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os Sermões Perdidos de
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C. H. Spurgeon
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Seus Primeiros Esboços e Sermões
Entre 1851 e 1854 Vol.1
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bvbooks
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À crescente geração de pastores, acadêmicos, estudiosos e todos a
quem Spurgeon – apesar de já falecido – ainda fala
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SUMÁRIO
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Prefácio ................................................................................ xi
Prefácio do editor............................................................................ xiv
Agradecimentos............................................................................. xxii
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Lista de abreviações ................................................................... xxvii
Linha do tempo 1800-1910........................................................... xxix
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PARTE 1: Introdução......................................................................................1
Um homem fruto de seu próprio tempo........................................... 9
Um homem antiquado para o seu próprio tempo ......................... 15
Os Sermões Perdidos....................................................................... 21
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Fontes e métodos............................................................................. 28
Análise do Sermão: Caderno 1 (sermões 1-77)............................... 33
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SUMÁRIO
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Sermão 21 Fazendo pouco caso de Cristo – Mt 22:5............ 173
Sermão 22 Cristo é tudo – Cl 3:11........................................ 179
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Sermão 23 Preciosa fé – 2 Pe 1:1.......................................... 183
Sermão 24 Salvação em Deus somente – Jr 3:23................ 187
Sermão 25 O povo peculiar – Dt 14:2................................... 193
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Sermão 26 Os que desprezam são alertados – Pv 29:1....... 197
Sermão 27 A renúncia de Paulo – Fp 3:9 ............................ 201
Sermão 28 Os preparativos do céu – Jo 14:2 ...................... 205
Sermão 29
Sermão 30
Sermão 31
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Começando por Jerusalém – Lc 24:47 .............. 209
Salvação da fome – Pv 10:3................................ 215
Ignorância: seus males – Pv 19:2 ...................... 219
Sermão 32 Os caminhos errados – Pv 14:12 ....................... 223
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Sermão 33 Salvação do pecado – Mt 1:21............................ 227
Sermão 34 O Cordeiro e o Leão unidos – Ap 5:5-6.............. 231
Sermão 35 A vereda dos justos – Pv 4:18............................. 235
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SUMÁRIO
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Sermão 56 Deus glorificado nos salvos – Gl 1:24 ................ 345
Sermão 57 A aflição de Acaz – 2 Cr 28:22 ........................... 351
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Sermão 58 A oferta dos homens sábios – Mt 2:11 .............. 357
Sermão 59 A primeira promessa-Gn 3:15 ........................... 367
Sermão 60 A paz de Deus – Fp 4:7....................................... 371
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Sermão 61 O aprimoramento dos
nossos talentos – Mt 25:19................................. 377
Sermão 62 Deus, o Guia de seus santos – Sl 73:24............. 383
Sermão 63
Sermão 64
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A tristeza do Getsêmani – Mt 26:38.................. 389
A parábola da semente má e da
semente boa – Mt 13:25...................................... 395
Sermão 65 Não confie no coração – Pv 28:26....................... 401
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Sermão 66 Josias – 2 Rs 22:2................................................ 405
Sermão 67 Escandalizando os pequeninos
de Deus – Mc 9:42............................................... 409
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PREFÁCIO
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m 1856, Elias Lyman Magoon, pastor da Igreja Batista de Oliver
Street, em Nova Iorque, publicou uma coleção de sermões de Charles
Haddon Spurgeon. Magoon havia visitado a Grã-Bretanha na década
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anterior e continuou a receber jornais do Reino Unido. Fora autor de dois li-
vros sobre grandes realizações oratórias no passado e no presente. O pastor
de Nova Iorque ficou, portanto, fascinado ao descobrir que um jovem prega-
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dor de sua própria denominação havia se tornado um fenômeno em Londres.
Spurgeon, embora fosse apenas um adolescente quando aceitou o púlpito da
Capela Batista da rua New Park, no bairro de Southwark, em 1854, tornou-
-se o assunto da capital britânica. Sua capela lotava em todos os domingos,
os cultos que ministrava eram procurados por toda a cidade, e seus sermões
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eram publicados em abundância pela imprensa. Magoon decidiu publicar
uma amostra nos Estados Unidos. Spurgeon, segundo o americano, era “tão
original em suas ideias, quanto desenvolto em sua expressão”.1 Ao longo dos
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anos, até sua morte em 1892, Spurgeon provou ser o maior pregador do sé-
culo. Qual seria, questionou-se Magoon, o motivo de tamanha influência?
Em primeiro lugar, explicou, havia a inteligência de Spurgeon. A ha-
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1 E. L. Magoon, The Modern Whitfield: Sermons of the Rev. C. H. Spurgeon, of London, with an
Introduction and Sketch of His Life. Nova Iorque: Sheldon, Blakeman, & Co., 1856.
2 C. H. Spurgeon, John Ploughman’s Talk. Londres: Passmore & Alabaster, 1868, p. 177.
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PREFÁCIO
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pregadores. Estava disposto a compartilhar seus pensamentos, expressan-
do opiniões sólidas que divergiam das visões predominantes da época. Ele
era produto da Ânglia Oriental rural, desafiando alegremente os valores da
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capital onde pregava. “Via de regra,” Spurgeon dizia aos alunos da faculda-
de que fundara, “odeio os modismos da sociedade e detesto convencionalida-
des.”5 O pregador repudiava a noção de que os ministros deveriam pertencer
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a uma classe refinada, distinta do povo comum. Seus alunos eram obriga-
dos a morar nos lares de membros comuns da igreja, em vez de conviverem
em uma habitação estudantil coletiva, para que não se tornassem presunço-
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sos em julgarem-se parte de uma classe separada de homens. A ideia vito-
riana de um cavalheiro, detentor de um estilo de vida refinado e superior ao
de seus companheiros, era anátema para ele. Contra o modelo do cavalheiro,
Spurgeon estabeleceu a imagem de um homem. “Não raro, apenas um den-
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tre doze homens no púlpito”, queixou-se, “fala, de fato, como um homem”. 6
Essa qualidade trouxe-lhe condenação em muitos lugares, mas atraiu suas
congregações.
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3 Matthew Arnold, Culture and Anarchy, ed. J. Dover Wilson. Cambridge: Cambridge University Press,
1935, p. 173.
4 Magoon, Modern Whitfield, xix.
5 C. H. Spurgeon, Lectures to My Students. Londres: Marshall, Morgan & Scott, 1954, p. 21.
6 Ibid., p. 111.
7 Magoon, Modern Whitfield, xxxi.
8 Ibid.
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PREFÁCIO
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mitirão ao leitor compreender a mente em desenvolvimento de Spurgeon. É
mostrado neste primeiro volume, por exemplo, que 44% de seus primeiros
textos tiveram base no Antigo Testamento. Ao comparar tais números com
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uma amostra de sermões evangélicos americanos no século XXI, quando
apenas 31% são baseados em textos do Antigo Testamento, temos algo em
que refletir.10 Talvez Spurgeon estivesse mais familiarizado com a comple-
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tude de sua Bíblia do que muitos pregadores de tempos posteriores. O edi-
tor, Christian George, como curador da biblioteca de Spurgeon no Seminário
Teológico Batista do Meio-Oeste, é excepcionalmente qualificado para a ta-
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refa, pois dispõe de muitos volumes do próprio pregador aos seus cuidados.
Magoon imaginou-se dizendo a Spurgeon que através de sua seleção de ser-
mões publicados nos Estados Unidos, o pregador inglês “logo... seria lido...
desde o Atlântico Leste até o grande Pacífico do Oeste.”11 Agora, os primeiros
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esboços de Spurgeon estarão disponíveis para o mesmo público – e para um
ainda mais amplo.
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DAVID BEBBINGTON
Agosto de 2016
Universidade de Stirling
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PREFÁCIO DO EDITOR
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m 1859, um ministro americano chamado “Rev. H.” viajou para
Londres com o objetivo de conhecer o famoso pastor da capela da
rua New Park. Quando Spurgeon descobriu que seu convidado era
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do Alabama, sua “cordialidade diminuiu consideravelmente.” Uma viagem
de seis meses pregando pelos Estados Unidos aceleraria a construção do
Tabernáculo Metropolitano, mas poderiam os sulistas tolerar o posiciona-
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mento de Spurgeon contra a escravidão? Quando questionou seu convidado
a respeito do assunto, o cidadão do Alabama lhe disse que “seria melhor não
adotar tal conduta.”1
O conselho pode ter salvado a vida de Spurgeon. No mesmo ano, S. A.
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Corey, pastor da Igreja Batista da rua 18 em Nova York, convidou o jovem
de vinte e quatro anos para pregar no teatro lírico Academy of Music pelo
valor de dez mil dólares.2 A notícia da visita de Spurgeon foi recebida com
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cionista inglês”5 reunindo-se no pátio da prisão local para queimar seus “li-
vros perigosos”6:
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Reporter and Daily Commercial Courier. 10 de abril de 1860). Fontes americanas afirmam que a data
mais provável seria dia 17 de fevereiro (Book Burning. Pomeroy Weekly Telegraph. 13 de março de 1860).
5 A citação inteira é: “Um cavalheiro desta cidade nos pede para convidar, e por meio desta convidamos,
todas as pessoas em Montgomery que possuam cópias dos sermões do notório abolicionista inglês,
Spurgeon, a enviá-los para o pátio da prisão a fim de serem queimados na próxima sexta-feira (desta
semana). Há também uma lista de contribuição para a compra de todas as cópias dos ditos sermões agora
disponíveis nas lojas de nossos livreiros, para que sejam queimadas na mesma ocasião (Montgomery Mail.
Spurgeon’s Sermons – a Bonfire. Nashville Patriot. 15 de março de 1860). Ver também The Barbarism
of Slavery. The Cleveland Morning Leader, 3 de julho de 1860; e Randolph County Journal, 5 de julho
de 1860). A queima dos sermões de Spurgeon em Montgomery suscitou respostas cáusticas nos estados
do norte, como a de Poughkeepsie Eagle em Nova Iorque: “Haverá – a não ser que cesse em breve esse
fanatismo – uma grande fogueira onde haverá de ser queimado um outro Livro, do qual há certa circulação
no sul, e o qual declara que é dever de todo homem ‘permitir ao oprimido ir livre’”. 8 de março de 1860.
6 Para um relato mais detalhado sobre a queima dos sermões de Spurgeon em Montgomery, Alabama, ver
Burning Spurgeon’s Sermons, The Burlington Free Press, 30 de março de 1860.
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PREFÁCIO DO EDITOR
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na depois, o Sr. B. B. Davis, dono de uma livraria, preparou “uma grande fo-
gueira com gravetos de pinheiro” antes de reduzir cerca de sessenta volumes
de sermões de Spurgeon “a fumaça e cinzas.”9 Os jornais britânicos observa-
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ram com sarcasmo que os Estados Unidos tinham dado a Spurgeon caloro-
sas boas-vindas, “uma recepção literalmente radiante.”10
Fogueiras anti-Spurgeon iluminavam pátios, livrarias e tribunais em
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todos os estados sulistas. Em Virgínia, o Sr. Humphrey H. Kuber, um pre-
gador batista e “cidadão altamente respeitável” do Condado de Matthews,
queimou sete volumes de sermões de Spurgeon em capa de couro “no fun-
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do de um barril de farinha.”11 O ateamento de fogo foi assistido por “muitos
cidadãos da mais alta posição”.12 Na Carolina do Norte, o famoso sermão
de Spurgeon “Converta-se ou Queime”13 encontrou um destino semelhan-
te quando um tal Sr. Punch “converteu-o em cinzas ao queimá-lo por intei-
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ro.”14 Em 1860, pastores proprietários de escravos “espumavam de ira por
não poderem colocar as mãos no jovem Spurgeon”.15 Sua vida foi ameaçada,
seus livros queimados, seus sermões censurados,16 e abaixo da divisa dos
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7 Mr. Spurgeon’s Sermons Burned by American Slaveowners. Ver também The Morning Advertiser, 2 de
abril de 1860. Há uma afirmação similar emu ma carta de um ministro da Virgínia, James B. Taylor:
“Admiro-me que a terra não tenha se aberto e engolido Spurgeon. É uma pena que aquela corda do sul
não esteja ao redor de sua garganta eloquente!” Review of a Letter from Rev. Jas. B. Taylor, Richmond,
The Liberator. 6 de julho de 1860, p. 108.
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11 Para uma versão mais acurada deste relato, ver Mr. Spurgeon’s Sermons: Why They Were Burned by
Virginians, The New York Times, 9 de julho de 1860.
12 Virginia News, Alexandria Gazette and Virginia Advertiser, 22 de junho de 1860. Ver também Burning
Spurgeon, Richmond Dispatch, 5 de junho de 1860, e Brooklyn Evening Star, 22 de junho de 1860.
13 Spurgeon pregou o sermão Turn or Burn (PRNP 2, Sermão 106) em 7 de dezembro de 1856.
14 Our Politeness Exceeds His Beauty, North Carolina Christian Advocate, 10 de julho de 1857.
15 Espionage in the South, The Liberator, 4 de maio de 1860.
16 As reportagens a seguir sugerem que a censura aos sermões de Spurgeon foi amplamente divulgada
pelos jornais americanos: “Beecher apontou que a edição americana dos sermões de Spurgeon não
contém seu posicionamento a respeito da escravidão como contém a edição inglesa. Foi feita uma
comparação entre as duas edições e o apontamento é inequívoco.” (Spurgeon Purged, Ashtabula Weekly
Telegraph, 26 de novembro de 1859). Em abril do ano seguinte, o jornal reportou que “graves acusações
foram feitas a respeito de interpolações e modificações na edição americana de seus sermões, para fins
de adequação aos escrúpulos americanos e para garantir os rendimentos de seu trabalho”. 14 de abril de
1860. Ver também Ex- Spurgeon, Ohio State Journal, 29 de novembro de 1859.
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PREFÁCIO DO EDITOR
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ser preso e acusado de “disseminar publicações incendiárias”.23
Os batistas do sul estão entre os principais antagonistas de Spurgeon.
24
O jornal Batista de Mississippi esperava que “nenhum batista do sul ad-
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quirisse qualquer um dos livros incendiários.”25 Os colportores batistas da
Virgínia foram forçados a devolver todas as cópias de seus sermões à edi-
tora. 26 O Batista do Alabama e o Batista do Mississippi diziam que “tira-
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riam-lhe o couro”.27 O Batista do Sudoeste e outros jornais denominacionais
levariam a “criança mimada à devida punição.”28
Em meio a tamanho caos, Spurgeon tentou publicar vários cader-
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nos de sermões do início de seu ministério. Contudo, a promessa aos seus
leitores, feita em 1857, não seria cumprida devido às dificultosas circuns-
tâncias da vida em Londres. Que poético fora, portanto, que 157 anos após
O Patriota De Nashville ter caluniado Spurgeon por seu “espírito intro-
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metido”29, uma editora de Nashville completasse a tarefa que ele falhara
em realizar. Quão acertado é que os primeiros sermões de Spurgeon sejam
publicados não por Passmore & Alabaster em Londres, mas por america-
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17 A Southern Opinion of the Rev. Mr. Spurgeon, The New York Herald, 1 de março de 1860.
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Georgia, admitindo que “nosso relacionamento com os afro-americanos foi prejudicado desde o início,
devido ao papel que a escravidão teve na formação da Convenção Batista do Sul,” e “Muitos dos nossos
batistas do sul toleraram e defenderam o direito à posse de escravos, e até mesmo participaram,
apoiaram ou aquiesceram com a natureza particularmente desumana da escravidão americana.” A
resolução também afirmava que eles “firmemente condenam o racism, em todas as suas formas, como
um pecado deplorável.” (Resolution on Racial Reconciliation on the 150th Anniversary of the Southern
Baptist Convention”, 1995. Último acesso em 18 de maio de 2016 <www.sbc.net/resolutions/899/
resolution-on-racial-reconciliation-on-the-150th-anniversary-of-the-southern-baptist- convention>.
25 The Weekly Mississippian, 14 de março de 1860.
26 Spurgeon Repudiated, Newbern Weekly Progress, 20 de março de 1860. Ver também Spurgeon Rejected
in Virginia, Cincinnati Daily Press, 28 de março de 1860.
27 Prof. J. M. Pendleton of Union University, Tenn., and the Slavery Question, The Mississippian, 4 de
abril de 1860.
28 Mr. Spurgeon, The Edgefield Advertiser, 22 de fevereiro de 1860.
29 Spurgeon’s Sermons – a Bonfire, Daily Nashville Patriot, 15 de março de 1860.
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PREFÁCIO DO EDITOR
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namento pela justiça social, seu amor pelos marginalizados e seu compro-
misso com a ortodoxia Bíblica.
A linguagem de Spurgeon nem sempre é teologicamente precisa. Às
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vezes, sua retórica colorida, alegórica e experimental torna as observações
acadêmicas desafiadoras. No entanto, Spurgeon não era um teólogo no sen-
tido sistemático e nunca afirmou sê-lo. Ele era um pregador. E, como tal, sua
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preocupação final não era elaborar manuscritos perfeitos – embora gastas-
se muito tempo revisando seus sermões para publicação. Sua maior preo-
cupação era, como sugeria seu famoso título, tornar-se um Conquistador de
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Almas. Com a pena e o púlpito, Spurgeon devotou suas habilidades literá-
rias e intelectuais a serviço da igreja. O seu dom extraordinário de apresen-
tar ideias complexas no vernáculo da classe trabalhadora o distinguia de
muitos dos seus contemporâneos e dava-lhe audiências
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A pregação de Spurgeon não emergiu nas torres de marfim de
Cambridge, mas nas humildes aldeias que a rodeavam. Ele estava mais
preocupado em alimentar ovelhas do que girafas. 30
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30 “Devemos pregar de acordo com a capacidade de nossos ouvintes. O Senhor Jesus não disse: ‘Apascenta
minhas girafas’, mas ‘Apascenta minhas ovelhas’. Nunca devemos colocar a forragem no alto com nossa
linguagem refinada, mas usar de simplicidade em nosso discurso.” C.H. Spurgeon, The Salt-Cellars:
Being a Collection of Proverbs, Together with Homely Notes Thereon. Nova Iorque: A. C. Armstrong
and Son, 1889, p. 56; “Alguns irmãos colocam o alimento em m nível tão alto, que as pobres ovelhas
não conseguem se alimentar. Quando ouço nossos eloquentes amigos, os imagino pensando que o nosso
Senhor tenha dito: ‘Apascenta minhas girafas.’ Somente girafas poderiam alcançar um alimento colocado
em tão alto nível. Cristo diz: ‘Apascenta minhas ovelhas”, coloque o alimento entre elas, coloque-o junto
delas.” (PTM 56, p. 406).
31 Christian George, Raising Spurgeon from the Dead, Desiring God, 5 de dezembro de 2015. Último
acesso em 18 de maio de 2016. <http://www.desiringgod.com/articles/raising-spurgeon-from-the-dead>.
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PREFÁCIO DO EDITOR
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o nosso conhecimento acerca de determinado assunto ou pessoa. Em 2011,
somente um punhado de estudantes de doutorado, no mundo inteiro, esta-
vam escrevendo sobre Spurgeon. Hoje, cerca de duas dúzias estão entrando
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nesse campo de estudo. Ainda há muito trabalho a ser feito. Cavernas inex-
ploradas repletas de recursos aguardam exploração. Minha esperança é que
a publicação dos sermões perdidos de Spurgeon inspire gerações futuras de
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acadêmicos a minerar os tesouros teológicos ainda inexplorados.
Tenho também esperança de que este projeto promova um revigorado
senso de unidade, de missão e de testemunho cristãos entre todo o evange-
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licalismo. O recente crescimento do interesse por Spurgeon pode e deve ser
usado para benefício do Reino. Spurgeon pode se tornar um agente de cura.
Todos podem reivindicá-lo, independentemente de linha teológica ou cam-
po de estudo, e assim o fazem. O apelo de Spurgeon estende-se não somente
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através das barreiras denominacionais, mas também por toda a amplitude
da tradição evangélica.
Com a vindoura acessibilidade dos sermões de Spurgeon no site re-
O
como testemunhas perante o mundo em celebração pelo que Deus tem reali-
zado na história. Quem poderá saber? Talvez, tenha sido por esta razão que
os sermões foram perdidos no século XIX e encontrados no século XXI.
Em 1860, um artigo intitulado “O Sr. Spurgeon e os Americanos
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PREFÁCIO DO EDITOR
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nomeadas em homenagem ao Tabernáculo Metropolitano de Spurgeon,
como a Igreja Batista Capitol Hill, de Mark Dever, em Washington, DC, que
originalmente chamava-se “Igreja Batista Metropolitana”.36 Batistas do sul,
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como John A. Broadus, fundador do Seminário Batista do Sul em Louisville,
Kentucky, reuniram-se como um rebanho na região de Elephant & Castle
para ouvir a pregação de Spurgeon. Depois de sua visita em 1891, Broadus
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disse: “a coisa toda – o lugar, a congregação, a ordem, a adoração, a pregação
– estava tão perto do meu ideal quanto acredito que verei nesta vida.”37 Em
junho de 1884, a faculdade do seminário escreveu uma carta coletiva de re-
comendação a Spurgeon: IO
Agradecemos a Deus por tudo o que Ele te fez ser e, por sua gra-
ça, permitiu que te tornasses e alcançasses. Regozijamo-nos pelo
seu grande e maravilhoso trabalho como pastor e pregador, tam-
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bém pelo orfanato e pela Universidade do Pastor [sic]; alegramo-
-nos ainda nos seus numerosos escritos, repletos de fulgurante
inventividade, tão cheios do espírito do evangelho. E agora, hon-
O
35 Carl. F. H. Henry, citado em Lewis Drummond, Spurgeon: Prince of Preachers (3a ed.; Grand Rapids,
MI: Kregel, 1992), p. 11.
36 Ver Timothy George, Puritans on the Potomac, First Things, 2 de maio de 2016. Último acesso em 18 de
maio de 2016.
37 A. T. Robertson, Life and Letters of John Albert Broadus. Philadelphia: American Baptist Publication
Society, 1910, p. 243.
38 Ibid., 342.
39 Essas duas citações foram retiradas do discurso de B. H. Carroll, em 1892, The Death of Spurgeon (J. B.
Cranfill, comp., Sermons and Life Sketch of B. H. Carroll. Philadelphia: American Baptist Publication
Society, 1895. p. 25, 44).
xix
PREFÁCIO DO EDITOR
L
fora “o maior pregador que já existiu.” E acrescentou: “Quando eu chegar ao
céu, depois de ver o Salvador e minha querida família, quero ver Charles
Haddon Spurgeon.”42 Billy Graham aplaudiu Spurgeon por ser “um prega-
A
dor que exaltou a Cristo – eternamente.”43
Charles Spurgeon chegou aos Estados Unidos. Através das rotações
de mil engrenagens da graça, seus primeiros sermões atravessaram um sé-
N
culo e um oceano para serem lidos por novos públicos. Semelhante a Abel,
que “depois de morto, ainda fala” (Hb 11:4 BKJ 1611), Spurgeon ainda
tem algo a dizer. “Eu lançaria a minha sombra através de eras eternas se
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pudesse,”44 declarou certa vez. E, de fato, sua sombra estendeu-se à nos-
sa era. Poucos pregadores são mencionados, transformados em memes, tui-
tados e citados (ou citados equivocadamente) com tanta frequência quanto
Spurgeon. Os historiadores do futuro terão razão em enxergar a publicação
C
de seus Sermões Perdidos como pertencente a uma narrativa extraordinária
e inesperada de redenção.
A publicação destes sermões atingirá seu pleno potencial quando guiar
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os leitores não apenas até Spurgeon, mas por Spurgeon até Jesus Cristo.
À medida que as palavras de João Batista se tornarem nossas, “[Cristo] deve
crescer, mas eu devo diminuir” (Jo 3:30 BKJ 1611), e à medida que os ser-
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40 Crerar Douglas, Autobiography of Augustus Hopkins Strong. Valley Forge, PA: Judson Press, 1981, p.
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xx
PREFÁCIO DO EDITOR
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Christian T. George
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Professor Assistente de Teologia Histórica
Curador da Biblioteca de Spurgeon do Seminário Teológico
Batista do Meio-Oeste
Kansas, Missouri
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47 Helmut Thielicke, Encounter with Spurgeon (trad. John W. Doberstein). Stuttgart, Alemanha: Quell-
Verlag, 1961, p. 4.
xxi
AGRADECIMENTOS
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o longo dos últimos sete anos, fiquei em dívida com numerosos indi-
víduos que emprestaram tempo e talento para a formação e publica-
ção deste projeto:
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David Bebbington se interessou por este projeto desde o início, e
sou grato pela forma encorajadora como ele cuidou desses sermões. Steve
Holmes, meu supervisor de doutorado na Universidade de St. Andrews, tam-
IO
bém contribuiu com oportunos conselhos e orientações ao longo dos anos.
Tom Wright, Ian Randall, Mark Elliot e Ian Bradley foram fundamentais no
aperfeiçoamento da minha escrita e no aprimoramento dos meus pensamen-
tos sobre a Cristologia de Spurgeon. Timothy Larson, Brian Stanley, Mark
C
Hopkins, Michael Haykin e Tom Nettles ampliaram minha compreensão do
evangelicalismo do século XIX de maneiras que beneficiaram diretamente
este volume atual.
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xxii
AGRADECIMENTOS
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Whitlock, do Reitor Stan Norman e do Diretor Mark McClellan. Meus co-
legas da Universidade de Teologia Herschel H. Hobbs e de outros departa-
mentos ofereceram úteis comentários sobre a edição inicial e a organização
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dos sermões. Também sou grato pelos assistentes de pesquisa que oferece-
ram seu tempo para me ajudar na proposta original: Cara Cliburn Allen,
Justine Kirby Aliff, Kasey Chapman, Raliegh White, e Christina Perry.
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Durante o meu último semestre em Shawnee, Oklahoma, Jim Baird,
vice-presidente da B&H Academic, manifestou interesse em publicar estes
sermões. Não me escapam o entusiasmo de Jim, seu compromisso com as
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publicações cristãs e sua coragem para realizar um projeto de um milhão
de palavras. Ele e sua competente equipe em Nashville estão em comuni-
cação direta com o editor original de Spurgeon em Londres, Passmore &
Alabaster, que teria publicado esses sermões em 1857-1858 se Spurgeon ti-
C
vesse completado seu processo de edição. Um agradecimento especial para
Chris Thompson, Dave Schroeder, Mike Cooper, Audrey Greeson, Jade
Novak, Chris Stewart, Steve Reynolds, India Harkless, Debbie Carter,
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Judi Hayes, Lesley Paterson-Marx, Jason Jones, Ryan Camp, Roy Roper e
Jennifer Day por darem forma ao projeto até agora. Também sou grato por
Trevin Wax, Chris Martin e Brandon Smith. Tenho profunda gratidão pelo
meu agente literário, Greg Johnson, um amigo e companheiro na obra.
M
xxiii
AGRADECIMENTOS
L
a edição destes sermões. Sou grato por Jared, pelas “cabecinhas pensantes”
que se juntaram às nossas discussões semanais e por todos aqueles associa-
dos à Biblioteca de Spurgeon. Aprecio a vida de Brian Albert, David Conte,
A
dos assistentes de pesquisa Ronni Kurtz, Adam Sanders, Tyler Sykora e
Phillip Ort, adições recentes, mas essenciais, que superaram abnegadamen-
te o chamado do dever e sem os quais eu não poderia ter concluído o presente
N
volume no prazo. Sou grato também pela equipe de Acadêmicos do Spurgeon
que trabalhou em alguma medida no projeto: Allyson Todd, Cody Barnhart,
Colton Strother, Austin Burgard, Gabriel Pech e Jordan Wade. Agradeço
IO
também a Chad McDonald, meu pastor na Igreja Batista de Lenexa, cujos ser-
mões raramente sofriam a ausência de uma comovente citação de Spurgeon.
Durante a minha pesquisa em Oxford, Cambridge e Londres em no-
vembro e dezembro de 2014, os seguintes bibliotecários ofereceram-me a sua
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experiência:
• Emily Burgoyne, assistente bibliotecária, Biblioteca e Acervo Angus,
Universidade de Regent Park, Universidade de Oxford;
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AGRADECIMENTOS
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Também sou grato por Stephen McCaskell, cujo documentário Através dos
Olhos de Spurgeon (www.throughtheeyesofspurgeon.com) permanece ven-
cedor, e Jeff Landon, que advoga por Spurgeon através do site www.mis-
A
sionalwear.com. Este projeto também encontrou apoio naqueles que estão
histórica e até biologicamente conectados a Spurgeon. Sou grato a Darren
Newman e a Mary McLean, residentes atuais da casa de Teversham, onde
N
Spurgeon pregou seu primeiro sermão; a Martin Ensell, pastor da Capela
Waterbeach, e sua esposa, Angela, por sua hospitalidade; e também a Peter
Masters, pastor sênior do Tabernáculo Metropolitano. Sinto-me honrado por
IO
conhecer os descendentes vivos de Spurgeon: David Spurgeon (bisneto), que
conheci pouco antes da sua morte, em 2015. Sua esposa, Hilary, e seus dois
filhos, Susie (junto ao seu marido, Tim, e filhos, Jonah, Lily, Juliet e Ezra)
e Richard (junto à sua esposa, Karen, e filha, Hannah), tornaram-se família
para mim.
C
Eu gostaria especialmente de agradecer ao meu pai, que primeiro me
inspirou a ler Spurgeon em uma peregrinação à Inglaterra, e que continua
O
ção para nós desde o início e seriam necessários parágrafos adicionais para
agradecê-los por tudo o que fizeram. Hannah e Jerry (e Luke e Caroline)
Pounds são família que se tornaram amigos preciosos, e também sou gra-
O
xxv
AGRADECIMENTOS
L
A eles, e a todos aqueles prestes a se juntarem à nossa jornada, continuo a
ser um servo agradecido.
A
N
IO
C
O
M
O
PR
11 Eric Hayden, introdução de The Treasury of David, por C. H. Spurgeon. Londres: Passmore & Alabaster.
Pasadena, TX: Pilgrim Publications, 1983, 1:iii.
xxvi
LISTA DE ABREVIAÇÕES
L
A
Autobiografia C. H. Spurgeon’s Autobiography. Compiled from His
Diary, Letters, and Records, by His Wife, and His Private
Secretary. (TL1: Autobiografia de C. H. Spurgeon. Compi-
N
lada pelos seus diários, cartas e gravações, por sua esposa
e seu secretário particular). 4 volumes. Londres: Passmo-
re & Alabaster, 1899–1900. Biblioteca Spurgeon.
IO
Aula Expositiva Lectures to My Students: A Selection from Addresses De-
livered to the Students of the Pastors’ College, Metropoli-
tan Tabernacle. (TL: Aulas expositivas para meus alunos:
uma seleção dos discursos feitos para os estudantes do
C
Pastors’ College, no Tabernáculo Metropolitano). Lon-
dres: Passmore & Alabaster, 1893. Biblioteca Spurgeon.
PTM The Metropolitan Tabernacle Pulpit: Sermons Preached
O
Publications, 1970–2006.
Caderno Spurgeon Sermon Outline Notebooks. (TL: Cadernos de es-
boços dos sermões de Spurgeon). 11 volumes. Sala do Patri-
O
xxvii
LISTA DE ABREVIAÇÕES
L
listas de escritores para cada salmo). 7 Volumes. Londres:
Passmore & Alabaster, 1869–1885. Biblioteca Spurgeon.
A
N
IO
C
O
M
O
PR
xxviii
LINHA DO TEMPO
L
1800–1910*
A
*As entradas relativas a Spurgeon estão em vermelho. As entradas contextuais estão em preto.
N
1800 O missionário batista William Carey e O Serampore Trio
veem os primeiros convertidos na Índia.
1800
IO
A Biblioteca do Congresso é fundada em Washington,
DC., como biblioteca referência para o Congresso.
1 jan. 1801 O Ato de União une a Irlanda e a Grã-Bretanha para
C
formar o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.
10 mar. 1801 O Censo do Reino Unido contabiliza uma população de
nove milhões na Inglaterra e no País de Gales.
O
xxix
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
durante as Guerras Napoleônicas.
15 jul. 1810 Nasce John Spurgeon, pai de Charles, em Clare, Suffolk.
A
1810 Cornelius Vanderbilt, de dezesseis anos, começa sua
carreira comprando uma barca e estabelecendo um
serviço de balsa entre Staten Island e Manhattan.
N
19 fev. 1812 Os primeiros missionários comissionados da América,
Ann e Adoniram Judson, navegam para a Índia e,
18 jun. 1812
IO
eventualmente, para a Birmânia.
Os EUA declaram guerra à Grã-Bretanha, dando início à
guerra.
28 jan. 1813 Jane Austen publica Pride and Preýudice.
C
1813 É fundada a União Batista da Grã-Bretanha.
1814 Francis Scott Key escreve The Star-Spangled Banner.
O
a falecer.
jan. 1818 Mary Shelley publica Frankenstein.
29 jan. 1820 Morre o rei britânico George III após 59 anos no trono.
PR
xxx
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
1833 Inicia-se o Movimento de Oxford.
1833 É aprovado o Ato de Abolição da Escravatura no Reino
A
Unido.
1833 É escrita a Nova Confissão de Fé Batista de New
N
Hampshire.
9 jun. 1834 Morre William Carey, em Serampore, Índia.
19 jun. 1834
3 ago. 1834
IO
Nasce Charles Haddon Spurgeon, o mais velho dentre
dezessete filhos, em Kelvedon, Essex.
Spurgeon é batizado ainda criança por seu avô, James
Spurgeon, em Stambourne.
C
1835 Os pais de Spurgeon mudam-se para Colchester,
enquanto Spurgeon muda-se para Stambourne, a fim
de viver com seus avós, onde descobre alguns tomos
O
puritanos no sótão.
1835 Charles G. Finney publica Lectures on Revivals.
M
xxxi
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
Charles Spurgeon.
6 jun. 1844 Onze amigos se juntam a George Williams, de 22 anos,
A
para fundar a ACM (Associação Cristã de Moços) em
Londres.
1845 A grande fome assola a Irlanda.
N
mai. 1845 É formada a Convenção Batista do Sul em Augusta,
Geórgia.
abr. 1846 IO
É escrita a primeira obra conhecida de Spurgeon, uma
revista feita à mão, intitulada Home Juvenile Society,
em Colchester.
1846 George Eliot (Marian Evans) publica The Life of Jesus,
C
uma tradução em inglês de Leben Jesu, pelo acadêmico
alemão David Friedrich Strauss.
O
xxxii
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
4 abr. 1850 Spurgeon candidata-se para ser membro da igreja em
Newmarket.
A
23 abr. 1850 Morre o poeta romântico inglês William Wordsworth aos
oitenta anos.
N
3 mai. 1850 Spurgeon é batizado em River Lark, em Isleham Ferry,
por W. H. Cantlow.
5 mai. 1850 A primeira comunhão de Spurgeon; ele começa a lecionar
17 jun. 1850
19 jun. 1850
IO
na escola dominical.
Spurgeon se muda de Newmarket para Cambridge.
Spurgeon comemora seu 16° aniversário.
C
ago. 1850 Spurgeon prega seu primeiro sermão em uma cabana em
Teversham, perto de Cambridge.
set. 1850 Harriet Tubman conduz quase setenta escravos à
O
Depravação.
9 fev. 1851 Spurgeon começa a escrever seu sermão do Caderno 1 e
prega seu quarto sermão (A Necessidade da pureza para
PR
xxxiii
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
25 mai. 1851 Spurgeon prega Morte: a consequência do pecado
(sermão 12), em Coton.
A
jun. 1851 Spurgeon participa da Grande Exposição no Hyde Park,
em Londres.
N
1 jun. 1851 Spurgeon prega Salvação (sermão 11), em Cherry
Hinton.
2 jun. 1851
5 jun. 1851
IO
Spurgeon entrega Um esboço lido em 2 de junho.
Harriet Beecher Stowe começa sua série de publicações
de Uncle Tom’s Cabin.
15 jun. 1851 Spurgeon prega Livre graça (sermão 13), em Milton.
C
19 jun. 1851 Spurgeon comemora seu 17° aniversário.
29 jun. 1851 Spurgeon prega Livre graça (sermão 13), em Tollesbury.
O
1 jul. 1851 Spurgeon prega A Graça de Deus que nos foi dada
(sermão 14), em Hythe.
M
Layer Breton.
13 jul. 1851 Spurgeon prega A soberania de Deus (sermão 18), em
Layer Breton.
PR
xxxiv
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
Dunmow.
31 ago. 1851 Spurgeon prega Os preparativos do céu (sermão 28), em
A
Dunmow.
6 set. 1851 Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em
N
West Wratting.
6 set. 1851 Spurgeon prega Começando por Jerusalém (sermão 29),
em Balsham.
13 set. 1851
3 out. 1851
Toft.
IO
Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em
xxxv
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
19 jun. 1853 Spurgeon comemora seu 19° aniversário.
1853 Spurgeon publica seu Waterbeach Tracts.
A
out. 1853 Inicia-se a Guerra da Crimeia.
18 dez. 1853 Spurgeon prega pela primeira vez na Capela da rua New
N
Park, emSouthwark, Londres, seu 673° sermão (O Pai
da luz).
1854
1 mar. 1854
20 abr. 1854
IO
O Japão abre o comércio com o Ocidente.
O missionário Hudson Taylor chega à China.
Spurgeon dá a Susannah Thompson uma cópia de O
Peregrino, de John Bunyan.
C
28 abr. 1854 Spurgeon aceita o convite para servir como pastor da
Capela da rua New Park.
O
perto de Bristol.
jan. 1855 Spurgeon publica o primeiro volume de O púlpito
da rua New Park, mais tarde chamado de O púlpito
do Tabernáculo/metropolitano, com os volumes
subsequentes até 10 de maio de 1917, quando uma
escassez de papel na Grã-Bretanha proíbe a impressão.
fev. 1855 Spurgeon prega pela primeira vez em Exeter Hall,
Strand, Londres.
21 abr. 1855 Dwight L. Moody é convertido ao cristianismo.
xxxvi
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
1855 David Livingstone descobre as Cataratas de Vitória.
1855 Benjamin Jowett publica Essays and Dissertations.
A
4 set. 1855 Spurgeon prega ao ar livre em King Edward’s Road,
Hackney, para 14.000 pessoas.
N
1855 Edward Bouverie Pusey publica The Doctrine of the Real
Presence.
out. 1855
nov. 1855
IO
Spurgeon publica novamente a Confissão de Fé Batista
de 1689.
A Rivulet Controversy é suscitada pela publicação de
Thomas Toke Lynch Hymns for Heart and Voice, The
C
Rivulet.
8 jan. 1856 Spurgeon casa-se com Susannah Thompson e embarca
em uma viagem de lua-de-mel de dez dias para Paris,
O
França.
fev. 1856 Finda-se a Guerra da Crimeia.
M
Charles.
19 out. 1856 Morrem sete pessoas e vinte e oito ficam feridas no
desastre do Surrey Gardens Music Hall. Spurgeon cai
PR
xxxvii
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
West Yorkshire, durante a pregação de Spurgeon;
embora não haja mortes, muitos ficam feridos.
A
jun. 1858 Spurgeon prega no Hipódromo de Epsom para 10.000
pessoas.
N
1858 John L. Dagg publica A Treatise on Church Order.
1859 É fundado o Seminário Teológico Batista do Sul.
1859
1859
IO
James Baldwin Brown gera polêmica com a publicação
de Divine Life in Man.
Charles Darwin publica Origin of Species.
fev. 1859 Um concurso de arquitetura é realizado no Newington
C
Horse and Carriage Repository para o levantar
fundos para a construção do proposto Tabernáculo
Metropolitano.
O
xxxviii
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
Unidos.
18 mar. 1861 O Tabernáculo Metropolitano é aberto, livre de dívidas,
A
com uma congregação de 1.200 pessoas.
12 abr. 1861 Inicia-se a Guerra Civil dos Estados Unidos.
N
1 out. 1861 Spurgeon dá a palestra Sobre o gorila e a terra que ele
habita em resposta à publicação de Paul B. Du Chaillu,
Explorações e Aventuras na África Equatorial.
6 dez. 1861
14 dez. 1861
IO
Spurgeon dá sua palestra Os dois Wesleys.
Morre Albert, príncipe consorte do Reino Unido e marido
da Rainha Vitória.
C
1861 A Pastors’ College realiza aulas no porão do Tabernáculo
Metropolitano.
1862 Victor Hugo publica Les Misérables.
O
xxxix
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
para Moças do Tabernáculo Metropolitano conta com 700
jovens.
A
1865 A 13a Emenda da Constituição dos Estados Unidos abole
a escravidão.
N
2 jul. 1865 Catherine e William Booth estabelecem a Missão Cristã,
mais tarde conhecida como Exército da Salvação.
1866 Spurgeon publica Manhã após manhã.
27 jul. 1866
ago. 1866
IO
Um cabo telegráfico é estendido através do Oceano
Atlântico, conectando Newfoundland à Irlanda.
Anne Hillyard, a viúva de um clérigo anglicano, doa
C
£20.000 para o desenvolvimento do Orfanato Stockwell.
1 nov. 1866 É formada Uma Associação de Colportagem do
Tabernáculo Metropolitano para a distribuição e venda
O
de literatura cristã.
24 mar. 21 abr. 1867 Os cultos de domingo são realizados no Agricultural
Hall, Islington, com multidões de 20.000 ouvintes
M
xl
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
1869 A Universidade de Harvard muda seu lema de Veritas
pro Christo et ecclesia (verdade para Cristo e a igreja)
para uma única palavra: Veritas (Verdade).
A
10 dez. 1869 É concluída a primeira ferrovia transcontinental nos
Estados Unidos.
N
1869 A família Spurgeon muda-se para Helensburgh House,
em Nightingale Lane, Clapham.
9 set. 1869 É inaugurado oficialmente o Orfanato Stockwell para
nov. 1869
dez. 1869
IO
meninos.
É aberto o canal de Suez.
Spurgeon sofre de neuralgia, ou varíola.
C
8 dez. 1869 O Papa Pio IX convoca o Primeiro Concílio Vaticano em
Roma, Itália.
O
Delivery of Sermons.
10 dez. 1870 A Vanity Fair publica uma caricatura satírica de
Spurgeon.
O
xli
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
comunhão, acrescentando plausibilidade ao boato de
que ela também entrou sem ser notada no Royal Surrey
Gardens Music Hall para ouvir Spurgeon pregar.
A
1873 Spurgeon é convidado pela Universidade de Yale para
dar as Palestras Lyman Beecher sobre Pregação, mas ele
N
recusa o convite.
1873 Morre David Livingstone.
1874
abr. 1874
Londres.
IO
A Pastors’ College migra para Temple Street, no sul de
anos.
1875 Susannah Spurgeon inaugura um fundo para livros.
1875 Spurgeon publica o primeiro volume de Aulas expositivas
M
of Tom Sawyer.
14 fev. 1876 Alexander Graham Bell submete uma patente para um
método de transmissão de sons que viria a se tornar o
telefone.
20 mar. 1876 Hudson Taylor visita o Tabernáculo Metropolitano pela
terceira vez.
jul. 1878 Spurgeon publica A Bíblia e o jornal.
xlii
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
Metropolitano.
1878 Julius Wellhausen desenvolve sua Documentary
Hypothesis.
A
1879 É inaugurada a ala feminina do Orfanato Stockwell.
15 jan. 1879 Spurgeon volta a visitar Mentone, França.
N
20 mai. 1879 Spurgeon completa seu 25° ano como pastor do
Tabernáculo Metropolitano.
17 ago. 1879
out. 1879
IO
Mark Twain assiste a um culto no Tabernáculo
Metropolitano para ouvir a pregação de Spurgeon.
Um soldado na Índia faz circular os sermões semanais
de Spurgeon entre os homens de sua 73ª divisão; os
C
sermões retornam “sujos e com marcas devido ao uso e
desgaste”.
O
xliii
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
terrível condição”.
24 mai. 1883 É inaugurada a Ponte do Brooklyn como a ponte
A
suspensa mais longa do mundo.
1883 Robert Louis Stevenson publica a Treasure Island.
N
2 jan. 1884 Morre Johann Oncken, missionário batista pioneiro na
Europa.
mar. 1884 Spurgeon publica O vestígio da incerteza.
18 jun. 1884
19 jun. 1884
IO
É realizada a celebração do Jubileu no Tabernáculo
Metropolitano.
Spurgeon comemora seu 50° aniversário.
C
1884 Lord Rosebery é o primeiro a descrever o Império
Britânico como uma “comunidade de nações”.
1885 Spurgeon publica o último volume de O tesouro de Davi.
O
gasolina do mundo.
abr. 1886 Spurgeon prega na Sociedade Missionária Metodista
Wesleyana.
O
xliv
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
13 jan. 1888 Uma delegação da União Batista pede a Spurgeon que
reconsidere sua remoção; Spurgeon propõe que a União
adote uma declaração de fé evangélica.
A
18 jan. 1888 O Conselho da União Batista aceita a remoção de
Spurgeon e vota pela sua censura.
N
fev. 1888 Spurgeon escreve uma Declaração de Fé; sofre a oposição
de oitenta ex-alunos do Pastors’ College.
abr. 1888
mai. 1888
IO
Spurgeon retira-se da Associação Batista de Londres.
Mulheres delegadas de doze estados estabelecem o
Comitê Executivo das Sociedades Missionárias da
Mulher, Auxiliar à Convenção Batista do Sul, com
C
Annie Armstrong eleita como a primeira secretária
correspondente.
23 mai. 1888 Morre Eliza Jarvis, a mãe de Spurgeon.
O
xlv
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
8 jan. 1892 Spurgeon posa em Mentone, França, para sua última
fotografia.
A
1892 A Pastors’ College treinara 900 alunos que batizaram
mais de 100.000 pessoas desde 1865.
N
31 jan. 1892 Às 11h05, Spurgeon, aos 57 anos de idade, entra em
coma no Hotel Beau- Rivage, em Mentone, França, e não
se recupera.
11 fev. 1892
1 mai. 1893
IO
Spurgeon é enterrado no cemitério de Norwood.
É realizada a Feira Mundial em Chicago, Illinois.
1893 O comentário de Spurgeon sobre Mateus, O Evangelho
C
do Reino, é concluído por Susannah e publicado.
1895 É formada a Convenção Batista Nacional.
O
xlvi
LINHA DO TEMPO – 1800–1910
L
jul. 1905 É formada a Aliança Batista Mundial em Londres,
durante a primeira reunião do Congresso Batista
A
Mundial; Alexander Maclaren é eleito seu primeiro
presidente.
1905 Inicia-se o Avivamento do País de Gales.
N
1908 Henry Ford apresenta seu Modelo T.
1908 B. H. Carroll forma o Seminário Teológico Batista do
1909
IO
Sudoeste.
Thomas Johnson, aluno de Spurgeon, publica seu livro
de memórias, Vinte e oito anos de escravidão.
C
31 mar. 1909 Inicia-se a construção do RMS Titanic em Belfast,
Irlanda do Norte.
1909 C. I. Scofield publica sua Bíblia de Referência Scofield.
O
xlvii
L
A
N
INTRODUÇÃO IO
C
“ S E N HOR , FA L A AT R AV É S DE M I M
O
A A L GU N S , A M U I T O S .”
C h a rl e s S p ur g e o n
M
C
harles Haddon Spurgeon nasceu em uma época de modernização e de
L
decadência.1 Ao longo de sua vida, lâmpadas substituíram lampiões
de gás, motores substituíram animais, e com as publicações de Essays
and Reviews, The Life of Jesus, e On the Origin of Species (t.l. Ensaios e
A
Resenhas, A Vida de Jesus, e Sobre a Origens da espécies), o evangelicalismo
do século XIX provocou tanta controvérsia quanto a eletricidade. Uma crise
de fé2 – ou melhor ainda, uma crise de dúvida3 – percorreu os corredores das
N
recém iluminadas capelas da Inglaterra. Jesus era Deus? Os milagres acon-
teciam? A fé e a Ciência poderiam coexistir.
Quando a rainha Vitória foi coroada em 1838, o mundo de Wesley e
IO
Whitefield estava desaparecendo. Dispositivos movidos por engrenagens e
invenções de todos os tipos aliviavam os desconfortos que as gerações ante-
riores haviam tolerado. Era a idade das tiras de borracha e dos alfinetes de
segurança. Máquinas de costura podiam coser espantosas mil jardas de teci-
C
dos por dia.4 Cortadores de grama e destorroadores de solo revolucionaram a
agricultura.5 A fotografia, uma indústria ainda em sua infância, capturava a
história enquanto ela ocorria.
O
1 Parte deste material foi adaptado de Christian T. George, The Man and His Times: Charles Haddon
Spurgeon, uma linha do tempo contextual que se encontra pendurada na parede da entrada da
Biblioteca Spurgeon, no Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste em Kansas City, Missouri. Esta
introdução também contém material reelaborado da introdução de Christian T. George: Jesus Christ,
The ‘Prince of Pilgrims’: A Critical Analysis of the Ontological, Functional, and Exegetical Christologies
in the Sermons, Writings, and Lectures of Charles Haddon Spurgeon (1834 – 1892) (Tese de PhD,
Universidade de St. Andrews, 2012), p. 1-9.
2 Ver Richard J. Helmstadter e Bernard Lightmanm eds., Victorian Faith in Crisis: Essays on Continuity
and Change in Nineteenth-Century Religious Belief (Londres: The MacMillan Press, 1990).
3 Timothy Larsen, Crisis of Doubt: Honest Faith in Nineteenth-Century England (Oxford: Oxford
University Press, 2006).
4 Sewing Machine, The Stirling Observer (2 de maio de 1850).
5 To Farmers and Agriculturalists, Notthingham Guardian (6 de setembro de 1860).
2
introduÇÃO
L
zessete anos).7 No final do século XIX, um recém-nascido podia esperar viver
cinquenta longos anos de vida.
Estava na hora de Londres passar por uma transformação. Execuções
A
públicas, outrora um entretenimento público, haviam saído de moda. As care-
tas decapitadas de traidores e criminosos, exibidas nas gerações anteriores, já
não recebiam os visitantes. Fundada em 43 d.C., o forte romano de Londinium
N
tomou Pequim na década de 1820 para se tornar a maior e mais poderosa ci-
dade no mundo,8 uma conquista superada apenas pela cidade de Nova Iorque
um século depois.9 A afirmação de Spurgeon em 1871 de que Londres era uma
IO
“cidade de três milhões”10 se provou correta com 3,2 milhões no condado de
Londres e 3,8 milhões na grande Londres.11 No final da vida de Spurgeon,
uma superpotência urbana havia emergido, dando novo sentido à famosa fra-
se de William Cowper “Deus fez o campo, e o homem fez a cidade.”12
C
Mas forjar uma metrópole do século XIX com uma infraestrutura do
século XVIII não seria fácil. Sustentabilidade havia se tornado a questão do
momento, uma que a tecnologia certamente iria responder. Jardins substi-
O
que outros. Até meados do século XIX, excrementos humanos ainda eram
6 A Modern Luxury Always at Hand, Bell’s Life in London and Sporting Chronicle (27 de julho de 1851).
7 Max Roser, Life Expectancy, OurWorldInData.org, 2016, último acesso em 18 de maio de 2016,
<www.ourworldindata.org/life-expectancy>.
8 8
David Satterthwaite, The Transition to a Predominantly Urban World and Its Underpinnings em
Human Settlements Discussion Paper Series: Theme: Urban Change – 4 (International Institute for
Environment and Development, 2007) p. 9.
9 Growth of the World’s Urban and Rural Population: 1920–2000 (Department of Economic and Social
Affairs, Population Studies 44, United Nations, 1969), p. 36.
10 PTM 17:179.
11 P.J. Waller, Town, City, and Nation: Inglaterra 1850 – 1914 (Oxford: Oxford University Press, 1983), p. 25.
12 Jennifer Speake e John Simpson, eds., The Oxford Dictionary of Proverbs (6ª ed.; Oxford: Oxford
University Press, 2015), p. 129.
3
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
doença transmitida pelo ar, na verdade se espalhava por meio da água con-
taminada, e devastou a congregação de Spurgeon. Ele relatou: “Todo o dia,
e às vezes toda a noite, fui de casa em casa, e vi homens e mulheres morren-
A
do, e, oh, como ficavam felizes em ver meu rosto. Quando muitos estavam
com medo de entrar em suas casas com medo de pegarem a doença mortal,
nós que não tínhamos medo de tais coisas nos encontramos sendo ouvidos de
N
bom grado quando falamos de Cristo e de coisas divinas.”13 Biógrafos ainda
não entendem completamente como Spurgeon sobreviveu à pandemia.
Ao invés de beber dos 60 milhões de galões de água do rio bombeados
IO
para os bairros que cercavam sua igreja, a água de Spurgeon vinha dos po-
ços profundos perfurados pela Kent Company próximo a Greenwich, a única
fonte não poluída em Southwark.14 Quando a cólera atacou novamente em
1866, Spurgeon afirmou: “Parece-me que esta doença está, em grande medi-
C
da, em nossas próprias mãos, e que se todos os homens tomassem um cui-
dado minucioso quanto à limpeza, e se melhores habitações fossem providas
aos pobres, e se as aglomerações fossem efetivamente evitadas, e se o supri-
O
13 Autobiografia 1:371.
14 Noel A. Humphreys, ed., Vital Statistics: A Memorial Volume of Selections from the Reports and
Writings of William Farr (Londres: The Sanitary Institute of Great Britain, 1885), 361. Ver também
Annual Summary of Births, Deaths, and Causes of Death in London, ad OTher Large Cities (Londres:
George E. Eyre e William Spottiswoode, 1871), p. xxxii – xxxiv.
15 PTM 12:445.
16 William Wordsworth, Composed upon Westminster Bridge, September 3, 1802 em The Collected Poetry
of William Wordsworth: With an Introduction and Biography, The Wordsworth Poetry Library (Ware,
Hertfordshire: Wordsworth Editions, Ltd., 1994), p. 269.
17 Robert Binnell, A Description of the River Thames, &C. with The City of London’s Jurisdiction and
Conservacy (Londres: T. Longman, 1758), p.4.
18 The ‘Silent Highway’–Man, Punch (10 de julho de 1858).
4
introduÇÃO
L
nidades rurais e religiosas onde a Bíblia King James 1611 (BKJ1611 tradu-
ção do português) e a literatura puritana eram prevalentes, ainda se ouviam
pronomes arcaicos. Mas nas cidades do século XIX, thy se tornou your, thi-
A
ne havia se tornado yours e thou (o informal de you) havia, em grande parte,
abandonado o vocabulário. Joseph Worcester atualizou o inovador dicioná-
rio de Samuel Johnson,21 e no final do século, um agrupamento de variadas
N
expressões havia sido enxertado no vernáculo.
Se um vitoriano desejasse andar em uma carruagem de três cavalos,
IO
um unicorn carman (cocheiro unicórnio)22 era chamado. Alguém poderia dese-
jar um copo de balloon-juice (uma bebida gaseificada)23 ou de belly-washer (li-
monada).24 Em vez de dizer Excuse me (com licença), um vitoriano poderia
murmurar, Mind the grease (uma expressão para “deixe-me passar, por fa-
vor”).25 Dizia-se que uma dama bem vestida estava afternoonified (t.l. apresen-
C
tável).26 Se uma mulher era muito tagarela, era chamada de church-bell (sino
de igreja).27 Uma má criação poderia produzir um half-hour gentleman (cava-
lheiro de meia hora)28 ou um broad faker (um jogador de cartas suspeito).29 Um
O
batty-fang (t.l. bater completamente / danificar além do reparo / esmagar até a morte),33
e muito batty-fanging poderia resultar em enthuzimuzzy (t.l. Um termo sarcástico
O
19 PTM 12:466.
20 Ver Stephen Halliday, The Great Stink of London: Sir Joseph Bazalgette and the Cleaningof the
Victorian Metropolis (nova ed.; Gloucertershire: The History Press, 2001).
21 O Dicionário de Samuel Johnson é citado ao longo dos primeiros sermões de Spurgeon, dada sua
PR
proeminência antes do dicionário atualizado de Worcester. Ver Abreviações e também Henry Hitchings,
Defining the World: The Extraordinary Story of Dr. Johnson’s Dictionary (Nova Iorque: Picador, 2005).
22 J. Redding Ware, Passing English of the Victorian Era (Londres: George Routledge & Sons, Limited,
s.d., provavelmente 1909), p. 255.
23 Ibid., p. 17.
24 Ibid., p. 25.
25 Ibid., p. 176.
26 Ibid., p. 3.
27 Ibid., p. 77.
28 Ibid., p. 149.
29 Ibid., p. 49.
30 Ibid., p. 268.
31 Ibid., p. 179.
32 Ibid., 63.
33 Ibid., p. 21.
5
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
palavra “dinossauro” foi cunhada por volta do seu oitavo aniversário. Aos
onze, Spurgeon pôde andar em uma calçada ao invés de paralelepípedos, e
na adolescência ele pode até mesmo ter dado descarga no primeiro banheiro
A
público na Grande Exposição de 1851, à qual ele compareceu em junho da-
quele ano.41
Dois anos após Spurgeon hang up the ladle (casar-se) Vitória telegra-
N
fou ao presidente dos Estados Unidos, James Buchanan, via cabos de cobre
que se estendiam da Irlanda até Terra Nova. Spurgeon tinha vinte e oito
anos quando o primeiro metrô do mundo escavou seu caminho sob as ruas
IO
de Londres. Ele podia fazer uma chamada telefônica aos quarenta e dois
anos de idade, ler sob a luz de uma lâmpada incandescente aos quarenta e
três, e em 1885, ele podia andar na nova “bicicleta de segurança” em vez de
usar a penny farthing (t.l. um tipo de bicicleta com uma roda dianteira gran-
C
de e uma roda traseira muito menor que era popular no século XIX) com sua
grande roda – um desafio tremendo para um homem de apenas um metro e
sessenta e cinco de altura.42 Os avanços da época maravilharam-no. Quando
O
35 Ibid., p. 75.
36 Ibid., p. 22.
37 Ibid., p. 126.
38 Ibid., p. 246.
39 Ibid., p. 215.
PR
40 Ibid., p. 150.
41 Sobre a visita de Charles à Exposição Universal de 1851, ver o primeiro sermão que ele pregou após seu
regresso, Fazendo pouco caso de Cristo (Sermão 21).
42 De acordo com o Sr. Fulton, editor do The Baltimore American, que viajou a Londres para visitar a
capela da rua New Park, Spurgeon tinha “cerca de um metro e sessenta e cinco de altura, era bastante
robusto, com um rosto redondo, claro, liso, rechonchudo e uma testa pequena. (The Rev. Mr. Spurgeon.
Described by an American Editor, The Times-Picayune [31 de julho de 1859]). Spurgeon herdou a altura
de sua mãe, Eliza, não de seu pai, John, que tinha quase 1,83 de altura (Henry Davenport Northrop, Life
and Works of Rev. Charles H. Spurgeon: Being a Graphic Account of the Greatest Preacher of Modern
Times [n.p.: Memorial Publishing Co., 1892], p. 21, 22).
43 PTM 34:532. Dada sua descrição da “cantiga infantil” de Edison, Spurgeon provavelmente ouviu à
gravação em cilindro de cera de 1877 de Mary Had a Little Lamb (Thomas A. Edison, Mary Had a Little
Lamb [West Orange, NJ: 12 de agosto de 1927, cerimônia do jubileu de ouro, originalmente gravado em
1877]). Para ouvir à gravação de Edison, visite <www.archive.org/details/EDIS-SCD-02>, último acesso
em 18 de maio de 2016.
6
introduÇÃO
L
quentemente trabalhavam ao lado de seus pais em fábricas têxteis, usinas e
minas de carvão.45 Para limpar os estreitos dutos e chaminés eram necessá-
rios corpos pequenos. Cânceres, úlceras e doenças respiratórias encurtavam
A
as vidas dos limpadores de chaminés. De acordo com um relatório da prisão de
1837, um limpador de chaminés “esfarrapado e descalço” foi encarcerado por
cometer uma contravenção. Quando foi forçado a tomar um banho, o jovem de
N
dezesseis anos ficou “encantado”. Quando lhe ofereceram meias e sapatos, ele
se encheu da “maior perplexidade”. “Devo mesmo vestir isto?” ele perguntou.
Ao ser escoltado até sua cela, o adolescente “atingiu o ápice de sua alegria”
IO
quando viu a cama e percebeu que iria dormir confortavelmente aquela noite.46
Charles Dickens descreveu adequadamente a vida que muitos vitoria-
nos eram forçados a viver em sua publicação de 1854, Hard Times. Bairros
congestionados penavam para lidar com as populações em expansão, es-
C
pecialmente quando imigrantes irlandeses fugiram da fome causada pelo
phytophtora infestans – um fungo transportado pela água que dizimou as
plantações de batata da Irlanda.47 Disparidade econômica e pobreza sistêmi-
O
tempos.”49 A Inglaterra ainda não era eduardiana, mas também não era
georgiana. Um novo dia raiava para o império no qual o sol nunca se punha.
PR
44 E.M. Sigsworth e T.J. Wyke, “A Study of Vicorian Prostitution and Venereal Disease” em Suffer and
Be Still: Women in the Victorian Age, Rotuledge Revivals (ed. Martha Vicinus; Methuen e Co., 1972;
reimpr., Nova Iorque: Rotuledge, 2013), p.79. Ver também Judith R. Walkowitz Prostitution and
Victorian Society: Women, Class, and the State (Cambridge: Cambridge University Press, 1980).
45 Edward Royle, Modern Britain: A Social History 1750 – 1997 (3ª ed.; Londres: Bloomsbury Academic,
2012), p. 111. Ver também John Rule, The Labouring Classes in Early Industrial England, 1750 – 1850
(Londres: Longman Group Limited, 1986), p. 147.
46 Benita Cullingforde, British Chimeny Sweeps: Five Centuries of Chimney Sweeping (Chicago: New
Amsterdam Books, 2000), p. 93.
47 Susan Campbell Bartoletti, Black Potatoes: The Story of the Great Irish Famine, 1845 –1850 (Boston:
Houghton Mifflin Co., 2001), p. 36.
48 Ver Geoffrey Best, Mid-Victorian Britain: 1851–75 (Londres: Fontana Press, 1988), p. 19.
49 O romance de Dickens foi publicado em partes. Esta citação é encontrada em “A Tale of Two Cities: In
Three Books. Book the First. Recalled to Life. Chapter 1. The Period” All the Year Round, A Weekly
Journal Conducted by Charles Dickens (30 de abril de 1859), p.1
7
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
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UM HOMEM FRUTO DE SEU
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PRÓPRIO TEMPO
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rês homens chamados Charles ganharam notoriedade no século XIX:
C
Charles Dickens, Charles Darwin e Charles Spurgeon. Cada um deles
popularizou sua profissão, e embora seja provável que nunca tenham
se conhecido,1 tornaram-se referências na literatura vitoriana, na ciência e
O
1 Para ler Dickens citado por Spurgeon, ver C. H. Spurgeon, The Soul-Winner; or, How to Lead Sinners
to the Saviour. Nova Iorque: Fleming H. Revell, 1895, p. 98. Para ler Spurgeon citado por Dickens, ver
Charles Dickens e Wilkie Collins, The Lazy Tour of Two Idle Apprentices; No Thoroughfare; The Perils
of Certain English Prisoners . Londres: Chapman and Hall, 1890, pp. 7, 22, e 92. Spurgeon possuía cerca
PR
de vinte romances de Dickens em sua biblioteca pessoal, incluindo Christmas Stories, Little Dorrit, Great
Expectations, Bleak House, e The Adventures of Oliver Twist. As leves anotações a lapis em Sketches by
Boz podem ter sido feitas por Spurgeon (ver Black Sheep! pelo autor de Land at Last, Kissing the Rod,
Livro III, Capítulo III, On the Balcony, All the Year Round, a Weekly Journal Conducted, de Charles
Dickens. 29 de dezembro de 1866. The Spurgeon Library, p. 1–4).
2 Espécie de tandem puxado por três cavalos. (N.T.)
3 Ver Magoon (ed.), ‘ The M oder n W hitfiel d,’ v–xxxvi.
4 “[Spurgeon] sobe em um púlpito e já tem uma nação por audiência!” (Spurgeon, por Theodore L. Cuyler.
Kalamazoo Gazette. 13 de novembro de 1857).
5 Esta informação foi reportada por inúmeros jornais, incluindo o artigo The Beginning of the World,
do The South-Western. 15 de junho de 1859. Um jornal do País de Gales afirmou que Spurgeon era “o
pregador mais popular da atual geração”. (The Rev. C. H. Spurgeon’s First Visit to Wales, The Cardiff
Times and Newport and South Wales Advertiser. 23 de julho de 1859). Segundo o Louisville Daily
Courier, Spurgeon havia sido “ouvido por mais pessoas nos últimos anos do que qualquer outro pregador
vivo”. (Louisville Daily Courier, 15 de maio de 1858).
9
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
mente, totalizou sessenta e três volumes.12 Em 1917, uma escassez de papel
causada pela Primeira Guerra Mundial impediu a publicação de seus ser-
mões. Spurgeon também publicou uma revista mensal, aproximadamente 140 livros,
A
além de sua magnum opus, um comentário sobre os Salmos intitulado O tesouro
de Davi, que levou vinte anos para ser concluído. A soma das palavras publicadas
por Spurgeon excedeu a da famosa 9a edição de 1875–89 da Enciclopédia Britânica.13
N
6 Eclectic Review (Vol. XII – New Series, Londres: Jackson, Walford, & Hodder; Edimburgo: W. Oliphant
and Son; Aberdeen: G. e R. King; Glasgow: G. Gallie; e Manchester: Bremner, janeiro – junho de 1867),
p. 359. O jornal The Liverpool Daily Post afirmou que “uma das suas principais características era a voz
7
IO
que soava limpa e clara como o tilintar de um sino, ressoando maravilhosamente”. (Mr. Spurgeon, 6 de
setembro de 1870).
No dia 7 de outubro de 1857, a Rainha Victoria sancionou um dia nacional de oração, no qual Spurgeon
falou para uma audiência de 23.654 pessoas no Crystal Palace. Ver notas de rodapé em Fazendo pouco
caso de Cristo (Sermão 21) e em A paz de Deus (Sermão 60). Ver também Arthur Christopher Benson
e Viscount Esher, eds., The Letters of Queen Victoria: A Selection from Her Maýesty’s Correspondence
C
Between the Years 1837 and 1861, Published by Authority of His Maýesty the King (Londres: John
Murray, 1908; repr., Teddington, UK: The Echo Library, 2010), 3:227.
8 E. L. Magoon incluiu a resposta de Spurgeon, que dizia: “Tenho sido acusado de ser um Whitfield, o
maior pregador da época, o que certamente não sou, e nunca afirmei ser” [Magoon (ed.) ‘The Modern
O
Whitfield,’ xxvi]. Ver também a referência a Whitefield feita por Spurgeon em seu sermão O que pensais
vós de Cristo? (Sermão 71).
9 “Comparado ao Sr. Beecher, o Sr. Spurgeon é mais religioso, mais espiritual, menos profundo, menos
semelhante a um filósofo, mas mais semelhante a um santo. Beecher é como Shakespeare, ou qualquer
outro grande filósofo social, enquanto Spurgeon é como John Bunyan. Depois de ouvir Beecher, você
M
vai embora impressionado com a grandeza do homem; depois de ouvir Spurgeon, você vai embora
impressionado com a grandeza perscrutadora do Evangelho” (W. W. Barr, ed., The Evangelical
Repository and United Presbyterian Worker [Primeiras Séries, Vol. LI. – 4a Série, Vol. I, Filadélfia, PA:
Young and Ferguson, 1874], p. 301). Ver também An American View of Spurgeon, The Boston Recorder
(2 de setembro de 1858), e The Rev. C. H. Spurgeon, The Essex Standard (18 de april de 1855).
O
10 “Broadus era mais parecido com Spurgeon e [Alexander] Maclaren do que qualquer um dos outros. Ele
não tinha a intensidade da experiência de Spurgeon em um pastorado contínuo, mas o ultrapassava em
instrução bíblica e cultura geral” (A. T. Robinson, The Minister and His Greek New Testament [Eugene,
OR: Wipf & Stock, 2011], p. 139).
11 Rev. O. P. Gifford, pastor da Igreja Batista da Avenida Warren em Boston, Massachusetts, citado em
PR
C. H. Spurgeon, Mr. Spurgeon’s Jubilee: Report of the Proceedings at the Metropolitan Tabernacle on
Wednesday and Thursday Evenin gs, June 18th and 19th 1884 (Londres: Passmore & Alabaster, n.d.), p. 34.
12 Ao longo do ministério de Spurgeon, seus sermões de domingo de manhã foram editados e publicados.
Após sua morte em janeiro de 1892, Joseph Passmore e James Alabaster continuaram o processo de
revisão e publicação dos sermões que Spurgeon pregara nas noites de domingo e durante a semana.
Outros quarenta e cinco sermões extraídos de The Baptist Messenger foram publicados em 2009 (ver
Terence Peter Crosby, C. H. Spurgeon’s Sermons Beyond Volume 63, An Authentic Supplement to The
Metropolitan Tabernacle Pulpit [Day One Publications, 2009]).
13 Eric W. Hayden, Did You Know? Christian History, Issue 29. 2. Neste artigo do Christian History,
Hayden observa o número total de volumes na nona edição da Encyclopædia Britannica. Na verdade, a
nona edição contém vinte e quatro volumes com o volume de índice adicional, não vinte e sete volumes
como indicado na pesquisa de Hayden e no artigo de John Piper Preaching Through Adversity (John
Piper, Preaching Through Adversity, Founder’s Journal, p. 23 [Inverno de 1996]). Para mais informações,
ver <www.britannica.com/EBchecked/topic/186618/Encyclopaedia-Britannica/2107/Ninth-edition>;
Último acesso em 18 de maio de 2016.
10
UM HOMEM FRUTO DE SEU PRÓPRIO TEMPO
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culo XIX, tornou-se ilegal (embora fosse raramente executado) que igrejas
implantadas realizassem cultos em espaços não- religiosos para multidões
com mais de vinte pessoas. Em 1855, o Conde de Shaftesbury forçou a Lei da
A
Adoração Religiosa18 ao Parlamento, permitindo que os clérigos “imitassem
Spurgeon.”19 Alguns tentaram fazê-lo, mas descobriram que ninguém conse-
guiria reunir as multidões que o batista moderno da rua New Park era ca-
N
paz de organizar. Nem mesmo os locais mais espaçosos da maior cidade do
mundo – o Surrey Garden Music Hall, o Exeter Hall e o Crystal Palace – po-
diam acomodar adequadamente seu público que continuava a avolumar-se.
IO
Em uma carta para seu irmão, Spurgeon escreveu: “creio que eu poderia ga-
rantir um auditório lotado na calada de uma noite de muita neve.”20
Em 1858, os americanos que retornavam de Londres ouviam as duas
perguntas: “você viu a rainha?” e “você ouviu Spurgeon?”21 A própria Vitória
C
há de ter assistido a um sermão, disfarçada de transeunte, um comporta-
mento comum para a rainha.22
Spurgeon constantemente trocava chapéus com pastores, presidentes,
O
14 PRNP 3: prefácio.
15 “Mais de 100.000 cópias dos sermões de Spurgeon foram vendidas nos Estados Unidos. Na quarta-feira
à noite, na liquidação, quando a lista de Sheldon, Blakeman & Co. foi alcançada, 20.000 cópias foram
PR
vendidas em vinte minutos. Nenhum livro publicado neste país teve uma venda tão grande” (Daily
Confederation [vol. 1, no. 215]).
16 A False Spurgeonat Limerick,Daily National Intelligencer (30de agosto de1861).
17 “Splurgin” by a Spurgeon, Plain Dealer (7 de novembro de 1857), p. 3.
18 Ver Edwin Hodder, The Life and Work of the Seventh Earl of Shaftesbury, K. G. (Londres: Cassell &
Company, 1887), pp. 510–18
19 Owen Chadwick, The Victorian Church: An Ecclesiastical History of England (Nova Iorque: Oxford
University Press, 1966), 1:525.
20 Autobiografia 2:99.
21 A. P. Peabody, Spurgeon, North American Review 86 (1858), p. 275.
22 Autobiografia 4:183. Em 2 de novembro de 1873, Victoria participou de um culto presbiteriano em
uma igreja em Crathie, Escócia. Sem ser notada, ela “caminhou silenciosamente entre os comungantes”
(Chadwick, 2:320–21).
23 Os arquivos do Tabernáculo Metropolitano contêm perguntas inéditas de entrevistas para aqueles que
foram batizados sob o ministério de Spurgeon.
11
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
uma escola dominical para cegos, lares de idosos e ministérios para poli-
ciais, entre dezenas mais.24 Grande parte da receita gerada pelas vendas de
seus sermões foi canalizada de volta para esses ministérios. Ao contrário de
seu contemporâneo católico romano muito mais abastado, Henry Edward
Manning, Spurgeon morreu com apenas £2.000 em seu nome.25
Em muitos aspectos, Spurgeon representava os ideais de sua época.
Ele era “viril”,26 ambicioso, empreendedor, bem relacionado, carismático, in-
fluente e fortemente envolvido com a política. Em 1880, sozinho, fez uma
L
eleição virar-se a favor de seu candidato favorito.27 Um biógrafo o descreveu
como aquele que “não era um caniço a ser agitado pelo vento, mas um vento
que agitava os caniços”.28 E, de fato, sua influência religiosa e social é difícil
A
de superestimar. Tomando emprestada uma das amplamente aceitas carac-
terísticas atribuídas por David Bebbington aos evangélicos, Spurgeon esta-
va profundamente investido na reforma social, era um ativista “ansioso para
N
colocar a mão na massa.”29 Este impulso resultou em seu combate ao comér-
cio de ópio no leste, ao antissemitismo no norte, à pobreza no sul e ao tráfico
de pessoas no oeste.
IO
Em nenhum lugar a oposição de Spurgeon à escravidão foi mais pro-
nunciada do que nas memórias de Thomas L. Johnson, Vinte e oito anos de
escravidão. Johnson ouvia seus mestres na Virgínia falando sobre Spurgeon,
embora o pregador “não fosse muito apreciado”30 por eles. Após sua emanci-
C
pação em 1865, Johnson viajou para Denver, Colorado, onde encontrou o
panfleto de Spurgeon “Orações de pregadores”. Johnson escreveu: “nenhum
livro que eu tenha possuído naquela época, exceto a Bíblia, me ofereceu ta-
O
24 C. H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle: Its History and Work (Pasadena, TX: Pilgrim Publications,
O
1990), p. 7.
25 “A Sra. Spurgeon comunicou ao Batista o fato de que o dinheiro deixado pelo Sr. Spurgeon era, na
verdade, cerca de £2.000. Os £10.643 representados pelo inventário de seu testamento cobrem uma
apólice de seguro de vida de £1.000, com acréscimos de bônus e as avaliações de todos os direitos autorais
do Sr. Spurgeon; também a mobília, a biblioteca e outros bens em Westwood. Esses itens em si somam
PR
mais de £8.000. A Sra. Spurgeon não continuará a residir em Westwood (Mr. Spurgeon’s Property, The
Nottingham Evening Post [31 de março de 1892]).
26 Ministerial Elocution, The Boston Recorder (21 de agosto de 1862), p. 133.
27 Albert R. Meredith, The Social and Political Views of Charles Haddon Spurgeon 1834–1892 (PhD diss.,
Michigan State University, 1973), pp. 66–67. Ver também Christian T. George, How Would Spurgeon
Vote? (The Ethics & Religious Liberty Commission of the Southern Baptist Convention, 17 de dezembro,
2015; ultimo acesso em 18 de maio de 2016, <www.erlc.com/article/how-would-spurgeon-vote>).
28 William Williams, Spurgeon: Episodes and Anecdotes of His Busy Life: With Personal Reminiscences by
Thomas W. Handford (Chicago: Morrill, Higgins, 1892), p. 10. Esta frase, atribuída a João Batista em
Mt 11:7 e Lc 7:24, era comumente usada em toda a literatura vitoriana.
29 David W. Bebbington, Evangelicalism in Modern Britain: The Age of Spurgeon and Moody (Leicester:
InterVarsity Press, 2005), p. 36.
30 Thomas L. Johnson, Twenty-Eight Years a Slave; or, the Story of My Life in Three Continents (Londres:
Christian Workers’ Depot, 1909), p. 102.
31 Ibid., p. 69.
12
UM HOMEM FRUTO DE SEU PRÓPRIO TEMPO
L
do alemão, espanhol, francês, japonês e português.34 Uma diáspora de do-
cumentos circuncidava o mundo – livros, comentários, panfletos e revistas.
Os acessíveis “púlpitos por centavos” foram encontrados nas mãos de pes-
A
cadores no Mediterrâneo, produtores de café no Sri Lanka, marinheiros em
São Francisco e até mesmo católicos em peregrinação. Em maio de 1884,
um cristão chinês preferiu “ficar sem uma refeição do que perder este ali-
N
mento espiritual.”35 Após cinquenta a sessenta soldados do 73º Regimento
terem manuseado um de seus sermões na Índia, devolveram o manuscrito
“sujo e com marcas”.36 D. L. Moody comentou uma vez: “é uma bela cena ob-
IO
servar, aos domingos no Colorado, quando os mineiros saem das entranhas
das colinas e se reúnem nas escolas ou debaixo das árvores, enquanto um
velho mineiro inglês se levanta e lê um dos sermões de Charles Spurgeon.”37
Na Austrália, um fugitivo condenado foi convertido ao cristianismo depois
C
de ler um sermão “manchado de sangue”, saqueado do bolso de sua víti-
ma assassinada.38 A popularidade de Spurgeon foi meteórica e expansiva,
e quando combinada à trajetória geográfica de sua adolescência, deu for-
O
trial da metrópole.
PR
32 Robert H. Ellison, The Victorian Pulpit: Spoken and Written Sermons in Nineteenth-Century Britain
(Londres: Associated University Press, 1998), p. 44.
33 Ver Spurgeonism Again (EE Junho de 1866:281-84); Spurgeonism, The Nation (13 de junho de 1857) 9;
e Spurgeonism, Dundee, Perth, and Cupar Advertiser (2 de abril de 1861).
34 Autobiografia 4:291. As traduções dos sermões de Spurgeon incluem: Die Wunder unfres Hernn und
Heilandes in 52 Predigten von C. H. Spurgeon (Hamburgo: Verlagsbuchhandling von J. B. Oncken
Machfolger, 1897); Walda Predifningar af C. H. Spurgeon, Brebifant mib Metropolitan Tabernacle i
London (Estocolmo: B. Balmqmifts Förlag, 1867); e Pulpito Metropolitano Do Revdo Charles Haddon
Spurgeon (Blocos de notas de Spurgeon, comp. Susannah Spurgeon, Sala do Patrimônio, Universidade
Spurgeon, Londres).
35 EE maio 1884:246.
36 EE outubro 1879:496.
37 William R. Moody, The Life of Dwight L. Moody (Nova Iorque: Fleming H. Revell, 1900), p. 456.
38 Cranfill, p. 29.
39 Chadwick, The Victorian Church, 1:325.
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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
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UM HOMEM ANTIQUADO
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PARA O SEU PRÓPRIO
TEMPO
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nquanto isso, o rio Mississippi produzia seu próprio autor, Samuel
Clemens (Mark Twain). Antes de se tornar o célebre romancista ame-
O
ricano, Clemens – que não era nem dois anos mais novo que Spurgeon
– trabalhou como capitão de um barco fluvial, navegando as águas muitas
vezes traiçoeiras do “Big Muddy”. Na manhã de domingo do dia 17 de agos-
M
tava ocupada com um novo romance, A Tramp Abroad. A turnê europeia que
ocupara dezoito meses de sua vida havia chegado ao fim. Logo, ele partiria
para casa na mais nova adição da Cunard, o RMS Gallia. Naquela manhã,
PR
15
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
ra não era uma inspiração, a música era deprimente... Então o
homem não poderia pregar bem.1
A
Os “dois hinos feios” referenciados por Clemens foram escritos por
Isaac Watts e Robert Grant (um terceiro hino de John Newton também foi
cantado). Antes do sermão, Spurgeon havia lido Isaías 57:15-21, e também o
N
capítulo 58. A leitura foi provavelmente pontuada com as suas habituais ex-
posições extemporâneas. O tema que Spurgeon “tratou à desagradável moda
antiga” é resumido pelo título de seu sermão: “Contenda encerrada e Graça
reinante.”2
IO
O primeiro ponto de Spurgeon foi: “a contenda divina é merecida.”3
Ao “pecador que busca”4, disse: “não me importa quem você é, você é culpa-
do. Você cometeu traição contra Deus e já está condenado por sua inquestio-
nável justiça.”5 Ele implorou a Deus para que “o diminuísse a essa condição
C
de contrição, se ainda não o tivesse feito”.6 Dirigindo suas palavras ao povo
de Deus, continuou: “rendam-se incondicionalmente, sejam santos ou peca-
dores: destruam as armas da rebelião, abandonem as plumas do orgulho e
O
gregação que Deus “inventa e propõe outro método para acabar com suas
contendas,”11 ou seja, a aplicação da misericórdia e da graça à condição do
pecador. Spurgeon concluiu sua mensagem de 45 minutos com a exortação:
PR
1 Frederick Anderson, Lin Salamo, e Bernard L. Stein, eds., Mark Twain’s Notebooks & Journals (1877–
1883) (Berkeley: University of California Press, 1975), 2:338–39, itálicos no original.
2 Contention Ended and Grace Reigning (PTM 25, Sermon 1490).
3 PTM 25:469.
4 Ibid., 25:470, itálico no original.
5 Ibid., 25:471.
6 Ibid.
7 Ibid., 25:473.
8 Ibid., 25:474.
9 Ibid., 25:475.
10 Ibid., 25:477.
11 Ibid., 25:478.
16
UM HOMEM ANTIQUADO PARA O SEU PRÓPRIO TEMPO
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de morte será apagado. O julgamento iminente parece, mesmo
agora, ressequir as vossas almas; vinde e encontrai a libertação
dele, pois o próprio Deus vos convida. Não vos demorais. Que
A
Jesus vos conduza docemente a si mesmo. Amém.12
N
Windermere para encontrar “o grande Darwin”.13 O naturalista inglês cer-
tamente simpatizaria com a avaliação de Clemens sobre Spurgeon. Aos
olhos de muitos cientistas modernos, a teologia de Spurgeon era desagra-
IO
dável e antiquada. Não havia a ciência superado milagres, mitos e supers-
tições? Poderiam conceitos como pecado, julgamento, inferno e condenação
eterna ainda ser mantidos? Já não se acreditava que a idade da Terra fosse
de 6.000 anos. A seleção natural, não a seleção sobrenatural, determinava o
destino da humanidade. Para muitos, a teologia de Spurgeon parecia-se com
C
um fóssil de uma época passada, uma coisa a ser estudada ou digna de pena.
William Gladstone não estava de todo errado em chamar Spurgeon de
“o último dos puritanos”,14 embora o descritor seja historicamente problemá-
O
tista”. Ao que Spurgeon respondeu: “ah, mãe! O Senhor respondeu à tua oração com a
sua generosidade habitual, e deu-te abundantemente mais do que pediste ou pensaste.”15
Quando, mais tarde, um estudante lhe perguntou se havia algum livro que detalhasse
12 Ibid., 25:480.
13 Anderson, Salamo, e Stein, Mark Twain’s Notebooks & Journals, 2:339.
14 O termo “último dos puritanos” é amplamente atribuído a William Gladstone, embora tenha sido
cunhado pela primeira vez por William Clarke., William Clarke: a Collection of His Writings with a
Biographical Sketch [Londres: Swan Sonnenschein & Co., 1908], 278). Este título pode causar engano,
uma vez que requer um relaxamento da definição de Puritanismo. Spurgeon pode ter sido puritano, mas
a maioria dos estudiosos datam o fim do puritanismo do início do século XVIII, o mais tardar.
15 Autobiografia 1:69
17
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
glês a obra de Ludwig Feuerbach, Das Wesen des Christentums.17 Sua tra-
dução de David Strauss, Das Leben Jesu, veio cinco anos depois. Na obra
de Strauss, o autor argumenta: “era hora de substituir os sistemas anti-
A
quados de supranaturalismo e naturalismo com um novo modo de conside-
rar a vida de Jesus”.18 Acadêmicos ingleses como Frederick Maurice, John
Colenso, Charles Gore, Benjamin Jowett e Thomas Huxley contribuíram
N
para o desalojamento e a desmistificação dos principais axiomas do cristia-
nismo ortodoxo. A explosão do que Spurgeon considerou a “neologia exangue
do pensamento moderno”19 deixou muitos, como Charles Babbage, lutando
IO
para acomodar a ascensão do racionalismo, do ceticismo e da secularização.
No mesmo ano que Babbage criou a “máquina diferencial”, ele publicou tam-
bém um ensaio intitulado The Ninth Bridgewater Treatise no qual tentou
“inventar uma nova imagem de Deus”20 que fosse compatível com os avan-
C
ços da ciência.
Para Spurgeon, no entanto, não haveria adaptação. Para ele, a teolo-
gia moderna estava enraizada no gnosticismo,21 uma separação da humani-
O
16 Charles Spurgeon, Speeches by C. H. Spurgeon: At Home and Abroad (Londres: Passmore & Alabaster,
1878, Biblioteca Spurgeon), p. 18.
17 Parte desse material foi adaptado da obra de Christian T. George, Downgrade: 21st-Century Lessons
from 19th-Century Baptists, em The SBC and the 21st Century: Reflection, Renewal, and Recommitment
(ed. Jason K. Allen; Nashville, B&H Academic, 2016), pp. 127-37.
18 David Friedrich Strauss, The Life of Jesus Critically Examined (trans. Marian Evans; Nova Iorque:
Calvin Blanchard, 1860), 1:5.
19 PTM 55:224.
20 Anthony Hyman, Charles Babbage: Pioneer of the Computer (Princeton: Princeton University Press,
1982), p. 139. Ver também Charles Babbage, The Ninth Bridgewater Treatise: A Fragment (Londres:
John Murray, 1837).
21 PTM 11:365.
22 Ibid., 34:664.
23 Autobiografia 3:51.
18
UM HOMEM ANTIQUADO PARA O SEU PRÓPRIO TEMPO
L
“Outra palavra sobre o declínio” Spurgeon, lamentou: “A expiação é explora-
da, a inspiração das Escrituras é questionada, o Espírito Santo é degradado
a uma influência, a punição do pecado é transformada em ficção e a ressur-
A
reição em um mito. A Alemanha foi tornada incrédula por seus pregadores e
a Inglaterra segue seus passos”.26
A Alemanha havia, de fato, feito seus estragos. A inconformidade as-
N
sumiu a posição defensiva. E não se deve perder a ironia de que, no dia 17
de julho de 1944, 52 anos após a morte de Spurgeon, um foguete V-1 ale-
mão (Vergeltungswaffen, ou “arma de vingança”) tenha detonado perto de
IO
seu túmulo, no Cemitério de West Norwood. A explosão não somente deixou
o caixão de Spurgeon exposto aos elementos, como também separou a Bíblia
cimentada ao túmulo, lançando-a ao chão.
C
Pode ser difícil para aqueles que vivem no século XXI partilhar do
grande otimismo daqueles que viveram no século XIX. A lacuna que sepa-
O
24 PTM 34:178.
25 Ver Autobiografia 4:255.
26 Charles Spurgeon, Another Word on the Down Grade, EE (agosto de 1887), notas manuscritas da coleção
pessoal de Dr. Jason K. Allen, Midwestern Baptist Theological Seminary, Kansas City, MO.
19
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
um mundo de turismo marítimo; já não levava um mês inteiro para atraves-
sar o Oceano Atlântico. Em 1873, D. L. Moody podia navegar de Liverpool
para Nova Iorque em oito dias.27 A obsessão por velocidade transformou-
A
-se numa obsessão por tamanho. Meia década depois da morte de Susannah
Spurgeon, iniciou-se a construção de um navio tão grande, Titanic, que o
próprio Deus não seria capaz de afundá-lo.
N
Os vitorianos não podiam deixar de olhar para o alto. Em 1843,
Netuno foi descoberto. O primeiro planador pilotado estreou uma década de-
pois. Em 1889, Gustave Eiffel construiu a torre mais alta da época, um títu-
léguas submarinas.
M
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27 A. W. Williams, The Life and Work of Dwight L. Moody: The Great Evangelist of the 19th Century: The
Founder of Northfield Seminary, Mount Hermon School for Boys and the Chicago Bible Institute (n.p.,
1900), p. 173.
20
L
OS SERMÕES PERDIDOS
A
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século XIX foi chamado, adequadamente, de “oceano de horizontes
em expansão”.1 Lytton Strachey desafia o acadêmico vitoriano a “re-
mar sobre aquele grande oceano de matéria e, aqui e ali, mergulhar
um pequeno balde, que trará à luz do dia algum espécime característico da-
C
quelas profundezas a ser examinado com cuidadosa curiosidade”.2
Com a publicação deste presente volume, o primeiro de doze “baldes”
contendo os primeiros sermões inéditos de Charles Spurgeon, além de aná-
O
21
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
anos de idade da Capela da Rua New Park de Londres. Seus cadernos per-
maneceram nos arquivos da Universidade Spurgeon, em Londres, e recebe-
ram somente uma breve menção.5
Para ser claro, os sermões de Spurgeon nunca estiveram, de fato, “per-
didos” para a história. Mas estavam perdidos para a história da publicação.
Até agora, a única tentativa de publicá-los foi feita pelo próprio Spurgeon,
em 1857, tentativa esta que abandonou por razões que Susannah articulou
em sua Autobiografia:
L
O primeiro volume de esboços deve ter sido iniciado logo depois
de o Sr. Spurgeon começar a pregar, pois o segundo nele escri-
A
to era apenas o quarto discurso proferido pelo jovem evangelis-
ta. O texto era Apocalipse 21:27, e foi pregado em Barton, perto
de Cambridge, em 9 de fevereiro de 1851.6 Este fato determina,
N
aproximadamente, a data do início daquele maravilhoso minis-
tério mundial que o Senhor abençoou tanto e por muito tem-
po, o qual ainda continua a conservar e a usar, com Sua infinita
IO
graça. Há tamanho empenho arraigado a estes primeiros regis-
tros, que a Autobiografia estaria incompleta se não incluísse ao
menos alguns espécimes dos primeiros esforços homiléticos do
amado pregador. O próprio Sr. Spurgeon tinha a intenção, há
muito tempo, de publicar uma seleção deles. No prefácio de O
C
púlpito da rua New Park em 1857, ele anunciou que esperava
em breve publicar um volume de seus primeiros sermões, en-
quanto Pastor em Waterbeach, mas foi impedido pela pressão
O
em 1857, de publicar seus sermões. No entanto, logo se tornou claro que uma
enorme quantidade de tempo, energia, recursos e sacrifício seriam necessá-
rios para terminar o que o vitoriano havia começado. Recém-saído do douto-
rado, o “trabalho em acelerado crescimento” de um professor assistente em
O
5 Para uma menção recente aos cadernos, ver Patricia Stallings Kruppa, Charles Haddon Spurgeon: a
Preacher’s Progress (PhD diss., Columbia University, 1968), p. 47, e Peter J. Morden, “Communion
with Christ and His People”: The Spirituality of C. H. Spurgeon, (vol. 5, Centre for Baptist History and
Heritage Studies; Oxford: Regent’s Park College, 2010), p. 51.
6 Ver A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2).
7 Autobiografia 1:213, itálico no original.
8 Os verdadeiros cadernos de sermões residem nos Arquivos da Sala do Patrimônio da Universidade
Spurgeon, em Londres. Com exceção de algumas visitas à universidade, o editor trabalhou com fac-
símiles de alta qualidade dos originais.
22
OS SERMÕES PERDIDOS
L
estamos separados de Spurgeon por duas barreiras intimidado-
ras: a cronologia e a geografia. Para ultrapassá-las, o historia-
dor deve viver em dois mundos. Ele deve viver no mundo que
A
conhece e também no mundo que quer conhecer. Não é o sufi-
ciente segurar a Bíblia em uma mão e um jornal na outra. Este
projeto exige uma Bíblia em uma mão e dois jornais na outra:
N
um do passado e um do presente.9
IO
A lacuna que separa o leitor e os sermões não poderia ser preenchida
de forma responsável por uma mera transcrição, embora fosse mais fácil de
produzir. Referências culturais, políticas e teológicas precisam de contexto.
Erros de gramática, pontuação e sintaxe requerem explicação. O uso erráti-
co da pontuação de Spurgeon é difícil de interpretar. Seus períodos, vírgulas,
C
travessões e elipses serviam senão como sinais visuais. Por vezes, Spurgeon
rabiscava as palavras de maneira tão imprecisa que se torna difícil decifrá-
-las. Ocasionalmente, suas anotações nas margens fazem o leitor se indagar
O
Por tais razões, foi decidido que uma edição crítica, não uma simplifi-
cação popular, permitiria aos leitores do século XXI se engajarem significati-
vamente com o material. Fac-símiles coloridos também foram incluídos para
permitir que as transcrições fossem comparadas às suas fontes originais.
PR
9 Christian T. George, Spurgeon’s Enduring Ministry in the 21st Century: An Interview with Christian
George, (15 de outubro, 2015; ultimo acesso em 18 de maio de 2016,
<http://ftc.co/resource-library/blog-entries/spurgeons-enduring-ministry-in-the- 21st-century>).
10 Para redações a lápis no Caderno 1, ver as notas referents a “K1 / 5” na primeira página e também
os sermões a seguir: Adoção (Sermão 1); Julgamento vindouro (Sermão 6); Regeneração (Sermão 7);
Perseverança final (Sermão 8); Pecadores devem ser punidos (Sermão 9); O amor manifestado na adoção
(Sermão 16); O cristão e sua salvação (Sermão 17); A planta de renome (Sermão 20); Salvação em Deus
somente (Sermão 24); A renúncia de Paulo (Sermão 27); Os preparativos do céu (Sermão 28); A luta
(Sermão 37b); A estima de Deus para com os homens (Sermão 41); Josias (Sermão 66); A justificação e
a glória dos santos (Sermão 68); Os homens possuídos pelos demônios (Sermon 70); e O médico e seus
pacientes (Sermão 74). Para uma análise passo a passo do processo editorial posterior de Spurgeon, ver
a exibição na Biblioteca Spurgeon, localizada no campus do Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste
em Kansas City, Missouri.
23
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
informativas quanto covinhas. No entanto, no rescaldo da Controvérsia do
Declínio, os biógrafos de Spurgeon (muitos dos quais eram seus amigos) sen-
tiram a necessidade de melhorar sua reputação manchada. Sua apoteose
A
resultou em décadas de relatos hagiográficos que exageravam suas forças
enquanto minimizavam suas fraquezas.
No entanto, Spurgeon não é – e não deve ser – imune a críticas. Ele
N
era capaz tanto da fraqueza como da grandeza. Sua dependência do Espírito
Santo é evidente no decorrer de seus sermões e revela a força de sua espi-
ritualidade. Na página de título do Caderno 1, sob as palavras “Esqueletos
IO
I a LXXVII”, ele escreveu: “e apenas esqueletos sem o Espírito Santo.” As
orações escritas na conclusão de seus sermões também são esclarecedoras.
Algumas destas orações incluem: “Deus, ajuda-me, ajuda essa pobre cria-
tura,”13 “Oh Pai, ajuda-me por intermédio de Jesus,”14 “Deus, meu Pai, aju-
C
da-me, rogo-te,”15 “Senhor, ajuda o teu fraco servo,”16 Senhor, ressuscita a
mim e ao povo,”17 e “Senhor, faz reviver essa minha alma estúpida!”18 Aqui
está um pregador em progresso e regresso. Alguns de seus primeiros há-
O
bitos ele manteve para o resto de sua vida; outros, foram abandonados. A
jovialidade de Spurgeon, seu comando da linguagem, a vitalidade espiri-
tual, as metáforas, ilustrações, aplicações e exortações são tão evidentes
em 1851 quanto em 1891. No entanto, torna-se óbvio para aqueles familia-
M
rizados com seu estilo que o primeiro Spurgeon ainda tinha de afinar sua
11 Susannah registrou os seguintes esboços de sermões no primeiro volume da Autobiografia: Adoção (Sermão
O
1, Autobiografia 1:214); A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2, Autobiografia 1:216);
Abraão justificado pela fé (Sermão 3, Autobiografia 1:216); Salvação do pecado (Sermão 33, Autobiografia
1:229-30); Pela fé, Jericó caiu (Caderno 2, Sermão 133, Autobiografia 1:218-19); A igreja de Antioquia
(Caderno 3, Sermão 172, Autobiografia 1:223-25); De modo algum lançados fora (Caderno 4, Sermão 212,
Autobiografia 1:225-26); Cristo, nossa certeza (Caderno 5, Sermão 243, Autobiografia 1:277-79); Cristo é
PR
precioso (Caderno 6, Sermão 311, Autobiografia 1:279-81); e Louvai ao Senhor (Caderno 7, Sermão 327,
Autobiografia 1:282–84). Para uma análise de suas transcrições dos esboços deste volume, ver Adoção
(Sermão 1), A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2) e Abraão justificado pela fé (Sermão 3).
12 Publicações recentes que oferecem uma análise mais crítica de Spurgeon incluem Morden, Communion
with Christ and His People; Mark Hopkins, Nonconformity’s Romantic Generation: Evangelical and
Liberal Theologies in Victorian England , Studies in Evangelical History and Thought (Waynesboro,
GA: Paternoster, 2004); Timothy Larson, A People of One Book: The Bible and the Victorians (Oxford:
Oxford University Press, 2011); e Tom Nettles, Living by Revealed Truth: The Life and Pastoral
Theology of Charles Haddon Spurgeon (Ross-shire, Escócia: Christian Focus Publications, 2013).
13 O tabernáculo de Jacó e o Monte Sião abençoados por Deus (Caderno 3, Sermão 145).
14 A alegria do céu (Caderno 3, Sermão 147).
15 Profissão aberta exigida (Caderno 3, Sermão 158).
16 Eu me glorio nas enfermidades (Caderno 3, Sermão 165).
17 As visitas de deus e seus efeitos (Caderno 2, Sermão 113).
18 A humildade de Moisés (Caderno 3, Sermão 179).
24
OS SERMÕES PERDIDOS
L
le que não utiliza os pensamentos dos cérebros de outros homens, prova que
ele mesmo não possui um.”21 Em outra ocasião, chegou a quase repreender
um jovem pregador na Pastors’ College que foi pego pregando a partir do
A
esboço de Spurgeon. No seu livro Preaching and Preachers, Martyn Lloyd-
Jones narrou a troca:
N
“Bem, agora”, disse o Sr. Spurgeon, “não precisas ter medo. Se
fores honesto, não serás castigado. Somos todos pecadores, mas
IO
queremos chegar aos fatos. Tens pregado um sermão sobre tal e
tal texto? “Sim, senhor.” E dividiu os assuntos da seguinte for-
ma? “Sim, senhor.” E dizes que não tens pregado os meus ser-
mões? “Isso mesmo, senhor.” Então, estás dizendo que é um
sermão teu? “Oh não, senhor”, disse o jovem. Portanto, de quem
C
é o sermão? “É um sermão de William Jay of Bath, senhor”, dis-
se o estudante. O fato era que o Sr. Spurgeon também havia
pregado o sermão de William Jay e o impresso junto a outros
O
sermões dele.22
mas deve-se lembrar que antes de meados do século XIX, a propriedade in-
telectual era muito mais flexível do que é hoje. Alguns vitorianos duvidavam
que a ideia de originalidade fosse sequer possível. Robert Macfarlane obser-
O
vou que Samuel Johnson ofereceu em seu dicionário uma terceira definição,
“primeira cópia”, abaixo da palavra “original”23 para sugerir que “o escri-
tor é apenas um rearranjador de pedaços: um administrador, em vez de um
produtor”.24
PR
25
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
Claude (1619-1687), pastor da Igreja Reformada Francesa em Charenton,
perto de Paris, no qual enfatizara que “um sermão deve ser como um teles-
cópio”, e as divisões primárias são como lentes que “trazem o assunto de seu
A
texto para mais perto”.25 O uso de Spurgeon da obra de Claude em seu ser-
mão “O tesouro em vasos de barro” do Caderno 226 revela tanto sobre o de-
senvolvimento de seu estilo quanto “A eloquência de Jesus” do Caderno 1,
N
em que Spurgeon analisa as qualidades e características da homilética do
próprio Jesus, que incluía “simplicidade”, “seriedade”, “sinceridade” e “obje-
tividade”. 27
IO
Os sermões de Spurgeon não surgiram ex nihilo, mas ele também não
repetiu os puritanos, simplesmente. De maneira única e inovadora, ele apre-
sentou suas exposições em uma linguagem que os vitorianos comuns podiam
compreender. Nesse sentido, Spurgeon não foi um criador; ele foi um conver-
C
sor. Sua pregação reformulou expressões mais antigas do evangelicalismo e
as transferiu para novos públicos. Da mesma forma que a água absorve as
propriedades de seu canal, os axiomas tradicionais da ortodoxia bíblica não
O
vam ocupar de oito a doze páginas cada um. Depois de aceitar o pastorado
da Capela da rua New Park em Londres, porém, Charles voltou a pregar de
forma simples, provavelmente devido às condições de seu tempo.29 Desta for-
ma, seus primeiros sermões no Caderno 1 se assemelham àqueles que ca-
racterizam seu ministério posterior, enquanto os sermões nos Cadernos 2-9
25 Hugh Evans Hopkins, Charles Simeon of Cambridge (Hodder and Stoughton, 1977; repr., Eugene, OR:
Wipf & Stock, 2012), p. 59.
26 O tesouro em vasos de barro (Caderno 2, Sermão 80).
27 A eloquência de Jesus (Sermão 49).
28 Autobiografia 1:99.
29 Ver ibid., 3:293.
26
OS SERMÕES PERDIDOS
L
contexto histórico da Cambridgeshire de meados do século XIX, com ênfase
nas influências políticas, sociais, geográficas e homiléticas que moldaram o
início do ministério de Spurgeon. Esse volume também oferecerá uma aná-
A
lise mais aprofundada de todos os 400 primeiros sermões de Spurgeon, com
atenção especial ao desenvolvimento da soteriologia, eclesiologia, escatolo-
gia e outras categorias teológicas de Spurgeon.
N
IO
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30 Ibid., 1:207.
27
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FONTES E MÉTODOS
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ma ampla gama de fontes primárias e secundárias foi consultada,
além dos onze diários manuscritos. Essas fontes incluem cartas não
publicadas,1 notas de púlpito originais, notas redigidas pelo estenó-
grafo, provas tipográficas anotadas,2 recortes de jornal,3 livros que Spurgeon
C
possuía e nos quais registrava seus apontamentos, os quais encontram-se
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O
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1 Consultei cartas e materiais diversos contidos na caixa D / SPU 1 na Biblioteca e Arquivo Angus no
Regent’s Park College, Universidade de Oxford, e também os três volumes encadernados de cartas:
Original Correspondence of Charles Haddon Spurgeon 1851-1893 (vol. 1); 1863-1868 (vol. 2); e 1887-
1892 (vol. 3) nos Arquivos da Sala do Patrimônio da Universidade Spurgeon (4G).
2 Para comparações analíticas, uma ampla gama de notas de púlpito não publicadas, notas redigidas pelo
taquígrafo e provas tipográficas anotadas foram consultadas.
3 “Álbuns de recortes de Spurgeon, volumes numerados,” “Álbuns de recortes de Spurgeon, dois volumes
não numerados,” “Pastas de folhas soltas” e quatro volumes de “Pastas de Maroon Bound,” Universidade
Spurgeon, Sala do Patrimônio.
28
FONTES E MÉTODOS
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primárias não editadas, mas requerem alguma familiaridade com o lingua-
jar vitoriano e os usos arcaicos da linguagem. Resumos contemporâneos são
A
4 A Biblioteca Spurgeon no Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste em Kansas City, Missouri, contém
informações úteis e anotações que beneficiaram este projeto. A seguinte história da biblioteca foi tirada
de uma exibição na parede: “Na época de sua morte em 1892, Charles Spurgeon havia organizado
N
aproximadamente 12.000 livros em sua biblioteca pessoal em sua residência em Westwood, no sul
de Londres. Embora muitos dos volumes fossem teológicos, sua coleção também continha numerosos
exemplares interdisciplinares, incluindo literatura popular, romances, guias de viagem, biografias,
tomos científicos e históricos e hinários. Em 1904, os filhos de Spurgeon entregaram a maior parte
da biblioteca de seu pai aos cuidados de um agente que tentou vender a coleção para uma faculdade
IO
britânica. A tentativa foi malsucedida e, no ano seguinte, a Associação Batista de Missouri manifestou
interesse em sua aquisição. Liderada por J. T. M. Johnson, John E. Franklin, John Priest Greene e
J. E. Cook, a Associação levantou $ 2.500 para a compra da biblioteca, que foi vendida a 50 centavos
por volume. Sob a supervisão do Dr. JW Thirtle, a biblioteca de Spurgeon foi embalada em 38 caixas
forradas com lona à prova d’água, carregada no SS Cuba e enviada através do Oceano Atlântico em 16
de dezembro. Depois de chegar em Nova Orleans, Louisiana, a biblioteca foi transportada para Kansas
C
City, Missouri, pela Estrada de Ferro Central de Illinois antes de viajar cerca de 30 quilômetros para
Liberty, Missouri, onde foi apresentada como um presente da Associação Batista de Missouri ao William
Jewell College. Por 100 anos, a coleção permaneceu em exibição no nível inferior da Biblioteca Curry.
Em um leilão cego em 10 de outubro de 2006, o Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste comprou
O
a biblioteca de mais de 6.000 volumes, muitos deles repletos de anotações de Spurgeon. Em 2014, sob
a liderança do Dr. Jason K. Allen, o quinto presidente do seminário, uma generosa doação foi feita
para a fundação do Centro Spurgeon. As reformas para transformar a antiga capela do Seminário
foram concluídas em julho de 2015, com a inauguração após aquele mês de outubro. Hoje, a Biblioteca
Spurgeon contém a maior coleção do mundo de obras de propriedade pessoal de Spurgeon e está
M
comprometida com o avanço da bolsa de estudos de Spurgeon, promovendo a pregação bíblica e trazendo
o ensino superior teológico ao serviço da igreja.”
5 The New Park Street Pulpit e The Metropolitan Tabernacle Pulpit, impressos pela Pilgrim Publications,
são exemplos de reproduções fac- símile de Passmore & Alabaster. Reproduções não fac-símile também
são encontradas em Spurgeon’s Sermon Notes: Over 250 Sermons Including Notes, Commentary and
O
Illustrations (Peabody, MA: Hendrick son Publishers, 1997); Spurgeon’s Sermons on the Death and
Resurrection of Jesus (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 2005); Kerry James Allen, ed., Call
unto Me: Twenty Selected Sermons on the Topic of Prayer from the Works of Charles Haddon Spurgeon
(Romeoville, IL: Fox River Press, 2007); The Spurgeon Collection vols. 1-7 (Belfast, Irlanda do Norte
e Greenville, SC: Emerald House, 1998), nas quais estão inclusos os títulos: Comfort and Assurance,
PR
Evangelism, Miracles, Parables, Prayer, Psalms, and Revival; e Kregel Publications, C. H. Spurgeon
Sermon Series (Grand Rapids, MI) incluindo Spurgeon’s Sermons on Christmas and Easter, Spurgeon’s
Sermons on Soulwinning, Spurgeon’s Sermons on New Testament Women (2 vols.), Spurgeon’s Sermons
on New Testament Men (2 vols), Spurgeon’s Sermons on the Parables of Christ, Spurgeon’s Sermons on
Great Prayers of the Bible, Spurgeon’s Sermons on Angels, e Spurgeon’s Sermons on the Cross of Christ.
6 A Whitaker House publicou uma antologia dos sermões de Spurgeon que foi “editada para o leitor
moderno” (Charles Spurgeon, Power Over Satan [New Kensington, PA: Whitaker House, 1997], notas
do editor). O título inclui Tudo de graça, Fé (antes intitulado Forte Fé), Spurgeon no Espírito Santo,
Ser Amigo de Deus, Graça de Deus para você, Alegria em sua vida, Como ter verdadeira alegria (antes
intitulado A Alegria do Senhor), Spurgeon na Oração e na Guerra Espiritual, O poder em louvar a
Deus e Manhã após manhã, entre outros. Em 1981, a Baker Books lançou o Spurgeon Devotional Bible:
Selected Passages from the Word of God with Running Commentary (Grand Rapids, MI: Baker Books,
1981) no qual “as passagens omitidas costumam estar resumidas sempre que possível” (prefácio). Uma
exceção é encontrada em Letters of Charles Haddon Spurgeon: Selected with Notes by Iain H. Murray
(Edimburgo: Banner of Truth Trust, 1992) na qual o editor apresenta comentários.
29
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
pendendo do propósito de uso do material.
Os ajustes técnicos e interpolações textuais feitos foram intencional-
mente mínimos, para que o estilo, o idiomatismo e a estrutura do sermão de
A
Spurgeon fossem mantidos. Pontos foram adicionados no lugar de traves-
sões e outros recursos de pontuação improvisados que Spurgeon usava para
sinalizar pausas. Quando necessário, dois pontos são inseridos antes das lis-
N
tas. Sempre que possível, o espaçamento entre as linhas foi preservado, as-
sim como a paginação, os grupos de palavras e as anotações marginais. Um
espaço adicional foi adicionado antes das divisões primárias para maior cla-
IO
reza. Os títulos principais foram destacados em vermelho para facilitar a
leitura, e as citações das Escrituras e paráfrases indicados imediatamente
após os títulos estão em itálico. No topo de cada transcrição, os títulos dos
sermões são escritos em maiúscula, com exceção dos artigos e preposições
C
em itálico.
Palavras arcaicas não foram modernizadas. Revisões, erros tipográ-
ficos, tachados e erros de pontuação e gramática foram mantidos, mas ex-
O
mercial foi substituído pela palavra “e”. Por vezes, a falta de apóstrofos faz o
leitor se questionar se Spurgeon pretendia que a palavra fosse plural ou pos-
sessiva. Na maioria dos casos, o contexto determina seu uso correto; no en-
O
cluiu números entre colchetes. Cada detalhe da página foi considerado digno
de análise; manchas, impressões digitais, marcas causadas pelo processo de
envelhecimento do manuscrito e borrões de tinta foram explicados. As fer-
ramentas usadas para dar ênfase, como sublinhado, itálico, negrito e letras
maiúsculas são indicadas na transcrição ou nas notas de rodapé. As ilus-
trações e anotações feitas à mão que Spurgeon escreveu nas folhas de rosto
dos Cadernos 1 e 2 também foram analisadas e comparadas ao conteúdo dos
sermões.
As grafias originais de palavras incomuns foram mantidas, mas ana-
lisadas. Palavras possivelmente desconhecidas para o leitor moderno foram
30
FONTES E MÉTODOS
L
tação dos sermões exigiu uma triangulação de fontes, incluindo cartas que
Spurgeon escreveu para membros de sua família, referências autobiográfi-
cas e datas escritas na conclusão de seus sermões.8 Para referências a indi-
A
víduos específicos, os registros genealógicos foram acessados.
As referências bíblicas dos primeiros sermões de Spurgeon, os quais
voltou a pregar mais tarde em seu ministério, são de interesse do editor. Ele
N
indicou os sermões em que isso ocorre e ofereceu um julgamento relatando
se as semelhanças estruturais entre os sermões são próximas o suficiente
para sugerir que Spurgeon possa ter usado o esboço inicial para sua expo-
IO
sição posterior. Mais estudos são necessários para completar uma análise
comparativa plena, mas espera-se que a inclusão desta informação exponha
padrões na retórica e pregação de Spurgeon, que ajudarão o estudioso a res-
ponder ao questionamento: como os primeiros sermões de Spurgeon se com-
C
param aos seus posteriores?
Na introdução, o editor optou por usar o nome Spurgeon para se re-
ferir ao pregador. No entanto, na análise do sermão em si, preferiu-se uti-
O
meros dos sermões, que Spurgeon justificou no canto superior direito ou es-
querdo, foram centralizados. Referências bíblicas foram adicionadas quando
o editor suspeitou que Spurgeon estivesse referindo-se a – ou aludindo a –
O
31
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
(135 páginas de sermões, 2 páginas em branco e 3 páginas variadas)
Caderno 3: 140 páginas no total
A
(135 páginas de sermões, 3 páginas em branco e 2 páginas variadas)
Caderno 4: 123 páginas no total
(114 páginas de sermões, 7 páginas em branco e 2 páginas variadas)
N
Caderno 5: 120 páginas no total
(115 páginas de sermões, 5 páginas em branco e 3 páginas variadas)
Caderno 6: 128 páginas no total
11 Os cadernos de sermões estão categorizados como “Caderno contendo os primeiros esqueletos de sermões,
O
Vol. 1,” (K1.5); “Cadernos com esboços de sermões, Vols. 2-9” (U1.02). Os volumes de 10 a 12 de Os Sermões
Perdidos incluirão o seguinte material além dos sermões: Gramática Francesa, A parábola do semeador,
Os Talentos, Misc., Um ensaio lido em fevereiro de 1851: Depravação, Um ensaio lido em 2 de junho de
1851, O anticristo e sua prole; ou o papismo desmascarado, Notas sobre animais vertebrados, e Sonho de
Waterbeach.
PR
12 Ao usar as palavras “em branco”, refiro-me às páginas dos cadernos que não contêm texto. Algumas
dessas páginas contêm vestígios de informações que podem ser significativas para o texto, o que é
apresentado.
13 As páginas “variadas” incluem folhas de rosto, índices e páginas que contêm hinos.
14 Este número também inclui os seguinte dezoito sermões que Spurgeon começou a escrever, mas não
concluiu: Filho, tenha bom ânimo (Caderno 4, Sermão 225); Ele enche os famintos com coisas boas
(Caderno 4, Sermão 226); Ele julgará cada obra (Caderno 4, Sermão 228); Como aquele a quem sua mãe
consola (Caderno 4, Sermão 229); Banquete para meninos e meninas (Caderno 5, Sermão 239); Banquete
para jovens crentes (Caderno 5, Sermão 240); Jó, o homem perfeito (Caderno 5, Sermão 263); Enquanto
cai a chuva e a neve do céu (Notebook 6, Sermon 291); Ó Senhor, sê gracioso para conosco (Caderno
6, Sermão 295); Tendo parte nos pecados de outros homens (Caderno 7, Sermão 324); Como enfrentar
notícias ruins (Caderno 7, Sermão 325); Os meios da bênção (Caderno 7, Sermão 336); Os dois pássaros
(Caderno 8, Sermão 352); Adoração dentro da corte (Caderno 8, Sermão 379); A comissão de Paulo
(Caderno 9, Sermão 385); Uma congregação contente (Caderno 9, Sermão 386); Sem título (Caderno 9,
Sermão 388); e Sem título (Caderno 9, Sermão 393).
32
L
ANÁLISE DO SERMÃO:
A
CADERNO 1
(Sermões 1–77)
N
IO
C
A
o longo dos setenta e sete sermões1 contidos no Caderno 1, Spurgeon
incorporou uma variedade de hábitos literários. Alguns deles in-
O
33
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
os incêndios na América do Norte;18 a química, emplastros, cordiais, bitters
5 Exemplos de pontilhados são encontrados nos seguintes sermões: Adoção (Sermão 1); A necessidade
A
da pureza para entrar no céu (Sermão 2); O complacente amor de Jesus (Sermão 5); Julgamento
vindouro (Sermão 6); Pecadores devem ser punidos (Sermão 9); Começando por Jerusalém (Sermão 29);
O Cordeiro e o Leão unidos (Sermão 34); A luta e as armas (Sermão 37a); Os homens possuídos pelos
demônios (Sermão 70); e Uma exortação à coragem (Sermão 72).
N
6 Exemplos de tachados são encontrados nos seguintes sermões: Julgamento vindouro (Sermão 6);
Fazendo pouco caso de Cristo (Sermão 21); Aqueles que desprezam são alertados (Sermão 26); A renúncia
de Paulo (Sermão 27); Salvação da fome (Sermão 30); A vereda dos justos (Sermão 35); O amor do Filho
por nós em comparação ao amor de Deus por Ele (Sermão 38); Alegria cristã (Sermão 40); A fé e oração
de Elias (Sermão 44); Ele não assumiu a natureza dos anjos (Sermão 52); A oferta dos homens sábios
7
IO
(Sermão 58); A tristeza do Getsêmani (Sermão 63); Os homens possuídos pelos demônios (Sermão 70);
Escravidão exterminada (Sermão 73); e “O médico e seus pacientes (Sermão 74).
Spurgeon usa colchetes nos seguintes sermões: A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2);
Abraão justificado pela fé (Sermão 3); Salvação do pecado (Sermão 33); Josias (Sermão 66); e Escravidão
exterminada (Sermão 73).
8 Exemplos de ditografia são encontrados nos seguintes sermões: Jesus, a chuva do Céu” (Sermão 43);
C
O pequeno fogo e a grande combustão (Sermão 54); A aflição de Acaz (Sermão 57); Imitação de Deus
(Sermão 69); e Podem dois caminharem juntos, se não estiverem de acordo? (Sermão 76).
9 Exemplos de sublinhados são encontrados nos seguintes sermões: A necessidade da pureza para entrar
no céu (Sermão 2); Cristo sobre os negócios de seu Pai (Sermão 15); Os preparativos do Céu (Sermão 28);
O
A fé e oração de Elias (Sermão 44); Os autores da condenação e da salvação (Sermão 45); Regeneração,
suas causas e efeitos (Sermão 46); Deus, o guia de seus santos (Sermão 62); e O Médico e seus pacientes
(Sermão 74).
10 Exemplos de erros ortográficos de Spurgeon são encontrados nos seguintes sermões: Regeneração
(Sermão 7); A planta de renome (Sermão 20); Fazendo pouco caso de Cristo (Sermão 21); Salvação em
M
Deus somente (Sermão 24); Começando por Jerusalém (Sermão 29); Salvação do pecado (Sermão 33); A
luta (Sermão 37b); Fariseus e saduceus repreendidos (Sermão 39); “Rei da justiça e da paz (Sermão 42);
A eloquência de Jesus (Sermão 49); Deus glorificado nos salvos (Sermão 56); A aflição de Acaz (Sermão
57); A oferta dos homens sábios (Sermão 58); A primeira promessa (Sermão 59); Josias (Sermão 66); Os
homens possuídos pelos demônios (Sermão 70); O que pensais vós do Cristo? (Sermão 71); e O Médico e
O
aflição de Acaz (Sermão 57); A oferta dos homens sábios (Sermão 58); A paz de Deus (Sermão 60); O
aprimoramento dos nossos talentos (Sermão 61); Deus, o guia de seus santos (Sermão 62); A tristeza do
Getsêmani (Sermão 63); e Josias (Sermão 66).
12 Para exemplos de marcações diversas, ver Adoção (Sermão 1); A necessidade da pureza para entrar no
céu (Sermão 2); A oferta dos homens sábios (Sermão 58); e Deus, o guia de seus santos (Sermão 62).
13 Para um exemplo de impressão digital nas páginas do manuscrito, provavelmente pertencente a
Spurgeon, ver a página final do caderno.
14 Os índices iniciais e finais de Spurgeon contêm numerosos erros nas referências às Escrituras, títulos
de sermões e posicionamento. Por exemplo, Spurgeon não incluiu quarenta e um dos títulos de seus
sermões em seu índice final. No Caderno 2, Spurgeon parou de indexar seus sermões após sua única
entrada, Autoengano (Caderno 2, Sermão 78).
15 Ver O complacente amor de Jesus (Sermão 5).
16 Ver A exigência de uma resposta (Sermão 19).
17 Ver A planta de renome (Sermão 20).
18 Ver O pequeno fogo e a grande combustão (Sermão 54).
34
ANÁLISE Do SERMÃO: CADERNO 1 (Sermões 1–77)
L
o catolicismo romano e o puseísmo,26 o ateísmo e o deísmo,27 o arminianismo,
o antinomianismo, o socinianismo,28 o sofismo,29 os mórmons e os arianos,30
além do islamismo (“maometismo”).31
A
O Caderno 1 registra a transição de Spurgeon da pregação itineran-
te com a Associação de Pregadores Leigos, conectada à Igreja Batista da rua
St. Andrew,32 ao seu serviço como pastor da Capela Waterbeach. Muitos dos
N
primeiros trinta e dois sermões do Caderno 1 foram pregados em cabanas e
capelas nas seguintes vilas: Balsham, Barton, Cherry Hinton, Comberton,
Coton, Dunmow, Grantchester, Hythe, Layer Breton, Milton, Teversham,
IO
Toft, Tollesbury, Trumpington, Waterbeach e West Wratting. As dis-
tâncias que Spurgeon viajou de sua residência, perto do centro da cidade
em Cambridge, para essas aldeias variam de quatro quilômetros (Cherry
Hinton, Grantchester e Trumpington) a cento e setenta quilômetros (Hythe).
C
Em outubro de 1851, Spurgeon pregou seu primeiro sermão como pastor da
Capela Waterbeach (“Salvação do Pecado”, Sermão 33). Ele permaneceu em
Waterbeach até o dia 28 de abril de 1854, quando aceitou o pastorado da
O
35
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
Abaixo está uma lista das distâncias que Spurgeon viajou para
pregar:33
Balsham – 10.0 mi = 16 km Barton – 4.1 mi = 6,60 km
Cherry Hinton – 2.5 mi = 4,02 km Comberton – 5.7 mi = 9,18 km
Coton – 3.2 mi = 5,15 km Dunmow – 28.4 mi = 45,70 km
Grantchester – 2.5 mi = 4,02 km Hythe – 105 mi = 169 km
Layer Breton – 46.8 mi = 75,31 km Milton – 3.5 mi = 5,63km
L
Teversham – 3.4 mi = 5,47 km Toft – 6.8 mi = 10,95 km
Tollesbury – 49.7 mi = 80 km Trumpington – 2.5 mi = 4,02 km
A
Waterbeach – 6.1 mi = 9,81 km West Wratting – 11.2 mi = 18,02 km
A distância média viajada foi de 16,0 milhas (25,7 quilômetros).
N
DISTÂNCIAS DO CENTRO DA CIDADE DE CAMBRIDGE
ATÉ AS VILAS ONDE SPURGEON PREGOU (em milhas)
100
IO
80
C
60
O
Miles
40
M
20
O
0
Dunmow
Grantchester
Milton
Balsham
Barton
Cherry Hinton
Comberton
Coton
Hythe
Layer Breton
Teversham
Toft
Trumpington
Waterbeach
West Wratting
Tollesbury
PR
33 Essas distâncias foram calculadas usando o Google Maps para gerar as rotas a pé mais curtas do centro
da cidade de Cambridge até o centro de cada vila. A exceção é Waterbeach, que foi calculada usando o
endereço específico da Igreja Batista de Waterbeach. Essas rotas são modernas e podem não refletir as
trilhas reais percorridas por Spurgeon. Para chegar a algumas das vilas, em especial Dunmow, Layer
Breton, Tollesbury e Hythe, Spurgeon viajava de trem ou carruagem.
36
ANÁLISE Do SERMÃO: CADERNO 1 (Sermões 1–77)
L
pelos livros de Salmos (oito sermões) e Provérbios (seis sermões). Ele pregou
quarenta e três sermões com base no Novo Testamento. De seus sermões do
Novo Testamento, 21% são baseados em Mateus; 9% (quatro sermões) em
A
Efésios; 7% (três sermões) cada em Marcos, João, 2 Coríntios, Filipenses,
Hebreus e Apocalipse; 5% (dois sermões) cada em Lucas e Colossenses; e
2% (um sermão) cada em Romanos, 1 Coríntios, Gálatas, 1 Timóteo, Tiago,
N
1 Pedro, 2 Pedro e 1 João.34 Spurgeon pregou com base em dezoito dos vin-
te e sete livros do Novo Testamento (67%). Ele não pregou nenhum sermão
com base em Atos, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 2 Timóteo, Tito,
IO
Filemom, 2 João, 3 João ou Judas (33% dos livros do Novo Testamento).
Spurgeon também pregou trinta e quatro sermões com base no Antigo
Testamento. De seus sermões do Velho Testamento no Caderno 1, 24% são
baseados em Salmos (oito sermões); 18% em Provérbios (seis sermões); 9%
C
em Isaías (três sermões); 6% (dois sermões) cada em Gênesis, Deuteronômio,
2 Samuel, 2 Reis e Ezequiel; e 3% (um sermão) cada em Êxodo, Josué, 1 Reis,
2 Crônicas, Jeremias, Oseias e Amós. Spurgeon pregou com base em quinze
O
dos trinta e nove livros do Antigo Testamento (38%). Ele não pregou nenhum
sermão dos livros de Levítico, Números, Juízes, Rute, 1 Samuel, 1 Crônicas,
Esdras, Neemias, Ester, Jó, Eclesiastes, Cântico de Salomão, Lamentações,
Daniel, Joel, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu,
M
37
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
Sermão 8 = 116 palavras Sermão 43 = 194 palavras
Sermão 9 = 98 palavras Sermão 44 = 248 palavras
A
Sermão 10 = 150 palavras Sermão 45 = 187 palavras
Sermão 11 = 119 palavras Sermão 46 = 296 palavras
Sermão 12 = 134 palavras Sermão 47 = 179 palavras
N
Sermão 13 = 116 palavras Sermão 48 = 266 palavras
Sermão 14 = 85 palavras Sermão 49 = 254 palavras
IO
Sermão 15 = 145 palavras
Sermão 16 = 102 palavras
Sermão 17 = 152 palavras
Sermão 50 = 185 palavras
Sermão 51 = 283 palavras
Sermão 52 = 315 palavras
Sermão 18 = 130 palavras Sermão 53 = 276 palavras
C
Sermão 19 = 161 palavras Sermão 54 = 251 palavras
Sermão 20 = 119 palavras Sermão 55 = 165 palavras
O
38
ANÁLISE Do SERMÃO: CADERNO 1 (Sermões 1–77)
L
196 palavras. A tendência geral parece indicar que quanto mais Spurgeon
pregava, mais palavras ele escrevia para cada sermão.
A
CONTAGEM DE PALAVRAS POR SERMÃO:
N
600
500
400
IO
Contagem de palavras
300
C
200
O
100
0
M
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Número do Sermão
O
PR
39
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
.006
.005
L
.004
A
.003
.002
N
.001
0
0 100 200 300 400 500 600
IO
C
DISTRIBUIÇÃO DA CONTAGEM DE PALAVRAS COM
EXCLUINDO OS SERMÕES 58 E 7436
.007
O
.006
M
.005
.004
O
.003
PR
.002
.001
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
36 Nota do estatístico, ao excluir os Sermões 58 e 74, a contagem de palavras dos sermões no Caderno 1
forma uma distribuição normal quase perfeita (“curva em sino”) com uma média de 196 e um desvio
padrão de 69. O eixo x representa a contagem de palavras e o eixo y representa a probabilidade.
40
ANÁLISE Do SERMÃO: CADERNO 1 (Sermões 1–77)
L
A
NOVO A N T IG O
T E STA M EN T O T E STA M EN T O
N
IO
C
O
Porcentagem de Sermões:
M
41
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
1 Reis – 3%
2 Reis – 6%
A
2 Crônicas – 3%
Salmos – 24%
Provérbios – 18%
N
Isaías – 9%
Jeremias – 3%
Ezequiel – 6%
IO Oseias – 3%
Amós – 3%
C
Todas as porcentagens foram arredondadas
O
8
7
6
O
5
4
PR
3
2
1
0
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Josué
Juízes
Rute
1 Samuel
2 Samuel
1 Reis
2 Reis
1 Crônicas
2 Crônicas
Esdras
Neemias
Ester
Jó
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cantares
Isaías
Jeremias
Lamentações
Ezequiel
Daniel
Oseias
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miqueias
Naum
Habacuque
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias
42
ANÁLISE Do SERMÃO: CADERNO 1 (Sermões 1–77)
L
1 Coríntios – 2%
2 Coríntios – 5%
A
Gálatas – 2%
Efésios – 9%
Filipenses – 7%
N
Colossenses – 5%
1 Timóteo – 2%
Hebreus – 7%
IO Tiago – 2%
1 Pedro – 2%
2 Pedro – 2%
1 João – 2%
C
Apocalipse – 7%
Todas as porcentagens foram arredondadas.
O
8
7
6
O
5
4
PR
3
2
1
0
Mateus
Atos
2 Tessalonicenses
1 João
2 João
3 João
Judas
Marcos
Lucas
João
Romanos
Coríntios
Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
1 Tessalonicenses
1 Timóteo
2 Timóteo
Tito
Filemom
Hebreus
Tiago
1 Pedro
2 Pedro
Apocalipse
43
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
A
N
IO
C
O
M
O
PR
44
ANÁLISE Do SERMÃO: CADERNO 1 (Sermões 1–77)
L
xílio. Assim como despejamos um pouco de água em uma bom-
ba para ajudá-la a puxar um riacho de baixo, As notas de meus
sermões podem refrescar a mente fatigada de muitas pessoas e,
A
então, colocá-la em funcionamento para desenvolver seus pró-
prios recursos. Que o Espírito Santo use esses esboços para aju-
dar Seus servos ocupados. A Ele todo o louvor, e à Sua Igreja.37
N
E agora, pela primeira vez em 160 anos, nós – o público deslocado de
IO
uma promessa há muito perdida – podemos ouvir as palavras de Spurgeon,
originalmente dirigidas à sua época, mas divinamente desviadas para a
nossa:
C
“Em breve publicarei um volume de minhas primeiras
produções, enquanto Pastor de Waterbeach...
E gostaria de solicitar, desde já, uma recepção favorável.”38
O
M
O
45
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
A
N
IO
C
O
M
O
PR
46
L
A
N
IO
C
O
M
O
PR
SERMÃO 1
L
A
N
IO
C
O
M
O
PR
66
SERMÃO 1
1 ✓1
ADOÇÃO 2
Efésios 1:5 3
L
“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo,
para si mesmo, segundo a complacência da sua vontade.”
A
Significado do termo.4 Comum entre os romanos. Duas5 instâncias nas
Escrituras: Moisés6 e Ester.7 Adoção difere de Justificação e Regeneração.
N
I. O SENTIDO EM QUE OS CRENTES SÃO FILHOS DE DEUS.8
Não como Jesus.9 Mais do que outras criaturas.10
adoção civil.
IO
—11 Em alguns aspectos, a adoção espiritual concorda com a
67
Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01
L
A
N
IO
C
O
M
O
PR
68
SERMÃO 1
L
4. Conduz os homens às mais altas associações.
5. Inclui todas as coisas.
A
6. Imutável27 e eterna.28
N
V. EFEITOS DISSO.
Participação no amor,29 na piedade, e no cuidado de Deus.
Acesso com confiança.30
O Espírito Santo.
Herança.32
IO
Conformidade à imagem de Jesus.31
C
Encorajamento. Apelo aos santos e aos Pecadores.33
34
O
69