Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/282248003
CITATIONS READS
0 4,070
1 author:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
High performance recycled aggregates concrete for the precast industry View project
Recognition of physical-mechanical properties as a basis for evaluating wood in old buildings View project
All content following this page was uploaded by Pedro Raposeiro da Silva on 28 September 2015.
ARGAMASSAS
REBOCOS TRADICIONAIS
Outubro de 2008
ISEL
Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Materiais de Construção II
Índice Geral
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5
3 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 48
Índice de Fotos
Fotos n.º1 e 2 – Fissuras em argamassas tradicionais com traço 1:2 após uma semana.
Foto n.º3 – Ensaio de aderência. Várias tipologias de rotura (rotura no seio do suporte, rotura
mista e rotura no seio do revestimento).
Foto n.º4 – Determinação da consistência de argamassa pela mesa de espalhamento.
Foto n.º5 – Ensaio de espalhamento através da “flow table”.
Foto n.º6 – Determinação do teor em ar através do Aerómetro.
Foto n.º7 – Determinação da resistência à tracção por flexão pelo menos aos 7 e aos 28 dias
de idade.
Determinação da resistência à compressão pelo menos aos 7 e aos 28 dias de idade;
Foto n.º8 – Determinação das variações dimensionais (retracção/expansão) às 24h e aos 28
dias de idade.
Foto n.º9 – Determinação da absorção de água por capilaridade aos 28 dias de idade em
provetes prismáticos de 40x40x160 mm.
Fotos n.º 10, 11 e 12 – Determinação da absorção de água por capilaridade em provetes
cilíndricos de 100x25 mm.
Foto n.º13 – Ensaio de aderência (pull-off).
Foto n.º14 – Pastilhas metálicas coladas.
Foto n.º15 – Determinação da resistência à penetração de cloretos.
Foto n.º16 – Determinação da resistividade.
Índice de Figuras
Índice de Tabelas
1 INTRODUÇÃO
Apresenta-se, nos capítulos seguintes, uma descrição dos vários tipos de rebocos, dando
especial realce aos tradicionais e faz-se uma breve descrição das características dos mesmos e
dos seus componentes. Conclui-se com uma tipificação das anomalias, das suas causas e das
respectivas técnicas de diagnóstico.
2 ARGAMASSAS DE REBOCO
As argamassas são misturas plásticas obtidas com um ou mais aglomerantes (gesso, cal ou
cimento), areia e água (podendo ou não adicionar-se adjuvantes e/ou aditivos), que servem
para ligar entre si as pedras naturais e artificiais das construções de alvenaria (argamassas de
assentamento), para as revestir como camadas protectoras e/ou decorativas (argamassas de
reboco) e para reparação, reconstrução e manutenção de estruturas de betão. Podem assim, ser
divididas em três grandes grupos [1] [9] [10]:
- Argamassas de assentamento;
- Argamassas de reboco;
- Argamassas de reparação.
No que se refere às argamassas de reboco, tema do presente trabalho, podem ainda dividirem-
se em dois subgrupos principais, conforme o processo de fabrico e materiais constituintes.
Têm-se assim [1] [9] [10]:
- Rebocos tradicionais;
- Rebocos não tradicionais;
Alguns autores (1) separam os constituídos à base de cal, dos de cal e/ou cimento, ficando-se,
assim, com a seguinte divisão:
- Rebocos tradicionais (com cal);
- Rebocos correntes (com cal e/ou cimento);
- Rebocos não tradicionais (pré-doseados e/ou monocamada);
(1) BRITO, Jorge – Folhas de apoio à disciplina de Reabilitação Não-Estrutural de Edifícios, Capitula 5 –
“Diagnóstico, Patologia e Reabilitação de Revestimentos de Paredes – IST, 2005/2006;
Para se obter um bom revestimento tradicional deve-se realizar pelo menos 2 ou 3 camadas:
crespido, camada de base e camada de acabamento. A necessidade de realização de mais do
que uma camada decorre na impossibilidade de serem integralmente conseguidas as
características pretendidas se aplicadas em camada única [1] [4] [10].
A existência de mais do que uma camada nos revestimentos tradicionais decorre também da
necessidade do revestimento ser razoavelmente espesso para poder constituir uma barreira
contra a penetração da água.
Portanto, cada camada deve ser sempre mais “fraca” do que a subjacente para que não a
deteriore por retracção e para que seja cada vez menor a tendência para a fissuração.
Se numa argamassa para reboco tradicional for adicionado um adjuvante retardador de presa,
ou eventualmente outros adjuvantes, como por exemplo, introdutores de ar, obtém-se uma
Argamassa Estabilizada.
REBOCO TRADICIONAL
COM CAL E/OU CIMENTO SÓ COM CAL COM CAL E/OU CIMENTO +
ADJUVANTES
(DESIG: REBOCO CORRENTE) (DESIG: REBOCO TRADICIONAL) (DESIG: ARG. ESTABILIZADA)
FABRICADOS EM OBRA
APLICADOS EM 2 OU 3 CAMADAS
Durante largos anos, foram obtidos muito bons resultados na utilização de argamassas
tradicionais, graças sobretudo à existência de mão-de-obra qualificada [1] [4] [10].
Os rebocos não tradicionais são, basicamente, constituídos por argamassas prontas. São
produzidas misturas pré-doseadas em fábrica a que, em obra, apenas haverá que adicionar a
quantidade de água de amassadura especificada na própria embalagem de comercialização.
São, portanto, produtos que tentam manter as características das argamassas tradicionais e
proporcionam condições para que desapareçam os problemas relacionados com a falta de
mão-de-obra qualificada.
Por serem um produto pronto a usar, reduz a área tradicionalmente reservada para a produção
de argamassas em obra libertando assim espaço em estaleiro.
2.3.1 FUNÇÕES
1. Os seus componentes:
- Agregado (por ex.: basta chover para que as suas características em obra apresentem
uma grande variação);
- Aglutinantes (por ex.: o cimento, a cal hidráulica e a cal aérea apresentam
fenómenos de retracção diferentes);
2. Ambientais (por ex.: exposição, quer durante a execução, quer posteriormente, ao sol,
à chuva, ao vento, a poluição, etc.);
3. Preparação e aplicação em obra (por ex.: formação do pessoal ou adequação do
equipamento);
4. De envolvente:
- Drenagem das águas dos terrenos adjacentes;
- Tensões provocadas sobre os rebocos devidas à dilatação térmica, sísmica, ou ao
vento;
5. De manutenção:
- Pressão de vapor de água, pela impermeabilidade ou ventilação deficiente;
2.3.2 CARACTERÍSTICAS
2.3.2.1 TRABALHABILIDADE
A argamassa deve poder ser facilmente aplicada, de modo a serem obtidas boas aderências e
compacidade e bom rendimento, e deve poder ser trabalhada à superfície para que o aspecto
final seja satisfatório.
O aumento do teor de finos das areias usadas, o aumento do teor do ligante e o aumento da
quantidade de água de amassadura são factores que permitem melhorar a trabalhabilidade,
mas que têm consequências gravosas para outras características da argamassa. Assim, é
preferível melhorar a trabalhabilidade através da mistura de cal ou da incorporação de
adjuvantes apropriados (plastificantes e introdutores de ar).
Logo que as argamassas são aplicadas sobre os suportes, começa a sua retracção de secagem
inicial, que é restringida pela aderência ao suporte. Esta restrição vai dar origem ao
desenvolvimento de tensões de tracção no revestimento e de corte no plano de contacto do
revestimento com o suporte.
A execução de várias camadas de espessura não superior a 25mm conduz à redução da largura
das fissuras à superfície.
Parede Parede
2.A – Revestimento com camada única 2.B- Revestimento com três camadas
Camada de base
Crespido
Suporte Suporte
3.A – Revestimento de baixo teor em ligante 3.B – Revestimento de alto teor em ligante
Fotos n.º1 e 2 – Fissuras em argamassas tradicionais com traço 1:2 após uma semana.
A argamassa, tal como, de um modo geral, os restantes constituintes das alvenarias, são
materiais de porosidade aberta, onde a água pode penetrar principalmente por permeabilidade
ou por capilaridade, conforme a dimensão dos poros e dos capilares, do grau de sucção do
suporte e da pressão de água incidente.
Suporte
Revestimento
a) - Suporte muito liso e compacto b) - Suporte rugoso e não c) - Suporte demasiadamente absorvente
(Más condições de aderência) demasiadamente absorvente (Risco de dessecação prematura)
(Boas condições de aderência)
Foto n.º3 – Ensaio de aderência. Várias tipologias de rotura (rotura no seio do suporte, rotura
mista e rotura no seio do revestimento).
2.3.2.5 DURABILIDADE
A durabilidade das argamassas está fundamentalmente relacionada com alguma das anomalias
que as podem afectar, tais como: a fendilhação; a penetração de água por capilaridade; as
perdas de aderência; o esfarelamento provocado por dessecação prematura; o corte do
suporte; o ataque de sais, nomeadamente sulfatos, existentes nos materiais que constituem os
suportes, no ar ou na água.
Hoje em dia, a contaminação do betão por cloretos é identificada como uma das maiores
causas de deterioração das estruturas de betão armado. Existe um enorme número de
estruturas que estão afectadas por este problema e onde se incluem, particularmente, as
expostas ao ambiente marinho ou à acção de sais de degelo.
Uma das técnicas mais utilizadas para reabilitar estruturas em que a corrosão é devida ao
elevado teor de cloretos é a reparação localizada, utilizando argamassas de elevada
resistência, sem retracção, nem segregação e de elevada resistência à penetração de iões de
cloretos.
2.4.1 ÁGUA
Funções da água na argamassa [4][6]: molhar os agregados; activar os aglutinantes; conferir
consistência.
- A água não deve ter sais dissolvidos ► com o tempo surgem eflorescências que degradam
o reboco e a pintura;
- A água não deve ter matéria orgânica pois diminui a resistência mecânica do reboco;
- A água não deve ser muito pura ► a água pura dissolve a cal do reboco podendo surgir
fissuras.
Portanto, a melhor água para as argamassas é a potável, proveniente de rios ou poços, que não
contenha sais nocivos à presa dos aglomerantes e ao comportamento destes em obra. As águas
que tenham cloretos de sódio ou de magnésio ou de sulfatos em quantidades elevadas, não
devem ser aplicadas porque prejudicam a resistência das argamassas. O mesmo acontece com
as águas que contenham substâncias orgânicas, como as estagnadas provenientes de poços ou
pântanos.
2.4.2 AREIAS
Funções das areias num reboco [4] [6]:
- Criar volume;
- Reduzir a retracção;
- Melhorar a resistência mecânica;
- Absorver o vapor de água.
AREIAS
ARTIFICIAIS NATURAIS
Nas obras com utilização de rebocos tradicionais existem, normalmente, dois montículos de
cores diferentes:
Figura n.º6 – Tipos de areia utilizada no fabrico de uma argamassa para reboco tradicional.
As areias provenientes do mar devem ser lavadas com água doce, para lhes extrair o cloreto
de sódio que, ao dissolver-se na água, iria prejudicar a resistência das argamassas e o seu
comportamento em obra.
As areias provenientes dos rios devem ser crivadas, a fim de as libertar de substâncias
orgânicas como raízes, fragmentos de madeira, carvão, etc..
As areias provenientes de bancos naturais quando isentas de raízes e outras impurezas devem
ainda ser controladas quanto ao teor em argila. Quando a quantidade de argila for superior a
6% deve evitar-se a sua utilização nas argamassas de cimento, pois a argila actua como
retardador de presa, altera a distribuição granulométrica, prejudica a aderência entre o
agregado e a pasta de cimento e altera a resistência das argamassas.
A escolha da areia mais acertada para a utilização prevista é bastante importante. Além das
exigências de qualidade expressas na norma - LNEC E373 – Características e verificação da
conformidade, como a dureza dos grãos, a sua limpeza, a inexistência de torrões de barro,
galhos ou matéria orgânica, haverá que estar atento à distribuição das dimensões dos grãos.
As areias poderão classificar-se em grossas, médias e finas destinando-se isoladamente a
funções distintas que, ao serem misturadas, obtêm uma maior compacidade. Por estes
motivos, há necessidade de realizar análises granulométricas
2.4.3 LIGANTES
De uma forma geral, todos os ligantes são obtidos de rochas cozidas em fornos e reduzidas a
pó que, ao serem posteriormente misturadas com água, tendem a ter um comportamento
químico análogo ao da rocha que lhe deu origem [4] [6].
A cal aérea é obtida pela cozedura a 1000ºC de uma rocha calcária com uma percentagem de
pelo menos 95% de carbonato de cálcio (CaCO3), ou carbonato de cálcio e magnésio. Quanto
ao teor de carbonato de cálcio, a cal aérea tradicionalmente divide-se em:
- Cal Gorda:
Quando provêm de calcários quase puros, com teores de argila até 1%;
- Cal Magra:
Quando provêm de calcários com teores de argila de 1 a 5%.
Durante o processo de fabrico, as pedras perdem cerca de 1/3 do seu peso e volume pela
libertação intensa de dióxido de carbono.
Quando em contacto com a água dá-se uma grande libertação de calor pelo que antes de ser
utilizada na preparação dos rebocos deve ser apagada (extinta).
Antigamente a extinção da cal era
EXTINÇÃO DA CAL Cal extinta
feita no estaleiro da obra,
Cal hidratada
construindo-se, para isso, pequenos
depósitos de alvenaria, ou no caso de
pequenas quantidades, era extinta em CaO + H2O Ca(OH)2 + CO2
bidons metálicos.
Hidróxido de cal
ou cal apagada
Actualmente, pode-se encontrar no mercado cal aérea em pedra (pedra de calcário) ou em pó,
no entanto o mais frequente é ela ser previamente extinta em fábrica sendo vendida sob a
forma de pasta.
Pode-se, assim, quanto ao seu estado, classificar as cais aéreas em:
- Cais Vivas (Q):
Encontrando-se em blocos de 20 a 30 cm (fornos artesanais), grãos de 4 a 10 cm (fornos
industriais) ou reduzida a pó (por moagem);
- Cais Hidratadas (S):
Encontrando-se sob a forma de pó seco, pasta ou calda, obtidas por extinção controlada.
Actualmente, as cais aéreas classificam-se em cais cálcicas (CL) e cais dolomíticas (DL)
segundo os diferentes teores de óxido de cálcio e de óxido de magnésio, conforme o seguinte
quadro:
CL 90 ≥ 90 ≤4
CL 80 ≥ 80 ≤5 ≤7
CL 70 ≥ 70 ≤ 12 ≤2
DL 85 ≥ 85 ≥ 30 ≤7
DL 80 ≥ 80 ≥5 ≤7
Se a extinção da cal for feita de REACÇÃO DA CAL COM O CO2, NOS REBOCOS
forma incorrecta ou apressada a
camada de reboco a que der Ca(OH)2 + CO2 CaCO3
Com o tempo a cal dos rebocos reage com o dióxido de carbono existente na atmosfera,
transformando parte do reboco numa película rígida e quimicamente análoga à pedra de
calcário que lhe deu origem [4] [6].
- Os rebocos exteriores com cal aérea são mais porosos, mais permeáveis à água e logo
menos duráveis.
- Dado ganharem presa muito lentamente só devem ser aplicados durante o tempo seco.
As margas que servem de matéria-prima à cal hidráulica são rochas calcárias com quantidades
de argila entre 5 e 20%.
Segundo Vicat, a hidraulicidade da cal seria tanto maior, quanto maior fosse a percentagem de
argila no calcário. Verificou também que, quando a percentagem de argila era superior a 20%,
a cal produzida já não se extinguia por adição de água. A este produto chamou-se cal limite,
ficando marcada a fronteira para os cimentos naturais. Sendo difícil distinguir claramente uma
cal de um cimento, considerou-se que o melhor critério era considerar que uma cal hidráulica
necessita de ser extinta depois de cozida, enquanto um cimento nunca o é.
Tabela n.º4 – Natureza da cal segundo a matéria-prima (quadro elaborado por Durand Claye
no principio do século XX) [6].
A cal hidráulica classifica-se, actualmente, pela sua resistência á compressão aos 28 dias,
ensaiada numa argamassa normalizada, estando previstas 3 classes de resistência (2, 3.5 e 5
MPa). Quanto ao seu processo de fabrico as cais hidráulicas designam-se por:
- Cais hidráulicas naturais (NHL):
Apresentando-se reduzidas a pó por extinção, com ou sem moagem;
HL 2 ≥8
--------- 2a7
NHL 2 ≥ 15
HL 3.5 ≥6
--------- 3.5 a 10
NHL 3.5 ≥9
HL 5 ≥3
≥2 5 a 15 (20)
NHL 5 ≥3
A cal produzida tem de ser extinta, não só para eliminar a cal viva, mas principalmente para
provocar a pulverização das partículas maiores. É este processo que faz a distinção entre a cal
hidráulica e o cimento. Ou seja, a finura da cal, necessária ao seu endurecimento, é obtida por
extinção da cal viva e não necessariamente por moagem. No entanto, actualmente, a fim de
obter produtos de boa qualidade, a cal hidráulica é sujeita ao processo de moagem.
Devido ás suas características físicas, as cais hidráulicas podem ser utilizadas na alvenaria
corrente, em argamassas de salpisco, emboço ou assentamentos de revestimentos, como
argamassa simples ou misturada com cimento [4] [6].
- Tem uma aderência melhor que cal aérea, mas não uma rigidez que a impeça de
acompanhar as alterações do suporte ou da estrutura (maior “ductibilidade”).
- Os rebocos com cal hidráulica são permeáveis ao vapor de água (as paredes “respiram
melhor”) “restituindo” ao ambiente o vapor de água quando o tempo está mais quente.
- O teor de cal ajuda a fechar com o tempo (por carbonatação), eventuais fissuras
(regeneração).
- A cal hidráulica endurece mais depressa e o reboco torna-se mais duro e mais forte do que
o de cal aérea. Mas a água vai “permanecer” mais tempo na alvenaria e no reboco, o que
pode ter os seus inconvenientes.
Tal como já se referiu, quando a percentagem de argila no calcário excede 20%, pode-se obter
por cozedura, um ligante hidráulico designado por cimento natural. Este ligante, fazendo a
transição da cal hidráulica para o cimento Portland, considera-se com dosagens de argila no
calcário até 40%.
Antes da descoberta do cimento Portland, utilizava-se muito o cimento natural, obtido a partir
da queima de uma mistura natural de calcário e argila. Como esta mistura ocorria na natureza
sem qualquer intervenção humana, as propriedades deste cimento variavam muito. Na
actualidade, a designação de cimentos naturais não é oficial, havendo apenas a designação de
cal hidráulica. À semelhança do que acontece com as cais hidráulicas, a observação
microscópica destes cimentos permite verificar a presença de matéria-prima não calcinada e
algum carvão, revelando insuficiência de cozedura. As resistências mecânicas em relação às
do cimento Portland são da ordem dos 20% [4] [6].
O cimento é um ligante hidráulico, isto é, um material inorgânico que, quando misturado com
água, forma uma pasta que faz presa e endurece tanto ao ar como debaixo de água.
de o reduzir a um pó muito fino para permitir a reacção dos grãos de cimento com a água e a
formação dos compostos hidratados que conferem resistência aos aglomerados.
Os tipos de cimentos são função da natureza e percentagem dos seus constituintes, podendo
estes ser determinados quantitativamente recorrendo a ensaios adequados. Como
subcategorias dos 5 tipos principais de cimento, a normalização prevê 11 designações de
cimentos e 27 produtos da família dos cimentos correntes. O cimento do tipo CEM II é o que
tem maior variação possível de composição, e inclui por isso 19 variedades de cimentos [4]
[6].
Rebocos interiores ev ev ev ac id
Rebocos exteriores ev ev ev ac ac
Rebocos em edifícios
ev ev ev ev id
antigos
Recuperação de alvenarias
ev ev ev pa id
em edifícios antigos
- Confere aderência ao suporte que pode ser melhorada com a utilização de areia grossa.
Consiste em vários ensaios realizados sobre diferentes provetes [1] [11] [12].
Foto n.º13 – Ensaio de aderência (pull-off). Foto n.º14 – Pastilhas metálicas coladas.
- Resistência à carbonatação;
- Compatibilidade térmica com o suporte sob condições ambientais extremas;
- Módulo de elasticidade.
No caso das argamassas para rebocos não tradicionais (sistema monocamada), há a destacar a
actuação do CSTB (Centre Scientifique et Tecchnique du Batiment) junto do mercado francês.
Todas as argamassas são estudadas para que seja possível a emissão de um certificado de
homologação do produto antes da sua entrada no mercado. Esta certificação tem um prazo
pré-estabelecido, durante o qual é acompanhado o desempenho do produto, exigência que tem
de ser atendida para a manutenção da homologação.
Uma argamassa pode não ser classificada exclusivamente segundo os critérios de uma mesma
classe. Por exemplo, uma argamassa pode ser M1, classe 1 para a massa volúmica no estado
endurecido e E2, classe 2 para o módulo de elasticidade, R2 e U4 e C3.
Os rebocos pouco aderentes ou soltos apresentam normalmente uma forte tendência para
descolar. Os descolamentos podem apresentar uma extensão muito variável, sendo que a
perda de aderência pode ocorrer de diversas formas [5] [7] [8]:
- Com empolamento;
- Em placas;
- Com pulverulência.
Qualquer das diversas formas de perda de aderência, pode apresentar três tipos de
descolamento:
- Na interface revestimento/base;
- Entre duas camadas do revestimento;
- No meio de uma das camadas do revestimento.
Um reboco pouco duro ou resistente pode também estar associado a um reboco sem coesão ou
até mesmo à presença de humidade [5] [7] [8].
Local: Rua de São Pedro Mártir, Lisboa Local: Rua de São Lourenço, Lisboa
Como se verá, quando se analisar as causas desta anomalia, é um pouco discutível considerar
que um reboco mole no interior seja considerado uma anomalia.
As fissuras, num reboco, apresentam-se normalmente em duas formas [5] [7] [8]:
- Fissuras pontuais bem definidas e com algum comprimento;
- Fissuras mapeadas.
Empolamento pontual e isolado da pintura. Numa fase mais adiantada, a pintura poderá cair,
podendo assim observar-se pequenas crateras no reboco [5] [7] [8].
Os vestígios de humidade num reboco podem manifestar-se de várias formas [5] [7] [8] [9]
[11]:
- Através de eflorescências;
- Através de bolor, algas, musgos e líquenes;
- Através da visualização de manchas.
Figura n.º 22 – Quadro resumo das principais anomalias em rebocos e aspecto observado.
As causas das anomalias podem ser divididas, numa primeira abordagem, da seguinte forma
[5] [7] [8]:
- Causas de origem humana;
- Causas resultantes de acções naturais;
- Causas de origem acidental (tanto por acção humana como por desastre natural).
1. Causas Físicas
Acção da gravidade, assentamento diferencial (cargas excessivas, sapatas desniveladas, etc.),
alterações sofridas pelo terreno (diminuição ou aumento de volume do solo e presença de
água, nível freático), capacidade de resistência do solo, variações de temperatura
(temperaturas extremas), radiação solar, vento (pressão, abrasão e vibração), acção de água
(chuva, neve, gelo, humidade do solo, etc), retracção, fluência, relaxação, etc.
2. Causas Químicas
Oxidação, carbonatação, presença de água, presença de sais, chuva ácida, reacções
electroquímicas, radiação solar (raios ultravioletas), etc.
3. Causas Biológicas
Presença de vegetais (raízes, líquenes, fungos, bolores), presença de animais (vermes,
insectos, roedores, pássaros).
1. Desastres Naturais
Sismo, ciclone, tornado, cheia, deslizamento de terras, avalanche, erupção vulcânica,
tempestade marítima, trovoada, etc.
A razão pela qual os vários tipos de humidade podem ser associados a anomalias prende-se
com as seguintes causas:
- Humidade derivada da condensação:
Falta de ventilação
Variações de temperatura
Excesso de vapor de água
Combustão de gás engarrafado
- Humidade da construção:
Tempo insuficiente de secagem dos materiais
Excesso de água
- Humidade derivada da precipitação:
Defeitos em elementos exteriores tais como: caleiras, algerozes,
impermeabilizações, rebocos, etc
- Humidade por contacto com paredes enterradas:
Falha/ausência de sistema de impermeabilização
Terreno adjacente elevado
Nível freático elevado
- Humidade devida a causas fortuitas:
Rotura de canalizações
Etc.
Este fenómeno manifesta-se quando o ar quente e húmido de um local entra em contacto com
uma parede ou com uma zona fria. A humidade do ar condensa-se sobre a parede, formando
água.
Esta água ficará sob a forma de gotículas se a superfície for lisa, ou é absorvida pela
superfície se esta for porosa, formando manchas escuras e, a longo prazo, colónias de fungos,
bolores e líquenes.
É através da envolvente exterior das edificações (paredes, respectivos vãos, e coberturas) que
a água proveniente das precipitações vai penetrar nas construções, quer no seu estado líquido
– chuva, quer no estado sólido - neve e gelo, conduzindo assim à humidificação dos materiais.
A chuva, como factor isolado, não constitui uma grande ameaça para as paredes dos edifícios,
excepto quando associada ao factor vento; a acção conjugada destes dois fenómenos sujeita as
paredes a uma acção de molhagem que se revela significativa para o humedecimento dos
paramentos interiores e para a diminuição da resistência térmica dos materiais que compõem
as paredes.
É a transmigração da água que se verifica nas caves, garagens, pisos enterrados ou em paredes
parcialmente enterradas.
Este tipo de anomalias tem como causas mais usuais as roturas e perdas de estanqueidade nas
canalizações das redes técnicas, as infiltrações através da cobertura por falta de manutenção e
limpeza, as inundações por descuido, a humidificação de pavimentos e paredes devido ao
recurso a quantidade excessiva de água na sua lavagem, etc.
4 BIBLIOGRAFIA