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Departamento de Química

Laboratórios de Engenharia Química II 

Purificação de uma corrente de sal utilizando


filtração membranar
 

Turma P3, Grupo 2


Docente: Pedro Carvalho
Ana Sousa, nº94546
Adriana Popuiac, nº94543
Beatriz Costa, nº93162
Jéssica Araújo, nº94223

Data de entrega: I

2021/2022
Resumo

O projeto em estudo tem como objetivo analisar a influência da concentração de


sal através de um processo de filtração membranar no que toca à remoção de ferro e de
carbono orgânico. Para tal, analisou-se uma corrente de sal otimizada proveniente da
indústria dos couros, já submetida à eletrocoagulação, cujas condições foram
determinadas por um desenho experimental.

Existem duas técnicas que permitem recuperar o sal contaminado para poder ser
reutilizado na etapa da piquelagem. A primeira consiste num sistema de filtração por
membranas, que implica um custo de investimento que tem um tempo de retorno de
menos de 4 anos, o que é uma desvantagem. A segunda é uma técnica mais simples,
mas que, no entanto, implica adicionar fornos na fábrica que têm de atingir elevadas
temperaturas para a carbonização da matéria orgânica, o que implica elevados consumos
de energia. Assim, há a necessidade de encontrar uma solução mais económica para o
tratamento do sal.

Deste modo, este projeto visa estudar uma alternativa de valorização do sal
contaminado, através da conjugação de tecnologias, que desenvolverá uma solução que
permita a obtenção de um subproduto com valor comercial que possa ser reutilizado
noutra etapa do processo, como a piquelagem, em forma de salmoura com concentração
de sal de aproximadamente 7,5% (w/w).

II
Índice
Resumo........................................................................................................................................II
Introdução Teórica.......................................................................................................................1
1.1 Contextualização................................................................................................................1
1.2 Eletrocoagulação................................................................................................................3
1.3 Filtração Membranar..........................................................................................................6
Procedimento Experimental.........................................................................................................9
Observações Experimentais.......................................................................................................11
Análise e discussão de dados......................................................................................................15
Conclusões.................................................................................................................................26
Referências.................................................................................................................................27

III
Introdução Teórica

1.1 Contextualização

A indústria dos curtumes transforma a pele dos animais, material putrescível, em


couro nobre, termicamente estável e imputrescível. A transformação da pele em couro
passa por várias etapas, que estão representadas no esquema da Figura 1, gerando
cargas de resíduos sólidos e efluentes líquidos, contendo grandes quantidades de
contaminantes. Esta indústria tem vários problemas a nível ambiental uma vez que, as
águas residuais e os resíduos sólidos proveniente do tratamento das peles chegam às
águas superficiais, onde as toxinas são transportadas a jusante e contaminam a água
usada para tomar banho, cozinhar, nadar e regar os solos. Os resíduos de crómio
também podem penetrar nos solos e contaminar as águas subterrâneas que fornecem
água potável à população. Estas substancias podem ainda acumular nos animais
aquáticos, que são uma fonte de alimento.

Curtume Secagem e
Salga Ribeira Recurtume
Acabamento
Piquelagem

Processos de
Tratamento Sal tratado

Figura 1-Etapas da produção do couro.

Atualmente, a empresa Demoscore possuí vários resíduos provenientes do


tratamento das peles, sendo um deles grande quantidade de sal sólido utilizado na etapa
de conservação através da salga. Apesar de constituir um resíduo sólido, grande parte
dos aterros não o recebem, devido à sua elevada solubilidade. [1]

É necessário, portanto, encontrar e implementar tecnologias que permitam


diminuir o impacto ambiental do sal, como o efeito tóxico nos vegetais e nas

1
características físicas do solo. O acúmulo de sódio, por exemplo, diminui a aeração,
dificulta o movimento da água e o desenvolvimento das raízes.

A pele após ser retirada do animal começa a decompor-se, pelo que é necessário
avançar com o processo de conservação, este processo consiste na desidratação da pele
impedindo o desenvolvimento bacteriano e a ação enzimática. Esta etapa designa-se
salga e utiliza grandes quantidade de sal, o que é uma desvantagem pois gera problemas
de poluição. Na Figura 1 encontra-se exemplificada esta operação.

Figura 2-Etapa da salga dos couros.

A etapa da remoção deste sal consiste no batimento dos couros em seco, num
equipamento próprio, Figura 2, libertando-os de parte do sal que contêm, sendo este
separado. Consegue-se recuperar cerca 6-8% da quantidade total de sal que o couro
salgado contém. A reutilização deste sal na conservação dos couros, tal qual, ou seja,
sem qualquer tratamento, é desaconselhável, devido ao seu elevado grau de
contaminação microbiológica e química - bactérias, proteínas e gorduras. Existem, no
entanto, duas técnicas que permitem tratar o sal contaminado e consequentemente
reutilizado na etapa da piquelagem. A primeira consiste num sistema de filtração por
membranas, representado na Figura 3, todavia implica um custo de investimento que
tem um tempo de retorno de menos de 4 anos, o que é uma desvantagem. A segunda é
uma técnica mais simples, no entanto, implica adicionar fornos na fábrica que têm de
atingir elevadas temperaturas para a carbonização da matéria orgânica, o que implica
elevados consumos de energia. Quando pensamos numa aplicação destas tecnologias a
uma escala industrial percebemos que há uma necessidade urgente de encontrar uma
solução mais económica e eficiente para o tratamento do sal contaminado.

2
Figura 2-Equipamento utilizado na remoção de sal. Figura 3-Equipamento para filtragem de sal utilizado.

Deste modo, este projeto visa estudar uma alternativa de valorização deste
resíduo, sal contaminado, através da conjugação de duas tecnologias (método híbrido),
será aplicado um processo de eletrocoagulação (EC) seguido de uma filtração
membranar. Tendo como objetivo, desenvolver uma solução que permita a obtenção de
um subproduto com valor comercial que possa ser reutilizado noutra etapa do processo,
como a piquelagem, em forma de salmoura com concentração de sal de
aproximadamente 7,5% (w/v).

1.2 Eletrocoagulação

A eletrocoagulação é um processo eletroquímico que utiliza os princípios de


coagulação-floculação e, envolve reações de oxidação/redução. Nesta técnica utiliza-se
um reator eletrolítico provido de uma fonte elétrica que promove a produção de uma
força eletromotriz. Esta fonte é constituída por elétrodos (geralmente placas metálicas
de ferro ou alumínio) encarregues de contribuir com iões de carga positiva (Fe 2+/Fe3+ ou
Al2+/Al3+, respetivamente) que, por sua vez, promovem a neutralização das partículas
presentes no efluente. Devido aos iões libertados do elétrodo de sacrifício, ânodo, é
gerado o coagulante in situs, os poluentes em suspensão são destabilizados,
emulsionados ou dissolvidos num meio aquoso, agregando-se para formar partículas de

3
maiores dimensões (flocos), que podem ser removidos por um método de separação
físico, como por exemplo, a flotação, a sedimentação ou a filtração.[2]

Primeiramente, o efluente é sujeito a um tratamento de eletrocoagulação com o


objetivo de promover a coagulação da matéria orgânica para ser removida. Para tal,
utilizam-se elétrodos de ferro, uma vez que é a abordagem mais económica. No entanto,
estes levam à libertação de ferro para o meio, e a presença deste metal pode ter um
impacto negativo no processo onde a salmoura tratada será aplicada (piquelagem), como
tingir os couros. A utilização de outros elétrodos como alumínio implicaria maiores
custos e poderia levar a alguma retenção de sal, o que não é pretendido, uma vez que o
objetivo é continuar sempre com a mesma concentração de sal. Desta forma, após
aplicado o processo de EC, é necessário um tratamento a jusante que permita remover
ou diminuir o teor de ferro para concentrações aceitáveis. Esta primeira etapa foi
realizada e otimizada previamente, escolhendo-se, dos vários ensaios feitos de
eletrocoagulação, a corrente que representa a condição ótima para o tratamento da
separação membranar, sendo que o parâmetro de controlo da eficiência do tratamento
foi o Carbono Orgânico Total (COT). Na definição do plano experimental adotou-se a
metodologia de desenho experimental Delineamento Composto de Centro Rotacional
(DCCR), que permite a minimização do número de ensaios a realizar sem comprometer
a representatividade dos resultados. Estudou-se o efeito de duas variáveis operacionais
para uma solução aquosa de sal a 6% (m/v), o tempo de tratamento e a intensidade de
corrente, podendo-se observar na Figura 4 o gráfico de superfície de resultados obtido.

4
Figura 4 - Efeito da intensidade de corrente e do tempo de tratamento na remoção de COT, por eletrocoagulação, de
soluções aquosas de sal a 7,5 % (w/v) da Demoscore. Valores iniciais: COT=138,0 mg/L ; pH=7,58; Cond.=74,1
mS/cm.

Do estudo realizado anteriormente do processo de eletrocoagulação, e para uma


corrente de salmoura com concentração de 7,5% (w/v), utilizada na etapa da
piquelagem, verificou-se que as condições operacionais ótimas, 0,59 A e 10 min, da
etapa de eletrocoagulação originam uma corrente com 0,52 mgcot / gsal e 0,64 mg Fe / g sal.

Neste trabalho, esta corrente será tratada por um processo de separação


membranar de modo a diminuir a concentração de ferro na solução e a COT sem
comprometer a concentração de sal na mesma.

Na Figura 5, encontram-se as soluções antes e depois de serem submetidas à


eletrocoagulação, nas quais, visualmente, se observa uma melhoria na cor das mesmas.
No entanto, verifica-se também uma coloração resultante da libertação de ferro.

Efluente Bruto Efluente após EC

Figura 5- Efluentes antes e após a etapa da eletrocoagulação.

5
1.3 Filtração Membranar

Os processos de separação por membranas são uma técnica utilizada com a


finalidade de produzir compostos com determinadas especificações, onde é necessário
separar, concentrar e purificar espécies presentes em diferentes correntes dos processos
envolvidos. Estes tipos de processos têm-se destacado como alternativas promissoras
aos processos clássicos de separação, uma vez que estes oferecem vantagens no que se
refere ao consumo de energia, tamanho das unidades processuais, especificidade e
facilidades de scale-up. A filtração é amplamente utilizada nos mais diversos sectores
da indústria química, indústria alimentar e farmacêutica, biotecnologia, medicina e
tratamento de águas industriais e de abastecimento.[3]

Uma membrana é uma barreira permeável e seletiva entre duas fases, o tipo de
material que a compõe e a sua estrutura microscópica determina as diferentes interações
entre membrana/solvente(s)/soluto(s) e a ocorrência de transporte preferencial de certos
componentes de uma mistura. Podem ter como força diretriz: gradiente de concentração
(∆C ); gradiente de temperatura (∆T ); gradiente de pressão total (∆ P) e gradiente de
potencial elétrico ( ∆ E).[4]

Nos processos de separação com membranas conduzidas por pressão estabelece-


se uma diferença de pressão através de uma membrana que, em função do tamanho do
poro, é classificada como Microfiltração (MF), Ultrafiltração (UF), Nanofiltração (NF)
e Osmose Inversa (OI) caracterizando, assim, o processo de separação de acordo com a
membrana utilizada. Na Tabela 1 encontra-se o intervalo de pressão[4] geralmente
utilizado e, na Figura 6 observa-se o domínio de utilização e tamanho dos poros dos
vários processos com membranas.

Tabela 1 - Gama de pressões para cada tipo de separação membranar.

GAMA DE PRESSÃO
PROCESSO
(BAR)
MICROFILTRAÇÃO [0,1 – 2,0]

ULTRAFILTRAÇÃO [1,0 – 5,0]

NANOFILTRAÇÃO [5,0 – 20]

OSMOSE INVERSA [20 – 100]

6
Figura 6 - Tamanho dos poros e domínio de utilização de cada tipo de membrana.

Na filtração membranar o modo de operação pode dividir-se em dois tipos: a


Filtração Frontal e a Filtração Tangencial.

O primeiro caso, também conhecido como “dead-end”, corresponde a um


processo descontínuo no qual o efluente é alimentado perpendicularmente à superfície
da membrana e há uma única corrente de saída que corresponde ao permeado. Na
filtração frontal, ao estender demasiado o tempo de filtração, diminuindo
substancialmente o volume de retentato e aumentando a sua concentração, pode surgir
um gradiente de concentração na membrana, aumentando a resistência à passagem do
permeado e ocorrendo o fenómeno de “fouling”, isto é, uma queda no fluxo do mesmo
e, consequentemente, sendo necessário aplicar uma maior pressão. Desta forma é
necessário interromper o processo para realizar lavagens químicas à membrana ou
substituir do meio filtrante.

O segundo caso, também conhecido como “cross-flow”, corresponde a um


processo que opera em contínuo no qual a alimentação passa paralela à superfície da
membrana, sendo que uma porção permeia a membrana (permeado), enquanto o
restante é retido (retentato).

Na Figura 7, pode observar-se uma representação esquemática dos dois


processos, assim como o comportamento do fluxo em ambos os casos.

7
Nesta etapa, uma vez que não se pretende remover o sal da corrente, utilizou-se
uma membrana microporosa de polietersulfona (PES) e fez-se o tratamento por filtração
frontal para avaliar as condições de operação e o impacto na separação pretendida. A
membrana utilizada é feita de polietersulfona (PES) e possuí poros de 45 μm.
Por fim, os resultados
Figura obtidosesquemática
7 - Representação para a filtração frontal permitem
do funcionamento obter permeados
de uma
membrana
com especificações e comportamento
diferentes que por suadovez,
fluxoapós
na filtração
testadosfrontal e
no processo, poderão
tangencial.
definir as especificações da corrente que se pretende obter e assim definir as condições
de operação.

Procedimento Experimental

8
6
2
5

1
4

7
Figura 8 - Equipamento
3 da microfiltração pré-montagem. Figura 9 - Equipamento da microfiltração pós-montagem.

1. Balança
2. Agitador magnético
3. Pinça
4. Chave combinada
5. Barra de agitação de teflon
6. Suporte da membrana
7. Sterlitech HP4750 High Pressure Stirred Cell

Como demonstrado nas Figuras 8 e 9 representadas acima, iniciou-se a


experiência pela montagem do equipamento da microfiltração. Com o auxílio da pinça,
colocou-se a membrana no suporte. Procedeu-se à pesagem da massa da solução a ser
filtrada e dos quatro recipientes onde foi depois recolhido o filtrado. De seguida,
colocou-se a solução a ser filtrada no equipamento e fechou-se o mesmo de ambos os
lados com a chave combinada de forma a não haver fugas de pressão. Posteriormente,
ligou-se a agitação nos 600 rpm e fechou-se a torneira no topo do equipamento, tendo-
se estabelecido uma pressão dentro do seguinte intervalo [0, 2] atm. Posto isto, mal saiu
a primeira gota de permeado, iniciou-se a contagem do tempo e registou-se a massa do
mesmo nos quatro recipientes, minuto a minuto, tendo-se trocado o recipiente a um

9
certo instante, dependendo da quantidade de solução a ser filtrada. Este procedimento
foi feito de igual forma para as várias soluções a diferentes concentrações de sal.

Uma vez atingida uma massa pré-definida, abriu-se a torneira no topo de forma a
restabelecer a pressão atmosférica e finalizou-se, assim, a microfiltração. Posto isto,
desmontou-se o equipamento, limpou-se o mesmo e a membrana com água destilada, e
descartou-se o retentato. Os quatro recipientes voltaram a ser pesados de forma a
determinar a massa de permeado.

10
Observações Experimentais

As condições inicias para a realização do trabalho experimental no primeiro


ensaio encontram-se na Tabela 1, para as concentrações de 7,5%, 10%, 15%, 20% e
25%. Para os ensaios 2 e 3, estas condições encontram-se na Tabela 2 e 3.

Concentrações (%) 7,5 10 15 20 25

Membrana MP005 MP005 MP005 MP005 MP005


Pressão (bar) 2 2 3 3 7
Temperatura (ºC) 25 25 25 25 25
Agitação (RPM) 600 600 600 600 600
Densidade 0,997 0,997 0,997 0,997 0,997
Tara+Amostra 298,746 301,849 297,267 543.412 543,412
Tara 96,982 97,339 99,805 444,037 444,037
Área da Membrana (m2) 0,000855299 0,00085299 0,00085299 0,00085299 0,00085299
Tabela 2- Condições iniciais para as concentrações 7,5%, 10%, 15%, 20% e 25% para o Ensaio 1.

Tabela 3-Condições iniciais para as concentrações 10%, 15%, 20% e 25% para o ensaio 2

Concentrações (%) 15 20 25

Membrana MP005 MP005 MP005


Pressão (bar) 3 3 2
Temperatura (ºC) 25 25 25
Agitação (RPM) 600 600 600
Densidade 0,997 0,997 0,997
Tara+Amostra 200,901 200,833 202,403
Tara 99,508 99,965 99,511

Área da Membrana (m2) 0,00085299 0,00085299 0,00085299

11
Tabela 4-Condições iniciais para as concentrações 15%, 20% e 25% para o ensaio 3

Concentrações (%) 15 20 25

Membrana MP005 MP005 MP005


Pressão (bar) 3 3 2
Temperatura (ºC) 25 25 25
Agitação (RPM) 600 600 600
Densidade 0,997 0,997 0,997
Tara+Amostra 297,267 199,953 202,797
Tara 99,805 99,896 99,894

Área da Membrana (m2) 0,00085299 0,00085299 0,00085299

Segundo o protocolo referido anteriormente, foram recolhidos valores de tempo


e massa para cada concentração, que se encontram nas Tabelas 4,5,6,7 e 8.

Tabela 5- Valores de tempo e massa obtidos para a concentração de 7,5%

Ensaio 1
Tempo (s) massa (g)
60 17,169
78 25,021
120 32,074
138 38,899
180 45,369
198 51,388
240 57,31
258 62,163
Tabela 6- Valores de tempo e massa obtidos para a concentração de 10%
300 68,377
318 Ensaio 1 73,654
360(s)
Tempo 78,841
massa (g)
378 83,998
60 18,976
420 88,558
78 27,209
600 116,003
120 34,78
720 132,85
180 48,281
900 156,906
198 54,404
240 60,325
258 65,891
300 71,188
318 76,477
360 81,266

12
378 86,266
420 91,086
540 108,667
720 132,78
900 154,809

Tabela 7-Valores de tempo e massa obtidos para a concentração de 15%

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3

Tempo (s) Massa (g) Tempo (s) Massa (g) Tempo (s) Massa (g)

60 15,69 60 18,7 60 17,992


120 29,095 120 35,212 120 33,446
180 40,69 180 50,163 180 48,03
240 50,737 210 57,3 240 62,467
300 60 240 63,519 300 75,486
360 68,68 270 70,14 360 88,978
420 76,816 420 101,97
450 80,808   480 113,78
540 126,79
 
600 138

Tabela 8 - Valores de tempo e massa obtidos para a concentração de 20%

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3

Tempo (s) Massa (g) Tempo (s) Massa (g) Tempo (s) Massa (g)

60 10,017 60 11,252 60 8,207


120 16,579 120 20,401 120 15,966
180 21,953 180 28,335 180 21,972
240 26,763 240 35,644 240 27,861
300 30,918 300 42,105 300 33,474
480 31,976 360 48,206 360 38,579
  420 53,899 420 43,474
480 59,226 480 48,112
 

13
Tabela 9 -Valores de tempo e massa obtidos para a concentração de 25%

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3

Tempo (s) Massa (g) Tempo (s) Massa (g) Tempo (s) Massa (g)

60 6,592 60 4,17 60 5,776


120 10,929 120 8,809 120 11,199
180 14,684 180 12,996 180 16,047
240 17,938 240 16,756 240 20,426
300 20,991 300 20,6 300 24,537
480 29,111 480 32,451 480 35,59
600 34,042 600 41,227 600 42,158
720 38,612 720 49 720 48,2
 

Análise e discussão de dados

Começou-se por analisar a amostra com uma concentração de sal a 7,5%, cujos
resultados de volume e fluxo estão representados na Tabela 10.

Tabela 10 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo para a concentração de 7,5%.

Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s -1
L m-2 h-1
60 17,2207 0,2870 1208,046
78 25,0963 0,3217 1354,252
120 32,1705 0,2681 1128,396
138 39,0160 0,2827 1190,005

14
180 45,5055 0,2528 1064,085
198 51,5426 0,2603 1095,686
240 57,4824 0,2395 1008,112
258 62,3501 0,2417 1017,189
300 68,5827 0,2286 962,2288
318 73,8756 0,2323 977,8197
360 79,0782 0,2197 924,5687
378 84,2508 0,2229 938,138
420 88,8245 0,2115 890,16
600 116,3521 0,1939 816,2206
720 133,2497 0,1851 778,9663
900 157,3781 0,1749 736,0149

De seguida, procedeu-se à representação gráfica do fluxo de permeado ao longo


do tempo, apresentado na Figura 10.

1600
1400
1200
Fluxo (L m-2 h-1 )

1000
800
600
400
200
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Tempo (s)

Figura 10 – Representação gráfica do fluxo de permeado ao longo do tempo para a concentração de


7,5%.

Para as restantes amostras, seguiu-se o mesmo procedimento.


Assim, para a amostra com concentração de 10% de sal, obtiveram-se os
seguintes resultados, apresentados na Tabela 11 e na Figura 11.

Tabela 11 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo para a concentração de 10%.

  Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s-1 L m-2 h-1
60 19,033 0,317 1335,19
78 27,291 0,350 1472,677
120 34,885 0,291 1223,596
180 48,426 0,269 1132,383
198 54,568 0,276 1159,993
240 60,507 0,252 1061,147

15
258 66,089 0,256 1078,192
300 71,402 0,238 1001,786
318 76,707 0,241 1015,297
360 81,511 0,226 953,0067
378 86,526 0,229 963,4683
420 91,360 0,218 915,5708
540 108,994 0,202 849,5589
720 133,180 0,185 778,5558

1600
1400
1200
Fluxo (L m-2 h-1 )

1000
800
600
400
200
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Tempo (s)

Figura 11 – Representação gráfica do fluxo de permeado ao longo do tempo para a concentração de


10%.

Para a amostra com concentração de 15% de sal, os resultados para os três


ensaios estão representados nas Tabelas 12, 13 e 14, e na Figura 12.

Tabela 12 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 1 para a concentração de 15%.

Ensaio 1
Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s-1 L m-2 h-1
60 15,737 0,262 1103,98
120 29,183 0,243 1023,592
180 40,812 0,227 954,3436
240 50,890 0,212 892,4895
300 60,181 0,201 844,3443
360 68,887 0,191 805,4106
420 77,047 0,183 772,1328
450 81,051 0,180 758,1086

16
Tabela 13 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 2 para a concentração de 15%.

Tabela 14 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 3 para a concentração de 15%.

Ensaio 3
  Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s -1
L m-2 h-1
60 Ensaio 2
18,046 0,301 1265,954
120 33,547 0,280 Fluxo
1176,664
Tempo
180 (s) Volume
48,175(mL) mL s-1
0,268 L m-2 h-1
1126,496
60
240 18,756
62,655 0,313
0,261 1315,77
1098,826
120
300 35,318
75,713 0,294
0,252 1238,794
1062,27
180
360 50,314
89,246 0,280
0,248 1176,523
1043,445
210
420 57,472
102,280 0,274
0,244 1151,927
1025,004
240
480 63,710
114,126 0,265
0,238 1117,331
1000,759
270
540 70,351
127,171 0,261
0,236 1096,709
991,2368
600 138,414 0,231 970,9889

Figura 12 – Representação gráfica do fluxo de permeado ao longo do tempo, para os três ensaios para a
concentração de 15%.

17
Para a amostra com 20% de sal, os resultados para os três ensaios encontram-se
nas Tabelas 15, 16 e 17, e na Figura 13.

Tabela 15 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 1 para a concentração de 20%.

Ensaio 1
  Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s -1
L m-2 h-1
60 10,047 0,167 704,816
120 16,629 0,139 583,266
180 22,019 0,122 514,886
240 26,844 0,112 470,775
300 31,011 0,103 435,091
480 42,102 0,088 369,190

Tabela 16 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 2 para a concentração de 20%.

Ensaio 2
  Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s-1 L m-2 h-1
60 11,286 0,188 791,714
120 20,462 0,171 717,728
180 28,420 0,158 664,569
240 35,751 0,149 626,996
300 42,232 0,141 592,519
360 48,351 0,134 565,312
420 54,061 0,129 541,778
480 59,404 0,124 520,908

Tabela 17 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 3 para a concentração de 20%.

Ensaio 3
  Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s-1 L m-2 h-1
60 8,232 0,137 577,461
120 16,014 0,133 561,700
180 22,038 0,122 515,331
240 27,945 0,116 490,089
300 33,575 0,112 471,060
360 38,695 0,107 452,416
420 43,605 0,104 436,988
480 48,257 0,101 423,157

18
Figura 13 – Representação gráfica do fluxo de permeado ao longo do tempo, para os três ensaios para a
concentração de 20%.

Por fim, para a amostra com 25% de sal, os resultados encontram-se nas Tabelas
18, 19 e 20, e na Figura 14.

Tabela 18 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 1 para a concentração de 25%.
Ensaio 1
  Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s-1 L m-2 h-1
60 6,612 0,110 463,826
120 10,962 0,091 384,493
180 14,728 0,082 344,399
240 17,992 0,075 315,539
300 21,054 0,070 295,394
480 29,199 0,061 256,039
600 34,144 0,057 239,526
720 38,728 0,054 226,402

Tabela 19 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 2 para a concentração de 25%.

Ensaio 2
  Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s-1 L m-2 h-1
60 4,183 0,070 293,410
120 8,836 0,074 309,910
180 13,035 0,072 304,808
240 16,806 0,070 294,747
300 20,662 0,069 289,892
480 32,549 0,068 285,415
600 41,351 0,069 290,082
720 49,147 0,068 287,312

19
Tabela 20 – Volume e fluxo de permeado ao longo do tempo, no ensaio 3 para a concentração de 25%.

Ensaio 3
  Fluxo
Tempo (s) Volume (mL) mL s -1
L m-2 h-1
60 5,793 0,097 406,411
120 11,233 0,094 393,992
180 16,095 0,089 376,366
240 20,487 0,085 359,304
300 24,611 0,082 345,295
480 35,697 0,074 313,023
600 42,285 0,070 296,632
720 48,345 0,067 282,621

Figura 14 – Representação gráfica do fluxo de permeado ao longo do tempo, para os três ensaios para a
concentração de 25%.

Observando as Figuras 10 a 14, percebe-se que há uma quebra no fluxo através


da membrana à medida que a concentração de sal na corrente aumenta, de cerca de 1500
para cerca de 450 L m-2 h-1, apesar de o volume a ser tratado também diminuir. O mesmo
acontece ao longo do tempo, para cada concentração, já que se verifica um declínio do
fluxo, devido entupimento da membrana. Este é causado pela acumulação do soluto
rejeitado pela membrana, que, como não a atravessa, forma uma camada na interface da
mesma, oferecendo resistência à transferência de massa.

Para as várias repetições realizadas para as concentrações 15, 20 e 25%, também


se verificam discrepâncias, uma vez que as condições experimentais não foram

20
exatamente as mesmas, pelo que os resultados obtidos apresentam variações no fluxo
obtido ao longo do tempo. Assim, a membrana pode não ter sido bem lavada entre cada
ensaio, e diferenças de pressão de ensaio para ensaio também podem ter afetado os
resultados.

Esta quebra que se verifica no fluxo causa um aumento no tempo necessário para
tratar um mesmo volume de amostra, para concentrações mais elevadas.

Antes de serem tratadas, as correntes com diferentes concentrações de sal foram


caracterizadas, tendo sido avaliado o teor de carbono orgânico total (COT) e o teor de
ferro. Após o tratamento com eletrocoagulação, o sobrenadante recolhido foi também
caracterizado e, posteriormente, submetido a uma filtração membranar, após a qual se
voltou a determinar o COT, em mg de COT por g de sal contaminado, tal como o teor
de ferro e a sua percentagem de remoção. Os resultados encontram-se na Tabela 21 e os
gráficos das Figuras 15, 16 e 17.

Tabela 21 – Teor de carbono orgânico total nas diferentes amostras antes e depois da eletrocoagulação e da
filtração.

COT no efluente
bruto COT após eletrocoagulação COT após EC + FM

COT COT Teor COT Teor


Conc. Ref. da Ref. da Remoção Ref. da Remoção Remoção
[mg/ [mg/ de Fe [mg/ de Fe
sal amostra amostra COT amostra COT Fe (%)
g] g] [mg/g] g] [mg/g]
7,5% DS7,5bruto 1,23 DS7,5Ec 0,52 58% 0,64 DS7,5FM 0,46 63% 0,20 70

10% DS10bruto 1,13 DS10Ec 0,51 55% 0,42 DS10FM 0,43 62% 0,23 46

15% DS15bruto 0,84 DS15Ec 0,49 41% 0,26 DS15FM 0,37 56% 0,06 75

20% DS20bruto 0,72 DS20Ec 0,56 23% 0,32 DS20FM 0,38 47% 0,15 54

25% DS25bruto 0,69 DS25Ec 0,58 16% 0,30 DS25FM 0,40 42% 0,14 55

21
Nos dados
em bruto,
referentes
às colunas a
azul (Figura
Figura 15 – Representação gráfico dos resultados das análises COT.
15), verifica-se que não se partiu sempre da mesma solução, uma vez que se tem
concentrações diferentes, o que não era suposto, ou seja, foram preparadas 5 soluções
diferentes, com concentrações diferentes, com as quais se realizou os ensaios. No
entanto, a forma mais correta, para não haver a diferença inicial de carga orgânica, seria
ter-se usado um só efluente com a concentração máxima e depois diluir para cada um
dos restantes. Como não se fez isto, trabalhando-se com material bastante heterogéneo,
o que acontece é que o sal que foi usado na concentração de 7,5% podia ter uma carga
orgânica mais elevada que a concentração que foi usada a 25%, e isto pode influenciar a
remoção.

Apesar de não termos usado sempre a mesma solução, pode ver-se na mesma
figura que, após a eletrocoagulação, os valores se encontram todos na mesma gama, ou
seja, independentemente da concentração em análise, tem-se remoções idênticas no
final.

22
Figura 16 – Representação gráfico dos resultados das análises COT.

Uma vez que as condições da eletrocoagulação são as mesmas, teoricamente, a


quantidade de ferro (coagulante) libertada deveria ser a mesma. Contudo, não é possível
garantir que isto aconteça, pois à medida que a placa utilizada neste processo se vai
desgastando, forma-se uma película de ferro, pelo que começa a haver maior libertação
do mesmo, não se podendo garantir que uma certa quantidade de ferro seja libertada
para certa concentração de sal. Contudo, se forem utilizadas concentrações mais
elevadas de sal, há uma maior carga orgânica presente para se ligar a esta quantidade de
ferro libertada, pelo que poderá ser uma vantagem, uma vez que este deixa de estar em
solução e deposita-se.

Para além disso, como as amostras são todas diferentes, a quantidade de matéria
orgânica no efluente bruto varia à medida que se varia a concentração de sal (Figura
15). Logo, quando a carga orgânica aumenta, não há coagulante suficiente para a
coagular. Assim, a remoção de COT vai diminuindo, apesar de o ferro libertado ser o
mesmo, uma vez que grande parte da carga orgânica se encontra dissolvida e o processo
de eletrocoagulação não consegue atuar nesta, não havendo remoção mais eficiente.

Idealmente, deveria ter-se utilizado um efluente à concentração máxima de sal,


que se diluiria para obter os restantes em análise, sendo a carga orgânica para a
concentração de 7,5% de sal metade daquela para o dobro da concentração de sal, a
15%.

No entanto, verificou-se que a amostra com 7,5% de sal apresentava maior


quantidade de carga orgânica do que a amostra com 25%, e obteve-se uma remoção de
58% e 16%, respetivamente, após a eletrocoagulação (Figura 16).

23
Deste modo, analisando a Figura 16, observa-se que, com a eletrocoagulação, o
teor de COT final se encontra dentro da mesma gama para todas as concentrações
analisadas, ou seja, a quantidade de carga orgânica é idêntica, independentemente da
concentração de sal.

Assim, é possível afirmar, nesta fase, que seria mais vantajoso trabalhar com
uma maior concentração, 25%, por exemplo, já que, em ambiente industrial, o
armazenamento, para posterior utilização, de efluente com uma concentração mais
elevada, que seria diluído quando necessário, seria mais viável do que armazenar um
efluente com concentração mais diluída em vários tanques.

Com a filtração membranar, obteve-se um teor de COT na mesma gama de


valores, de cerca de 0,40 mg/ gsal , para todas as concentrações, ou seja, houve remoções
idênticas.

Figura 17 – Representação gráfico dos resultados das análises de


Ferro.

Em relação ao teor de ferro (Figura 17), inicialmente não se tem a mesma


quantidade de ferro para todas as concentrações, e verifica-se que, quando se tinha
maior quantidade de ferro, no caso de 7,5% de sal, a remoção foi mais eficiente, apesar
de haver uma menor pressão do que na concentração de 20%.

Ao analisar os resultados obtidos, é possível perceber que, da eletrocoagulação


para a filtração membranar, a remoção de carga orgânica foi residual, mas esta última
etapa foi útil para remover o ferro, entre 50 e 70%, já que este é um problema para a
empresa Demoscore. No entanto, o objetivo do processo em estudo é obter a maior

24
remoção possível de carga orgânica, pelo que seria útil testar outra membrana, isto é,
uma nanofiltração ou ultrafiltração, apesar de haver perda de sal, para perceber se a
remoção seria maior.

Como a microfiltração é um procedimento mais dispendioso, e não se verifica


grande remoção de carga orgânica, mas apenas de ferro, com uma filtração simples
também seria possível remover uma grande quantidade de ferro, acarretando menos
custos.

Deste modo, existem várias opções:

- se o teor de COT final de 0,40 mg / gsal não for prejudicial para as peles, pode otimizar-
se o processo para obter um menor teor de ferro, testando uma membrana de porosidade
superior, em que haverá maior remoção de ferro, mas que encarecerá o processo;

- se o teor de COT for suficiente após a eletrocoagulação, e se o teor de ferro obtido não
for prejudicial para as peles, é preferível realizar uma filtração simples, mais barata;

- se o teor de ferro obtido for prejudicial, é necessário manter a microfiltração, que


permite a remoção de alguma carga orgânica, para além do ferro.

25
Conclusões

26
Referências

[1] A. Martinho, F. Crispim, J. Gaião, and N. Silva, “Boas práticas para o setor de curtumes,”
pp. 7–121, 2015.
[2] R. F. Rodrigues, “Processos avancados de electroquimica para tratamento de efluentes -
Copy,” 2014.
[3] Lab Virtual, “Index @ Labvirtual.Eq.Uc.Pt.” [Online]. Available:
http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?
option=com_content&task=view&id=188&Itemid=450
[4] Authors, “Processos de,” EnANPAD 2012, pp. 1–16, 2012.

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