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Português

Profª. Ângela
Sampa 1 ano
Alguma coisa acontece no meu coração E foste um difícil começo
Que só quando cruza a Ipiranga e Av. São João Afasto o que não conheço
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Da dura poesia concreta de tuas esquinas Aprende depressa a chamar-te de realidade
Da deselegância discreta de tuas meninas Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Ainda não havia para mim Rita Lee Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
A tua mais completa tradução Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Alguma coisa acontece no meu coração Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Que só quando cruza a Ipiranga e avenida São João Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
É que Narciso acha feio o que não é espelho Mas possível novo quilombo de Zumbi
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho E os Novos Baianos passeiam na tua garoa
Nada do que não era antes quando não somos mutantes E novos baianos te podem curtir numa boa

VELOSO, Caetano, Caetano Veloso. Sel. de textos por Paulo Franchetti e Alcyr Pécora. São Paulo, Abril Educação, 1981. p. 79-80 (Literaturra Comentada)

Exercícios
1. Sampa refere-se à cidade d São Paulo. O texto relaciona lugares de São Paulo, bem como poetas, músicos e
movimentos culturais que agitavam essa cidade na época em que foi escrito. Lendo o texto, veja se consegue
identificar três dessas referências.

2. A mitologia grega apresenta o mito de Narciso. Conta a narrativa mítica que Narciso, rapaz dotado de
grande beleza, um dia, ao curvar-se sobre as águas cristalinas de uma fonte, para matar a sede, viu sua
imagem refletida no espelho d’água e apaixonou-se por ela.
Suas tentativas frustradas de aproximar-se dessa bela imagem levaram-no ao desespero e à morte.
Transformou-se então na flor que tem o seu nome. Freud, ao estudar esse mito, considera-o uma explicação
da existência de personalidades que só amam a própria imagem.
a) Indique uma passagem do texto que faz referência ao mito de Narciso.

b) Qual é o sentido dessa passagem, tomando como referência o mito de Narciso?


3. É um clichê muito difundido a afirmação de que São Paulo, ao contrário do Rio, nunca produziu samba.
Indique a passagem do texto em que se faz alusão a isso.

4. Todas as coisas têm um avesso e um direito. O poeta considera a realidade o avesso do sonho (“e quem vem
de outro sonho feliz de cidade /aprende depressa a chamar-te de realidade”). Pode-se dizer que o poeta julga
que em São Paulo não há lugar para o sonho, a poesia?

5. O quilombo de Palmares, um dos maiores redutos de escravos foragidos do Brasil colonial, estava como um
verdadeiro Estado, sob a chefia de Ganga-Zumba. Quando começaram as lutas para destruir o quilombo, os
negros, liderados por Zumbi, resistiram aguerridamente. Que significa a passagem “mais possível novo
quilombo de zumbi”?

6. Há no texto uma referência a uma particularidade climática de São Paulo, que serviu durante muito tempo
de designativo da cidade. Qual é ela?

7. O sentido global construído pelo poema autoriza que:


a) São Paulo não inspira amor à primeira vista, mas aos poucos começa-se a perceber seus encantos e termina-
se por gostar dela.
b) São Paulo é uma cidade feia, que inspira aversão.
c) São Paulo é uma cidade que inspira amor à primeira vista.
d) São Paulo deixa as pessoas indiferentes, não inspira amor nem aversão.
e) São Paulo inspira ao mesmo tempo ódio e amor.

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