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Capítulo 5 – Obras de Artes Especiais

São obras elaboradas em separado da rodovia, por pessoal, materiais, e


equipamentos diferentes. Devido a singularidade de cada caso são geralmente
resultados de projetos individuais não havendo o que chamamos de projeto tipo. O
que diferencia as pontes dos viadutos é o fato que para as pontes o importante é a
transposição do leito de um curso d’água, e para os viadutos não.
Túneis: são obras que permite a passagem subterrânea e que geralmente
envolvem grande dificuldade técnica em seu projeto e implantação o que pode
acarretar altos custos. Mesmo tendo um custo de projeto, construção e operação
muito altos, pode ser importantes para resolver problemas tais como:
 Longos e estreitos cortes onde os custos financeiros ou ambientais sejam
grandes:
 Lugares onde seja necessário guardar-se área para construção de vias
públicas, estacionamentos, ou outros equipamentos urbanos;
 Áreas de interseções largas;
 Pátios de ferrovias;
 Estacionamentos e outras áreas similares;
 Desapropriação do terreno na superfície supera o custo da construção do
túnel.
Classificação quanto ao processo construtivo: Túneis construídos pelos
métodos utilizados na mineração, onde as obras são executadas no subsolo,
preservando a superfície de quaisquer atividades, exceto as embocaduras. Túneis
construídos pelo método de escavação e reaterro, onde se retira o material
constroem-se a estrutura e reaterra-se. O grande problema deste método é a
interferência com a superfície.
Outra forma de classificarmos os túneis é de acordo com o material escavado, que
pode ser: Túneis construídos em rochas duras, que são geralmente de construção
mais fácil e, portanto, barata. Túneis construídos em solos moles, geralmente mais
caros que os construídos em rochas. Emboques: transição entre túnel e a estrada
a céu aberto. Este elemento merece atenção especial dos projetistas visto que é
um ponto importante na segurança e também é onde podem ocorrer
desmoronamentos da encosta o que pode paralisar o funcionamento da obra.
Escolha entre corte ou túnel: A escolha entre um túnel ou corte deve ser
baseada em estudos prévios, contudo simplificadamente podemos considerar que
para obras perfuradas em rochas sãs uma escavação subterrânea de grande
seção (120 m² = 3 faixas de trânsito) possui um custo aproximado por m³ que se
aproxima ao custo da escavação a céu aberto. Portanto quando a cobertura de
rocha ultrapassa de 2 a 3 vezes a largura do túnel, a perfuração é mais
conveniente do que a escavação de um corte. Outro ponto a ser considerado é
que durante sua vida útil o túnel provavelmente exigirá menos manutenção que
um corte, mas por outro lado exigirá um custo de operação, às vezes, bastante
alto.
Cortes
Vantagens: Desvantagens:
Mais barato em pequenas alturas (< 40 Maiores desapropriações;
a 50 m);
Fácil execução (Mão-de-obra e Manutenção continua, interrupções do
equipamentos normais); trânsito;
Poucas investigações preliminares. Traçado geralmente mais comprido;
Maiores danos ecológicos;
Contenções caras, quando necessárias.
Túneis
Vantagens: Desvantagens:
Desapropriações muito pequenas; Investigações preliminares mais caras;
Isento de manutenção; Mais caro com pequena cobertura;
Traçado geralmente muito menor; Muito caro em solo;
Danos ecológicos mínimos Problemas sísmicos nas cidades;
Requer mão-de-obra e equipamentos
especializados;
Alto custo de operação;
Tem custos operacionais (iluminação,
ventilação etc.);
Perigoso em caso de acidente ou
qualquer catástrofe

Escolha da seção: A largura da plataforma deve aceitar os veículos em trânsito e


os veículos que eventualmente tenham que parar por algum defeito mecânico.
Normalmente a altura adotada no Brasil é de 5,5 m, largura 3,6 m por pista + 1 m
para passarela de passagem de pedestre 1 + mínimo de 1,4 m (para eventual
ciclovia).
Escavação: Geralmente a escavação de um túnel em rocha é feita abrindo-se um
determinado número de furos na cabeceira, carregando-os com explosivos e
detonando-os numa ordem pré-determinada. A disposição e a direção dos furos, a
quantidade ou razão de carga dos explosivos e a seqüência de detonação dos
furos constituem o que se denomina "esquema de fogo", que é composto por:
pilão, alargamento e contorno. A escavação pode ser feita de duas formas:
Escavação descontinua: pode ser feita em seção plena ou parcelada,
dependendo da área do túnel, da natureza da rocha e do equipamento utilizado. O
avanço em seção plena é sempre preferível pela rapidez, mas quando a seção é
muito grande para o equipamento se faz necessário escavar o túnel em calota e
rebaixo. Equipamentos: são usados equipamentos como Jumbo ou Hydraboom,
neles os martelos manuais com avanço pneumático são utilizados unicamente
para serviços auxiliares.
Escavação continua: exige equipamentos especiais e, portanto mais caros que
os equipamentos mais comuns encontrados nas escavações descontínuas,
contudo sua especialização resulta em alta produtividade e qualidade dos
serviços. Equipamentos TBM: Embora possam ser utilizados em todos os tipos
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de rochas, suas características se sobressaem em rocha brandas, onde o TBM
escava com rapidez e economia, são constituídos basicamente por uma cabeça
cortante rotativa, um sistema de propulsão para efetuar o giro pressionando a
cabeça contra à face e uma correia para remoção do material cortado. Vantagens
e desvantagens.

Vantagens Desvantagens
Maior rapidez de escavação em rochas Custo de aquisição muito elevado;
brandas (até 3,2 m/h, média mensal);
Menor necessidade de janelas em Só pode-se escavar túneis circulares de
túneis compridos; diâmetro fixo (ou com pouca variação de
diâmetro);
A rocha do contorno permanece intacta, Em rochas duras a produção cai
freqüentemente sem necessidade de drasticamente;
escoramento e revestimento;
Não provoca abalos sísmicos de Não produz brita para agregado ou
detonações (importante em áreas enrolamento;
urbanas);
A cobertura de rocha sã acima da O tempo de utilização real varia entre 50
abóbada pode ser pequena (<0,5 x e 70%. O restante do tempo é usado em
largura do túnel) sem prejudicar a manutenção ou concertos;
estabilidade;
Quando o túnel é revestido o consumo Requer mão-de-obra muito
de concreto é até 50% menor; especializada.
O túnel é de fácil manutenção, nenhuma
rocha solta (choco);
Melhores condições de trabalho
(nenhum gás de detonação, pequeno
risco de queda de blocos).

Escoramento e revestimento: Existem várias formas de serem feitos estes


escoramentos. Atirantamento: Quando a rocha encontra-se sã, mas fraturada a
estabilização pode ser obtida com tirantes. Os tirantes são elementos onde existe
uma placa com porca, uma haste de aço, e um sistema de ancoragem no fundo do
furo. Após a fixação do sistema de ancoragem, a porca é apertada e com isso o
tirante é protendido. Concreto Projetado: Caso a rocha do maciço seja muito
fraturada a ponto de poder causar desprendimento de blocos entre os tirantes,
esta é a melhor opção. Aplicado através de projeção sobre a superfície da rocha
com auxílio de bombas pneumáticas ou automáticas. São aplicadas várias de mão
do concreto aditivado, que possuirão espessura média de 5 cm. Cambotas: A
utilização de cambota é preferida quando a obra for executada em solo ou em
rocha alterada, não sendo possível o uso de tirantes ou projeção de concreto. As
cambotas nada mais são do que perfis metálicos padronizados, com seção em I
ou H. Concreto Estrutural: O concreto estrutural é a opção geralmente utilizada
no início dos emboques ou nas áreas onde foram utilizadas as cambotas, sendo
aplicado com o auxílio formas moveis ou telescópicas. Esta é uma opção cara e
demorada.
Serviços auxiliares: Ventilação: Um sistema de ventilação que retire os gases
provenientes das explosões dos motores deve ser implantado sempre que o túnel
alcançar comprimentos superiores a 80 ou 100 metros. Ar comprimido: Uma
rede de ar comprimido é instalada de forma a atender a todos os equipamentos
que dela se utilizem tais como perfuratrizes, equipamento para concreto estrutural
e projetado, bombas pneumáticas, etc. Iluminação: Para permitir o trabalho as
galerias são sempre iluminadas artificialmente a uma razão de 10 W por metro de
túnel. É importante a existência de um gerador de emergência para a garantia do
fornecimento do serviço. Drenagem: A água que aparece devido a percolação por
entre o maciço é retirada preferencialmente por gravidade e valetas localizadas
nas laterais do túnel. Caso isto não seja possível devem ser abertos poços de
acumulação de onde haverá o bombeamento para fora. Rede Elétrica: A
distribuição da energia elétrica deve ser feita por meio de cabos blindados que
alimentarão transformadores dispostos adequadamente. Água industrial: Na
perfuração de túneis, devido às dificuldades na dissipação do pó, é necessário
que os equipamentos não funcionem a seco. Assim o abastecimento adequado e
constante de água deve ser garantido por caixas de água oportunamente
localizada acima do túnel e tubulações de distribuição. Topografia: O
levantamento topográfico, como no resto das estradas, deve fornecer as
coordenadas e elevação de pontos localizados ao longo do eixo a cada estaca,
assim como nos pontos onde haja alguma mudança de direção.
Revestimentos: Após o escoramento e revestimento iniciais pode-se executar os
serviços definitivos de revestimento que irão garantir a estabilidade e melhorar a
estética final da obra. Para tanto se pode revestir o interior do túnel ou mesmo
deixá-lo com rocha aparente, o que não é problema se a rocha for sã. O
revestimento com cores claras permite maior economia na iluminação e a
utilização de cores claras nas paredes e abóbada escura desperta menos angústia
em pessoas claustrófobas.
Instalações complementares: Após a conclusão das obras restam ainda os
seguintes serviços para a entrega da obra: sinalização, iluminação, ventilação,
telefonia de emergência, sistemas antiicendio, postos de socorro, sistema interno
de televisão, estação de controle situada anexo ao túnel.
Ponte e viadultos: Pontes são estruturas utilizadas para vencer vãos que
contém água. Viadutos embora sejam estruturas similares às pontes vencem vãos
que a princípio não possuem água. Destas definições podemos verificar que não
existe diferença estrutural substancial entre ambas. A grande diferença que pode
ocorrer é a dificuldade construtiva de acesso à obra que existe nas pontes.
Tipos básicos de estruturas de transposição: Estrutura em viga: o esforço
predominante sofrido é a tração. Como os materiais naturais resistem pouco à
tração esta opção historicamente sempre serviu como restrição ao comprimento
da transposição visto que o aumento do comprimento da viga representa num
acréscimo substancial em seu peso próprio, o que aumenta mais ainda os
esforços de tração que ocorrem nas fibras inferiores. Apesar do exposto, esta é a
solução mais adotada atualmente para pontes projetadas para vencer pequenos
ou médios vãos, já que existem materiais como o aço e técnicas como o concreto
armado, concreto protendido e treliças que ajudam a vencer estas restrições.
Estrutura em arco: utilizam-se melhor das características que os materiais
naturais tem de suportar melhor à compressão. A forma em arco permite que os
esforços de flexão sejam transferidos para o arco e atuem como esforços de
compressão. A vantagem dos arcos é que os esforços são de compressão, e os
materiais naturais como pedra e madeira, geralmente resistem bem a estes
esforços. Estrutura Suspensa: Estruturas suspensas são aquelas onde a
plataforma de rolagem é suportada por algum tipo de estaiamento, o que
representa que os esforços predominantes são os de tração. São obras com baixo
peso próprio o que auxilia a serem uma forte opção quando se necessita vencer
grandes vãos. Dois são os tipos básicos das estruturas de pontes suspensas, as
que nos apresentam as pontes pênsil e as pontes estaiadas.
Materiais utilizados na construção de pontes e viadutos: Madeira: É um
material barato, de fácil aquisição e manipulação o que faz com que seja utilizado
até hoje em obras pequenas e cargas geralmente não muito grandes. Sua
durabilidade é que deixa a desejar, mas como as tarefas de conserto e
substituição de peças são fáceis e rápidas este não é o maior dos problemas.
Alvenaria de pedra: Este material começou a ser usado com as pontes em arco
que se utilizam da grande virtude das pedras, a capacidade de suportar grandes
cargas em esforços de compressão. Com o uso deste material as obras são
pesadas e duradouras. Seu uso caiu em declineo com o advento do concreto.
Como seu peso aumenta substancialmente com o aumento do vão existe uma
restrição ao seu tamanho já que seu peso a tornaria inviável. Metálicas: A
utilização do ferro e do aço permitiu a construção de obras muito mais leves,
delgadas, com maiores vãos e possibilidades plásticas, principalmente quando
utilizado em treliças. Com o aço são feitos os estais das pontes suspensas. Outra
grande vantagem é que seu custo é baixo e pode ser utilizado de forma pré-
fabricada, agilizando a obra. Concreto Armado: possuem ainda restrições quanto
ao comprimento das peças que sofrem esforços de tração. São, pelo menos no
Brasil, a evolução natural das pontes de madeiras quando de pretende vencer
pequenos vãos. Concreto Protendido: aos projetistas criarem obras esbeltas e
capacidade de vencer grandes vãos sem abrir mão da capacidade de criar obras
criativas e bonitas. Esta técnica é bastante utilizada para vencer médios vãos.
Estruturas em treliças: O uso da madeira e do aço permitiu a utilização da
técnica de construção de estruturas com treliças que são esbeltas, belas, leves e
resistentes. Na pratica, existem várias estruturas utilizadas, tais como tráfego
dentro da treliça, em cima ou em baixo da treliça.
Sistemas de operação: podem ser fixas ou móveis (levadiças ou elevatórias). As
pontes fixas são aquelas construídas quando é possível a construção de uma
estrutura bastante alta com relação ao nível da água, se for o caso de se permitir a
passagem de embarcações sob elas. Também podem ser construídas quando não
há fluxo de embarcações. As pontes móveis permitem que parte da estrutura da
ponte seja removida temporariamente permitindo o livre fluxo de embarcações
quando não há altura suficiente para se passar sob elas. Este tipo de ponte pode
ser classificada em pontes elevatórias, quando o tabuleiro sob horizontalmente, e
pontes elevadiças quando o tabuleiro é flexionado.
Galerias: São Obras de Arte Especiais que permitem a passagem de águas sob a
via com vazão superior à dos bueiros, mas inferior à das pontes. Possuem seções
transversais com formatos quadrados ou retangulares, no caso dos construídos
em concreto armado e circulares ou elípticos quando feitos em aço. Podem
possuir seções simples, duplas ou triplas.
Passarelas: Sua disposição deve ser muito bem estudada a fim de se otimizar
seu uso. Geralmente são necessárias obras complementares como cercas, por
exemplo, que impeçam as travessias não autorizadas no entorno da obra, já que
as pessoas, mesmo pondo suas vidas em perigo, muitas vezes preferem
atravessar vias com tráfego intenso a se deslocar por mais alguns metros. Podem
ser superiores ou inferiores.
Muros de Arrimo: Muros de arrimo são Obras de Arte Especiais, normalmente
bastante caras, projetadas para garantir a estabilidade de taludes e a segurança
de vias e usuários. Estas obras exigem projetos especiais elaborados
especificamente para cada situação com o uso de técnicas tradicionais ou mais
modernas.

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