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Edição Especial VI CLAM - São Paulo - Distribuição gratuita - 09 de Setembro de 2016

VI CONGRESSO LATINO AMERICANO DE


MUSICOTERAPIA Conheça a HISTÓRIA
DO CLAM, fundadores,
missões. E Acompanhe
a entrevista com a Mt.
Mariane Oselame, pre-
sidente da UBAM e
uma das organizadoras
do evento. Pag.03

E canta a América-latina: Celebrando a realização do VI CLAM no


Brasil, na cidade de Florianópolis - SC, o Jomesp lança uma edição especial com
informações sobre a história do CLAM, entrevistas, organização e diversos conte-
údos sobre esse grande evento!
ENTREVISTAS
Todo o movimento de preparação do congresso realizadas com alguns
contou com a ajuda ESTUDANTES, e promo- participantes do evento.
Confira. Pag.07
veu uma participação além do esperado. Confi-
ra entrevistas com estudantes de diversas regi-
ões do Brasil e de outros países que organiza-
ram e participaram do evento. Pág. 13

A roda de conversa e microfone aberto foi


Anexo Especial!
uma iniciativa que resultou dos diálogos
Discurso de abertura do Dr. Diego
e experiência no CLAM, entre profissio-
Schapira para o VI CLAM na integra
nais e estudantes. Sendo uma oportuni-
“Reflexões a respeito de ser
dade de trocas em meio a tantas ativida-
Musicoterapeuta”
des. Confira, pág. 21
Pag.04
Expediente EDITORIAL

Coordenação, Revisão de O Congresso Latino Americano de Musicoterapia chegou a sua sexta edição. O
Texto e Edição: Mt. Denise Jomesp preparou uma edição especial de congresso, que ocorreu neste ano de
Chrysostomo Suzuki 2016, no Brasil. O leitor encontrará nesta edição, informações sobre o Congres-
so, sua história, organização, e também contará com entrevistas de participan-
Revisão gráfica, layout, for- tes de diversos países. Esperamos que essa leitura incentive a escuta dos futuros
matação, design gráfico: Mt. organizadores a partir das impressões daqueles que participaram, e que também
Daniel da Conceição Santana auxilie a categoria e muitos profissionais que não estiveram presentes, a com-
preender os novos temas em nossa área, como o movimento dos estudantes,
Produção e revisão de conte- podendo assim, contribuir com temas e pesquisas no assunto e, que atualize o
údo e imagens: Mt. Verônica leitor sobre o momento desse intercâmbio e as distintas necessidades de cada
de Lelis Alves país, e desperte nele a vontade de participar desta troca tão rica para a musico-
terapia pessoalmente.
Tradução: Marília Oliveira e
Apresentamos a edição especial do CLAM – Congresso Latino
Verônica de Lelis Alves
Americano de Musicoterapia, comemorando um novo mem-
bro de nossa equipe, Verônica de Lelis Alves, que entrou com
Colaboradores: Mt. Mariane
tudo ao fazer o levantamento de todo o conteúdo que com-
Oselame, Mt. Ana Carolina
põe essa edição, desde entrevistas, texto, imagens, e diversas
Steinkopf, Mt. Elizabeth Maria
fontes. Além disso, também trabalhou em inovar os layouts
M Connolly, Mt. Darío Orlan-
do jornal, personalizou os ícones das nossas seções e deu uma
do Nappe, Mt. Gabriel Abra-
nova cara ao nosso logotipo. Estamos imensamente gratos
movici, Mt. Carolina Torres pelo seu trabalho e dedicação! Desejamos a todos os leitores, uma ótima leitura!
Lopes, Mt. Jesus Alberto Her- Que nela possam reviver os momentos que foram e, regar as sementes planta-
rera Becerra, Mt. Pamela Fer- das!
mina Medina Jimenez, Cláudia
Schaun Reis Florianópolis, Boa leitura.
Ana Clara São Thiago, Heitor
Vicente Corrêa, Ana Elisa
Amorim, Maira Francini For-
tes, Lázaro Castro Silva Nasci-
mento, Thabata Moraes Silva,
Daniel Sodré, Joan Mariano
Leanza, Ana María Herrera
Becerra; Diretoria Apemesp.

Contato: comissaopublica-
cao@gmail.com
Sumário
03. História e Organização
VI CLAM Vozes Latino-americanas
03. Sobre o Nascimento do CLAM
04. Aquecendo e Começando
05. Mariane Oselame Fala sobre a organização do evento
06. André Lindenberg conta sobre participação da Apemesp

07. Entrevista com participantes de diversos países


Algumas vozes do CLAM - Entrevistas

13. Fórum dos estudantes


Algumas vozes do fórum - Entrevistas

21. Roda de Conversa e Microfone Aberto


22. Interações Musicais

23. Próximo CLAM


23. Encerramento

25. Charge
25. Reflexões a Respeito de Ser Musicoterapeuta
Link de acesso ao texto de abertura do congresso realizado
pelo Dr. Diego Schapira

26. Canal Jomesp - Apemesp


Edição Especial - P. 03

História e Organização

VI CLAM – Vozes Latino-americanas

Aconteceu desta vez no Brasil o VI Congresso Latino Americano de Musicoterapia, trazendo encontros e reencon-
tros, emoções, reflexões, iniciando e mantendo redes de discussões, apoio entre países, profissionais e estudantes,
congregando vozes e, possibilitando assim, o fortalecimento dos musicoterapeutas e da Musicoterapia.

Para sediar um evento como o


congresso Latino Americano de Musi-
coterapia – CLAM, bem como escre-
ver sobre ele, é preciso acolher mui-
tas vozes vizinhas com suas diversas
semelhanças e diferenças, amadureci-
mentos e necessidades consonantes e
dissonantes, mas que formam um
tecido musical complexo, rico e extre-
mamente necessário para a consoli-
dação da nossa profissão. Oferecer o
espaço para que as intensidades, tim-
bres, ritmos e melodias possam dialo-
gar e se completar em um trabalho
que vai se construindo com o tempo
e com a escuta musicoterapêutica
que elege os focos de atenção neces- escolha pela escuta e integração pelo Surgiu com o objetivo de congregar
sários para o momento. Este momen- sonoro e tudo o que ele contém. Ofe- os musicoterapeutas latino-
to parece ter um enfoque na função recendo a oportunidade de nos des- americanos, divulgar e apoiar seus
política que tem a musicoterapia em cobrir e redescobrir como profissio- trabalhos e, fomentar novos cursos
uma sociedade que passa neste mo- nais uns nos outros, nos fortalecendo de formação em musicoterapia. Mais
mento por questões muito relevantes como musicoterapeutas e seres hu- recentemente também passou a ser
desta natureza. Foi tempo também manos. uma meta a inclusão de outros países
de muitas homenagens, que foram no comitê do CLAM e, a criação de
dadas e recebidas com emoção por Sobre o nascimento do associações nos países onde não há
aqueles que, de alguma forma, na CLAM... esta representação para os musicote-
história passada e presente contribuí- rapeutas atuantes. Os países que hoje
ram para a existência e força deste fazem parte da musicoterapia na
O Congresso, que tem acontecido
congresso, foi celebrada com muitos América-Latina são: Argentina, Brasil,
a cada três anos, surgiu em 22 de
agradecimentos a possibilidade de Chile, Colômbia, Uruguai, Venezuela,
Julho de 1993, durante o Sétimo Con-
concretização deste encontro com Peru, Bolívia, Equador, Costa rica,
gresso Mundial de Musicoterapia que
“hermanos” de caminhos de vida, de Paraguai, Cuba e México.
aconteceu em Vitória na Espanha.
Edição Especial - P. 04

O CLAM foi sediado por vários países, desde sua criação, acompanhe na Linha do Tempo dos CLAMs.

Os fundadores do CLAM são: Cecilia Eslava), além de expositores e partici- “Reflexões Sobre Ser Musico-
Fernández Conde (Brasil) que foi a pri- pantes de outros países como Bolívia, terapeuta” (texto completo e tra-
meira presidente do comitê. Patricia Uruguai, Cuba e Costa Rica, e partici- duzido na P. 25), palestra costurada
Pellizari (Argentina), Ronaldo Milleco pações especiais como da Mt. Núria com canções latino-americanas, que
(Brasil), Miriam Carreño (Venezuela), Escudé da Espanha. foram cantadas pelos presentes e pelo
Teresa Fernández (Cuba), Mariela Pe- O evento começou com um palestrante. Houveram muitas home-
traglia (México), Lizete Saer (Colombia), “aquecimento”, um pré-congresso que nagens e uma apresentação musical de
Bibiana Cehuza (Perú), Diego Schapira, ofereceu cerca de 20 minicursos entre coral e poesia que colocava o feminino
Claudia Mendoza (Argentina) e Espe- pagos e gratuitos, ao longo de três dias em foco. Nos outros três dias, as ma-
ranza Alzamendi (Uruguai). na UDESC (Universidade do Estado de nhãs na UDESC eram recheadas por
Santa Catarina). E, para que isso pu- muitas apresentações de trabalhos
Aquecendo e começando
desse ser feito, muitos cursos aconte- inscritos que aconteciam em várias
O VI Congresso Latino Americano de ciam simultaneamente, com uma car- salas ao mesmo tempo (salas com no-
Musicoterapia aconteceu entre os dias ga horária diária de 8h. mes que homenageavam a muitos mu-
18 e 23 de Julho deste ano, com a parti- sicoterapeutas). Pela tarde e noite as
Ao final do terceiro dia, houve a
cipação de delegações da Argentina atividades eram concentradas em um
abertura oficial do con-
(Alina Gullco), Brasil (Camila Acosta grande salão para as mesas redondas,
gresso, com o discurso do Mt painéis e conferências na ACM
representando Mariane Oselame), Chile
(Carolina Muñoz), e Colômbia (Juanita Diego Schapira intitulado (Associação Catarinense de Medicina).
Edição Especial - P. 05

A coordenação geral do evento contou com Mt


Magali Dias, Mt Mariane Oselame, Mt. Camila Gon-
çalves, que trabalharam em conjunto com o comitê
do CLAM, associações de musicoterapia e, estudan-
tes de musicoterapia, que trabalharam durante o
evento como monitores. Todos os envolvidos foram
muito elogiados e agradecidos pela ajuda.

Para contar um pouco sobre a experiência de


realização do CLAM e nos dizer suas impressões,
convidamos a

Diretora da UBAM e Coordenadora geral do

CLAM, Mariane Oselame Abertura do Congresso na ACM (Associação Catarinense de Medicina

Gostaria de iniciar esse relato agradecendo imensamente à equipe editorial do Jornal de


Musicoterapia do Estado de São Paulo- JOMESP, pelo convite para escrever sobre o que
vivenciei no IV Congresso Latino Americano de Musicoterapia.

Certamente fui avassalada por um turbilhão de emoções simultaneamente. A primeira e


maior emoção, sem dúvida, foi sediar um evento dessa magnitude no meu estado de
origem depois de ter partido há treze anos para ingressar na faculdade de Musicoterapia.
Santa Catarina foi pensada estrategicamente pela Coordenação de Organização desse
evento. Além de fomentar o turismo local, o objetivo era também aquecer o mercado
para a chegada de novos profissionais musicoterapeutas na região que poderão atender
uma demanda importante nos mais diversos campos de atuação como da saúde, assistên-
cia social, educação e empresarial. Temos como meta incentivar junto à Associação local
de Musicoterapia – ACAMT - a criação de um curso de graduação no estado, para cada
vez mais consolidar o espaço desse profissional no território.

Para nós foi uma honra receber este evento na comemoração dos vinte anos da UBAM. Para realização do mesmo dispo-
mos do apoio das Associações de Musicoterapia de diversos estados, dos Centros Acadêmicos de Musicoterapia, de Institui-
ções de Ensino, além do apoio logístico e institucional de importantes parceiros.

Com o tema: Integração e Diversidade de Vozes da Musicoterapia Latino-americana, para a edição de 2016, contamos com
um público cerca de 400 participantes nacionais e internacionais. É importante observar que apesar do duro e crítico
momento político e econômico que o Brasil vem atravessando nos últimos meses, tivemos um público considerável graças a
uma equipe de organização que não mediu esforços para que esse encontro pudesse acontecer de forma primorosa.

Sediar e organizar um congresso desse porte é um desafio. E foi. Sempre aprendemos muito sobre o que fazer ou não
nesses momentos e, não foi diferente. Como principal resultado avalio que a categoria está cada vez mais madura e cada
vez mais inovadora, empreendedora e apropriada dos mais diversos campos de atuação. Seja como profissional de ponta, de
gestão, da academia. Pudemos observar pela própria organização desse evento, pelas reuniões do Colegiado da UBAM e do
Conselho Deliberativo do Comitê Latino Americano, pela qualidade dos trabalhos apresentados, pelos cursos oferecidos, pelo
engajamento dos estudantes de musicoterapia brasileiros e estrangeiros.

Sem dúvida, ainda temos um longo caminho a percorrer, cada país encontra-se em um momento histórico diferente, mas
afinal o caminho se faz assim não é mesmo? Caminhando. E esse caminhar fica mais possível quando estamos juntos, jun-
tos como a canção de Armando Tejada Gómez (letra) e César Isella (música): “Todas las voces, todas/ Todas las manos,
todas/Toda la sangre puede/Ser canción en el viento/Canta conmigo, canta/Hermano americano/Libera tu esperanza/Con
un grito en la voz!” Assim foi e que possa continuar sendo.
Edição Especial - P. 06

O Presidente da APEMESP , André Pereira Lindenberg explica um pouco de como foram as


ações e desdobramentos da nossa Associação neste evento:
O congresso Latino Americano é uma possibilidade única de realizarmos intercâmbios de forma humana e presencial
dentro de nosso continente, de nosso espaço latino-americano. É sempre um
prazer, frequento ele desde 2010 na colômbia, estive na edição da Bolívia em
2013 e agora recentemente em Florianópolis. Aconselho a todos! É uma ex-
periência onde você consegue unir e entender o que está acontecendo de mais
contemporâneo, que as redes não conseguem proporcionar. Para mim pessoal-
mente, consegui reencontrar velhos amigos e realizar experiências no âmbito
comunitário que é onde minha pesquisa emerge: realizando trocas e visuali-
zando pesquisas de outros profissionais, podendo intercambiar não só no mo-
mento de congresso, porque termina o congresso e você continua conversando
com as pessoas, almoça, janta com elas, o tempo inteiro pensando e discu-
tindo musicoterapia, é uma imersão!
A APEMESP a princípio ficou responsável por duas frentes: captação de re-
cursos e organização de eventos e apresentações culturais. Foi um ano atípico
para poder realizar isso, a gente se esmerou bastante, começamos trabalhan-
do com um planejamento de um ano e meio de antecedência, mas a gente
viveu no país uma crise, e está vivendo ainda, que por mais que não seja tão real quando se diz, esta suposta crise
gerou um estardalhaço na cabeça do meio econômico empresarial, e assim foi muito difícil fazer com que as pessoas
topassem adentrar num evento deste porte. Os eventos tiveram esta mesma dificuldade, a gente conseguiu pequenos
apoiadores e também apresentações, contando com a generosidade dos artistas locais de Florianópolis.
Além disso, a APEMESP também contribuiu na organização, tanto com o Gildásio Januário de Souza (2º tesoureiro
da APEMESP) auxiliando e coordenando os monitores, como com minha presença auxiliando como mestre de cerimô-
nias para colaborar no evento. Desta forma a APEMESP conseguiu unir forças, afinal, o evento é no Brasil e nossa
associação não poderia ficar de fora sem contribuir da melhor forma, até mesmo com a ajuda financeira solicitada pela
UBAM. A gente trabalhou para que o evento cumprisse o que tivesse que cumprir.
As comissões estão participando, também: a gente teve uma comissão que se pode chamar de comissão de eventos,
que foi criada para se dedicar para este evento; a comissão científica conseguiu promover alguns artigos não específicos
que nasceram de reuniões da comissão científica, de muitas pesquisas que estiveram por lá sendo apresentadas em
oficinas e minicursos, então de certa forma esta comissão estava lá; a gente teve a comissão do SUAS, uma comissão
específica, que conseguiu se unir à comissão de intercambio e ter um crescimento gigantesco em um projeto que cha-
ma “Indícios de um Porvenir”, que retrata a musicoterapia social, comunitária, popular na América Latina; a gente
tem este braço maior que é o JOMESP, que esteve lá entrevistando pessoas, que dará este fruto desta entrevista
que vocês estão lendo agora; e acho que a outra comissão que teve uma participação efetiva, realmente, foi a comis-
são de intercâmbio, que foi gerada e destinada para poder promover estes auxílios entre as pessoas e que houvesse
essa troca efetiva. Conquistamos um crescimento na promoção de intercâmbio entre os associados, conseguindo manter
eles antenados, abrimos portas para diálogos com as associações de Musicoterapia da Argentina, Chile e Colômbia e
com profissionais.
Isto possibilitou que nos próximos semestres consigamos ter vários convidados internacionais apresentando cursos e
pesquisas para os nossos associados. Além disso, conseguimos uma comunicação a nível nacional, tanto com o pessoal de
Goiânia, Porto Alegre, que especificamente promoveram um intercâmbio interessante, e que prometem para o próxi-
mo ano entrelaçar mais ainda isso. Todo este movimento é benéfico para os associados, pra nossa cidade e para a cul-
tura da Musicoterapia crescer e se fortalecer. É só junto que a gente consegue. Como disse a musicoterapeuta argen-
tina Patricia Pellizzari: “Ninguém se salva sozinho”! É desta forma.
Edição Especial - P. 07

Entrevistas com Participantes de Diversos Países


Algumas vozes do CLAM – Entrevistas

Entre as muitas vozes que expuseram trabalhos, participaram, receberam, refletiram, trocaram, tive-
mos a oportunidade de recolher um recorte das impressões de alguns desses participantes, podendo
assim escutar um pouco da diversidade e desdobramentos deste encontro, que teve uma importância
diferenciada para a Colômbia, para a formação de redes, fortalecimento, começo de uma discussão po-
lítica pertinente, e para nos conhecermos e nos inspirarmos.

Ana Carolina Steinkopf, 25 anos, musicoterapeuta graduada pela


Universidade Federal de goiás (UFG) - Brasil.

que deveriam haver menos minicur- música também. Apesar disso, o


sos e apresentações, com tanta varie- evento foi incrível, conheci muitas
dade havia pouco tempo para discutir pessoas, troquei muitas experiências,
algum tema. Eu colocaria mais espa- aprendi e ampliei o meu olhar em
ços para convivência, intervalos maio- relação a prática clínica, repensei
res nos lanches, pois esse é o mo- sobre a estrutura do meu trabalho e
mento que as pessoas fazem as tro- também fiquei muito motivada a es-
cas de experiências que, no meu pon- crever mais sobre a prática clínica.
to de vista, é o mais rico de um even- Depois que saímos da graduação per-
Nunca participei de outro CLAM ou to dessa magnitude onde há pessoas demos um pouco o estímulo para
evento de intercâmbio, esse foi o pri- de toda a América Latina. Colocaria escrever pelo fato de não estar dire-
meiro de vários. Percebo como pontos mais apresentações musicais e vivên- tamente conectado a uma instituição
fortes que houveram palestras muito cias práticas, afinal, trabalhamos com de ensino.
ricas, muitos teóricos importantes da
área da musicoterapia e diversidade
de temas. A cidade é linda, amei co-
nhecer Florianópolis, a estrutura de
locomoção é excelente, pontos turísti-
cos de fácil acesso e comida excelente.
Pontos a serem repensados: O local do
evento poderia ter sido em apenas um
local, a condução de um local para o
outro era complicada apesar de haver
um ônibus que estava a disposição
para aqueles que iriam pagar. Penso
que centralizar os eventos em um local
apenas seria o ideal para a comodida-
de dos participantes. Acho também
Edição Especial - P. 08

Elizabeth Maria M Connolly, 25 anos, Musicoterapeuta gradu-


ada pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Pós Graduanda
em Neurociências, nascida no Brasil e com cidadania Americana.

estava super rica, mas achei que algu- a melhor escolha de profissão! Eu Sou
mas das apresentações orais ficaram Musicoterapeuta! O Congresso reti-
muito tumultuadas, e acabou sendo rou uma série de paradigmas e limita-
muito difícil valorizar e aproveitar ções que eu tinha criado e escutado
cada uma, sem tempo para perguntas falar. Abriu os horizontes do campo
e maior interação. Mas em geral fi- de atuação, e do que é possível se
quei muito muito feliz com o evento, fazer dentro da MT, indo muito além
expandiu demais as minhas perspecti- da experiência clínica. Os relatos e
Foi meu primeiro evento de inter- vas sobre a MT, e plantou várias se- trabalhos também fortaleceram al-
câmbio com outros países no âmbito mentinhas de ideias novas e projetos. guns conceitos importantes sobre a
da Musicoterapia. A programação Estou completamente certa de que fiz clínica para mim.

Darío Orlando Nappe, 31 anos, cursando a licenciatura em Mu-


sicoterapia UAI (Universidad Abierta Interamericana) - Argentina

Foi a primeira participação em balhos, as conferências, as mesas


intercâmbio e, foi positiva a possibili- redondas, todas as falas que aconte-
dade de escutar vozes singulares de ceram na ACM, na sede central, onde
pessoas que não são reconhecidas aconteceu somente uma exposição
mundialmente, nacionalmente, regio- ao mesmo tempo [por vez]. As pesso-
nalmente, escutar como a musicote- as convidadas são apenas aquelas
rapia é vista e concebida em outros mais conhecidas na região, que tem
países, e um pouco por fora da espe- muita publicação, que tem muita coi-
cificidade da disciplina, também achei sa escrita, não são os representantes
muito interessante encontrar como das novas ideias, achei muito mais sas, e eu sei que isso é uma atitude
temos muitas similitudes nos proces- interessantes os trabalhos dos alunos, certa pela lógica do mercado, mas
sos políticos que estão acontecendo professores, musicoterapeutas que num congresso onde o objetivo é
aqui no Brasil e na Argentina, interes- foram expostos nas manhãs da quinta fazer circular o saber, isso é muito
sante para pensar desde nossa pers- feira e sexta feiras, mas o problema ruim, eu gostaria que o próximo con-
pectiva. Uma experiência carregada foi que nestes dias tinha quatro expo- gresso tivesse uma disposição de
por entusiasmo e ansiedade relacio- sições simultâneas. As pessoas mais tempo diferente, mais horizontal.
nado com uma coisa nova. conhecidas, que seus trabalhos são Além disso, o congresso inicialmente
mais divulgados, tiveram muito mais foi anunciado começando no dia 18
Não tão felizes: a disposição do
tempo, mais protagonismo do que os até o dia 23, e depois, mais perto do
tempo pelas apresentações dos tra-
trabalhos das pessoas menos famo- inicio do congresso, se vê que nos
Edição Especial - P. 09

três primeiros dias, mais da metade cobrar uma inscrição para montar um trabalhos muito diferentes das leitu-
do evento era um pré-congresso, e dispositivo para poder ter comida, ras, das teorias que eu já tinha conhe-
neste pré-congresso tinha um, dois, café, água, os lugares físicos, como a cido, não achei coisas muito novas,
minicursos grátis e o resto era tudo UDESC e ACM, mas pagar um minicur- mas a experiência do congresso
pago. O valor não era grande, 30, 40 so, pagar por um saber, é de outra acrescentou para mim em um sentido
reais, mas por questão ética e filosófi- ordem. Não ouvi nenhuma revelação pessoal, sobre minha concepção do
ca, um congresso é um lugar de inter- teórica, não fui surpreendido. Eu ima- musicoterapeuta e da musicoterapia
câmbio de saber, eu sei que precisa ginava que ia ouvir vozes, conceitos, na região.

Gabriel Abramovici, 35 anos, musicoterapeuta graduado pela


Universidade de Buenos Aires em 2008 - Argentina

de debate que possamos nos encon- pessoas especialmente com as quais


trar e escutar, pois viemos de lugares podemos seguir trocando e pensando
muito distintos e diversos, para poder juntos algumas questões da prática
entender e congregar-nos, porque que temos. E por outro lado também
um congresso é para isso, necessita- a aprendizagem de poder comparti-
mos mais tempo para que possamos lhar, de aprender a mostrar o que se
escutar-nos. Os espaços eram muito faz, que foi difícil fazê-lo bem, com
verticais, uma exposição e depois clareza e que se entenda. Mas sinto
duas perguntas, e neste espaço não que é uma aprendizagem para a pró-
Participei faz tempo como estu- teve tempo para nos escutarmos. xima, com certeza, melhorar o com-
dante do segundo CLAM em 2004 Creio que está bom a rede que se partilhamento do que eu faço no
(Montevideo), foram vários estudan- está armando, conhecer experiências tempinho que tenho, expor neste
tes de UBA e depois aos latino- de outros países da América Latina e formato tão tradicional.
americanos não pude ir, mas pude ir
ao congresso mundial de 2008, creio
que foi em Buenos Aires, participei
com um grupo, pudemos expor um
trabalho. O formato era parecido com
o deste congresso. Me pareceu que
foi bom, gostei, foi muito comprimi-
do, e por isso perdi muitos trabalhos
que gostaria de ter escutado e me
pareceram interessantes algumas
questões que circularam, como esta
questão de pensar um pouco o con-
texto político, que foi novo (creio que
não surgiu nos eventos anteriores),
mas me parece que faltam espaços
Edição Especial - P. 10

Carolina Torres Lopes, 28 anos, licenciada em música pelo


Conservatorio Del Tolima e mestra em musicoterapia pela Universi-
dad Nacional de Colômbia (UNAL) - Colômbia

sionais de forma que tam-


Antes estive na Jornada latino- bém nos enriqueceríamos um pouco
americana de Musicoterapia em Bo- mais na carreira. Foi muito rápido.
gotá quando era estudante, e agora é Para mim pessoalmente é o primeiro
o primeiro congresso que participo. congresso que assisto e me fez ampli-
Tem me parecido um espaço interes- ar as possibilidades de ação e, me fez
sante de intercâmbio, de gerar redes ver que não estou só no trabalho em
de reflexão do ponto de vista acadê- que faço na Colômbia. Trabalho com
mico e de ação musicoterapêutica, primeira infância e adolescência e na
mas da parte logística, creio que po- Colômbia aparentemente há poucas ros, então sinto que foi um espaço
deria se organizar de outra forma pessoas que trabalham com este muito importante para a musicotera-
para que nós congressistas não ficás- campo, mas me dei conta que no res- pia colombiana, que geraram grandes
semos tão cansados, pelas jornadas to da América Latina há muitas pesso- redes de apoio e que os estudantes
tão extensas, mas creio que também as neste campo, então me fez empo- que vieram também fazem com que a
se trata disso, que aconteçam estas derar sobre meu trabalho, me fez profissão se valide muito mais e que
coisas para avaliar e melhorar a cada sentir que isso é válido e vamos a de verdade estamos vendo que está
CLAM passo a passo. Preferiria um lutar por isso. Também sinto que a crescendo, mas não tanto em quanti-
congresso de mais dias, com jornadas rede de musicoterapeutas da Colôm- dades de graduações, mas em quanti-
mais curtas e que tenha tempo para bia se fortaleceu depois deste con- dade de pessoas que obtém o título,
ampliar alguns temas, as conferências gresso, creio que conhecemos muito que querem atuar como musicotera-
têm sido curtas e não pude ter a mais, já que não nos conhecíamos, já peutas, sinto que este congresso ser-
oportunidade de aprofundar, de per- que estamos em diferentes cidades viu muito para isso!
guntar, de fazer um contato um pou- do país e não sabíamos que trabalhos
co mais direto com os diversos profis- estavam fazendo nossos companhei-

Jesus Alberto Herrera Becerra, 37 anos, colombiano, resi-


de no Brasil desde o ano 2000, graduado em Musicoterapia pela
UNESPAR/FAP em 2005.

considero que o evento está sim, num


Participei em vários eventos esta- bom nível de cumprimento das mi-
duais, nacionais, mas do CLAM é a nhas expectativas. Achei que é um
primeira vez. Se eu fizer um compara- evento muito desafiador pelo contex-
tivo com relação a Congressos em to, que envolve trazer estudantes e
outras áreas que tenho participado, e profissionais de todos os cantos da
também com relação a outros con- América Latina, e envolve escolhas
gressos e eventos da musicoterapia, em muitos aspectos que podem ser
Edição Especial - P. 11

positivas em alguns aspectos e em super pertinente, os profissionais e divulgar nossa área para que au-
outros não. Por exemplo, o local e a envolvidos muito acertados, minha mente o número de alunos, melhore
cidade onde é feito o evento. A esco- opinião é que com toda certeza deu também um movimento maior da
lha da cidade foi ótima, é importante certo, e cumpriu com as minhas ex- musicoterapia nas comunidades. Este
para os profissionais e estudantes de pectativas. Coisas a melhorar sempre evento deve ser mais divulgado, pois,
Santa Catarina, a cidade é linda, mas, haverá em qualquer área, mas, de com certeza muitos psicólogos, fono-
poderia ser feito em um local mais uma maneira geral, cumpriu às expec- audiólogos, médicos e outros profissi-
centralizado e em um único espaço. tativas. Não tenho muitas informa- onais; tem interesse na musicoterapia
Os deslocamentos desgastam, são ções sobre a Associação Catarinense, e, as possibilidades de crescimento da
caros, gastam um tempo precioso. mas, fico feliz com a novidade de San- nossa profissão estão na interdiscipli-
Uma sugestão de algo que poderia ta Catarina ter uma especialização em naridade, na comunicação e troca de
melhorar é fazer num único espaço. musicoterapia, isso pode significar em informações com estes profissionais.
Com relação à escolha do assunto: contar com o apoio da Universidade,

Pamela Fermina Medina Jimenez, 27 anos, formada em psicolo-


gia pela Universidade Nacional de Córdoba (UNC) - Chile.

para realizar oficinas de auto cuidado


bém ao compartilhamento com os a diversas pessoas, além de realizar
demais participantes, pessoalmente oficinas de composição com cegos,
me ajudou muito a compreender de realizo também círculos de mulheres
que se trata a musicoterapia e escla- e sonoterapias, assim mesmo me
recer qual quero que seja minha área dedico a composição musical. Quero
de estudo nesta disciplina. Eu traba- estudar alguma pós-graduação em
lho como psicóloga, e utilizo meus musicoterapia e gostaria fazê-lo no
conhecimentos musicais e teatrais Brasil.
Nunca tinha participado de um
CLAM, havia participado de um con-
gresso de Musicoterapia em Santiago
do Chile, e lá me inteirei do Congres-
so. Percebi como pontos fracos: mui-
tas exposições teóricas e até muito
tarde as palestras, eu gostaria de ter
participado de mais vivências e ofici-
nas. Como pontos fortes, foi uma
excelente experiência para aprender
sobre as diversas aplicações da musi-
coterapia, o intercâmbio musical e
cultural com os participantes tem
sido uma das melhores experiências
da minha vida. Quanto à aprendiza-
gem adquirida nas exposições, e tam-
Edição Especial - P. 12

Cláudia Schaun Reis, 39 anos, Estudante de especialização em


Musicoterapia pela Faculdade de Candeias (FAC) , com sede em Bal-
neário Camboriú - Florianópolis – SC

terapia, mas também dos próprios mente fundamentada cientificamente


musicoterapeutas, já que os sons, a através das inúmeras pesquisas desen-
música e o lúdico envolvem todos os volvidas mundo afora. O professor Gus-
que se encontram na sessão. tavo Gattino, de Santa Catarina, foi um
Várias são as respostas do porquê dos que reforçou a importância de se
a Musicoterapia ser tão eficaz e em executar acordes harmoniosamente
tão pouco tempo, mas, principalmen- estruturados entre a prática clínica e a
Estudando e recém começando a te, de oportunizar esse empodera- pesquisa – tanto qualitativa quanto
estagiar, vivenciei uma semana intensa mento de si mesmo, e a fala da pro- quantitativamente.
de conhecimentos, trocas e, muita fessora do Rio de Janeiro Marly Cha- E se a consciência se amplia a partir
música ainda ressoa aqui dentro. No gas é bastante esclarecedora nesse da Musicoterapia, a sintonia com a na-
último dia do Congresso é que me dei sentido: “a arte é uma forma de ex- tureza e o meio em que nos inserimos é
conta: “estamos num evento acadêmi- pressão que conserva os afetos. E um fundamental nesse processo. Ana Mi-
co, científico, e os pesquisadores apre- artista inventa afetos não conheci- chel Torres, da Bolívia, ressaltou que “a
sentam o resultado de seus trabalhos dos”. Claro: a arte busca nos canti- música é integral e holística. O que me
cantando, dançando e brincando...!” – nhos mais escuros o que não damos dizem os cantos dos pássaros, os sons
e como poderia ser diferente? Se o conta de expressar, e nos ajuda a das águas, das formigas, do vento,
lúdico, os sons, a partilha e a entrega trazer à tona o que precisamos, na- quando vai chover? Precisamos nos
que a música nos proporciona e incita, quele momento, exteriorizar. comunicar com a Mãe Terra”. Traba-
de forma praticamente instantânea, Esse resgate pode ser feito a partir lhando valores sócio comunitários, Ana
são matéria-prima para o fazer musico- de ações simples mas poderosas, co- se vale dos rituais e das tradições, que
terapêutico? mo as brincadeiras de roda feitas nos estavam se perdendo em seu país, utili-
Uma das apresentações orais trou- Encontros Abertos, realizados no Pa- zando, por exemplo, flautas “para dia-
xe vídeo que mostrava o Hospital In- raná, conforme nos contou a profes- logar com as aves”, já que na Bolívia há
fanto Juvenil Dra. Carolina Tobar Gar- sora Rosemyrian Cunha. “A sala fica a “Festa para receber o canto dos pás-
cia, em Buenos Aires. Falando sobre a aberta e entra quem quer, sai quem saros: a cada primavera, eles trazem
escuta sensível, Lídia Romero nos mos- quer, e, mesmo assim, está sempre novos trinos à comunidade para curá-
trava seu local de trabalho, que conta cheia”. Citando as Arenas de intera- la”.
com nove (!) musicoterapeutas contra- ção – espaços criados por aqueles E já que mencionei a palavra cura,
tados. A câmera passeava pelos corre- que se sentem isolados em suas soci- guardo também desse Congresso outra
dores e se detinha em frente à porta edades (assim definidas por Even frase que a associa com a Musicotera-
do setor de Musicoterapia da institui- Ruud) – ela relatou que “cada presen- pia, desta vez mencionada por André
ção, e a placa de identificação trazia ça é uma denúncia; eles vêm como Lindenberg, de São Paulo: “os coloniza-
ainda a síntese: “Musicoterapia – são e como podem, e mostram a ne- dores levaram as ervas e plantas para
Consciência para a vida”. cessidade da construção dessas are- fazer remédios... e esqueceram de le-
E então, dentre os vários conceitos nas... uma vez por mês se arrumam e var também as maracas e os tambo-
determinados, a Musicoterapia tam- comparecem aos Encontros para fa- res... sinto que este resgate dos instru-
bém assume este: um meio que esti- zer aquela celebração”. mentos e da própria música com possi-
mula a consciência para a vida, não só Foi bonito ver como a Musicotera- bilidades de cura esteja sendo feito
das pessoas que se submetem a essa pia está não só amparada, mas total- pelos musicoterapeutas”.
Edição Especial - P. 13

Fórum dos Estudantes


Algumas vozes do Fórum – Entrevistas
O evento teve sua importância também para os estu- par da realização de outros eventos em conjunto.
dantes, que agora ativos e organizados, conquistaram sua
Além disso, desta comunicação com a UBAM, surgiu a
ida ao CLAM. Depois de muitas conversas e reuniões de ideia e a concretização de um evento dentro do CLAM volta-
uma rede de estudantes com a Mt. Mariane Oselame, foi do para os estudantes da América Latina, um fórum que
aberto caminho para que os estudantes obtivessem gratui- aconteceu durante o pré-congresso: “O Estudante de Musi-
dade na inscrição em troca de participarem trabalhando coterapia – o Futuro Profissional” onde foram discutidas
como monitores do evento. questões da formação do musicoterapeuta, como a grade
curricular, o estágio, as inquietações e dúvidas, as certezas e
Esta articulação dos estudantes de musicoterapia vem inspirações. Foram escolhidos representantes estudantis
de antes, e está relacionada com o ENEMT (Encontro Nacio- que ficaram encarregados de falar sobre seus cursos, e que
nal dos Estudantes de Musicoterapia), que desde o encon- convidamos para aqui compartilharem suas impressões
tro no Rio de Janeiro em 2004 obteve uma participação bem sobre o fórum.
grande de estudantes de vários estados. Estes contatos se A partir do relato de alguns estudantes, vamos conhe-
mantiveram em uma rede e puderam se organizar e partici- cer como foi a atuação e a participação nesse evento.

Ana Clara Frey de S. Thiago (Ana Clara São Thiago), estudante do 4º


ano de Musicoterapia do Conservatório Brasileiro de Música – Centro Uni-
versitário, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

ceiramente acessível
Integrar, reunir, consolidar e fortale- para nós, precisávamos pensar em
cer. Estudante de Musicoterapia, vo- alternativas. O estudante Heitor Cor-
cê sabe a importância da sua atuação rêa propôs a realização de um abaixo
político-estudantil? assinado online, com aprovação dos
Unir, reunir, reunião, re-união. O que estudantes dos outros estados, cuja
pensar desta palavra? Ato de unir-se ideia era diminuir o custo de partici-
novamente, estar junto de outrem. pação para estudantes de Musicote-
Desde o momento que entrei na Mu- rapia. O resultado é que após esse
sicoterapia acreditava que meu mun- projeto e muitas conversas consegui-
do resumia-se aquele número reduzi- mos, em conjunto com a UBAM, fe-
do de estudantes que conhecia. Pen- char a monitoria para estudantes e res de todos os estados incluindo o
sava pequeno. Minha concepção co- custo zero de participação. Foi nosso Rio Grande do Sul através da aluna
meçou a mudar quando, em 2014, o momento de alegria! Maira Francini, a participação de es-
Rio foi convocado a organizar o VI Após esse ganho era preciso pensar tudantes da Argentina (Joan) e Co-
ENEMT - Encontro Nacional dos Estu- no planejamento do evento, e em lômbia (Ana Maria) além das profes-
dantes de Musicoterapia. uma das reuniões junto com a UBAM soras Marina Freire (MG) e Lia Rejane
No Simpósio Brasileiro de Musicote- pensamos na ideia de ter um espaço Mendes Barcellos (RJ), que falaram
rapia no Rio de Janeiro, no ano se- reservado para os estudantes, um sobre a relação entre formação estu-
guinte nos reunimos, eu (RJ), Raquel Fórum de estudantes, com plenária, dantil e profissão.
e Luciana (PR), Heitor Corrêa (MG), palestras e exposições de represen- Nosso evento tinha como proposta
Daniel Sodré (SP), Ana Elisa (GO), e tantes de cada estado. Finalizamos a falar sobre a relevância da formação
outros estudantes, para pensar na programação e divulgamos o evento acadêmica para nosso futuro como
importância de nossa presença no específico para nosso público. Até o Musicoterapeutas. Era preciso falar
CLAM em 2016. Infelizmente naquele dia de início do CLAM tínhamos a de atuação estudantil, formação, gra-
momento o evento não estava finan- inscrição de praticamente 50 monito- de curricular, as experiências de cada
Edição Especial - P. 14

um nas suas Universidades, modifica- deria ser melhorado em cada espaço. ção agora está também em nossas
ções que poderíamos realizar e, final- Além disso, discutimos que era neces- mãos, e não podemos abandonar o
mente, levar as contribuições para nos- sária a organização do Movimento de arado. Chegou a nossa vez estudantes
sos estados e países. O fórum aconte- estudantes da América Latina, pro- de Musicoterapia do Sec. XXI! A partir
ceu nos dias de pré evento CLAM, inici- posta que está se concretizando pós desse evento conseguimos criar um
ando com a fala do representante de evento. Depois tivemos as palestras grupo de WhatsApp com estudantes de
Minas Gerais, Heitor Corrêa, que deu das professoras já citadas e questio-
todos os estados e alguns países da
boas-vindas aos estudantes e agrade- namentos às mesmas. Por fim, discu-
América Latina, no qual nos compro-
ceu pelo trabalho que já estava aconte- timos nosso papel no CLAM como
metemos a manter o contato e divulgar
cendo desde o ano anterior. Em seguida estudantes e percebemos que nossa
tive a oportunidade de realizar uma presença era de fundamental impor- trabalhos de cada espaço. Criamos um
pequena palestra de abertura, cujo te- tância, porque além do trabalho que e-mail de comunicação, fizemos ponte
ma da mesa era “Desafios do mercado realizamos nossa organização e nossa com a UBAM e os CAMTs (Centros Aca-
de trabalho: implicações e influências união estavam dando frutos. dêmicos de Musicoterapia) de cada
da formação acadêmica em Musicote- Acredito que esse evento ala- estado estão cada vez mais interliga-
rapia”, abordando a nossa dificuldade vancou nossa potência como estu- dos. Conseguimos mostrar que mesmo
de reunir os estudantes do campo e dantes de Musicoterapia na atualida- em pouco número somos fortes, mes-
que a consequência disto é o nosso de. Muitos profissionais que um dia já mo com muita distância estamos perto
enfraquecimento político, enfatizando a foram estudantes lutaram para que o em ideais, e citando mais uma vez nos-
relevância de nossa atuação através de futuro da Musicoterapia se consoli- so querido Paulo Freire, "é porque se
apresentações em eventos, práticas integra - na medida em que se relacio-
dasse, obtendo ganhos que hoje des-
clínicas, movimentos políticos e lutas de na e não apenas se acomoda - que o
frutamos. Só se conhece o futuro da
categoria. Após, cada representante
História através das lutas políticas homem cria, recria e decide.” (FREIRE,
estudantil foi chamado a mesa para
que se foram, pelos movimentos polí- 1979, p.63-64) Agradeço a essa grande
falar um pouco sobre sua universidade.
Esse foi o momento mais importante do ticos antecedentes na linha do tem- reUNIÃO, que permitiu a realização
evento, pois acabamos conhecendo um po. Temos que reconhecer a importância desse belo trabalho, uma corrente in-
pouco das práticas de cada universida- dos profissionais que nos antecedem, e o quebrável. Decidimos e conseguimos:
de, os enfoques, discutimos o que po- esforço em fortalecer nossa categoria e construímos a nossa história nesse
nossa visibilidade profissional. Essa fun- CLAM!
Edição Especial - P. 15

Heitor Vicente Corrêa, 30 anos, cursando o 8º período na Universidade


Federal de Minas Gerais (UFMG) – Belo Horizonte, MG, Brasil.

temos que mostrar serviço, continuar universidades e enxergar em âmbito


estudando todos os dias, reinventar nacional como anda nossa profissão e
nosso jeito de trabalhar sempre, nos o caminho que precisamos trilhar
atualizarmos. Mas minha impressão para alcançar o nosso espaço e reco-
geral foi de um encontro muito rico nhecimento enquanto musicotera-
para trocar conhecimentos, para sa- peutas. E este caminho não é solitá-
bermos como outras universidades rio, precisamos da união e do traba-
trabalham e para levarmos isto aos lho de todos para que nossa profissão
nossos cursos e exigirmos algo pareci- cresça. A Argentina está muito forte
do sobre materiais de trabalho, disci- em relação a isto e já conseguiram
plinas, salas de atendimento. Não que a profissão fosse regulamentada.
Em primeiro lugar, foi importante ver precisamos esperar nos formar para Os professores argentinos presentes
o quanto estávamos separados por participar desta parte política. A APE- se ofereceram para conversar sobre
estado! E dentro das próprias univer- MESP é um exemplo, colocando car- como foi o processo de regulamenta-
sidades mesmo: os alunos vão para gos para estudantes dentro da associ- ção na Argentina e para ajudar a re-
as aulas, voltam para casa, e não ação! Trazer os estudantes para den- ver nossas diretrizes. Da Colômbia
interagem muito uns com os outros, tro do que está acontecendo em ter- não tivemos tantas notícias, já que
não tinha muita conversa entre asso- mos de discussões e lutas para melho- atualmente o único curso de musico-
ciações de MT e alunos, então uma ria da classe é essencial, pois pode- terapia que eles têm é de mestrado.
grande vitória foi termos unido todos mos direcionar o curso de acordo com Vimos que Argentina e Colômbia pas-
os cursos de graduação para discutir-
mos assuntos para levarmos ao nos-
so Fórum! E o principal foi este: Lu-
tarmos por algo que sirva para todos
os estudantes, e desta conversa, ter
união de alunos, associações,
UBAM...
Comparamos as grades e descobri-
mos que alguns cursos estão mudan-
do suas grades curriculares e perce-
bemos que algo muito comum vem
acontecendo no Brasil: a falta de
habilidades musicais nos estudantes.
Algumas universidades não pedem
mais provas específicas de música
para admitir alunos, o que deixa a o que precisaremos trabalhar depois. sam por problemas parecidos aos
parte musical a desejar! Cabem aos O Fórum também serviu para mostrar nossos em relação a mercado de tra-
alunos se dedicar mais na parte mu- que nossa geração de estudantes veio balho, apesar da Argentina estar um
sical, afinal, a música será nosso ins- para trabalhar e ajudar a crescer a pouco mais organizada politicamen-
trumento de trabalho! No momento profissão! Nos organizamos muito te.
de conversa com Lia e Marina, sobre bem como monitores no CLAM, e nos- E além disto, o Fórum dos estudantes
como o curso influencia na profissão, so trabalho foi reconhecido e elogia- foi um momento para nos conhecer-
com o tema: "O estudante de MT: o do! E vimos que os estudantes pre- mos e formarmos elos de amizade e
futuro profissional", as palestrantes sentes são bem ativos politicamente e trabalho que vão durar muitos anos!
falaram um pouco sobre a formação vamos conseguir muitas coisas juntos! Foi uma semente plantada que ainda
acadêmica em si não ser o mais im- Foi um momento de amadurecimento vai render muitos frutos!
portante, já que nossa profissão ain- muito grande para os estudantes! No
da não é regulamentada! Nós é que Fórum conseguimos sair de nossas
Edição Especial - P. 16

Ana Elisa Amorim, 18 anos, cursando o 4º período Universidade


Federal de Goiás (UFG) - Brasil

estado, trocamos experiências e dis-


Quando chegamos ao estágio e cutimos questões que cada um acha-
quando nos formamos, aí que o frio va importante para o curso. A plená-
na barriga aumenta. Ter um momen- ria dos estudantes foi um sonho reali-
to para nós estudantes falarmos com zado, um grande passo para nós. Es-
profissionais que já passaram por tar ali me fortaleceu não só como
tudo isso foi fortificante e acolhedor. estudante, mas percebi a importância
Tive a oportunidade de falar um pou- de estar lado a lado na conquista de
quinho do curso em meu estado ao mais espaço para nossa profissão.
lado de colegas de vários lugares, Trouxe para Goiás colegas que pre-
inclusive Colômbia, essa etapa foi tendo levar para toda a vida, ideais
muito importante, pois promoveu a para continuar lutando, histórias ins- Freire e esperança de ver os estudan-
todos conhecerem um pouco de cada piradoras como a da querida Marina tes lado a lado por mais vezes.

Maira Francini Fortes, 26 anos, cursando o 6º período das Facul-


dades EST - São Leopoldo, RS, Brasil

ração do curso de Musicoterapia com da Musicoterapia, precisamos levan-


os outros cursos da instituição. Como tar dados e apresentar estes para que
representante do Centro Acadêmico haja uma credibilidade maior no nos-
da minha instituição, considerei al- so trabalho. Para finalizar acredito
guns aspectos das outras instituições que o Fórum de Estudantes foi de
ali representadas que poderemos grande valia e deve continuar com a
aplicar na nossa grade curricular, por "chama acesa" para que a profissão
exemplo, o incentivo a pesquisa. A seja fortificada desde o meio acadê-
pesquisa é hoje uma das prioridades mico, e que essa união se torne com-
da profissão, neste momento em que promisso de todos, estudantes e pro-
O Fórum de estudantes foi um almejamos tanto o reconhecimento fissionais.
dos momentos mais importantes do
congresso, pois partilhamos da reali-
dade de cada estado, como se dá a
formação acadêmica e como pode-
mos unificar os estudantes para forta-
lecer a profissão e passar pelo mesmo
processo acadêmico em todas as uni-
versidades que oferecem o curso de
Musicoterapia. Particularmente foi
um momento importante para apre-
sentar a Faculdades EST, de São Leo-
poldo/RS, pois percebi que não é tão
conhecida entre os outros estudantes
dos outros estados, então foi legal
apresentar a forma como é a estrutu-
ra da grade curricular e como é a inte-
Edição Especial - P. 17

Lázaro Castro Silva Nas-


cimento, 25 anos, Graduan-
do do 2º período de Musicote-
rapia pela Unespar/FAP

Thabata Moraes Silva, 19


anos, Graduanda do 4° período
de Musicoterapia pela Unespar
(Campus Curitiba II)/ FAP – PR,

Nós, estudantes de Musicotera- formação que ainda carece de docen- Integração. Foi curioso perceber que
pia da Universidade Estadual do Para- tes e divulgação, mercado de traba- a profa. Lia Rejane se assustou com a
ná - Campus Curitiba II, percebemos a lho incerto, ausência de regulamenta- quantidade de estudantes, o que po-
importância política da junção de ção da profissão. Para nós, poder co- de significar positivamente que esta-
estudantes de todo país e fora do nhecer e ver a diferença dos cursos mos nos organizando e muito envolvi-
país, pudemos dividir "angústias" de dentro do país nos trouxe uma visão dos.
ser estudante de musicoterapia como mais ampla de como está caminhan-
o desconhecimento sobre a área, do a formação e, nos possibilitou uma
Edição Especial - P. 18

Daniel Sodré, 37 anos, Graduando do 5º período de Musicoterapia das Faculda-


des Metropolitanas Unidas – FMU, São Paulo, SP, Brasil.

pedidos de certas atuações pela falta e ambos precisam de nossa ‘energia’


de uma ou outra disciplina. para não deixar que sejamos todos
Nosso foco nesta apresentação foi de minguados em nossos “casulos”. Ca-
nos colocar à disposição de todos os sulo esse que fizemos questão de
alunos, associações e centros acadê- dizer que estamos tentando quebrar
micos de forma que possamos unir – embora o isolamento seja uma ca-
forças e trabalharmos em conjunto racterística do povo paulista.
quebrando certas fronteiras que nós Como representantes de nosso Esta-
mesmos às vezes criamos. Pudemos do, foi emocionante ver que não esta-
ouvir de países como Colômbia (que mos sozinhos em nossas universida-
Foi um dia todo de atividades dividi-
tem apenas curso de mestrado em des. Temos tantos outros dividindo o
das em apresentação da universidade
musicoterapia) a dificuldade de atua- mesmo pensar, agir e curiosidade.
(curso, características do corpo do-
ção e força política da classe naquele Desta forma, aproveito este espaço
cente e discente, estrutura curricular,
país. Embora pareça que nós brasilei- para ressaltar que teremos no mês de
coordenação, associação e centro
ros estejamos à frente de muitos, outubro próximo, o VIII ENEMT
acadêmico), perspectivas e influência
ainda temos muito a fazer pela nossa (Encontro Nacional de Estudantes de
do curso, estágio na formação do Mt
Classe! Entre o que precisa ser feito, é Musicoterapia) na UFMG entre os
(pela professora doutora Lia Rejane),
diminuir a lacuna que ainda existe dias 24 e 26.
explanação sobre mercado de traba-
entre profissionais x estudantes x
lho e, medos do recém formado em Precisamos ampliar nossos horizontes
universidade.
relação a ele (pela professora Marina num “belo horizonte” entre tantos
Freire – UFMG). Nós enquanto estudantes, precisa- outros estudantes!
mos da experiência dos profissionais
O objetivo desse fórum estudantil foi Saudações sonoras!
atuantes, do auxílio da universidade
de discutir a estrutura das universida-
como facilitadora de nossa formação
des e estrutura
curricular com o
anseio (mesmo
que distante) de
todos termos a
mesma formação
com o mesmo
conteúdo, po-
dendo adentrar
no mercado de
trabalho – cada
vez mais aberto e
ansioso por pro-
fissionais – sem
sermos menos-
prezados ou im-
Edição Especial - P. 19

Joan Mariano Leanza, 23 anos, estudante do 4º período de Musicotera-


pia na Universidad Abierta Interamenricana UAI, Buenos Aires, Argentina.

dantes por curso, que atividades ex- Qual é a situação atual dos estu-
tracurriculares aconteciam, como era dantes de Musicoterapia na Amé-
a formação musical, etc. Foi Interes- rica Latina? Há movimentos estu-
sante o intercâmbio, e as sensações dantis? Existe na América Latina
que gerou em mim, eu gostaria de alguma associação que congre-
gue aos estudantes?
compartilhar quais foram os aspectos
que chamaram minha atenção, e creio
que seria positivo retomar em deba- O Fórum de Estudantes, e o con-
tes e discussões: gresso em sua totalidade, geraram em
mim um grande impacto e uma enxur-
Como impacta aos estudantes o rada de ideias que ainda não termina-
Como estudante de Musicotera- contexto econômico, político e ram de se organizar. Motiva-me pensar
pia na Argentina, queria dar meus social da América Latina? Até em como poderiam ser abordadas
agradecimentos aos estudantes do que ponto temos consciência da as questões propostas anteriormente.
Brasil, por me convocar a fazer parte situação atual de cada país? Gosto da ideia de pensar o processo
Esta realidade afeta à área de subjetivo e sua consequente produção
desta experiência, especialmente a
Saúde e educação? de ideias de cada estudante latino-
Heitor Correa e Ana Clara Thiago,
também a Lic. Lia Rejane e a Lic. Mari- americano, até professores, universi-
Como são os processos musicais dades, associações/ organizações/ ins-
na Freire, por sua sabedoria e inspira- em cada país? É igual “fazer
ção. tituições de musicoterapia e outras
música” para todos os estudan-
No que diz respeito ao Fórum, disciplinas.
tes?
foi enriquecedor, ouvir sobre as expe-
riências de estudantes de cada estado
do Brasil, e da Colômbia. Um desafio
grande na hora de contar sobre mi-
nha experiência como estudante na
Argentina. Experiência que me dispo-
nho a escrever: comecei me apresen-
tando como estudante da Universi-
dad Abierta Interamericana, e escla-
recendo que ia compartilhar - como
disse antes - minha experiência, já
que na Argentina existem 4 universi-
dades (UAI, UBA, USAL e Maimóni-
des), as quatro com sede em Buenos
Aires, exceto a UAI, com sede tam-
bém em Rosario. De um momento a
outro, tomei consciência da pouca
interação que havia entre os estudan-
tes Argentinos, sendo o único presen- É interessante pensar no movi- investigação, o tecido de redes conjun-
ciando o Fórum (não assim o único mento que geraram estes pares de tas entre estudantes. A produção de
participante do Congresso), me dis- relações, cada um entre si e cada um conhecimento. Compartilharmos as
pus então a comentar brevemente com os demais. Mais ainda interes- ideias frescas, as dos estudantes, para
(igual a maioria dos estudantes), co- sante, é pensar o que se gera quando enriquecer nosso processo de forma-
mo era o plano de estudos de minha este movimento se encontra com ção e, sobretudo à musicoterapia.
universidade, como eram as práticas, outro movimento, em outra re-
quantos anos de curso, quantos estu- gião/país. É uma tarefa continuar a Muito obrigado.
Edição Especial - P. 20

Ana María Herrera Becerra, 23 anos, estudante de mestrado da


Universidad Nacional de Colombia- Bogotá, Colômbia.

tudantes. Para mim foi dendo, procurar ainda mais informa-


como o início das comunicações entre ção. Para mim foi apenas o início de
estudantes de distintos lugares da algo que vai além, algo que ainda tem
América Latina, e isso é uma esperan- muito caminho pra frente. E tomara
ça para que a gente continue constru- que agora em Outubro no Encontro
indo o que o mundo precisa, para que Nacional de Estudantes, a gente tam-
a gente continue posicionando a mu- bém possa participar. Eu propus, para
sicoterapia, e nós aqui da Colômbia mesmo não estando fisicamente lá,
continuemos fortalecendo e melho- possamos estar pela internet ou algo
rando o nosso programa, e não so- assim, porque foi lindo e importante
mente isso, mas sim o nosso atuar para mim, ainda mais pessoalmente,
Para mim foi uma oportunidade profissional. Acho que o fórum possi- foi uma oportunidade de conhecer
de expandir o campo de visão e per- bilitou um diálogo entre distintas vo- pessoas maravilhosas que tem na
ceber realmente o que está aconte- zes, e distintos lugares, porque, por frente um futuro cheio de potenciali-
cendo no Brasil e na América Latina. exemplo, a maioria dos estudantes dades para semear, para construir um
Pessoalmente eu quase não conhecia era de graduação e, nós aqui da Co- mundo melhor, para ajudar mais pes-
nada das universidades e muito me- lômbia viemos através do mestrado soas, para chegar do melhor jeito ao
nos das vozes dos estudantes falando em musicoterapia. Daí conhecer e outros, aos pacientes, comunidades
das suas próprias experiências nestas entender os desafios que cada um de com que a gente vai trabalhar e sim,
faculdades. O Fórum conseguiu co- nós tem também nos ajuda para con- minha esperança é a criação desta
meçar ou fortalecer uma rede de es- tinuar trabalhando, continuar apren- rede.

Depois do Fórum dos Estudantes que aconteceu no CLAM, outro grande evento dedicado aos estu-
dantes está em vias de acontecer! Programem-se:
Edição Especial - P. 21

Roda de Conversa e Microfone Aberto

Como demonstram as entrevis- dade de


tas dos participantes, muitas ques- aprofunda-
tões, necessidade de sugestões e im- mento, de-
pressões, surgiu no decorrer do even- bate e, de
to e, culminaram numa possibilidade comunicação
de discussão, que foi a roda de con- entre os paí-
versa e microfone aberto. ses, resultan-
Na quinta- feira (21), realizou-se do na cria-
no congresso uma roda de conversa ção de uma
no Jardim da UDESC, com participan- rede que se
tes de vários países. A iniciativa surgiu disporá a
com Gabriel Abramovici e Leandro discutir: os
Fideleff, que percebiam, como outras avanços neo-
pessoas, a necessidade de aprofundar liberais e a
determinados assuntos levantados derrubada
“Minicurso de Direitos Humanos oferecido por Jakeline Silvestre”
pelos trabalhos expostos, bem como, de direitos; o
pelo discurso de abertura de Schapi- empodera-
ra, que apontava na direção de uma mento social; a postura comunitária A partir da roda, e da conversa
discussão política necessária dentro horizontal de escuta e de abertura com a organização do CLAM através do
da musicoterapia. Foi então iniciada para trabalhar conflitos; o papel que Mt. André Lindenberg, foi possível
uma conversa sobre a Musicoterapia nós como profissionais da saúde e abrir um espaço no último intervalo do
comunitária, direitos humanos (com arte, com a criatividade como ferra- congresso para que houvesse um
Jakeline Silvestre , que ofereceu o menta, temos na mudança de realida- “microfone aberto”, um espaço de
minicurso de direitos humanos no pré de, tanto se trabalharmos no setor diálogo para compartilhar as questões
-congresso), a posição política e eco- público como privado. levantadas na roda de conversa, mo-
nômica da nossa profissão, a necessi- mento que foi registrado por escrito.
Edição Especial - P. 22

Interações musicais
Como era de se esperar de vários musicoterapeutas
reunidos, surgiram também muitas interações musicais
espontâneas: nasceu do silêncio uma roda com Jongo de
Guaratinguetá, e o silêncio trouxe também sonoridades
colombianas, argentinas e chilenas, manifestações dançan-
tes que levaram a um intercâmbio sonoro muito interessan-
te e convidativo, e também nas festas programadas pude-
ram acontecer estes encontros sonoros. Momentos como
estes são importantes para podermos nos conhecer com
mais propriedade enquanto sujeitos sonoros. É inspirador
perceber as riquezas sonoras que vibramos e somos juntos.
Edição Especial - P. 23

Próximo CLAM

Houveram reuniões das delega- uma e, assim garantir representação ser feita entre 30 de agosto e 24 de
ções dos países que estavam presen- e informação na hora do voto, mais setembro, e acompanhada de um
tes no CLAM e a comissão de ética e articulado com as associações. A deci- documento de fundamentação do
investigação compartilharam infor- são sobre o adiamento foi acompa- voto. O resultado sairá no dia 24 as
mações como: documento de linea- nhada por Marly Chagas e Claudia 20h, com publicações dos documen-
mentos éticos para musicoterapeutas Mendoza (conselho consultivo do tos no site do CLAM e facebook do
latino-americanos, atualização da CLAM). Assim, a atual presidente do CLAM e congresso.
base de dados de investigação na CLAM ficará em seu cargo até 24 de Em vista de toda a movimentação
américa latina, e a estruturação do setembro deste ano, ou até o máximo política, o único país que tinha se
projeto de livro sobre a história do de 1 de outubro. proposto a ser sede do próximo
desenvolvimento da musicoterapia na Ainda neste ano, de 23 de Julho CLAM se retirou, e novas candidatu-
américa latina. até 30 de agosto, as delegações apre- ras deverão se apresentar a partir do
Além disso, conversou-se sobre a sentarão oficialmente seus projetos e dia 1 de Outubro de 2016, para que a
política no continente e no comitê. O as pessoas envolvidas com eles, para decisão seja tomada até primeiro de
conselho deliberativo adiou as vota- todos os países participantes da vota- dezembro deste ano, no máximo.
ções para a presidência, para que se ção (Brasil, Argentina, Chile, Cuba,
conheça melhor os projetos de cada Bolívia, Colômbia e Uruguai). Poderá
Edição Especial - P. 24

ENCERRAMENTO

Tomando emprestada a metáfora


do descontraído mestre de cerimô-
nias, André Pereira Lindenberg: que
cada trabalho inspire nosso cresci-
mento conjunto, como gotas que
caem, no tempo de chover, para ali-
mentar a terra fértil das vidas sonoras
que aguardam no silêncio para germi-
nar, revelar sua presença, acrescentar
e unir sua voz às demais, porque
“sonho que se sonha junto é realida-
de”, como disse Raul Seixas, citando
Jonh Lennon. Então vamos nos citan- ar recursos internos para a profissão
Sites de referência:
do, conhecendo e dadas as mãos for- e assim construímos juntos nossa
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contribuição e recebemos o que o consolidamos e nos auxiliamos na https://enemtufmg.wordpress.com/
outro tem a oferecer, a escuta dife- prática clínica e na política que envol- sobre/

renciada que temos pode providenci- ve a existência da nossa profissão.


Edição Especial - P. 25

Reflexões a Respeito de Ser Musicoterapeuta

Para ter acesso ao texto de abertura do Congresso, realizado


pelo Dr. Diego Schapira, basta escanear o código a seguir:

Caso haja alguma dificuldade em escanear o código, acesse o link http://q-r.to/bafWDn para ter acesso ao texto em PDF.
Edição Especial - P. 26

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