de prevenção e controle de doenças, que foram desenvolvidas com bases
científicas, dataram no início do século XX e foram orientadas especialmente pelo
avanço das bactérias e pelo entendimento dos ciclos epidemiológicos de algumas
doenças infecciosas e parasitárias que acometeram a população. Inicialmente, as
intervenções ocorriam a partir da organização de campanhas sanitárias voltadas
ao controle de doenças que principalmente, comprometiam o desenvolvimento
econômico, por exemplo: febre amarela, peste e varíola. Notadamente, essas
campanhas se valiam de instrumentos eficazes diagnosticando os casos,
combatendo os vetores, imunizando e tratando a população em massa com
fármacos, entre outros. É claro que os modelos operacionais utilizados, baseavam-
se nas atuações verticais, com inspiração militar, organizadas em fases bem
estabelecidas: preparatória, de ataque, de consolidação e de manutenção.

Na Figura 8 é possível observar os pontos centrais que norteiam os estudos


epidemiológicos e a epidemiologia como ciência.

FIGURA 8 – OBJETOS DE ESTUDO DA EPIDEMIOLOGIA

FONTE: Os autores (2020)

Nos aspectos epidemiológicos é necessário compreender o conceito-chave


e sua aplicabilidade (Figura 9), ou seja, cada estudo realizado tem um alvo a ser
definido, caracterizado, sistematizado e apresentado no conjunto de informações.

18
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

FIGURA 9 – APLICABILIDADE DO CONCEITO DE ALVO EM EPIDEMIOLOGIA

FONTE: Os autores (2020)

Entende-se então que a epidemiologia ao longo do tempo foi sendo


utilizada para descrever o contexto da saúde de grupos populacionais, podendo
ser:
Descritiva: ao estudar a frequência e a distribuição dos parâmetros de
saúde ou de fatores de risco das doenças nas populações.
Analítica: testando hipóteses de relações causais.

Os estudos epidemiológicos observacionais, como mencionado, são


divididos em dois grupos: descritivos e analíticos, e em cada um, é possivel
desenvolver diferentes propostas metodológicas, conforme apresentado na figura
a seguir.

FIGURA 10 – TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS OBSERVACIONAIS

FONTE: Adaptado de Bonita, Beaglehole e Kjellström (2010, p. 19)

19
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

A figura a seguir apresenta resumidamente, os objetivos dos estudos


epidemiológicos:

FIGURA 11 – OBJETIVOS DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

FONTE: Os autores (2020)

Diversas medidas são utilizadas para caracterizar a saúde das populações.


No entanto, o estado de saúde da população não é totalmente medido em muitas
partes do mundo, e essa falta de informações constitui um grande desafio para os
epidemiologistas.

NTE
INTERESSA

ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

A investigação epidemiológica de campo de casos, surtos, epidemias ou outras formas


de emergência em saúde é uma atividade obrigatória de todo sistema local de vigilância
em saúde, cuja execução primária é responsabilidade de cada respectiva unidade técnica
que, nesse contexto, pode ser apoiada pelos demais setores relacionados e níveis de
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela é um dos diferentes segmentos de resposta
in loco dos serviços de saúde e deve ocorrer de forma integrada e concomitante com
as demais ações relacionadas à vigilância, promoção e assistência para a prevenção e
controle de doenças (transmissíveis ou não) ou agravos (inusitados ou não).
Seu objetivo é garantir a obtenção, de forma correta e completa, por meio de fontes
primárias (coleta direta nos pacientes ou serviços de saúde) ou secundárias (registros
não eletrônicos de serviços de saúde ou bases de dados de sistemas de informação), das
informações necessárias referentes a diferentes contextos, tais como:
• caso isolado ou agregado de casos de doença ou agravo de notificação compulsória
ou compulsória imediata;
• descrição epidemiológica e identificação de fatores associados à ocorrência de possível
mudança de padrão epidemiológico de doença ou agravo, para dado tempo, população
e local:
• mudanças dos níveis de doença ou óbito acima dos esperados;
• evento com agente etiológico, fonte, veículo ou via de transmissão novo, desconheci-
do ou incomum;
• doença na qual a evolução dos casos é mais severa do que o esperado ou os sintomas
apresentados são incomuns.

FONTE: Adaptado de < https://bit.ly/3hWDRAt >. Acesso em: 24 nov. 2020.

20
TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

DICAS

Dica de Leitura: BRANDÃO, Ana Claudia Soares; SILVA, Juliana Rocha de Al-
meida. A contribuição dos sistemas de informação em saúde (SIS) para o processo de
auditoria do SUS. Disponível em: http://atualizarevista.com.br/article/v1-n1-a-contribui-
cao-dos-sistemas-de-informacao-em-saude-sis-para-o-processo-de-auditoria-do-sus/.

21
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• No decorrer do processo histórico da saúde pública do Brasil, a população


passou por diversas epidemias, e, em cada uma delas, adotaram-se medidas
que vieram ao encontro das estratégias viáveis ou disponíveis em cada época.
No entanto, observou-se ainda que os controles epidemiológicos estiveram
relacionados aos impactos que causavam na economia do país.

• Foi a partir da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, que foi


instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) pelo o
Ministério da Saúde, através de legislação específica (Lei nº 6.259/75 e Decreto
nº 78.231/76).

• Esses instrumentos legais foram os primeiros passos para tornar obrigatória


a notificação de doenças transmissíveis selecionadas, constantes de relação
estabelecida por portaria. Em 1977, o Ministério da Saúde elaborou o primeiro
Manual de Vigilância Epidemiológica, reunindo e compatibilizando as
normas técnicas então utilizadas para a vigilância de cada doença, no âmbito
de programas de controle específicos.

• O atual Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, definindo em seu


texto legal (Lei nº 8.080/90), a vigilância epidemiológica como “um conjunto de
ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou
coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e
controle das doenças ou agravos” (BRASIL, 1990).

22
AUTOATIVIDADE

1 No tópico1 foi possível conhecer todo processo histórico que envolveu a


área da saúde, especialmente a epidemiológica e de saúde pública. Sobre
quais foram as questões de saúde pública ou do sistema de saúde, no século
XIX, com a independência, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As políticas públicas serão concebidas enquanto instrumento para


sanear os espaços de circulação e distribuição de mercadorias.
b) ( ) Nasce a política de saúde brasileira com ideias e planos para tentar
combater as enfermidades que reduziam a vida da população.
c) ( ) A organização sanitária, estava estreitamente articulada com as
necessidades do desenvolvimento capitalista brasileiro.
d) ( ) A vacinação contra a varíola durante as endemias e expulsão dos
doentes acometidos por doenças contagiosas das áreas urbanas.
e) ( ) A saúde era acionada quando do aparecimento de mazelas que
atingiam a população, praticava-se uma saúde curativa e não
preventiva.

2 Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) através da Lei nº


8.080/1990, aquelas situações que dificultavam o acesso aos serviços públicos
de saúde pelos usuários, como a necessidade de trabalharem formalmente
e inseridos no mercado de trabalho foram excluídas a partir das disposições
constitucionais citadas, especialmente por meio do princípio de qual fator?

a) ( ) Regionalização.
b) ( ) Universalidade.
c) ( ) Hierarquização.
d) ( ) Descentralização.
e) ( ) Integralidade.

3 A abordagem epidemiológica que compara os coeficientes (ou taxas) de


doenças em subgrupos populacionais tornou-se uma prática comum no final
do século XIX e início do século XX. A sua aplicação foi inicialmente feita com
qual objetivo?

a) ( ) Controlar doenças transmissíveis e, posteriormente, estudar as rela


ções entre condições ou agentes ambientais e doenças específicas
b) ( ) Propor melhorias no suprimento de água, mesmo antes da desco
berta do microrganismo causador da cólera.

23
c) ( ) Estudos epidemiológicos identificaram medidas apropriadas a se
rem adotadas em saúde pública.
d) ( ) Remover fatores ambientais contrários à saúde ou de criar condições
que a promovam.
e) ( ) A população utilizada em um estudo epidemiológico é aquela
localizada em uma determinada área ou país em certo momento
do tempo.

4 O século XX criou inúmeras estratégias de controle epidemiológico e sanitário


da população. Discorra sobre dois eventos marcantes que destacaram uma
mudança na concepção do contexto da saúde brasileira.

5 Com a implementação do SUS, o sistema de saúde, bem como o acesso da


população passou a ser norteado por três princípios fundamentais. Cite e
explique cada um deles.

24
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —

SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico serão apresentados os principais Sistemas de Informação
em Saúde atualmente utilizados no Brasil. Nesse sentido serão apresentadas
as funcionalidades e utilizações do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN); Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); Sistema
de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC); Sistema de Informações
Hospitalares (SIH/SUS); Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/
SUS); Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB); Sistema de Informações
de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN); Sistema de Informações do
Programa Nacional de Imunização (SI-PNI); Sistema de Informação de Vigilância
da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISÁGUA); Sistema do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).

Em cada SIS apresentado será demonstrado o passo a passo de atualização


de cada sistema, bem como as organizações responsáveis por cada um, as suas
contribuições, vantagens e fragilidades no sistema geral de informações em saúde
do país. Para finalizar, apresentam-se os novos SIS, porém, em novo formato,
aderindo à tecnologia móvel, a partir da utilização em forma de aplicativos (App)
para celulares móveis. Da mesma forma, serão apresentadas as urgências do
sistema de saúde para a criação de novos sistemas nesse período de pandemia, bem
como o envolvimento da ciência e da tecnologia para a atualização em tempo real
das informações acerca de novos casos, mapas de infecção regionais e nacionais,
e a visão panorâmica do avanço do vírus em diversos locais de ocorrência.

2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE


Agora serão apresentados os principais Sistemas de Informação em
Saúde utilizados no Brasil, bem como suas interfaces, características e dados
apresentados em cada sistema, como também a forma de atualização dos mesmos
e as fichas de controle utilizadas pelas equipes responsáveis pela coleta, análise e
transmissão dos dados.

2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ATUAIS


“Antes de começar essa conversa, é preciso entender que os sistemas
de informação em saúde são instrumentos padronizados de monitoramento
e coleta de dados, que têm como objetivo o fornecimento de informações para

25
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

análise e melhor compreensão de importantes problemas de saúde da população,


subsidiando a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal”
(PINTO; FREITAS; FIGUEIREDO, 2018, p. 28 – grifo nosso).

ATENCAO

Um sistema de informação precisa de três matérias-primas: dado, informação


e conhecimento. O dado é o elemento mais simples desse processo; a informação é
composta de dados com significados para quem os vê; o conjunto de nosso aprendizado
segundo algumas convenções, nossas experiências acumuladas e a percepção cognitiva
irão transformar em conhecimento uma dada realidade (FRANCO, 2016).

Para o Ministério da Saúde (MS), os principais sistemas de informações


atualmente, correspondem ao de mortalidade (SIM), de nascimento (SINASC),
ambulatorial (SIA-SUS), de internações hospitalares (SIH), de notificações de
doenças (SINAN), de atenção básica (SIAB), considerando os níveis populacionais.
Já para unidades de saúde, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(CNES) é a principal fonte de dados para estabelecimentos públicos e privados.

No entanto, mesmo não se constituindo enquanto um Sistema de


Informação, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do
Ministério da Saúde representa e gera uma base de dados nacional importantíssima
para integração e identificação das unidades de saúde e sua capacidade instalada.
A figura a seguir apresenta uma rápida classificação dos principais SIS utilizados
pelo Ministério da Saúde, e daqueles atualizados a partir dos dados coletados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

O conjunto de SIS tanto do Ministério da Saúde quanto do IBGE são


cruzados e atualizados por períodos de acordo com registros civis, censos
demográficos e projeções populacionais anuais. Nesse sentido, processo de
gestão no setor saúde necessita de uma produção de informações que venham
a apoiar um contínuo (re)conhecer, decidir, agir, avaliar e novamente decidir.
Dessa forma, o processo de produção de informações precisa ser sensível para
captar as transformações de uma situação de saúde.

Entende-se ainda que deve ser coerente com as características (princípios


e diretrizes) deste modelo de atenção. Refletindo-se sobre a relação entre o SUS
e o SIS, apresenta-se no Quadro 1 uma síntese de alguns princípios e diretrizes
que orientam a concepção de um modelo de atenção proposto para o SUS e que
norteia como deve ser um SIS.

26
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

QUADRO 1 – SÍNTESE DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO MODELO DE ATENÇÃO PARA O SUS

SISTEMA ÚNICO MODELO DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM


DE SAÚDE SAÚDE
Alguns Princípios
e Diretrizes Princípios Gerais Diretrizes e Objetivos
Utilizando o saber Subsidiar os processos de pla-
Integralidade da epidemiológico, pro- nejamento, tomada de decisões,
assistência pres- duzir informações controle da execução e avaliação
tada, abrangendo que garantam uma das ações, considerando a inte-
atividades assisten- avaliação permanen- gralidade da assistência. Produ-
ciais curativas, ati- te das ações execu- zir informações relacionadas à
vidades preventivas tadas e do impacto eficiência e eficácia das respostas;
e de promoção da
sobre a situação de e da sua efetividade ou impacto
saúde. saúde. sobre a situação de saúde.
Descentralização po- Descentralizar o processo de im-
lítico-administrativa Produzir informa- plantação do SIS, contemplando
com direção única ções compatíveis as especificidades locais, des-
em cada esfera de com as necessida- mascarando as desigualdades,
governo, com ênfase des exigidas pelo contribuindo para a operaciona-
na descentralização processo de gestão, lização do princípio da equidade
dos serviços para os considerando as da assistência prestada. Deve-se
municípios, na regio- competências das observar a compatibilidade das
nalização e na hierar- diferentes esferas de informações produzidas, neces-
quização da rede de governo (União, Es- sária para garantir a unicidade
serviços. tados e Municípios). e a interpelação entre os diferen-
Equidade da assis- tes níveis de gestão do SUS.
tência prestada.
Participação das equipes locais
Justificar previamen- na definição das informações a
te qualquer dado a serem produzidas e, portanto,
ser coletado, garan- dos dados a serem coletados;
tindo qualidade e tanto pela sua relevância para a
clareza dos meca- tomada de decisões, quanto pela
nismos de produção
das informações. sua indispensabilidade para a
Divulgação de in- prestação de contas.
formações sobre o
potencial dos servi- Garantir que aqueles Contribuir para o desenvolvimen-
ços de saúde e a sua que produzem os da- to e compromisso dos profissionais
utilização pelo usuá- dos sejam usuários das de saúde com a qualidade e confia-
rio. informações geradas. bilidade dos dados coletados.

Controle social, isto Garantir mecanismos Capacitar os diferentes usuários


é, participação da co- que viabilizem a dis- para utilização adequada das infor-
munidade na gestão, seminação e a utiliza- mações, contribuindo para a des-
no controle e na fis- ção efetiva das infor- centralização e aperfeiçoamento do
calização dos servi- mações produzidas. processo de tomada de decisões.
ços e ações de saúde. Garantir à popula-
ção o direito ao aces-
so às informações, Contribuir para a construção de
garantindo mecanis- uma consciência sanitária coletiva,
mos contínuos de di- como base para ampliar o exercício
vulgação, utilizando do controle social e da cidadania.
recursos comunica-
cionais adequados
27
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

Garantir o direito à
informação às pes- Respeitar o direito
soas assistidas e a Contribuir para resgatar uma
do cidadão à priva-
preservação da au- relação mais humana entre a ins-
cidade quanto às in-
tonomia de cada ci- tituição e o cidadão, buscando
formações relaciona-
dadão, defendendo preservar sua autonomia.
das à sua saúde.
sua integridade físi-
ca e moral.
FONTE: Ferreira (1999, p. 37).

Conforme observado, os SIS devem ter como propósito a disponibilidade


de informações conforme os princípios e diretrizes do SUS, respeitando a
privacidade do cidadão, garantindo o direito ao acesso das informações,
mecanismos contínuos de divulgação, a partir os recursos comunicacionais
adequados. A seguir serão apresentadas as principais características de cada SIS
utilizado atualmente pelo Ministério da Saúde, SUS e rede de atenção básica,
como forma de diminuir a distância das informações de saúde da população com
os sistemas de saúde.

2.1.1 Sistema de Informação de Agravos de Notificação


(SINAN)
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foi criado
a partir de 1993. Contudo, sua implantação não ocorreu de forma homogênea
em todos os entes da federação. Esse sistema apresenta um conjunto de doenças
ou situações de saúde de notificação obrigatória. Na lista de 2017 da Secretaria
de Vigilância em Saúde, 48 eventos eram de notificação compulsória em todo o
território nacional. Os estados e os municípios ainda podem acrescentar outros
agravos à lista federal.

O SINAN tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados


gerados rotineiramente pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das três
esferas de governo, por intermédio de uma rede informatizada, para apoiar o
processo de investigação e dar subsídios à análise das informações de vigilância
epidemiológica das doenças de notificação compulsória. A Figura 12 apresenta
a página inicial do sistema, bem como os ícones de acesso às informações de
interesse do pesquisador.

28
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

FIGURA 12 – PÁGINA INICIAL DO SINAN

FONTE: <http://portalsinan.saude.gov.br/o-sinan>. Acesso em: 24 nov. 2020.

2.1.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)


O SIM é o mais antigo Sistema de Informação do Ministério da Saúde,
foi instituído entre os anos 1975/76 e desde essa época amplia a cobertura
geográfica em todo território brasileiro. No entanto, principalmente, nas Regiões
Norte e Nordeste, ainda se observam elevadas proporções de sub-registros e
óbitos classificados, segundo causa básica, como mal definidos (capítulo XVIII
da Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão – CID-10), que englobam
também os óbitos sem assistência médica. Conforme pode ser observado na
Figura 13, o SIM disponibiliza diversas informações de saúde, porém não se
encontra atualizado para os dados de 2019 e 2020.

29
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

FIGURA 13 – PÁGINA INFORMAÇÕES DE SAÚDE TABNET – SIM

FONTE: <http://bit.ly/3pV4A2K>. Acesso em: 24 nov. 2020.

2.1.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos


(SINASC)
O SINASC foi implementado em março de 1990, com o objetivo de melhorar
a qualidade das informações sobre nascidos vivos no Brasil, registrando também
características do parto e variáveis associadas às mães dos recém-nascidos e aos
óbitos fetais e tendo como documento-base a Declaração de Nascido Vivo – DN.

Conforme apresentado na Figura 14, a interface do SINASC permite


acessar dados referentes às declarações de nascidos vivos por período, tanto
em forma de dados, documentos ou tabelas, além e disponibilizar informações
regionais.

30
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

FIGURA 14 – PÁGINA SERVIÇOS DE SAÚDE TABNET – SINASC

FONTE: < http://bit.ly/3hIofQS >. Acesso em: 24 nov. 2020.

2.1.4 Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS)


Foi o primeiro sistema do DATASUS a ter captação implementada em
microcomputadores (AIH em DISQUETE – 1992) e posteriormente descentralizada
aos próprios usuários, encerrando a era dos polos de digitação. Foi criado em
1981, em Curitiba, vindo a substituir no ano seguinte (1982) o sistema Guia de
Internação Hospitalar (GIH), também conhecido como “Sistema AIH” passando
por várias plataformas em mainframes UNISYS e ABC-BULL, na fase inicial de
processamento centralizado (DATASUS, 2020).

ATENCAO

O termo mainframe era utilizado para se referir ao gabinete principal que


alojava a unidade central de processamento nos primeiros computadores. Eram de grande
porte dedicados normalmente ao processamento de um volume enorme de informações.
Sistemas operacionais desenvolvidos para mainframe, criados especialmente para a
finalidade de cada modelo, seja para processar textos, bancos de dados, efetuar cálculos
ou gerenciar dispositivos. Eram baseados em sistemas próprios, como o MCP (da Unisys),
ABC (da Bull).

31
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

O processamento das AIHs continuou centralizado até 2006, quando


passou a ser descentralizado para os Gestores de Secretaria de Saúde, usando
plataforma Windows, SGBD Firebird e Linguagem de programação Delphi – si-
tuação em que se encontra atualmente. As autorizações de internações hospita-
lares formam o Sistema de Informação Hospitalar no SUS (SIH-SUS), instituído
em 1991, a partir do Sistema Nacional de Controle de Pagamento de Contas
Hospitalares (SNCPCH) e do Sistema de Informações Hospitalar Descentraliza-
do do SUS (SIHD-SUS).

O sistema SIHSUS registra todos os atendimentos gerados nas internações


hospitalares que são financiadas pelo SUS, e com base nelas gera relatórios com
pagamentos dos estabelecimentos de saúde que devem ser realizados pelos
gestores. Em nível federal, essas informações são repassadas como forma de
informar mensalmente uma base de dados de todas as internações autorizadas
(aprovadas ou não para pagamento) e, consequentemente para que sejam
repassados às Secretarias de Saúde os valores de Produção de Média e Alta
complexidade, além dos valores de CNRAC, FAEC e de Hospitais Universitários
– independentemente dos contratos de gestão.

Na Figura 15 é possível observar que na página do SIH-SUS existem outras


bases de dados relacionadas ao Sistema Integrado de Informatização de Ambiente
Hospitalar (HOSPUB); o Sistema de Gerenciamento em Serviços de Hemoterapia
(HEMOVIDA); Sistema de Informações Hospitalares Descentralizado (SIHD; o
Sistema de Gerenciamento e Produção de Bancos de Leite Humano (BLHWeb); o
Sistema Gerador do Movimento das Unidades Hospitalares (SISAIH) e por fim o
Sistema de Comunicação de Informação Hospitalar e Ambulatorial (CIHA).

FIGURA 15 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES- SIHSUS

FONTE: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060504>. Acesso em: 24


nov. 2020.

32
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

Relacionado ao HOSPUB, é também um sistema on-line e possibilita o


acesso a multiusuários, foi desenvolvido em ambiente operacional de banco de
dados relacional, objetivando prestar informações que subsidiem a gerência e
administração dos estabelecimentos hospitalares. O gerenciamento estratégico
das informações disponíveis auxilia tanto no processo de planejamento, de
operação ou de controle das ações em saúde.

Nesse sentido, o HOSPUB caracteriza-se pela automatização e integração


das principais atividades operacionais executadas nas Unidades de Saúde
através da utilização de seus subsistemas. São eles: Arquivo Médico (SAME),
Administração, Ambulatório, Centro Cirúrgico, Emergência, Informações,
Internação, Material (almoxarifado, farmácia), Perinatal e Serviços de Diagnose e
Terapia (DATASUS, 2020).

O HEMOVIDA foi desenvolvido para bancos de sangue, com objetivo


informatizar e manter atualizado o ciclo de doação de sangue, desde a captação
até a distribuição do material, desenvolvendo o controle em cada etapa.
Através dele, é possível que os gestores, de todas as esferas, acessem os dados
que são significativos para as tomadas de decisões, especialmente referente ao
gerenciamento processual do sangue na HEMOREDE.

O Sistema HEMOVIDA traz inúmeros benefícios tanto para os gestores,


quanto para as equipes técnicas e médicos quanto a disponibilidade de
hemoderivados disponíveis em cada região. Da mesma forma, permite controlar
clínica, financeira, logisticamente, além de informar sobre os atendimentos aos
pacientes submetidos a tratamentos hemoterápicos. Além disso, fomenta a criação
da Rede Nacional de Informações de Sangue e Hemoderivados; garantindo assim
a qualidade nas informações em todo o ciclo de doação; agilizando o atendimento
dos doadores, desde o cadastramento até a coleta de sangue; e por fim, emitindo
relatórios gerenciais essenciais à plena gestão das atividades nas unidades
hemoterápicas (DATASUS, 2020).

O Sistema de Informações Hospitalares Descentralizado (SIHD) é


uma ferramenta que gerencia os atendimentos hospitalares, sendo utilizada
pelas Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, seus distritos e regionais.
Foi desenvolvido com a finalidade de facilitar a captação, controle e cálculo dos
valores brutos dos procedimentos hospitalares prestados no atendimento público,
oferecendo aos gestores locais autonomia para realização do processamento e a
gestão das informações de internação.

Nesse sistema, existem seis submódulos: Configuração, Manutenção,


Produção, Controle/Avaliação, Processamento e Relatórios; e sua versão é
atualizada mensalmente. Tem como base o cadastro de estabelecimentos
mantido pelo sistema Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde
(CNES). Além desses benefícios, auxilia no planejamento de ações de saúde e
atuação da Vigilância Sanitária e Epidemiologia e produz relatórios detalhados e
abrangentes de utilização pela equipe de controle do processamento e de gestão
do atendimento (Controle, Avaliação e Auditoria).

33
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

Através do SIHD é possível programar os orçamentos individuais de cada


estabelecimento, realizando a separação daqueles de Média e Alta complexidade
como também por especialidade, facilitando assim, a análise das duplicidades,
agregando e visualizando-se os motivos de bloqueio e o responsável pela ação;
possibilitando aos auditores a autonomia para bloquear, cancelar e liberar as
AIH diretamente no sistema; realiza as atualizações mensais do Banco de Dados
Nacional do SUS (BD Nacional); e ainda, gera os arquivos compatíveis com
diversos aplicativos como TABNet e TABWin (DATASUS, 2020).

O Sistema de Gerenciamento e Produção de Bancos de Leite Humano


(BLHWeb) permite aos coordenadores da Rede de Banco de Leite Humano (BLH),
através do gerenciamento da produção e processos de trabalho, a definição de
novas metas e campanhas de aleitamento, gerencia as informações cadastradas
quanto à produção, distribuição e processamento do produto; agiliza o processo,
dando maior autonomia aos gestores dos BLHs; além de garantir qualidade nas
informações relacionadas ao leite doado; gerando relatórios para monitoramento
e tomada de decisão.

Foi desenvolvido para Bancos de Leite Humano, com a finalidade de


internalizar procedimentos, diretrizes e normas técnicas de controle de qualidade
e processos de trabalho, utilizados nesses ambientes. Objetivando assim,
dinamismo no planejamento, a gestão e os processos de trabalho na Rede BLH,
respondendo à nova demanda da Política Nacional de Aleitamento Materno do
Ministério da Saúde, possibilitando um acesso amplo a todos que se interessem
em obter informações acerca dos produtos e processos relacionados (DATASUS,
2020).

O Sistema Gerador do Movimento das Unidades Hospitalares (SISAIH) é


totalmente descentralizado utilizado mensalmente pelas Unidades Hospitalares
para transcrição dos dados das Autorizações de Internações Hospitalares e envio
dos dados às Secretarias de Saúde. Os dados transcritos no sistema SISAIH01 são
importados para o sistema SIHD, onde são processados e validados.

O Sistema de Comunicação de Informação Hospitalar e Ambulatorial


(CIHA) disponibiliza dados sobre rede assistencial (Planos de Saúde),
epidemiologia da população e práticas clínicas; traz o Cadastro de Hospital,
Pacientes e Internações; tabelas unificadas, consultas agendadas e acesso as
planilhas geradas mensalmente, conforme apresentado na Figura 16.

34
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

FIGURA 16 – SISTEMA DE COMUNICAÇÃO DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR E AMBULATORIAL

FONTE: <http://ciha.datasus.gov.br/CIHA/index.php>. Acesso em: 24 nov. 2020.

É um sistema de informações em saúde utilizado pelo Ministério da Saúde


e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar para acompanhar e monitorar
as internações em todas as unidades hospitalares do país, públicas e privadas,
integrantes ou não do SUS.

2.1.5 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/


SUS)
O Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) foi implantado
a partir de 1994 voltado para o controle de registros da movimentação física e
financeira de procedimentos e exames ambulatoriais em todo o País. A partir de
sua implantação, consolida-se a “produção ambulatorial” dos documentos do
Boletim de Produção Ambulatorial (BPA) e das Autorizações de Procedimento
de Alta Complexidade (APAC). Através do sistema, é possível selecionar dados
de qualquer região do país, acessando-se informações locais quanto aos dados
ambulatoriais e as autorizações realizadas quanto aos procedimentos de alta
complexidade, além de consultar as remessas e relatórios de entrega, cronogramas
de envios e consultas de APAC, conforme destacado na Figura 17.

35
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

FIGURA 17 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS DO SUS

FONTE: Adaptado de <http://sia.datasus.gov.br/principal/index.php>. Acesso em: 24 nov. 2020.

Apesar dos benefícios destacados anteriormente, o SIASUS, possui algumas


limitações, e a principal está ligada ao fato de que seus dados são registrados de
forma agregada e não individual. No entanto, com a implantação dos prontuários
eletrônicos em cada unidade básica de saúde (UBS), essa funcionalidade passou a
ser integrada com este sistema, agilizando então, o fluxo de informações.

O SIASUS, em razão da pandemia, criou um conjunto de orientações


técnicas para sua operacionalização durante o período de emergência de saúde
pública, disponibilizado para os usuários, com informações respectivas as
mudanças do sistema nesse período de emergência sanitária, para auxiliar os
serviços de saúde no registro da produção ambulatorial no SUS.

ATENCAO

Orientações Técnicas Para Operacionalização do SIA durante o Estado de


Emergência de Saúde Pública por Coronavírus. Disponível em: https://docs.google.com/
document/d/1xcLC1hCp21t9RIbNjlDxmIiUJV8-L_wZIgP699eDtTQ/edit. Acesse para enten-
der as mudanças no SIA/SUS decorrentes da emergência sanitária frente à pandemia da
COVID-19 (SIASUS-DATASUS, 2020).

Ainda na página do SIASUS, encontramos os sites relacionados com o


sistema, conforme apresenta a figura a seguir.

36
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

FIGURA 18 – SITES RELACIONADOS AO SIASUS

FONTE: Adaptada de <http://sia.datasus.gov.br/principal/index.php>. Acesso em: 24 nov. 2020.

Cada link direciona o usuário para o site recomendado, possibilitando a


realização de pesquisas integradas dentro do sistema.

2.1.6 Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)


O atual SIAB começou a ser utilizado no 1993, porém, com outro nome:
O Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(SIPACS) era utilizado para monitoramento das ações do programa e trabalho
realizado por agentes comunitários. Com o surgimento do Programa Saúde da
Família (PSF) e posteriormente denominado Estratégia Saúde da Família (ESF),
teve agregação de outros profissionais na equipe, tais como: médicos e o auxiliar
de enfermagem, havendo então o desenvolvimento desse sistema, que é muito
útil para o monitoramento das ações da Equipe de Saúde da Família. O SIAB
agrega informações relacionadas a cada território, problemas e responsabilidade
sanitária diferenciando dos outros sistemas (DATASUS, 2010).

A figura a seguir traz a apresentação do sistema, bem como as caracteriscias


e beneficios do mesmo, além dos icones de acesso à base de dados, downloads,
informações estatísticas, perguntas mais frequentes e dados pertinentes à saúde
da familia.

37
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

FIGURA 19 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA

FONTE: <http://www2.datasus.gov.br/SIAB/index.php?area=01>. Acesso em: 24 nov. 2020.

A partir da disponibilização dessa base de dados na internet, tem-se a


integração com as ações estratégicas da política definida pelo Ministério da
Saúde, objetivando o fornecimento de informações que possam subsidiar a
tomada de decisão pelos gestores do SUS, como também a instrumentalização
pelas instâncias de Controle Social, divulgando então, os dados para o uso de
todos os atores envolvidos na consolidação do SUS.

Através do SIAB disponibilizam-se informações acerca dos cadastros das


famílias, bem como condições de moradia e saneamento, situação de saúde, e
ainda, a produção e composição das equipes de saúde. Atualmente é considerado
o principal instrumento de monitoramento das ações do programa Saúde da
Família, sendo gerenciado pela Coordenação de Acompanhamento e Avaliação/
DAB/SAS (CAA/DAB/SAS), com a missão de monitorar e avaliar a atenção básica,
instrumentalizando a gestão e fomentar /consolidar a cultura avaliativa nas três
instâncias de gestão do SUS (DATASUS, 2020).

2.1.7 Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e


Nutricional (SISVAN)
O Sistema de Informações de Vigilancia Alimentar e Nutricional, diferente
dos outros sistemas, tem sua página própria junto ao Ministério da Saúde. é um
sistema que permite a avaliação e acompanhamento do estado nutricional da
população atendida na atenção básica por meio do SISVAN Web, possui dois
tipos de acesso: público e restrito.

Esse sistema viabiliza o cadastro das informações locais, uma vez que
todo município do país deve ter um responsável pelo SISVAN, cadastrado no

38
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

Sistema de Cadastro de Gestores de Alimentação e Nutrição do Ministério da


Saúde, que é o responsável pelo cadastro do(s) técnico(s) locais. Na Figura 20 é
possivel observar a página inicial do SISVAN, que traz uma breve apresentação do
sistema, além da disponibilidade de relatórios e demais documentos relacionados
a vigilância alimentar e nutricional.

FIGURA 20 – PÁGINA INICIAL DO SISVAN

FONTE: <https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/>. Acesso em: 24 nov. 2020.

Como forma de orientar a avaliação do estado nutricional na atenção


básica, o Ministério da Saúde elaborou e disponibilizou o documento "Protocolos
do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN", apresentando
orientações para cada fase da vida.

Para nortear a avaliação marcadores de consumo alimentar, o SISVAN


Web traz dois formulários: o primeiro destinado a crianças menores de cinco
anos e o segundo para indivíduos com cinco anos de idade ou mais. Com essa
divisão, tornou-se possivel avaliar melhor as práticas alimentares na infância,
especialmente na identificação da prevalência e o tipo de aleitamento materno,
caracterizando também melhor o período de introdução de alimentos, dos
menores de cinco anos.

Na “aba” documentos constam links que possibilitam o acesso aos


principais formulários e fichas de registros e controles de acompanhamento
nutricional, conforme apresentado na Figura 21.

39
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

FIGURA 21 – RELAÇÃO DE DOCUMENTOS DISPONÍVEIS PARA PREENCHIMENTO PELAS US

FONTE: <http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/documentos/index>. Acesso em: 7 dez. 2020.

O SISVAN orienta para que esses formulários sejam adotados com o


objetivo de caracterizar de forma ampla o padrão alimentar do indivíduo, não no
sentido de quantificar a dieta em termos de calorias e nutrientes, mas a qualidade
alimentar e nutricional. Na figura a seguir, apresenta-se a ficha de cadastro
idividual e primeiro acompanhamento nutricional que é um instrumento
disponibilizado para todas as unidades de saúde, e que norteia a avaliação e
registro das primeiras informações dos usuários.

FIGURA 22 – FICHA DE CADASTRO INDIVIDUAL E PRIMEIRO ACOMPANHAMENTO NUTRI-


CIONAL

FONTE: <https://bit.ly/3pOcPxN>. Acesso em: 24 nov. 2020.

40
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

Para realização dos registros dos dados antropométricos e dos marcadores


do consumo alimentar, o próprio sistema direciona o usuário para o formulário
dos indivíduos no sistema. O acompanhamento inicia com o registro da data do
acompanhamento e o tipo de acompanhamento (estado nutricional e consumo
alimentar). O sistema não aceita registros quando o individuo se encontra inativo
ou desatualizado. Ou seja, são realizados registros somente no ano correspondente.

Na aba “relatórios” é possível obter registros do consumo alimentar por


regiões, períodos, estados e municípios (Figura 23).

FIGURA 23 – RELATÓRIO DE CONSUMO ALIMENTAR

FONTE: <https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/relatoriogestao/index>. Acesso em: 24 nov. 2020.

De acordo com Ferreira, Cherchiglia e César (2013), o SISVAN


contribui para o conhecimento dos problemas de nutrição, identificando áreas
geográficas, segmentos sociais e grupos populacionais de maior risco aos
agravos nutricionais. As informações do sistema devem fornecer subsídios
aos responsáveis por políticas visando à melhoria dos padrões de consumo
alimentar e do estado nutricional da população. Assim, o Sisvan auxilia os
gestores públicos na formulação e monitoramento de políticas de alimentação
e nutrição.

DICAS

Dica de leitura: FERREIRA, C. S.; CHERCHIGLIA, M.L.; CÉSAR, C.C. O sistema


de vigilância alimentar e nutricional como instrumento de monitoramento da estratégia
nacional para alimentação complementar saudável. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. vol.13,
n.2. Recife abr./jun. 2013.

41
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

2.1.8 Sistema de Informações do Programa Nacional de


Imunização (SI-PNI)
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é um sistema que permite o
monitoramento das imunizações com base nos registros de aplicação das vacinas
realizadas para os profissionais da saúde, além de possibilitar um controle de
estoque desses imunobiológicos. Na página inicial do sistema, tem-se uma breve
apresentação e histórico do programa, além dos dados sobre campanhas, vacinas,
avaliação das coberturas vacinais e organização da rede para o frio (figura a
seguir).

FIGURA 24 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (SI-PNI)

FONTE: Adaptado de <http://pni.datasus.gov.br/>. Acesso em: 24 nov. 2020.

É importante frisar que o Programa Nacional de Imunizações do Brasil é


um dos maiores do mundo, trabalhando atualmente com a oferta de 45 diferentes
imunobiológicos para toda a população, independente das faixas etárias e
campanhas anuais para atualização da caderneta de vacinação.

ATENCAO

Consulte o calendário nacional de vacinação: https://www.saude.gov.br/


saude-de-a-z/vacinacao/orientacoes-sobre-vacinacao.

42
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

2.1.9 Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade


da Água para Consumo Humano (SISÁGUA)
O Sistema de Informações de Vigilância da Qualidade da Água para
Consumo Humano (SISÁGUA) é um instrumento criado a partir do Programa
Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para consumo Humano (Vigiagua),
objetivando auxiliar o gerenciamento de riscos à saúde associados à qualidade da
água destinada ao consumo humano. É parte integrante das ações de prevenção
de agravos e de promoção da saúde, previstas no Sistema Único de Saúde.

A pesquisa pelo sistema ocorre de duas formas: com usuário, que são
os cadastrados pela alimentação dos dados no sistema, ou como pesquisador
externo. Na Figura 25, observa-se que o programa disponibiliza formulários,
documentos de apoio, atualizações de consultas públicas e controles mensais e
semestrais além dos parâmetros básicos de potabilidade para consumo humano.

FIGURA 25 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA


CONSUMO HUMANO (SISÁGUA)

FONTE: < https://bit.ly/3rYvd8U >. Acesso em: 24 nov. 2020.

ATENCAO

Consulte a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da


Qualidade da Água para Consumo Humano: http://bit.ly/2XdcnNd.

43
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

2.1.10 Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos


de Saúde (SCNES)
O SCNES traz de forma integrada todas as informações pertinentes aos
recursos físicos e humanos disponíveis para o uso do SUS, permitindo assim,
aos gestores conhecer o volume de equipamentos disponíveis para prestação
de assistência à saúde da população. Através da consulta ao sistema, é possível
saber, por exemplo, número de consultórios, equipamentos para suporte à vida,
profissionais que atuam no estabelecimento com carga horária semanal, quais
modalidades de assistência são prestadas e muito mais informações.

De acordo com a Figura 26, é possível navegar pelo sistema buscando todas
as informações destacadas, além de ficar por dentro dos informes, legislações e
acessar a wiki saúde (https://wiki.saude.gov.br/cnes/index.php/P%C3%A1gina_
principal), que discorre sobre os principais aspectos relacionados à saúde e ao
programa.

FIGURA 26 – SISTEMA CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE (SCNES)

FONTE: <http://cnes.datasus.gov.br/#/carousel-example-generic>. Acesso em: 24 nov. 2020.

44
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

Importante destacar ainda que é uma base cadastral para operacionalização


de diversos sistemas, tais como: Sistema de Informação Ambulatorial (SIA),
Sistema de Informação Hospitalar (SIH), e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB), entre
outros. É considerada uma ferramenta auxiliar, que proporciona o conhecimento
da realidade da rede assistencial existente e suas potencialidades, de forma a
auxiliar no planejamento em saúde das três esferas de Governo, para uma gestão
eficaz e eficiente.

2.1.11 Sistema de Informações do Câncer de Colo do


Útero e Sistema de Informação do Câncer de Mama
(SISCOLO/SISMAMA)
É um sistema mais recente, quando comparado aos demais. O Programa
Nacional de Controle de Câncer do Colo de Útero e Mama, coleta e processa
informações clínicas de pacientes e laudos de exames, além das informações
demográficas e epidemiológicas para auxiliar no monitoramento da qualidade
na rede de coleta e diagnóstico desses exames.

É um sistema de entrada de dados desenvolvido pelo DATASUS em


parceria com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), direcionado para a
estruturação do Viva Mulher (Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo
do Útero e de Mama). O sistema além de coletar e processar informações sobre
identificação de pacientes e laudos de exames citopatológicos e histopatológicos,
fornece dados que facilitam o monitoramento externo da qualidade dos exames,
e consequentemente orientando os gestores estaduais do Programa sobre a
qualidade dos laboratórios responsáveis pela leitura dos exames no município.

O sistema também oportuniza a conferência dos valores de exames pagos


em relação aos dados dos exames apresentados. Conforme observado na figura
a seguir o site do programa traz uma breve apresentação do sistema, além dos
informes, notas técnicas e bases de dados já cadastrados.

45
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

FIGURA 27 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO E SISTEMA DE


INFORMAÇÃO DO CÂNCER DE MAMA (SISCOLO/SISMAMA)

FONTE: <http://w3.datasus.gov.br/siscam/index.php>. Acesso em: 24 nov. 2020.

Na página ainda é possível acessar diretamente os dados do INCA, bem


como participar de fóruns e palestras gratuitas relacionadas ao assunto.

2.1.12 Sistema de Cadastramento e Acompanhamento


de Hipertensos e Diabéticos (SISHIPERDIA)
O Hiperdia organiza o cadastramento e acompanhamento de portadores
de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial
do Sistema Único de Saúde – SUS. No sistema é possível gerar informação para
aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e
sistemática a todos os pacientes cadastrados (figura a seguir).

46
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

FIGURA 28 – SISTEMA DE CADASTRAMENTO E ACOMPANHAMENTO DE HIPERTENSOS E DIA-


BÉTICOS (SISHIPERDIA)

FONTE: Adaptado de <http://bit.ly/2Xf4tTG>. Acesso em: 24 nov. 2020.

O sistema envia dados para o Cartão Nacional de Saúde, funcionalidade


que garante a identificação única do usuário do Sistema Único de Saúde – SUS.

2.1.13 Sistema de Acompanhamento da Gestante


(SISPRENATAL)
O SisPreNatal foi desenvolvido para acompanhamento adequado das
gestantes inseridas no Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento
(PHPN) do Sistema Único de Saúde. No sistema consta o elenco mínimo de
procedimentos para uma assistência pré-natal adequada, ampliando esforços
no sentido de reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna, perinatal e
neonatal. Da mesma forma, traz informações que subsidiam o planejamento e a
avaliação das ações de assistência à gestante e à puérpera.

Entre os benefícios desse sistema, encontramos: Cadastramento de diversos


dados sobre os procedimentos realizados no decorrer da assistência pré-natal,
incluindo a primeira consulta, exames, vacina antitetânica, acompanhamentos
mensais e consulta de puerpério; além de registrar o acompanhamento das
gestações de alto-risco; gerando relatório de indicadores, e aproximadamente
40 relatórios de acompanhamento; atualiza e disponibiliza registros diariamente
dos atendimentos às gestantes; permite a geração de faturas para o SIA-SUS,
em que posteriormente realiza pagamentos extrateto (Cadastro e Conclusão);
disponibilizando também formulários para as unidades de saúde realizarem os
cadastramentos on-line, conforme apresenta a Figura 29.

47
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

FIGURA 29 – SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DA GESTANTE (SISPRENATAL)

FONTE: Adaptado de < http://bit.ly/35b2AeQ >. Acesso em: 24 nov. 2020.

FIGURA 30 – INFORMAÇÕES PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL

FONTE: Franco (2016, p. 6)

48
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

2.2 DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES


Conforme visto nos tópicos anteriores, apesar da pertinência das
informações geradas pelos sistemas, no início, elas eram muito pouco ou nada
utilizadas no processo de decisão e controle, no entanto, nos últimos anos, mais
precisamente com a implementação do SUS, tem-se observado um avanço acerca
do acesso e das possibilidades de análise dos principais SIS disponíveis no Brasil.
De forma gradativa, o processamento desses sistemas vem, passando para Estados
e/ou municípios, possibilitando que a sua análise ocorra em tempo oportuno e
sejam incluídas, sendo fundamentais quando o usuário é em nível local criando-
se programas simplificados e mais ágeis para realização de tabulações com dados
provenientes desses sistemas.

O DATASUS (departamento de informática do SUS) foi criado com o


objetivo de tornar a informação fundamental para a democratização da Saúde,
como também o aprimoramento de sua gestão, e a informatização das atividades
do Sistema Único de Saúde, a partir das diretrizes tecnológicas adequadas,
essencialmente para a descentralização das atividades de saúde e viabilização
do Controle Social sobre a utilização dos recursos disponíveis, tornando possível
a obtenção de dados acerca da rede hospitalar e ambulatorial do SUS e alguns
dos principais sistemas de informação em saúde mortalidade, atenção básica,
orçamentos públicos em saúde, imunização, câncer de colo do útero e mama. O
IBGE também contribui com o SIS, e disponibiliza no site do DATASUS, dados
respectivamente associados à pesquisa assistência médico sanitária, população
residente, alfabetização, abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo.

É importante destacar que a efetividade dos processos envolvidos desde


a coleta, processamento, análise e transmissão da informação, são fundamentais
para o monitoramento e a avaliação do estado de saúde da população e
consequentemente, ao planejamento, a organização e pleno funcionamento dos
serviços de saúde. No entanto, a realidade, conforme destacada anteriormente
aponta desvios de qualidade em vários pontos desta cadeia, afetando a veracidade
das informações geradas.

Alguns importantes movimentos já foram feitos pelo Ministério da Saúde


visando à integração dos diversos sistemas de informação. A implantação do
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e a unificação da Tabela
de Procedimentos Hospitalares e Ambulatoriais são exemplos expressivos.
Outras iniciativas mais técnicas, como o estabelecimento de parâmetros para
comunicação entre sistemas e a criação do repositório de tabelas do SUS, em
curso, também são relevantes.

Cabe destacar, ainda, o cadastro nacional de usuários, conhecido como


Cartão Nacional de Saúde, que atribui um número de identificação a cada
indivíduo, tendo seus dados e caracterizações vinculados, a ser disponibilizado
por todos os SIS. A implantação efetiva deveria permitir, principalmente, a
visualização da cobertura do SUS, o perfil de usuários, pontos de gargalo das redes
de serviços e das referências intermunicipais e interestaduais. A continuidade
49
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

desse projeto é imprescindível e conta com o apoio da maioria dos gestores


estaduais e municipais de saúde.

Qual deve ser o papel de um Sistema de Informação em Saúde?

Essa reflexão nos permite esboçar alguns aspectos essenciais:

• Um SIS eficiente deve ser capaz de organizar a produção de informações


compatíveis com as necessidades dos diferentes níveis de complexidade do
sistema de saúde e esferas de atendimentos, garantindo assim a avaliação
permanente das ações executadas e do impacto delas na situação de saúde.
• Assessorar o desenvolvimento e implementação de sistemas direcionados
para as especificidades das múltiplas unidades de operação do sistema de
saúde.
• Contribuir para a formação e capacitação dos profissionais de saúde,
voltando-se para a construção de uma consciência sanitária coletiva, baseada
na ampliação do exercício do controle social e da cidadania e, principalmente
para o resgate de uma relação humanizada entre as instituições de saúde e os
cidadãos.

Quem deve ser “usuário” de um Sistema de Informação em Saúde?

• Equipes técnicas e profissionais do SUS.


• Instâncias decisórios e gestoras do SUS, tais como: comissões, conselhos,
conferências, colegiados e outros fóruns desse tipo.
• Setores além da área da saúde tanto governamentais, Ministérios, Secretarias
Estaduais e Municipais envolvidos diretamente com ações para melhoraria
da qualidade de vida da população: (educação, meio ambiente, ação social
etc.).
• Universidades e escolas públicas e os setores responsáveis pelas intervenções
referentes ao saneamento básico.
• Organizações populares e Organizações não Governamentais.
• A população em geral.

Para facilitar a tomada de decisões e planejar ações estratégicas voltadas


para a transformação de determinada situação de saúde, na fase da organização
e planejamento de um SIS, questiona-se acerca das possibilidades que possam
permitir conhecer e avaliar a qualidade da vida da população em um determinado
território ou realidade específica, por exemplo, epidemias locais ou regionais.
Posteriormente, utilizam-se informações obtidas a partir de determinados dados
já existentes.

Primeiramente, reconhece-se a situação de saúde “inicial”. Após decisões,


intervenções e determinados resultados, avaliam-se as transformações obtidas,
ou seja, a situação de saúde “final”. Em um processo permanente de produção de
respostas às necessidades de saúde das populações. A Figura 31 esquematiza os
aspectos norteadores que formam um conjunto básico de informações para (re)
conhecer, decidir, intervir, acompanhar e avaliar determinada situação de saúde.

50
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

FIGURA 31 – ASPECTOS NORTEADORES DE UM CONJUNTO BÁSICO DE INFORMAÇÃO EM


SAÚDE

FONTE: Ferreira (1999, p. 19).

Para melhor identificação dos momentos em que a informação deveria


subsidiar a gestão de um Sistema Municipal de Saúde, apresenta-se na Figura
32 uma proposta simplificada que representa um processo de trabalho em
saúde, buscando-se organizar respostas sociais às necessidades de saúde de uma
população.

FIGURA 32 – PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE

FONTE: Ferreira (1999, p. 33)

As informações necessárias para a gestão de um Sistema de Saúde


basicamente devem:
• Garantir o conhecimento, o acompanhamento e a avaliação constante da
situação de saúde.
• Subsidiar a tomada de decisões, no processo de gestão do sistema e de
gerenciamento de serviços de saúde, respaldando a eficiência, a eficácia e
efetividade das respostas produzidas.

51
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

Nesse sentido, é possível entender que o trabalho desenvolvido por


uma unidade de informação em saúde para além de tantos objetivos, tem
especificamente o social: fornecer ao cliente o acesso à informação técnica-
científica em saúde por meio de serviços e produtos especializados. Assim, as
atividades de divulgação dos produtos e serviços deve ter como foco, o objetivo
de cada instituição e destacar para o diferencial do trabalho realizado frente
às necessidades do público-alvo, primando pela qualidade dos serviços, a
preocupação com o tipo de produto e o modo como é oferecido e disponibilizado
para os usuários.

Através de ações de incentivo ao uso de sistemas e fontes de informação


automatizadas, sites governamentais e outras plataformas, o Estado fica mais
próximo do cidadão, fazendo cumprir sua responsabilidade na prestação de
serviços de forma transparente, pontual e aberta a debates. A divulgação não
se restringe apenas à disponibilidade e ao uso de produtos e/ou serviços. É
imprescindível que ocorra constantemente a manutenção do relacionamento
(canal de comunicação) entre instituições e usuários. Nesse viés, os produtos ou
serviços, devem atender às demandas satisfatoriamente, como forma de atingir
seus propósitos.

Para tanto, os serviços e sistemas devem ser testados e avaliados pelo


usuário, que, dentro do possível deve dar uma devolutiva (avaliação) para a
melhoria dos pontos, quando necessário, serem melhorados. Em se tratando
de sistemas de informações em saúde, esse relacionamento ocorre através da
interatividade, disponibilizada por uma infinidade de SAC, chats, enquetes
sobre a qualidade dos serviços e dos “testes” de novos produtos e/ou serviços. A
proposta é de que a avaliação seja realizada por meio de um mecanismo direto com
o usuário. Possibilitando, assim, o conhecimento se o trabalho está satisfatório, se
o usuário tiver suas necessidades atendidas e esta avaliação for positiva.

Um exemplo prático é a criação do aplicativo e-Saúde, em 2017, que foi


substituído pelo Conecte SUS (Figura a seguir). Lançado pelo Ministério da
Saúde, é uma ferramenta que oferece, de forma on-line, informações em saúde
de uso pessoal e restrito a cada cidadão brasileiro. Entre os serviços oferecidos
estão o acesso aos dados do cartão nacional de saúde, lista de medicamentos
retirados nas unidades de saúde, acompanhamento do cartão de vacinação e lista
de exames realizados.

52
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

FIGURA 33 – APLICATIVO CONECTE SUS

FONTE: <http://bit.ly/3nbnSiQ>. Acesso em: 24 nov. 2020.

Para melhor funcionamento do aplicativo, o Ministério da Saúde continua


interligando os sistemas de informação do SUS já existentes. Esse app conta com
informações do Hórus, Hemovida, Cartão SUS, CNES, e-sus AB, Ouvidoria e o
Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SIPNI).

ATENCAO

Consulte o catálogo de sistemas e produtos disponíveis pelo DATASUS: https://


datasus.saude.gov.br/wp-content/uploads/2019/08/Catalogo-de-Produtos-DATASUS.pdf.

2.3 APP CORONAVÍRUS-SUS


O aplicativo do COVID-19 (Figura 34) é o mais recente e moderno sistema
de informações disponibilizados pelo Ministério da Saúde. Foi criado com o
objetivo de conscientizar a população sobre o coronavírus (Covid-19), trazendo
informativos de diversos tópicos como os sintomas, como se prevenir, o que fazer
em caso de suspeita e infecção, mapa indicando unidades de saúde próximas etc.

53
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

FIGURA 34 – APLICATIVO CORONAVÍRUS SUS

FONTE: <http://bit.ly/393eskf>. Acesso em: 24 nov. 2020.

Além do aplicativo, o Ministério da Saúde mantém informações técnicas e


últimas notícias no seu site, especificamente sobre o COVID-19, com acesso livre
para todos os usuários (Figura 35).

FIGURA 35 – PÁGINA OPERACIONAL CORONAVÍRUS MINISTÉRIO DA SAÚDE

FONTE: <https://coronavirus.saude.gov.br/>. Acesso em: 24 nov. 2020.

54
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

Da mesma forma, o Ministério da Saúde atualiza continuamente os casos


de COVID-19 (figura seguir) em página específica para atualização por região,
data, casos, óbitos, casos novos por dia de notificação, óbitos novos por dia de
notificação.

FIGURA 36 – SISTEMA DE ATUALIZAÇÃO COVID-19

FONTE: < http://bit.ly/38ePsHK >. Acesso em: 5 jan. 2021.

DICAS

MORAIS, Rinaldo Macedo de.; COSTA, André Lucirton. Um modelo para ava-
liação de sistemas de informação do SUS de abrangência nacional: o processo de seleção
e estruturação de indicadores. Rev. Adm. Pública vol.48 no.3 Rio de Janeiro maio/jun.
2014
CINTHO, Lilian Mie Mukai; MACHADO, Roni Rodrigues; MORO, Claudia Maria Cabral. Mé-
todos para Avaliação de Sistema de Informação em Saúde. J. Health Inform. 2016 Abril-
-Junho; 8(2):41-8.
ABREU, Leidy Dayane Paiva de.; SILVA, Maria Verônica Sales da.; MOREIRA, Francisco Jad-
son Franco. Sistema de Informação em Saúde em tempos de COVID-19. Edição Especial
– Enfrentamento da COVID-19 – Cadernos ESP – Revista Científica da Escola de Saúde
Pública do Ceará v. 14 n. 1, 2020.

55
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os principais Sistemas de Informação do Ministério da Saúde estão disponíveis


na página do DATASUS, responsável por esses sistemas. Entre os principais
sistemas você viu que:

o O SINASC permite conhecer quantas crianças nascem por ano e


por região, bem como as características ligadas à saúde da mãe
(idade gestacional, por exemplo) e do recém-nascido (presença de
malformações congênitas ao nascer), apontando que necessidades
assistenciais devem ser atendidas na região dos nascimentos para
melhorar a qualidade da assistência pré-natal à criança.

o O SIAB reúne informações acerca das atividades desempenhadas em


nível de atenção básica. É utilizado para medir o impacto das ações
básicas desenvolvidas, auxiliando na determinação das prioridades
e avaliação do que já foi feito pelas equipes dos Programas Saúde
da Família e Agentes Comunitários de Saúde (PSF e PACS).

o O SAI foi implantado nacionalmente na década de 1990, visando ao


registro dos atendimentos realizados no âmbito ambulatorial, por
meio do Boletim de Produção Ambulatorial (BPA). Ao longo dos
anos, o SIA vem sendo aprimorado para ser efetivamente um sistema
que gere informações referentes ao atendimento ambulatorial e que
possa subsidiar os gestores estaduais e municipais no monitoramento
dos processos de planejamento, programação, regulação, avaliação
e controle dos serviços de saúde, na área ambulatorial. O Ministério
da Saúde (MS) implantou o Sistema de Informação Hospitalar (SIH/
SUS) em 1990. A Autorização de Internação Hospitalar (AIH) é o
instrumento de registro padrão desde a implantação do Sistema de
Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), sendo utilizada por
todos os gestores e prestadores de serviços.

o O SIH reúne informações sobre a assistência prestada pelos


hospitais, que é alimentado principalmente pelos dados contidos
nas Autorizações de Internações Hospitalares (AIH) e pelos relatos
contidos nos prontuários dos pacientes.

o O SINAN reúne todas as informações relativas aos agravos de


notificação, alimentado pelas notificações compulsórias.

56
o O SIM reúne os dados relativos aos óbitos ocorridos. Alimentado
pelos atestados de óbito emitidos, possibilita o conhecimento
da distribuição dos óbitos por faixa etária, sexo, causa e outras
informações.

• Um sistema de informação é um instrumento para o planejamento estratégico,


entendendo que uma decisão, especialmente na área da saúde, só pode ser
respaldada a partir de informações confiáveis

57
AUTOATIVIDADE

1 O SIS é denominado como um conjunto de sistemas de saúde que foi


desenvolvido para subsidiar a formulação e avaliação das políticas, planos
e programas de saúde, auxiliando a tomada de decisões, contribuindo
para a melhoria do contexto situacional de saúde tanto individual quanto
coletiva. Pertinente ao SIS, analise as afirmativas a seguir:

I- Coletar racional e objetivamente dados e registros de informações de


saúde visando à construção de indicadores tanto epidemiológicos como
operacionais que venham a atender aos objetivos de cada programa ou
instituição.
II- O sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) utiliza um documento
básico padronizado denominado de declaração de nascidos vivos (DN), e
deve ser preenchido pelo profissional médico para todos os nascidos vivos
em ambiente hospitalar.
III- O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é alimentado
pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam
da lista nacional de doenças de notificação compulsória.
IV- O SIS tem como funções: planejamento, coordenação, supervisão dos
processos de seleção dos dados, coleta, registro, processamento, análise
e difusão dos dados e geração de informação.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.


b) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

2 O Sistema de Informação sobre Programa Nacional de Imunizações (SI-


PNI) foi criado como alternativa para manter atualizado os cadastros de
vacinações em âmbito nacional. Qual das alternativas a seguir apresenta o
objetivo fundamental do Sistema de Informação do Programa Nacional de
Imunizações (SI-PNI)?

a) ( ) Controlar a produção e distribuir os imunobiológicos necessários ao


abastecimento da população.
b) ( ) Avaliar de forma dinâmica os riscos quanto à ocorrência de doenças
ligadas ao câncer.
c) ( ) Possibilitar aos gestores envolvidos no programa uma avaliação
dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias.

58
d) ( ) Alimentar os sistemas de vigilância sanitária do Ministério da
Agricultura, em especial quanto ao risco da ocorrência de surtos
ou epidemias em animais que fazem parte da base alimentar da
população brasileira.
e) ( ) Registrar os insumos aplicados e do quantitativo populacional
vacinado, para reporte mensal a Organização Mundial de Saúde
(OMS) e alimentação dos bancos de informação sobre a saúde da
Organização Pan Americana de Saúde (OPAS).

3 O Departamento de Informática do SUS (DATASUS) tem um papel de


grande importância na elaboração do processo de informação na saúde.
Sobre as atribuições desse departamento, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) foi implantado


para o acompanhamento das ações e dos resultados das atividades
realizadas pelas equipes do Programa Saúde da Família (PSF).
b) ( ) O Programa Nacional da Infância (PNI) permite o gerenciamento
do processo de vacinação infantil.
c) ( ) O Sistema de Cadastro de Mortalidade (SISCAM) objetiva dar su-
porte ao controle de mortalidade no Brasil.
d) ( ) O Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Pacientes
Portadores de AIDS (HIPERDIA) destina-se ao cadastramento e
ao acompanhamento de pacientes HIV positivo atendidos na rede
ambulatorial do SUS, permitindo a geração de informação para
aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos, de forma
regular e sistemática, a todos os pacientes cadastrados.
e) ( ) O Sistema de Acompanhamento do Recém-nascido (SISPRENATAL)
permite o cadastramento e o acompanhamento de todos os recém-
nascidos no âmbito do SUS.

4 É importante ter-se uma caracterização sobre o SIS, em busca de ter bem


claro do que se trata. Portanto, o que é e quais as características de um
Sistema de Informação em Saúde?

5 O Departamento de Informática do SUS (DATASUS) tem um papel de


grande importância na elaboração do processo de informação na saúde.
Cite pelo menos três atribuições desse departamento.

59
60
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —

ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estudaremos o passo a passo para organização de um SIS,
considerando as características que deve conter, além dos objetivos e vantagens
a serem contemplados para atender aos princípios e diretrizes do Sistema Único
de saúde. Da mesma forma, contemplaremos as especificidades do Registro
Eletrônico de Saúde, a pertinência de sua utilização, além dos objetivos e
funcionalidades buscados a partir da adoção dos prontuários eletrônicos.

De forma breve, serão apresentadas as mudanças trazidas pelos SIS, RES


e a adoção do e-Saúde na proposta estratégica da informação, comunicação e
otimização do Sistema Único de Saúde tanto para os usuários quanto para os
profissionais e equipes técnicas que atuam nesse setor.

Para finalizar este tópico trabalharemos com o resumo do tópico,


autoatividades, além da leitura complementar dos textos sugeridos como forma
de contribuir para a construção do conhecimento sobre essa temática.

2 PASSOS FUNDAMENTAIS PARA A ORGANIZAÇÃO DE UM


SIS
Um SIS deve ser planejado e organizado enquanto um instrumento de
apoio à gestão de um Sistema de Saúde. Nesse sentido, deve produzir informações
que possibilitem:

• Avaliar uma determinada situação de saúde;


• Subsidiar a tomada de decisões sobre as respostas (ações) a serem
implementadas;
• Acompanhar ou controlar a execução (eficiência e eficácia) das ações propostas;
• Avaliar o impacto (efetividade) alcançado sobre a situação de saúde inicial.

Assim, a produção das informações deve ser organizada de forma


sistematizada, norteada pelos seguintes processos:

• Coleta de dados: geração e registro dos dados devidamente padronizados


(por exemplo: a definição do que é uma primeira consulta deve ser a mesma
para todo o sistema de saúde);

61
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

• Processamento dos dados: recepção, codificação, tabulação, cálculos básicos


(por exemplo: totalizações), controle de erros e inconsistências (por exemplo:
câncer de colo do útero numa pessoa do sexo masculino), armazenamento,
manutenção, recuperação e disponibilização dos dados;
• Produção e disseminação das informações: tratamento dos dados segundo
as necessidades de informação demandadas: cálculo de indicadores,
elaboração de gráficos, mapas temáticos e outros formatos de apresentação
das informações produzidas.

Nessa construção, responsabiliza-se também pela definição e


operacionalização de mecanismos que irão disseminar estes produtos, a partir
de suas competências, necessidades e formatos, de acordo com os diferentes
“usuários”. A Figura 37 apresenta resumidamente os passos envolvidos no
processo de organização de um SIS.

FIGURA 37 – PASSOS PARA ORGANIZAÇÃO DE UM SIS

FONTE: Vidal (2017, p. 3).

De forma resumida, pode-se afirmar que a organização de um SIS deve


ser realizada a partir de um planejamento estratégico que venha a garantir a
participação efetiva dos usuários das informações em todos os momentos que
envolvem esse processo.

É imprescindível considerar alguns aspectos no planejamento da


implantação (aperfeiçoamento) de um SIS, tais como:

Aspectos institucionais: caracterização clara do modelo de atenção à


saúde de referência para a instituição e dos objetivos prioritários definidos frente
à situação atual da implementação desse modelo.

Aspectos operacionais: características do processo de trabalho na produção


das diversas atividades (consulta médica, controle de estoque, gerenciamento das
unidades de saúde etc.) desenvolvidas pelas diferentes unidades operacionais
que compõem o Sistema de Saúde.

62
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE

Aspectos organizacionais: dimensionamento dos diferentes componentes


da estrutura do Sistema de Saúde, ou seja, recursos humanos, físicos, materiais,
financeiros, orçamentários, equipamentos e insumos.

Portanto, essa construção deve ser um processo ligado ao planejamento


institucional e à realidade epidemiológica, em busca da definição de informações
úteis e oportunas nas diferentes instâncias de decisão. Importante destacar que
os dados a serem coletados devem ser justificados pelas informações a serem
geradas. Assim, na definição das informações necessárias é importante considerar
as seguintes questões:

1. Por que essa informação deve ser produzida?


2. Para que será utilizada?
3. Quem vai utilizá-la?
4. Como será utilizada (formato, fluxo, periodicidade)?
5. Por quanto tempo será útil essa informação?
6. Ela deve ser produzida pelo SIS ou obtida através de um estudo ou pesquisa
pontual?

Após atentar para as questões citadas, é possível considerar os seguintes


passos de forma mais explicativa por Ferreira (1999):

1º) Constituir um grupo decisório, com representantes de todos os níveis gerenciais


para o acompanhamento e tomada de decisões durante todo o processo.
2º) Constituir um grupo técnico, responsável pela elaboração das propostas e
implementação das mesmas após deliberação pelo grupo decisório.
3º) Conhecer as estratégias e objetivos institucionais propostos para concretização
do modelo de atenção, considerando as competências dos diferentes níveis
gerenciais.
4º) Definir as informações necessárias para subsidiar o processo de planejamento,
tomada de decisões e de avaliação em todos os níveis gerenciais, consoantes
com os objetivos definidos no passo anterior;
5º) Elaborar ou identificar os indicadores capazes de contemplar as necessidades
de informação definidas no passo anterior.
6º) Definir os “relatórios” a serem gerados pelo sistema (tabelas, gráficos, mapas
etc.).
7º) Definir os dados a serem coletados, a periodicidade e suas respectivas fontes.
8º) Estruturar o processamento dos dados considerando: os instrumentos de
coleta, os fluxos, o armazenamento e a transmissão dos dados.
9º) Definir a tecnologia de informática a ser adotada.
10º) Quando for o caso, é fundamental analisar os sistemas já implantados,
avaliando-os e propondo as medidas necessárias (aquisições, reformulações,
substituições, manutenção etc.) para que eles possam ser aproveitados para
gerar as informações/indicadores definidos.

63
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

11º) Definir o modelo de gerenciamento do SIS garantindo uma avaliação


permanente da qualidade e da utilização das informações produzidas.
12º) Definir os mecanismos para disseminação das informações.

A Figura 38 apresenta um fluxo de informações (passos) que devem ser


considerados em todas as etapas do planejamento de um SIS.

FIGURA 38 – FLUXO DE INFORMAÇÕES NO PLANEJAMENTO DO SIS

FONTE: Os autores (2020).

Conforme observado, em todo processo de desenvolvimento e


sistematização das ações ocorre a regulação da atenção, programação das ações
e serviços de saúde, gestão e controle de sistemas de informação, e avaliação
dos serviços de saúde. Após todo processo avaliativo, e aprovação do sistema
será elaborado um Plano de Ação, em que são discriminadas ações e atividades,
os responsáveis, os prazos, os recursos, o orçamento e o cronograma para
desenvolvimento da proposta. Para que este plano seja aplicado de fato, sendo
imprescindível fundamental analisar sua viabilidade e pensar estratégias para
concretizá-lo.

3 REGISTRO ELETRÔNICO EM SAÚDE (PRONTUÁRIO


ELETRÔNICO)
O Registro Eletrônico em Saúde (RES) é um repositório de informações
processáveis sobre o cuidado em saúde do indivíduo, armazenadas e transmitidas
de forma segura e acessível por múltiplos usuários autorizados (Política Nacional
de Informação e Informática em Saúde - PNIIS - MS, 2016).

64
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE

ATENCAO

O principal objetivo do RES é oferecer apoio a cuidados de saúde de qualidade,


eficazes, eficientes, efetivos, seguros e integrados, ao longo de toda a vida do paciente
(International Organization for Standardization, 2011).

Suas principais funções são:

• Criar e manter prontuário para cada paciente com informações demográficas e


história clínica.
• Permitir ao paciente ter acesso à informação sobre a sua saúde e aos dados
agregados relativos à comunidade em que vive, bem como sobre as doenças
que os afetam.
• Oferecer protocolos e evidências para apoio à tomada de decisão pelo
profissional de saúde, na prescrição e no atendimento, incluindo alertas.
• Contribuir para a organização e disseminação de condutas e protocolos clínicos.
• Permitir agregar a informação coletada para fins de extração de conhecimento.

De acordo com a Estratégia e-Saúde para o Brasil (2016), através da


implementação dos registros eletrônicos, espera-se os seguintes benefícios:

• Melhorar a atenção em saúde em todos os seus aspectos, pois o atendimento


de melhor qualidade é resultado da informação coletada e disponível quando
e onde necessária.
• Integrar os processos de saúde, pela disponibilidade da informação de saúde.
• Maior conhecimento para a tomada de decisão, pois a partir da informação
clínica armazenada é possível extrair dados importantes sobre prevalência de
doenças, efetividade de tratamentos, adequação de protocolos, diretrizes e
consensos.
• Na vigilância em saúde e epidemiológica, a coleta sistemática de dados clínicos
permite que se estabeleçam regras de Vigilância em Saúde.
• A informação de saúde coletada pelo RES, forma um material poderoso para a
análise e tomada de decisão para ações de promoção de saúde.

Os dados gerados e consequentemente registrados pelo RES são construídos


a partir da assistência multiprofissional e institucional de saúde, constituindo-se
em fontes de informações sobre as pessoas, seus estados de saúde e suas inserções
no sistema de saúde.

Como estratégia do e-Saúde, os dados que se encontravam dispersos entre


os diversos prestadores não permitiam que o sistema de saúde e nem mesmo o
próprio beneficiário tivesse uma visão integral e longitudinal das informações de
saúde. A incorporação do e-Saúde ao SUS proposta para o ano de 2020, surgiu como
uma dimensão fundamental, reconhecendo-a como uma estratégia de melhoria dos
65
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

serviços de Saúde por meio da disponibilização e uso de informação abrangente,


precisa e segura (BRASIL, 2017).

E
IMPORTANT

O e-Saúde é uma proposta de organização e oferta de serviços de saúde. As


atividades de saúde estão intimamente ligadas à informação e comunicação e dependem
de conhecimento e tecnologia para viabilizar mecanismos inovadores, efetivos, eficazes
e eficientes que ampliem o alcance e aumentem a qualidade, a resolubilidade e a
humanização dos diversos aspectos da atenção em saúde.
Para saber mais, acesse: https://bit.ly/2Xh96g0.

Entre as características do e-Saúde, podemos observar na figura a seguir


os requisitos que vêm a contemplar efetivamente a construção e o acesso ao
SIS complementar, com estratégias norteadoras e contemplativas da tomada
de decisões mais ágeis, por meio dos dados de saúde de cada território e de
seus usuários, viabilizando, assim, a comunicação e a elaboração dos Registros
Eletrônicos em Saúde (RES).

Dessa forma, para contemplar as estratégias apresentadas, torna-se


imprescindível a adoção de ações no sentido de:

• Reduzir a fragmentação das iniciativas no SUS e aprimorar a governança da


estratégia.
• Fortalecer a intersetorialidade de governança de e-Saúde.
• Elaborar o marco legal de e-Saúde no país.
• Definir e implantar uma arquitetura para a e-Saúde.
• Definir e implantar os sistemas e serviços de e-Saúde integrados ao SUS.
• Disponibilizar serviços de infraestrutura computacional.
• Criar arquitetura de referência para sustentação dos serviços de infraestrutura.
• Criar a certificação em e-Saúde para trabalhadores do SUS.
• Promover a facilitação do acesso à informação em saúde para a população.

A partir da implementação do RES, foi possível como estratégia de curto


prazo agilizar o atendimento e melhorar o fluxo de informações para apoio à
decisão em Saúde, como também, alinhar esforços dos diversos atores envolvidos
aumentando consequentemente, o impacto das iniciativas de concepção,
desenvolvimento, aquisição e implantação de SIS, incluindo dispositivos,
modelos e processos no SUS.

No entanto, essa proposta vem sendo construída desde 2005, sendo que
em 2016 foi definido o Conjunto Mínimo de Dados na Atenção a Saúde, que
venham a contemplar a proposta do RES, conforme apresenta a figura a seguir.

66
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE

FIGURA 39 – HISTÓRICO DE AÇÕES DO REGISTRO ELETRÔNICO DE SAÚDE

FONTE: Oliveira (2018, p. 29)

As informações coletadas no processo de atenção sejam disponibilizadas


de forma a possibilitar atendimentos de melhor qualidade. Assim, o profissional
de saúde poderá tomar decisões clínicas com base em informação sobre o paciente,
sua história clínica, suas alergias e outras condições, bem como em evidências,
protocolos e melhores práticas, reduzindo os custos e retrabalho, melhorando a
segurança do paciente, por evitar a prescrição de medicamentos e procedimentos
desnecessários.

ATENCAO

Assista também: Sistema de Registro Eletrônico de Saúde (S-RES): https://www.


youtube.com/watch?v=KwvVOSnc11o.

67
UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

LEITURA COMPLEMENTAR

PRONTUÁRIO ELETRÔNICO A CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE


REGISTRO ELETRÔNICO DE SAÚDE

A utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde


(TICS) cresce a cada dia. Hoje são inúmeras as possibilidades, os recursos e os
benefícios que a informática pode trazer para a área de saúde, especialmente para
o MÉDICO.

O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) é a principal ferramenta de


TICS que o médico precisa ou precisará lidar nas suas atividades diárias, seja no
consultório, centro diagnóstico ou hospital. É fundamental que o médico utilize
uma ferramenta de alta qualidade, segura e que possa auxiliá-lo no registro da
história clínica e exame físico, bem como na solicitação de exames e prescrição.
Outro conceito importante é o Registro Eletrônico de Saúde (RES) que permite o
armazenamento e o compartilhamento seguro das informações de um paciente.

Os sistemas devem adotar mecanismos de segurança capazes de garantir


autenticidade, confidencialidade e integridade das informações de saúde. A
certificação digital é a tecnologia que melhor provê estes mecanismos.

Com o intuito de estabelecer as normas, padrões e regulamentos para o


PEP/RES no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Sociedade Brasileira
de Informática em Saúde (SBIS) estabeleceram um convênio de cooperação
técnico-científica que está em vigência desde 2002.

Esse convênio propiciou a criação de um processo de Certificação de


Sistemas de Registro Eletrônico de Saúde, com o estabelecimento dos requisitos
obrigatórios e, acompanhando a legislação federal para documento eletrônico,
reforçou a obrigatoriedade do uso de certificação digital (assinatura eletrônica)
para a validade ética e jurídica de um PEP/RES. Um marco regulatório importante
foi a publicação da Resolução CFM Nº 1821/2007.

Para que o médico compreenda melhor os conceitos-chaves da Certificação


de Software e Certificação Digital, o CFM e a SBIS elaboraram esta cartilha
educativa. Nela o profissional médico e os demais interessados poderão ter uma
visão geral sobre PEP/ RES, Certificação Digital, Documento Eletrônico e quais as
regras para um prontuário 100% digital (paperless – sem papel). Tudo isso numa
linguagem adequada para facilitar o entendimento de todos os profissionais.
Ainda nesta cartilha estão os esclarecimentos às principais dúvidas a respeito
desse assunto, atendendo assim uma série de solicitações que o CFM e a SBIS vêm
recebendo durante os últimos anos.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2L07CUW>. Acesso em: 24 nov. 2020.

68
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A organização de um SIS deve ser realizada a partir de um planejamento


estratégico que venha a garantir a participação efetiva dos usuários das
informações em todos os momentos que envolvem esse processo.

• Um SIS deve ser planejado e organizado enquanto um instrumento de apoio


à gestão de um Sistema de Saúde. Nesse sentido, deve produzir informações
que possibilitem:

• Avaliação de determinada situação de saúde.

• Subsidiar a tomada de decisões sobre as respostas (ações) a serem


implementadas.

• Acompanhamento ou controle da execução (eficiência e eficácia) das ações


propostas.

• Avaliação do impacto (efetividade) alcançado sobre a situação de saúde


inicial.

• O Registro Eletrônico em Saúde (RES) caracteriza-se como um repositório


de informações processáveis sobre o cuidado em saúde do indivíduo,
armazenadas e transmitidas de forma segura e acessível por múltiplos
usuários autorizados.

• Os dados gerados e consequentemente registrados pelo RES são construídos a


partir da assistência multiprofissional e institucional de saúde, constituindo-
se em fontes de informações sobre as pessoas, seus estados de saúde e suas
inserções no sistema de saúde.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

69
AUTOATIVIDADE

1 Os prontuários dos pacientes são documentos importantes como registros


que podem ser disponibilizados de forma eletrônica. Sobre o exposto,
analise as afirmativas a seguir:

I - O prontuário eletrônico do paciente (PEP) pode ser de dois tipos: digitalizado


e on-line.
II - Algumas limitações do prontuário em papel são baixa mobilidade, sujeição
a ilegibilidade e ambiguidade.
III - O conceito de Registro Eletrônico de Saúde (RES) abrange o comparti-
lhamento de informações sobre a saúde de um ou mais indivíduos, inter
e multi-instituição, dentro de uma região (município, estado ou país), ou
ainda, entre um grupo de hospitais.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

2 São inúmeras as vantagens que a adoção do Registro Eletrônico em Saúde


oportuniza. Sobre essas vantagens, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Investimento; Mudança na rotina; Internet obrigatória; Acessibilidade.


b) ( ) Integração de informações; Corte de Custos e espaços; Internet;
obrigatória.
c) ( ) Otimização das atividades; Mudança de Rotina; Acessibilidade;
Investimento.
d) ( ) Segurança dos dados; Otimização das atividades; Acessibilidade;
Integração de informações; Corte de custos e espaços.
e) ( ) Mudança de rotina; Acessibilidade; Investimento; Internet
obrigatória.

3 Um SIS deve ser planejado e organizado enquanto um instrumento de apoio


à gestão de um Sistema de Saúde. Partindo desse entendimento, um SIS
deve produzir que tipo de informações? Justifique sua resposta.

4 Um SIS deve ser planejado e organizado enquanto um instrumento de apoio


à gestão de um Sistema de Saúde. Partindo desse entendimento, um SIS
deve produzir que tipo de informações? Justifique sua resposta.

5 O Registro Eletrônico de Saúde é uma poderosa ferramenta para os médicos


proverem com qualidade e segurança um cuidado integrado aos seus
pacientes. Sobre o RES, cite o objetivo e pelo menos três benefícios.
70
REFERÊNCIAS
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia Básica. 2 ed.
São Paulo: Grupo Editorial Nacional; 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Informação da Saúde Suplementar:


Beneficiários, Operadoras e Planos – junho de 2019. Disponível em: <https://bit.
ly/3pVktq0>. Acesso em: 4 dez. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégia e-Saúde para o Brasil. Comitê Gestor


da Estratégia e-Saúde. Brasília – DF, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2Xh96g0.
Acesso em: 15 jul. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Entendendo o SUS. 2006. Disponível em:


<https://bit.ly/3hL5a0b>. Acesso em: 4 dez. 2020.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições


para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona-
mento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível


em: <https://bit.ly/38hv88w>. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Decreto nº 66.623, de 22 de maio de 1970. Dispõe sobre a organização


administrativa do Ministério da Saúde, e dá outras providências. Disponível
em: http://bit.ly/2L9WrZN. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Decreto-lei nº 904, de 1º de outubro de 1969. Dispõe sobre entidades


do Ministério da Saúde. Disponível em: https://bit.ly/3s1pG1B. Acesso em: 24
nov. 2020.

BRASIL. Decreto nº 59.153, de 31 de agosto de 1966. Institui, no Ministério da


Saúde, a Campanha de Erradicação da Varíola e dá outras providências. Dispo-
nível em: https://bit.ly/3b8Fp90. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Lei nº 4.709, de 28 de junho de 1965. Altera a Lei nº 2.743, de 6 de


março de 1956, e cria a Campanha de Erradicação da Malária. Disponível em:
https://bit.ly/2Xipf4N. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Decreto nº 49.974-a, de 21 de janeiro de 1961. Regulamenta, sob a


denominação de Código Nacional de Saúde, a Lei nº 2.312, de 3 de setembro de
1954, de normas gerais sobre defesa e proteção da saúde. Disponível em: https://
bit.ly/3hOydQP. Acesso em: 24 nov. 2020.

71
BRASIL. Lei nº 2.743, de 6 de março de 1956. Cria o Departamento Nacional de
Endemias Rurais no Ministério da Saúde e dá outras providências. Disponível
em: <https://bit.ly/3okhes3.>. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Lei nº 2.312, de 3 de setembro de 1954. Normas Gerais sobre Defesa e Pro-
teção da Saúde. Disponível em: https://bit.ly/2XhaM96. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Lei nº 1.944, de 14 de agosto de 1953. Torna obrigatória a iodetação do


sal de cozinha destinado a consumo alimentar nas regiões bocígenas do país.
Disponível em: https://bit.ly/3nkGbCi. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Lei nº 1.920, de 25 de julho de 1953. Cria o Ministério da Saúde e dá ou-


tras providências. Disponível em: https://bit.ly/3bqTf6X. Acesso em: 24 nov. 2020.

BRASIL. Decreto-lei nº 1.042, de 11 de janeiro de 1939. Cria, no Ministério da


Educação e Saúde, o serviço de Malária do Nordeste. Disponível em: https://bit.
ly/3pX2zDA. Acesso em: 24 nov. 2020.

FERREIRA, C. S.; CHERCHIGLIA, M. L.; CÉSAR, C.C. O Sistema de vigilân-


cia alimentar e nutricional como instrumento de monitoramento da estratégia
nacional para alimentação complementar saudável. Rev. Bras. Saúde Mater.
Infant. vol. 13 n. 2 Recife abr./jun. 2013. 2.1.8 Sistema de Informações do Progra-
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FERREIRA, S. M. G. Sistema de informação em saúde. Conceitos fundamentais e


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FIOCRUZ. A revolta da vacina. 2005. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/


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FRANCO, J. L. F. Sistemas de Informação em Saúde. 2016. Disponível em:


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FUNASA. Cronologia histórica da saúde pública. 2019. Disponível em https://


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LUCCHESE, G. A Vigilância Sanitária no Sistema Único de Saúde. In: DE SETA,


M. H. (Org.). Gestão e vigilância sanitária: modos atuais do pensar e fazer. Rio
de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006.

PINTO, L. F.; FREITAS, M. P. S. de; FIGUEIREDO, A. W. S. A. de. Sistemas Na-


cionais de Informação e levantamentos populacionais: algumas contribuições do
Ministério da Saúde e do IBGE para a análise das capitais brasileiras nos últimos
30 anos. Ciência & Saúde Coletiva [on-line]. 2018, v. 23, n. 6.

POLITIZE. A história da saúde pública no brasil e a evolução do direito à saú-


de. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3oxnmxf. Acesso em: 15 set. 2020.

72
UNIDADE 2 —

AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS
EM SAÚDE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer a importância da avaliação das tecnologias de saúde e as


orientações que devem ser consideradas no processo avaliativo;

• entender os principais aspectos que devem ser observados na adoção/


implementação das tecnologias em saúde;

• analisar os desafios pertinentes à avaliação das tecnologias em saúde,


como também, a sua importância para a geração de Sistema de
Informação em Saúde;

• compreender as dimensões a serem consideradas avaliando o


momento de sua implementação como forma de manter ou melhorar a
sustentabilidade do SUS;

• acompanhar o desenvolvimento de tecnologias, conhecendo o


estabelecimento de padrões de qualidade com o uso apropriado de
medicamentos e produtos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE


TECNOLOGIAS EM SAÚDE

TÓPICO 2 – TECNOLOGIAS EM SAÚDE

TÓPICO 3 – DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

73
74
UNIDADE 2
TÓPICO 1 —

DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE


TECNOLOGIAS EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico! No tópico 1, nós estudaremos o desenvolvimento e adoção
da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) e todo processo que envolve o
desenvolvimento dos sistemas, associando-o com as estratégicas tecnológicas.
Neste tópico abordaremos ainda questões relacionadas à avaliação da eficácia e
efetividade, das orientações e perspectivas da avaliação saúde pública, da ética e
da pertinência da informação para a indústria farmacêutica.

No decorrer deste tópico, trabalharemos com quatro subtópicos. O


primeiro discorrerá sobre o planejamento e adoção da avaliação de tecnologias
em saúde, abordando seus principais instrumentos, sistemas e diretrizes, bem
como a hierarquia de organização dessas tecnologias, como foram se constituindo
ao logo do tempo, as etapas e questões norteadoras a serem consideradas nesse
processo.

No subtópico 2 apresentaremos as dimensões e importância da avaliação


de tecnologias em saúde, as etapas e questões norteadoras complementares
àquelas discorridas no subtópico 1. Na sequência, o subtópico 3 apresenta as
orientações que devem ser observadas no processo de ATS enquanto processo e
dimensão clínica.

No último subtópico, disserta-se sobre as perspectivas da avaliação em


diferentes cenários, tais como: Saúde pública, Ética e Indústria farmacêutica,
trazendo os principais aspectos que envolvem a ATS em cada segmento.

2 PLANEJAMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE


TECNOLOGIAS EM SAÚDE
A Tecnologia em Saúde é a utilizada a partir da aplicação de conhecimentos
e habilidades em forma de dispositivos, medicamentos, vacinas, procedimentos
e sistemas desenvolvidos com o objetivo de resolver um problema de saúde e
melhorar a qualidade de vida.

O termo “Tecnologia em Saúde” abrange, então, o conjunto de instrumentos


adotados objetivando a promoção da saúde, prevenção e tratamento das doenças
75
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

e reabilitação das pessoas. Esses sistemas devem abordar aspectos relacionados


na figura a seguir:

FIGURA 1 – CONJUNTO DE INSTRUMENTOS ADOTADOS EM TECNOLOGIA DA SAÚDE

FONTE: A autora (2020)

A partir dos componentes utilizados em níveis de atenção, as tecnologias


de saúde são organizadas de forma hierárquica, conforme apresentado na figura
a seguir.

FIGURA 2 – HIERARQUIA DE ORGANIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE SAÚDE

FONTE: <https://bit.ly/398BNRE>. Acesso em: 25 nov. 2020.

76
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Inicialmente são observadas as tecnologias chamadas de tecnologias


biomédicas, que são os equipamentos e medicamentos. Caracterizam-se na
interação diretamente com os pacientes.

No segundo nível tem-se os procedimentos médicos, como a anamnese,


as técnicas cirúrgicas, as normas técnicas de uso de aparelhos e outros, que
constituem parte do treinamento dos profissionais em saúde e que são essenciais
para a qualidade na aplicação das tecnologias biomédicas. Estas tecnologias,
acrescidas dos procedimentos, constituem as tecnologias médicas (BRASIL, 2009).

As tecnologias médicas são utilizadas no um contexto que envolve uma


estrutura de apoio técnico e administrativo, sistemas de informação e organização
da prestação da atenção à saúde. Estes sistemas de suporte organizacional, que
se encontram dentro do próprio setor Saúde (hospitais, ambulatórios, secretarias
de saúde, Ministério da Saúde), concomitantemente com as tecnologias médicas,
compondo então as tecnologias de atenção à saúde.

Por fim, tem-se os componentes organizacionais e de apoio que são


determinados por forças que atuam fora do sistema de saúde, como saneamento,
controle ambiental, direitos trabalhistas etc. Desta forma, podem-se englobar
diversos aspectos da organização social que são determinam a saúde de uma
população como educação, política econômica etc.

Quando as informações a serem geradas dependem de componentes


organizacionais de apoio externos ao setor saúde, tais como: saneamento básico,
direitos trabalhistas e educação, ocorre a combinação dos componentes anteriores
constituindo as tecnologias em saúde. Nesse sentido, as tecnologias ainda podem
ser classificadas de acordo com a natureza material, o propósito, e o estágio de
difusão, conforme apresentado na tabela a seguir.

TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Classificação Especificação

Medicamentos.
Equipamentos e suprimentos: ventilador, marca-passos
cardíacos, luvas cirúrgicas, kits de diagnóstico etc.
Quanto à natureza Procedimentos médicos e cirúrgicos.
material Sistemas de suporte: bancos de sangue, sistemas de
prontuário eletrônico etc.
Sistemas gerenciais e organizacionais: sistema de
informação, sistema de garantia de qualidade etc.

77
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Prevenção: visa proteger os indivíduos contra uma


doença ou limitar a extensão de uma sequela (exemplo:
imunização, controle de infecção hospitalar etc.)
Triagem: visa detectar a doença, anormalidade, ou
fatores de risco em pessoas assintomáticas (mamografia,
exame de Papanicolau).
Quanto ao Diagnóstico: visa identificar a causa e natureza ou
propósito extensão de uma doença em pessoas com sinais clínicos
ou sintomas (eletrocardiograma, raios X para detectar
fraturas ósseas).
Tratamento: visa melhorar ou manter o estado de saúde,
evitar uma deterioração maior ou atuar como paliativo.
Reabilitação: visa restaurar, manter ou melhorar a função
de uma pessoa com uma incapacidade física ou mental.

Futura: em estágio de concepção ou nos estágios iniciais


de desenvolvimento.
Experimental: quando está submetida a testes em
laboratório usando animais ou outros modelos.
Investigacional: quando está submetida a avaliações
Quanto ao estágio clínicas iniciais (em humanos).
de difusão Estabelecida: considerada pelos provedores como um
enfoque padrão para uma condição particular e difundida
para uso geral.
Obsoleta/abandonada/desatualizada: sobrepujada por
outras tecnologias ou foi demonstrado que elas são
inefetivas ou prejudiciais.

FONTE: BRASIL (2009, s. p.)

A Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) é conceituada atualmente


como a sistematização das propriedades, efeitos e/ou impactos da tecnologia em
saúde. Dessa forma, o foco volta-se para a geração de informações que orientem
de forma clara e precisa o planejamento e a tomada de decisões, promovendo
assim, a adoção de tecnologias viáveis economicamente, prevenindo a adoção de
tecnologias de alto custo para o sistema de saúde.

NOTA

Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) é a sistematização das proprieda-


des, efeitos e/ou impactos da tecnologia em saúde.

78
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Na ATS tem-se a atuação de equipe multiprofissional, como médicos, en-


genheiros, economistas, estatísticos, matemáticos e pesquisadores com outras
formações utilizando-se modelos analíticos planejados a partir de uma diversida-
de de métodos para comparação das tecnologias em saúde.

No cenário atual, a cada instante novas tecnologias estão sendo lançadas


no mercado, e consequentemente, tem-se o crescimento das demandas da incor-
poração pelo sistema de saúde geradas em diversos setores: indústria, pacientes
e profissionais de saúde. Nesse novo cenário, coexistem novos medicamentos,
materiais médicos, procedimentos cirúrgicos frequentemente lançados no mer-
cado a preços mais elevados que as alternativas terapêuticas disponíveis, quando
estas existem.

É preciso considerar que nem sempre essas tecnologias apresentam bene-


fícios reais ou segurança satisfatória quando comparadas às demais. Por isso, os
gestores da saúde preocupam-se com a identificação das reais necessidades de
saúde da população, avaliando constantemente as tecnologias existentes, selecio-
nando as prioritárias e organizando o acesso aos serviços e produtos.

NTE
INTERESSA

A Avaliação de Tecnologias em Saúde deve nortear o caminho para o


atendimento equitativo e universal no SUS. Assim, a ATS é um processo de pesquisa
abrangente, por meio do qual se avaliam repercussões clínicas, sociais, econômicas, éticas
do uso e difusão de tecnologias de saúde (ELIAS, 2013).

O Brasil evolveu na instituição da avaliação de tecnologias de saúde (ATS)


no SUS, a partir de 2003, com o estabelecimento de diretrizes e protocolos clínicos,
regulação de preços de medicamentos e política forma de avaliação, incorporação
e gestão de tecnologias no âmbito do sistema de saúde (ELIAS, 2013).

No entanto, desde a Constituição da República em 1988, foram percorridos


diversos caminhos que marcaram a relação da implantação da ATS, no Brasil,
pelo SUS, conforme observado na figura a seguir.

79
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

FIGURA 3 – LINHA DE TEMPO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ATS NO SUS

FONTE: <http://bit.ly/398BNRE>. Acesso em: 25 nov. 2020.

Na ATS, vários estudos são envolvidos e, cada um deles é planejado para


responder à determinada pergunta num contexto específico. Nesse processo,
utilizam-se estudos primários (originais) que são utilizados na produção de
uma nova conclusão, ou estudos secundários. Entre os estudos (Figura 4) mais
utilizados na ATS, destacam-se:

80
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

FIGURA 4 – ESTUDOS MAIS UTILIZADOS NA ATS

FONTE: <http://bit.ly/398BNRE>. Acesso em: 25 nov. 2020.

Normalmente, os estudos são orientados por etapas, que viabilizam a


avaliação de forma criteriosa. Na Figura 5 apresentam-se as principais etapas da
ATS.

FIGURA 5 – ETAPAS QUE NORTEIAM OS ESTUDOS NA ATS

FONTE: < http://bit.ly/398BNRE >. Acesso em: 25 nov. 2020.

81
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Conforme observado na figura a seguir, a primeira etapa da ATS tem


como objetivo a identificação da necessidade de se estudar a eficácia, efetividade,
segurança e custo das diversas tecnologias em saúde, norteando todo o processo.
Nessa etapa, comparam-se os tratamentos considerados padrão para possibilitar
a tomada de decisão acerca da sua disponibilização ou não para a sociedade.
Consequentemente, as etapas subsequentes, apresentam o caminho a ser
percorrido para se elaborar as recomendações sobre a tecnologia avaliada.

De acordo com Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), a ATS constitui-se em


uma ferramenta para garantir as diretrizes do SUS, conforme a Figura 6:

FIGURA 6 – RELAÇÃO DA ATS CO AS DIRETRIZES DO SUS

FONTE: A autora (2020)

Nesse sentido, a descentralização vem para redistribuir o poder e a


responsabilidade nos diferentes níveis de gestão, passando então a decidir em cada
instância acerca das questões relacionadas à regulamentação do setor e alocação
dos recursos disponíveis. Neste cenário, a incorporação de uma tecnologia no
setor Saúde regulamenta-se por diferentes atores:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tem o papel da


regulação da entrada da tecnologia no mercado, requer informação quanto à
segurança, benefício, indicação de uso e preço a ser praticado no mercado para
ter sua comercialização (registro) autorizada no país (BRASIL, 2004).

DICAS

Para você compreender melhor o papel desenvolvido pela ANVISA, sugerimos


uma visita ao site: https://www.gov.br/anvisa/pt-br . Você encontrará muitas informações
sobre este tema que ajudarão a aprofundar seu conhecimento.

82
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Após o processo de registro, a tecnologia no SUS passa a ser incorporada e


regulamentada pela Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/
MS). Nesse processo, devem-se agregar às informações necessárias ao registro
informação quanto ao perfil epidemiológico da população a ser beneficiada pela
tecnologia, infraestrutura necessária para uma adequada assistência, estimativa
de custo e cobertura a ser oferecida (BRASIL, 2009).

Considerando que a garantia de uma assistência integral à população é


um grande desafio para o sistema de saúde, as tecnologias nessa área devem
atentar para a distribuição dos recursos igualmente nos três níveis de atenção
(primário, secundário e terciário). Nesse sentido, os gestores devem avaliar e
considerar as questões apresentadas na Figura 7:

FIGURA 7 – QUESTÕES NORTEADORAS PARA ATS

FONTE: Brasil (2009, s.p.)

Para finalizar essa reflexão, torna-se pertinente adotar um processo claro


e transparente de decisão nos processos de regulação, incorporação e utilização
de tecnologias, voltadas para o atendimento da terceira diretriz citada: o controle
social.

Dessa forma, a ATS sistematiza e sintetiza as evidências científicas e as


perspectivas de diferentes atores nos aspectos decorrentes da incorporação de
tecnologias. Assim, quando as decisões se baseiam em uma avaliação prévia, é
possível vislumbrar os critérios de decisão e a possibilidade de participação da
sociedade explicitamente.

83
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Na sequência, abordaremos os aspectos que devem ser considerados nas


ATS, a pertinência de serem consideradas as diretrizes para as tecnologias em
saúde, bem como o seguimento das orientações em todos os processos.

3 DIMENSÕES E IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE


TECNOLOGIAS EM SAÚDE
A ATS deve iniciar a análise, partindo-se inicialmente dos os impactos
sociais, éticos e legais associados à tecnologia, bem como das diretrizes (eficácia,
efetividade, segurança e custo) básicas, mas que antecedem os anteriores, uma
vez que que um resultado negativo em algum deles pode ser suficiente para
impedir a comercialização da tecnologia.

De acordo com a Portaria MS 2690/2009 – Política Nacional de Gestão


de Tecnologias em Saúde, a ATS consiste em um processo contínuo de análise e
síntese dos benefícios para a saúde, consequentemente econômicas e sociais da
adoção das tecnologias (BRASIL, 2009).

NOTA

Acesse na íntegra a Política Nacional de Gestão de Tecnologias, disponível em:


https://bit.ly/3pU50GL.

A avaliação das tecnologias em saúde deve nortear-se pelos seguintes


aspectos: segurança, acurácia, eficácia, efetividade, custos, custo-efetividade e
aspectos de equidade, impactos éticos, culturais e ambientais envolvidos na sua
utilização.

Observe a tabela a seguir, nelas são apresentados a descrição de cada um


dos aspectos e sua caracterização:

TABELA 2 – ASPECTOS NORTEADORES DA ATS

ASPECTOS CONSIDERAÇÕES
Probabilidade de que indivíduos de uma população definida
Eficácia obtenham um benefício da aplicação de uma tecnologia a um
determinado problema em condições ideais de uso.
Probabilidade de que indivíduos de uma população definida
Efetividade obtenham um benefício da aplicação de uma tecnologia a um
determinado problema em condições normais de uso.

84
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Medida da probabilidade de um efeito adverso ou indesejado


e a gravidade desse efeito à saúde de indivíduos em uma po-
Risco pulação definida associado ao uso de uma tecnologia aplicada
em um dado problema de saúde em condições específicas de
uso.
Segurança Risco aceitável em uma situação específica
Custo (de oportunidade) em saúde é o valor da melhor alter-
Custo nativa não concretizada em consequência de se utilizarem re-
cursos escassos na produção de um dado bem e ou serviço.
Impacto São todos os impactos não relacionados à efetividade, à segu-
social, ético e rança, e aos custos, incluindo as consequências econômicas se-
legal cundárias para indivíduos e comunidades.

FONTE: Brasil (2009, s.p.)

Silva e Elias (2019) explicam que de acordo com a Organização Mundial


da Saúde (OMS), as tecnologias em saúde constituem um componente essencial
dos sistemas de saúde, sendo considerado um sistema de saúde eficaz aquele que
garante o acesso equitativo a tecnologias que com qualidade, segurança, eficácia
e custo-efetividade comprovados a partir das avaliações realizadas.

Nesse contexto, a sua utilização deve basear-se em evidências científicas


de qualidade. Considerando a emersão tecnológica da atualidade, novos desafios
surgem nesse processo avaliativo, tais como, questões éticas relativas ao uso
seguro dos dados relativos à saúde (big data), novos padrões para a aprovação
de inovações combinando diferentes tecnologias, impacto orçamentário da
incorporação de tecnologias de alto custo e questões de equidade relacionadas à
cobertura e ao acesso de grupos vulneráveis aos serviços de saúde.

A partir do planejamento da incorporação e do uso de tecnologias em


saúde é possível contribuir com o enfrentamento de tais desafios. Assim, o uso de
ATS e de políticas de cobertura e preço ganham destaque especial. A ATS vem se
constituindo uma das estratégias mais usadas mundialmente para a informação
da tomada de decisão relativa às tecnologias em saúde no decorrer desse processo,
é possível avaliar sistematicamente as propriedades, efeitos e outros impactos das
tecnologias e suas intervenções em saúde, como também de seus efeitos diretos e
esperados como suas consequências indiretas e inesperadas, mediante a aplicação
de quadros analíticos explícitos baseados em uma variedade de métodos.

Esquematicamente, a Figura 8 apresenta as etapas da ATS de forma prática


e funcional no contexto da atenção básica.

85
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

FIGURA 8 – ESQUEMA ILUSTRATIVO DAS ETAPAS DA ATS

FONTE: Contó (2020, p. 8)

Assim, a reflexão básica busca a investigação das consequências, de curto


e médio prazos, analisando primordialmente os efeitos desejados, indesejados,
as incertezas em torno da adoção da tecnologia, numa perspectiva de acesso e
equidade.

Além das dimensões apresentadas na tabela anterior, Elias (2013) nos leva
a conhecer outros critérios pertinentes a ATS, os quais destacamos na tabela a
seguir:

TABELA 3 – DIMENSÕES NORTEADORAS DA ATS

DIMENSÕES CONSIDERAÇÕES
Benefício das tecnologias em condições ideais de utilização
como nos ensaios clínicos randomizados. As medidas de re-
sultados são verificadas por meio da interpretação de risco
Eficácia
relativo, risco absoluto, redução de risco absoluto, número
necessário para tratar. O melhor tipo de estudo são as revi-
sões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados.

Análise da proporção da população a ser beneficiada em


Equidade razão de suas necessidades socioculturais, biológicas e de
gênero.

Capacidade das tecnologias em confirmar determinado


Precisão para
diagnóstico em pessoas doentes. São medidos por meio de
testes de
especificidade e sensibilidade, valor preditivo positivo e
diagnóstico
negativo e sua relação com a prevalência.

86
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Benefício das tecnologias em condições reais de utilização


nos serviços. Pode ser obtida pela análise de registros de
pacientes, por revisões sistemáticas, e ensaios clínicos
Efetividade
pragmáticos, quando os serviços de saúde podem ser
randomizados, sendo os dois últimos métodos o critério de
referência para delineamento do estudo.

Existência de eventos adversos provenientes da tecnologia,


Segurança
como danos à saúde, sequelas incapacitantes ou morte.

Capacidade de o exame alterar condutas clínicas, sejam


Utilidade para antecipar tratamentos ou aperfeiçoá-los. Tanto a
de teste precisão, quanto a utilidade, também são medidas para
diagnóstico avaliar o rastreamento em pessoas sadias, ou com fatores
de risco presente.

Impacto no Estimativa do aumento ou redução de gasto ao se introduzir


orçamento e difundir a tecnologias no serviço de saúde.

Adequação ao código de princípios de moralidade definidos


pela sociedade ou cultura, considerados ideais no caráter e
Ética
na cultura. Analisa-se tanto a perspectiva do financiador,
como direitos, perspectivas e valores do paciente.

Compatibilidade e adequação à legislação vigente,


Bases legais
necessidade de alteração de normas

Adequação e necessidades de alteração de infraestrutura,


Logística de pessoal, de transporte, armazenamento, e todos os
aspectos relacionados a cobertura e acesso com qualidade.

Análise da alocação de recursos no sistema de saúde e


dos efeitos nas políticas de propriedade intelectual, na
Macroeconomia
regulação, no investimento em inovação, na transferência
de tecnologias e no aumento ou diminuição de empregos.
Geração de resíduos poluentes, condições e recursos
Meio ambiente necessários para mitigação de possíveis danos ao meio
ambiente.
FONTE: Elias (2013, p. 15)

As dimensões na maioria das vezes são ponderadas à luz da análise


de custo-oportunidade, conforme observado na figura, e estão relacionadas as
dimensões dos custos, eficiência, custo-efetividade, utilidade, oportunidade e
impacto orçamentário, em outras palavras, o que e é renunciado no processo de
tomada de decisão, é embasado na atribuição de valor das escolhas na perspectiva
da saúde individual ou coletiva.

87
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

4 ORIENTAÇÕES DA AVALIAÇÃO
A ATS é orientada à tecnologia a partir do momento que avalia o impacto
de uma ou mais tecnologias. Nesta avaliação, podem ocorrer:

• Processo avaliativo de uma tecnologia nova.


• Avaliação de alguma que já esteja em uso geral.
• Uma nova aplicação de outra já em uso.
• Uma combinação aplicada de tecnologias.

As decisões relativas ao registro e incorporação da tecnologia no sistema


de saúde (financiamento) requerem avaliações orientadas à tecnologia. Assim,
a avaliação de tecnologias é orientada ao problema com objetivo de questionar
as possibilidades de gerenciar um problema clínico ou de saúde, por exemplo:
utilizar um novo tratamento ou como estabelecer um programa para a prevenção
da obesidade mórbida.

Nesse caso, recorre a avaliação voltada para elaboração de uma diretriz


clínica, ou, como é conhecida, guia de conduta clínica (do inglês, guidelines).

NTE
INTERESSA

As Diretrizes clínicas constituem-se em posicionamentos ou recomenda-


ções sistematicamente desenvolvidas para orientar médicos e pacientes acerca de cui-
dados de saúde apropriados, em circunstâncias clínicas específicas Institute of Medicine
(BRASIL, 2009).

As diretrizes clínicas consistem em indicações e contraindicações, além dos


benefícios e riscos esperados com o uso de tecnologias em saúde (procedimentos,
testes diagnósticos, medicamentos etc.) para grupos de pacientes definidos. Nesse
contexto, as diretrizes clínicas devem atender aos cinco propósitos, apresentados
na Figura 9:

88
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

FIGURA 9 – DIRETRIZES CLÍNICAS: PROPÓSITOS

FONTE: A autora (2020)

Quando a avaliação de tecnologias é orientada a projetos, volta-se à


implantação de uma tecnologia específica, como exemplo, a colocação de um
equipamento de tomografia por emissão de pósitron em um hospital específico.
Este tipo de orientação é necessário em projetos de aquisição de uma tecnologia
em uma unidade de saúde. No caso de um equipamento, a avaliação deve ser
coordenada por um profissional habilitado, no caso, um engenheiro clínico.

Importante destacar que esse tipo de avaliação sistemática específica por


um profissional tem sido pouco comum, pois, em geral, não são capacitados
para a função. No entanto, já existem alguns cursos de formação de Engenharia
Biomédica no Brasil que abordam a ATS em seus currículos.

5 PERSPECTIVAS DA AVALIAÇÃO
As perspectivas da avaliação de tecnologias refletem as necessidades ou
objetivos específicos de quem conduz ou financia a avaliação. Normalmente, as
agências regulatórias nacionais podem requerer avaliações como garantia de
segurança e eficácia das tecnologias em saúde para a sociedade em geral.

Instituições de atenção à saúde, como os hospitais, buscam nas avaliações


das tecnologias informações para apoiar os processos de aquisição, investimento,
e decisões acerca do gerenciamento de tecnologias. Da mesma, as associações
profissionais realizar avaliações para apoiá-las na decisão pertinentes aos

89
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

cuidados com pacientes. Seguradoras, também realizam estudos de avaliação


para nortear a decisão sobre cobertura e reembolso de procedimentos etc.

Nesse sentido, dependendo de quem realiza a avaliação, coexistem


perspectivas próprias sobre o processo avaliativo, que irá analisar a estrutura
e os resultados da avaliação. Assim, os custos e benefícios serão calculados e/
ou estimados dependendo, da perspectiva dos avaliadores. Por exemplo,
em hospitais, os administradores ao analisar a aquisição de uma tecnologia,
deverão fazê-la na ótica dos custos financeiros diretos e sua contribuição para a
capacidade de geração de renda para o hospital (e talvez a sua imagem perante
a comunidade).

De outra forma, ao analisar a partir do interesse da sociedade, o gestor local


estará preocupado com as implicações da nova tecnologia sobre a distribuição
dos recursos, o atendimento à demanda, os custos sociais, e assim por diante.

Considerando a natureza multidisciplinar e os diferentes atores


envolvidos na ATS, cada uma das disciplinas que contribuem para a avaliação
das tecnologias, possuem um olhar diversificado sobre determinada questão.
Nesse sentido, na sequência discutiremos brevemente resumidamente algumas
dessas visões.

5.1 Saúde pública


Os problemas relacionados à saúde variam em diferentes locais, e podem
ser agrupados em: doenças transmissíveis e doenças não transmissíveis, traumas,
e desordens mentais. Normalmente utiliza-se os determinantes de saúde para
a avaliação, tais como: nutrição, estilo de vida, renda, situação ambiental e
ocupacional, e fatores biológicos relacionados à genética. Os serviços clínicos,
realizados na atenção à saúde, contribuem significativamente para os níveis de
saúde, porém, numa esfera menor do que os citados anteriormente (BRASIL,
2009).

Primeiramente, a avaliação de programas de saúde pública empreende


escalas de tempo maiores para que sua viabilidade e efeitos sejam observados.
Em um segundo instante, a introdução de medidas de saúde pública é complexa,
exigindo-se a colaboração de diferentes agências ou organizações, podendo
inclusive a mudança de hábitos dos indivíduos alterem seus hábitos. Em um
terceiro momento, as intervenções em saúde pública normalmente envolvem
questões políticas e, por essa razão, sofrem algumas resistências por parte de
grupos políticos mais poderosos. Em quarto lugar, algumas medidas de saúde
pública são consideradas óbvias e, por isso, sofrem resistências na existência da
necessidade de uma avaliação mais específica.

Nesse sentido é preciso considerar que em algumas avaliações de


medidas, sendo consideradas óbvias, podem ter resultados não esperados. O

90
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

último obstáculo caracteriza-se como o descaso com a saúde pública na ATS em


razão da falta de carisma das medidas de saúde pública. Usualmente, parte-se
dos efeitos a serem avaliados no uso de uma tecnologia de saúde pública, por
exemplo: redução de fatores de risco; melhoria no estado de saúde; melhoria de
serviços; e métodos apropriados para a vigilância contínua (BRASIL, 2009).

Assim, as áreas em que as medidas de saúde pública devem ser avaliadas


são: danos devidos ao álcool, combate ao fumo, nutrição, contracepção, uso de
drogas e outras substâncias, acidentes, violência, deficiências físicas e sensoriais,
e desigualdades na assistência à saúde.

5.2 Ética
As questões éticas são importantes, pois levam em consideração a ordem
moral implícita ou explicitamente associadas no desenvolvimento e uso de
tecnologias de atenção à saúde.

Mas o que é ética?

A ética é o campo da filosofia que se ocupa em refletir sobre


nossos comportamentos e sobre as consequências morais desse
comportamento. Esse campo do saber nos obriga a refletir sobre
o modo como nos vinculamos aos outros e a nós mesmos. Quando
olhamos nossos atos de uma perspectiva ética, sabemos que as escolhas
humanas não podem ser realizadas simplesmente por um capricho,
porque obedecemos a uma ordem ou porque estamos acostumados a
agir desse modo randomizados (FARIAS et al., 2015, p. 19).

Juízos de valores são intrínsecos ao determinar os efeitos do uso das


tecnologias, pois a identificação e interpretação do que se constituem benefícios
ou prejuízos não são apenas questões técnicas.

Qual é o objetivo de analisar questões como essas?

Problemas de ordem moral podem ser gerados pelas tecnologias, como


aquelas que prolongam a vida. Da mesma forma, os juízos de valores são inerentes
no estabelecimento de prioridades e alocação de recursos.

Nesse sentido, a reflexão sobre as questões éticas implicadas nas escolhas


é uma tarefa que compete a cada pessoa enquanto como indivíduos, mas,
principalmente aos profissionais que são gestores e de administradores do setor
público de saúde.

Apesar de os estudos frequentemente defenderem uma perspectiva ampla


na avaliação de tecnologias, os estudos concretos de ATS têm mostrado que os
aspectos éticos aparecem com um papel reduzido.

91
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Nas próximas discussões serão apresentados alguns subsídios que


auxiliarão você a refletir sobre esses problemas.

DICAS

O vídeo indicado, a seguir traz uma alerta para um problema atual pertinente à
medicalização de crianças de 0 a 5 anos de idade. Assista ao link: http://www.youtube.com/
watch?v=_yorshE0RgAhttps://www.youtube.com/watch?v=CeL5NYUmR4U.

Nesse mercado e, mais especificamente no cenário das ATS, torna-se


imprescindível que as intervenções terapêuticas e o próprio direcionamento das
pesquisas perpassam por questões éticas.

5.3 Indústria Farmacêutica


As avaliações de medicamentos recebem a maior proporção de recursos
destinados à ATS. No entanto, os produtos farmacêuticos correspondem entre
10-15% do total dos custos na área de saúde. Entre os motivos que justificam
essa situação, destacam-se: os produtos farmacêuticos configuram a maior
porcentagem dos custos de intervenção das tecnologias em saúde, na maioria das
vezes são produzidos por empresas que objetivam à maximização do lucro, e eles
já tem avaliação pertinente à segurança, eficácia, e qualidade dentro de ensaios
clínicos, o que, certamente, oferece circunstâncias convenientes na aplicação de
outros aspectos da ATS.

ATENCAO

A indústria farmacêutica exerce um grande poder no mercado e na área da


saúde como um todo, sendo uma das atividades mais lucrativas do mundo. Os fatores
que favorecem essa expansão são diversos, além da eficácia maior de alguns medica-
mentos, não podemos desconsiderar a preocupação, própria de nossa sociedade, por
generalizar e antecipar todos os riscos possíveis (FARIAS et al., 2015).

92
TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Para melhor emprego dos recursos escassos para a ATS, deve ser dada
maior atenção à decisão sobre as tecnologias a serem avaliadas, como também na
seleção entre tecnologias novas e existentes.

Os requisitos múltiplos e diversos da ATS, variam de país para país e até


mesmo dentro de um país, podendo elevar os custos da indústria farmacêutica,
o que se refletirá nos preços dos produtos. As agências de ATS frequentemente
exigem uma boa evidência sobre o que é provável de acontecer com respeito
aos custos dos produtos e efeitos num cenário real, e isto, por sua vez, requer
que os estudos tenham um tamanho amostral e demandem um tempo que
são substancialmente maiores do que os normalmente usados em ensaios
randomizados (FARIAS et al., 2015).

NTE
INTERESSA

Nesse sentido, quem deve arcar com esses custos?


Quais custos estão relacionados à saúde?
Como calcular os custos da saúde?

Por essas questões, torna-se eminente a existência de maior concordância,


colaboração e parceria entre as diversas agências governamentais de ATS e
autoridades para se estabelecer expectativas realistas, possibilidades e limitações
da ATS.

93
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) é o processo contínuo de análise


e síntese dos benefícios para a saúde, das consequências econômicas e sociais
do emprego das tecnologias.

• O termo “tecnologias em saúde” inclui medicamentos, equipamentos


e procedimentos técnicos, sistemas organizacionais, educacionais, de
informação e de suporte, programas e protocolos assistenciais, através dos
quais a atenção e os cuidados com a saúde que são prestados à população.

• A ATS, como atividade institucionalizada, desenvolveu-se nos países


centrais a partir dos anos 1970, associada à expansão da atenção à saúde e ao
desenvolvimento científico e tecnológico em saúde que levou à introdução
de muitas novas tecnologias, com implicações políticas, econômicas,
administrativas e sanitárias importantes.

• A avaliação de programas de saúde pública envolve escalas de tempo maiores


para que sua viabilidade e efeitos sejam observados. Da mesma forma, a
introdução de medidas de saúde pública é complexa, exigindo a colaboração
de diferentes agências ou organizações.

• Vimos também que as intervenções em saúde pública normalmente envolvem


questões políticas e, por essa razão, sofrem algumas resistências por parte de
grupos políticos mais poderosos. Ainda, algumas medidas de saúde pública
são consideradas óbvias e, por isso, sofrem resistências na existência da
necessidade de uma avaliação mais específica.

CHAMADA

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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

94
AUTOATIVIDADE

1 A Assistência Farmacêutica envolve alguns processos e geração de


documentos que comprovam a avaliação e o acompanhamento desta
atividade. Referente à assistência terapêutica e incorporação de tecnologia
em saúde, com base na Lei nº 8080/90, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Sua incorporação, exclusão ou alteração pelo SUS de novos medi-


camentos, produtos e procedimentos, além da constituição ou a al-
teração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, compete ao
Conselho da Saúde, assessorado pela Conselho Federal de Farmá-
cia e comissões intergestoras.
b) ( ) A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CNIT) no
SUS tem sua composição e regimento definidos em regulamento, e
deve ter a participação de 1 representante indicado pelo Conselho
Nacional de Saúde e de dois representantes, especialistas na área,
indicados pelo Conselho Federal de Farmácia.
c) ( ) O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias
no SUS deverá levar em consideração, especialmente, a avaliação
econômica comparativa entre os benefícios e os custos relacionados
às tecnologias já incorporadas, abordando o que se refere aos
atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, quando
necessário.
d) ( ) O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias
no SUS deverá levar em consideração, facultativamente, as
evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
a segurança do medicamento, produto ou procedimento objeto
do processo, acatadas pelo órgão competente para o registro ou a
autorização de uso.
e) ( ) São autorizados, em todas as esferas de gestão do SUS, o pagamen-
to, o ressarcimento ou o reembolso de medicamento, produto e
procedimento clínico ou cirúrgico experimental, ou de uso não au-
torizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.

2 Na aplicação da avaliação de uma tecnologia de saúde, são elencados os


processos a serem seguidos e os responsáveis por cada um. Desse modo,
quem é o responsável pelo financiamento do trabalho ou da avaliação?

a) ( ) Agências de pesquisas (CNPq, FAPESP, FAPERJ, ...).


b) ( ) Governo (MS, SES, SMS, ANS, ANVISA).
c) ( ) Operadoras de planos de saúde.
d) ( ) Indústrias de insumos/produtos.
e) ( ) Centros de pesquisas privados.

95
3 A ATS envolve todos os âmbitos e esferas de atendimento à população.
Desse modo, ao considerar o sistema público e suplementar de assistência
à saúde, bem como o processo de avaliação e incorporação das tecnologias
de saúde, o que devemos ter?

a) ( ) Uma avaliação única para ambos os sistemas e uma decisão sobre


incorporação para cada um.
b) ( ) Uma avaliação para cada sistema e uma decisão única sobre a
incorporação para ambos os sistemas.
c) ( ) Uma avaliação para cada sistema e uma decisão sobre incorporação
para cada um dos avaliados.
d) ( ) Uma avaliação única para ambos os sistemas e uma decisão de
incorporação para ambos.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

4 Ao conhecer sobre as ATS, você estudou sobre as etapas, processos, questões


norteadoras e diretrizes que norteiam cada etapa. Cite as etapas que
envolvem o processo de avaliação das tecnologias em saúde.

5 A ATS sistematiza e sintetiza as evidências científicas e as perspectivas de


diferentes atores nos aspectos decorrentes da incorporação de tecnologias.
Assim, quando as decisões se baseiam em uma avaliação prévia, é possível
vislumbrar os critérios de decisão e a possibilidade de participação da
sociedade explicitamente. Neste sentido, por que a sua utilização deve
basear-se em evidências científicas de qualidade?

6 Entendendo a ATS como um processo contínuo de análise e síntese dos


benefícios para a saúde e das consequências econômicas e sociais da sua
adoção, ela envolve uma série de processos e subprocessos, norteados
por etapas, questões norteadoras e dimensões. Quais são as dimensões e
importância da avaliação de tecnologias em saúde?

96
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —

TECNOLOGIAS EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico discutiremos sobre as principais tecnologias adotadas na
área da saúde, bem como seu ciclo de vida e as etapas da avaliação tecnológica
em saúde.

No subtópico 1 conheceremos um pouco mais sobre as tecnologias em


saúde especificamente relacionadas ao ciclo de vida e as etapas da avaliação delas.
Dessa forma, abordaremos os aspectos a serem considerados no processo de
avaliação das tecnologias em saúde, bem como compararemos as etapas a serem
analisadas na criação e implementação de uma nova tecnologia, como também o
processo inverso, ou seja, quando perdem sua função para usuários, indústrias,
hospitais, cínicas médicas, enfim, todo sistema de saúde que utiliza determinadas
tecnologias.

No subtópico 2 apresenta-se o ciclo de vida das tecnologias em saúde,


iniciando a análise com a identificação de uma necessidade de criação de uma
tecnologia até os aspectos analisados na avaliação da incorporação de nova
tecnologia.

Já no subtópico 3, discutiremos as etapas da avaliação de tecnologias


em saúde, que envolvem os controles de qualidade, que vão sendo analisados
em cada etapa e são realizados para certificar que a tecnologia em avaliação
(medicamentos, equipamentos, sistemas operacionais) está em conformidade
com os padrões de regulamentação. Ao final de todas as etapas, a fase de
desenvolvimento da tecnologia é considerada concluída.

Para finalizar, no subtópico 4, abordaremos os critérios adotados para a


identificação das tecnologias em saúde consideradas como prioritárias, bem como
apresentaremos alguns exemplos de critérios de seleção que podem ser usados
para estabelecer prioridades de avaliação.

2 CICLO DE VIDA DAS TECNOLOGIAS


No cenário atual tecnológico, cada vez que surge uma nova tecnologia,
um conjunto complexo de mecanismos inter-relacionados é movimentado, na
proporção em que ela se difunde e se torna disponível para a ser utilizada. As
tecnologias já em uso, eventualmente serão abandonadas por uma série de razões,
assim completando o seu ciclo de vida.

97
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Na Figura 10 é possível observar os critérios que devem ser considerados


no ciclo de vida de uma tecnologia.

FIGURA 10 – ASPECTOS ANALISADOS NO CICLO DE VIDA DA TECNOLOGIA EM SAÚDE

FONTE: Brasil (2009, s.p.)

Como visto no Tópico 1, o processo de inovação tecnológica inicia-se


com a invenção de um novo produto, processo, ou prática, e é encerrado quando
acontece a primeira utilização prática. Entre a invenção e a aplicabilidade prática
ocorre alguma forma de avaliação econômica (custos de produção), e testes
usando voluntários são realizados na avaliação dos benefícios e riscos da nova
tecnologia.

No entanto, as avaliações realizadas nesta etapa usualmente têm uma


capacidade limitada de quantificar os impactos que serão observados após a
difusão da tecnologia. Diversos fatores impactam sobre a inovação no setor Saúde,
sendo os principais a persistência da doença e incapacidades, considerações de
ordem econômica, pesquisas biomédicas, e legislação regulatória. A figura 11
esquematiza os aspectos a serem observados nesse processo:

FIGURA 11 – ASPECTOS ANALISADOS NA AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE NOVA TECNOLOGIA

FONTE: Brasil (2009, s.p.)

98
TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Quando a nova tecnologia chega ao mercado, ela é disponibilizada ao


final da fase de inovação. Nesta etapa, outras forças entram em ação e passam a
governar o processo de difusão e determinam o grau em que a nova tecnologia
será aceita.

Quando uma nova tecnologia é anunciada, ela desencadeia motivações


humanas e expectativas por parte de pacientes, clínicos, administradores de
instituições de saúde e empresas, enfim, dos atores envolvidos no impacto que
essa inovação acarretará, tanto positivos quanto negativos.

Um aspecto pertinente nesse processo, relaciona-se em como a legislação


e a regulamentação podem reduzir a velocidade do processo de difusão, por
exemplo, ao colocar limites sobre o número de unidades de equipamentos caros
disponíveis em cada área. Para que uma tecnologia permaneça em uso ou seja
descartada, ela passa pela análise de Centros de pesquisa, ANVISA, operadoras de
planos de saúde, sociedades profissionais e VISA, relacionadas aos processos de
desenvolvimento, solicitação de registro, registro, incorporação, monitoramento
ou abandono (FIGURA 12).

FIGURA 12 – CICLO DE VIDA DA TECNOLOGIA EM SAÚDE

FONTE: Brasil (2009, s.p.)

Indústrias, universidades, Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e


municipais de Saúde, Agência Nacional de Saúde e hospitais ficam comprometidos
com a formulação de políticas públicas para garantir todas as etapas de avaliação.
Quando uma tecnologia em desenvolvimento é reconhecida pelos provedores
de assistência à saúde como uma tecnologia estabelecida, ocorre uma mudança
no seu status. Frequentemente, esta mudança ocorre quando o governo ou
seguradoras decidem reembolsar os pacientes ou subsidiar como resultado de
um consenso sobre os seus benefícios à saúde ou à qualidade da atenção. Estamos
falando da fase de incorporação.
99
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

No caso das tecnologias de baixo custo, a incorporação pode passar


despercebida. No entanto, para tecnologias de utilização em larga escala ou
que demanda altos custos e recursos, essa etapa é mais crítica abrindo caminho
para a utilização crescente e uma atitude de maior confiança nos benefícios da
tecnologia.

O conhecimento dos efeitos decorrentes da utilização rotineira das


tecnologias em saúde é fundamental, pois é nesta fase que os benefícios à saúde
serão obtidos, recursos críticos serão necessários, e efeitos adversos poderão ser
detectados.

O processo, conforme representado na Figura 13, depende na análise


de aspectos relacionados tanto de segurança, causas e efeitos, qualidade das
informações e do sistema operacional, o custo e a necessidade de recursos,
que gerarão a informação científica (gerada em cada análise da implantação) e
direcionarão a tomada de decisão.

FIGURA 13 – ETAPAS DA ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DAS TECNOLOGIAS

FONTE: Brasil (2009, s.p.)

De acordo com Ferreira (2019), a incorporação de tecnologias em saúde


traz benefícios para o tratamento da população, sem custos desnecessários para o
sistema de saúde. Assim, os impactos econômicos e a integridade à vida sinalizam
para a necessidade de avaliar criteriosamente a inserção de novas tecnologias
para saúde. Por essa razão, envolve muitas vezes, um processo lento, demorado,
criterioso e multidisciplinar.

100
TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE

ATENCAO

A incorporação de novas tecnologias em saúde passou a ser mais amplamente


discutida no Brasil a partir do ano de 2003, “quando se deu o estabelecimento de um
Conselho de Ciência, Tecnologia e Inovação no Ministério da Saúde. A partir da criação
desse Conselho, obteve-se a pactuação da política Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação em Saúde que o campo da avaliação de tecnologias em saúde – ATS – como
estratégia de aprimoramento da capacidade regulatórias do Estado, reforçando a atuação
do Ministério da Saúde” (ELIAS, 2017).

Desde então, é difícil vislumbrar, conforme afirma Assis (2013), ações e


serviços em saúde sem a inserção das tecnologias, especialmente aquelas que
já foram produzidas para atender a esse segmento de mercado, especialmente
quanto aos equipamentos utilizados no diagnóstico e reabilitação da saúde
humana, pois agregam custos adicionais importantes quando comparados às
tecnologias anteriormente disponíveis no mercado, uma vez que elas envolvem
materiais delicados, curva de aprendizagem necessária e exigirem condições
mínimas para instalação e que sujeitas às falhas ou imperfeições, podem custar
vidas em algumas situações, justificando a avaliação constante do seus protocolos
de funcionamento, manutenções, correspondendo ao ciclo de vida.

3 ETAPAS DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE


Nesse subtópico abordaremos as etapas envolvidas no processo de
avaliação de tecnologias em saúde. O crescimento constante do uso de tecnologia
na saúde tem provocado a melhoria e eficiência dos processos de assistência à
saúde, porém acresce a complexidade funcional dos sistemas de saúde.

O ciclo de vida de um equipamento médico ou tecnologia de saúde ini-


cia-se nos laboratórios de pesquisa do fabricante, nas universidades ou em cen-
tros de pesquisa, onde equipamentos novos são projetados tendo por base neces-
sidades clínicas ou de mercado.

Após vários processos de desenvolvimento e testes do protótipo o


equipamento fica pronto para entrar nos mercados. Controles de qualidade
são realizados para certificar que a tecnologia em avaliação (medicamentos,
equipamentos, sistemas operacionais) está em conformidade com os padrões
de regulamentação. Ao final de todas as etapas, a fase de desenvolvimento da
tecnologia é considerada concluída, conforme representado com a Figura 14.

101
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

FIGURA 14 – CICLO DE VIDA DAS TECNOLOGIAS EM SAÚDE, INTENSIDADE DE USO EM


FUNÇÃO DO TEMPO

FONTE: Ferreira (2013, p. 20)

Após o estágio de desenvolvimento da tecnologia, e sua respetiva


incorporação, ocorre a disponibilização do seu uso no mercado em que tecnologia
será inserida. Neste estágio envolvem-se as fases de:
• incorporação;
• utilização;
• obsolescência.

Na fase de incorporação de uma tecnologia, o comprador deve assegurar


que a fase satisfaz as necessidades em termos de funcionalidade, configuração
específica, formação dos utilizadores, normas em vigor de modo a evitar possíveis
desperdícios durante sua vida útil.

A fase de utilização é aquela em que a tecnologia é utilizada em larga


escala e é extremamente essencial que sejam observados e analisados os parâme-
tros: de manutenção, a eficácia ou a presença de novas necessidades técnicas ou
clínicas, entre outros.

Quando uma tecnologia atinge a fase de obsolescência, esta fase pode ser
justificada por motivos de segurança, desempenho ou utilização. Assim, uma tec-
nologia passa a ser considerada obsoleta em termos de segurança quando já não
garante as indicações clínicas inicialmente solicitadas, podendo comprometer a
segurança do paciente e/ou dos utilizadores.

Em se tratando de desempenho, uma tecnologia é considerada obsoleta


quando o desempenho inicial não pode ser assegurado não permitindo cumprir
as exigências da prática na saúde, inicialmente indicadas pelo fabricante ou pelo
regulamento.

102
TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE

ATENCAO

As tecnologias em saúde apresentam a particularidade de não alcançarem


obrigatoriamente a fase de maturação de forma linear. Assim, a obsolescência tecnológica
e clínica pode ocorrer em intervalos de tempo diferentes. Isto conduz à necessidade de se
proceder a avaliações constantes TS e como estas estão inseridas num sistema de saúde,
avaliações estas que abranjam não só as avaliações econômicas, mas também avaliações
do foro clínico e tecnológico (FERREIRA, 2013).

As ATS passam essencialmente por cinco etapas: política, questões de


ATS, análise de evidências, síntese e geração de relatório acerca da avaliação.
Inicialmente temos imposta a questão política, que se refere à necessidade de
informações pelo responsável pela tomada de decisões, o que irá iniciar a
estruturação do modelo de decisão.

Nessa primeira etapa é criada uma ponte entre a questão política e a


ATS, uma vez que a questão política é considerada o ponto de partida. Quando
é definido esse ponto de partida, são elaboradas uma série de questões de ATS
ou questões de pesquisa que nortearão a especificação e filtragem de evidências
a serem analisadas.

A busca de evidências é norteada por análises em bases de dados


especializados, que viabilizam pesquisas sistematizadas, otimizando uma visão
geral da melhor evidência disponível, de acordo com a qualidade metodológica
dos trabalhos.

Muitos programas de ATS realizam diversos ciclos de recuperação de


evidências, interpretação e análise antes da finalização de uma avaliação. As
etapas da ATS estão apresentadas na Figura 15.

103
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

FIGURA 15 – PRINCIPAIS ETAPAS DA ATS

FONTE: Ferreira (2013, p. 13).

Como discutido no decorrer desta unidade, as ATS em saúde constituem


um processo complexo que requerendo análise crítica e detalhada para sua
implementação (país, região, grupo de hospitais).

Como ferramentas de ATS são utilizados vários métodos, podendo


ser realizadas diferentes combinações, por exemplo: revisão sistemática de
dados de evidência, opinião de especialistas, usuários e pacientes, e também o
desenvolvimento de estudos específicos.

No entanto, para ter validade científica, são consideradas duas principais


fontes de informação a literatura e o parecer peritos, que estão sempre associados (a
partir de simples análise de duas fontes para a revisão e síntese da literatura pelos
especialistas). Poderá ainda ser utilizado, na existência de dados insuficientes ou
inconclusivos, uma terceira fonte.

Com a coleta e seleção das evidências, inicia-se o processo de síntese


de informações, que deverá ser organizada de acordo com a hierarquização
das evidências. Nesta hierarquização, muitos gestores em saúde interpretam
evidências, e sua respectiva importância, diferentemente da análise realizada por
investigadores/pesquisadores.

Os gestores possuem uma visão ampla de que a evidência é tudo o que


estabelece um fato, incluindo opinião de especialistas, experiências pessoais

104
TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE

e juízos de aceitabilidade política, bem como dados de pesquisa ou evidências


científicas.

Os pesquisadores/investigadores utilizam uma abordagem mais restrita,


pois compreendem que a evidência se refere apenas à informação gerada por meio
de método científico. Após a etapa de síntese de evidências inicia-se o processo de
elaboração do relatório de ATS.

ATENCAO

Um relatório de ATS deve ser caraterizado pela objetividade, transparência e


imparcialidade dos resultados apresentados. Todavia, um relatório de ATS não deverá ser
um marco final do processo ele deverá permitir nortear as decisões políticas não só através
da avaliação de evidências como também da monitorização de impactos, identificando,
caracterizando e avaliando todos os impactos nos diferentes níveis envolvidos de forma a
identificar novas necessidades na tomada de decisão. (FERREIRA, 2013).

O relatório de ATS é construído a partir de uma pesquisa clínica acerca


de determinada tecnologia. Identificada essa questão, são realizadas avaliações
de literatura, que envolve: a efetividade, a segurança e o custo-benefício. Nessa
etapa, ainda são avaliados os impactos pertinentes a ética, aspectos legais, usuá-
rios, ente outros, e reportadas questões políticas, diretrizes nacionais e por fim, a
prática clínica em si, com a adoção ou não da tecnologia avaliada.

DICAS

Dica de leitra: LOTTNBERG, Claudio; SILVA, Patrícia Ellen da; KLAJNER,


Sidney. A Revolução Digital na Saúde: Como a inteligência artificial e a internet das
coisas tornam o cuidado mais humano, eficiente e sustentável. – São Paulo, Editora dos
Editores, 2019.

4 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS


CANDIDATAS E ESTABELECER AS PRIORITÁRIAS
Como visto no subtópico anterior, ao analisar a diversidade de atributos e
objetivos que podem ser considerados, as ATS demandam de grande diversidade
metodológica. No entanto, alguns passos são relevantes, tanto parcial quanto
totalmente no processo de avaliação (BRASIL, 2009):
105
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

• identificar as tecnologias candidatas e estabelecer as prioritárias;


• especificar o problema a ser avaliado;
• determinar o cenário da avaliação;
• recuperar a evidência disponível;
• obter novos dados primários (se necessário);
• interpretar a evidência disponível;
• sintetizar a evidência;
• apresentar os resultados e formular as recomendações;
• disseminar os resultados das recomendações;
• monitorar o impacto.

A avaliação das tecnologias em saúde, demanda a criação de programas


de avaliação que possuam critérios para a seleção de tópicos, mesmo que estes
critérios algumas vezes não estejam explícitos. Podemos citar alguns exemplos
de critérios de seleção que são adotados no estabelecimento de prioridades de
avaliação, tais como:

• ônus elevado de morbidade e/ou mortalidade;


• grande número de pacientes afetados;
• custo unitário ou agregado elevado da tecnologia ou do problema de saúde;
• substancial variação na prática;
• potencial para melhorar o resultado/benefício para a saúde dos pacientes;
• potencial para reduzir os riscos para a saúde;
• existência de evidência científica
• suficiente para fundamentar uma avaliação;
• controvérsia ou grande interesse entre os profissionais da saúde;
• exigências públicas ou políticas;
• necessidade de tomar decisão reguladora;
• necessidade de tomar decisão para reembolso;
• resultados disponíveis, mas pouco disseminados e/ou com baixa aceitação na
prática clínica.

As prioridades de um dado programa de avaliação podem compreender


tecnologias, problemas de saúde, projetos, ou alguma combinação destes. Um
processo de priorização sistemático pode incluir as seguintes etapas (BRASIL,
2009):

• selecionar critérios a serem usados no estabelecimento das prioridades;


• atribuir pesos relativos aos critérios;
• identificar os tópicos candidatos para a avaliação (por exemplo, como descrito
acima);
• se a lista de tópicos candidatos for grande, reduzi-la, eliminando aqueles
tópicos que claramente não estão de acordo com os critérios dados de
prioridade;
• obter a lista dos tópicos para avaliar de acordo com os critérios;
• para cada tópico, atribuir uma pontuação para cada critério;
• calcular o grau de prioridade para cada tópico;

106
TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE

• ordenar os tópicos de acordo com o nível de prioridade;


• revisar a ordenação dos tópicos para assegurar-se de que a avaliação destes é
consistente com a finalidade da instituição solicitante.

Um dos aspectos mais importantes de uma avaliação é que ela deve


especificar claramente o problema ou a questão que se deve dirigir. Isso afetará
todos os aspectos subsequentes da avaliação. Os avaliadores envolvidos no
processo de condução de uma avaliação devem ter clara a finalidade da avaliação
e compreenderem quem são os usuários potenciais que se beneficiarão desse
recurso.

É importante destacar que esse entendimento não é definido no início


da avaliação, em razão da construção processual que é necessária por meio de
sondagens, discussões e esclarecimentos que vão se alinhando no decorrer da
avaliação.

Dessa forma, não existe um protocolo único ou ideal para indicar o foco
da avaliação. Todavia, geralmente, o foco da avaliação envolve a especificação
dos seguintes critérios:

• problema(s) de saúde;
• população(ões) de paciente(s);
• tecnologia(s);
• equipe técnica de saúde envolvida;
• qual o nível de atenção (primário, secundário e terciário) que será contemplado;
• as propriedades ou impactos ou resultados de saúde que serão avaliadas; por
exemplo, uma especificação básica de um problema de avaliação seria:

NOTA

Problema(s) de saúde: controle da população com hipertensão moderada.


População de pacientes: homens e mulheres, acima de 60 anos de idade, pressão
sanguínea diastólica entre 90-114 milímetros/hectograma, pressão sistólica menor que
240 milímetros/hectograma e nenhum outro problema sério de saúde. Tecnologia(s):
tratamentos, farmacológicos e não farmacológicos. Profissionais de saúde: clínicos gerais.
Nível de atenção: primário. Propriedades que devem ser avaliadas: segurança (incluindo
efeitos adversos), eficácia, efetividade e custo-efetividade (especialmente custo-utilidade).

Dessa forma, deve-se levar em consideração que natureza de uma


avaliação afetará a determinação da organização mais apropriada para conduzi-
la. Certamente, uma avaliação abrangente que analisa múltiplos atributos de
uma tecnologia pode requerer uma experiência considerável e diversa, dados de
origens diversas, e outros recursos.

107
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Os fatores que influenciam “a decisão de fazer ou de comprar uma ATS”


podem incluir os seguintes (BRASIL, 2009):

• há uma avaliação existente e disponível?


• se uma avaliação existente estiver disponível, ela se dirige ao foco específico
da avaliação de interesse?
• tem uma perspectiva compatível?
• foi conduzida recentemente?
• é a metodologia usada suficientemente confiável?
• o relatório vale seu preço?
• se uma avaliação existente necessitar ser atualizada ou não estiver disponível,
as pessoas na organização têm tempo e o conhecimento para executar o
levantamento de dados e as análises requeridas?
• se uma síntese da informação existente for necessária, a organização tem a
equipe de funcionários para rever e interpretar a literatura?
• se novos dados são necessários, a organização tem os recursos e a capacitação
requerida?
• que metodologia será usada?
• se, por exemplo, um enfoque baseado no desenvolvimento de consenso for
o preferido, esse consenso necessita incorporar e refletir as opiniões dos
profissionais da organização e de grupos de pacientes?

Os profissionais de saúde locais aceitarão os resultados e recomendações


do relatório se não participarem da avaliação?

Um dos grandes desafios em ATS é o de identificar a evidência – os dados


na literatura científica e outras informações − que é relevante para uma avaliação.
Para tecnologias muito novas, esta informação pode ser escassa e difícil de se
encontrar; para muitas tecnologias, pode ser profusa, dispersa e de qualidade
variável. A literatura relacionada com a evidência que se procura recuperar é
uma parte essencial e integral de uma ATS bem sucedida. O tempo e os recursos
requeridos para tais atividades devem ser considerados com cuidado ao se
planejar toda a ATS.

108
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A ATS tem sido utilizada em todo o mundo a fim de informar a tomada de


decisão nos sistemas de saúde através de diferentes níveis de produção de
informações sobre impactos clínicos, econômicos, organizacionais, sociais e
éticos das tecnologias em saúde, bem como o ciclo de vida das tecnologias
em saúde.

• Desde sua criação, a ATS tem o objetivo informar a formulação de políticas


em nível macro, mas desde a sua implementação em diversos países vários
métodos e ferramentas de ATS foram desenvolvidos para avaliar tecnologias
em saúde e o seu impacto nos sistemas de saúde como um todo.

• O ciclo de vida das tecnologias deve ser encarado como uma abertura à criação
potencial de equipamentos médico-assistenciais e melhores procedimentos.
Observamos que uma tecnologia em uso, para uma ou mais indicações de
seus benefícios clínicos, segurança e custo-efetividade, consistentemente
pode ser superada por outras alternativas disponíveis; ou tecnologia não
recomendada, nem apoiada por evidências, e incorporada sem avaliação.

• Os principais objetivos da avaliação e do monitoramento das tecnologias são:


(i) identificar novas tecnologias que tenham potencialidades de impacto nos
serviços de saúde (monitoramento do horizonte estrito); (ii) filtrar e priorizar
essas tecnologias para selecionar aquelas que têm maior probabilidade de ter
um impacto significativo nos serviços e sistemas de saúde e/ou na sociedade;
e (iii) fazer uma avaliação precoce do seu provável impacto nos serviços e
sistemas de saúde e/ou na sociedade.

• Por fim, entendemos que as práticas de reavaliação de tecnologias em saúde


são de suma importância e seu uso como suporte aos gestores de saúde na
tomada de decisão contribuem para fortalecimento do uso das tecnologias
incorporadas nos sistemas de saúde e buscam uma otimização dos recursos e
maiores benefícios clínicos à população.

109
AUTOATIVIDADE

1 O manual Avaliação de Tecnologias em Saúde – Ferramentas para a Gestão


do SUS (BRASIL, 2009) – publicado pelo Ministério da Saúde, define como
as tecnologias em saúde podem ser classificadas. Sobre o exposto, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) Natureza material, propósito e estágio de difusão.


b) ( ) Revisão bibliográfica, análise pericial, estudos randomizados.
c) ( ) Atenção farmacêutica; saúde pública; equipamentos médicos.
d) ( ) Procedimentos, objetivos, gestão política.
e) ( ) Qualidade tecnológica, acessibilidade, transparência.

2 A ATS corresponde a um campo multidisciplinar de análise de políticas,


que estuda as implicações clínicas, sociais, éticas e econômicas do
desenvolvimento, difusão e uso da tecnologia em saúde. Nesse sentido,
são classificadas de acordo com a natureza, propósito e estágio de difusão.
Quanto à natureza material das tecnologias em saúde, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Prevenção, triagem, diagnóstico, tratamento, reabilitação.


b) ( ) Medicamentos; equipamentos e suprimentos, procedimentos
médicos e cirúrgicos; sistemas de suporte, sistemas gerenciais e
organizacionais.
c) ( ) Sistemas gerenciais e organizacionais, estabelecida, triagem, obsoleta/
abandonada/desatualizada.
d) ( ) Reabilitação, procedimentos médicos e cirúrgicos, experimental,
sistemas de suporte.
e) ( ) Futura, experimental, investigacional, estabelecida, obsoleta/
abandonada/desatualizada.

3 A informação em saúde é um elemento fundamental no processo de tomada


de decisões no centro das políticas públicas, visando elevar a qualidade
de vida. Dessa forma, inúmeros são os propósitos que envolvem a ATS.
Sobre os propósitos das tecnologias em saúde que devem ser considerados,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Prevenção, triagem, diagnóstico, tratamento, reabilitação.


b) ( ) Sistemas gerenciais e organizacionais, estabelecida, triagem,
obsoleta/abandonada/desatualizada.
c) ( ) Medicamentos; equipamentos e suprimentos, procedimentos
médicos e cirúrgicos; sistemas de suporte, sistemas gerenciais e
organizacionais.

110
d) ( ) Futura, experimental, investigacional, estabelecida, obsoleta/
abandonada/desatualizada.
e) ( ) Reabilitação, procedimentos médicos e cirúrgicos, experimental,
sistemas de suporte.

4 Quando uma nova tecnologia chega ao mercado, ela é disponibilizada ao


final da fase de inovação. Nesta etapa, outras forças entram em ação e
passam a governar o processo de difusão e determinam o grau em que a
nova tecnologia será aceita. Pertinente ao estágio de difusão, as tecnologias
de saúde podem ser classificadas como:

a) ( ) Reabilitação, procedimentos médicos e cirúrgicos, experimental,


sistemas de suporte.
b) ( ) Sistemas gerenciais e organizacionais, estabelecida, triagem,
obsoleta/abandonada/desatualizada.
c) ( ) Medicamentos; equipamentos e suprimentos, procedimentos
médicos e cirúrgicos; sistemas de suporte, sistemas gerenciais e
organizacionais.
d) ( ) Prevenção, triagem, diagnóstico, tratamento, reabilitação.
e) ( ) Futura, experimental, investigacional, estabelecida, obsoleta/
abandonada/desatualizada.

5 A ATS, assim como qualquer instrumento, serviço, produto ou tecnologia,


possui um ciclo de vida. Partindo desse pressuposto, o que é ciclo de vida de
uma tecnologia em saúde e quais os aspectos que devem ser considerados
na sua avaliação?

6 A ATS é um processo amplo, diversificado e deve ser realizado por equipe


multiprofissional, responsável por cada etapa. Cite e explique as etapas da
avaliação das tecnologias de saúde.

111
112
UNIDADE 2
TÓPICO 3 —

DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS


EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
No tópico 3 estudaremos os desafios enfrentados na área tecnológica,
especificamente quanto aos recursos limitados, a diversidade no padrão de
morbidade, a diversidade cultural, o sistema político, estrutura do sistema de
saúde, a informação e os dados disponíveis, e, por fim, a capacidade tecnológica
e a importância das tecnologias sociais como instrumentos para a tomada da
decisão.

Neste tópico conheceremos mais sobre a avaliação das tecnologias em


saúde, especialmente sobre os desafios e as fragilidades observadas no decorrer
de sua implementação. Desse modo, apresentaremos os desafios enfrentados na
área das tecnologias, tais como: os recursos limitados, a diversidade no padrão
de morbidade, a diversidade cultural, o sistema político, estrutura do sistema de
saúde, a informação e os dados disponíveis, assim como a capacidade tecnológica
e as importâncias das tecnologias sociais.

Após isso, aborda-se a questão da Estrutura do Sistema de Saúde,


discorrendo-se sobre a informação e dados disponíveis, a capacidade tecnológica
e a necessidade de que se desenvolvam metodologias para atender a essa escassez
de dados. Por fim, apresentaremos as tecnologias sociais e organizacionais, tais
como gerência da informação, administração e organização, regulamentação,
legislação e sistemas de vigilância em saúde.

2 REALIDADE DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE


A atual estrutura do sistema de saúde influencia no uso da tecnologia,
dadas as suas condições de acesso, cobertura, custo, forma de pagamento,
recursos humanos, organização e serviços. De acordo com Viana, Nunes e Silva
(2011), não está claro em que medida as atividades relacionadas à produção e
difusão dos estudos de ATS têm de fato conseguido influenciar as decisões
de incorporação de tecnologias no âmbito da atenção à saúde, no sentido de
compatibilizar as evidências disponíveis, as condições de saúde da população e o
acesso a tecnologias mais eficientes e socialmente legítimas.

A incorporação e a utilização de tecnologias com objetivo de melhorar a


qualidade dos serviços de saúde devem concentrar esforços na mensuração dos

113
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

resultados de forma a se obter, na prática clínica, resultados semelhantes àqueles


obtidos nas condições ideais.

Nesse cenário, é imprescindível ter clareza dessa necessidade, pois o


conceito de qualidade tem sido usado como justificativa de incorporação de
tecnologias complexas, enfatizando a atenção terciária em detrimento da atenção
primária.

ATENCAO

Existem muitas definições para avaliação de tecnologias em saúde, mas o


principal é que ela responda sobre o funcionamento, utilidade e vale a pena do ponto
de vista sanitário, social, ético e econômico. Após essa avaliação, poderão ser analisados
o valor e a contribuição das tecnologias para a melhoria da saúde individual e coletiva
(FERREIRA, 2013).

A estrutura do sistema de saúde tem grande influência no uso da


tecnologia ao passo que provê condições de acesso, cobertura, custo, forma de
pagamento, recursos humanos, organização e serviços e define os resultados que
almeja alcançar.

Dessa forma, pode-se afirmar que um dos grandes desafios são os recursos
financeiros limitados que contribuem e determinam para uma distribuição
irregular de recursos humanos e de tecnologias, e, como consequência, temos a
insuficiência e incapacidade em atender às necessidades básicas da população.

Nesse sentido, é preciso considerar que, além da vontade política, a


principal motivação à incorporação da ATS como instrumento de apoio à gestão
do sistema de saúde, apresentam-se desafios que devem ser considerados ao
se tentar estabelecer um programa de ATS. Esses desafios serão trabalhados
individualmente a seguir!

DICAS

Sugestão de leitura: NITA, Marcelo Eidi et al. Avaliação de tecnologias em


saúde – evidência clínica, análise econômica e análise de decisão. São Paulo: Editora
ARTEMED, 2010.

114
TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

2.1 RECURSOS LIMITADOS


Encontramos em todos os segmentos da administração pública inúmeras
limitações financeiras que comprometem o funcionamento dos serviços. Na área
da saúde, essa realidade não é diferente. Os sistemas de saúde de diversos países
caracterizados por uma economia em desenvolvimento vivenciam as consequências
da má distribuição dos recursos humanos e tecnológicos, observando a grande
concentração de recursos nos grandes centros e, consequentemente, escassez
ou inexistência em pequenos municípios ou nas periferias das cidades, e baixos
números de profissionais capacitados para atender as demandas locais, além da
gestão e manutenção das tecnologias em condições de uso.

Associado a isso, evidencia-se que as diferentes condições de vida da


população agravam a situação, visto que, aquelas em situações de extrema
pobreza, não têm nem condições mínimas de alimentação e higiene pessoal para
manter sua saúde e qualidade de vida, coexistindo no mesmo espaço que as
populações de alto poder aquisitivo.

Nesse cenário, o processo de ATS não consiste apenas na aprovação


ou reprovação de uma tecnologia baseados apenas sob a ótica de evidência
científica. Torna-se imprescindível que sejam levadas em conta as condições reais
de aplicação prática da tecnologia (ambientais, sociais e culturais) que irão variar
amplamente pelas diferentes regiões do País.

Assim, a avaliação passa a ser realizada com base na diretriz da eficiência,


que mesmo nas situações de recursos limitados e necessidades ilimitadas, norteia
a tomada de decisão de forma eficiente, buscando-se direcionar a tomada de
decisão, voltando-se ao atendimento da maior quantidade possível das demandas
existentes, conforme apresenta a Figura 16.

FIGURA 16 – DEMANDA VERSUS RECURSOS LIMITADOS

FONTE: Brandi (2020, s.p.)

115
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Como observado, os recursos são finitos e o universo tecnológico presente


na área da saúde excede a capacidade de oferta por parte da sociedade. Isso justifica
a necessidade em estudar o processo de escolha, frente à escassez de recursos
com eficácia e efetividade. Qual é a diferença entre as eficácia e efetividade? A
Figura 17 apresenta um comparativo entre essas duas diretrizes.

FIGURA 17 – DIFERENÇA ENTRE EFICÁCIA E EFETIVIDADE

FONTE: Brandi (2020, s.p.)

Nesse cenário é preciso considerar os principais objetivos da avaliação


econômica das tecnologias de saúde a partir da identificação, mensuração,
valoração e comparação das demandas com a disponibilidade de recursos a
serem investidos.

Nessa ótica, quando é analisada apenas uma intervenção ou programa,


descreve-se: AVALIAÇÃO ECONÔMICA requer comparação. A inexistência
de alternativas a serem avaliadas não requer a necessidade de fazer escolhas,
consequentemente, não há necessidade de avaliações econômicas.

ATENCAO

A avaliação econômica é um processo pelo qual os custos de programas


alternativos são comparados com suas consequências, em termos de melhora da saúde
ou de economia de recursos. É também conhecida como estudo de rentabilidade. Engloba
uma família de técnicas incluindo análise de custo-efetividade, análise de custo-benefício e
análise de custo-utilidade.

116
TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Na análise de custo-efetividade comparam-se duas ou mais estratégias


alternativas de intervenção para prevenção, diagnóstico ou tratamento de
determinada condição de saúde. É usado também para comparar alternativas
que competem entre si, por exemplo: escolha entre dois anti-hipertensivos. Não é
atribuído valor monetário aos impatos das intervenções. As unidades de medida
consideradas são: número de doenças evitadas, internações prevenidas, casos
detectados, número de vidas salvas. Para a análise econômica a partir do custo-
efetividade, considera-se a seguinte fórmula:

CE₁₂= Custo₂-Custo₁
Efetividade₂-efetividade₁

No custo-benefício ocorre a relação entre os custos totais de cada


intervenção e os benefícios diretos e indiretos gerados. Configura-se numa forma
de análise mais abrangente, em que os custos e os benefícios são relatados usando
uma métrica comum: atribui-se valor monetário aos benefícios ou impactos de
uma ação. Por exemplo: é socialmente rentável investir no projeto X?

No custo-benefício, encontramos como limitação a transformação


monetária do benefício clínico. Assim, atribui-se valores monetários a impactos
para a saúde, é uma missão difícil e controversa, pois coloca-se em xeque:

• Quanto vale salvar uma vida?


• Qual é a disposição da sociedade a pagar para reduzir a probablidade de
morte?
• A vida de um idoso vale mais que a vida de uma criança?
• É justo atribuir valores monetários diferentes a vidas com limitações físicas?

Ao comparar a análise do custo-benefício (ACB) com a análise do custo-


efetividade (ACE), evidencia-se que a primeira é de máxima utilidade nos casos de
programas de saúde que têm efeitos importantes no desenvolvimento econômico.
Já a ACE tem sua função voltada para a avaliação de diferentes métodos de luta
contra a doença.

Já a análise de custo-utilidade traz a abordagem das medidas dos efeitos


de um intervenção considerando a medição de qualidade de vida relacionada
com a saúde. É utilizada para estudos destinados a comparação dos diferentes
tratamentos aplicados. A unidade de medida adotada refere-se em Anos de Vida
Ajustados por Qualidade (AVAQ).

Na Tabela 4 são apresentadas as principais caracteristicas de cada tipo de


custo adotado na ATS.

117
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

TABELA 4 – COMPARATIVO ENTE AS ANÁLISES DE CUSTOS NA ATS

Análise Custo- Análise Custo-


Análise Custo-Benefício
Efetividade Utilidade
Custo: unidade Custo: unidade monetária Custo: unidade
monetária monetária
Desfecho: clínico. Desfecho: unidade. Desfecho: mesma
eficácia terapêutica.
Vantagem: utiliza Vantagem: permite Vantagem: praticidade,
desfechos concretos da comparação de vários pois necessita apenas
prática clínica. resultados, pois todos são mensurar custos.
mensurados na mesma
unidade de medida.
Desvantagem: a com- Desvantagem: difícil Desvantagem: pouca
paração dos estudos tarefa de valorar aplicabilidade, visto
fica restrita a desfechos moetariamente a vida que são raras as inter-
unidimensionais e co- humana. venções com resultados
muns aos estudos. idênticos.
FONTE: A autora (2020)

Assim, as decisões deverão ser regionalizadas e os métodos para considerar


todos esses aspectos deverão ser desenvolvidos ou aprimorados.

2.2 DIVERSIDADE NO PADRÃO DE MORBIDADE


A diversidade no padrão de morbidade é outro desafio a ATS uma vez
que a coexistência de doenças infectocontagiosas (típica de populações de baixa
renda) com doenças crônico-degenerativas (típica de populações envelhecidas)
demandam um enfoque de avaliação mais voltado para o problema de saúde do
que para a tecnologia.

As alterações demográficas, o aumento da expectativa de vida, o


desenvolvimento e adoção acelerada de novas tecnologias de saúde
têm um impacto considerável na sustentabilidade dos sistemas de
nacionais de saúde. Além do monitoramento produzir informações
úteis para subsidiar as decisões de gestores dos sistemas de saúde,
atores do complexo econômico e industrial da saúde, possibilita o
alinhamento entre as políticas industrial, de ciências, tecnologia e
saúde (LIMA et al., 2017, p. 347).

A aplicação de modelos que simulem a alocação regional de recursos


e indicam a necessidade de realocação de recursos regionalizados pode ser de
grande ajuda no processo de decisão.

2.3 DIVERSIDADE CULTURAL


A diversidade cultural pode ser um aspecto facilitador ou limitador da
efetividade de uma tecnologia, principalmente as não médicas (sistemas de
118
TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

organização e educação). Assim, existe a necessidade em se desenvolver formas


de se mapear as diferenças socioculturais que determinarão o uso ou a rejeição da
tecnologia, como também, a invasão ou não de espaços culturais intactos, como
nas comunidades indígenas.

Esse é um problema presente na realidade mundial, criando-se amplos e


diversos espaços para discussão sobre essa questão. Assim, surge a necessidade
de integração da pesquisa qualitativa no cenário da pesquisa em saúde, também
destaca por diversos autores.

2.4 SISTEMA POLÍTICO


A área da ATS, historicamente, tem tido um sucesso relativo em influenciar
o estabelecimento de políticas em alguns países (Suécia, França, Reino Unido,
Holanda). Tal sucesso foi desenvolvido principalmente porque os políticos veem
os estudos de ATS como um meio de liberá-los de decisões difíceis.

Consequentemente, a ATS, nesses países, evoluiu dentro de um


ambiente despolitizado, sendo que as atividades de ATS não sofreram impactos
decorrentes das mudanças políticas ocasionadas pelas sucessivas eleições. Já,
nos Estados Unidos, o mesmo não ocorreu, sendo o fato mais representativo da
influência política a extinção do Office of Technology Assessment (OTA). Entretanto,
a despolitização fica sob ameaça quando a ATS passa a ser usada de maneira
crescente para o estabelecimento explícito de prioridades em nível nacional
(BRASIL, 2009).

3 ESTRUTURA DO SISTEMA DE SAÚDE


A estrutura do sistema de saúde, além de funcionar com alocação escassa
de recursos, tem um fluxo contínuo de inovações tecnológicas, representando,
para os países em desenvolvimento, uma dupla sobrecarga. Em consequência,
existe a demanda para a criação de tecnologias mais efetivas, criando uma
pressão pela inovação. A ATS pode contribuir para os gestores exercerem maior
controle no processo de incorporação de tecnologias nesses serviços; porém, o
estabelecimento de uma política de incorporação e difusão necessita de uma base
sólida de conhecimento técnico, econômico, social e cultural (BRASIL, 2009).

Para a obtenção desse conhecimento, recursos extras são necessários


para a pesquisa, tanto por parte dos gestores públicos e privados, quanto por
parte da indústria de medicamentos e produtos médicos, enquanto a indústria
tem percebido isso como um obstáculo à colocação do produto. A estrutura do
sistema de saúde influencia o uso da tecnologia, dadas as suas condições de
acesso, cobertura, custo, forma de pagamento, recursos humanos, organização
e serviços. Dessa forma, a incorporação e a utilização de tecnologias com vistas
a melhorar a qualidade dos serviços de saúde deverão concentrar esforços em

119
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

medir resultados em saúde de forma a se obter, na prática clínica, resultados


semelhantes àqueles obtidos nas condições ideais (BRASIL, 2009).

ATENCAO

O conceito de qualidade tem sido usado como justificativa de incorporação de


tecnologias complexas e, com isso, a ênfase tem sido na atenção terciária em detrimento
da atenção primária.

A consequência desse posicionamento está na aquisição de tecnologias


complexas e caras que muitas vezes são abandonadas precocemente por falta de
insumos ou peças de reposição ocasionando a formação de verdadeiros cemitérios
de equipamentos nos hospitais.

3.1 Informação e Dados Disponíveis


A ATS pode apoiar a formulação de políticas de desenvolvimento
e produção local de tecnologias para o setor de saúde. Esses estudos deverão
considerar os problemas advindos de programas internacionais de transferência
de tecnologia e doação de equipamentos, a capacidade instalada, as matérias-
primas, os processos de produção e ainda os recursos humanos necessários
em todas as fases do processo (pesquisa, desenvolvimento, projeto, produção,
comercialização e operação).

3.2 Capacidade Tecnológica


Países em desenvolvimento têm sérias limitações no armazenamento,
na organização, na análise e na disseminação de dados essenciais à ATS. Existe
assim, a necessidade de que se desenvolvem metodologias para atender a essa
escassez de dados, de forma a não ter de esperar o sistema obter os dados para se
dar início a um programa de avaliação (BRASIL, 2009).

4 TECNOLOGIAS SOCIAIS
Nesse tópico encontram-se as tecnologias organizacionais, tais como ge-
rência da informação, administração e organização, regulamentação, legislação e
sistemas de vigilância em saúde (BRASIL, 2009). Apresentam um amplo impacto,
uma vez que não afetam somente a atenção à saúde, mas também as condições
socioeconômicas, o trabalho, o transporte, a segurança pessoal, a comunicação,
entre outros.
120
TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Este é um território a ser amplamente explorado com novas abordagens


metodológicas de forma a se poder lidar com as diversas dimensões que envol-
vem a avaliação desse tipo de tecnologia, mas que é de grande importância dado
o potencial que essas tecnologias têm para impulsionar mudanças no sistema de
saúde. Aqui também há espaço para a integração da evidência qualitativa com a
quantitativa (BRASIL, 2009).

Para finalizar, é importante entender que o planejamento da incorporação


e do uso de tecnologias em saúde pode contribuir para o enfretamento desses
desafios. Dentre as recomendações propostas por especialistas para ampliar a
efetividade dos recursos utilizados, o uso de avaliações de tecnologias em saúde
(ATS) e de políticas de cobertura e preço ganha destaque especial.

Entendida assim como a avaliação sistemática das propriedades, efeitos


e outros impactos das tecnologias e intervenções em saúde, incluindo tanto seus
efeitos diretos e esperados como suas consequências indiretas e inesperadas, me-
diante a aplicação de quadros analíticos explícitos baseados em uma variedade
de métodos, a ATS constitui uma das estratégias mais usadas em todo o mundo
para informar a tomada de decisão relativa às tecnologias em saúde.

Frente a isso, os atuais processos de incorporação de tecnologias em saúde


são insuficientes para responder a esses desafios, sobretudo no que se refere à
capilaridade do sistema. Nesse viés, a avaliação de tecnologias é um instrumento
fundamental para a elaboração e o acompanhamento de uma política em saúde.

Assim, o tema deve ser pensado não só como uma área temática per si,
mas como uma abordagem metodológica a ser adotada no planejamento de po-
líticas em saúde quanto à regulamentação do setor e nos processos de decisão
relativos à incorporação de tecnologias de forma a propiciar eficiência e equidade
ao sistema de saúde como um todo.

DICAS

Dica de Leitura: CRISTINA MARIA BARROS DE MEDEIROS; LUIZA ROSAN-


GELA DA SILVA. Dimensões constitutivas de tecnologias sociais no campo da saúde:
uma proposta de construção e apropriação de conhecimento em territórios vulneráveis.
Textos & Contextos (Porto Alegre), v. 15, n. 1, p. 144 - 159, jan./jul. 2016.

Para finalizar, é importante destacar que o sucesso de uma política de ATS


no SUS demandará algumas ações prioritárias no sentido de fazer face a alguns
dos desafios abordados anteriormente. Entre tais ações, podem-se destacar:

121
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

• O incentivo à formação de recursos humanos − nas diversas áreas do


conhecimento envolvidas nas diferentes fases do ciclo de vida das tecnologias.
• A sensibilização dos gestores dos três níveis hierárquicos do SUS quanto
à necessidade de ampliar a visão das consequências de um processo de
incorporação de tecnologia malconduzido e de adotar critérios objetivos e
claros no processo, tendo como referência a melhor evidência disponível.
• A sensibilização dos profissionais de − saúde e da sociedade em geral para as
consequências econômicas e sociais do uso inapropriado de tecnologias nos
serviços de saúde;
• O envolvimento dos profissionais de saúde e da sociedade na definição dos
critérios para estabelecer prioridades e formular políticas de saúde.
• A adoção de critérios objetivos para estabelecer prioridades, contemplando
aspectos de efetividade, as necessidades regionais, a segurança e a equidade,
privilegiando a evidência científica sempre que esta estiver disponível.
• Um amplo debate na sociedade quanto às questões de incorporação de
tecnologias com alto impacto econômico, ético e social.
• A cooperação e a troca de experiências com outros países em desenvolvimento
com uma estrutura de ATS (por exemplo: Cuba e Chile), como também com
países com experiência no uso de ATS na elaboração de diretrizes políticas e
clínicas.
• O incentivo ao desenvolvimento de sistemas de informação para monitorar
o uso das tecnologias em saúde de forma integrada aos sistemas existentes.
• A integração aos bancos de dados do DATASUS de forma a facilitar a pesquisa
nas bases e ampliar o uso do grande volume de dados na pesquisa.

NTE
INTERESSA

Um sistema de avaliação efetivo pode reordenar a execução das ações e


dos serviços, redimensionando-os de forma a contemplar as necessidades da população
e imprimindo maior racionalidade ao uso dos recursos.

Assim, evidencia-se que os estudos realizados e os resultados das


avaliações são importantíssimos para a informação na área da saúde, sendo
necessária a divulgação por meio do desenvolvimento e intercâmbio de
informações sistematizadas em linguagem adequada aos diferentes públicos,
através de publicações específicas, na internet, entre outros canais, visando
subsidiar a tomada de decisão no campo da ATS.

Prezado acadêmico, chegamos ao final da Unidade 2, nesta unidade


pudemos estudar a avaliação das tecnologias em saúde. Dando sequência ao
nosso estudo, na próxima unidade vamos estudar a inovação nos serviços de
saúde. Vamos lá!

122
TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

LEITURA COMPLEMENTAR

GUIA COMPLETO SOBRE A TECNOLOGIA NA SAÚDE: COMO ELA


PODE SER APLICADA NA MEDICINA?

Dr. José Aldair Morsch

Antigamente, era comum que os conhecimentos médicos descobertos por


universidades e centros de pesquisa de todo o mundo demorassem anos para
chegar até o Brasil. No entanto, com o avanço da internet, isso deixou de ser uma
realidade e os estudos mais recentes, nas mais diversas áreas da medicina, agora
são compartilhadas conosco em tempo real.

Existem diversos aplicativos gratuitos que os médicos podem baixar para


terem acesso a revistas e artigos científicos das mais renomadas instituições de
pesquisa do mundo. Assim, é mais fácil ficar bem informado sobre as novidades e
tratar os pacientes de forma eficaz. A popularização do ensino à distância também
tem feito com que isso se aperfeiçoe. Cada vez mais os profissionais da saúde
estão confiando em faculdades e instituições de ensino que oferecem cursos na
modalidade EAD, por exemplo.

A tecnologia na saúde não para de surpreender e já existem algumas


projeções do que podemos esperar no futuro. Não há dúvidas de que a tecnologia
na saúde se desenvolve cada vez mais. A tendência é que, com o passar dos anos,
seja cada vez mais comum vermos os médicos atendendo pacientes à distância.
Uma pesquisa feita recentemente pela Associação Paulista de Medicina (APM) e
publicada no jornal Folha de São Paulo mostra que 80% dos médicos que atuam na
capital paulista já usam tecnologias, como o WhatsApp, para atender a pacientes.

É claro que nem sempre uma conversa por aplicativo substitui uma
consulta presencial, mas não há problemas em usar o recurso para repassar
informações simples, como esclarecer uma dúvida sobre o modo de usar um
medicamento, por exemplo. Além das conversas em tempo real, a telemedicina
também tem se tornado bastante útil em questões que envolvem a emissão de
laudos à distância. Imagine, por exemplo, uma pequena cidade do interior, longe
de tudo, onde não há um cardiologista de plantão para atender os pacientes.

Caso uma pessoa chegue em uma clínica com sintomas de infarto, o que
precisa ser feito? Um exame cardiológico é a primeira resposta a ser dada por
qualquer pessoa que entenda um pouco do assunto, concorda? Mas o que fazer
quando esse indivíduo está em uma cidade afastada? Com a telemedicina, o exame
pode ser feito de imediato e os dados coletados enviados automaticamente, por
meio de um sistema que segue todos os princípios de segurança da informação,
para uma equipe qualificada em cardiologia. Assim, os profissionais farão o laudo
e o enviarão de volta no mesmo momento.

123
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

O resultado rápido e efetivo do exame pode salvar a vida do paciente,


que terá o atendimento necessário no ato. Em situações em que isso não ocorre,
até mesmo a morte do paciente pode acontecer. Por isso, a telemedicina tem se
mostrado muito relevante para a área médica. No entanto, não é apenas isso
que tende a ocorrer nos próximos anos. A tecnologia na saúde também estará
presente em outros serviços. A seguir, apresenta-se algumas das projeções para o
futuro, que em breve deverão ser uma realidade presente em hospitais, clínicas e
consultórios médicos.

A cirurgia robótica já é utilizada em procedimentos minimamente


invasivos e ajuda os médicos a terem mais precisão, controle e flexibilidade.
Durante a cirurgia robótica, os cirurgiões podem executar procedimentos muito
complexos, que são altamente difíceis ou até mesmo impossíveis de serem
realizados de outra forma. À medida que a tecnologia se desenvolve, ela pode ser
combinada com a realidade aumentada, permitindo que os cirurgiões visualizem
informações adicionais importantes sobre o paciente em tempo real, enquanto
ainda estão em operação.

Embora a invenção suscite preocupações, como a total substituição


dos humanos pelos robôs na realização de cirurgias, é bem provável que isso
jamais venha a acontecer. O que está mudando é o trabalho dos médicos, que
podem contar com essa tecnologia para desenvolver um serviço com ainda mais
qualidade. É bem provável que você já tenha ouvido falar em impressão 3D, bem
como o fato de elas estarem sendo cada vez mais utilizadas na área da saúde.
Tais equipamentos podem ser usados para criar implantes e até articulações para
serem utilizados durante as cirurgias.

As próteses impressas em 3D são cada vez mais populares, pois são


totalmente personalizadas. As funcionalidades digitais permitem corresponder
às medidas de um indivíduo milimetricamente. Isso possibilita níveis sem
precedentes de conforto e mobilidade. O uso de impressoras pode criar itens
duradouros e solúveis. Além do uso em cirurgias, por exemplo, a impressora
pode ser utilizada para imprimir pílulas que contêm vários medicamentos, o que
ajudará os pacientes na questão da organização. Algo que também tem avançado
muito e mudado a forma como os médicos desenvolvem o seu trabalho é a
medicina de precisão.

Os medicamentos de precisão permitem que os médicos selecionem


compostos e terapias para tratar doenças, como o câncer, com base na composição
genética de um indivíduo. Esse medicamento personalizado é muito mais eficaz
do que outros tipos de tratamento, uma vez que ataca tumores com base em genes
e proteínas específicos do paciente, causando mutações genéticas e possibilitando
que eles sejam mais facilmente combatidos. Medicamentos de precisão também
já estão sendo utilizados para tratar doenças como a artrite e a artrose. Eles
usam mecanismos para atacar os genes vulneráveis da doença, enfraquecendo e
reduzindo os sintomas e os danos nas articulações.

124
TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

A inteligência artificial e o machine learning estão ajudando a promover


a medicina genômica, prática que ocorre quando as informações genômicas de
uma pessoa são usadas para determinar planos de tratamento personalizados e
atendimento clínico. Na farmacologia, na oncologia, no tratamento de doenças
infecciosas, entre outras situações, a medicina genômica tende a causar cada
vez mais impacto. Isso porque os computadores tornam muito mais rápida a
análise de genes e mutações genéticas que causam doenças. Assim, é possível a
comunidade médica compreender melhor como as doenças ocorrem e também a
tratar e até mesmo erradicar doenças.

A realidade virtual já existe há algum tempo. No entanto, recentemente os


avanços médicos e tecnológicos têm possibilitado que os estudantes de medicina
sejam treinados sem colocar em risco vidas humanas. Ferramentas sofisticadas
ajudam os futuros médicos a adquirirem a experiência necessária, ensaiando
procedimentos complexos, como cirurgias, fornecendo uma compreensão
visual de como a anatomia humana está conectada. Os dispositivos de realidade
virtual também podem ser utilizados para beneficiar os pacientes, por exemplo,
no diagnóstico, no tratamento e na preparação para procedimentos que serão
realizados.

Isso já pode ser visto em casos de pacientes queimados, que precisam


fazer raspagens nas feridas. Esses procedimentos são extremamente dolorosos
e causam muito mal-estar nas pessoas. Ao utilizar óculos de realidade virtual
e ser imerso em outra situação, é possível “enganar” o cérebro e causar menos
sofrimento. A medicina genômica também vem ganhando força. São diversos
os projetos de pesquisa em andamento que utilizam os princípios da medicina
genômica para tratar condições como rejeição de transplantes de órgãos, fibrose
cística, câncer de diversos tipos etc. Esta é a grande promessa na área de medicina
genômica onde ocorre uma sobrecarga no sistema imunológico do paciente que
fortalece suas defesas contra as células cancerígenas.

Em março/2020 teve-se acesso ao primeiro teste feito em humanos nos


EUA com 3 pacientes que não tiveram nenhuma reação com a utilização dessas
células. Isso quer dizer que nem melhorou e nem piorou nada, ninguém morreu e
isso já é um horizonte promissor para continuar as pesquisas. Outra novidade são
os gêmeos digitais. Um gêmeo digital é uma réplica quase em tempo real de algo
no mundo físico. Na área da saúde, o termo serve para dar nome a uma réplica de
dados coletados ao longo da vida de um indivíduo, como resultados de exames
que foram feitos no decorrer dos anos, doenças que a pessoa teve, cirurgias que
realizou e assim por diante.

Os gêmeos digitais podem ajudar um médico a determinar as possibilidades


de obter um resultado bem-sucedido em tratamentos, auxiliando na tomada de
decisões terapêuticas e no gerenciamento de doenças crônicas, como o diabetes.
Ainda é possível que os gêmeos digitais ajudem a melhorar a experiência dos
pacientes, por meio de cuidados eficazes e centrados em cada indivíduo. O uso
dessa tecnologia na saúde ainda está nos estágios iniciais dos estudos, mas o
potencial de uso é extraordinário e, como um profissional da área, você ouvirá

125
UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

falar muito sobre isso nos próximos anos. Conforme aumenta a capacidade dos
centros de saúde para prestar assistência em áreas remotas, que são atendidas
pela telemedicina, a qualidade e a velocidade das redes de internet são essenciais
para que ocorram resultados positivos.

A internet 5G deve se tornar uma realidade nos próximos anos, ajudando


as organizações de saúde a fazer a transmissão de grandes arquivos de imagem,
para que os especialistas possam revisar e aconselhar sobre cuidados, por
exemplo.

Além disso, a novidade também permitirá o uso da inteligência artificial


e da internet das coisas, aumentará a capacidade de os médicos proporem
tratamentos com base na realidade virtual e na realidade aumentada e possibilitará
o monitoramento remoto e confiável dos pacientes, entre outras coisas. Um
hospital inteligente é aquele que conta com uma infraestrutura conectada de
dispositivos médicos inteligentes, com o objetivo de melhorar os procedimentos
de atendimento ao paciente e introduzir novos processos.

O objetivo desse tipo de hospital é transformar os dados do paciente em


insights e, em seguida, agir com base nas informações obtidas. Os sistemas captarão
dados, por exemplo, na sequência aplicando-os em serviços de inteligência
artificial e machine learning para fazerem a análise. Em seguida, disponibilizarão
informações para os médicos por meio de computadores, tablets e smartphones.
A tecnologia na saúde cada vez mais contribui para a melhoria do diagnóstico
de doenças. Isso é possível graças a serviços como a telemedicina, que conecta
grandes especialistas a médicos em qualquer lugar do mundo. Não existem mais
limitações geográficas que impeçam um paciente de receber o atendimento que
merece, sempre que algum evento envolvendo a sua saúde venha a ocorrer.

A melhoria no diagnóstico de doenças evita que as pessoas sofram por


conta de tratamentos incorretos, por exemplo. Por isso, é interessante implementar
a telemedicina em todos os estabelecimentos médicos, principalmente naqueles
que estão afastados dos grandes centros urbanos. A tecnologia já tem atuado
na medicina de diversas formas. Isso faz com que diversos benefícios sejam
proporcionados aos profissionais da saúde e, principalmente aos pacientes.
A interação entre médico e paciente desempenha um papel vital na prestação
de cuidados de saúde. De fato, é um desafio significativo para o profissional
monitorar as pessoas à distância, mas com a tecnologia na medicina isso tem se
tornado uma realidade.

Os equipamentos médicos deixaram de ser apenas os que estão dispostos


no consultório, incluindo agora os aplicativos que podem ser baixados no celular
dos pacientes. Existem apps, por exemplo, que possibilitam o monitoramento de
situações específicas, que são compartilhadas com o médico em tempo real.

FONTE: Adaptado de MORSCH, José Aldair. Guia completo sobre a tecnologia


na saúde: como ela pode ser aplicada na medicina? Disponível em: http://bit.
ly/3rXVNix. Acesso em: 25 nov. 2020.

126
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• É de fundamental importância que critérios estritos nas avaliações de


tecnologias de saúde, bem como a metodologia de monitoramento delas,
sejam estabelecidos de modo a garantir que o beneficiário tenha seu direito
garantido.

• Que as questões éticas, sociais e legais, bem como os custos e os potenciais


impactos desses custos no sistema de saúde, devem a todo instante serem
reavaliados.

• A ética da avaliação das tecnologias deve focar aspectos referentes à exposição,


vulnerabilidade e integridade das pessoas, voltadas as suas necessidades
sociais, na sua proteção e na promoção da saúde pública.

• A continuidade das práticas de reavaliação de tecnologias em saúde é de


suma importância e seu uso se dá como suporte aos gestores de saúde na
tomada de decisão, contribuindo para fortalecimento do uso das tecnologias
incorporadas nos sistemas de saúde e buscando uma otimização dos recursos
e maiores benefícios clínicos à população.

• Acompanhar o desenvolvimento de tecnologias e avaliar o momento de


sua introdução e descontinuação é uma forma de manter e ou melhorar a
sustentabilidade do SUS, além de permitir estabelecer padrões de qualidade
com o uso apropriado das tecnologias, sejam elas equipamentos ou outros
produtos para a saúde. Isso requer compreender as dimensões a ser avaliadas
e a estabelecer os métodos apropriados.

CHAMADA

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AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

127
AUTOATIVIDADE

1 No processo de avaliação das tecnologias de saúde inúmeros são os desafios


encontrados desde a sua criação até a divulgação e implementação. Sobre
esses desafios, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Recursos limitados, falta de conhecimento, equipe técnica


despreparada, diversidade cultural, sistema político, falta de
conhecimento, informação e dados disponíveis.
b) ( ) Diversidade no padrão de morbidade, estrutura do sistema de
saúde, falta de conhecimento, informação e dados disponíveis,
diversidade cultural, equipe técnica despreparada, capacidade
tecnológica.
c) ( ) Tecnologias Sociais, falta de conhecimento, equipe técnica
despreparada, diversidade no padrão de morbidade, diversidade
cultural, estrutura do sistema de saúde, diversidade cultural.
d) ( ) Recursos limitados, diversidade no padrão de morbidade,
diversidade cultural, sistema político, estrutura do sistema de
saúde, informação e dados disponíveis, capacidade tecnológica,
tecnologias sociais.
e) ( ) Recursos limitados, diversidade no padrão de morbidade, diver-
sidade cultural, sistema político, estrutura do sistema de saúde,
informação e dados disponíveis, falta de conhecimento, equipe
técnica despreparada.

2 Entre os objetivos da ATS, situa-se a perspectiva da aplicabilidade social


e cientifica, além da viabilidade financeira. Ao usar da Avaliação de
Tecnologias em Saúde (ATS), qual é o principal objetivo a ser almejado?

a) ( ) Comparar duas ou mais estratégias alternativas de intervenção


para prevenção, diagnóstico ou tratamento de determinada
condição de saúde.
b) ( ) Contribuir para melhorar o processo decisório, tanto nas políticas
do SUS quanto dentro dos serviços de saúde e nas práticas de
cuidado prestado pelos profissionais
c) ( ) Avaliar e selecionar os produtos, equipamentos e procedimentos
em saúde que mereçam ser utilizados nos sistemas de saúde foram
desenvolvidos métodos científicos.
d) ( ) Verificar uma necessidade premente na geração de mais evidên-
cias de efetividade dos mesmos dentro do contexto brasileiro, com
experimentos testados em hospitais públicos do SUS.
e) ( ) Perceber a necessidade de construção de mais evidências de
efetividade, dentro do contexto brasileiro, com experimentos
testados públicos do SUS e com profissionais formados no País.

128
3 Os cuidados à saúde incluem diversos fatores que buscam, na sua essência,
a cura ou a melhora de um agravo à saúde, por meio do diagnóstico, da
reabilitação, da prevenção e da promoção àqueles que necessitam ou que
potencialmente estarão submetidos a esses cuidados em curto ou longo
prazo. Fatores como os recursos humanos, as tecnologias e os processos,
quando conjugados de maneira organizada e fundamentada nas melhores
evidências científicas disponíveis viabilizam quais ações?

a) ( ) Alcançar resultados de eficácia, efetividade e eficiência para seu


devido propósito de ação.
b) ( ) Mensurar, avaliar e selecionar os produtos, equipamentos e
procedimentos em saúde que mereçam ser utilizados nos sistemas
de saúde.
c) ( ) Funcionar com alocação escassa de recursos, tem um fluxo contínuo
de inovações tecnológicas, representando, para os países em
desenvolvimento, uma dupla sobrecarga.
d) ( ) Desenvolver formas de se mapear as diferenças socioculturais que
determinarão o uso ou a rejeição da tecnologia, como também, a
invasão ou não de espaços culturais intactos, como nas comunidades
indígenas.
e) ( ) Apoiar a formulação de políticas de desenvolvimento e produção
local de tecnologias para o setor de saúde.

4 Inúmeros são os aspectos que envolvem a avaliação em tecnologias de saúde.


A viabilidade econômica está entre os principais aspectos que envolvem a
ATS. Desse modo, cite os principais objetivos da avaliação econômica das
tecnologias de saúde.

5 No processo de ATS, são considerados todos os recursos, demanda de


pessoal e recursos financeiros, além da aplicabilidade dela no contexto da
saúde. Nesse sentido, explique o que é avaliação econômica em saúde e
quais os tipos de análises de custos envolvidos nesse processo?

6 Conforme estudado, a adoção de tecnologias de saúde apresenta no cenário


atual inúmeros desafios, fragilidades e, de certa forma, dificuldades.
Pertinente aos desafios encontrados na adoção das tecnologias de saúde,
escolha três deles e explique cada um.

129
REFERÊNCIAS
ASSIS, E. C. O papel da avaliação de tecnologias em saúde (ATS) na retirada
de dispositivos médicos obsoletos no Sistema Único de Saúde (SUS). Disser-
tação de Mestrado. Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Rio de Janeiro: Escola
Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, 2013.

BRANDI, C. M. G. Avaliação Tecnológica em Saúde (ATS). Disponível em:


https://slideplayer.com.br/slide/290914/. Acesso em: 25 set. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de avaliação de tecnologias em saúde na


Atenção Básica. Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Brasília: Ministério da Saúde,
2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos


Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas:
Diretriz de Avaliação Econômica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Área de economia da saú-


de e desenvolvimento. Avaliação de tecnologias em saúde: ferramentas para a
gestão do SUS. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. Portaria nº 2.690, de 5 de novembro de 2009. Institui, no âmbito do


Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Gestão de Tecnologias em
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131
132
UNIDADE 3 —

INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• aprofundar o entendimento sobre inovação nos serviços de saúde;

• sistematizar aspectos conceituais dos termos tecnologia e inovação tec-


nológica, destacando implicações para o setor saúde;

• relacionar a importância da inovação no segmento de saúde como uma


estratégia competitiva;

• conhecer a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde e suas


diretrizes, objetivos e aspectos preconizados.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE?

TÓPICO 2 – POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM


SAÚDE

TÓPICO 3 – NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

133
134
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —

O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE?

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, na Unidade 3 estudaremos a Inovação nos Serviços de Saúde.
No primeiro subtópico estudaremos todo processo que envolve desenvolvimento
dos sistemas, associando-os com as estratégicas tecnológicas. Discutiremos sobre
o que é inovação nos serviços de saúde e a classificação e caracterização dos tipos
de inovação na área, além das principais etapas e aspectos que norteiam esse
processo.

No segundo subtópico, trataremos dos critérios a serem seguidos na


racionalização da inovação e utilização de tecnologias, considerando os princípios
da Política Nacional de Ciência e Tecnologia, especialmente quanto a avaliação
das tecnologias em saúde.

No terceiro subtópico, realizaremos uma análise preliminar da


Telemedicina, norteada por perguntas e respostas mais frequentes sobre essa
ferramenta tão importante e viabilizadora dos processos de atendimento de
pacientes, como também da formação de profissionais e equipes técnicas do
Sistema Único de Saúde.

2 O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE?


Inovação é a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente
produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços. A
inovação em saúde é um campo em crescente destaque, tendo sua importância
relacionada a melhorias nas condições de bem-estar da população e, por ser um
setor intensivo em pesquisa e desenvolvimento (P&D), é associada à inserção
competitiva internacional, pontuando uma gama de interesses que dinamizam
sua agenda (COSTA, 2016).

A inovação na área da saúde pode ocorrer de dois tipos: radical e


incremental. A tabela 1 apresenta as características.

135
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE INOVAÇÃO EM SAÚDE

INOVAÇÃO RADICAL INOVAÇÃO INCREMENTAL

- Desenvolvimento e introdução de - Introdução de qualquer tipo de me-


um novo produto, processo ou forma lhoria em um produto, processo ou
de organização da produção inteira- organização da produção, sem necessa-
mente nova. riamente alterar a estrutura.
- Pode representar uma ruptura es- - Pode ser imperceptível para o consu-
trutural com o padrão tecnológico midor.
anterior. - Mudanças que possibilitam a amplia-
- Inicia um novo paradigma ou rota ção das aplicações de um produto ou
tecnológica. processo.

FONTE: Os autores (2020)

Da mesma forma, pode-se afirmar que correspondem ao acesso às


tecnologias modernas/novas = resolução dos problemas de saúde e promoção de
qualidade de vida. O acesso às tecnologias nem sempre resulta em benefícios; e,
por fim, as tecnologias não são neutras.

De acordo com Morais et al. (2015), novas tecnologias têm surgido como
fator primordial para as empresas prestadoras de serviços de saúde, visto que o
setor de saúde necessita oferecer um padrão de execução e o diferencial competitivo
está diretamente ligado à percepção que o cliente tem sobre a qualidade do
serviço, principalmente pelo estado em que muitas vezes se encontra.

NTE
INTERESSA

Para a incorporação de uma tecnologia na área da saúde, é preciso considerar:


as condições de acesso; desigualdade produzida pelo uso da tecnologia; necessidades
epidemiológicas; capacidade instalada; qualidade; segurança; eficácia e custo.

Inicialmente, torna-se necessário conhecer as etapas envolvidas no


planejamento da inovação, conforme apresenta a Figura 1.

136
TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE?

FIGURA 1 – PRINCIPAIS ETAPAS DA INOVAÇÃO

FONTE: Os autores (2020)

Cada etapa apresentada deve seguir um planejamento das ações a serem


executadas uma a uma, por exemplo: No alinhamento com a estratégia, na empresa
analisa a sua estratégia e identifica quais temas devem direcionar à criação de
ideias inovadoras. Já na etapa da ideação, por meio dos temas estratégicos, os
colaboradores são incentivados a enviar ideias inovadoras para solucionar os
desafios da empresa.

Na conceituação, as ideias produzidas na ideação serão avaliadas e


melhoradas a fim de que se tornem viáveis para implantação. A decisão em ir
ou não ir em frente, corresponde ao momento da definição de quais ideias têm
melhores chances de sucesso e quais deverão ser lançadas ou não. Por fim, temos
a implantação, que é quando o conceito é aprovado, ele é lançado no mercado e
a ideia ganha forma.

O processo de criação e implementação da inovação requer ainda, a


consideração dos seguintes aspectos relacionados ao acesso:

• Envolve a incorporação sem critérios explícitos e o uso inadequado de


tecnologias implicam riscos para os usuários, assim como, comprometem a
efetividade do sistema de saúde.
• Identifica tecnologias emergentes para incorporação no sistema de saúde.
• Monitoramento dos resultados para a saúde e dos impactos causados pelas
tecnologias após incorporação.
• A tecnologia além de trazer benefício, deve assegurar a equidade, universalidade
e integralidade do SUS.

137
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Existem diversas formas de se implantar novos mecanismos. Um deles é


por meio de sistemas de informação em saúde, que é considerado um dos fatores
cruciais para aumentar a produtividade, otimizar os processos internos e, até
mesmo, conseguir uma redução de custos.

Para começar, precisamos saber que existem pelo menos dois fatores
envolvidos na informatização de uma instituição de saúde: a estratégia de negócio
e a atualização tecnológica:

ATENCAO

Ciência e tecnologia são instrumentos importantes para a saúde e o tratamento


de doenças, assim como para a construção de um momento civilizatório de paz e de vida
digna e decente para todos (LORENZETTI et al., 2012).

As inovações na saúde têm como pilar a tecnologia social para ser


instrumento de inclusão ao acesso e melhoria da qualidade de vida, visto que
proporciona crescimento na eficiência técnica, aumento da produtividade,
redução dos custos, tendo como característica o cuidado com a qualidade no
atendimento.

Como vimos desde a Unidade 1, o Ministério da Saúde define a tecnologia


na saúde como: “novos medicamentos e vacinas, próteses, equipamentos,
procedimentos técnicos, sistemas organizacionais, educacionais e de suporte
como a comunicação instantânea, programas e protocolos assistenciais, por meio
dos quais é prestado a atenção e os cuidados à população” (BRASIL, 2009, s. p.).

Desta forma, atua nos fatores condicionantes e determinantes do


processo saúde-doença, contribuindo para o controle na incidência de doenças
das populações. Com tantas transformações e evoluções constantes, é preciso
adaptação e conhecimentos relativos ao funcionamento das novas tecnologias.
Para tanto, temos áreas distintas de aplicação da inovação na área da saúde, tais
como: produtos, em informação, cuidado ao paciente e no sistema de saúde.

138
TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE?

Relacionado à Inovação de produtos, o Brasil tem sido pioneiro na


fabricação de imunobiológicos, destacando-se pelo Programa Nacional de
Imunizações. As vacinas, como a tetravalente, pentavalente e febre amarela,
modificaram a história da população. Atualmente há pesquisas e atualizações
constantes da vacina contra a dengue. Além disso, tem grande destaque o
tratamento de alguns tipos de câncer, por meio de imunoterapia. A medicina
tem sido transformada pela tecnologia, com tantos medicamentos biológicos,
diagnósticos móveis, impressoras em 3D e na pesquisa.

Pertinente à inovação em informação temos amplo acesso às informações


e à utilização de tecnologias de última geração, que propiciam aos usuários
diagnósticos mais ágeis e capacidade de controlar a própria saúde com o
autoconhecimento, mediante as campanhas educacionais para o público-alvo.

Os wearables (Figura 2) são relógios/pulseiras com mecanismo de detecção


inteligente, considerado uma grande inovação na área da saúde. São muito úteis
aos pacientes com doenças crônicas, como diabetes mellitus (DM) e doenças
cardiovasculares, que demandam um controle minucioso dos sinais vitais, através
do monitoramento em tempo real dessa ferramenta.

FIGURA 2 – WEARABLES

FONTE: <https://blog.iclinic.com.br/wearables-na-medicina/>. Acesso em: 27 nov. 2020.

Os wearables podem ser utilizados para o profissional da área da saúde


acompanhar o tratamento e situação do paciente mesmo a distância.

139
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

ATENCAO

Os wearables são dispositivos vestíveis inteligentes. Muito além de relógios


que se conectam à internet e enviam e-mails. Eles também são capazes de monitorar
batimentos cardíacos, passos, distância percorrida, qualidade do sono, entre muitas outras
funcionalidades. Por essa razão, esses mecanismos vêm adquirindo destaque na área da
saúde e já são aplicados em estudos médicos e em tratamentos.

Outra importante fonte de educação baseada em evidências é a interface


do usuário a partir de voz mediada por telefone (VUI), que proporciona bem-
estar aos pacientes, uma vez que os mantêm informados sobre seus tratamentos
e dúvidas, depois que sai do hospital ou consultório. Ainda é capaz de avisar
aos pacientes sobre suas consultas, exames e ajudar a prepará-los para qualquer
procedimento médico, com o intuito de levar informações e maior tranquilidade,
além de garantir que estejam em boa recuperação após cirurgia. Portanto, acolhe
o paciente fora do ambiente clínico, sendo capaz ajudar na promoção da saúde.

Quanto à inovação no cuidado ao paciente, de acordo com a Revista


Brasileira de Educação médica, a inteligência artificial analisa os dados disponíveis
em plataformas como o nascimento, mortalidade, hospitalizações, doenças de
notificação compulsória, populações em risco e prontuários eletrônicos. Também,
busca indicar a prevalência e a evolução das enfermidades, pressupondo os surtos
e indicando medidas preventivas e terapêuticas. Por isso, pacientes portadores de
doenças crônicas podem ser inseridos no programa para auxiliar no controle da
patologia e assim ter resultado positivos no desfecho clínico. Essa ferramenta que
traz inovações na saúde reduz custos para o sistema, evita reinternações e otimiza
o tempo dos médicos assistentes, o que não o substitui.

A inovação no sistema de saúde no Brasil apresenta plataformas conectando


os médicos especialistas aos pacientes por meio de tecnologia de ponta. Com isso,
há a garantia de acesso a diversos especialistas sem sair de casa e auxilia um
médico a se comunicar com outros profissionais, para trocar conhecimentos sobre
determinado diagnóstico.

Uma forma de gestão estratégica que vem sendo implementada e permite


a organização de dados e informações é o prontuário eletrônico do paciente, um
instrumento que tem como objetivo agilizar o atendimento, economizar custos e
tempo, comunicação mais rápida, mediante o compartilhamento de dados sobre
determinado paciente, a fim de prestar uma assistência ideal e individual. Portanto,
implantar uma forma mais eficiente de gestão, que otimize o preenchimento de
papéis e facilite o atendimento, tendo como preocupação a humanização, é a
proposta para as novas tecnologias.

140
TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE?

DICAS

O vídeo indicado, a seguir, apresenta três tecnologias em saúde muito utilizadas


atualmente. Acesse: https://youtu.be/GM84blp4KT0.

NTE
INTERESSA

QUAL É A IMPORTÂNCIA DA TELEMEDICINA E COMO ESSA PRÁTICA ATUA


NOS DIAS DE HOJE?

A tecnologia trouxe inúmeros benefícios para todos os níveis de atenção à saúde


e isso não se resume somente a novos tratamentos, a curas ou a equipamentos. Afinal, a
telemedicina engloba toda a parte de atendimento médico, porém, de uma forma on-line
e mais prática, como a realização de diagnósticos a distância, por exemplo.

Isso facilita a agilidade do atendimento, tanto para o profissional, como para o


paciente, além de outras vantagens, como economias de custo e tempo, comunicação
mais ágil e segura etc. Isso impacta também, em especial, dentro da saúde ocupacional,
ou seja, dentro das organizações que prezam pelo bem-estar de seus colaboradores. Afi-
nal, com a telemedicina, a empresa pode cumprir com suas responsabilidades em relação
à saúde dos funcionários, de uma forma prática, moderna e econômica.

Mas, afinal, quais são os principais mitos sobre a telemedicina no Brasil?

Apesar de todas as vantagens e os benefícios, essa prática ainda é desconheci-


da por muitos aqui no país, bem diferente do que já acontece na Europa e nos EUA, por
exemplo, onde esse conceito é amplamente difundido. Por aqui, além do desconheci-
mento, há ainda alguns mitos sobre a telemedicina que precisam ser esclarecidos. Por
isso, confira as dicas a seguir:

1. A telemedicina só funciona lá fora


Um dos maiores mitos sobre a telemedicina é achar que a prática é coisa de país
europeu ou de americanos. Puro engano! No Brasil, já há clínicas, profissionais e platafor-
mas conectando médicos, pacientes e empresas com tecnologia de ponta e, inclusive,
digna de qualquer país de primeiro mundo. Com isso, independentemente da localização
de sua empresa ou de seus funcionários, todo o território nacional fica coberto pelo aten-
dimento pelo sistema.

2. A telemedicina é um campo ainda restrito


Outro engano muito comum tem relação com a amplitude da telemedicina. Ou
seja, muita gente acredita que a prática é limitada apenas às áreas mais simples da medici-
na convencional.

No entanto, isso é mais um mito! Hoje, a prática já é utilizada em diversos setores


da saúde, como cardiologia, neurologia, radiologia, enfermagem, oncologia, oftalmologia,

141
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

entre outras infinitas especializações. A tecnologia da informação e as telecomunicações


permitem, cada vez mais, a abrangência da telemedicina em praticamente todas as áreas
da saúde.

3. A telemedicina não é confiável


É normal que mudanças de comportamento e de práticas convencionais gerem
um pouco de desconfiança nas pessoas. Porém, podemos garantir que esse é um dos
principais motivos para gerar os mitos sobre a telemedicina. Trata-se de uma tendência
mundial e, indiscutivelmente, a tecnologia permitiu benefícios incomparáveis e mais con-
fiáveis, até mesmo, que os atendimentos médicos padrões. Quer um exemplo prático?

Em uma plataforma de telemedicina, um médico pode se comunicar e trocar


conhecimentos com outros profissionais, de forma on-line e rápida, sobre um diagnósti-
co. Ou seja, o paciente tem o suporte de diferentes médicos sobre o seu caso e, assim,
garante informações mais precisas e confiáveis, além de outras inúmeras vantagens que a
tecnologia proporciona.

4. A telemedicina é cara
Quase sempre, temos uma ideia errada de que a tecnologia encarece os serviços.
Muito pelo contrário! A telemedicina promove economias incomparáveis às empresas e
pacientes. Isso não se limita somente a valores financeiros, mas também à economia
de tempo. Imagine, por exemplo, que todos os seus colaboradores passem por exames
médicos e, depois, precisem buscar seus diagnósticos. Resumindo, suas atividades preci-
sariam ser interrompidas e demandariam tempo de locomoção e custos com transportes.

Com a telemedicina, nada disso é preciso. Afinal, por meio de uma plataforma
on-line, a empresa recebe todos os resultados de forma digital e os funcionários mantêm
suas rotinas normalmente.

FONTE: Adaptado de <https://blog.conexasaude.com.br/mitos-sobre-a-telemedicina-e-


-suas-verdades/>. Acesso em: 27 nov. 2020.

142
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A inovação em saúde é um campo em crescente destaque, tendo sua importância


relacionada a melhorias nas condições de bem-estar da população e, por ser
um setor intensivo em pesquisa e desenvolvimento (P&D), é associada com a
inserção competitiva internacional, pontuando uma gama de interesses que
dinamizam sua agenda.

• A inovação na área da saúde pode ocorrer de dois tipos: radical e incremental.

• A inovação radical: se caracteriza pelo desenvolvimento e introdução de um


novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente
nova; pode representar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico
anterior; inicia um novo paradigma ou rota tecnológica.

• A inovação incremental: corresponde à introdução de qualquer tipo de melhoria


em um produto, processo ou organização da produção, sem necessariamente
alterar a estrutura; pode ser imperceptível para o consumidor, traz mudanças
que possibilitam a ampliação das aplicações de um produto ou processo.

• Com tantas transformações e evoluções constantes, é preciso adaptação e


conhecimentos relativos ao funcionamento das novas tecnologias. Para tanto,
temos áreas distintas de aplicação da inovação na área da saúde, tais como:
produtos, em informação, cuidado ao paciente e no sistema de saúde.

• O planejamento da inovação em saúde é a primeira etapa para sua


implementação, para tanto, o ato de planejar envolve pelo menos cinco
processos imprescindíveis para a otimização dos resultados esperados.

• O alinhamento com a estratégia, corresponde a etapa inicial, em que a empresa


analisa a sua estratégia e identifica quais temas devem direcionar a criação de
ideias inovadoras.

• A etapa da ideação, por meio dos temas estratégicos, os colaboradores são


incentivados a enviar ideias inovadoras para solucionar os desafios da
empresa.

• Na conceituação, as ideias produzidas na ideação serão avaliadas e melhoradas


a fim de que se tornem viáveis para implantação.

143
• A decisão em ir ou não ir em frente corresponde ao momento da definição de
quais ideias têm melhores chances de sucesso e quais deverão ser lançadas
ou não.

• A implantação, que é quando o conceito é aprovado, é lançado no mercado e


a ideia ganha forma.

144
AUTOATIVIDADE

1 A inovação em saúde abrange todas as áreas desse segmento, envolvendo


a criação de medicamentos, serviços e sistemas de informação que venham
a atender a demanda atual. Entre as assertivas a seguir, encontramos uma
que apresenta as diferentes áreas aplicadas à inovação da saúde atualmente.
Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Inovação incremental; inovação radical; inovação de produtos;


inovação em serviços.
b) ( ) Inovação de produtos; inovação de cuidados ao paciente; inovação
em informação; inovação no sistema de saúde.
c) ( ) Inovação de cuidados ao paciente; inovação em informação; inovação
radical; alinhamento com a estratégia.
d) ( ) Inovação no sistema de saúde; inovação radical, inovação
incremental, inovação de produtos.
e) ( ) Inovação de produtos; inovação de cuidados ao paciente; inovação
no sistema de saúde; inovação radical.

2 O planejamento da inovação em saúde é a primeira etapa para sua


implementação, para tanto, o ato de planejar envolve pelo menos cinco
processos imprescindíveis para a otimização dos resultados esperados.
Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Alinhamento com a estratégia, ideação, conceituação, ir ou não ir


em frente, implantação.
b) ( ) Planejamento estratégico, ideação, contabilidade, ir em frente,
implantação.
c) ( ) Conceituação, ideação, ir ou não ir em frente, implantação, alinhamento
com a estratégia.
d) ( ) Alinhamento com a estratégia, ideação, ir ou não ir em frente,
conceituação, implantação.
e) ( ) Alinhamento com a estratégia, conceituação, ideação, ir ou não ir em
frente, implantação.

3 A inovação em saúde é um campo em crescente destaque, tendo sua


importância relacionada a melhorias nas condições de bem-estar da
população, podendo ocorrer de dois tipos: radical e incremental. Sobre a
inovação incremental, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) É a introdução de um novo produto, processo ou forma de


organização da produção inteiramente nova; pode representar
uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior; inicia
um novo paradigma ou rota tecnológica.

145
b) ( ) Analisa a sua estratégia e identifica quais temas devem direcionar
a criação de ideias inovadoras.
c) ( ) Os colaboradores são incentivados a enviar ideias inovadoras para
solucionar os desafios da empresa.
d) ( ) Corresponde à definição de quais ideias têm melhores chances de
sucesso e quais deverão ser lançadas ou não.
e) ( ) Corresponde à introdução de qualquer tipo de melhoria em um pro-
duto, processo ou organização da produção, sem necessariamente
alterar a estrutura; pode ser imperceptível para o consumidor, traz
mudanças que possibilitam a ampliação das aplicações de um pro-
duto ou processo.

4 A inovação em saúde pode ocorrer de dois tipos: radical e incremental.


Descreva o que é a inovação em saúde e caracterize a inovação radical e
incremental.

5 O planejamento da inovação em saúde envolve pelo menos cinco processos


imprescindíveis para a otimização dos resultados esperados. Cite e explique
os processos que devem ser considerados nesse tipo de planejamento.

6 Com tantas transformações e evoluções tecnológicas é preciso acompanhar,


se adaptar e conhecer o funcionamento das novas tecnologias. Para tanto,
envolvem-se áreas distintas de aplicação da inovação na área da saúde.
Quais são as áreas distintas de aplicação da inovação na área da saúde?

146
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —

POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E


INOVAÇÃO EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
No Tópico 2 abordaremos a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação
em Saúde (PCTIS), apresentando seus princípios, diretrizes, eixos condutores,
estratégias de sustentação e o fortalecimento do esforço nacional em ciência,
tecnologia e inovação em saúde, a criação do sistema nacional de inovação
em saúde, a construção da agenda nacional de prioridades de pesquisa em
saúde, a busca pela superação das desigualdades regionais, o aprimoramento
da capacidade regulatória, a difusão dos avanços científicos e tecnológicos e a
formação e capacitação de recursos humanos, e por fim modelo de gestão.

No subtópico 2 retomaremos também sobre os princípios norteadores do


SUS como forma de o relacionarmos à Política de Ciência, Tecnologia e Inovação
em Saúde, estando intrinsecamente ligados e instituídos um com o outro, através
de princípios, eixos norteadores, objetivos e agendas.

Para finalizar, no subtópico 3, traremos a análise da Política Nacional de
Gestão de Tecnologia em Saúde em consonância com o SUS, instituída em 2010,
atualizando e regulamentando a inovação e a tecnologia no sistema de saúde.

2 CONHECENDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA


E INOVAÇÃO EM SAÚDE
Na busca de atender aos princípios regulamentados da Inovação e da
Tecnologia em Saúde, foi implementada a Política Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação em Saúde (PNCTIS) como parte complementar da Política Nacional
de Saúde. A política foi elaborada norteando-se pelos princípios, objetivos e
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando-se o exposto no artigo
200, inciso V, da Constituição Federal que estabelece as competências do SUS,
inclusive quanto ao crescimento de programas de desenvolvimento científico e
tecnológico em cada área de atuação (BRASIL, 2005).

Como observado na Unidade 1, o SUS norteia-se em três princípios básicos,


constitucionalmente garantidos, sendo eles: a universalidade, a integralidade e a
equidade. Na PNCTIS, todos os programas, pesquisas e inovações devem pautar-
se também nesses princípios.

147
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Especificamente na área da ciência e da tecnologia, esses princípios


devem ser aplicados de forma que correspondam a esse compromisso tanto
na esfera política quanto ética, direcionando a produção com a apropriação de
conhecimentos e tecnologias contribuidoras para reduzir as desigualdades sociais
em saúde, em conformidade com o controle social.

Nesse cenário, a PNCTIS objetiva “Desenvolver e otimizar os processos


de produção e absorção de conhecimento científico e tecnológico pelos sistemas,
serviços e instituições de saúde, centros de formação de recursos humanos,
empresas do setor produtivo e demais segmentos da sociedade” (PNCTIS, 2005,
p. 12).

Dessa forma, a municipalização, regionalização e hierarquização,


enquanto princípios organizacionais que regem o SUS, em alguns casos, não
poderão ser adotados de forma automática no modelo de sistema de ciência,
tecnologia e inovação em saúde (CTI/S), porém, na medida do possível, devam
ser considerados (Figura 3), especialmente como ponto de partida, voltando-se
para a realidade atual em que as tecnologias e inovações serão aplicadas.

FIGURA 3 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO SUS

FONTE: PNCTIS (2005, p. 6)

Nesse viés, a produção de conhecimento científico e tecnológico assume


características próprias, diferenciando-se dos demais meios de produções de
serviços e produção em saúde, requerendo investimento e aperfeiçoamento
148
TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE

constante, visando à incorporação de tecnologias. Para atender aos seus objetivos,


foram instituídos princípios norteadores que se encontram apresentados na
figura 4.

FIGURA 4 – PRINCÍPIOS NORTEADORES DA PNCTIS

FONTE: PNCTIS (2005, p. 7)

Como visto anteriormente, na Figura 4, a PNCTIS, como as demais


Políticas Públicas, norteiam-se por princípios, diretrizes e objetivos, interligados
entre si. Definindo-se então os princípios básicos, acerca: do respeito à vida e à
dignidade das pessoas, da melhoria da saúde da população brasileira, da busca
da equidade em saúde, da inclusão e controle social, do respeito à pluralidade
filosófica e metodológica. A seguir, apresentaremos as características que cada
um deles traz em seu bojo, e que são relevantes para a PNCTIS.

O respeito à vida e à dignidade das pessoas: fundamenta-se basicamente


na ética da PNCTIS. Assim, no decorrer das Pesquisas em Saúde, em todas as
suas etapas, devem ser observados alguns critérios que não violem esse princípio,
devendo ser acompanhadas e realizados os registros de todos os avanços
alcançados no âmbito da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do
Conselho Nacional de Saúde (CNS), conjuntamente com os Comitês Institucionais
de Ética em Pesquisa (CEPs).

149
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Para tanto, devem ser instituídos pela PNCTIS os mecanismos que irão
assegurar que os padrões éticos sejam cumpridos em todo território nacional,
tanto deve abranger empresas públicas e privadas, nacionais e internacionais,
objetivando a garantia da segurança e dignidade dos sujeitos de pesquisa,
conforme apresentado na Resolução CNS 466/2012, bem como das normas
complementares.

Da mesma forma, deve estimular a criação e o fortalecimento dos comitês


locais de ética em pesquisa, aprimorando constantemente os sistemas de revisão e
aprovação ética, especialmente quando envolvem pesquisas com seres humanos.
Em todo o processo de pesquisa, assumem-se as responsabilidades aos possíveis
danos à saúde dos indivíduos envolvidos, independentemente da representação
de riscos mínimos, devendo ser exigida, e fortalecida com controle social nos
diversos comitês de ética em pesquisa.

Pluralidade: compreende a abertura da PNCTIS para a abrangência


de todas as abordagens filosóficas e metodológicas voltadas para o avanço do
conhecimento, bem como ao atendimento das demandas relacionadas aos
problemas científicos e tecnológicos. Da mesma forma, deve considerar de forma
equitativa e igualitária a valorização de todas as áreas do conhecimento da saúde,
contemplando-se as respectivas definições de validade e rigor metodológico.

Inclusão e controle social: compreende a inclusão do cidadão na comuni-


dade científica, através da garantia do acesso à da educação científica, tecnológica
e cultural de acordo com a realidade atual, bem como com os desafios futuros,
respeitando e valorizando o saber local e cultural.

Melhoria da saúde da população brasileira: deve ser considerada através


da elaboração de programas estratégicos que possibilitem a melhoria da qualida-
de de vida do cidadão, o respeito ao meio ambiente, e a sustentabilidade garan-
tindo assim, o futuro das novas gerações.

Equidade: envolve o comprometimento em superar todas as desigualda-


des e discriminações, indiferentemente da forma ou tipo (regionais, sociais, étni-
cas e de gênero e outras) devendo ser orientadora de todos os aspectos, escolhas
e prioridades.

Para tanto, os princípios norteadores são formados por eixos condutores


que se articulam entre si, conforme expressados na Figura 5.

150
TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE

FIGURA 5 – EIXOS CONDUTORES DA PNCTIS

FONTE: Os autores (2020)

Extensividade – capacidade de intervir nos vários pontos da cadeia do


conhecimento. Inclui toda pesquisa que visa ao avanço do conhecimento, seja
aquele de aplicação imediata ou não. Inclui, portanto, além da produção de
conhecimentos, as pesquisas voltadas para o desenvolvimento tecnológico e a
inovação; a avaliação tecnológica, pesquisa clínica, pesquisas sobre padrões de
uso e relação custo/benefício para diversos tipos de tecnologia em saúde, dentre
outras.

Inclusividade – inserção dos produtores, financiadores e usuários da


produção técnico-científica. Refere-se à participação de instituições e de atores
envolvidos nas ações de CTI/S. nesse eixo condutor, a PNCTIS.

Deve induzir, apoiar e promover a produção desenvolvida pelas


instituições de ensino superior, institutos de pesquisa, serviços de
saúde, empresas do setor produtivo, organizações não-governamentais
e parcerias públicas e privadas, abertas ao controle social. Além de
considerar os produtores de conhecimentos técnico-científicos, a
PNCTIS deve incluir as instituições envolvidas no financiamento,
na distribuição e no uso das informações técnico-científicas, a saber,
os gestores públicos da pesquisa científica e da política de saúde,
das demais políticas públicas, os empresários do setor produtivo
e representantes da sociedade civil organizada responsáveis pelo
controle social (BRASIL, 2005, p. 19).

Seletividade – capacidade de indução. Refere-se à necessidade de


aumentar a capacidade indutora do sistema de fomento científico e tecnológico.
Ou seja, busca direcionar o fomento com base numa escolha de prioridades, em

151
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

processo que permita ampla participação de pesquisadores, usuários, profissionais


de saúde e demais atores, conforme a Política Nacional de Saúde.

Complementaridade entre as lógicas da indução e espontaneidade:


pautando-se na necessidade de sustentar a Pesquisa em Saúde relacionada com
lógicas complementares, envolvendo a capacidade indutiva de pesquisa com o
atendimento da demanda existente. Deve-se ainda considerar a preservação da
criatividade atrelada à atividade científica, sem desconectar-se das necessidades
de pesquisa e desenvolvimento próprias em vigência no País, sendo assegurado
assim, benefícios a toda a população.

Competitividade: envolve a seleção de projetos técnicos e científicos.


Esse eixo condutor deverá orientar o desenvolvimento de ações fomentadas
no âmbito da PNCTIS. A competição é um processo básico quando existem
diferentes projetos, e deve garantir a transparência e a elegibilidade dos critérios
de financiamento, e as escolhas serem realizadas pautando-se na racionalidade
científica, relacionada às prioridades definidas previamente em agenda, no
âmbito da PNCTIS.

Méritos científico, tecnológico e ético, relativos à qualidade dos proje-


tos: esses requisitos são fundamentais como forma de garantir a alta qualidade
das ações de P&D em CTI/S financiadas, sendo impreterivelmente avaliadas com
base em critérios e indicadores definidos anteriormente, considerando-se a trans-
parência, a qualidade dos serviços e a acessibilidade das informações geradas.

Relevância social, sanitária e econômica – esses aspectos envolvem e


remetem ao caráter de utilidade dos conhecimentos que são produzidos. Nesse
viés, as pesquisas, estudos e conhecimentos produzidos devem ser realizados
considerando a realidade e a demanda social, atendendo aos problemas
prioritários da saúde, sendo esse o principal alvo ciência e tecnologias.

Responsabilidade da gestora com regulação governamental – envolve


a transparência e a respeito com normas regimentais de aplicação de verbas
públicas, sendo estabelecida a possibilidade de punição rigorosa e ressarcimento
de eventuais prejuízos à população.

Presença do controle social – nos conselhos locais, distritais, municipais,


estaduais e nacional, deve ter participação ativa no acompanhamento da aplicação
e na utilização dos recursos públicos na Pesquisa em Saúde.

Associadas aos objetivos e aos eixos condutores, foram criadas as


estratégias da PNCTIS, que se caracterizam como um conjunto de tarefas
fundamentais e articuladas, que visam:

Superar o atraso do nosso parque tecnológico, para atender as


necessidades atuais e antecipar as necessidades futuras, através
da elevação de uma conscientização política e social, pautadas no
desenvolvimento e autonomia de um Estado democrático, inovador,

152
TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE

gerador de altas tecnologias, com avanços industriais e indutor de


conhecimento (BRASIL, 2005, p. 21).

Como estratégias, observaremos na figura 6, o conjunto das mesmas,


elaboradas como forma de contemplar aos objetivos e eixos condutores.

FIGURA 6 – ESTRATÉGIAS DA PNCTIS

FONTE: PNCTIS (2005, p. 9)

Portanto, de maneira geral, o planejamento das estratégias deve estar


pautado na sustentabilidade, na ética e no respeito ao meio ambiente. Devendo
ser garantidas e asseguradas as oportunidades, a universalização dos direitos
básicos objetivando a dignidade do seu povo.

A elaboração das agendas, embasadas na PNCTIS (2005), ocorre em


um processo permanentemente, contemplando tanto na elaboração, quanto
na implementação, a participação social de forma organizada, partindo-se das
demandas de base local (municipal), articuladas com os conselhos de saúde e
demais atores, estendendo-se posteriormente para as esferas estadual e nacional.

Assim, o desenvolvimento das agendas locais, deverá voltar-se para o


esforço de investigação, adiantando-se às necessidades de novos conhecimentos
exigidos pela transformação constante do mundo atual. Porém, é preciso
considerar que mesmo que a agenda, seja baseada nas necessidades de saúde
da população, não será construída extremamente idêntica a ela, sendo possível,
ainda, a criação de subagendas norteadas nas políticas públicas a partir de um
eixo central (Figura 7).

153
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

FIGURA 7 – SUBAGENDAS DE PESQUISAS EM SAÚDE

FONTE: PNCTIS (2005, p. 10)

Por um lado, o atendimento às necessidades de saúde nem sempre


depende da Pesquisa em Saúde e, por outro, nem sempre há, no campo do
saber e das práticas científicas e tecnológicas, conceitos, métodos ou ferramentas
adequadas para o atendimento das necessidades por meio da pesquisa.

Assim, é preciso que exista uma consonância e articulação entre a agenda


e as subagendas de acordo com os enfrentamentos das dificuldades em saúde,
especialmente aquelas que atingem populações mais vulneráveis.

154
TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE

ATENCAO

O Ministério da Saúde deve liderar o processo de construção da Agenda


Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde, em virtude do seu papel estratégico no
ordenamento do esforço nacional de Pesquisa em Saúde, assegurando a contribuição de
todos os segmentos sociais e de todos os atores políticos e institucionais envolvidos com a
consolidação do SUS e da reforma do setor Saúde no Brasil (BRASIL, 2005).

O aprimoramento da capacidade regulatória deve ser garantido por meio


da formação de redes com a participação de órgãos executivos e legislativos
regulatórios, dos centros de investigação científica e de desenvolvimento
tecnológico, dos hospitais de ensino e de outras instituições assistenciais públicas
e de organizações voltadas para o controle social.

Com relação às estratégias para democratização das informações em


CTI/S, recomenda-se a partir da PNCTIS:
a) criar mecanismos locais de socialização dos conhecimentos
científicos e tecnológicos, voltados para os trabalhadores da saúde
e para a sociedade civil organizada, como forma de promover a
cidadania, tais como acesso à biblioteca técnica e científica nos
municípios; atividades na rede de ensino público, nas unidades
de saúde e nos centros comunitários; fóruns, seminários, feiras de
ciências, inclusive conferências e oficinas temáticas; museus e centros
de ciências e centros de integração ciência e cultura, e acesso a material
informativo sobre o tema;
b) incentivar a criação de bibliotecas nas secretarias de saúde, com
acesso a periódicos científicos, documentos técnico-científicos e
infraestrutura com computadores e acesso à internet, abertas à
sociedade e adequadas às atividades de estudos, pesquisa e inovação
em saúde. A consulta aos bancos e bibliotecas virtuais deve ser
estimulada mediante esclarecimento e apoio ao usuário;
c) estimular a implantação de fóruns de debate para difusão dos
resultados de pesquisas que envolvam riscos à saúde, relacionadas à
exposição, à irradiação e à produção de medicamentos, de alimentos,
inclusive transgênicos, de cosméticos, de materiais de consumo
humano, de inseticidas e de agrotóxicos que possam causar danos à
saúde;
d) garantir espaço nos meios de comunicação, por meio da publicação
de relatórios, revistas, artigos, manuais e outros meios de disseminação
da informação de interesse para a gestão do SUS, em linguagem
clara e acessível à população, além de adequada aos portadores de
necessidades especiais;

155
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

e) divulgar de forma ampla e diversificada os recursos para


investimento em projetos de pesquisa, de capacitação, os resultados
obtidos e outros, por intermédio dos polos de educação permanente
de saúde, das fundações de amparo à pesquisa e de outras entidades;
f) estabelecer programa de inclusão digital para a população, a serviço
da difusão do conhecimento e do bem-estar;
g) estimular a criação de novos mecanismos de escuta e de participação
(observatórios, consultas populares ou conferências de consenso) com
vistas à efetiva integração dos cidadãos no processo de formulação e
de implementação das políticas de ciência, tecnologia e inovação;
j) criar núcleos e fóruns de divulgação e de popularização da ciência e
tecnologia em saúde (BRASIL, 2005, p. 32).

Nesse cenário, evidencia-se na ampliação da formação e capacitação dos


recursos humanos como uma alternativa primordial para o atendimento das
estratégias citadas, seja na forma de cursos de pós-graduação, lato sensu e stricto
sensu, é uma estratégia essencial para:
• O fortalecimento dos grupos de pesquisa existentes.
• Aprimoramento da capacidade regulatória das instituições.
• Implementação da avaliação de tecnologias em saúde.
• Desenvolvimento da produção e do uso do conhecimento científico e
tecnológico nos programas, ações e serviços de saúde.
• Aperfeiçoamento dos gestores das CTI/S e demandas que envolvem o
encaminhamento dessa política, voltadas para atender aos problemas
sanitários da população brasileira e dos sistemas e serviços de saúde (BRASIL,
2005).

Nesse cenário, o Estado e os gestores envolvidos no setor da saúde, terão


autonomia para o desenvolvimento de um modelo de gestão que esteja articulado
com os propósitos da PNCTIS.

3 POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO DE TECNOLOGIA EM


SAÚDE
A Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (PNGTS) é
o instrumento norteador para os atores envolvidos na gestão dos processos
de avaliação, incorporação, difusão, gerenciamento da utilização e retirada de
tecnologias no Sistema (BRASIL, 2010).

Neste sentido, esta Política vai orientar os diferentes atores do sistema


de saúde na decisão sobre as atividades relacionadas à avaliação, incorporação,
utilização, difusão e retirada de tecnologias no sistema de saúde.

Para tanto, tem como objetivo geral maximizar os benefícios de saúde a


serem obtidos com os recursos disponíveis, assegurando o acesso da população
a tecnologias efetivas e seguras, em condições de equidade. Na Figura 8 são
observados os objetivos específicos que norteiam a PNGTS (2010).

156
TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE

FIGURA 8 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PNGTS

FONTE: Adaptado de PNCTS (2010).

Essa política foi elaborada seguindo os princípios da Política Nacional


de Saúde e da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde
(instituída em 2005), sobretudo, no que se refere ao aprimoramento da capacidade
regulatória do Estado.

A estratégia desse instrumento norteador baseia-se na ampliação da


produção de conhecimentos científicos, como forma de subsidiar os gestores na
tomada de decisão quanto à incorporação e retirada de tecnologias no sistema de
saúde.

A Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde tem o propósito


de garantir que tecnologias seguras e eficazes sejam usadas apropriadamente.
Ou seja, não é suficiente saber que o uso de uma tecnologia traz benefício, é
necessário também planejar e assegurar que os recursos financeiros destinados
à saúde pública sejam utilizados sem prejuízo da equidade e dos princípios de
universalidade e integralidade do SUS.

Na articulação da PNGTS, os princípios norteadores dispõem que gestão


de tecnologias deve utilizar as evidências científicas e considerar os seguintes
atributos: segurança, eficácia, efetividade, eficiência e impactos econômicos,
éticos, sociais e ambientais da tecnologia em questão. A produção e a difusão
de informações relativas à avaliação de tecnologias deverão levar em conta o
tipo de análise, o público-alvo, a linguagem adequada, o tempo disponível e a
transparência, além de explicitar os eventuais conflitos de interesse.

Os processos de avaliação promovidos e as decisões de incorporação


tomadas pelos gestores de saúde devem ocorrer de modo crítico, permanente
157
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

e independente. O processo de incorporação de tecnologias no sistema deve


envolver diferentes atores da sociedade, adotar o Princípio da Precaução e
considerar a universalidade do acesso, a equidade e a sustentabilidade das
tecnologias. O conhecimento sobre as tecnologias efetivas e seguras na atenção à
saúde deve ser disseminado de forma transparente e contínua aos profissionais
de saúde e à população.

A ética em pesquisa envolvendo seres humanos será considerada para


comprovação de boas práticas no processo de avaliação de tecnologias. Os aspectos
bioéticos envolvidos na garantia da equidade e da aplicação de recursos públicos
serão analisados para incorporação tecnológica no sistema de saúde. O processo
de incorporação de tecnologias no sistema deve incluir atores representativos dos
interesses da sociedade.

DICAS

Conheça o documento na íntegra:


BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde.
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.

4 ANALISANDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E


INOVAÇÃO EM SAÚDE E O SUS
A Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde encontra-se
alicerçada em três pilares de planejamento para uma agenda de desenvolvimento
em saúde: O Sistema Único de Saúde, a base produtiva de bens e serviços de
saúde e a capacidade instalada de ciência, tecnologia e inovação em saúde.

Como visto anteriormente, o SUS tem sua missão nessa proposta voltada
para pensar e agir sobre a política de C&T em saúde. Dessa forma, é possível
considerar que o marco inaugural da nova fase da relação entre o SUS e a pesquisa
em saúde ocorreu na 1ª Conferência de Ciência e Tecnologia em Saúde, realizada
em 1994 e idealizada pelo Conselho Nacional de Saúde e Ministério da Saúde,
da Ciência e Tecnologia e da Educação. No evento citado, ficou resolvido que
a política de C&T em saúde representava um componente da política nacional
de saúde, como também, partindo do caráter institucional, ficou determinada a
criação de uma secretaria de ciência e tecnologia no Ministério da Saúde.

No entanto, essa criação se efetivou dez anos mais tarde, em 2003.


A resolução de uma política voltada diretamente para o campo da Ciência e
Tecnologia em Saúde surgiu em 2004, no decorrer da 2ª Conferência, também

158
TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE

em Brasília, que também definiu a necessidade de elaboração de uma agenda de


prioridades de pesquisa.

NTE
INTERESSA

Foi em 2004, na 2ª Conferência de Ciência e Tecnologia em Saúde, que foram


definidos os três vetores de uma política de pesquisa em saúde para o SUS:
(1) as transições saúde-doença (promoção, prevenção, cura, reabilitação), aí incluídos os
mecanismos básicos, individuais e coletivos, que as determinam;
(2) os sistemas e as políticas de saúde;
(3) a intersetorialidade na saúde e as relações entre saúde, sociedade e desenvolvimento.

A partir desse marco, instituiu-se que uma política de pesquisa para a


saúde no âmbito do SUS deveria envolver todos os seus componentes, tais como:
a biomédica, a clínica, a epidemiológica, e, respectivamente, as originárias no
campo das ciências sociais, incluindo a política, o planejamento e a gestão em
saúde, em toda sua subjetividade e características.

Desse modo, passou-se a vislumbrar que o desafio lançado não deveria


delimitar esforços para a criação científica e tecnológica quanto às necessidades
operacionais imediatas dos gestores do SUS, devendo ser seguidas e colocadas
em prática em cada território de saúde, especialmente no cenário em que é
observado mundialmente a aproximação espacial e temporal dos resultados de
pesquisa com a resolutividade dos problemas de saúde.

Partindo dessas considerações, a abordagem remete à demanda da


aproximação mais efetiva com órgãos de gestores do SUS, pois são responsáveis
por cerca de 30% do mercado de medicamentos, 90% do mercado de vacinas, 50%
do mercado de equipamentos de saúde e 100% dos serviços prestados a todos
os brasileiros, por meio de mandato constitucional, para formulação e fomento
da pesquisa para a saúde no país. Nesse viés, a saúde humana, entre todas as
demais áreas e setores que envolvem o setor público, possui o maior número de
programas, de acadêmicos e de docentes em programas de Pós-Graduação, e,
respectivamente, maior quantidade de pesquisadores envolvidos com linhas e
projetos de pesquisa na área, de acordo com os dados disponíveis no Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

No entanto, apesar da entrada em vigor da PNCTI ter ocorrido apenas em


2003, o Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) desde 2000 vem prestando
serviços de ponta no cenário de desenvolvimento da pesquisa em saúde.

Nesse processo, pode-se destacar as parcerias de cogestão, por exemplo, o


caso do cofinanciamento de programas e projetos de pesquisa realizadas com as
159
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

agências de fomento e outros componentes organizacionais já existentes no MS,


MCTIC e MEC, no Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à
Pesquisa (Confap) e no Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos
de CT&I (Consecti).

Da mesma forma, citam-se Inúmeras iniciativas lideradas pelo DECIT,


como o programa “Pesquisa para o SUS”, que tem a proposta de expansão e
regularização. No entanto, observa-se a necessidade de o DECIT ser reforçado em
termos de pessoal e financeiro como forma de viabilizar a continuidade de suas
tarefas. Cumpre destacar ainda o importante papel da FIOCRUZ na construção e
no desenvolvimento da política de pesquisa no âmbito do SUS.

Especialmente no campo da pesquisa biomédica, tem sido observado que


um dos principais desafios atuais é a dificuldade de traduzir a complexidade de
enfermidades, que com maior intensidade tem se colocado como responsáveis pela
imensa carga de doenças, as denominadas doenças crônicas não-transmissíveis,
em todo o mundo.

DICAS

Para conhecer a realidade das doenças crônicas não-transmissíveis e os


desafios impostos na área da saúde para o tratamento delas, acesse o link e assista ao
documentário: Doenças Crônicas Não Transmissíveis - Sala de Convidados. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=SRN9seylxPE.

Paralelo a isso, ficou resolvido também que a política de pesquisa precisa


voltar-se para as enfermidades que atingem a população mais vulnerável, ou
seja, aquelas incidentes em populações negligenciadas, tais como: dengue,
anemias, infecções sexualmente transmissíveis e aquelas relacionadas à falta de
saneamento básico.

Na área epidemiológica, deve garantir a sustentabilidade das grandes


coortes epidemiológicas que já existem, como também daquelas que vierem a
ser implantadas. Nesse cenário, o grande desafio volta-se para a utilização na
pesquisa de informações contidas em prontuários e outros dispositivos de
cuidado à saúde como fonte de dados, objeto de recente regulamentação legal,
especialmente nos Sistemas de Informações em Saúde, tal como visto na Unidade
1. O eminente desafio consiste na garantia do aperfeiçoamento de tecnologias
efetivas e eficazes que garantam a qualidade das informações das bases de dados
em consonância com os requisitos de pesquisa científica, bem como no controle
ético-legal que beneficie a ciência sem colocar em risco os direitos individuais da
cidadania.

160
TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE

De acordo com Guimarães et al. (2019), em busca da garantia de acesso


e, respectivamente, da cidadania, a incorporação nos programas de dimensões
sociais que antes não eram considerados torna-se pertinente. Gênero, etnia e outras
eventuais dimensões identitárias estão se articulando cada vez mais em bases
mais assentadas, como classe social e religião, para uma melhor compreensão do
fenômeno social.

Os estudiosos da determinação social da saúde e da doença consideram


essas aquisições essenciais e sua presença tem se desenvolvido na área de
pesquisa social em saúde. As estruturas para a revisão ética montadas sob a égide
do Conselho Nacional de Saúde – o sistema CEPs/CONEP – vêm cumprindo um
importante papel na mitigação desses riscos e a garantia de sua preservação é um
item importante da agenda da pesquisa em saúde.

161
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A PNCTIS tem como objetivo desenvolver e otimizar os processos de produção


e absorção de conhecimento científico e tecnológico pelos sistemas, serviços
e instituições de saúde, centros de formação de recursos humanos, empresas
do setor produtivo e demais segmentos da sociedade.

• Os princípios norteadores das PNCTIS são o respeito à vida e à dignidade das


pessoas, a melhoria da saúde da população brasileira, a busca da equidade
em saúde, inclusão e controle social, respeito à pluralidade filosófica e
metodológica.

• Em consonância com esses princípios foram criados eixos condutores


relacionados a cada um deles, tais como: extensividade; inclusividade;
seletividade; complementaridade entre as lógicas da indução e
espontaneidade; competitividade; mérito relativo à qualidade dos projetos;
relevância social, sanitária e econômica; responsabilidade gestora com
regulação governamental; presença do controle social.

• A respeito das PNCTIS, você conheceu que suas principais estratégias são:
a) sustentação e fortalecimento do esforço nacional em ciência, tecnologia e
inovação em saúde; b) criação do sistema nacional de inovação em saúde;
c) construção da agenda nacional de prioridades de pesquisa em saúde;
d) criação de mecanismos para superação das desigualdades regionais; e)
aprimoramento da capacidade regulatória do Estado e criação de rede nacional
de avaliação tecnológica; f) difusão dos avanços científicos e tecnológicos; g)
formação, capacitação e absorção de recursos humanos no sistema nacional
de ciência, tecnologia e inovação em saúde, incentivando a produção científica
e tecnológica em todas as regiões do País, considerando as características e
as questões culturais regionais; h) participação e fortalecimento do controle
social.

• Na Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (PNGTS), você


identificou como um instrumento norteador para os atores envolvidos na
gestão dos processos de avaliação, incorporação, difusão, gerenciamento da
utilização e retirada de tecnologias no Sistema. Essa política foi elaborada
seguindo os princípios da Política Nacional de Saúde e da Política Nacional
de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (instituída em 2005), sobretudo,
no que se refere ao aprimoramento da capacidade regulatória do Estado.

• A estratégia desse instrumento norteador baseia-se na ampliação da produção


de conhecimentos científicos, como forma de subsidiar os gestores na tomada
de decisão quanto à incorporação e retirada de tecnologias no sistema de
saúde.

162
AUTOATIVIDADE

1 Os princípios norteadores da PNCTIS foram criados a partir dos objetivos e


eixos condutores a serem alcançados através da ciência e tecnologia na área
da saúde. Para que a PNCTIS esteja em consonância com seus princípios,
ela deverá pautar-se pelos eixos condutores. Sobre o exposto, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Extensividade; seletividade; competitividade; relevância social,


sanitária e econômica; responsabilidade gestora com regulação
governamental; pluralidade; equidade; dignidade da pessoa humana.
b) ( ) Inclusividade; complementaridade entre as lógicas da indução e
espontaneidade; mérito relativo à qualidade dos projetos; presença
do controle social; inclusão e controle social; melhoria da saúde da
população brasileira, extensividade, seletividade; competitividade.
c) ( ) Competitividade; mérito relativo à qualidade dos projetos; relevância
social, sanitária e econômica; responsabilidade gestora com regulação
governamental; pluralidade; equidade; dignidade da pessoa humana.
d) ( ) Extensividade; inclusividade; seletividade; complementaridade en-
tre as lógicas da indução e espontaneidade; competitividade; mérito
relativo à qualidade dos projetos; melhoria da saúde da população
brasileira, inclusão e controle social, presença do controle social.
e) ( ) Extensividade; inclusividade; seletividade; complementaridade
entre as lógicas da indução e espontaneidade; competitividade;
mérito relativo à qualidade dos projetos; relevância social,
sanitária e econômica; responsabilidade gestora com regulação
governamental; presença do controle social.

2 As estratégias da PNCTIS estão associadas aos objetivos e aos eixos condu-


tores e se caracterizam como um conjunto de tarefas fundamentais e arti-
culadas. Sobre o objetivo dessas tarefas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Superar o atraso do nosso parque tecnológico, para atender as


necessidades atuais e antecipar as necessidades futuras, através
da elevação de uma conscientização política e social, pautadas no
desenvolvimento e autonomia de um Estado democrático, inovador,
gerador de altas tecnologias, com avanços industriais e indutor de
conhecimento.
b) ( ) Sustentabilidade, ética e no respeito ao meio ambiente. Assim,
devem ser garantidas oportunidades, e universalização dos direitos
básicos com vistas a dignidade do seu povo.
c) ( ) Participação ativa no acompanhamento da aplicação e na utilização
dos recursos públicos na Pesquisa em Saúde.
d) ( ) Estimular a criação e o fortalecimento dos comitês locais de ética
em pesquisa e aprimorar o sistema de revisão e aprovação ética de
pesquisas envolvendo seres humanos.

163
e) ( ) Contemplar a inclusão do cidadão na sociedade do conhecimento,
por meio da educação cientifica, tecnológica e cultural adequadas
à realidade atual e aos desafios futuros, respeitando e valorizando
o saber e culturas locais.

3 A Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde terá o propósito de


garantir que tecnologias seguras e eficazes sejam usadas apropriadamente.
Sobre as ações ou características que deverão ser consideradas em
consonância com seu propósito, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Utilizar o poder de compra do Estado e de suas empresas nas


diferentes áreas, com a finalidade de se preservar empregos e alcançar
competitividade na produção nacional de fármacos e medicamentos,
com controle social.
b) ( ) Fortalecer a capacidade de realização de ensaios clínicos que
avaliem a eficácia, segurança e eficiência no uso de novos fármacos,
alopáticos, homeopáticos, fitoterápicos e produtos derivados da
fauna e da flora nacionais, valorizando a biodiversidade brasileira.
c) ( ) Priorizar o investimento em desenvolvimento e produção de
medicamentos (farmoquímica), em demais insumos que atendam às
doenças e em outros problemas prioritários de saúde.
d) ( ) Orientar os diferentes atores do sistema de saúde na decisão sobre
as atividades relacionadas à avaliação, incorporação, utilização,
difusão e retirada de tecnologias no sistema de saúde.
e) ( ) Proteger e valorizar a biodiversidade brasileira e subsidiando
a produção e a distribuição de medicamentos essenciais e de
genéricos.

4 Os princípios norteadores da PNCTIS foram criados a partir dos objetivos


e princípios a serem alcançados através da ciência e tecnologia na área da
saúde. A esse respeito, cite quais são os princípios norteadores da PNCTIS,
e, posteriormente, escolha três e explique suas principais características.

5 A PNCTIS esteja em consonância com seus princípios, ela deverá pautar-


se pelos eixos condutores. Apresente os eixos condutores das PNCTIS,
explicitando resumidamente os principais aspectos que devem ser
considerados na utilização destes.

6 Acerca das estratégias da PNCTIS, observou-se que estão associadas aos


objetivos e aos eixos condutores e se caracterizam como um conjunto
de tarefas fundamentais e articuladas. Qual é o objetivo dessas tarefas?
Justifique sua resposta.

164
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —

NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico abordaremos brevemente as novas tendências em saúde a
partir da utilização de tecnologias e inovações da área. Nessa proposta, traremos
os principais projetos que estão sendo utilizados na medicina e na atenção básica
da saúde, viabilizando e otimizando o acesso, o controle e a efetividade do Sistema
Único de Saúde (SUS), da produção de medicamentos e atendimentos remotos.

Da mesma forma, serão apresentados os estudos em andamento, bem


como a fase de testes para implementação de novas tecnologias voltadas para
3D, 4D e 5G. Entre as tecnologias abordadas, discorre-se sobre a realização de
exames, agendamento de consultas, a robótica, a Inovação em Medicina Social
, uma rede alternativa contra a falsificação de medicamentos, a Inovação em
Genética – um banco de dados para doenças de crânio e face –, a Inovação em
Prevenção – coração resguardado na quimioterapia –, o uso de nuvem no setor
da saúde, E-Saúde, Telessaúde e Telemedicina e o OncoSus – aplicativo facilita
acesso documentos sobre câncer.

2 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS EM SAÚDE


Com a transformação digital, internet das coisas (IoT), clientes com um
nível de exigência mais alto, novas necessidades para os profissionais. Essas são
apenas algumas das novidades que têm invadido o mercado como um todo. É
claro que no setor da saúde isso não poderia ser diferente, com diversas tendências
ganhando mais força.

ATENCAO

Ciência e tecnologia são instrumentos importantes para a saúde e o tratamento


de doenças, assim como para a construção de um momento civilizatório de paz e de vida
digna e decente para todos (LORENZETTI et al., 2012).

165
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

A inovação, como visto no tópico anterior, não diz respeito apenas a


novas tecnologias, mas também às mudanças da sociedade em geral. Vivemos
num mundo que demanda mais agilidade e precisão, que se beneficia da grande
quantidade de dados disponíveis, com uma capacidade inédita de tratamento
e processamento, transformando-os em informações úteis para o tomador de
decisão.

De acordo com Lorenzetti et al. (2012), os investimentos em avanços e


novas descobertas tecnocientíficas na área da saúde são enormes e crescentes.
Novos medicamentos e vacinas, próteses, órteses, exoesqueletos, máquinas e
equipamentos para diagnóstico e intervenção, robôs cirúrgicos, informação e
comunicação instantânea, prontuário eletrônico único nacional e integrado para
acesso internacional, implantes, transplantes e, inclusive, a produção artificial de
células humanas, são exemplos de campos de investimento e trabalho de milhares
de técnicos e cientistas.

Morais et al. (2015) lembram que um diagnóstico preliminar da inovação


em serviços não significa a análise de um processo de inovação em si, consiste
em verificar o processo de difusão de inovações tecnológicas da indústria no
setor de serviços, como por exemplo, um eficiente sistema de informação para o
setor de saúde, equipamentos mais precisos em seu diagnóstico, procedimentos
minimamente invasivos.

ATENCAO

O sistema de saúde requer inovações em processos e produtos para melho-


ria da gestão, da atenção e do estado de saúde da população (FIGUEIRÓ et al., 2017).

O fortalecimento do Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS) requer das


instituições de pesquisa, sobretudo daquelas apoiadas por fomentos públicos, a
proposição de ideias inovadoras em processos e produtos tanto para a melhoria
na qualidade das práticas de gestão e atenção no SUS como do estado de saúde
da população brasileira (FIGUEIRÓ et al., 2017).

A esse respeito, Guimarães et al. (2019) explicam que no campo da pesqui-


sa biomédica, um dos principais desafios atuais tem sido a dificuldade de decifrar
a complexidade de enfermidades que cada vez mais se colocam como responsá-
veis por grande parte da carga de doenças em todo mundo, inclusive entre nós
– as doenças crônicas não transmissíveis. Em paralelo, nossa política de pesquisa
deve apontar para as enfermidades que atingem os segmentos mais vulneráveis
de nossa população – as doenças incidentes em populações negligenciadas.

166
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

No terreno da epidemiologia, além de garantir a sustentabilidade das


grandes coortes epidemiológicas já existentes e as que vierem a ser implantadas,
o grande desafio será a utilização na pesquisa de informações contidas em
prontuários e outros dispositivos de cuidado à saúde como fonte de dados, objeto
de recente regulamentação legal (GUIMARÃES et al., 2019).

No setor de saúde, além de complexidade, têm-se necessidade e urgência


pelos desafios que se apresentam em muitos países. No Brasil, a transição
demográfica, marcada pelo forte processo de urbanização e envelhecimento
populacional, bem como a chamada transição epidemiológica, representada
pelo aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis, têm
representado um enorme desafio aos sistemas e serviços de saúde.

Investimentos em políticas nacionais de ciência, tecnologia e inovação


são fundamentais, na medida em que a assistência farmacêutica, o fomento à
pesquisa e o desenvolvimento na área de saúde impactam diretamente o forta-
lecimento e os serviços disponibilizados pelo SUS (FIOCRUZ, 2020).

DICAS

Ampliando nossa visão: Assista ao vídeo disponível no link https://www.


youtube.com/watch?v=jwsV_Y9WrG0 e conheça as inovações trazidas para a versão do
Hospital 4.0.

2.1 PROJETOS DE INOVAÇÃO – RESULTADOS


Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de hospitais
brasileiros que utilizam tecnologias digitais. Em 2019, 85% das instituições
pretendem investir em soluções de saúde digital.

O uso de smartphones está cada vez mais difundido nos quatro cantos
do mundo. A inovação na área da saúde já é presente. O aparelho de celular,
que antes se restringia à realização e ao recebimento de chamadas, expandiu sua
funcionalidade para o uso de aplicativos, os quais também figuram como uma
inovação na área da saúde.

Esse novo contexto para o uso das ferramentas de um smartphone


retrata mais uma maneira da tecnologia ser fundamental para a promoção da
saúde. Visto que os aplicativos podem ser implementados em todas as fases da
assistência oferecida. Que tal conhecer mais sobre esse cenário?

167
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

DICAS

Para mais informações sobre a Saúde na era da Indústria 4.0, assista ao vídeo
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l4vtzLvWR9Q.

3 TELEMEDICINA
A telemedicina é, desde os anos 1990, a especialidade médica que mais
cresceu no mundo e, de lá para cá, vem promovendo grandes transformações
na área da saúde. A exemplo disso, a elaboração de laudos remotos é hoje uma
realidade no setor médico brasileiro e global, contribuindo para a otimização
do tempo, do espaço e dos custos em serviços oferecidos nas mais diferentes
especialidades médicas, além de ter potencial para alcançar um número maior de
pacientes na comparação com a medicina tradicional.

Um estudo realizado pelo IHS Technology, nos Estados Unidos, revelou


que o número de pacientes impactados diretamente pela telemedicina vai dobrar
e chegar a sete milhões dentro de um ano – e grande parte desses pacientes
terão recebido um ou mais laudos de exames médicos validados a distância, em
procedimentos que combinam, medicina, telecomunicação e tecnologia.

A inteligência artificial (IA) vem ajudando a otimizar o trabalho e


processos do setor de saúde, transformando prontuários manuais em digitais e
modernizando a coleta de dados dos pacientes.

DICAS

Conheça mais benefícios que a IA é capaz de fornecer aos profissionais da


área da saúde e como ela está transformando o segmento. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=JPNhLJ7vRCk.

No Brasil, a lista de procedimentos médicos habilitados a receber laudos


remotos não para de crescer, e entre eles estão alguns exames fundamentais e
bastante populares, como eletrocardiograma, mamografia e acuidade visual.

Com o aperfeiçoamento da tecnologia da telemedicina, a tendência é que a


maior parte dos procedimentos baseados em informações técnicas – por exemplo,

168
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

captadas por aparelhos de raio-x, sondas e equipamentos eletrônicos – possam


ser laudados a distância.

Por meio de centrais on-line, algumas delas com funcionamento 24 horas,


clínicas e consultórios brasileiros ganham acesso a uma ampla rede de especialistas
em diferentes áreas da medicina. Estes profissionais médicos, uma vez conectados
aos centros de saúde por meio de interfaces digitais, estão habilitados a laudar,
remotamente, exames realizados em qualquer lugar do país.

A coleta das informações junto aos pacientes – ou seja, o procedimento do


exame em si – é realizada com a ajuda de equipamentos especialmente desenvol-
vidos para este campo de atuação da medicina, considerado revolucionário: por
exemplo, aparelhos portáteis, equipados com conexão wi-fi e que dispensam a
digitação de informações.

Em geral, as centrais de laudo também comercializam os aparelhos


para a realização dos exames a distância. Os dados recolhidos são transmitidos
automaticamente em tempo real para as centrais de elaboração de laudos, onde
são acessados por médicos para avaliação de diagnóstico.

O principal avanço dos laudos remotos é em relação aos procedimentos


que não dependem da presença do especialista com formação em medicina no
local de realização. Ou seja, são exames que podem ser executados por pessoal da
área técnica da saúde. Por isso, nem todos os exames médicos existentes podem
ser laudados remotamente (um exemplo disso são os exames baseados em toque).

FIGURA 9 – ESTADO DA ARTE EM TELEDIAGNÓSTICO

FONTE: TELEMEDICINA (2020, p. 1)

O objetivo principal do telediagnóstico é tornar especialistas mais próximos


da população, principalmente aquela que vive longe dos grandes centros, onde
estão presentes a maioria dos profissionais da saúde, além de agilizar o processo

169
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

de emissão de laudo de exames, o que, dependendo da complexidade, pode


salvar vidas.

No Brasil, um país com alto número de comunidades isoladas e regiões


onde há escassez de médicos, o telediagnóstico surge como excelente alternativa
para melhora dos cuidados da saúde da população. Este tipo de atendimento tem
sido aplicado com maior frequência em hospitais e clínicas que buscam outras
instituições de referência para trocar informações.

Vamos conhecer alguns dos procedimentos que atualmente já recebem a


tecnologia desenvolvida em telemedicina e podem ser avaliados a distância:

Eletrocardiograma: exame corriqueiro da área cardiológica que registra a


atividade do coração, mais precisamente os potenciais elétricos, cujo procedimento
costuma ser executado por pessoal da área técnica da saúde. O aparelho de ECG
portátil já é um dos mais usados em telemedicina e executa a aquisição simultânea
de 12 derivações, com taxa de amostragem de 1200 amostras por segundo por
canal (REVISTA VEJA, 2019).

Eletroencefalograma: exame que registra a atividade neurológica, o ECG


também é hoje largamente realizado com o auxílio da telemedicina. Geralmente,
este equipamento cabe em uma maleta de notebook, mas também pode ser
conectado a um computador desktop. Alguns aparelhos de ECG agregam as
funcionalidades do eletrocardiograma no mesmo dispositivo (REVISTA VEJA,
2019).

Espirometria: é o procedimento pelo qual se mede a capacidade de


inspiração e expiração de uma pessoa, ou seja, seu ciclo de respiração. O
equipamento para a realização deste exame é portátil e funciona por conexão
USB ou com o uso de baterias, sem a necessidade de estar ligado a nenhum
computador. De pequenas proporções e fácil manuseio, é um dos mais práticos
e completos da telemedicina, podendo armazenar milhares de registros em sua
memória. Por suas características portáteis, além do uso em clínicas, consultórios
e hospitais, também pode ser facilmente usado em situações nas quais o paciente
não tem como se deslocar até o centro de saúde (REVISTA VEJA, 2019).

Raio-X: geralmente executado por técnicos em radiologia, este exame pode


incidir sobre diversas partes do corpo humano, entre elas tórax, abdome, coluna e
crânio, tanto com o paciente deitado quanto em pé. Por sua complexidade, o Raio-X
geralmente exige não só um equipamento especial de grandes proporções, mas
uma sala inteira dedicada à instalação e realização. Para o uso em telemedicina,
não é necessária a aquisição de um novo aparelho de Raio-X, pois o conjunto
radiológico que permite o envio das informações para as centrais de laudos é
adaptado ao equipamento já existente (REVISTA VEJA, 2019).

Mamografia: é a radiografia da mama, feita com equipamento próprio.


Tem grande importância não apenas diagnóstica, mas também para controle pe-
riódico, em especial para a saúde da mulher. O uso da tecnologia da telemedicina

170
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

auxilia não apenas na transmissão das informações e dos laudos, mas, por sua ca-
racterística digital, amplia também a qualidade das imagens obtidas, facilitando
a leitura e o diagnóstico (REVISTA VEJA, 2019).

Acuidade visual: exame de rotina da área de oftalmologia, é largamente


aplicado também pela medicina do trabalho, no intuito de certificar a capacidade
visual dos trabalhadores. O mercado de telemedicina oferece optômetros de alta
qualidade, fabricados no Brasil, que podem ser facilmente operados por meio de
um notebook ou computador (REVISTA VEJA, 2019).

Ressonância magnética: uma das técnicas mais avançadas no âmbito


do diagnóstico por imagem, a ressonância magnética exige alta especialização
e diferenciação dos profissionais médicos habilitados a laudar as informações
captadas pelos aparelhos. Para muitas clínicas, o elevado custo do equipamento
de ressonância, somado ao desembolso mensal de um ou vários médicos
especialistas no quadro de funcionários, torna o procedimento inviável do ponto
de vista da prestação do serviço. A telemedicina ajuda a diminuir o custo da
operação, terceirizando a elaboração dos laudos (REVISTA VEJA, 2019).

MAPA: a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial busca


aprofundar as informações da pressão arterial, ampliando o material para análise
em relação à leitura única feita no consultório médico. Com um pequeno monitor
acoplado na região da cintura, durante 24 horas o paciente realiza normalmente
suas atividades cotidianas, com as variações – ou não – da pressão arterial sendo
registradas durante todo o período. Ao final do acompanhamento, os dados se
transformam em gráficos que revelam as alterações e servem como base para a
elaboração do laudo (REVISTA VEJA, 2019).

Holter: também conhecido como eletrocardiograma de longa duração,


o Holter é similar ao MAPA, mas serve para acompanhar as variações dos
batimentos cardíacos durante um período de 24 horas (REVISTA VEJA, 2019).

4 REALIZAÇÃO DE EXAMES
O diagnóstico de determinada condição é determinado após a análise de
sinais e sintomas, associando-os às patologias e às suas características. Muitas
vezes, apenas com a coleta da anamnese é possível concluir o caso, porém,
algumas situações requerem a realização de exames complementares. Em um
primeiro momento, ressaltamos a tecnologia para os exames de imagem.

A radiologia, que antes se limitava às radiografias, engloba, atualmente,


equipamentos modernos capazes de oferecer informações detalhadas, precisas e
essenciais para a determinação de diagnósticos e o estabelecimento de condutas.
Há, ainda, os exames laboratoriais, também muito beneficiados pela tecnologia.

171
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Softwares e equipamentos de última geração permitem a análise de


materiais biológicos em grande quantidade e em pouco tempo, oferecendo
resultados rápidos e confiáveis sobre o metabolismo do indivíduo.

5 MONITORAMENTO REMOTO
Algumas condições de saúde, como a hipertensão e a diabetes, requerem
um controle rigoroso dos parâmetros, a fim de não evoluírem para complicações
das doenças. Assim, é fundamental monitorar os dados vitais do paciente mesmo
fora da instituição de saúde.

Por meio de dispositivos, esse monitoramento começou a ser


implementado e figura como um recurso promissor para os próximos anos. Ao
modo que apresenta para o médico as reais condições do paciente, não apenas
o que é observado durante a consulta. Podemos citar como principal vantagem
a análise do tratamento, ou seja, verifica-se se ele está sendo efetivo ou não. Por
outro lado, também é importante para a definição de diagnóstico, por retratar,
por exemplo, o padrão de cefaleia ou de pressão arterial ao longo do dia.

6 AGENDAMENTO DE CONSULTAS
A marcação de consultas, quando não automatizada, necessita de um
profissional destinado para a organização da agenda, o que requer recursos
materiais, demanda tempo e é oneroso para a instituição.

Portanto, o agendamento de consultas por meio da tecnologia é vantajoso


tanto para a clínica quanto para o paciente. Sendo feito dessa forma, o software
realiza com maestria a função operacional e libera o colaborador do local para
tarefas que precisam de raciocínio humano.

DICAS

Como a IA é capaz de fornecer diversos benefícios aos profissionais da área


da saúde e como ela está transformando o segmento? Disponível em: https://youtu.be/
Dzczx3IEq-A.
Diagnóstico: https://youtu.be/yS7W_ezyX2E.

172
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

O assistente virtual automatiza o atendimento, coletando informações


sobre tipo de serviço desejado, local, solicitando envio de documentos
comprobatórios etc. Analisando o aspecto do paciente, não é necessário para
ele desperdiçar tempo com ligações ou tentativas de agendamento, podendo
realizar essa tarefa via on-line e ainda contando com lembretes próximos à data
da consulta.

Os profissionais de saúde terão que aceitar que vão passar a atuar


como colaboradores. Uma comunicação mais direta com o paciente, como por
WhatsApp, atendimento em domicílio ou em horários mais de acordo com a
correria do dia a dia, são tópicos que precisarão estar no radar dos profissionais
do setor.

As pessoas estão tendo cada vez mais interesse e controle sobre a própria
saúde. O que pode ser notado com o aumento do uso de dispositivos vestíveis,
aplicativos de saúde e bem-estar, e também com a onda de produtos e serviços
de saúde em domicílio, seja para cuidados primários, gerenciamento de doenças
crônicas ou cuidados paliativos e de longo prazo, e ainda na crescente das
comunidades on-line e sites de comparação (de médicos, hospitais e produtos
farmacêuticos).

O desejo de acesso em tempo real aos serviços de healthcare levou a uma


rápida consumerização do setor, em que o paciente tem voz ativa e participa das
decisões relacionadas a sua própria saúde. Isso forçou todos os elos da cadeia a
se concentrarem ativamente na experiência do cliente (CX), a qual tem se tornado
prioridade.

7 ROBÓTICA SALVANDO VIDAS


Na segunda edição do Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica, a Revista
Veja (2019) divulgou os resultados dos ganhadores em inovação médica e da
saúde. Entre os ganhadores, tornou-se conhecido o Robô Laura é uma plataforma
de inteligência artificial que sinaliza quando pacientes hospitalizados estão em
risco de sofrer uma deterioração de saúde, caminhando para a sepse, quadro de
infecção e de inflamação generalizadas e uma das principais causas de mortes
nas UTIs. Para chegar a essa tecnologia, os criadores do robô desenvolvido pelo
Instituto Laura Fressatto, de Curitiba (PR), levaram em conta duas premissas.

A primeira é a de que, quanto mais cedo for detectada a piora clínica


do indivíduo, maiores são as chances de atuar para melhorar seu desfecho. E
consideraram também que um hospital é um ambiente complexo e muitas vezes
as informações necessárias para as tomadas de decisão não estão à mão dos
profissionais envolvidos (REVISTA VEJA, 2019).

O robô Laura está conectado com o prontuário eletrônico com todas as


informações da pessoa monitorada e avalia seus sinais vitais e os resultados de

173
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

exames. Se os algoritmos percebem alguma mudança no padrão, ele emite um


sinal para a equipe médica (REVISTA VEJA, 2019).

Em funcionamento desde 2016, a máquina está presente em 13 hospitais


e já teve acesso a dados de 2,5 milhões de pacientes. Estudos comparativos pré
e pós-implantação mostram uma redução de 25% na mortalidade geral, assim
como uma diminuição de sete horas no tempo médio de internação por paciente
graças à agilidade de medidas após as análises do robô Laura (REVISTA VEJA,
2019).

Os engenheiros de robótica desenvolvem assistentes médicos, roupas de


reabilitação e até unidades cirúrgicas, que podem realizar procedimentos que
salvam vidas. Essas máquinas podem executar procedimentos minimamente
invasivos, que diminuem a dor e o tempo de recuperação de pacientes. A Johnson
& Johnson em colaboração com a Alphabet, também deve entrar no mercado este
ano com seu próprio robô cirúrgico que pode realizar biópsias pulmonares, um
dos maiores avanços no meio.

Os robôs também são projetados para serem capazes de realizar tarefas


repetitivas e monótonas, para que a equipe humana tenha mais energia para lidar
com questões que exigem habilidades de tomada de decisão, criatividade e, acima
de tudo, cuidado e empatia. Um dia, os robôs que tiram sangue podem aliviar os
enfermeiros desse exercício pesado, e podem até realizar testes de laboratório
sem a intervenção de humanos.

8 INOVAÇÃO EM MEDICINA SOCIAL – UMA REDE CONTRA


A FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS
De acordo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), a circulação de medicamentos falsificados, roubados ou
fora de padrão movimenta dezenas de bilhões de dólares no mundo inteiro –
e, claro, leva a prejuízos imensuráveis à saúde dos pacientes. Para assegurar a
procedência dos produtos, pesquisadores de quatro instituições se uniram para
desenvolver uma ferramenta capaz de rastrear os remédios que circulam pelo
Brasil (REVISTA VEJA, 2019).

Os testes iniciais contaram com a parceria de indústrias farmacêuticas,


distribuidoras, farmácias e hospitais, com foco em acompanhar todo o processo
de produção, distribuição e venda. No momento da fabricação ou importação,
o fármaco recebe o Identificador Único do Medicamento (IUM), um código
contendo número de série, lote, validade, registro da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), além de uma numeração comercial (REVISTA
VEJA, 2019).

174
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

Dessa forma, as etapas seguintes podem ser rastreadas e comunicadas


à Anvisa, que enviará alertas ao menor sinal de movimentação atípica. Com o
sucesso do projeto-piloto, a ideia, no futuro, é que o consumidor, por meio de
aplicativo no celular, possa consultar toda a cadeia produtiva até a chegada da
caixa do remédio a sua mão, para ter certeza de que está levando para casa um
produto autêntico e seguro.

9 INOVAÇÃO EM GENÉTICA – UM BANCO DE DADOS PARA


DOENÇAS DE CRÂNIO E FACE
No mundo, a cada dois minutos e meio, nasce um bebê com uma fenda
de lábio e palato, uma das alterações mais comuns no conjunto de anomalias
craniofaciais. Essa e outras condições genéticas que impactam a estrutura óssea
de crânio e face demandam tratamento prolongado e acompanhamento de
diferentes profissionais de saúde, entre eles cirurgiões, pediatras, fonoaudiólogos
e fisioterapeutas. Por isso, reconhecer a história natural dessas alterações é crucial
para seu manejo adequado (REVISTA VEJA, 2019).

Dessa necessidade nasceu o CranFlow, uma aplicação on-line para coleta


e armazenamento de dados sociodemográficos, genéticos e clínicos de pacientes.
Gerenciada pelo Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica
da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), a ferramenta está implantada em nove municípios distribuídos pelas
regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil (REVISTA VEJA, 2019).

Os dados ali acumulados permitem o acesso a investigações em genética,


promovem a troca de conhecimentos entre os profissionais de saúde, facilitam
a tomada de decisões médicas e norteiam ações educativas para as famílias
envolvidas.

Implantada desde 2014 seus resultados podem contribuir para desenhar


políticas públicas voltadas à identificação de fatores de risco e prevenção,
levando em conta as características da população brasileira, além de padronizar
o atendimento de quem nasce com esse tipo de problema.

10 INOVAÇÃO EM PREVENÇÃO – CORAÇÃO


RESGUARDADO NA QUIMIOTERAPIA
Não é de hoje que a medicina busca alternativas para prevenir ou remediar
os efeitos da toxicidade dos quimioterápicos usados no tratamento de tumores.
No caso da antraciclina, classe de drogas amplamente utilizada no câncer de
mama, um dos motivos de preocupação é sua capacidade de provocar danos ao
coração (REVISTA VEJA, 2019).

175
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Com isso em mente, uma equipe do Instituto do Coração, o InCor,


em São Paulo, promoveu um estudo com 200 mulheres, todas com funções
cardíacas normais e fazendo uso de doxorrubicina, quimioterápico do grupo das
antraciclinas. Elas foram divididas em dois grupos: um deles recebia carvedilol,
medicamento que auxilia no desempenho do coração, e o outro tomava placebo
(sem princípio ativo).

Nas avaliações feitas após seis meses de intervenção, as pacientes


medicadas preventivamente com carvedilol apresentaram níveis menores de
troponina, um marcador sanguíneo que indica danos no coração. Além disso,
sofreram uma menor incidência de disfunção diastólica, que acontece em quadros
de insuficiência cardíaca (REVISTA VEJA, 2019).

Com os resultados animadores, o trabalho pode mudar a prática clínica


na cardio-oncologia. Sem contar seu impacto social, uma vez que tem como alvo
doenças com alto grau de mortalidade no país, e tanto o tratamento quimioterápico
quanto a medicação para cardioproteção estão disponíveis no SUS – sendo,
portanto, acessíveis em larga escala.

11 O USO DE NUVEM NO SETOR DA SAÚDE


Houve uma grande mudança na geração, consumo, armazenamento
e compartilhamento de dados no setor da saúde. As plataformas em nuvem
aumentam a colaboração entre médicos e pacientes e tornam o processo de
consulta mais eficiente. Essa característica por si só já demonstra o porquê o
uso de dados na nuvem é considerado uma das principais tendências da saúde
(REVISTA VEJA, 2019).

Um dos maiores benefícios da armazenagem na nuvem é a


interoperabilidade, que visa estabelecer integrações de dados em todo o sistema
de saúde, independentemente do ponto de origem ou armazenamento.

O que facilita a aplicação da análise de Big Data e dos algoritmos de


inteligência artificial nos dados, impulsionando a pesquisa médica. Ainda,
a computação em nuvem democratiza os dados e dá aos pacientes o controle
sobre sua própria saúde, agindo como uma ferramenta para a educação e o
envolvimento do paciente (REVISTA VEJA, 2019).

ATENCAO

Na sua opinião, qual é a melhor tecnologia para aumentar a eficiência do


hospital? Confira mais detalhes no vídeo disponível em: https://bit.ly/35laiDl.

176
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

12 E-SAÚDE, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA


O sistema e-Saúde inclui as transações da telessaúde, telemedicina, uso da
internet e de negócios em saúde. É importante distinguir alguns termos que são
atualmente amplamente empregados no momento da utilização da tecnologia
aplicada à saúde, tais como a Telemedicina e Telessaúde.

A Figura 10 mostra a relação entre os termos e-Saúde, telessaúde e


telemedicina.

FIGURA 10 – E-SAÚDE, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA

FONTE: MENDIZABAL et al., (2014, p. 16).

E-Saúde é um sistema aberto, onde a interação e interdependência de fa-


tores tecnológicos, socioculturais e econômicos desempenham papel fundamen-
tal na caracterização desse ecossistema.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde Telemedicina é definida


como a utilização de telecomunicações para diagnosticar e tratar a doença,
associada a prática de cuidados de saúde usando as tecnologias de informação,
comunicação e dispositivos médicos (MENDIZABAL et al., 2014).

Telessaúde é um termo mais amplo, que inclui vigilância, promoção da


saúde e funcionamento da saúde pública, bem como a assistência de computadores
e telecomunicações para apoiar a gestão, o acompanhamento, a literatura e o
acesso ao conhecimento em medicina.

E-saúde é então considerado como a transferência de recursos e


cuidados em saúde por meio eletrônico: a entrega de informações de saúde para
profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio eletrônico
e negócios eletrônicos na prática de saúde (MENDIZABAL et al. 2014), gerando
assim, o que é chamado de ECOSSISTEMA DE SAÚDE.

177
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

O termo ecossistema refere-se a uma comunidade composta por um


conjunto de seres vivos inter-relacionados e pelo ambiente em que vivem. No caso
das telecomunicações, é definido como a interação sistemática dos seres vivos
(Humanos) e não vivos (Tecnologia & Economia) em um contexto particular. Em
todo o ecossistema, o ciclo de vida vai depender da forma como os diferentes
subsistemas interagem no contexto (MENDIZABAL et al., 2014).

A Figura 11 mostra a proposta de ecossistema de e-Saúde, em que se


identificam três grandes agentes: humanos, tecnológicos e socioeconômicos.

FIGURA 11 – ECOSSISTEMA DE TELESSAÚDE

FONTE: MENDIZABAL et al., (2014, p. 17).

Levando em conta o conceito definido, torna-se imprescindível a realização


de análises do ecossistema, neste caso, tendo em conta elementos como: as políticas
de governança, regulação, modelagem financeira, infraestrutura tecnológica, de
serviços e os atores interessados. Com isso, um ecossistema de e-Saúde é capaz de
refletir de forma abrangente a situação socioeconômica do lugar em que o projeto
ou programa será implementado.

É preciso entender que um ecossistema de saúde está aninhado a outros


ecossistemas. Assim, vemos a importância de desenvolver um ecossistema de
e-Saúde antes de começar a discutir a implementação de um projeto, porque,
como mencionado, usando uma abordagem ecossistêmica correta, será possível
determinar a vida útil de um projeto, tentar ser autossustentável e usar diferentes
elementos a favor do ser humano (MENDIZABAL et al., 2014).

Agentes humanos referem-se a todos os envolvidos no serviço de e-Saúde,


quais sejam, médicos, pacientes, gestores, formuladores de políticas, entre outros.
Cada um deles desempenha um papel importante no ecossistema, pois, de

178
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

acordo com as suas capacidades, necessidades e de outros fatores, se estabelece


um padrão do que é necessário para o desenvolvimento de um projeto.

Agentes tecnológicos referem-se a diferentes dispositivos biomédicos,


software para a saúde, os meios de transmissão e armazenamento, entre outros.
Estes são os insumos necessários para melhorar o serviço de saúde e são um meio
pelo qual podemos dar ferramentas a agentes humanos de maneira a obter e
fornecer um serviço de saúde mais eficiente.

Os agentes propostos vão ser influenciados e relacionados por diferentes


fatores como Estratégias Investigação + Desenvolvimento + Inovação (I + D + I),
fatores humanos, inclusão digital, regulação, patologias do contexto, da cultura e
historicidade social, prioridades nacionais, segurança cibernética, construção de
habilidades e o grau de desenvolvimento humano do contexto observado.

Para complementar a análise do ecossistema de telessaúde, deve-se notar


o papel fundamental da inovação como estratégia operativa dos projetos em que
a informação e o conhecimento se convertem em insumos chaves. Para tal efeito,
uma contribuição para o entendimento do conceito de e-saúde/telessaúde está
na discussão do papel da pesquisa, trazendo inovação para os serviços de saúde.

13 ONCOSUS – APLICATIVO FACILITA ACESSO


DOCUMENTOS SOBRE CÂNCER
Para facilitar o acesso às informações relacionadas à atenção oncológica
foi lançado pela Coordenação-Geral de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas
do Ministério da Saúde o aplicativo OncoSus.

O aplicativo surgiu como uma forma de agrupar documentos essenciais


ligados à oncologia no SUS. Existe muito material técnico de necessidade de
acesso rápido, durante reuniões, ou até em situações do dia a dia, no caso dos
profissionais de saúde.

O aplicativo pode ser utilizado pelos gestores para facilitar o entendimento


da rede; profissionais da saúde no atendimento e prescrição de tratamentos; e
pela população em geral que queira entender um pouco como funcionam as
estratégias de prevenção e combate ao do câncer no SUS. Pelo aplicativo todos
podem ter acesso rápido aos documentos. É apresentado em uma linguagem mais
facilitada, sem o peso da portaria da lei. A interface do aplicativo é apresentada
na Figura 12.

179
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

FIGURA 12 – INTERFACE APLICATIVO ONCOSUS

FONTE: https://bit.ly/397QYKU. Acesso em: 27 nov. 2020.

14 TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA


PANDEMIA
Aliar tecnologia e informação é sempre uma ação positiva para o bem-
estar das pessoas. Essas duas armas são fundamentais em qualquer situação,
quanto mais diante de um desafio atual como é o enfrentamento à pandemia
provocada pelo novo coronavírus. Por isso, a contenção do contágio da Covid-19
não está apenas nãos mãos das autoridades públicas e profissionais da saúde,
pois é uma responsabilidade conjunta de todos os setores a população.

Atento a essa realidade, o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde


da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS /UFRN), em parceria
com a Diretoria de Gestão de Tecnologia da Informação do Instituto Federal
do Rio Grande do Norte (DIGTI/IFRN), com o Núcleo Avançado de Inovação
Tecnológica do IFRN (NAVI), o Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da UFRN
(NESC), o Instituto Envelhecer da UFRN e a Secretaria Municipal de Saúde de
Natal (SMS) colocam toda a sua capacidade de pesquisa e desenvolvimento para
melhor atendimento da população. É assim que surge é o Ecossistema Tecnológico
do LAIS para auxiliar a Secretaria de Estado de Saúde Pública do RN (SESAP/
RN), formado por diversas ferramentas informativas, com dados e serviços que
podem ser utilizados pela população do Rio Grande do Norte.

180
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

A iniciativa de criação do ecossistema surgiu me meados de março,


durante uma reunião do Comitê de Enfrentamento às Emergências em Saúde
Pública, grupo de especialistas formado pelo governo do Estado, do qual faz parte
professor Ricardo Valentim, coordenador do LAIS. Nesta reunião participou
também o pesquisador Jailton Paiva, pesquisador do NAVI e coordenador do
Núcleo de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) do LAIS.

A partir das necessidades elencadas pelo grupo, foi montada uma estratégia
com soluções inovadoras para apoiar as ações voltadas ao enfrentamento e
contenção dos danos causados pela Covid-19 de forma a estimular processos de
trabalhos eficazes no combate à pandemia.

Ao todo, 11 ferramentas integram o ecossistema, formando uma rede de


assistência à saúde, educação e informação para a população em geral e para os
profissionais que combatem o coronavírus, conforme apresenta a Figura 13.

FIGURA 13 – ECOSSISTEMA TECNOLÓGICO DE COMBATE AO COVID-19

FONTE: http://bit.ly/3nrD3UZ. Acesso em: 27 nov. 2020.

O ecossistema Coronavírus RN (dados públicos) é um sistema de


informação que agrega diversos dados de várias fontes de informação oficiais do
governo do estado e também do governo federal. O propósito desta ferramenta
é permitir que toda a sociedade possa ter acesso a dados que são de interesse
público, e assim possam acompanhar a evolução da Covid-19 de maneira
transparente (SECRETARIA DE SAÚDE RIO GRANDE DO NORTE, 2020).

181
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Telessaúde/RN: Sistema de Teleconsultoria que possibilita ao profissional


ter acesso à opinião referenciada e baseada em evidências científicas fornecidas
por especialistas na área da saúde. Dessa forma, as dúvidas dos profissionais que
estão na ponta do serviço de saúde sobre a Covid-19 podem ser respondidas por
meio de troca de mensagens de texto ou por webconferência. O Telessaúde/RN
pode ser acessado computador ou smartphone. Para a utilização do sistema, já
foram realizadas capacitações de 17 profissionais de saúde da SESAP/RN e dos
municípios de Natal, Extremoz, Parnamirim e Macaíba. Além disso, existe uma
parceria entre o Núcleo de Telessaúde e as residências de Medicina de Família
e Comunidade e Psiquiatria e do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL)
contando com a participação de mais de 40 profissionais (SECRETARIA DE
SAÚDE RIO GRANDE DO NORTE, 2020).

Regulação de Leitos de UTI – RegulaRN: tem como objetivo ordenar e


padronizar o fluxo de acesso aos leitos de UTI no estado do Rio Grande do Norte.
Para ter acesso ao serviço, é necessário ter uma conta na plataforma Sabiá (criada
para unificar o acesso aos diversos sistemas e produtos do SUS, usando apenas
CPF do usuário e uma senha única). Esta integração permite ao usuário ter mais
agilidade, organização e segurança ao utilizar tais serviços (BRASIL 2020).

AVASUS: O Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único


de Saúde (AVASUS) é um espaço virtual de aprendizagem direcionado para
qualificação de trabalhadores, gestores, estudantes da área da saúde e também
a população geral, meio da mediação tecnológica. O AVASUS tem sido uma
poderosa ferramenta frente às demandas formativas de profissionais da saúde e
de estudantes das áreas técnicas e de profissões da Saúde, bem como da população
geral, principalmente neste momento de pandemia e isolamento social. Um
exemplo é o curso “Vírus respiratórios emergentes, incluindo a Covid-19”, que
atualmente conta com mais de 65 mil inscritos em todo o Brasil e em mais de 43
países do mundo.

Quarentena: é um aplicativo para celular que permite que pessoas em


quarentena sejam acolhidos através de uma rede de atenção humanizada. Oferece
serviços de reconhecimento facial e geolocalização das pessoas em quarentena.
O usuário é indagado, em momentos aleatórios do dia, com questões sobre seu
bem-estar, se está em casa, se possui dúvidas. Caso não responda ou não esteja
em casa, a Sala de Situação será notificada.

Acolhe: Por meio de uma avaliação e triagem, o sistema indicará os


profissionais de saúde que serão acolhidos no Hotel Barreira Roxa. Esses
profissionais de saúde estão, necessariamente, atuando no enfrentamento aos
casos de coronavírus e que comprovem conviver com pessoas do grupo de risco
ou que tenham pessoas infectadas pelo novo coronavírus na mesma residência.

Orienta Corona RN: É um sistema que presta atendimento humanizado à


população, baseado em fluxogramas e protocolos, sobre dúvidas relacionadas ao
Novo Coronavírus. Por meio de perguntas simples, o sistema procura identificar

182
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

a necessidade do usuário relacionada à Covid-19 e caso apresente sintomas ou


esteja em grupos considerados de risco, o sistema o direciona para o teleaten-
dimento em um chat, onde a orientação será singularizada de acordo a situa-
ção autodeclarada pelo usuário. O objetivo é contribuir para o autocuidado dos
usuários, para a qualificação do isolamento social preconizado pelo Ministério
da Saúde, diminuindo a sobrecarga nos serviços de saúde, diminuindo assim a
morbimortalidade relacionada à Covid-19 no RN.

Sala de situação: A sala de situação é um espaço físico de inteligência,


com visão integral e intersetorial, composta por uma equipe técnica, para
monitoramento de leitos, equipamentos respiratórios e ocorrências de casos
de Covid-19. A equipe, de posse dos sistemas computacionais, fará análises e
avaliações diárias, através da coleta de dados, para fornecimento de informações
com embasamento técnico e científico. Essas informações permitem a avaliação
da situação de uma determinada região e, a partir desta avaliação, o planejamento
e a implementação de ações e políticas para o enfrentamento da Covid-19.

Sistema de vacinação para idosos em condomínios: é um sistema que


objetiva a gestão da vacinação contra a influenza de pessoas idosas residentes
em condomínios horizontais ou verticais de toda a cidade do Natal. Esta ação
visa ampliar a cobertura vacinal para a influenza e reduzir aglomerações e a
sobrecarga das Unidades de Saúde da rede de Atenção Primária em Saúde (APS),
prevenindo a infecção pelo coronavírus e apoiando a gestão municipal da cidade
de Natal na logística da campanha de vacinação do idoso.

Sistema de voluntários: é um sistema para cadastro de profissionais de


saúde que desejam disponibilizar algum horário para realizar teleatendimento
orientando à população sobre a Covid-19.

A população poderá acompanhar a evolução dos casos de coronavírus


do estado e de seu município, ter acessos a conteúdos com orientações para os
cuidados de prevenção da propagação da doença, ter acesso a uma rede composta
por médicos, psicólogos e alunos de medicina que estão prontos para prestar
uma assistência humanizada.

Já os profissionais de saúde, terão acesso a cursos de qualificação


profissional relacionados à Covid-19, bem como a uma rede de profissionais
especialistas que estão prontos para ajudá-los nas mais diversas dúvidas.

O Ecossistema Tecnológico também é uma ferramenta fundamental para


os gestores de saúde. Por meio do fornecimento de informações, permitirá a
compreensão da situação da estrutura organizacional (aparelhos respiradores,
leitos de UTI, força de trabalho etc.), do entendimento do isolamento social, do
mapeamento de prováveis casos de coronavírus e do monitoramento e gestão
integrada de dados epidemiológicos.

183
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

LEITURA COMPLEMENTAR

2020 DESAFIOS E TENDÊNCIAS NA VISÃO DE LIDERANÇAS DA SAÚDE

Uma das principais demandas da população, o setor da Saúde começa o


novo ano com grandes expectativas.

O Brasil vem de uma das maiores crises de sua história. As turbulências


não ficaram totalmente para trás, mas sinais de recuperação e estabilidade, mesmo
que tímidos, já podem ser vislumbrados. As reformas têm caminhado em Brasília,
a inflação está sob controle e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
registrou no país um discreto aumento do número de beneficiários de planos de
assistência médica, de 0,1% (outubro/2019). “Porém, ainda existe a desconfiança
acerca do ritmo de crescimento, mesmo diante de uma retomada lenta e gradual
da atividade econômica”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva
da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Mas a conjuntura
que se apresenta já indica que 2020 será o ano da retomada, com reflexo positivo
para o setor de Saúde?

Para Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores


e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), a Associação projeta 2020
com otimismo. “Vemos um país que se movimenta novamente para frente e
enxergamos que a economia começa a mostrar reações positivas, o que nos faz
pensar em resultados melhores em nossa área”, sublinha. Confira a seguir, na
visão de diferentes lideranças e especialistas da Saúde, quais são as tendências e
os grandes desafios do setor para o ano que se inicia.

MEDICINA DIAGNÓSTICA

O mercado de medicina diagnóstica é um dos que mais evolui e inova


a cada ano. O avanço de tecnologias permite que os exames de diagnóstico
sejam realizados em grande escala, em menor tempo, com melhor qualidade e
precisão. Este segmento movimenta entre R$ 42 e R$ 43,7 bilhões por ano. E as
tendências apontam para um cenário de desenvolvimento, com o surgimento de
diversas healthtechs focadas em soluções nos diversos segmentos que permeiam
os cuidados do paciente. Mas o país está atrasado quando a gente fala em
incorporação tecnológica e uso de alta tecnologia. Priscilla Franklim Martins,
diretora-executiva da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica).

LGPD

Em 2020, precisamos falar abertamente em inserção de novas tecnologias,


com o máximo de transparência. Este, em nosso entendimento, é o principal
assunto. O governo precisa esclarecer melhor o que quer fazer na saúde e de que
forma. Ser mais transparente em suas possíveis ações para que haja previsibilidade
e planejamento. Outro assunto é a Lei Geral de Proteção de Dados, sobre a qual
184
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

nada está claro ainda. Há certa dificuldade de entendimento no setor, uma vez
que, além da LGPD, há legislações sanitárias que também lidam com dados dos
pacientes e tudo isso precisa ser bem esclarecido. Sérgio Rocha, presidente da
Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde
(Abraidi).

SAÚDE 5.0

Acredito que a Saúde no Brasil tem evoluído muito nos últimos anos
com a chegada de novas tecnologias, como soluções paperless, telemedicina,
inteligência artificial, IoTs, wearables e a própria medicina de precisão, que
possibilita tratar o paciente de modo personalizado através de estudo genômico.
Um dos desafios já em discussão da Saúde 5.0 é manter o paciente como o foco
principal do processo contando com a otimização no atendimento e tratamento
por meio da automação desta jornada, mas ainda assim, proporcionando um
cuidado humanizado. Andréa Rangel, CEO da Associação Brasileira CIO Saúde
(ABCIS).

ATENÇÃO PRIMÁRIA

Muitos não entenderam quando começamos dizendo que iríamos


reorganizar o sistema partindo da atenção primária. No ato mais primário da
atenção [a vacinação], vimos que os índices caíram. Então iniciamos um movimento
para recuperar um dos orgulhos do SUS: o programa nacional de imunização. Já
o Médicos pelo Brasil é um programa em que os critérios não serão mais políticos.
Uma série de indicadores apontarão quais unidades e cidades precisam de
profissionais. Vamos colocar médico contratado, com carteira assinada, ganhando
bem, capacitado em atenção primária. Luiz H. Mandetta, ministro da Saúde, em
entrevista para a imprensa no final de 2019.

SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA

Uma das maiores expectativas do setor para este ano é a retomada no


crescimento da economia. Acreditamos que os impactos serão positivos para a
Saúde no que diz respeito à geração de empregos e ao aumento de beneficiários
dos planos de saúde, o que reflete em um maior acesso à saúde privada. Já um
dos grandes desafios é a busca pela redução de custos e maior sustentabilidade
do sistema. Muitos investimentos estão sendo feitos por nossos hospitais, como
modernização de sistemas, melhoria de processos, uso de big data, inteligência
artificial, entre outros. Marco Aurélio Ferreira, diretor-executivo da Associação
Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

EXPECTATIVA DA SOCIEDADE

Dentre os principais desafios estão as definições de melhores políticas


públicas, que sejam capazes de atender os direitos e as expectativas da sociedade
e o equilíbrio financeiro do setor para que sejamos capazes de manter e melhorar

185
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

a estrutura e também adquirir novas tecnologias. Quanto aos assuntos mais


abordados neste ano, estão o desenvolvimento e a aquisição de novas drogas; a
ampliação do controle e da rastreabilidade dos medicamentos; e a aquisição de
novas tecnologias para o tratamento de doenças. Paulo Cesar Maia, presidente-
executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Medicamentos
Especializados, Excepcionais e Hospitalares (Abradimex).

TEMPO DE RECUPERAÇÃO

As perspectivas são boas. Vivemos um período consistente de recuperação


econômica, tendo no ano de 2019 PIB positivo e com previsões melhores para
2020. Com a economia aquecida, a expectativa é que a geração de emprego ganhe
fôlego e isso reflita também no número de vidas na saúde suplementar. Outro
cenário de grandes perspectivas é o de fusões e aquisições, que a cada ano ganha
destaque. Apenas no ano passado foram registradas 80 operações do ramo no
setor Saúde, melhor ano desde 2000, com um número 50% maior que no ano
anterior. Breno de Figueiredo Monteiro, Presidente da Confederação Nacional de
Saúde (CNSaúde) e da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de
Saúde (Fenaess).

MELHOR CUSTO-BENEFÍCIO

A perspectiva é dar prosseguimento ao engajamento das entidades


de ensino no projeto de integridade na formação dos profissionais de saúde e
médicos. Existem desafios no setor, como a escassez de recursos, seja no público
ou privado, obrigando a melhoria da gestão através da formação e informação
dos gestores em todos os níveis, por meio da digitalização dos processos – de
forma confiável -, visando o melhor custo-benefício. Outros temas que tendem a
ganhar destaque são Telemedicina, LGPD e o cadastro único de pacientes, o qual,
na minha avalição, é o grande passo inicial para toda essa revolução. Gláucio
Pegurin Libório, presidente do Conselho de Administração do Instituto Ética
Saúde.

CAPACITAÇÃO FREQUENTE

Diante das mudanças que a Saúde apresenta ao longo dos anos, com o
turbilhão de novas tecnologias, modelos de atendimento e regulações, é necessário
que gestores setor estejam sempre engajados com melhores práticas e procurem
atualizações constantes. Não basta ter ciência de que transformações existem, é
preciso capacitar-se para lidar com elas e estar preparado para resolvê-las. Nós,
gestores, não devemos nos acomodar. É preciso ter como hábito o estudo e a
capacitação frequentes. É desta maneira que alcançamos o modelo de saúde que
esperamos. Líderes bem formados e organizados podem transformar o mercado
de Saúde. Francisco Balestrin, presidente do Colégio Brasileiro de Executivos da
Saúde (CBEXS).

186
TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE

ROTA DA PRODUTIVIDADE

A perspectiva é sempre positiva. Com as movimentações políticas que


levam à aprovação de importantes reformas para a transformação do atual
cenário econômico do país, a indústria tende a ganhar. Acreditamos que somente
as reformas poderão nos colocar novamente na rota da produtividade. É o
caminho para aumentarmos a nossa competitividade dentro e fora do país. Do
lado de cá, seguimos batalhando por uma indústria inovadora, em parceria com
universidades e institutos de pesquisa, a fim de desenvolver soluções disruptivas
capazes de atender às demandas de um país em desenvolvimento e que está
em processo de envelhecimento. Franco Pallamolla, presidente da Associação
Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos
(ABIMO).

QUALIDADE DE VIDA

Embora existam motivos para preocupações, a indústria farmacêutica tem


sido otimista com o futuro imediato do País. Quanto à ciência, tem caminhado cada
vez mais para tratamentos personalizados e complexos, como as terapias gênicas
e novos tratamentos biológicos. Ao observar essas abordagens, precisamos levar
em conta não apenas a sobrevida do paciente, mas também a qualidade de vida,
com controle de sintomas e resgate da autonomia. O papel do setor produtivo
é participar da discussão com o governo e as agências reguladoras, para que as
novas tecnologias possam ser trazidas ao Brasil de maneira segura para o paciente.
Elizabeth de Carvalhaes, presidente-executiva da Interfarma.

ATENÇÃO AO PACIENTE

Com a tecnologia cada dia mais presente em nossas vidas, a expectativa é


que possamos estar preparados para atender nossos pacientes da melhor forma,
com agilidade e precisão das informações. Assim, temas como Internet das Coisas
e Transformação Digital, devem ser olhados com muita atenção pelos Gestores
da Saúde. Mesmo com toda tecnologia a nosso favor, não podemos deixar de
lado itens como Atenção ao Paciente e tudo que o cerca. Em 2020 temos que
observar e dar atenção para temas como Maturidade de Gestão; Projetos de
Longevidade; e Neuroética. Marcio Moreira, presidente da Federação Brasileira
de Administradores Hospitalares (FBAH).

QUALIFICAÇÃO HUMANA

Depois de muitas perdas de leitos e fechamento de hospitais, desejamos


e seguimos confiantes com o crescimento da economia, o desenvolvimento da
saúde, mas, também, da educação, pois, para se ter um setor de qualidade, a
qualificação é o principal instrumento de avanço e evolução. Acredito que
estamos no momento de investir na qualificação humana. Não há dúvidas de que
a tecnologia continuará evoluindo e se inovando. O que precisamos é de cuidar
da formação dos profissionais. Acredito que 2020 será o ano da consolidação de

187
UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

tecnologias digitais, não apenas como ferramentas de gestão, mas também de


assistência, a exemplo da telemedicina e da tecnologia 3D. Adelvânio Francisco
Morato, presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

DEMANDA PERMANENTE

Os principais desafios da saúde para 2020 são: mudanças nas relações


entre pagadores e fornecedores; restrições do orçamento público para o setor da
saúde; maior demanda da população em relação à saúde, principalmente pelo
envelhecimento populacional; maior demanda por novas tecnologias e novos
tratamentos. E três temas tendem a ser bastante abordados neste ano: modelos de
pagamento, tabelas SUS e saúde corporativa. Acredito que a saúde tem perdido
espaço nas discussões públicas. Nos períodos eleitorais, a Saúde é a demanda
número um da população. É preciso que esta demanda seja permanente. Ruy
Baumer, diretor titular do Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde e Biotecnologia
(ComSaude) da Fiesp.

VALOR EM SAÚDE

Precisamos avançar na pauta relativa à melhoria da atenção primária. E


temos que encontrar caminhos para melhorar a sustentabilidade financeira do
setor de saúde, em função das questões de orçamento público, o aumento das
contribuições privadas para os planos de saúde e o impacto do envelhecimento
da população nos custos da Saúde. Teremos um aprofundamento não apenas
dos debates, como também das experiências práticas na implantação de modelos
de gestão relacionados a oferecer valor em Saúde. Já no setor de dispositivos
médicos, vamos continuar observando o rápido avanço da tecnologia. Fernando
Silveira Filho, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta
Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed).

FONTE: Adaptado de <http://abramed.org.br/690/2020-desafios-e-tendencias-


-na-visao-de-liderancas-da-saude/>. Acesso em: 27 nov. 2020.

188
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Um dos principais desafios atuais tem sido a dificuldade de decifrar


a complexidade de enfermidades que cada vez mais se colocam como
responsáveis por grande parte da carga de doenças em todo o mundo,
inclusive entre nós – as doenças crônicas não transmissíveis. Em paralelo,
nossa política de pesquisa deve apontar para as enfermidades que atingem os
segmentos mais vulneráveis de nossa população – as doenças incidentes em
populações negligenciadas.

• No setor de saúde, além de complexidade, têm-se necessidade e urgência


pelos desafios que se apresentam em muitos países.

• No Brasil, a transição demográfica, marcada pelo forte processo de


urbanização e envelhecimento populacional, bem como a chamada transição
epidemiológica, representada pelo aumento da prevalência das doenças
crônicas não transmissíveis, têm representado um enorme desafio aos sistemas
e serviços de saúde.

• A inteligência artificial (IA) vem ajudando a otimizar o trabalho e processos


do setor de saúde, transformando prontuários manuais em digitais e
modernizando a coleta de dados dos pacientes.

• No Brasil, um país com alto número de comunidades isoladas e regiões onde


há escassez de médicos, o telediagnóstico surge como excelente alternativa
para melhora dos cuidados da saúde da população. Este tipo de atendimento
tem sido aplicado com maior frequência em hospitais e clínicas que buscam
outras instituições de referência para trocar informações.

• Telessaúde é um termo mais amplo, que inclui vigilância, promoção da saúde


e funcionamento da saúde pública, bem como a assistência de computadores
e telecomunicações para apoiar a gestão, o acompanhamento, a literatura e o
acesso ao conhecimento em medicina.

• E-saúde é então considerado como a transferência de recursos e cuidados


em saúde por meio eletrônico: a entrega de informações de saúde para
profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio eletrônico
e negócios eletrônicos na prática de saúde.

• Telemedicina é definida como a utilização de telecomunicações para


diagnosticar e tratar a doença, associada à prática de cuidados de saúde
usando as tecnologias de informação, comunicação e dispositivos médicos.

189
• Por fim, conhecemos o termo Ecossistema em Saúde, definido na literatura
como interação sistemática dos seres vivos (Humanos) e não vivos
(Tecnologia & Economia) em um contexto particular. É capaz de refletir de
forma abrangente a situação socioeconômica do lugar em que o projeto ou
programa será implementado. Está aninhado a outros ecossistemas. Assim,
vemos a importância de desenvolver um ecossistema de e-Saúde antes de
começar a discutir a implementação de um projeto.

CHAMADA

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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
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190
AUTOATIVIDADE

1 A inovação em saúde vai muito além da implementação de tecnologias


para o setor, envolvendo o desenvolvimento de produtos, serviços e redes
de informação. Sobre a inovação no setor da saúde, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Um diagnóstico preliminar da inovação em serviços não significa


a análise de um processo de inovação em si, consiste em verificar o
processo de difusão de inovações tecnológicas da indústria no setor
de serviços.
b) ( ) Não corresponde apenas a novas tecnologias, mas também às
mudanças da sociedade em geral. Vivemos num mundo que
demanda mais agilidade e precisão, que se beneficia da grande
quantidade de dados disponíveis, com uma capacidade inédita de
tratamento e processamento, transformando-os em informações
úteis para o tomador de decisão.
c) ( ) A inteligência artificial (IA) vem ajudando a otimizar o trabalho e
processos do setor de saúde, transformando prontuários manuais em
digitais e modernizando a coleta de dados dos pacientes.
d) ( ) Além de complexidade têm-se necessidade e urgência pelos desafios
que se apresentam em muitos países.
e) ( ) Possibilita a transferência de recursos e cuidados em saúde por meio
eletrônico, por exemplo, a entrega de informações de saúde para
profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio
eletrônico e negócios eletrônicos na prática de saúde.

2 A telemedicina é definida como a utilização de telecomunicações para


diagnosticar e tratar a doença, associada à prática de cuidados de saúde
usando as tecnologias de informação, comunicação e dispositivos médicos.
Sobre os processos envolvidos nessa ferramenta, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Vigilância, promoção da saúde e funcionamento da saúde pública,


a assistência de computadores e telecomunicações para apoiar a
gestão, o acompanhamento, a literatura e o acesso ao conhecimento
em medicina.
b) ( ) Transferência de recursos e cuidados em saúde por meio eletrônico:
a entrega de informações de saúde para profissionais de saúde e
consumidores, incluindo o uso do comércio eletrônico e negócios
eletrônicos na prática de saúde.
c) ( ) Médicos, pacientes, gestores, formuladores de políticas, entre outros.
Cada um deles desempenha um papel importante no ecossistema, pois,
de acordo com as suas capacidades, necessidades e de outros fatores,
se estabelece um padrão do que é necessário para o desenvolvimento
de um projeto.

191
d) ( ) Telediagnóstico; atendimento remoto, agendamento eletrônico,
prontuário eletrônico de pacientes.
e) ( ) Telecomunicações para apoiar a gestão, o acompanhamento, a litera-
tura e o acesso ao conhecimento em medicina.

3 Entre as inovações tecnológicas voltadas para o atendimento dos usuários,


destaca-se a Telessaúde, que inclui vigilância, promoção da saúde e
funcionamento da saúde pública. Sobre a telessaúde, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) É a utilização de telecomunicações para diagnosticar e tratar a doença,


associada à prática de cuidados de saúde usando as tecnologias de
informação, comunicação e dispositivos médicos.
b) ( ) Corresponde a transferência de recursos e cuidados em saúde
por meio eletrônico: a entrega de informações de saúde para
profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio
eletrônico e negócios eletrônicos na prática de saúde.
c) ( ) Inclui vigilância, promoção da saúde e funcionamento da saúde
pública, bem como a assistência de computadores e telecomunicações
para apoiar a gestão, o acompanhamento, a literatura e o acesso ao
conhecimento em medicina.
d) ( ) Vem ajudando a otimizar o trabalho e processos do setor de saúde,
transformando prontuários manuais em digitais e modernizando a
coleta de dados dos pacientes.
e) ( ) Desempenha um papel importante no ecossistema, pois, de acordo
com as suas capacidades, necessidades e de outros fatores, se
estabelece um padrão do que é necessário para o desenvolvimento
de um projeto.

4 Desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), persistem


importantes desafios relacionados aos sistemas e serviços para garantia
do direito à saúde no país. Conforme observado, quais são os desafios aos
sistemas e serviços de saúde?

5 O E-saúde, a Telemedicina e a Telessaúde são diferentes iniciativas com um


mesmo propósito: ampliar o acesso e aumentar a qualidade da prestação de
serviços de saúde. Explique quais as características e diferenças do e-Saúde,
Telessaúde e Telemedicina.

6 Formuladores de política pública em várias áreas, da saúde em especial,


e as comunidades empresarial e acadêmica, vêm utilizando o conceito
“ecossistema em saúde” com frequência cada vez maior. Sobre esse termo,
explique sua funcionalidade e aplicabilidade prática.

192
REFERÊNCIAS
BRASIL. Coronavírus. 2020. Disponível em: http://covid19.saude.rn.gov.br/.
Acesso em: 27 nov. 2020.

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GUIMARÃES, R. et al. Política de ciência, tecnologia e inovação em saúde.


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LORENZETTI, J. et al. Tecnologia, inovação tecnológica e saúde: uma reflexão


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