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PRÁTICA DE CONDUTA AUTO I

C-Espc-MO / 2022

DESLOCAMENTOS MOTORIZADOS DO CFN


TÓPICOS
➢ CLASSIFICAÇÃO DAS MARCHAS MOTORIZADAS;
➢ ORGANIZAÇÃO DAS MARCHAS MOTORIZADAS;
➢ DESTACAMENTO PRECURSOR;
➢ TIPOS DE FORMAÇÃO DE MARCHAS MOTORIZADAS;
➢ ALTOS EM UMA MARCHA MOTORIZADA;
➢ ORDEM DE MOVIMENTO;
OBJETIVOS
➢ CITAR A CLASSIFICAÇÃO DAS MARCHAS MOTORIZADAS;
➢ EXPLICAR A ORGANIZAÇÃO DAS MARCHAS
MOTORIZADAS;
➢ CONHECER O DESTACAMENTO PRECURSOR;
➢ IDENTIFICAR OS TIPOS DE FORMAÇÃO DE MARCHAS
MOTORIZADAS;
➢ CITAR OS ALTOS EM UMA MARCHA MOTORIZADA;
➢ DESCREVER A ORDEM DE MOVIMENTO;
INTRODUÇÃO
O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) acumulou experiências por décadas na
condução de Deslocamentos Motorizados, dentre as quais podemos destacar, como
principais, a marcha para Brasília em 1960 por ocasião da inauguração da Capital
Federal, a marcha para Brasília em 1969, o deslocamento para Brasília, em 1988,
pelo Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais, por ocasião da primeira utilização
do Campo de Instrução de Formosa (CIF), em Goiás, e os deslocamentos anuais
para este Campo, até os dias atuais, para adestramentos de grande vulto,
realizados por Unidades da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE). Ressalta-se que
a distância percorrida entre o Rio de Janeiro e Formosa é, por exemplo, maior do
que a soma das distâncias entre Kandahar e Cabul e entre a Cidade do Kuwait e
Bagdá, trechos notórios pelo fluxo de comboios motorizados no conflito do
Afeganistão (2001) e na 2ª Guerra do Golfo (2003). Desta forma, visualizou-se a
expedição desta publicação, com o propósito de reunir e registrar esse valioso
aprendizado decorrente de décadas de experiência, anteriormente disperso no
CFN.
ADESTRAMENTO EM FORMOSA

GUERRA DO GOLFO CONFLITO NO AFEGANISTÃO


2003 2001
1 - CLASSIFICAÇÃO DAS MARCHAS MOTORIZADAS

As Unidades necessitam muitas vezes cumprir suas


tarefas em locais distantes, para tal, o seu
deslocamento far-se-á por meio de MARCHAS (a pé
ou motorizada) ou utilizando TRANSPORTES
terrestres (Ferroviário e Rodoviário), aquaviários e
aéreos ou ainda, qualquer combinação desses
processos.
As Marchas Motorizadas podem ser Administrativas
ou em Combate, conforme o seu enquadramento ou
não em uma situação tática.
1.1 -Marchas Motorizadas Administrativas

As Marchas Motorizadas Administrativas são Deslocamentos Motorizados


realizados por viaturas operativas e administrativas, não enquadradas em
uma situação tática, onde o conforto e a segurança da tropa embarcada, a
velocidade do deslocamento e o aproveitamento das características das
viaturas avultam de importância, em detrimento dos aspectos táticos, estes
últimos prevalentes em um ambiente de conflito armado.

No caso específico das Marchas Administrativas, destaca-se a importância


do deslocamento em si, quando devam ser observadas, rigidamente, todas as
normas previstas na legislação vigente no País.
1.2 - Marchas Motorizadas em Combate

São aquelas realizadas em áreas enquadradas dentro de um


contexto de uma operação militar. Normalmente estão
relacionadas a movimentações à retaguarda das tropas em
primeiro escalão, assemelhando-se à formação “coluna de
marcha” adotada em uma Marcha para o Combate, haja vista
a necessidade de se prever medidas de segurança contra a
aviação inimiga e contra a atuação de forças não
convencionais, se for o caso.
2 - ORGANIZAÇÃO DAS MARCHAS MOTORIZADAS

Um conjunto de viaturas realizando uma Marcha


Motorizada Administrativa deve estar organizado em
Comboios, Grupamentos de Marcha (GptM) e Unidades de
Marcha (UM) para facilitar seu controle, a observação das
normas de segurança e minimizar possíveis interferências
no trânsito civil, tanto em vias urbanas quanto em
rodovias. Seguem-se os conceitos relativos a essa
organização:
2.1 - Comboio - conjunto de viaturas operativas,
constituído por um ou mais GptM, que realiza um
determinado deslocamento, transportando tropa ou
material, sob Comando único, trafegando com um sistema
próprio de controle de tráfego;
2.2 - Grupamento de Marcha (GptM) - conjunto de viaturas constituído
por duas ou mais Unidade de Marcha, subordinadas ao mesmo
Comandante de Grupamento de Marcha, que realiza um determinado
deslocamento, transportando tropa ou suprimento, enquadrado pelo
Comando do Comboio; e

2.3 - Unidade de Marcha - conjunto constituído por duas ou mais


viaturas, até um máximo de oito (desde que, pelo menos, duas sejam
viaturas leves), que realiza um determinado deslocamento,
transportando tropa ou suprimento, enquadrado pelo Comando do
Comboio ou do GptM, caso este tenha sido constituído. Mesmo que
somente duas viaturas estejam realizando uma Marcha Motorizada,
será constituída uma UM, de modo a ser estabelecido um Comando
único.
Fig. - Exemplo da estrutura organizacional de um comboio
3 - DESTACAMENTO PRECURSOR

Um Destacamento Precursor pode ser acionado para


realizar tarefas em favor do comboio, antes e durante o
deslocamento. Este Destacamento, se empregado, deve ser
acionado com a devida antecedência, de forma a se
deslocar antes da coluna de marcha. Além disso, realiza as
tarefas de reconhecimento do itinerário de marcha, de
balizamento dos pontos críticos do itinerário, de execução
dos trabalhos de Engenharia necessários à sua
desobstrução, além de tarefas nos locais dos altos.
4 – TIPOS DE FORMAÇÕES EM UMA MARCHA MOTORIZADA

Quando da constituição de comboios, organizados em, pelo menos, uma UM, as seguintes
formações poderão ser adotadas:

4.1 - Coluna aberta - nesta formação, a distância entre as viaturas deve ser mantida
constante, independente da velocidade do deslocamento. Deste modo, a densidade não varia
com a velocidade e, portanto, a profundidade é constante. O tempo de escoamento, ao longo
de uma via, varia na razão inversa da velocidade. O espaçamento entre as viaturas
possibilita que o tráfego estranho à coluna flua normalmente com o mínimo de transtorno.

- A formação aconselhável para os deslocamentos motorizados diurnos, quando os


motoristas podem orientar-se pela viatura da frente ou quando a densidade do trânsito não
permite o processo por infiltração. Oferece um bom controle da marcha, porém em menor
grau que o provido pela formação em coluna cerrada, em razão da maior dispersão das
viaturas.
4.2 - Coluna cerrada - é uma formação compacta em que as viaturas são
regularmente separadas por uma distância mínima de segurança. Esta distância, em
metros, é de, aproximadamente, uma vez e meia a velocidade em quilômetros por
hora com que se deslocam (Figura 3-3).

- Ideal para a travessia de localidades e para deslocamentos curtos em um mínimo de


tempo. É empregada, normalmente, em deslocamentos noturnos ou em estradas de
pista dupla, por causar, nestes casos, menor interferência no trânsito da via urbana
ou da rodovia;

- A profundidade da formação é relativamente pequena, variando na razão direta


da velocidade, enquanto que o escoamento, também pequeno, é constante e
independe da velocidade; e

- Oferece as melhores condições de controle para o Comando da UM e mesmo de


Marchas Motorizadas com organização de maior vulto.
A distância deverá ser de 1 ½ à velocidade.
4.3 – Por infiltração - formação irregular na qual as viaturas são despachadas
isoladamente ou em pequenos grupos por um mesmo itinerário, previamente
estabelecido.

O itinerário deve ser claramente definido e ser do conhecimento de todos os


Motoristas e Chefes de Viaturas, os quais precisam receber instruções detalhadas
sobre o mesmo. Esta formação reduz a fadiga dos Motoristas, que são autorizados
para ultrapassar viaturas civis que se desloquem em velocidade mais baixa.

A densidade desta formação é fixada entre uma e cinco viaturas por


quilômetro, o que resulta em uma distância entre viaturas de duzentos a mil
metros, respectivamente. A profundidade independe da velocidade e apresenta o
inconveniente de ser muito grande, dificultando o controle. Possibilita o emprego
de velocidades mais altas, sendo empregada quando há disponibilidade de tempo,
para obter a máxima discrição, minimizando transtornos ao trânsito local, sendo
indicada para deslocamentos diurnos em estradas e vias urbanas, para um
pequeno número de viaturas em deslocamentos curtos.
4 - Altos em uma Marcha Motorizada

4.1 - Alto Técnico - realizado após os primeiros 45 minutos de um Deslocamento


Motorizado e após deslocamentos em itinerários íngremes, por período constante. A
duração de quinze minutos tem a finalidade específica de possibilitar a verificação
das condições de acondicionamento do material transportado, o posicionamento do
pessoal e observação das condições da viatura quanto a vazamentos, à pressão dos
pneus, à temperatura dos tambores de freio, às condições dos engates dos reboques e
à amarração de toldos e acessórios. Este Alto se faz necessário pois, a despeito das
medidas preparatórias da viatura, material e pessoal, eventos relacionados a estes
aspectos podem ocorrer por ocasião do início do deslocamento, com a movimentação
da carga acondicionada, ou mesmo o defeito de algum componente da viatura. Este
Alto permite se antecipar a possíveis consequências advindas destes eventos;
4.2 - Alto Periódico - realizado a cada duas horas de um Deslocamento Motorizado,
com a duração de, no máximo, vinte minutos, tem a finalidade de permitir o descanso
da tropa, o revezamento de motoristas (quando for o caso) e a realização de inspeção
nas viaturas e na carga. É utilizado, obrigatoriamente, em Marchas Motorizadas
cuja duração seja de, pelo menos, meia jornada; e

4.3 - Grande Alto - realizado com a duração de trinta minutos até uma hora, tem a
finalidade de permitir as refeições da tropa embarcada e se necessário, o
reabastecimento das viaturas. Pode ser empregado também para evitar o
deslocamento na área urbana em horários de maior fluxo de trânsito (rush), quando
as condições de trânsito dificultam o controle ou a manutenção de uma boa
velocidade de deslocamento. Deve, preferencialmente, coincidir com as horas mais
quentes do dia ou com o horário normal das refeições. É utilizado, obrigatoriamente,
em Marchas Motorizadas cuja duração seja de, pelo menos, uma jornada.
4.4 - Alto para Pernoite - deverão ser planejados pontos de apoio ao
comboio nos locais de pernoite, onde deverá haver um Destacamento de
Apoio de Serviços ao Combate (DASC), provendo, no mínimo: local para
pernoite de todo o pessoal em deslocamento (pelo menos em barracas de
dez homens com camas de campanha, podendo ser utilizadas, quando
exequível, instalações militares, hotéis e pousadas), segurança,
abastecimento de combustível, manutenção de viaturas, socorro móvel
com mecânicos, instalações de Saúde da infraestrutura local
(previamente reconhecidas nas proximidades) e quando aplicáveis
serviços terceirizados substituindo ou complementando os
supramencionados apoios.
Procedimentos a serem observados por ocasião do planejamento dos deslocamentos:
a) para cálculo do tempo de deslocamento a velocidade de planejamento é de 60 km/h.
b) quando não existir sinalização regulamentadora a velocidade máxima, para qualquer viatura
será de:
I) Nas vias urbanas
- 80 km/h, nas vias de trânsito rápido;
- 60 km/h, nas vias arteriais;
- 40 km/h, nas vias coletoras; e
- 30 km/h, nas vias locais.
II) Nas rodovias
- 90 km/h, para viaturas leves e motocicletas;
- 80 km/h, para ônibus e micro-ônibus; e
- 70 km/h, para demais viaturas (viaturas médias e pesadas).
III) Nas estradas
- 60 km/h, para todos os tipos de viaturas; e
- a velocidade mínima deverá ser, pelo menos, a metade da velocidade máxima da via .
c) A jornada diária de marcha para fim de planejamento será entre 420 e 510 km.
d) Não obstante, esta jornada diária não ultrapassará oito horas e meia de deslocamento,
excluídos os Grandes Altos e incluídos os Altos Técnicos e Periódicos.
5 – ORDEM DE MOVIMENTO

Ao término do planejamento o Comandante expede sua diretiva que,


para os Deslocamentos Motorizados, normalmente será uma Ordem de
Movimento.
A Ordem de Movimento, normalmente, terá como anexos calcos dos
itinerários planejados e também um Quadro de Itinerário que é
elaborado com base no relatório de reconhecimento realizado e que
materializa a cinemática da marcha.
Vale salientar que uma Ordem de Movimento também é enquadrada, na
MB, como um tipo de diretiva e, como tal, deverá possuir os cinco
parágrafos numerados, conforme previsto na publicação EMA-331 -
Manual de Planejamento Operativo da Marinha, Vol. II – Diretivas.
Os Anexos D e E apresentam exemplos de uma Ordem de Movimento e
de uma Ordem de Movimento Simplificada (OMS), respectivamente.
Dependendo do vulto da marcha, poderá ser expedida uma OMS,
conforme as classificações apresentadas abaixo:
5.1 - Marchas Motorizadas de curto alcance - são aquelas realizadas em
itinerários cujas distâncias percorridas não ultrapassam 240 Km. Para
este tipo de Marcha Motorizada admite-se a expedição de OMS;

5.2 - Marchas Motorizadas de médio alcance - são aquelas realizadas em


itinerários cujas distâncias percorridas variam de 240 a 510 km. A
expedição de OMS só será permitida para grupos de até duas viaturas
efetuando algum tipo de apoio logístico a algum exercício ou operação
em andamento. Caso contrário, deverá ser expedida uma Ordem de
Movimento; e

5.3 - Marchas Motorizadas de longo alcance - são aquelas realizadas em


itinerários cujas distâncias percorridas ultrapassam 510 km, distância
que deve ser considerada a máxima para cada jornada diária. Não será
admitida a expedição de OMS para este grupo.
REFERÊNCIAS

 CGCFN – 40.8 – 2020


 NORFORESQ – 40D-21 – 2020
FIM

FIM

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