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Ao decidirmos seguir a carreira científica, primeiramente, a Iniciação Científica, nos deparamos com um dilema que no
decorrer do tempo será percebido por nós.
Já sabem o que é?
Para alguns a resposta será bem fácil, para outros nem tanto.
Em um mundo perfeito, deveríamos trabalhar da seguinte maneira: pensar a experiência, executá-la e, por fim,
escrever o manuscrito, prepará-lo para a publicação.
Mas, sabemos que isso não existe, não vivemos em um mundo perfeito, porém, podemos tentar torná-lo algo mais
agradável e menos estressante.
Quero dizer que devemos realizar um número determinado de experiências e, sem seguida, iniciar a escrita destes
trabalhos.
No decorrer da minha carreira acadêmica, achei que seria possível planejar, executar e escrever, sempre uma após a
outra, no entanto, isso não aconteceu.
Aí vem a questão: resultados sem fim e com o tempo a correr, colegas precisando de publicações para ajudar em
processos de seleção de mestrado e/ou doutorado.
Bom, neste contexto, também, penso que seja sempre importante, iniciar novos projetos em cada uma das etapas, isto
é, iniciação científica, mestrado e doutorado, sempre com novos trabalhos, e não o que é visto em algumas situações
– trabalhos de mestrado ou parte dele sendo usado no doutorado.
Peço desculpas, mas não penso que as ideias sejam tão escassas a ponto de se usar parte de uma investigação para
processos posteriores.
Cada novo projeto resulta em novos desafios, em um novo “aos poucos e sempre”. Isso com toda a certeza será
importante para sempre encerrarmos um ciclo: fazer, escrever e publicar.
Outra questão importante e que deve ser levada em consideração: você pode pensar inúmeras pesquisas, mas não seja
egoísta, divida as tarefas, dê para alguém realizar a parte prática e, por que não, também, a parte escrita?
Você pode revisar o trabalho, pode ir como coautor, enfim, estes detalhes podem ser acertados depois.
Atenção, não estou a dizer que devemos acelerar as publicações e nem que sou a favor desta pressão maluca por
publicações; apenas quero que paremos para pensar em uma ordem mais proveitosa para todos e que sejamos sempre
muito criativos nos projetos que iremos fazer.
Proponho, também, que tenhamos um coringa na manga, ou seja, podemos elaborar projetos que não estejam dentro
da ideia de publicação acelerada; sabem por quê?
Simplesmente porque trabalhos feitos com calma e com os mínimos detalhes pensados nos permitem publicar em
periódicos de alto impacto, ou seja, melhor qualidade de nossas publicações.
Mas, vejam lá: periódicos de alto impacto nem sempre podem indicar que o trabalho seja de tão alta qualidade.
Em minha modesta opinião, posso dizer que: isso é uma questão complexa que poderemos falar em outro momento.
Pesquisas sem fim, publicações paradas, pressão por publicações, arquivos de dados entre outras coisas tem
prejudicado bons pesquisadores e tem feito com que outros promissores tenham de deixar a ciência.
O “aos poucos ou tudo ao mesmo tempo”, nos leva a outro fator extremamente importante: as colaborações
científicas, entre diferentes grupos de pesquisa, independentemente de estarem na mesma instituição ou não.
Aproveito para deixar esta questão para reflexão: você acha fundamental a criação de colaborações científicas?
Em meio as atuais crises temos que parar para pensar em como vamos “sobreviver” a isso, sem perdermos grandes
talentos científicos.
E a manutenção de boas publicações se torna uma alternativa, principalmente, se tem em tua equipe um(a) aluno(a)
dedicado e que quer seguir neste caminho.
Que fique claro, apenas defendo que a pesquisa seja feita de maneira saudável, onde todas as experiências feitas
tenham os seus resultados, o mais brevemente possível, publicados.
Afinal, você aí que tem orientados: já parou para pensar que aquele um milhão de dados que você tem poderiam ter
sido o diferencial do teu aluno, ou melhor, agora ex-aluno que perdeu uma oportunidade devido a falta de uma
simples publicação?
Mais uma: orientadores, “puxem a orelha de seus pós-doutorandos”, eles devem ser preparados para serem
futuros/grandes pesquisadores e quando mais lhes for exigido nesta etapa melhor.
Já faço uma chamada futura: o papel do pós-doutorando no grupo de pesquisa! O que poderia, realmente, acontecer.
Já devem ter ouvido o seguinte ditado: “o verdadeiro mestre é aquele que é superado pelo discípulo”.
Mestres que se negam a ver que o seu discípulo é tão bom, senão melhor que eles não faltam.
Por favor, meus caros, deixem este ego de lado e se orgulhem de formarem grandes curiosos da ciência, grandes
pesquisadores.
É fundamental a formação de uma nova geração de cientistas tão crítica quanto a atual.
Por fim, deixo a seguinte mensagem: por mais difícil que seja, planeje, execute e escreva. Se o tempo “apertar”, divida
tarefas, mas faça!
É preciso que as coisas aconteçam não em um ritmo louco, mas dentro de um tempo saudável e que possa ajudar em
imenso, principalmente, aos novos, aqueles que estão iniciando uma carreira científica e que precisam destas
contribuições.
A ciência é feita de dedicação e amor ao que se faz: faça dela o teu hobby, algo satisfatório e divulgue o que
encontrares.
Texto escrito por Alexssandro G. Becker, pós-doutorando do Centro de Ciências do Mar, Universidade do Algarve
(Portugal), bolsista da Fundação para a Ciência e a Tecnologia de Portugal e autor do blog BrandoBe.
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