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ESTUDO DE IMPACTO

AMBIENTAL

“ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) REFERENTE A


CONSTRUÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO PRIVADO
NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA - PB”

ATERRO SANITÁRIO LARA (ASL)

JOÃO PESSOA - PARAÍBA


JULHO DE 2019
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
(EIA)

VOLUME II

Capítulo 3

Diagnóstico Ambiental
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 3.1. COMPARTIMENTAÇÃO ESTRUTURAL DAS BACIAS PERNAMBUCO E PARAÍBA. 8


FIGURA 3.2. COLUNA ESTRATIGRÁFICA DA BACIA PERNAMBUCO E PARAÍBA. ............... 15
FIGURA 3.3. PANORÂMICA MOSTRANDO A FACE SUL DA CAVA RESULTANTE DA PRETÉRITA
ESCAVAÇÃO DE SAIBRO PARA MANUTENÇÃO DE VIAS TERRAPLENADAS,
EVIDENCIANDO O HORIZONTE ARENOSO SUPERFICIAL, QUE CAPEIA A FORMAÇÃO
BARREIRAS............................................................................................................... 16
FIGURA 3.4. GEOLOGIA NO LOCAL DO EMPREENDIMENTO. ............................................. 17
FIGURA 3.5. GEOMORFOLOGIA DO LOCAL DO EMPREENDIMENTO. .................................. 18
FIGURA 3.6. SOLOS PRESENTES NO LOCAL DO EMPREENDIMENTO. .................................. 19
FIGURA 3.7. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DO PROJETO EM RELAÇÃO ÀS BACIAS
HIDROGRÁFICAS....................................................................................................... 20
FIGURA 3.8. PASSÍVEIS AQUÍFEROS NA ÁREA DO PROJETO. ............................................. 22
FIGURA 3.9. PERFIL REPRESENTATIVO DOS AQUÍFEROS POSSIVELMENTE PRESENTES NA
ÁREA. ....................................................................................................................... 23
FIGURA 3.10. ÁREA DE PLANTIO DE CANA DE AÇÚCAR NA ÁREA DESTINADA PARA A
INSTALAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA – PB. ............ 25
FIGURA 3.11. FOTO RETIRADA DURANTE A INSTALAÇÃO DE UMA PARCELA EM UMA ÁREA
DE TABULEIRO FLORESTADO. ................................................................................... 28
FIGURA 3.12. VISTA AÉREA COM DELIMITAÇÃO DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO. .......... 29
FIGURA 3.13. AMOSTRA DE BYRSONIMA VERBASCIFOLIA COLETADA NA ÁREA DO
EMPREENDIMENTO DURANTE A PRIMEIRA EXPEDIÇÃO. ............................................. 30
FIGURA 3.14. REGISTRO REALIZADO DURANTE A PRENSAGEM DO MATERIAL BOTÂNICO
COLETADO. ............................................................................................................... 31
FIGURA 3.15. AMOSTRA DE UM INDIVÍDUO QUE ESTÁ EM FASE DE PROCESSAMENTO PARA
SER INCORPORADO NO HERBÁRIO LAURO PIRES XAVIER NA UNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAÍBA. ............................................................................................................ 32
FIGURA 3.16. EQUIPE DE CAMPO REALIZANDO O LEVANTAMENTO NA ÁREA DO
EMPREENDIMENTO. .................................................................................................. 33
FIGURA 3.17. MAPA DE LEVANTAMENTO FITOSOSSIOLÓGICO. ........................................ 34
FIGURA 3.18. DISTRIBUIÇÃO DAS PARCELAS AO LONGO DO EMPREENDIMENTO E
PROXIMIDADES DAS ÁREAS QUE SERÃO DESTINADAS PARA A CONSTRUÇÃO DO
ATERRO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA – PB. ....................................... 45
FIGURA 3.19. INFLORESCÊNCIA (ESQUERDA) E INFRUTESCÊNCIA (DIREITA) DE UMA
OURATEA HEXASPERMA, ESPÉCIE MUITO FREQUENTE NA ÁREA QUE SERÁ DESTINADA
PARA O ATERRO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA – PB. ........................... 47
FIGURA 3.20. FLOR DE HANCORNIA SPECIOSA POPULARMENTE CONHECIDA COMO
MANGABA, ESPÉCIE MUITO COMUM NA ÁREA QUE SERÁ DESTINADA PARA O ATERRO
SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA – PB. ..................................................... 47
FIGURA 3.21. ANÁLISE DE AGRUPAMENTO REALIZADO ATRAVÉS DOS OBTIDOS NAS
PARCELAS ALOCADAS AO LONGO DA ÁREA DESTINADA PARA O EMPREENDIMENTO E
NO ENTORNO. ........................................................................................................... 50
FIGURA 3.22. FOTO RETIRADA PARA EVIDENCIAR OS ESPAÇAMENTOS ENTRE OS
ADENSAMENTOS COM PRESENÇA DE ESPÉCIES DE POACEAE E CYPERACEAE. ........... 51
FIGURA 3.23. FOTO RETIRADA DURANTE A INSTALAÇÃO DE UMA PARCELA. A ESQUERDA E
AO FUNDO DA FOTO TEMOS ADENSAMENTOS DE VEGETAÇÃO. .................................. 52
FIGURA 3.24. FOTO RETIRADA DO CAMPO DESTINADO AO PLANTIO DE CANA DE AÇÚCAR
EM TEMPOS PRETÉRITOS. .......................................................................................... 53
FIGURA 3.25. LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRANSBORDO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
RECICLÁVEIS. ........................................................................................................... 58
FIGURA 3.26. ARMADILHAGEM REALIZADA NO LOCAL DE ESTUDO PARA CAPTURA DE
ESPÉCIMES PARA INVENTÁRIO DE FAUNA.................................................................. 59
FIGURA 3.27. ESPÉCIES DE CARNÍVORO E MARSUPIAL ENCONTRADAS NA ÁREA. ............ 61
FIGURA 3.28. ÁREAS ONDE AS COLETAS FORAM REALIZADAS. ....................................... 69
FIGURA 3.29. ÁREAS ONDE AS COLETAS FORAM REALIZADAS. FONTE: ........................... 70
FIGURA 3.30. ANFÍBIOS ANUROS - LEPTODACTYLUS FUSCUS (A), LEPTODACTYLUS VASTUS
(B), PLEURODEMA DIPLOLISTER (C), PRISTIMANTIS RAMAGII (D), PHYSALAEMUS
CUVIERI (E), LEPTODACTYLUS TROGLODYTES (F), PITHECOPUS NORDESTINUS (G),
RHINELLA GRANULOSA (H), RHINELLA JIMI (I). .......................................................... 75
FIGURA 3.31. RÉPTEIS – KENTROPX CALCARATA (J), AMEIVULA OCELLIFERA (L),
BRASILISCINCUS HEATHI (K) (FOTO DO B. HEATHI: RICARDO MARQUES). .................. 76
FIGURA 3.32. CURVA DE RAREFAÇÃO DA COMUNIDADE ESTUDADA, FIGURA A
CORRESPONDE AO PERÍODO DE SECA E A FIGURA B AO PERÍODO DE CHUVA. A LINHA
CENTRAL REPRESENTA OS VALORES OBSERVADOS E AS LINHAS EXTERNAS O DESVIO
PADRÃO. ................................................................................................................... 78
FIGURA 3.33. PONTOS DE COLETA (REDES DE NEBLINA E PONTOS DE ESCUTA) E
POLIGONAL DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO EM VERMELHO..................................... 81
FIGURA 3.34. VEGETAÇÃO RASTEIRA E ARBUSTIVA (ESQ.) E MATRIZ DE CANA-DE-AÇÚCAR
(DIR.), PRESENTES NA ÁREA DO ESTUDO. .................................................................. 82
FIGURA 3.35. TRILHA (ESQ.) E ESTRADA DE TERRA (DIR.) JÁ PRESENTES NA VEGETAÇÃO
DO LOCAL. ................................................................................................................ 83
FIGURA 3.36. ALGUMAS DAS ESPÉCIES REGISTRADAS NA CAMPANHA. A - VOLATINIA
JACARINA (TIZIU); B - CARACARA PLANCUS (CARCARÁ); C - CATHARTES AURA
(URUBU-DE-CABEÇA-VERMELHA); D - TYRANNUS MELANCHOLICUS (SUIRIRI); E -
MYIODYNASTES MACULATUS (BEM-TE-VI-RAJADO); F - CORAGYPS ATRATUS
(URUBU-DE-CABEÇA-PRETA); G - STELGIDOPTERYX RUFICOLLIS (ANDORINHA
SERRADORA); H - ICTERUS PYRRHOPTERUS (ENCONTRO); I - NYCTIDROMUS
ALBICOLLIS (BACURAU); J - THAMNOPHILUS PELZENI (CHOCA-DO-PLANALTO); K -
TANGARA SAYACA (SANHAÇU-CINZENTO); L - FORMICIVORA RUFA (PAPA-FORMIGA-
RUIVO). .................................................................................................................... 91
FIGURA 3.37. MAPA DA REGIÃO METROPOLITANA DE JOÃO PESSOA, ONDE A SETA EM
VERMELHO DESTACA A LOCALIZAÇÃO APROXIMADA DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO.
DADOS ADQUIRIDOS NO SITE DA PREFEITURA DE SANTA RITA. ................................ 98
FIGURA 3.38. MAPA PARA VISUALIZAÇÃO DA MANCHA URBANA (EM AMARELO) E
DISTRITOS DA ZONA RURAL, COM DESTAQUE PARA LOCALIZAÇÃO DO
EMPREENDIMENTO (SETA VERMELHA). ................................................................... 107
FIGURA 3.39. MAPA DAS ESCOLAS NA ÁREA RURAL. ................................................... 116
FIGURA 3.40. MAPA DOS PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS DE SANTA RITA. ......................... 127
FIGURA 3.41. GRUPO RAÍZES AFRICANAS. ..................................................................... 128
FIGURA 3.42. TREINOS DO GRUPO RAÍZES AFRICANAS. ............................................... 129
FIGURA 3.43. APRESENTAÇÃO DO GRUPO EXPLOSÃO NORDESTINA. ............................. 129
FIGURA 3.44. GRUPO DE COCO DE RODA EM FORTE VELHO. ........................................ 130
FIGURA 3.45. APRESENTAÇÃO DA PAIXÃO DE CRISTO NA COMUNIDADE DO PATROCÍNIO.
............................................................................................................................... 130
FIGURA 3.46. MAPA DE INDÚSTRIA E SEUS DISTRITOS................................................... 136
FIGURA 3.47. MAPA DE INDÚSTRIA E COMERCIO RURAL. .............................................. 137
FIGURA 3.48. MAPA DO EIXO DE DESENVOLVIMENTO COMERCIAL. .............................. 138
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 3.1. GRÁFICO DE TEMPERATURA MÍN. EM JOÃO PESSOA. ................................. 3


GRÁFICO 3.2. GRÁFICO DE TEMPERATURA MÉD. EM JOÃO PESSOA. ................................ 3
GRÁFICO 3.3. GRÁFICO DE TEMPERATURA MÁX. EM JOÃO PESSOA. ................................ 3
GRÁFICO 3.4. GRÁFICO DE INSOLAÇÃO EM JOÃO PESSOA................................................. 5
GRÁFICO 3.5. GRÁFICO DE PRECIPITAÇÃO EM JOÃO PESSOA. ........................................... 6
GRÁFICO 3.6. GRÁFICO DE EVAPORAÇÃO EM JOÃO PESSOA. ............................................ 6
GRÁFICO 3.7. FAMÍLIAS QUE APRESENTAM AS MAIORES QUANTIDADES DE ESPÉCIES E UM
GRUPO REPRESENTANDO TODAS AS OUTRAS FAMÍLIAS QUE APRESENTARAM 3 OU
MENOS ESPÉCIES. ...................................................................................................... 35
GRÁFICO 3.8. GRÁFICOS REPRESENTANDO A DISTRIBUIÇÃO EM PORCENTAGEM AS
ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO SEGUNDO O CENTRO NACIONAL DE
CONSERVAÇÃO DA FLORA (CNC FLORA (A), INFORMAÇÃO SOBRE A ORIGEM (B) E
INFORMAÇÕES SOBRE O ENDEMISMO (C) DAS ESPÉCIES ENCONTRADAS NA ÁREA ONDE
SERÁ INSTALADO O EMPREENDIMENTO..................................................................... 44
GRÁFICO 3.9. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS CLASSES DE CIRCUNFERÊNCIA DOS
INDIVÍDUOS AMOSTRADOS NA ÁREA ONDE SERÁ INSTALADO O ATERRO SANITÁRIO NO
MUNICÍPIO DE SANTA RITA – PB. ............................................................................. 55
GRÁFICO 3.10. ABUNDÂNCIA TOTAL DOS ESPÉCIMES COLETADOS DURANTE AS
CAMPANHAS SECO E ÚMIDA. ..................................................................................... 63
GRÁFICO 3.11. CURVA DE COLETOR DO PERÍODO ÚMIDO................................................ 64
GRÁFICO 3.12. ESTIMADORES DE DIVERSIDADE DO PERÍODO ÚMIDO. ............................. 64
GRÁFICO 3.13. CURVA DE COLETOR DO PERÍODO SECO. ................................................. 65
GRÁFICO 3.14. ESTIMADORES DE DIVERSIDADE DO PERÍODO SECO. ............................... 66
GRÁFICO 3.15. ESTIMATIVAS DE DIVERSIDADE PARA A ÁREA AMOSTRADA NO PERÍODO
CHUVOSO E SECO. ..................................................................................................... 77
GRÁFICO 3.16. REPRESENTATIVIDADE DAS ESPÉCIES DE AVES DE ACORDO COM AS
FAMÍLIAS PARA A PRIMEIRA CAMPANHA (PERÍODO CHUVOSO). ................................ 84
GRÁFICO 3.17. REPRESENTATIVIDADE DAS ESPÉCIES DE AVES DE ACORDO COM AS
FAMÍLIAS PARA A SEGUNDA CAMPANHA (PERÍODO SECO). ....................................... 85
GRÁFICO 3.18. USO DO HABITAT PELAS ESPÉCIES INVENTARIADAS DURANTE A PRIMEIRA
CAMPANHA (PERÍODO CHUVOSO), ONDE IF SÃO ESPÉCIES INDEPENDENTES DE
AMBIENTES FLORESTADOS, SF SÃO SEMI-DEPENDENTES E DF SÃO DEPENDENTES. .. 92
GRÁFICO 3.19. USO DO HABITAT PELAS ESPÉCIES INVENTARIADAS DURANTE A SEGUNDA
CAMPANHA (PERÍODO SECO), ONDE IF SÃO ESPÉCIES INDEPENDENTES DE AMBIENTES
FLORESTADOS, SF SÃO SEMI-DEPENDENTES E DF SÃO DEPENDENTES. ..................... 93
GRÁFICO 3.20. CURVA DE ACUMULAÇÃO DAS ESPÉCIES INVENTARIADAS NA PRIMEIRA
CAMPANHA (PERÍODO CHUVOSO), COMPARANDO-AS COM OS ESTIMADORES DE
RIQUEZA CHAO 2 E BOOTSTRAP. .............................................................................. 95
GRÁFICO 3.21. CURVA DE ACUMULAÇÃO DAS ESPÉCIES INVENTARIADAS NA SEGUNDA
CAMPANHA (PERÍODO SECO), COMPARANDO-AS COM OS ESTIMADORES DE RIQUEZA
CHAO 2 E BOOTSTRAP. ............................................................................................. 95
GRÁFICO 3.22. GRAU DE INSTRUÇÃO DA POPULAÇÃO DA ADA DO ATERRO SANITÁRIO.
............................................................................................................................... 100
GRÁFICO 3.23. RENDA FAMILIAR DA POPULAÇÃO DA ADA DO ATERRO SANITÁRIO. .... 100
GRÁFICO 3.24. PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA. ................. 102
GRÁFICO 3.25. QUANTIDADE DE PESSOAS QUE TRABALHAM EM UMA RESIDÊNCIA. ...... 103
GRÁFICO 3.26. TIPOS DE EMPREGOS PRESENTES NA LOCALIDADE. ............................... 103
GRÁFICO 3.27. EVOLUÇÃO DA FROTA DE VEÍCULOS NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA. .... 105
GRÁFICO 3.28. PRIORIDADES DO MUNICÍPIO, DO PONTO DE VISTA DA POPULAÇÃO LOCAL.
............................................................................................................................... 105
GRÁFICO 3.29. TIPO DE TRANSPORTE UTILIZADO PELOS MORADORES DA LOCALIDADE.106
GRÁFICO 3.30. TRATAMENTO APLICADO AO ESGOTO DOMÉSTICO DA LOCALIDADE. .... 110
GRÁFICO 3.31. PROJEÇÃO DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO, CONFORME ESTIMATIVA
DE CRESCIMENTO POPULACIONAL E DEMANDA DE USUÁRIOS. ................................ 111
GRÁFICO 3.32. VARIAÇÃO PERCENTUAL DO CONSUMO E NÚMERO DE CONSUMIDORES DE
ENERGIA ELÉTRICA EM MWH, POR CLASSES DE CONSUMO – 2008. ........................ 113
GRÁFICO 3.33. SERVIÇOS DE ATENDIMENTO DE SAÚDE PREVENTIVA DA REGIÃO. ........ 123
GRÁFICO 3.34. ATIVIDADES DE LAZER DA POPULAÇÃO LOCAL. .................................... 125
GRÁFICO 3.35. TIPOS DE USO DADO AOS RIOS DA REGIÃO PELOS MORADORES LOCAIS. 139
GRÁFICO 3.36. TIPO DE IMPACTO AMBIENTAL NOTADO PELA POPULAÇÃO LOCAL. ....... 139
LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1. DESCRIÇÃO DOS AQUÍFEROS PASSÍVEIS DE OCORREREM NA ÁREA DO


PROJETO. .................................................................................................................. 21
TABELA 3.2. LISTA DAS ESPÉCIES ENCONTRADAS NA ÁREA DO EMPREENDIMENTO, EM
SANTA RITA/PB. ...................................................................................................... 36
TABELA 3.3. ASPECTOS GERAIS DA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO DA VEGETAÇÃO DA ÁREA
DESTINADA PARA INSTALAÇÃO DO FUTURO EMPREENDIMENTO NO MUNICÍPIO DE
SANTA RITA – PB. .................................................................................................... 46
TABELA 3.4. ASPECTOS GERAIS DA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO DA VEGETAÇÃO DO
ENTORNO DA ÁREA DESTINADA PARA INSTALAÇÃO DO FUTURO EMPREENDIMENTO NO
MUNICÍPIO DE SANTA RITA – PB. ............................................................................. 46
TABELA 3.5. PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DAS ESPÉCIES ARBÓREAS, ORGANIZADOS
POR ORDEM DECRESCENTE DE VALOR DE IMPORTÂNCIA (IVI), DA ÁREA DESTINADA
PARA FUTURA INSTALAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA -
PB. ........................................................................................................................... 48
TABELA 3.6. PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DAS ESPÉCIES ARBÓREAS, ORGANIZADOS
POR ORDEM DECRESCENTE DE VALOR DE IMPORTÂNCIA (IVI), NO ENTORNO DO
EMPREENDIMENTO NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA - PB. LEGENDA: NÚMERO DE
INDIVÍDUOS (NIND), DENSIDADE ABSOLUTA (DA); DENSIDADE RELATIVA (DR);
FREQUÊNCIA ABSOLUTA (FA); FREQUÊNCIA RELATIVA (FR); DOMINÂNCIA
ABSOLUTA (DOA); DOMINÂNCIA RELATIVA (DOR); VOLUME (VOL); VALOR DE
IMPORTÂNCIA (IVI) E VALOR DE COBERTURA VEGETAL (IVC). .............................. 49
TABELA 3.7. LISTA DAS ESPÉCIES PIONEIRAS ENCONTRADAS NA ÁREA ESTUDADA. ........ 54
TABELA 3.8. ESPÉCIMES DA MASTOFAUNA INVENTARIADA PARA ESTUDO DE IMPACTO
AMBIENTAL (EIA-RIMA) NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA – PB, PARA CENTRAL DE
TRATAMENTO DE RESÍDUOS. .................................................................................... 62
TABELA 3.9. LISTA DE MAMÍFEROS COLETADOS E OBSERVADOS PARA O PERÍODO ÚMIDO.
................................................................................................................................. 63
TABELA 3.10. LISTA DE ANIMAIS CAPTURADOS E AVISTADOS NO PERÍODO ÚMIDO. ........ 65
TABELA 3.11. ESPÉCIES REGISTRADAS DURANTE O PERÍODO DE CHUVA. CAPT. =
CAPTURADOS; OBS.= OBSERVADOS; ABUND. = ABUNDÂNCIA; REG. = REGISTRO.
AUD = AUDITIVO; BADN = BUSCA ATIVA DIURNA/NOTURNA; PIT = PITFALL TRAPS.
................................................................................................................................. 72
TABELA 3.12. ESPÉCIES REGISTRADAS DURANTE O PERÍODO SECO. CAPT. = CAPTURADOS;
OBS.= OBSERVADOS; ABUND. = ABUNDÂNCIA; REG. = REGISTRO. AUD = AUDITIVO;
BADN = BUSCA ATIVA DIURNA/NOTURNA; PIT = PITFALL TRAPS. ........................... 73
TABELA 3.13. LISTAGEM GERAL DAS ESPÉCIES INVENTARIADAS NO ESTUDO PARA AS
DUAS CAMPANHAS, CONTENDO AS FAMÍLIAS, ESPÉCIES, NOMES POPULARES, USO DO
HABITAT (ONDE: SF - SEMI-DEPENDENTES DE AMBIENTES FLORESTADOS; DF -
DEPENDENTES DE AMBIENTES FLORESTADOS; IF - INDEPENDENTES DE AMBIENTES
FLORESTADOS), GRAU DE AMEAÇA SEGUNDO A IUCN (LC - POUCO PREOCUPANTE),
GRAU DE AMEAÇA SEGUNDO O MMA (PP – POUCO PREOCUPANTE). ....................... 86
TABELA 3.14. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO TOTAL, POR SITUAÇÃO DE DOMICILIO E
GÊNERO – 2010. ..................................................................................................... 101
TABELA 3.15. TABELA DO CRESCIMENTO POPULACIONAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS. ..... 101
TABELA 3.16. FROTA DE VEÍCULO POR TIPO EM SANTA RITA/PB (2016). ..................... 104
TABELA 3.17. TIPO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA – 2008. .......................................... 109
TABELA 3.18. ESGOTAMENTO SANITÁRIO EM SANTA RITA/PB POR CLASSES DE
CONSUMO – 2008. .................................................................................................. 110
TABELA 3.19. PROJEÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM SANTA
RITA. RDU (RESÍDUO DOMICILIAR URBANO); RLU (RESÍDUO DE LIMPEZA
URBANA)................................................................................................................ 112
TABELA 3.20. NÚMERO DE CONSUMIDORES E RESPECTIVOS CONSUMOS POR CLASSES DE
CONSUMO – 2008. .................................................................................................. 113
TABELA 3.21. NÚMERO DE ESCOLAS, DOCENTES E MATRICULADOS DO MUNICÍPIO DE
SANTA RITA – 2015. .............................................................................................. 114
TABELA 3.22. RELAÇÃO DOS PSFS EM SANTA RITA. .................................................... 117
TABELA 3.23. RELAÇÃO DOS NÚCLEOS DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA...................... 118
TABELA 3.24. RELAÇÃO DAS UNIDADES ESPECIALIZADAS E CENTROS DE SAÚDE. ....... 118
TABELA 3.25. PRINCIPAIS ATENDIMENTOS MÉDICOS NO MUNÍCIPIO DE SANTA RITA NOS
ÚLTIMOS ANOS. ...................................................................................................... 120
TABELA 3.26. ACOMPANHAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS CRIANÇAS DO
MUNICÍPIO DE SANTA RITA. ................................................................................... 121
TABELA 3.27. ACOMPANHAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS ADOLESCENTES DO
MUNICÍPIO DE SANTA RITA. ................................................................................... 121
TABELA 3.28. ACOMPANHAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS ADULTOS DO
MUNICÍPIO DE SANTA RITA. ................................................................................... 122
TABELA 3.29. ACOMPANHAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS IDOSOS DO MUNICÍPIO
DE SANTA RITA. ..................................................................................................... 122
TABELA 3.30. ACOMPANHAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS GESTANTES DO
MUNICÍPIO DE SANTA RITA. ................................................................................... 123
TABELA 3.31. PIB ADICIONADO POR SETORES – 2015. .................................................. 133
TABELA 3.32. PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS DO MUNICÍPIO DE SANTA RITA – 2016.
............................................................................................................................... 134
TABELA 3.33. PRODUÇÃO PECUÁRIA MUNICIPAL – 2016. ............................................ 135
SUMÁRIO

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ...................................................................................... 1


3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ............................................................................ 2
3.1. MEIO FÍSICO .................................................................................................... 2
3.1.1. Clima .......................................................................................................... 2
3.1.2. Aspectos Geológicos ................................................................................... 7
Geologia Local .................................................................................................... 15
Geomorfologia ..................................................................................................... 17
Pedologia ............................................................................................................. 18
Recursos Hídricos ................................................................................................ 20
Hidrogeologia ...................................................................................................... 21
3.2. MEIO BIÓTICO .............................................................................................. 24
3.2.1. Flora ......................................................................................................... 24
Material e Métodos .............................................................................................. 29
Levantamento fitossociológico ............................................................................ 32
Resultados............................................................................................................ 35
3.2.1.4. Conclusão.............................................................................................. 55
3.2.1. Fauna ........................................................................................................ 56
Mastofauna .......................................................................................................... 56
3.2.1.1.1.Material e Métodos ........................................................................... 57
3.2.1.1.2.Resultados ......................................................................................... 60
3.2.1.1.3.Discussão .......................................................................................... 66
Herpetofauna ....................................................................................................... 67
3.2.2.2.1. Material e Métodos .......................................................................... 68
3.2.2.2.2. Resultados e Discussão .................................................................... 71
Ornitologia ........................................................................................................... 79
3.2.2.3.1. Material e Métodos .......................................................................... 80
3.2.2.3.2. Resultados e Discussão .................................................................... 84
3.2.2.3.3. Conclusão......................................................................................... 95
3.3. MEIO SOCIOECONÔMICO .......................................................................... 96
3.3.1. Procedimentos Metodológicos ................................................................. 96
3.3.2. Limites e Divisão Administrativa ............................................................. 97
3.3.3. Dinâmica Populacional .......................................................................... 100
3.3.4. Sistema Viário e de Transportes............................................................. 103
3.3.5. Uso e Ocupação do Solo ........................................................................ 106
3.3.6. Saneamento Básico ................................................................................. 108
3.3.7. Energia Elétrica ..................................................................................... 112
3.3.8. Educação ................................................................................................ 114
3.3.9. Saúde ...................................................................................................... 117
3.3.10. Segurança Pública .................................................................................. 123
3.3.11. Comunicação .......................................................................................... 124
3.3.12. Turismo, Lazer e Cultura ....................................................................... 124
3.3.13. Patrimônios Histórico, Cultural e Imaterial .......................................... 125
3.3.13.1. Estudos Patrimoniais no empreendimento ......................................... 131
3.3.14. Estrutura Produtiva e de Serviço ........................................................... 132
3.3.14.1. Setor Primário ..................................................................................... 133
3.3.14.2. Setor Secundário ................................................................................. 135
3.3.14.3. Setor Terciário .................................................................................... 137
3.3.15. Percepção Ambiental da População Local ............................................ 139
Capítulo 3

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

3.1.MEIO FÍSICO

3.1.1. Clima

A área do projeto está inserida na região litorânea da Grande João


Pessoa/PB, cujo clima é do tipo tropical chuvoso, em terreno plotado em posição de
topo da Superfície dos Tabuleiros. O local, encontra-se inserido nos domínios
das bacias hidrográficas dos rios Paraíba (região da Várzea
Paraibana), Miriri e Gramame, distando aproximadamente 12 Km (doze quilômetros) da
linha de praia, a leste.
Assim, tomando-se como base a classificação de Köppen, a área está
plotada em zona climática do “tipo As”, que abrange a região compreendida litoral ao
brejo paraibano, correspondendo a um clima quente e úmido com média das
temperaturas máximas de 28º C entre fevereiro e março; e média das temperaturas
mínimas de 23º C entre julho e agosto, com chuvas de outono-inverno e precipitações
médias anuais entre 1.200 e 1.800 mm.
A distribuição das temperaturas anuais mostra pouca variação durante
todo o ano, resultando em médias anuais elevadas, em torno de 22°C a 28°C. Esta baixa
amplitude térmica se justifica pela localização em baixa latitude. A umidade relativa do
ar encontra-se em torno de 80%.
De acordo com dados da estação meteorológica do INMET, foi
possível identificar o comportamento das oscilações mínimas, médias e máximas de
temperatura na cidade de João Pessoa, na qual situa-se próximo a área do projeto (Santa
Rita), entre os períodos de 1931 - 1990, como mostram os Gráficos 01, 02 e 03. Nelas, é
possível observar que sempre as menores temperaturas medidas, são medidas no meio
do ano, principalmente entre os meses de julho e agosto, já as maiores são medidas
tanto no início quanto no final do ano.

2
Gráfico Comparativo de Temperatura Mínima
Mensal (°C)
25,0
24,0
23,0
22,0
21,0
20,0
19,0
18,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1931-1960 1961-1990

Gráfico 3.1. Gráfico de Temperatura Mín. em João Pessoa.


Fonte: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimaticos

Gráfico Comparativo de Temperatura Média


Mensal (°C)
28,0

26,0

24,0

22,0

20,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1931-1960 1961-1990

Gráfico 3.2. Gráfico de Temperatura Méd. em João Pessoa.


Fonte: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimaticos

Gráfico Comparativo de Temperatura


Máxima Mensal (°C)
31,0
30,0
29,0
28,0
27,0
26,0
25,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1931-1960 1961-1990

Gráfico 3.3. Gráfico de Temperatura Máx. em João Pessoa.


Fonte: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimaticos

3
As bacias hidrográficas sujeitas às influências do projeto do ASL, por
estarem localizadas próximas a Linha do Equador, possuem clima quente com
temperatura média anual de 26ºC e poucas variações intra-anuais, determinadas pela
alta radiação solar e grande número de horas de insolação diária.
Na classificação de Gaussen, a região em foco apresenta clima
enquadrado no tipo Mediterrâneo quente, onde é levado em consideração a temperatura
e precipitação durante todo o ano, tomando-se as médias mensais e observando-se os
meses secos e índice xerotérmico, que representa o número de dias biologicamente
secos durante o período seco.
Segundo a classificação de Köppen, o clima que se enquadra na região
estudada é do tipo As’ - quente e úmido, peculiar pela ocorrência mais frequente de
chuvas de outono-inverno e com período de estiagem de 5 a 6 meses.
É no outono que ocorre maior umidade com a atuação da Massa
Equatorial Atlântica e os Ventos Alísios de sudeste, que no inverno unem-se às Massas
Polares de Sul, produzindo chuvas abundantes, principalmente no litoral (VAREJÃO e
SILVA, 1987).
A temperatura influencia na variação da umidade do solo, enquanto
que as precipitações pluviométricas influenciam no nível d’água dos corpos aquosos e
na qualidade das águas que os alimentam, após lavarem a superfície terrestre. Essas
águas têm uma influência nos processos de escoamento superficial e subsuperficial, de
modo que, a forma como as chuvas são distribuídas ao longo do ano, tem correlação
direta com o nível d’água dos corpos aquosos.
A região é caracterizada, assim, pela grande incidência de raios
solares, implicando deste modo, na disponibilidade de energia luminosa. O regime
térmico é bastante uniforme, com temperaturas elevadas e pequenas variações ao longo
do ano. Tal situação é decorrente de fatores como baixa latitude, a forte influência do
mar e o relevo plano suavemente ondulado.
O número de horas de brilho solar (insolação) em cada mês do ano é
função não somente da nebulosidade existente, mas também da duração dos dias (mais
longos no verão e mais curtos no inverno).
Assim como observado nas variações de temperaturas mostradas
anteriormente, o comportamento da insolação na região segue a mesma tendência, visto
que estas variáveis meteorológicas se complementam. Por meio desta análise, observa-

4
se no Gráfico 4 que os menores índices de radiação são medidos no meio do ano, e os
maiores no início e final do ano.

Gráfico Comparativo de Insolação Média


Mensal (horas)
300,0
275,0
250,0
225,0
200,0
175,0
150,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1931-1960 1961-1990

Gráfico 3.4. Gráfico de insolação em João Pessoa.


Fonte: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimaticos

O clima da área do estudo, devido à proximidade do Oceano


Atlântico, sofre forte influência da maritimidade, sem registros históricos para
ocorrência de tempestades, ciclones ou furacões. As variações climáticas sazonais estão
associadas principalmente aos sistemas meteorológicos Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT), que oscila por toda a faixa dos trópicos e o centro de Vorticidade
Ciclônica, com tempo variável dentro do período de chuvas.
Existem também outros sistemas de menor escala, a exemplo das
linhas de instabilidade formadas ao longo da costa e os efeitos de brisa. O clima
predominante é do tipo tropical chuvoso, quente úmido litorâneo, com verão seco e
temperatura média anual de 26º C e classificado como do tipo AM de acordo com
Köppen-Greiger.
As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano devido à proximidade
do mar e da ação da massa de ar equatorial atlântica, da frente polar e dos ventos alísios
de sudeste.
A pluviosidade média na região litorânea da Paraíba é de 2.000
mm/ano, iniciadas em janeiro e mais concentradas nos meses de março a agosto.

5
Gráfico Comparativo de Precipitação
Acumulada Mensal (mm)
400,0
350,0
300,0
250,0
200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1931-1960 1961-1990

Gráfico 3.5. Gráfico de Precipitação em João Pessoa.


Fonte: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimaticos

Por outro lado, tem-se como fator determinante no balanço hídrico da região a
Evaporação. Este mecanismo faz com que ocorra a passagem da água do estado líquido
para o estado gasoso de forma lenta e gradual, e em qualquer temperatura. A evaporação
está fortemente ligada a temperatura da região e grau de insolação. Assim observa-se
que os maiores índices de evaporação encontra-se em períodos de alta destes fatores,
como mostra o Gráfico 06.

Gráfico Comparativo de Evaporação Total,


Mensal (mm)
200,0

150,0

100,0

50,0

0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1931-1960 1961-1990

Gráfico 3.6. Gráfico de Evaporação em João Pessoa.


Fonte: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimaticos

6
3.1.2. Aspectos Geológicos

Geologia Regional
A área do projeto está localizada na “Bacia Costeira PE-PB”, de idade
cretácea, limitada ao Sul pelo Lineamento Pernambuco, nas proximidades de Recife/PE
e ao Norte pelo vale do Rio Camaratuba, no Município de Mataraca/PB. Esta bacia
possui em média 30 km de largura e está frequentemente recoberta por sedimentos
areno-argilosos continentais da Formação Barreiras. A bibliografia citada a seguir,
representa o nível de base do conhecimento geológico acerca do assunto em foco.
A bacia corresponde a feição geológica gerada durante os mesmos
processos tectônicos que originaram a Bacia do Cabo e segundo Françolin & Szatmari
(1987), a última porção do Continente a se separar da África durante a abertura do
Oceano Atlântico. Alheiros & Mabesoone (1991) descrevem sua estrutura como sendo
um homoclinal com mergulho suave em direção ao mar (5-25m/km) e sua espessura
máxima pode atingir 400m.
Na Bacia Paraíba, o sistema de horst’s e grabens é preenchido por
sedimentos de fácies continentais e marinhas, reunidas sob a denominação de Grupo
Paraíba, que por sua vez se subdivide em 04 (quatro) unidades litoestratigráficas:-
Formação Beberibe (Unidade Continental) / Formação Itamaracá (Unidade
Transicional), Formação Gramame (Unidade Marinha Transgressiva) e Formação
Maria Farinha (Unidade Marinha Regressiva).
Sob a ótica regional, o domínio sedimentar Meso-Cenozóico do estado
da Paraíba está posicionado na porção litorânea, estendendo-se em até 20km (vinte
quilômetros) da linha atual de costa na direção oeste, onde se limita com o
embasamento cristalino.
O embasamento cristalino desta bacia sedimentar é denominado Zona
Transversal ou Sistema Pajeú-Paraíba, composto por rochas plutônicas, vulcânicas e
metassedimentares pré-cambrianas.
A partir de análise gravimétrica e magnetométrica, além de avaliar as
diferenças litológicas do embasamento, estabeleceu-se a subdivisão desta bacia
sedimentar em sub-bacias, equivalentes a blocos regionais delimitados por falhas. Por
sua vez, cada sub-bacia apresenta o respectivo sistema de falhas, caracterizando uma
tectônica quaternária intra-blocos.

7
Barbosa et al. (2005) subdividiram a Bacia Paraíba em 03 (três) sub-
bacias, que denominou de Sub-Bacias de Miriri, Alhandra e Olinda, compartimentadas
pelos lineamentos secundários das falhas de Itabaiana e Goiana, como mostra a Figura
01. Como se pode observar, a área do projeto, marcada em círculo na cor “VERDE” na
imagem a seguir, está plotada no interior da “Sub-Bacia Miriri”.

Figura 3.1. Compartimentação estrutural das Bacias Pernambuco e Paraíba.


Fonte: Barbosa et al. (2005).

Estratigrafia
A coluna estratigráfica integra os seguintes compartimentos, da base para o
topo:
8
Embasamento Cristalino
É constituído por rochas cristalinas pré-cambrianas representadas por
gnaisses, xistos, quartzitos, granitos e migmatitos, aflorantes ao longo da borda oeste da
bacia.

Grupo Paraíba / Formação Beberibe


A Formação Beberibe se reveste de grande importância
hidrogeológica, por ser um aquífero bastante utilizado no abastecimento de água. A
coluna litoestratigráfica da Bacia PE/PB, em especial da Sub-Bacia Alhandra, mostra a
Formação Beberibe (depósito basal do Grupo Paraíba) repousando discordante e
abruptamente sobre o Embasamento Cristalino Pré-Cambriano. Corresponde a uma
sequência essencialmente arenosa, posicionada na base do Grupo Paraíba, com
espessura média em torno de 200 (duzentos) metros. Esta sequência clástica, de
deposição continental, compreende arenitos friáveis a compactos, cinzentos a cremes,
mal selecionados. É comum a ocorrência de horizontes conglomeráticos em níveis
basais, compostos por seixos arredondados a sub-arredondados de quartzo e feldspato,
além de intercalações de níveis argilosos. Litologicamente, dominam os arenitos não
estratificados de coloração amarela a esbranquiçado. Os depósitos clásticos variam de
arenito conglomerático ao fino, sendo o meso-clástico, o predominante. O cimento é
argiloso ou ferruginoso. Esta sequência se caracteriza por três fácies de sedimentação:
fácies fluvial, estuarina e lagunar, a saber:
 Fácies Fluvial compõe-se de arenitos afossilíferos com grãos de quartzo
sacaroidais e sub-angulosos. Segundo Mabesoone, a ausência de estratificação cruzada
indica que estes sedimentos são uma mistura de depósitos de leitos dos bordos de
canais, como se espera de uma série fluvial antiga;
 Fácies Estuarina é constituída, também, de arenitos afossilíferos, de coloração
esbranquiçada com grãos de quartzo mais arredondados;
 Fácies Lagunar é caracterizada por siltitos e argilitos fossilíferos.

Grupo Paraíba / Formação Itamaracá


Os sedimentos desta Formação se interdigitam com os da Formação
Beberibe, representando sua fácies litorânea. Possuem uma espessura aproximada de
100 (cem) metros. Sua ocorrência é quase restrita a sub-superfície. A litologia mostra

9
uma sequência de arenitos quartzosos, bastante selecionados e pouco porosos, com
grãos sub-arredondados e quase brilhantes. O cimento é de calcita, porém sem
fragmentos de fósseis reconhecíveis. São arenitos litorâneos até marinhos de água rasa.
Estratigraficamente, esta unidade ficou restrita aos arenitos calcíferos que ocorrem em
fácies paralela aos arenitos continentais da Formação Beberibe, com frequente
interdigitação de ambos os tipos de depósito. O conteúdo fóssil é composto de
gastrópodes, lamelibrânquios e equinodermatas.

Grupo Paraíba / Formação Gramame


Esta formação encontra-se repousando diretamente sobre a sequência
dos arenitos da Formação Itamaracá. Sua espessura pode atingir 55 (cinquenta e cinco)
metros e seus sedimentos ocorrem paralelamente ao litoral, mergulhando suavemente
para leste. Esta unidade representa o início da sequência carbonática do Grupo Paraíba,
e foi dividida em fácies supra-mesolitoral, fácies fosfática e fácies calcária.
 Fácies Supra-mesolitoral: constituída, em sua parte basal, de sedimentos ricos
em grãos de quartzo sub-arredondados e brilhantes, que diminuem para o topo,
iniciando uma sequência de arenitos calciferos fossilíferos. É a chamada fácies
transgressiva de invasão marinha rápida e constante, muito bem representada na região
de Alhandra/PB.
 Fácies Fosfática: trata-se de um horizonte de fosforito descontinuo, cuja camada
que abriga este horizonte é representada por arenitos e argilitos calcíferos sobrepostos à
fácies supra-mesolitoral já descrita. É também uma fácies transgressiva.
 Fácies Calcária: Esta fácies é caracterizada pela sua relativa homogeneidade de
sedimentos. Sempre se trata de calcários margosos, dolomíticos, puros e com finos
filmes de argilas calcíferas subordinadas, com muitos microfósseis. Sua coloração varia
de creme a cinza.

Grupo Paraíba / Formação Maria Farinha


Os calcários da Formação Maria Farinha possuem caráter detrítico,
sendo que no perfil mais completo a parte não calcária aumenta de baixo para cima,
evidenciando, assim, uma fase regressiva bem nítida. A espessura total chega a 30
(trinta) metros.

10
A sequência mostra quatro tipos de calcários. Na base, calcários
litográficos até sub-litográficos (calcário recristalizado) e para o topo, na ordem,
calcários finos e puros, calcários detríticos bastante dolomitizados e no topo calcários
detríticos argilosos ou mesmo, argilas calcárias. Quase todas estas camadas são macro e
micro-fossilíferas.

Formação Barreiras
A Formação Barreiras é constituída, de uma maneira geral, por
sedimentos arenoargilosos, clásticos e continentais, recobrindo de forma discordante os
estratos do Cretáceo ou do Paleoceno, descritos anteriormente.
Localmente, é possível encontrar algum litotipo representante desta
unidade repousando diretamente sobre o Embasamento Cristalino. A idade desta
Formação é interpretada como sendo Plio-Pleistocênica (Quaternário).
Estudos detalhados dos aspectos deposicionais e faciológicos dos
estratos da Formação Barreiras na faixa entre Recife e Natal, identificaram três
faciologias importantes do continente para o litoral:
 Fácies de leques aluviais, que foram observadas desde o norte de Recife até a
região do Alto de Mamanguape;
 Fácies fluviais de canais entrelaçados, que são encontradas em toda a faixa entre
Recife e Natal;
 Fácies de planície flúvio-lacustre, encontradas na faixa de litoral entre Recife e
João Pessoa.
Sua grande variação de fácies indica uma origem flúvio-lacustrina e
sua espessura pode atingir 40 metros, em que o material depositado da Formação
Barreiras provém basicamente de duas fontes:- diretamente dos produtos do manto de
intemperismo do embasamento cristalino, ou do retrabalhamento dos sedimentos
cretáceos da Formação Beberibe. Por exemplo, análises realizadas por Gopinath et al.,
(1993) na Formação Barreiras no Estado da Paraíba, constataram que as litologias
encontradas nas fontes dos sedimentos eram granitos, gnaisses e xistos.
A Formação Barreiras na Bacia Pernambuco-Paraíba apresenta
geomorfologia dominada por tabuleiros costeiros de grande extensão recortados por
grandes vales de rios na zona mais proximal da faixa costeira. Na zona de litoral
ocorrem sob a forma de planícies costeiras e falésias. Entre Recife e João Pessoa, na

11
planície litorânea atual, essa unidade possui menor espessura ou foi removida, devido a
atuação da Neotectônica, onde afloram os calcários das formações Gramame-Maria
Farinha. A Formação apresenta-se mais espessa na região de João Pessoa, recobrindo
as Sub-Bacias Alhandra e Miriri, em seguida, ao norte, ocorre um adelgaçamento que
coincide com o Alto de Mamanguape, que limita as bacias costeiras PE-PB e Potiguar.

Sedimentos Recentes / Quaternário


Os sedimentos recentes são representados pelas areias de praia, dunas,
recifes de arenito, mangues litorâneos, aluviões de rios, terraços fluviais e arenitos
holocênicos. Apesar de não constituírem unidades litoestratigráficas, marcam distintas
faciologias, com depósitos arenosos, arenoargilosos e argilosos pleistocênicos,
holocênicos e recentes. Podem-se constatar as seguintes ocorrências de depósitos
quaternários:- terraços marinhos pleistocênicos, terraços marinhos holocênicos,
depósitos de mangues e depósitos aluviais. Observa-se na planície costeira das cidades
do Recife, Igarassu e Itapissuma, a maior espessura dessas sequências sedimentares,
variando em torno de 35 a 40m.

Terraços Marinhos Pleistocênicos


Trata-se de uma antiga praia, de idade em torno de 100 mil anos,
formados por areias quartzosas de granulação média a grossa, com grãos sub-
arredondados a arredondados e seleção regular, de cotas entre 7 e 10 metros. Com o
aumento da profundidade, estes sedimentos vão variando da cor branca para cinza,
passando na base para um arenito compacto de cor castanho (marrom), em decorrência
da ação do ácido húmico (Alheiros & Ferreira, 1989; Alheiros et al., 1993). Alheiros &
Ferreira (op.cit.), trabalho realizado na planície do recife, identificaram ainda, os
terraços marinhos indiferenciados, que, no entanto, representariam apenas terraços
marinhos pleistocênicos, que após serem submetidos a constantes retrabalhamentos
fluviais, alteraram o caráter marinho da sedimentação, introduzindo nesses, areias e
espessos depósitos de argila. Além da sua presença marcante na planície costeira do
Recife, estes terraços se mostram bem representados na ilha de Itapessoca e imediações.
Não foram encontrados fragmentos de conchas nessas areias, provavelmente, em virtude
do poder de dissolução do ácido húmico sobre o carbonato (Alheiros et al., 1993). Sua
origem está associada à regressão marinha que se sucedeu imediatamente à penúltima

12
transgressão, ocorrida durante o pleistoceno (Martin et al., 1988; In: Alheiros et al.,
1993).

Terraços Marinhos Holocênicos


Estes terraços são testemunhos de antigas linhas de costa dispostas
estreitamente próximas e paralelas entre si, consequência da descida do nível do mar
durante a regressão subsequente à última transgressão. Conhecidas como alinhamento
de cordões litorâneos, estas antigas linhas de costa são muito bem observadas em
fotografias aéreas nas regiões de Maria Farinha e Pitimbu, onde se verifica a maior
representação desta sequência sedimentar.
Apresentam cotas com altitudes médias variando entre 1 a 3 metros,
constituídas, essencialmente, de areias quartzosas de cores claras, com granulometria
média a grossa e grãos arredondados a subarredondados, semelhantes às do terraço
pleistocênico, distinguindo-se deste apenas pela presença frequente de conchas nos
terraços holocênicos, preservados em função da ausência da ação promovida pelo ácido
húmico, atuante nos Terraços Pleistocênicos.
Este terraço representaria a faixa de praia atual que foi instalada a
cerca de 5.150 anos. Segundo Martin et al., (1979), a 5.100 anos atrás o nível do oceano
estaria a cerca de 50 metros acima do nível atual. Ocorrem preenchendo a porção
externa da planície costeira, sendo reconhecidos em toda a extensão da área sob forma
de corpos alongados mais ou menos contínuos e paralelos à linha de costa, com largura
média entre 0,5 e 1km, mas podendo ter poucos metros nas regiões de falésias ou em
torno de 2km na região de Maria Farinha.

Depósitos de Mangue
São depósitos basicamente formados de sedimentos pelíticos
misturados a restos vegetais e matéria orgânica em decomposição, de coloração cinza a
preta, nos locais mais baixos. A vegetação predominante é o mangue, o qual suporta
grande concentração de sal. O manguezal possui características geológicas e biológicas
específicas, destacadas dos demais ambientes lagunares pela sua importância ambiental.
Constituem ecossistemas muito frágeis e desenvolvem uma estreita relação entre os
processos de sedimentação e sucessão vegetal, de tal modo que, quando há uma
alteração no padrão normal de sedimentação, consequências consideráveis poderão

13
ocorrer com a flora. Geralmente essas alterações estão associadas a processos
geomorfológicos, modificações na linha de costa por correntes marinhas ou processos
de ordem hidrológicas ocasionando flutuações do volume das águas dos rios (Manso et
al., 1995).
Morfologicamente, acham-se limitados às planícies costeiras
inferiores que representam áreas de transição entre o oceano e os níveis elevados que se
situam mais para dentro do continente. Estão presentes nas zonas estuarinas dos rios
Botafogo, Arataca, Jaguaribe, Igarassu, Timbó, Canal de Santa Cruz (braço do mar que
separa a ilha de Itamaracá do continente), e os rios Paratibe e Beberibe (MANSO et al.,
1995).

Depósitos Aluviais
Estes depósitos, caracterizados na planície costeira como flúvio-
lagunares. Por reunirem além dos aluviões, sedimentos lagunares, deltaicos e estuarinos
antigos e recentes, mostram-se dominantemente arenosos e com grãos subangulosos a
subarredondados.
Os depósitos aluvionares são, basicamente, horizontes arenosos ao
longo dos canais mais retilíneos e, mostram também, sedimentos argilosos com matéria
orgânica, depositados na planície de inundação, durante o transbordamento dos canais.
Os sedimentos lagunares, deltaicos e estuarinos apresentam
composição variada, areno-síltico-argilosa com matéria orgânica e estratificação plano-
paralela.
Em virtude das oscilações do nível do mar, esses depósitos podem
intercalar sedimentos tipicamente lagunares, ricos em conchas, com sedimentos de água
doce depositados em lagoas, brejos e pântanos. Localmente, são encontrados em
subsuperfície, camadas moles de argilas, diatomitos e turfas, provenientes desses
ambientes (ALHEIROS et al., 1993).

Perfil Esquemático da Coluna Estratigráfica


A seguir, a Figura 02 ilustra o perfil esquemático do modelo
estratigráfico adotado para as Bacias Paraíba e Pernambuco.

14
Figura 3.2. Coluna Estratigráfica da Bacia Pernambuco e Paraíba.
Fonte: Mabesoone & Alheiros (1988); Feijó (1994); Lima Filho (1996; 1998).

3.1.2.1.Geologia Local
A caracterização geológica do Município de Santa Rita/PB situa-se na
classificação dos depósitos continentais-marinhos da base da coluna estratigráfica
(Grupo Paraíba, cretássico), sotopostos por depósitos continentais subdivididos em
faciologias da Formação Barreiras, de idade plio-pleistocênica.
Capeando, estas unidades litroestratigráficas, ocorrem sedimentos
arenosos, arenoargilosos e argilosos quaternários, resultantes do diastrofismo regional
em ambientes de topo de relevo, encostas e planícies flúvio-marinhas.
Focando-se em especial no interior da Fazenda Nova Vida e
adjacências, ocorrem sedimentos arenosos aflorantes, que representam os produtos do
diastrofismo atuante ao longo do Holoceno, mediante a coalescência de pretéritos
depósitos de dunas. Pedologicamente, tais depósitos arenosos diastróficos estão

15
relacionados a Neossolos Quartarênicos, assentados sobre a Formação Barreiras, como
mostrado abaixo na Figura 03.

Figura 3.3. Panorâmica mostrando a face sul da cava resultante da pretérita escavação de saibro para
manutenção de vias terraplenadas, evidenciando o horizonte arenoso superficial, que capeia a Formação
Barreiras.
Fonte: Real Consultoria e Soluções (2018).

Dessa forma, como mostrado a seguir na Figura 04, na área do projeto


observa-se extenso horizonte de areias quartzosas com coloração creme a cinzenta
(matéria orgânica), com espessuras variando de 0,5 m (meio metro) a 1,5 m (um vírgula
cinco metros), aflorante em toda área da Fazenda Nova Vida.
Em posição subjacente ao depósito arenoso superficial, não aflorante
naturalmente, ocorrem os representantes arenoargilosos da Formação Barreiras, que na
área afloram apenas artificialmente, na cava resultante da escavação de piçarra para a
manutenção das vias terraplenadas.
Neste afloramento artificial, observa-se um arenito-argiloso de
coloração amarelada a avermelhada, pouco compacto, representando “Argissolos” que
por vezes gradam para “Latossolos”.

16
Figura 3.4. Geologia no local do empreendimento.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.1.2.2.Geomorfologia
Regionalmente, num perfil de leste a oeste, a partir da linha de costa,
as Falésias que marcam os limites ao leste da “Superfície dos Tabuleiros”, possuem
segmentos que vão desde o início até o topo das superfícies intermediárias, ou de meia-
encostas, apresentando inclinação suave em direção ao litoral (leste), sendo
abruptamente interrompidas pelos entalhes fluviais transversais. Na faixa litorânea, são
assinalados por uma linha de falésias (vivas) esculpidas, na atualidade, por processos
marinhos, ou por uma linha de falésias mortas (inativas), encontradas como assinaturas
das antigas posições da linha de costa, sempre oscilante no tempo geológico.
A região onde deverá ser implantado o empreendimento está inserida no
domínio geomorfológico denominado de “Tabuleiro Costeiros”, que correspondem às
áreas de relevo mais elevado. Na Fazenda Nova Vida, a cota altimétrica máxima medida
é de 168 (cento e sessenta e oito) metros, ocupando terrenos com declividade inferior a
2%, onde afloram sedimentos arenosos e litologias representantes da Fm. Barreiras, de
idade plio-pleistocênica. Assentados sobre este tabuleiro encontram-se os depósitos

17
arenosos diastróficos, provavelmente resultantes da pedimentação de pretérito sistema
de dunas manifestado na região em foco. Se encontra plotada em posição local de
divisor de águas das Bacias Hidrográficas do Miriri e do Paraíba.

Figura 3.5. Geomorfologia do local do empreendimento.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.1.2.3.Pedologia
Na caracterização pedológica regional, descrevem-se os parâmetros
reportados por Ferreira (1991), que afirma que o clima é aliado ao relevo, organismos,
material de origem e tempo geológico, condicionantes do intemperismo. É, mais ainda,
controlador dos processos, imprimindo nos sedimentos características por ele ditadas.
Pode, por isto, se atuar posteriormente, destruir ou mascarar feições sedimentológicas,
dificultando as pesquisas. Este fato é particularmente marcante em clima quente e
úmido, como é o caso do clima da região de afloramentos das litologias da Bacia
Paraíba. Segundo a autora, os processos intempéricos podem evoluir ainda mais, desta
feita para processos pedogenéticos, genericamente agrupados em adições, perdas,
transformações e translocações, dando origem ao solo no “stricto-sensu” pedológico, o
que aumenta a complexidade do estudo.

18
Assim, os solos e os paleossolos podem oferecer excelentes subsídios
para que se conheça a história sedimentar de uma área, até porque são aliados aos outros
produtos do intemperismo, fonte de sedimentos.
Na área do projeto e adjacências, plotada em posição de topo da
“Superfície dos Tabuleiros”, cujo substrato rochoso compreende depósito de argilito
arenoso da Formação Barreiras, pedologicamente correspondendo aos horizontes
Podzólicos, numa associação local com Argilosos Vermelho-Amarelos, associados aos
Latossolos Vermelho-Amarelos, perfazendo uma associação faciológica peculiar da
evolução no período do Quaternário Inferior ao Superior. Capeando esta faciologia
Barreiras, ocorrem recobrindo toda a área em foco, os Espodossolos (solos arenosos e
bastante porosos, aflorantes, de cor cinzenta devido a presença de matéria orgânica,
podendo apresentar camadas inferiores com areias de cor creme, resultantes da ausência
ou da redução do teor de matéria húmica disseminada).

Figura 3.6. Solos presentes no local do empreendimento.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

19
3.1.2.4.Recursos Hídricos
Como pode ser observada na Figura 07, a área do projeto se encontra
plotada sobre um divisor local de águas, sendo ao norte-noroeste a Bacia Hidrográfica
do Miriri e ao sul-sudeste a Bacia Hidrográfica do Paraíba. Considerando a área da
Fazenda Nova vida, estima-se que 30% de sua área está inserida na Bacia Hidrográfica
do Miriri, sendo o restante (70%) na Bacia Hidrográfica do Paraíba.

Figura 3.7. Localização da área do projeto em relação às Bacias Hidrográficas.


Fonte: Real Consultoria e Soluções. (2018).

Drenando a porção oeste-noroeste da área da Fazenda, está plotado o


Riacho Dois Rios e o Riacho Pau Brasil, cujas águas aí incidentes confluem para o
norte, em direção do Rio Miriri. Já a porção sul-sudeste da propriedade é drenada pelos
afluentes do Riacho Japungu, cujo talvegue principal segue para o leste, onde deságua
no Rio Mangereba. Este é afluente do Rio Soé que, nas proximidades do Canal do Forte
Velho, deságua no Rio Paraíba, em seu baixo curso.

20
3.1.2.5.Hidrogeologia
Os aspectos hidrogeológicos da área do projeto são peculiares do
contexto da porção oeste da Sub-Bacia Miriri, onde os argilitos da Formação Barreiras
se encontram sobrejacentes aos arenitos da Formação Beberibe.
Ambas unidades litoestratigráficas constituem aquíferos eficientes,
considerando-se o histórico de perfuração de poços tubulares e captação de água,
destacando-se, no entanto, pelos arenitos da Formação Beberibe, devido qualidade e
disponibilidade de água recalcada para o consumo humano, industrial e para a irrigação
de culturas. Além dos aquíferos citados, destaca-se também a possibilidade de
ocorrência do aquífero livre, associado ao horizonte arenoso superficial, que localmente
poderá se manifestar uma paleo-superfície negativa no argilito subjacente, que pela
baixa permeabilidade, acumula a água pluvial incidente e infiltrante no horizonte
arenoso superficial. Nos furos de sondagem a percussão, realizados na área do projeto,
não de detectou zonas de saturação de água no nível arenoso superficial. No entanto, em
períodos chuvosos, poderão ocorrer acumulações de água neste perfil, por se constituir
um meio absorvente, em cuja base o fluxo de água ocorre lateralmente, em direção às
porções mais baixas do terreno. Considera-se então a possibilidade de ocorrência de 03
(três) tipos de aquíferos na área estudada, sendo eles:
 Aquífero Arenoso Superficial, livre;
 Aquífero Barreiras, livre a semi-confinado;
 Aquífero Beberibe, semi-confinado a confinado.
Os aquíferos descritos, passíveis de ocorrerem na área do projeto,
apresentam as peculiaridades descritas na Tabela 01:

Tabela 3.1. Descrição dos aquíferos passíveis de ocorrerem na área do projeto.


IDADE FORMAÇÃO / ESPESSURA CONSTITUIÇÃO
AQÜÍFERO (m)
Holoceno Arenoso Superficial 2,0 Areia Quartzosa
Plio-Pleistoceno Barreiras 60,0 Argilitos Arenosos
Cretáceo Beberibe 100,0 Arenitos
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Assim, mediante estimativas realizadas a partir dos furos de sondagem


perfurados, assim como pela aferição de alguns poços tubulares existentes na região em

21
foco, representa-se no perfil mostrado na Figura 08 o modelamento espacial dos
aquíferos passíveis de ocorrerem na área do projeto.

Figura 3.8. Passíveis aquíferos na área do projeto.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

22
Figura 3.9. Perfil representativo dos aquíferos possivelmente presentes na área.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

23
3.2.MEIO BIÓTICO

3.2.1. Flora

A Floresta Atlântica destaca-se por ser a segunda maior floresta


pluvial tropical do continente americano e por ter um dos mais altos índices de
diversidade e endemismo já descritos para florestas tropicais (Giulietti & Forero 1990;
Mcneely et al., 1990). É considerada um dos 25 biomas com maior biodiversidade do
mundo, contando com 8.000 espécies endêmicas de plantas vasculares, anfíbios, répteis,
aves e mamíferos (Myers et al., 2000; Tabarelli et al. 2005). Contudo, seus
remanescentes encontram-se sobre constantes ameaças das intervenções humanas, uma
vez que estão localizados próximos a centros urbanos e envolvidos por plantações de
café, eucalipto ou cana de açúcar (Dean 1995; Morellato & Haddad 2000).
Os ecossistemas costeiros do Brasil dotam de um histórico marcado
pelo forte extrativismo, o que levou diversas comunidades vegetais a risco ou a própria
extinção (Sacramento et al., 2007). Mesmo diante desse quadro, os ecossistemas
litorâneos apresentam quadros naturais de alta riqueza biológica e importância ecológica
(IBGE, 2012), estruturado em um mosaico de ecossistemas variados conforme o clima e
a geomorfologia (Ferreira, 2001), sendo a fisionomia o reflexo da disposição, do arranjo
e das relações entre os organismos que constituem o estrato vegetal.
Tais características podem variar dentro de uma mesma formação
vegetal, podendo ser encontrado diversas paisagens, dentre as quais, a Floresta Atlântica
(Leite & Andrade, 2004). Os ecossistemas identificados na área do empreendimento e
entorno são descritos a seguir.
Grande parte da área do empreendimento está coberta por áreas que
anteriormente fora destinada ao cultivo de cana de açúcar (62%, Figura 10), assim como
áreas com vegetação nativa arbustiva e arbórea. Essa vegetação se distribui em duas
fisionomias: Tabuleiro florestado e Floresta Estacional Semidecidual.

24
Figura 3.10. Área de plantio de cana de açúcar na área destinada para a instalação do Aterro Sanitário no
Município de Santa Rita – PB.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.2.1.1.Área Antropizada
Segundo Kageyama & Castro (1989), ecossistema degradado é aquele
que, após ter sofrido um distúrbio (seja ele antrópico ou natural), apresenta baixa
resiliência, isto é, o seu retorno ao estado anterior pode nunca ocorrer ou ser
extremamente lento. Dessa forma, entende-se como “Área Antropizada” a área
degradada pela ação humana.
Em uma grande parcela do empreendimento foi possível perceber
áreas totalmente desmatadas e alteradas pela ação humana. Em algumas partes foi
possível identificar ambientes transformados em pastos, espaços transformados em
pequenas plantações, o aparecimento constante de espécies exóticas à formação
vegetacional característica, ocorrência constante de espécies pioneiras, bem como o
corte seletivo de madeira em todos os fragmentos de mata. Segundo o Ministério do
Meio Ambiente (BRASIL, 2006), a introdução de espécies não nativas nos diversos
ecossistemas se configura como a segunda maior causa de extinção de espécies no
mundo, sendo superada apenas pela supressão de habitat.
As espécies exóticas têm alta capacidade de degradação, pois a
chegada delas a um determinado habitat altera o equilíbrio ecológico local. Muitas
dessas espécies, por possuírem características como ciclo reprodutivo rápido, baixa
demanda nutricional e comportamento ecológico parasita, acabam por se tornar pragas,
25
crescendo e multiplicando-se rapidamente. A utilização dos recursos existentes no
ecossistema acarreta o desequilíbrio ambiental que mantinha as espécies nativas,
podendo ser extintas.
As demais áreas degradadas mostraram uma baixíssima quantidade e
diversidade de espécies de qualquer estrato da vegetação, com escassa ocorrência de
espécies arbóreas pioneiras; como coqueiros e cajueiros.

3.2.1.2.Floresta Estacional Semidecidual (FES)


A formação vegetacional das Florestas Estacionais Semideciduais são
assim chamadas por apresentarem dois períodos pluviométricos bem delimitados, um
chuvoso e outro seco. Essa variação atinge o estrato arbóreo, induzindo-o a uma espécie
de repouso fisiológico que leva de 20% a 50% das árvores a “perderem” parte de suas
folhas na estação menos chuvosa (BRASIL, 2010). Estruturada em camadas, esta
formação pode apresentar um estrato arbóreo com dossel elevado, formado por árvores
que podem atingir até 40 m de altura (nas florestas primárias).
Outra característica da FES é a ocorrência de muitas espécies epífitas,
trepadeiras e lianas no interior do sub-bosque. Além destes estratos, esta formação se
destaca pela grande quantidade de bactérias e fungos decompositores que reciclam a
biomassa presente nos troncos, galhos e folhas mortas, enriquecendo o solo do
ecossistema e possibilitando a manutenção de uma alta diversidade biológica (IBGE,
2012).
No caso deste estudo propriamente dito, a Floresta Estacional
Semidecidual é do tipo de Terras Baixas pela baixa altitude da área e nível de umidade
do solo. Segundo IBGE (2012) a FES é uma formação encontrada nas proximidades de
tabuleiros do plio-pleistoceno do Grupo Barreiras, desde o sul da cidade de Natal até o
norte do estado do Rio de Janeiro. É floristicamente caracterizada pela ocorrência das
espécies Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan (Angico), Copaifera langsdorffii
Desf., Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyern. e Frodin (Morototó),
Handroanthus chrysotrichus (Mart. Ex DC.) Mattos (Ipê-amarelo), Hymenaea
stigonocarpa Mart. ex Hayne (Jatobá), Myracrodruon urundeuva Allemão (Aroeira),
Tapirira guianensis Aubl. (Tapirira), Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand
(Amescla); e muitas outras.

26
3.2.1.3.Tabuleiros
Os tabuleiros perfazem o terceiro maior corpo florestal do Brasil,
sucedendo desde o Estado de Pernambuco até o Rio de Janeiro, estando em associação
com depósitos de areias terciárias que perfazem a formação barreiras. Caracterizam-se
por possuir faixas arenosas planas ou superficialmente onduladas, revestidas de alvas
areias quaternárias que não ultrapassam os 200 m acima do nível do mar (Rizzini,
1997).
Segundo Thomas & Barbosa (2008), os Tabuleiros são fitofisionomias
situadas entre 30 e 100 m acima do nível do mar e geologicamente caracterizados pelas
areias aluviais e argilosas sobre a formação Barreiras. O tipo de vegetação
predominante dos tabuleiros é o arbustivo-arbóreo, estando os Tabuleiros Florestados
sobre solos arenosos.

3.2.1.4.Tabuleiro Florestado
O Tabuleiro florestado (Figura 11) está localizado na área do
empreendimento, sendo nessa porção onde será instalada a reserva legal do
empreendimento e também onde terá supressão da vegetação. É uma vegetação que
predomina indivíduos arbustivo-arbóreo com troncos tortuosos isolados ou formando
adensamentos. Alguns indivíduos podem apresentar um porte considerável, mas em sua
maioria, são espécies pioneiras como Tapirira guianensis e Schefflera morototoni. Os
espaçamentos entre os adensamentos são recobertos com espécies de Poaceae e
Cyperaceae com outras espécies de menor frequência ocorrendo.

27
Figura 3.11. Foto retirada durante a instalação de uma parcela em uma área de Tabuleiro florestado.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Nestes locais a mata é substituída por uma vegetação arbustiva-


arbórea com troncos tortuosos e solo mais compacto com serapilheira menor, composta
por espécies de restinga e de Cerrado, além da interação entre elementos de floresta e
savana. A mata propriamente dita, chamativa sob o aspecto fisionômico, ocorre com
predomínio de estratos arbóreos. Embora relativamente preservada, registram-se
indícios de exploração pretérita com corte seletivo de madeiras e a ocorrência de pouca
variedade de espécies.
A flora arbórea apresenta expressiva participação de espécies da Mata
Atlântica, espécies disjuntas entre a Mata Atlântica e a Amazônia, bem como espécies
próprias da Mata de Tabuleiro. Dependendo das chuvas que recebem, as florestas
Tabuleiro podem ser classificadas como úmidas ou secas e se situam sobre solo
arenoso, atingindo um dossel descontínuo de 5 a 10m. As espécies encontradas nessas
florestas incluem Guapira opposita (Vell.) Reitz, Chamaecrista ensiformis (Vell.) H. S.
Irwin; Barneby, Manilkara subsericea (Mart.) Dubard, Eugenia sulcata Primavera ex
Mart., e Tapirira guianensis Aubl. (Simonelli et al.,Rachar).

28
3.2.1.5.Material e Métodos
3.2.1.5.1. Área de estudo

Com aproximadamente 60 ha, a área do empreendimento está


localizada nas coordenadas UTM fuso 25M, 0272216.00E / 922729.00S, no município
de Santa Rita/PB, inserido no domínio de Mata Atlântica (Figura 12).

Figura 3.12. Vista aérea com delimitação da área do empreendimento.


Fonte: Google Earth (2018).

3.2.1.5.2. Levantamento Florístico

O levantamento florístico foi realizado através da identificação e/ou


coleta de material botânico encontrado fértil e estéril (Figura 13), em caminhadas
aleatórias realizadas durante as duas expedições e o levantamento fitossociológico.

29
Figura 3.13. Amostra de Byrsonima verbascifolia coletada na área do empreendimento durante a
primeira expedição.
Fonte: Renato Magnum.

O material coletado (Figura 14) foi herborizado conforme os


procedimentos usuais citados por Mori et al. (1989) e incorporados ao herbário Lauro
Pires Xavier, do Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da
Paraíba (Figura 15). A identificação do material botânico foi realizada com o auxílio de
chaves de identificação, diagnoses e descrições encontradas na bibliografia
especializada, através de comparação com material previamente identificado por
especialistas e/ou por consulta direta aos mesmos.

30
Figura 3.14. Registro realizado durante a prensagem do material botânico coletado.
Fonte: Renato Magnum.

Com base nos dados obtidos, organizou-se uma lista em ordem


alfabética de famílias, gêneros e espécies encontradas na área. Na lista final foi adotado
o sistema de classificação APG IV (2016) e com o auxílio da Flora do Brasil (2020).
Para cada espécie indica-se o hábito, dados de distribuição, categorias de risco de
extinção e nome popular quando conhecido.

31
Figura 3.15. Amostra de um indivíduo que está em fase de processamento para ser incorporado no
Herbário Lauro Pires Xavier na Universidade Federal da Paraíba.
Fonte: Renato Magnum.

3.2.1.6.Levantamento fitossociológico
O levantamento fitossociológico foi realizado por meio de parcelas
retangulares de 200 m² (10 m de largura por 20 m de comprimento). Segundo Müller-
Dombois & Ellenberg (1974), adotou-se uma amostragem maior com o objetivo de
observar alguma heterogeneidade ambiental local. Dentro das parcelas foram obtidas e
registradas informações complementares dos indivíduos e espécies, a saber:

 O critério de inclusão usado foi o de circunferência na altura do peito (CAP) de


15 cm (Moro & Martins, 2011), ilustrado na Figura 16. Quando o indivíduo se
ramificava abaixo do nível do solo e cada eixo emerge separado dos demais, cada eixo
foi considerado como um indivíduo distinto. Quando o indivíduo se ramifica acima ou
no nível do solo, ele é considerado um único indivíduo (Moro & Martins, 2011). Foi
estimada a altura total e comercial de todos os indivíduos com o auxílio das varas do
podão.
 Para todas as espécies encontradas foram registrados o nome científico e o nome
popular, quando disponível. Todas as identificações foram realizadas por
biólogos/botânicos com experiências na área de levantamentos florísticos. Os nomes
32
científicos, origem e risco de extinção foram padronizados seguindo a Flora do Brasil
(2020).
 Os parâmetros fitossociológicos calculados foram: densidade, frequência e
dominância relativa e absoluta, e a partir desses, o valor de importância de cada espécie
através do FITOPAC File Version 2.1.2.85 (Shepherd, 2010).

Figura 3.16. Equipe de campo realizando o levantamento na área do empreendimento.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

33
Figura 3.17. Mapa de levantamento fitosossiológico.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Para o levantamento de campo foram utilizados os seguintes


equipamentos:

 Fita métrica de 1,5 m;


 Trena de 100 m;
 60 m de corda;
 GPS Garmin DAKOTA 10;
 Prensa de madeira, papelão e jornal;
 Tesoura de poda;
 Facão;
 Caderno e lápis para anotação de todas as informações.

34
3.2.1.7.Resultados
3.2.1.7.1. Caracterização Florística

Ao longo das duas campanhas realizadas foram encontradas 130


espécies pertencentes a 44 famílias distintas na área do empreendimento e nas áreas
mais próximas (Tabela 2). Dessas, as que apresentaram maior número de espécies foi
Myrtaceae com 16 ssp. (13%), Fabaceae com 15 ssp. (12%), Rubiaceae com 9 ssp.
(7%), Cyperaceae com 8 ssp. (7%), Annonaceae com 5 ssp. (4%), Apocynaceae,
Erythroxylaceae, Orchidaceae, Sapindaceae e Sapotaceae todas com 3 spp. cada (3%
cada) (Gráfico 07). Todas as outras famílias apresentaram três, duas ou menos espécies
e representaram 41% do total de espécies encontradas.

13% Myrtaceae
Fabaceae
Rubiaceae
12% Cyperaceae
41%
Annonaceae
Apocynaceae
Erythroxylaceae
8%
Orchidaceae
Sapindaceae
7%
Sapotaceae
3% 4% Outras
3% 3% 3% 3%

Gráfico 3.7. Famílias que apresentam as maiores quantidades de espécies e um grupo representando
todas as outras famílias que apresentaram 3 ou menos espécies.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

35
Tabela 3.2. Lista das espécies encontradas na área do empreendimento, em Santa Rita/PB.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.Legenda: Espécie não avaliada quanto à ameaça (NE), pouco preocupante (LC), Arbusto (Arb), Árvore (Arv), Liana (Lia) e Trepadeira
(Trep).
Familia Espécie Ameaça Hábito Origem End Nome Popular LARA Entorno
.

Anacardiaceae Anacardium occidentale L. NE Arv Nativa Não Cajueiro X X

Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. NE Arv Nativa Não Copiúba X

Anacardiaceae Thyrsodium spruceanum Benth. NE Arv Nativa Não Cabatã de Leite X

Anacardiaceae Mangifera indica L. NE Arv Cultivada Não Mangueira

Anacardiaceae Schinus terebinthifolia Raddi NE Arb/Arv Nativa Não Aroeira vermelha X X

Annonaceae Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith NE Arv Nativa Não X

Annonaceae Annona salzmannii A.DC. NE Arv Nativa Não Araticum X

Annonaceae Guatteria schomburgkiana Mart. NE Arv Nativa Não Embira preta X

Annonaceae Xylopia frutescens Aubl. NE Arb/Arv Nativa Não Semente de X


embira

Annonaceae Xylopia laevigata (Mart.) R.E.Fr. NE Arb/Arv Nativa Não Camaçari X

Apocynaceae Hancornia speciosa Gomes NE Arv Nativa Não Mangaba X

Apocynaceae Himatanthus bracteatus (A. DC.) Woodson NE Arv Nativa Sim X

Apocynaceae Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson NE Arv Nativa Não Leiteiro X

36
Apocynaceae Mandevilla scabra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) NE Trep Nativa Não X
K.Schum.

Aquifoliaceae Ilex floribunda Reissek ex Maxim. NE Arb/Arv Nativa Sim X X

Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire et al. NE Arv Nativa Não Sambaquim X X

Asteraceae Bidens pilosa L. NE Erva Naturalizad Não


a

Bignoniaceae Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos NT Arv Nativa Não Ipê roxo X

Boraginaceae Cordia nodosa Lam. NE Arb/Arv Nativa Não Ovo de galo X

Boraginaceae Cordia superba Cham. NE Arb/Arv Nativa Sim Mama de X


cachorro

Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand NE Arb/Arv Nativa Não Amescla X

Celastraceae Maytenus erythroxyla Reissek NE Arb/Arv Nativa Sim Cunhão de bode X

Celastraceae Maytenus obtusifolia Mart. NE Arb/Arv Nativa Sim X X

Celastraceae Maytenus rigida Mart. NE Arb/Arv Nativa Sim X

Chrysobalanacea Licania littoralis Warm. NE Arb/Arv Nativa Sim X X


e

Chrysobalanacea Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) Kuntze NE Arv Nativa Não Pau-cinza X
e

Clusiaceae Clusia nemorosa G.Mey. NE Arb/Arv Nativa Não Pororoca X

Combretaceae Buchenavia tetraphylla (Aubl.) R.A.Howard NE Arv Nativa Não Imbiridiba X

37
Convolvulaceae Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Schult. NE Trep Nativa Não Salsa X

Convolvulaceae Jacquemontia densiflora (Meisn.) Hallier f. NE Trep Nativa Não X

Cyperaceae Cyperus articulatus L. NE Erva Nativa Não X

Cyperaceae Cyperus laxus Lam. NE Erva Nativa Sim X X

Cyperaceae Cyperus ligularis L. NE Erva Nativa Não X

Cyperaceae Cyperus surinamensis Rottb. NE Erva Nativa Não X

Cyperaceae Rhynchospora barbata (Vahl) Kunth NE Erva Nativa Não X

Cyperaceae Rhynchospora contracta (Nees) J.Raynal NE Erva Nativa Não X

Cyperaceae Rhynchospora exaltata Kunth NE Erva Nativa Não X

Cyperaceae Rhynchospora riparia (Nees) Boeckeler NE Erva Nativa Não X

Erythroxylaceae Erythroxylum citrifolium A.St.-Hil. NE Arb/Arv Nativa Não X X

Erythroxylaceae Erythroxylum pauferrense Plowman NE Arb/Arv Nativa Sim X

Erythroxylaceae Erythroxylum squamatum Sw. NE Arb/Arv Nativa Não X

Erythroxylaceae Erythroxylum suberosum A.St.-Hil. NE Arb/Arv/SubAr Nativa Não X


b

Fabaceae Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W.Grimes LC Arv Nativa Sim Barbatimão X

Fabaceae Abarema filamentosa (Benth.) Pittier LC Arb/Arv Nativa Sim X

Fabaceae Andira fraxinifolia Benth. NE Arv Nativa Sim X

38
Fabaceae Andira legalis (Vell.) Toledo NE Arv Nativa Sim X

Fabaceae Bowdichia virgilioides Kunth NT Arb/Arv Nativa Não Sucupira X X

Fabaceae Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S.Irwin & Barneby NE Arb/Arv Nativa Não X X

Fabaceae Dioclea violacea Mart. ex Benth. NE Trep Nativa Não Olho de boi X

Fabaceae Dioclea virgata (Rich.) Amshoff NE Trep Nativa Não Cipó de macaco X

Fabaceae Inga thibaudiana DC. NE Arv Nativa Não Ingá X

Fabaceae Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz NE Arv Nativa Sim X

Fabaceae Machaerium brasiliense Vogel NE Arb/Arv/Trep Nativa Não X

Fabaceae Mimosa somnians Humb. & Bonpl. ex Willd. NE Arb/SubArb Nativa Não X X

Fabaceae Swartzia pickelii Killip ex Ducke LC Arv Nativa Não Jacarandá branco X

Fabaceae Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. NE Arv Nativa Não Favinha X X

Fabaceae Zornia brasiliensis Vogel NE SubArb Nativa Não X

Fabaceae Zornia sericea Moric. NE SubArb Nativa Não X

Heliconiaceae Heliconia psittacorum L.f. NE Erva Nativa Não Helicônia X X

Hypericaceae Vismia guianensis (Aubl.) Choisy NE Arb/Arv Nativa Não Pau lacre X

Lamiaceae Aegiphila verticillata Vell. NE Arb/Arv/SubAr Nativa Não X


b

Lauraceae Ocotea fasciculata (Nees) Mez NE Arb/Arv Nativa Não X

39
Lauraceae Ocotea glomerata (Nees) Mez NE Arv Nativa Não Louro pinho X

Lauraceae Ocotea notata (Nees & Mart.) Mez NE Arb/Arv Nativa Não X

Lecythidaceae Eschweilera ovata (Cambess.) Mart. ex Miers NE Arv Nativa Sim Imbiriba X

Lythraceae Cuphea flava Spreng. NE SubArb Nativa Sim X

Malpighiaceae Byrsonima sericea DC. NE Arb/Arv Nativa Não Murici X

Malpighiaceae Stigmaphyllon rotundifolium A.Juss. NE Trep Nativa Sim

Malpighiaceae Byrsonima verbascifolia (L.) DC. NE Arb/Arv Nativa Não X

Malvaceae Eriotheca macrophylla (K.Schum.) A.Robyns NE Arv Nativa Sim Munguba X

Malvaceae Guazuma ulmifolia Lam. NE Arv Nativa Não X

Melastomataceae Miconia albicans (Sw.) Triana NE Arb/Arv Nativa Não X

Moraceae Brosimum guianense (Aubl.) Huber NE Arvore Nativa Não X

Myrtaceae Campomanesia dichotoma (O.Berg) Mattos NE Arv Nativa Não Guabiraba X

Myrtaceae Eugenia astringens Cambess. NE Arv Nativa Sim X

Myrtaceae Eugenia candolleana DC. NE Arb/Arb Nativa Sim X

Myrtaceae Eugenia hirta O.Berg NE Arb Nativa Sim X

Myrtaceae Eugenia punicifolia (Kunth) DC. NE Arb Nativa Sim Murta X

Myrtaceae Myrcia bergiana O.Berg NE Arv Nativa Sim X

Myrtaceae Myrcia guianensis (Aubl.) DC. LC Arv Nativa Não X

40
Myrtaceae Myrcia multiflora (Lam.) DC. NE Arb/Arv Nativa Não X

Myrtaceae Myrcia rotundifolia (O.Berg) Kiaersk. NE Arv Nativa Não X

Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC. NE Arv Nativa Sim X

Myrtaceae Myrcia sylvatica (G.Mey.) DC. NE Arv Nativa Não X

Myrtaceae Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. NE Arv Nativa Não X

Myrtaceae Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg NE Arv Nativa Não X

Myrtaceae Myrciaria tenella (DC.) O.Berg NE Arv Nativa Não X

Myrtaceae Psidium guineense Sw. NE Arb/Arv Nativa Não Araçá X

Myrtaceae Psidium oligospermum Mart. ex DC. NE Arv Nativa Sim X

Nyctaginaceae Guapira hirsuta (Choisy) Lundell NE Arb/Arv/SubAr Nativa Sim X


b

Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz NE Arb/Arv Nativa Não X

Ochnaceae Ouratea fieldingiana (Gardner) Engl. NE Arb/Arv Nativa Não X

Ochnaceae Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill. NE Arv Nativa Não X

Olacaceae Ximenia americana L. NE Arb/Arv Nativa Não Ameixa preta X

Orchidaceae Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. NE Erva Naturalizad Não X


a

Orchidaceae Rodriguezia bahiensis Rchb.f. NE Erva Nativa Sim X

41
Orchidaceae Cyrtopodium blanchetii Rchb.f. NE Erva Nativa Não X

Orchidaceae Cyrtopodium flavum Link & Otto ex Rchb.f. NE Erva Nativa Sim X

Peraceae Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth. NE Arb/Arv Nativa Não Cocão X

Phyllanthaceae Margaritaria nobilis L.f. NE Arb Nativa Não X

Poaceae Eragrostis polytricha Nees NE Erva Nativa Sim X

Polygonaceae Coccoloba alnifolia Casar. NE Arb/Arv Nativa Sim X

Polygonaceae Coccoloba mollis Casar. NE Arv Nativa Não X

Portulacaceae Portulaca hirsutissima Cambess. NE Erva Nativa Não X

Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G.Mey. NE SubArb Nativa Não Vassoura-de- X


botão

Rubiaceae Chiococca alba (L.) Hitchc. NE Arb Nativa Não X X

Rubiaceae Cordiera myrciifolia (K.Schum.) C.H.Perss. & Delprete NE Arb Nativa Não X X

Rubiaceae Guettarda platypoda DC. NE Arb Nativa Não X X

Rubiaceae Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl. NE Arb/Arv Nativa Não X

Rubiaceae Mitracarpus frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.) K.Schum. NE SubArb Nativa Não X

Rubiaceae Salzmannia nitida DC. NE Arb Nativa Sim X

Rubiaceae Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum. NE Arb/SubArb Nativa Não X X

Rubiaceae Palicourea marcgravii A.St.-Hil. NE Arb Nativa Não X

42
Humiriaceae Sacoglottis mattogrossensis Malme NE Arv Nativa Não X

Salicaceae Casearia sylvestris Sw. NE Arb/Arv Nativa Não Pau-lagarto X X

Salicaceae Casearia javitensis Kunth NE Arb/Arv Nativa Não X

Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. NE Arb/Arv Nativa Não X X

Sapindaceae Allophylus puberulus (Cambess.) Radlk. LC Arb/Arv Nativa Sim X

Sapindaceae Cupania impressinervia Acev.-Rodr. NE Arv Nativa Sim X

Sapindaceae Serjania salzmanniana Schltdl. NE Trep Nativa Sim Cipó cururu X

Sapotaceae Manilkara salzmannii (A.DC.) H.J.Lam NE Arv Nativa Sim Massaranduba X

Sapotaceae Pouteria grandiflora (A.DC.) Baehni NE Arv Nativa Sim Goiti X

Sapotaceae Pouteria venosa (Mart.) Baehni NE Arb/Arv Nativa Não X

Sapotaceae Pradosia lactescens (Vell.) Radlk. LC Arv Nativa Sim X

Schoepfiaceae Schoepfia brasiliensis A.DC. NE Arv Nativa Não X

Solanaceae Solanum agrarium Sendtn. NE Erva/SubArb Nativa Sim X

Solanaceae Solanum asperum Rich. NE Erva Nativa Não Jussara X

Solanaceae Solanum paniculatum L. NE SubArb Nativa Não Jurubeba X

Verbenaceae Lantana radula Sw. NE Arb/SubArb Nativa Não X

Vitaceae Cissus erosa Rich. NE Trep Nativa Sim Fita de moça X

43
Em relação a origem dessas espécies apenas Oeceoclades maculata e
Mangifera indica não são nativas. Sendo O. maculata uma espécie naturalizada para o
Brasil e M. indica uma espécie cultivada amplamente no Brasil. Para o endemismo das
espécies a maioria é apontado como espécies não endêmicas para o Brasil (86 ssp.),
sendo poucas espécies endêmicas para o Brasil (37 ssp.) (Gráfico 08).
Segundo a informação obtida na Lista de Espécies da Flora do Brasil,
que extrai os dados do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNC Flora) através
da PORTARIA MMA Nº 443, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2014, seguindo os padrões
da Internacional Union for Conservation of Nature (IUCN). Foram encontradas 7
espécies com algum grau de ameaçadas de extinção.
Dessas espécies, 6 foram classificadas como “Pouco Preocupantes”
(LC) e 2 espécies como “quase ameaçadas” (NT). As espécies classificadas como
“pouco preocupantes” foram: Abarema cochliacarpos, Abarema filamentosa,
Allophylus puberulus, Myrcia guianensis, Padrosia lactescens e Swartzia pickelli.
Enquanto as duas classificadas como “quase ameaçadas” foram: Handroanthus
impetiginosus e Bowdichia virgilioides. Contudo, de todas essas espécies apenas
Abarema filamentosa foi encontrada na área onde será instalado o empreendimento.

4%2%

30%
NE
Não
LC
Sim
NT
70%
94%

Gráfico 3.8. Gráficos representando a distribuição em porcentagem as espécies ameaçadas de extinção


segundo o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNC Flora (A), informação sobre a origem (B) e
informações sobre o endemismo (C) das espécies encontradas na área onde será instalado o
empreendimento.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.2.1.7.2. Caracterização Fitossociológica

Foi realizado um levantamento fitossociológico do estrato arbóreo e


arbustivo na onde destinada para a implantação do empreendimento e nas proximidades,
44
com objetivo de traçar comparações. Foram alocadas 15 parcelas na área do
empreendimento e outras 2 parcelas em uma vegetação próxima (Figura 18).

Figura 3.18. Distribuição das parcelas ao longo do empreendimento e proximidades das áreas que serão
destinadas para a construção do Aterro Sanitário no município de Santa Rita – PB.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Nas parcelas alocadas na área do empreendimento foram mensurados


231 indivíduos nas 15 parcelas (3.000 m²), distribuídos em 25 espécies e 16 famílias
(Tabela 03). No geral a área apresentou um diâmetro médio de 8,82 cm e altura média
de 3,42m. Enquanto que as 2 parcelas (400 m²) alocadas nas proximidades foram
mensurados 48 indivíduos, distribuídos em 21 espécies e 15 famílias (Tabela 04),
apresentando um diâmetro médio de 10,84 cm e altura média de 7,7 m.

45
Tabela 3.3. Aspectos gerais da estrutura da vegetação da vegetação da área destinada para instalação do
futuro empreendimento no município de Santa Rita – PB.

PARÂMETROS VALOR MÁXIMO MÍNIMO

No. de indivíduos 231 - -

No. de Espécies 25 - -

No. de Famílias 16 - -

No. de Amostras 14 - -

Diâmetro - média 8,824 40,744 5

Altura - média 3,424 35 1,4

Índice Shannon-Wiener 2,374 - -

Equabilidade 0,738 - -
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Tabela 3.4. Aspectos gerais da estrutura da vegetação da vegetação do entorno da área destinada para
instalação do futuro empreendimento no município de Santa Rita – PB.
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO MÍNIMO

No. de indivíduos 48 - -

No. de Espécies 21 - -

No. de Famílias 15 - -

No. de Amostras 2 - -

Diâmetro - média 10,84 38,883 5

Altura - média 7,704 12 2,3

Índice Shannon-Wiener 2,509 - -

Equabilidade 0,824 - -

Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Na área destinada para a instalação do Aterro Sanitário Ouratea


hexasperma (Figura 19) foi a espécie que apresentou o maior Índice de Valor de
Importância (Tabela 05). Seguida por Anacardium occidentale, Hancornia speciosa
(Figura 20) e Byrsonima verbascifolia. Onde H. speciosa, popularmente conhecida
46
como mangaba, apresentou uma maior quantidade de indivíduos, contudo, é comum que
a A. occidentale, popularmente conhecida como cajueiro, apresente indivíduos mais
frondosos, principalmente se tratando de áreas de tabuleiro antropizados.

Figura 3.19. Inflorescência (esquerda) e infrutescência (direita) de uma Ouratea hexasperma, espécie
muito frequente na área que será destinada para o Aterro Sanitário no município de Santa Rita – PB.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Figura 3.20. Flor de Hancornia speciosa popularmente conhecida como Mangaba, espécie muito comum
na área que será destinada para o Aterro Sanitário no município de Santa Rita – PB.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

47
Tabela 3.5. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas, organizados por ordem decrescente de
valor de importância (IVI), da área destinada para futura instalação do Aterro Sanitário no município de
Santa Rita - PB.
Legenda: Número de indivíduos (NInd), Densidade Absoluta (DA); Densidade Relativa (DR); Frequência
Absoluta (FA); Frequência Relativa (FR); Dominância Absoluta (DoA); Dominância Relativa (DoR);
Volume (Vol); Valor de importância (IVI) e Valor de Cobertura Vegetal (IVC).
ESPÉCIES NInd DA DR FA FR DoA DoR Vol IVI IVC

Ouratea hexasperma 77 275 33,33 78,57 12,94 1,6 25,49 1,16 71,76 58,82

Anacardium occidentale 21 75 9,09 57,14 9,41 1,2 19,2 2,06 37,7 28,29

Hancornia speciosa 30 107,1 12,99 71,43 11,76 0,62 9,9 0,47 34,65 22,89

Byrsonima verbascifolia. 21 75 9,09 71,43 11,76 0,77 12,23 0,69 33,09 21,32

Indivíduo Morto 11 39,3 4,76 50 8,24 0,17 2,68 0,2 15,68 7,44

Guettarda angelica 16 57,1 6,93 35,71 5,88 0,18 2,82 0,14 15,63 9,75

Tapirira guianensis 8 28,6 3,46 28,57 4,71 0,44 6,96 1,03 15,13 10,43

Andira legalis 10 35,7 4,33 35,71 5,88 0,25 3,93 0,3 14,14 8,26

Schefflera morototoni 4 14,3 1,73 21,43 3,53 0,23 3,63 1,03 8,89 5,36

Myrcia bergiana 3 10,7 1,3 14,29 2,35 0,13 2,14 0,29 5,79 3,44

Vismia guianensis 4 14,3 1,73 21,43 3,53 0,03 0,53 0,03 5,79 2,26

Ouratea fieldingiana 4 14,3 1,73 14,29 2,35 0,1 1,64 0,07 5,73 3,38

Byrsonima sericea 3 10,7 1,3 14,29 2,35 0,09 1,38 0,11 5,04 2,68

Malpighiaceae1 2 7,1 0,87 7,14 1,18 0,12 1,88 0,33 3,93 2,75

Ilex floribunda. 3 10,7 1,3 7,14 1,18 0,08 1,25 0,12 3,73 2,55

Maytenus obtusifolia 2 7,1 0,87 14,29 2,35 0,03 0,44 0,02 3,66 1,31

Psidium guineense 3 10,7 1,3 7,14 1,18 0,06 0,95 0,04 3,43 2,25

Fabaceae2 2 7,1 0,87 7,14 1,18 0,02 0,32 0,02 2,36 1,19

Eugenia splendens 1 3,6 0,43 7,14 1,18 0,04 0,62 0,07 2,23 1,05

Psidium oligospermum 1 3,6 0,43 7,14 1,18 0,03 0,52 0,03 2,13 0,96

Eugenia candolleana 1 3,6 0,43 7,14 1,18 0,03 0,46 0,05 2,07 0,89

Pera glabrata 1 3,6 0,43 7,14 1,18 0,02 0,38 0,04 1,99 0,81

Indeterminada1 1 3,6 0,43 7,14 1,18 0,02 0,28 0,01 1,89 0,72

Croton sellowii 1 3,6 0,43 7,14 1,18 0,02 0,24 0,01 1,85 0,67

Cecropia pachystachya 1 3,6 0,43 7,14 1,18 0,01 0,1 0,01 1,71 0,53

Fonte: Real Consultoria e Soluções.

48
Na área do entorno ao empreendimento a espécie que apresentou o
maior valor de importância foi Protium heptaphyllum. Seguido por Campomanesia
dichotoma e Chamaecrista ensiformis (Tabela 06).

Tabela 3.6. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas, organizados por ordem decrescente de
valor de importância (IVI), no entorno do empreendimento no município de Santa Rita - PB. Legenda:
Número de indivíduos (NInd), Densidade Absoluta (DA); Densidade Relativa (DR); Frequência Absoluta
(FA); Frequência Relativa (FR); Dominância Absoluta (DoA); Dominância Relativa (DoR); Volume
(Vol); Valor de importância (IVI) e Valor de Cobertura Vegetal (IVC).
Espécies NInd AbsDe RelDe AbsFr RelFr AbsDo RelDo Vol IVI IVC

Protium heptaphyllum 16 400 33,33 50 4,55 2,15 12,93 0,57 50,8 46,26

Campomanesia dichotoma 4 100 8,33 50 4,55 4,04 24,26 1,64 37,14 32,59

Chamaecrista ensiformis 5 125 10,42 100 9,09 1,88 11,3 0,65 30,81 21,72

Erythroxylum citrifolium 2 50 4,17 50 4,55 3,29 19,77 1,27 28,49 23,94

Byrsonima sericea 2 50 4,17 50 4,55 1,87 11,25 0,79 19,96 15,41

Indeterminado2 1 25 2,08 50 4,55 1,35 8,09 0,65 14,72 10,18

Brosimum guianense 3 75 6,25 50 4,55 0,23 1,39 0,06 12,19 7,64

Luehea ochrophylla 1 25 2,08 50 4,55 0,62 3,74 0,2 10,37 5,83

Ocotea duckei 2 50 4,17 50 4,55 0,15 0,92 0,06 9,64 5,09

Cecropia pachystachya 1 25 2,08 50 4,55 0,23 1,38 0,07 8,01 3,46

Indeterminado3 1 25 2,08 50 4,55 0,14 0,82 0,04 7,45 2,91

Schefflera morototoni 1 25 2,08 50 4,55 0,13 0,81 0,04 7,44 2,89

Indivíduo Morto 1 25 2,08 50 4,55 0,09 0,53 0,02 7,16 2,61

Pogonophora schomburgkiana 1 25 2,08 50 4,55 0,09 0,53 0,02 7,16 2,61

Eugenia astringens 1 25 2,08 50 4,55 0,08 0,48 0,02 7,11 2,56

Eschweilera ovata 1 25 2,08 50 4,55 0,06 0,35 0,02 6,97 2,43

Ocotea gardneri 1 25 2,08 50 4,55 0,05 0,31 0,02 6,93 2,39

Myrciaria floribunda 1 25 2,08 50 4,55 0,05 0,31 0,02 6,93 2,39

Indeterminado1 1 25 2,08 50 4,55 0,05 0,31 0,01 6,93 2,39

Himatanthus phagedaenicus 1 25 2,08 50 4,55 0,04 0,27 0,01 6,9 2,35

Eugenia punicifolia 1 25 2,08 50 4,55 0,04 0,27 0,01 6,9 2,35

Fonte: Real Consultoria e Soluções.

49
Assim, com base na presença das espécies nas parcelas levantadas, foi
realizada uma análise de cluster (Figura 21), no qual é possível observar a formação de
três agrupamentos. Um dos grupos destaca as parcelas A16 e A17, que foram as
parcelas alocadas na mata que fica no entorno da área que será destina para a construção
do Aterro sanitário. Tais parcelas se mostram próximas entre si, entretanto como um
grupo externo em relação a todas as outras. Isso reforça que essa mata claramente
apresenta uma vegetação com características estruturais e florísticas distintas da
encontrada na área do empreendimento.

Figura 3.21. Análise de agrupamento realizado através dos obtidos nas parcelas alocadas ao longo da
área destinada para o empreendimento e no entorno.
Fonte: Real Consultoria.

Um segundo é formado pelas parcelas A03, A13, A14 e A15. Essas


parcelas, aleatoriamente, caíram em áreas mais abertas (Figura 22). A parcela A03, caiu
em um espaçamento entre os aglomerados de vegetação na porção sudoeste do
empreendimento. Apresentando poucos indivíduos arbóreos e uma predominância do
estrato herbáceo. Enquanto as outras parcelas, foram alocadas em uma porção que
realmente existem poucos indivíduos arbóreos, onde predomina do estrato herbáceo.

50
Figura 3.22. Foto retirada para evidenciar os espaçamentos entre os adensamentos com presença de
espécies de Poaceae e Cyperaceae.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

O terceiro e último grupo é formado pela maior parte das parcelas.


Onde todas foram alocadas dentro da área que será destinada para o empreendimento.
Essas parcelas apresentaram diversas características em comum, onde condições
especificas as distribuíram ao longo de um mesmo grupo, aproximando ou afastando
parcelas dentro do próprio grupo. Essas parcelas foram alocadas na vegetação
predominante local e seu agrupamento, em separado dos outros, evidencia sua
homogeneidade. Com uma vegetação onde predomina Ouratea hexasperma e
Hancornia speciosa, a área apresenta uma vegetação com troncos retorcidos formando
adensamentos de arbustos e árvores (Figura 23).

51
Figura 3.23. Foto retirada durante a instalação de uma parcela. A esquerda e ao fundo da foto temos
adensamentos de vegetação.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Assim, com todas as informações obtidas é possível identificar as


principais fisionomias da vegetação e seus estágios de sucessão.
Contudo, é importante destacar que a maior parte da área é um campo
destinado ao cultivo de cana de açúcar (Figura 24). Essa área corresponde a
aproximadamente 62% da área (cerca de 37,1 ha). O que se refere a uma parte
totalmente desmatada e desprovida de vegetação nativa, devido a ações antrópicas
pretéritas relacionadas ao cultivo da cana. Nesta área degradada, observa-se a total
ausência de espécies nativas de qualquer estrato da vegetação.

52
Figura 3.24. Foto retirada do campo destinado ao plantio de cana de açúcar em tempos pretéritos.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

A vegetação presenta na área do empreendimento é um Tabuleiro


Florestado. Essa área representa 38% da área (cerca de 23,2 ha). Uma vegetação que
predomina indivíduos arbustivo-arbóreo com troncos tortuosos isolados ou formando
adensamentos. Alguns indivíduos podem apresentar um porte considerável, mas em sua
maioria, são espécies pioneiras como Tapirira guianensis e Schefflera morototoni. Os
espaçamentos entre os adensamentos são recobertos com espécies de Poaceae e
Cyperaceae com outras espécies de menor frequência ocorrendo.
Por fim, a área de entorno é caracterizada por uma Floresta
Estacional Semidecidual. Para a nossa região, espécies como Protium heptaphyllum,
Handroanthus impetiginosos, Xylopia frutescens, Xylopia laevigata, etc. são muito
representativas para essa formação.
Sendo assim, e com base na Resolução CONAMA nº 6, de 4 de
maio de 1994, podemos concluir que as áreas de Tabuleiro Florestado apresentaram
uma predominância do estágio inicial de sucessão secundaria da vegetação. enquanto
as áreas de Floresta Estacional Semidecidual, localizadas no entorno da área do
empreendimento, apresentou a predominância do estágio médio de sucessão
53
secundaria da vegetação. Sendo possível também, destacar algumas espécies que
perfaz esse grupo de espécies pioneiras para ambas as áreas (Tabela 07).

Tabela 3.7. Lista das espécies pioneiras encontradas na área estudada.


FAMILIA ESPÉCIE HÁBITO NOME POPULAR
Anacardiaceae Schinus terebinthifolia Raddi Arb, Arv
Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. Arv Pau-pombo
Apocynaceae Hancornia speciosa Gomes Arv Mangaba
Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire et al. Arv Sambaquim
Fabaceae Bowdichia virgilioides Kunth Arb, Arv Sucupira
Hypericaceae Vismia guianensis (Aubl.) Choisy Arb, Arv Lacre
Malpighiaceae Byrsonima sericea DC. Arb, Arv Murici
Malpighiaceae Byrsonima verbascifolia (L.) DC. Arv,Arb
Malvaceae Guazuma ulmifolia Lam. Arv
Myrtaceae Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Arb, Arv
Rubiaceae Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum. Arb Genipapo-bravo
Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Arb, Arv Guaçatonga
Solanaceae Solanum agrarium Sendtn. Erva, Arb
Solanaceae Solanum paniculatum L. Arb
Urticaceae Cecropia palmata Willd. Arv Embaúba
Fonte: Real Consultoria e Soluções

3.2.1.7.3. Estimativa de Material Lenhoso

Dentro da área do empreendimento, onde pode ocorrer supressão da


vegetação, foi calculado o volume estimado de todas as espécies. Com isso, é possível
estimar o material lenhoso das áreas amostradas e em seguida por hectares. Assim, de
acordo com as mensurações realizadas em 231 indivíduos em uma área de 3.000 m²,
estimasse um total de aproximadamente 9 m³, apresentando assim uma estimativa de
aproximadamente 30 m³/ha.
Dentro das classes diamétricas (Gráfico 09), os indivíduos que tiveram
circunferência na altura do peito entre 21 e 25 cm foram os mais presentes. Seguido por
indivíduos com circunferência na altura do peito entre 16 e 20 cm.

54
40 cm + 9%

36 - 40 cm 7%

31 - 35 cm 10%

26 - 30 cm 13%

21 - 25 cm 26%

16 - 20 cm 23%

10 - 15 cm 12%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Gráfico 3.9. Representação gráfica das classes de circunferência dos indivíduos amostrados na área onde
será instalado o Aterro Sanitário no município de Santa Rita – PB.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.2.1.4. Conclusão
Os dados apresentados foram obtidos através do levantamento
florístico e fitossociológico área. Que tiveram como objetivo caracterizar a área e
conhecer as principais espécies presentar na área. Com isso, foi possível observar que a
maior parte da área que será destinada para o empreendimento já está antropizada. Com
a maior parte dela com o solo ocupado por uma área que já foi utilizada para plantio de
cana de açúcar e outra parte com uma vegetação nativa com predominância do estágio
inicial de sucessão secundaria da vegetação. Sendo essa vegetação classificada como
um Tabuleiro florestado, sendo uma vegetação que predomina indivíduos arbustivo-
arbóreo com troncos tortuosos isolados ou formando adensamentos. Contudo, apresenta
uma baixa riqueza de espécies. Tendo também uma predominância de espécies
pioneiras na área.

55
3.2.2. Fauna

3.2.2.1.Mastofauna
Em virtude de sua riqueza biológica e níveis de ameaça, a Mata
Atlântica, como também outras 33 regiões localizadas em diferentes partes do planeta,
foi apontada como um dos hotspots mundiais, ou seja, uma das prioridades para a
conservação de biodiversidade em todo o mundo (Myers et al., 2000; Mittermeier et al.,
2004; Galindo-Leal; Câmara, 2005). Distribuída ao longo de mais de 27 graus de
latitude no Brasil, incluindo partes da Argentina e do Paraguai, a Mata Atlântica
apresenta grandes variações no relevo, nos regimes pluviométricos e nos mosaicos de
unidades fitogeográficas, as quais contribuem para a grande biodiversidade encontrada
nesse hotspot (Pinto et al., 1997; Oliveira-Filho; Fontes, 2000; Silva; Casteleti, 2003).
Mata Atlântica brasileira perfazia cerca de 1.350.000 km2 do território
nacional, desde o Ceará até o Rio Grande do Sul, e hoje está reduzida a menos de 8% de
sua extensão original (Fundação SOS Mata Atlântica et al.,1998; Fundação SOS Mata
Atlântica & INPE, 2002). Essa região é de grande importância para o País, pois abriga
mais de 60% da população brasileira e é responsável por quase 70% do PIB nacional
(CI-Brasil et al., 2000).
De acordo Brooks et al. (2002), mais de 50% das plantas e 57% dos
vertebrados ameaçados de extinção de todo o mundo encontram-se em hostpots,
segundo os critérios da União Mundial para a Natureza (IUCN). Em alguns aspectos, a
diversidade biológica da Mata Atlântica é considerada superior à Amazônica (Mori et
al.1983; Peixoto & Gentry 1990; Brown & Brown 1992; Leitão-Filho, 1994), pelo seu
alto grau de endemismo (Mori et al. 1981), mesmo com a intensa devastação sofrida ao
longo de toda a colonização brasileira (Dean 1995; Fonseca 1985).
No Nordeste brasileiro, particularmente ao norte do Rio São
Francisco, a devastação da floresta Atlântica foi muito intensa. Esta região é a mais
ameaçada dentre os remanescentes de Mata Atlântica: somente 2% da área original da
floresta foi conservada e o restante encontra-se disperso em vários fragmentos
pequenos, a maioria com menos de 50 ha, isolados entre si e submetidos a severa
pressão antrópica (Ranta et al. 1998; Silva & Tabarelli, 2000).
No entanto, aproximadamente 250 espécies de mamíferos ocorrem
nesse bioma, sendo cerca de 22% endêmicas (Reis et al., 2008). E graças à sua grande
biomassa, às altas taxas metabólicas e às ricas e intrincadas interações ecológicas (como
56
polinização e dispersão de diásporos, ciclagem de nutrientes e controle das populações
das diversas presas que consomem), os mamíferos se constituem em um grupo de
extrema importância no equilíbrio dos ecossistemas pertencentes a esse bioma
(Robinson & Redford, 1986). Os mamíferos são ainda importantes bioindicadores da
qualidade do ambiente, pois possuem muitas espécies próximas ou no topo da teia
trófica (Cruz & Campello, 1998). 04188 9 99850817
Levantamentos faunísticos permitem uma avaliação da distribuição da
biodiversidade, o que contribui para estudos de taxonomia e biogeografia. Tais estudos
elucidam os padrões e processos responsáveis pela evolução e diversificação da fauna,
sendo imprescindíveis para definir estratégias de manejo e conservação da vida
silvestre.
No presente trabalho será apresentada a lista de espécies de mamíferos
coletados em dois fragmentos de Mata Atlântica no município de Santa Rita/PB. Os
dados aqui contidos são provenientes de dados primários (amostragem em campo
realizada nos locais de propriedade do empreendedor) e secundários (advindos de
literatura específica).

3.2.2.1.1. Material e Métodos

Para melhor avaliar os dados de riqueza de espécies de mamíferos


obtidos em campo, foi realizada em paralelo uma revisão bibliográfica, aliada a dados
obtidos da literatura e dados de coleções científicas, para o município de Santa Rita-PB.

Área de Estudo
O levantamento foi realizado no município de Santa Rita, em área
destinada para instalação da Estação de Transbordo de Resíduos Sólidos Recicláveis e
em fragmentos remanescentes de Mata Atlântica. O empreendimento totaliza uma área
de 60,07ha, cuja coordenada UTM de sua localização é: 272264.05 E/ 9227357.16 N,
onde as respectivas coordenadas situam-se na zona 25S (Figura 25).

57
Figura 3.25. Localização da Estação de Transbordo de Resíduos Sólidos Recicláveis.
Fonte: Google Earth, 2018.

Amostragem
Foram realizados 20 dias de amostragem para os períodos seco e
úmido, distribuídos em 8 pontos (Figuras 26) dentro da área de estudo. Foram
constituídos de três linhas de armadilhas pitfalls com 11 baldes, e três linhas com a
instalação de Sherman e Tomahawk para capturas de exemplares, além de transectos
para coleta ativa na área. Além disso, foram feitas entrevistas com moradores da região,
que habitam perto do fragmento em questão.

58
Figura 3.26. Armadilhagem realizada no local de estudo para captura de espécimes para inventário de
fauna.
Fonte: Real Consultoria e Soluções. Foto: Karlla Rêgo.

As áreas escolhidas para amostragem de pequenos mamíferos foram


as com o maior dossel e com a estrutura da vegetação com menor alteração antrópica
seguindo as determinações do Termo de Referência (TR).
Durante a amostragem foram realizados censos em busca de rastros e
avistamentos de mamíferos ocorrentes na área de estudo. Um grande esforço de busca

59
ativa para os mamíferos de médio e grande porte foi realizado, sendo percorridas trilhas
internas e estradas de areia no entorno dos pontos de amostragem, a pé e de carro, para
visualização de rastros e vestígios (tocas, ninhos, arranhados em árvores, rastros, restos
de alimentação, fezes, carcaças e outros vestígios).
Alguns espécimes foram coletados (seguindo o número máximo de
espécimes estabelecido pelo TR) e depositados na coleção de mamíferos da UFPB.
Outros espécimes foram identificados em campo e soltos na mesma área em que foram
coletados. Foram tomadas as seguintes medidas biométricas: peso, tamanho do corpo e
cauda, sexo, condição reprodutiva e dentição (para estimar a idade dos espécimes de
marsupial).

Esforço Amostral
Tanto as buscas ativas como a amostragem com as armadilhas de
gaiola foram realizadas durante todos os 20 dias de amostragem com as armadilhas de
queda, Sherman’s e Tomahawk’s.
O esforço amostral em cada campanha foi calculado multiplicando o
número de armadilhas pelo número de noites coletados, onde o esforço foi de 1800
armadilhas/noite para as duas campanhas. A utilização dessas diferentes armadilhas
auxilia na captura de espécies com diferentes hábitos locomotores e de diferentes
tamanhos corporais (UMETSU; Pardini, 2006).

3.2.2.1.2. Resultados

A partir de dados coletados foi possível registrar 34 espécimes de


mamíferos, sendo 4 roedores (ordem Rodentia), 2 marsupiais (ordem Didelphimorphia),
e uma espécie de carnívoro (ordem Carnivora). A (Figura 27) ilustra as espécies de
carnívoro e marsupial encontradas na área. Nenhuma das espécies inventariadas estão
em risco ou ameaçadas de extinção (Tabela 08).

60
Cerdocyon thous Didelphis albiventris

Akodon cursor
Figura 3.27. Espécies de carnívoro e marsupial encontradas na área.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

61
Tabela 3.8. Espécimes da Mastofauna inventariada para Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) no
município de Santa Rita – PB, para Central de Tratamento de Resíduos.

Ab. Status IUCN Tendência Status


ESPÉCIES NOME POPULAR
Total da população
MMA
Ordem Didelphimorphia
Didelphis
Gambá; Saruê 6 LC- população estável NC
albiventris

Monodelphis Cachorro-de-
4 LC- população estável
domestica mangue
NC

Ordem Carnivora (Subordem Carniformia)

Raposa; Cachorro-
Cerdocyon thous 10 LC- população estável NC
do-Mato

Ordem Rodentia

Necromys lariurus Rato-do-mato 5 LC- população estável NC

Rattus rattus Rato doméstico 5 LC- população estável NC

Akodon cursor Catita 3 LC- população estável NC

Coendou
Porco-espinho 1 LC- população diminuindo NC
prehensilis
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

62
Abundância Total
7

0
Didelphis Necromys Monodelphis Rattus rattus Akodon cursor Coendou
albiventris lasiurus domésticas prehensilis

Gráfico 3.10. Abundância total dos espécimes coletados durante as campanhas seco e úmida.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Período úmido
Analisando o total de pontos de amostragem das armadilhas de queda
e das Sherman’s para o período chuvoso, foram coletados 12 indivíduos divididos em 7
espécies, como mostra a Tabela 09.

Tabela 3.9. Lista de mamíferos coletados e observados para o período úmido.

Espécies Abund. Toral Abund. Relativa


Didelphis albiventris 2 17%
Necromys lasiurus 2 17%
Monodelphis domésticas 1 8%
Rattus rattus 1 8%
Akodon cursor 1 8%
Coendou prehensilis 1 8%
Cerdocyon thous 4 33%
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

A estimativa de diversidade foi de 0,93 (Shannon) e 2,88 (Simpson).


As curvas de coletor para as espécies capturadas (Gráfico 11), e o gráfico de
estimadores de diversidade (Gráfico 12), não apresentaram estabilização durante a
coleta do período úmido, isso mostra que o esforço amostral não foi suficiente.

63
Os estimadores de diversidade as 6 espécies coletadas durante o
período, assim, mais coletas devem ser realizadas para estimar o número real de
espécies existentes nas áreas.

Curva de coletor
8
7
6
Nº de Indivíduos

5
4
3
2
Curva de…
1
0
0 2 4 6 8 10 12
Amostragem

Gráfico 3.11. Curva de coletor do período úmido.


Fonte: Real Consultoria e Soluções, 2016.

Estimadores de Diversidade
14
12
Nº de Indivíduos

10
8
Curva de coletor
6
Chao 1 Mean
4
Jack 1 Mean
2
0
0 5 10 15
Amostragem

Gráfico 3.12. Estimadores de diversidade do período úmido.


Fonte: Real Consultoria e Soluções. 2016.

64
Período Seco
Considerando o total de pontos de amostragem das armadilhas de
queda (Tomahawk’s), das Sherman’s, os Pitfall’s, os avistamentos, e os rastros para o
período seco, foram levantados 6 espécies, dividida em 12 indivíduos.

Tabela 3.10. Lista de animais capturados e avistados no período úmido.


Abundância Abundância
Espécies
Total Relativa
Didelphis albiventris 4 18%
Necromys lasiurus 3 14%
Monodelphis domésticas 3 14%
Rattus rattus 4 18%
Akodon cursor 2 9%
Cerdocyon thous 6 27%
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

A estimativa de diversidade foi de 1.73 (Shannon) e 0.92 (Simpson).


As curvas de coletor para as espécies capturadas, e o gráfico de estimadores de
diversidade, continuam a não apresentar estabilização, isso mostra que o esforço
amostral não foi suficiente.
Os estimadores de diversidade mostram que a diversidade local varia
entre 10 a 12 espécies, assim mais coletas devem ser realizadas para que as espécies
ocorrentes nos fragmentos sejam amostradas corretamente.

Curva de Coletor
7

6
Nº de indivíduos

3
Curva de Coletor
2

0
0 2 4 6 8 10 12
Amostragem

Gráfico 3.13. Curva de coletor do período seco.


Fonte: Real Consultoria e Soluções, 2016.
65
Estimadores de Diversidade
8
7
6
Nº de Indivíduos

5
4
3 Curva de Coletor
2 Chao 1 Mean
1 Jack 1 Mean
0
0 2 4 6 8 10 12
Amostragem

Gráfico 3.14. Estimadores de diversidade do período seco.


Fonte: Real Consultoria e Soluções, 2016.

3.2.2.1.3. Discussão

O sucesso de captura do período úmido, com relação à diversidade de


espécies foi mario em relação ao período seco. As estimativas de riqueza, apesar disso,
não alcançaram uma assíntota para os dados, o que indica a necessidade de aumentar o
número de dias de amostragem e/ou o número de armadilhas.
Mesmo com a mudança no período do ano, não foram detectadas
espécies diferentes das capturadas no período de amostragem anterior, já que há
mudanças na composição da comunidade de pequenos mamíferos em diferentes épocas
do ano. Isso demonstra o alto grado de antropização observada e estudada na área.
É provável que haja uma heterogeneidade espacial na área, em que a
ocorrência de algumas das espécies não registradas possa acontecer em outras
localidades. Isto já foi verificado em localidades da Mata Atlântica, em que uma
elevada heterogeneidade espacial da comunidade de mamíferos de pequeno porte foi
observada, ao longo de dois anos consecutivos de amostragens mensais (Martins, 2011).
Há, portanto, a necessidade de um monitoramento mais detalhado que
acompanhe a flutuação das populações das espécies, a fim de se saber o tamanho
populacional na área e a vulnerabilidade das populações caso haja a alteração da
vegetação.

66
3.2.2.2.Herpetofauna
A Herpetologia refere-se ao campo de pesquisa que possui como
objetivo estudos com anfíbios e répteis. Apesar de não formarem um grupo
monofilético, eles possuem aspectos de vida semelhantes o que permite aos
pesquisadores utilizarem as mesmas técnicas, ou técnicas semelhantes, nas pesquisas
envolvendo os dois grupos (VITT; CALDEWELL, 2009).
Atualmente, o Brasil possui a terceira maior riqueza de répteis do
mundo estando atrás apenas da Austrália e do México (UETZ ; HOŠEK, 2018), sendo
esta composta por 36 Testudines (Tartarugas, cágados e jabutis), 6 Crocodylia (jacarés),
e 753 Squamata (72 anfisbenas, 276 lagartos e 405 serpentes), totalizando 795 espécies
de répteis (COSTA; BÉRLIS, 2018). Em relação aos anfíbios o país possui 1026
espécies, distribuídas em 988 Anuros (sapos, rãs e pererecas), 5 Caudata (salamandras)
e 33 Gymnophionas (cecílias) (SEGALLA et al., 2014), constituindo a maior riqueza de
anfíbios mundial (SILVANO; SEGALA, 2005).
Os anfíbios, em sua maioria, apresentam um estágio de vida larval
aquático e um estágio adulto terrestre. Em sua vida adulta conseguem sobreviver bem a
ambientes terrestres, próximos a corpos d’água, e algumas espécies são altamente
adaptadas a ambientes secos (VITT; CALDEWELL, 2009). Possuem papel
fundamental no meio atuando como controladores de insetos, sendo extremamente
importantes para o controle de pragas (WOEHL JR & WOEHL, 2008). Também atuam
como indicadores ambientais, sendo os principais animais a sofrerem com os distúrbios
acontecidos, e que estão acontecendo na natureza, e algumas espécies de anuros são as
primeiras a desaparecerem quando ocorre poluição em um ambiente (VERDADE et al.,
2010).
Assim como os anfíbios, os répteis são ectodérmicos e ocorrem
praticamente em todos os ecossistemas brasileiros sendo mais abundantes nas regiões
mais quentes do país. A grande maioria dos répteis são especialistas em habitats, não
conseguindo sobreviver em ambientes alterados como, por exemplo, pastos e plantações
(MMA, 2008). No entanto, algumas espécies conseguem obter êxito e se beneficiar com
as alterações antrópicas realizadas no habitat (MARQUES et al., 2001) A maioria dos
répteis são predadores e muitos deles estão no topo da cadeia trófica, os quais são
capazes de controlar a abundância de outras populações da comunidade (MMA, 2008).

67
Anfíbios e répteis são ameaçados pelos mesmos impactos no ambiente
como degradação de habitat, desmatamento, drenagem de zonas úmidas e poluição
pelos tóxicos utilizados na agricultura (GIBBONS et al., 2000). Embora os anfíbios
sejam ótimos para refletir a “saúde” das comunidades (BLAUSTEIN et al., 1994;
GARDNER, 2001), pode ser difícil detectar as mudanças na mesma, pois o número de
indivíduos varia ao longo do tempo, e para saber se essa flutuação populacional é
proveniente de impactos antrópicos ou é intrínseco àquela comunidade anos de estudos
são necessários (GIBBONS et al., 2000).
Os impactos causados pela destruição do habitat e pela antipatia da
população, pelos répteis (principalmente serpentes) são visivelmente percebidos em
dados ecológicos e na história de vida destas. Por esta razão, os estudos realizados sobre
a conservação de áreas ou fragmentos são frequentemente realizados com serpentes
(assim como outros répteis e anfíbios), pois estas, juntamente com os anuros, são um
dos primeiros grupos a refletirem as alterações e impactos presentes no local
(RODRIGUES, 2005 ; COSTA et al, 2010 ; CONDEZ et al, 2010).
Estudos sobre a herpetofauna em área sujeitas a impactos ambientais
possui o objetivo de garantir um nível razoável de informações sobre a composição
original e atual da fauna nessas áreas, determinando a composição da comunidade e
taxocenoses, da abundância, e riqueza na área (ALHO, 2003). Tais informações
permitirão a elaboração de medidas para mitigação dos futuros impactos, além de
orientação para seleção de áreas para a conservação de amostras das comunidades
perdidas em decorrência de atividades antrópicas.

3.2.2.2.1. Material e Métodos

Área de estudo
As coletas foram realizadas em dois fragmentos: Ponto 1 (6o59’13.0”
S, 35o03’47.0”W) e Ponto 2 (6o59’11.2”S, 35o03’45.4”W). Todos os pontos estão
localizados na área proposta para a implementação do empreendimento. A área de
estudo (Figuras 27 e 28), localizada no município de Santa Rita-PB, apresenta vários
fragmentos de Floresta Atlântica circundados por canaviais. Inserida na região
fitoecológica da Floresta Estacional Semidecidual (IBGE, 2004), a área tem uma
altitude abaixo de 80 metros (FIALHO & GONÇALVES, 2008), apresentando clima

68
quente e úmido com temperatura média anual em torno dos 25 °C (FIALHO &
GONÇALVES, 2008; MONTENEGRO, 2011).

Figura 3.28. Áreas onde as coletas foram realizadas.


Fonte: Real Consultoria e Soluções. Fotos: Bruna Pontes.

69
Figura 3.29. Áreas onde as coletas foram realizadas. Fonte:
Real Consultoria e Soluções.Fotos: Bruna Pontes.

Amostragem

As coletas foram realizadas em duas campanhas: seca e chuva. Para o


registro de répteis e anfíbios utilizaram-se três métodos, detalhados a seguir: armadilhas
de interceptação e queda (pitfall traps); procura visual limitada por tempo; e
identificação auditiva (vocalização, exclusiva para anfíbios anuros).
 Armadilhas de intercepção e queda (pitfall traps): foram montadas cinco linhas de
armadilhas de queda na área do empreendimento, cada linha era composta por 5 baldes plásticos
de 60 litros, enterrados ao solo, acompanhados de cerca guia.
 Procura visual limitada por tempo: estas foram realizadas nos períodos diurno e
noturno, com o objetivo de registrar as espécies que não são normalmente capturados nas
armadilhas. As coletas diurnas aconteceram no período das 08:00 – 16:00 horas, enquanto as

70
noturnas foram realizadas entre 18:00 – 22:00 horas. No total, foram realizadas 12 horas de
busca ativa por fragmento, sendo 2 horas de coleta diurna e 2 horas de noturna. Durante o
período diurno, o foco da busca foram os lagartos (quando estes estão mais ativos) e durante o
período noturno, serpentes e anfíbios.
 Identificação auditiva: este método é exclusivo para a identificação de anuros (sapos,
rãs e pererecas), as espécies são detectadas pela vocalização que os indivíduos emitem. A
vocalização é espécie-específico, o que permite utilizá-la Foram coletados em média dois a três
espécimes-testemunho por espécie. Após as coletas os exemplares foram sacrificados com
Lidocaína 2%, e em seguida foram fixados em solução de formol a 10% e conservados em
recipientes com álcool 70% conforme os métodos estabelecidos pelas normas de curadoria
científica do Laboratório de Herpetologia da Universidade Federal da Paraíba (CHUFPB), no
qual foram depositados os espécimes coletados.

Análise dos dados


Para a análise dos dados foi calculada a abundância, riqueza estimada
e índice de diversidade de Simpson (D) das espécies. As estimativas de riqueza foram
realizadas através do programa EstimateS (COLWELL, 2013) e o índice de Simpson foi
calculado através da inserção das fórmulas no Microsoft Excel (MICROSOFT
CORPORATION, 2013). Adicionalmente, realizou-se uma estimativa de riqueza
baseado na distribuição de espécies por indivíduos através do estimador Chao1, bem
como a confecção de uma curva de rarefação (curva do coletor). As análises foram
realizadas no programa R (R CORE TEAM, 2016), através do pacote vegan
(OKSANEN et al., 2013).

3.2.2.2.2. Resultados e Discussão

Durante os dias de coleta do período chuvoso foram registrados 60


espécimes distribuídos dentro de 13 espécies (Tabela 11), enquanto que no período seco
apenas 35 espécimes, em 11 espécies, foram registrados (Tabela 12).

71
Tabela 3.11. Espécies registradas durante o período de chuva. Capt. = capturados; Obs.= observados; Abund. = abundância; Reg. = Registro. AUD = Auditivo; BADN =
Busca ativa diurna/noturna; PIT = Pitfall traps.
Nome Status
Táxon Capt. Obs. Abud. Reg. Status IUCN
popular MMA
ANFÍBIOS
FAMÍLIA CRAUGASTORIDAE
Pristimantis ramagii (Boulenger, 1888) Perereca 1 5 6 AUD/BADN Não preocupante Não consta
FAMÍLIA HYLIDAE
Dendropsophus soaresi (Caramaschi & Jim, 1983) Perereca 3 7 10 AUD/BADN Não preocupante Não consta
FAMÍLIA LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus troglodytes (A. Lutz, 1926) - 2 1 3 AUD/BADN Não preocupante Não consta
Leptodactylus vastus (A. Lutz, 1930) Gia 3 3 6 AUD/BADN/PIT Não consta
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Caçote NA 5 5 AUD Não preocupante
Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826) Rã cachorro NA 2 2 AUD Não preocupante Não consta
Pleurodema diplolister (Peters, 1870) - 1 4 5 AUD/BADN Não preocupante Não consta
FAMÍLIA BUFONIDAE
Rhinella jimi (Stevaux, 2002) Sapo cururu 1 9 10 BADN Não preocupante Não consta
Rhinella granulosa (Spix, 1824) Sapo cururu NA 1 1 AUD Não preocupante Não consta
FAMÍLIA PHYLLOMEDUSIDAE
Perereca Dados
Pithecopus nordestinus (Caramaschi, 2006) 2 1 3 AUD/BADN Não consta
verde deficientes
RÉPTEIS
FAMÍLIA TEIIDAE
Ameivula ocellifera (Spix, 1825) Calango 2 4 6 PIT/BADN Não consta Não consta
Kentropyx calcarata (Spix, 1825) Calango 2 NA 2 PIT Não consta Não consta
FAMÍLIA MABUYIDAE
Brasiliscincus heathi (Schmidt & Inger, 1951) Calango 1 NA 1 PIT Não consta Não consta
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

72
Tabela 3.12. Espécies registradas durante o período seco. Capt. = capturados; Obs.= observados; Abund. = abundância; Reg. = Registro. AUD = Auditivo; BADN = Busca
ativa diurna/noturna; PIT = Pitfall traps.
Nome Status
Táxon Capt. Obs. Abud. Reg. Status IUCN
popular MMA
ANFÍBIOS
FAMÍLIA CRAUGASTORIDAE
Pristimantis ramagii (Boulenger, 1888) Perereca 1 4 5 AUD/BADN Não preocupante Não consta
FAMÍLIA HYLIDAE
Dendropsophus soaresi (Caramaschi & Jim, 1983) Perereca 2 2 4 AUD Não preocupante Não consta
FAMÍLIA LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus troglodytes (A. Lutz, 1926) - NA 2 2 BADN Não preocupante Não consta
Leptodactylus vastus (A. Lutz, 1930) Gia 2 NA 2 PIT Não preocupante Não consta
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Caçote NA 1 1 BADN Não preocupante Não consta

Rhinella jimi (Stevaux, 2002) Sapo cururu 1 4 5 BADN Não preocupante Não consta
FAMÍLIA PHYLLOMEDUSIDAE
Perereca
Pithecopus nordestinus (Caramaschi, 2006) 1 NA 1 BADN Dados deficientes Não consta
verde
RÉPTEIS
FAMÍLIA TEIIDAE
Ameivula ocellifera (Spix, 1825) Calango 1 5 6 PIT/BADN Não consta Não consta
Kentropyx calcarata (Spix, 1825) Calango 1 3 4 PIT/BADN Não consta Não consta
Tropidurus hispidus (Spix, 1825) Lagartixa NA 3 3 BADN Não consta Não consta

FAMÍLIA MABUYIDAE
Brasiliscincus heathi (Schmidt & Inger, 1951) Calango 1 NA 1 BADN Não consta Não consta
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

73
De acordo com a IUCN, nenhuma das espécies observadas durante ambas
as campanhas, possui algum grau preocupante, porém, muitas destas espécies não constam
no seu banco de dados, o que impossibilita informações mais concisas acerca do status de
conservação destas.
Observa-se que na campanha do período chuvoso se obteve uma maior
quantidade de espécies (e indivíduos) registradas, principalmente anfíbios anuros.
Geralmente, na estação chuvosa as espécies de anuros iniciam seu período de atividade
durante a tarde, antes do anoitecer, fato também observado ao decorrer da campanha onde
foram capturados indivíduos no folhiço (por exemplo, Pristimantis ramagii) ainda no
período vespertino. Isso pode se dar tanto pelo fato de uma maior humidade ao longo do dia,
ou devido a uma maior precipitação que ocorre nesse período.
Em relação aos répteis, obtivemos uma melhor amostragem no período
seco. A utilização dos métodos de coleta também pode ter influenciado, já que a maior
proporção das espécies encontradas foi observada pelo meio da coleta ativa, demostrando
uma melhor amostragem deste método nesta área. Observaram-se muitos indivíduos de
lagartos das espécies Kentropyx calcarata e Ameivula ocellifera. A ausência de encontros
com serpentes pode ser explicada pelo seu hábito, muitos ofídios possuem um habito
criptozóico e fossorial, o que dificulta a sua visualização. E até pela própria biologia do
animal, já que muitas espécies de serpentes apresentam um longo período de inatividade,
alimentando-se esporadicamente, o que diminui muito a possibilidade de encontro em
campo (CECHIN, 1999), além da ocorrência de baixas densidades, fator que dificulta muito
o seu registro. Ou ainda, pela forte influência antrópica que ocorre nos fragmentos do estudo
causada pela plantação de cana-de-açúcar.
A seguir apresentamos as espécies encontradas na área de estudo (figuras
30 e 31). A maioria das fotografias é de autoria dos consultores desta campanha e registradas
nas áreas, para aquelas espécies que não foi possível o registro fotográfico, apresentamos
fotos de outros autores.

74
A B

D
C

E F

G I

Figura 3.30. Anfíbios anuros - Leptodactylus fuscus (A), Leptodactylus vastus (B), Pleurodema diplolister (C),
Pristimantis ramagii (D), Physalaemus cuvieri (E), Leptodactylus troglodytes (F), Pithecopus nordestinus (G),
Rhinella granulosa (H), Rhinella jimi (I).
Fonte: Real Consultoria e Soluções.
75
J K

Figura 3.31. Répteis – Kentropx calcarata (J), Ameivula ocellifera (L), Brasiliscincus heathi (K) (foto do B.
heathi: Ricardo Marques).
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Em nossas análises, os estimadores de diversidade (CHAO 1 e ACE)


mostraram que para o período chuvoso a riqueza de espécies estimada pelos índices (CHAO
1= 13,3; ACE= 13,9), corresponde a que foi observada em nossas coletas (n=13 espécies). Já
para o período seco, os estimadores de diversidade apontaram que o número de espécies é
menor do que o estimado para a área (CHAO 1 = 12,5; ACE= 12,3), porém esta riqueza não
difere muito da que foi observada durante o período de coleta (n=11 espécies), Gráfico 15. O
índice de diversidade de Simpson demostrou que o período de chuva foi o menos diverso (1-
D= 0.89277) que o período seco (1-D= 0.8832), em Simpson o menor valor representa a
maior diversidade.

76
Período seco
14
12
10
nº de espécies
8
Observado
6
ACE Mean
4
Chao 1 Mean
2
0
0 2 4 6 8
dias de coleta

Período chuvoso
16
14
12
nº de espécies

10
8 Observado

6 ACE Mean

4 Chao 1 Mean

2
0
0 2 4 6 8
dias de coleta

Gráfico 3.15. Estimativas de diversidade para a área amostrada no período chuvoso e seco.
Fonte: Real Consultoria.

77
A

Figura 3.32. Curva de rarefação da comunidade estudada, figura A corresponde ao período de seca e a figura
B ao período de chuva. A linha central representa os valores observados e as linhas externas o desvio padrão.
Fonte: Real Consultoria.

A curva de rarefação de espécies realizada para ambas as campanhas


continuou em uma posição crescente para o período seco, não atingindo assim, a assíntota.
Já para o período chuvoso, observamos uma leve estabilização da curva, Figura 32.

78
A curva de rarefação foi escolhida com o objetivo de perceber se o esforço
foi suficiente para representar a comunidade, e baseando-se em seus resultados constatamos
que é necessário um maior esforço para determinar um resultado mais robusto para o
período seco acerca da riqueza e abundância dos répteis e anfíbios da área de estudo. Ainda,
embora as análises demostrem um bom resultado para ambas as campanhas, devemos
atentar que a riqueza de espécies observada na área de estudo está resumida aos anfíbios.
Isso porque foram detectadas apenas 4 espécies de répteis (apenas lagartos) para os
fragmentos, podendo representar uma riqueza sub amostrada, indicando que os dados
obtidos podem não ter sido suficientes para uma melhor amostra da diversidade de répteis
dos fragmentos, o que pode estar relacionado ao curto período de tempo das campanhas. A
ausência de uma maior representatividade de espécies pode também estar associada ao fato
da forte ação antrópica na região, visto que os fragmentos estão circundados por canaviais,
conduzindo uma destruição dos habitas naturais das espécies ali existentes, sendo uma das
principais causas da perda de diversidade nos últimos séculos (GENOVESI; SHINE, 2004).
Observa-se que a base de dados coletados ainda não permite inferir
padrões robustos de riqueza e variação na composição de espécies de répteis e anfíbios ao
longo da área de amostragem. Os padrões aqui apresentados, portanto, possuem caráter
preliminar e devem ser refinados com adição de novos dados. Deste modo, faz-se necessário
a continuação de monitoramentos na região, como objetivo de conduzir a informações mais
robustas e novos registros. Além de observar os impactos que a construção deste
empreendimento causará as comunidades presentes nos fragmentos adjacentes.

3.2.2.3.Ornitologia
Atualmente um dos grupos mais bem conhecidos e estudados em nível
mundial, as aves vêm sendo consideradas excelentes bioindicadoras da qualidade ambiental,
bem como grandes aliadas na identificação de áreas de importante interesse para a Biologia
da Conservação (Eken et al. 2004).
Brasil, Peru e Colômbia, são os países mais ricos em diversidade de
espécies de aves no mundo, no entanto, somente no Brasil são mais de 1.700 espécies, onde
cerca de 500 são endêmicas dos diversos biomas brasileiros. Dessas espécies endêmicas,
aproximadamente 190 espécies são endêmicas da Mata Atlântica (Mittermeier et al., 1999;
Marini & Garcia, 2005), garantindo a este ecossistema, o título de um dos sete maiores
hotspots de biodiversidade do mundo (Marini & Garcia, 2005).
79
Por se tratar de um hotspots de biodiversidade, os quais são áreas do
planeta onde a conservação de suas características naturais faz-se mais urgente, uma
considerável parcela das espécies de aves do Brasil está inserida em alguma categoria de
ameaça, sendo sua maioria restrita à Mata Atlântica, principalmente à porção nordestina
(Anjos, 2004; Olmos, 2005; Coutinho, 2015).
Um dos principais motivos desta ameaça se dá pelo processo de
fragmentação florestal, que afeta direta e indiretamente as comunidades de aves de um
determinado local. No caso da Mata Atlântica do Nordeste brasileiro, esta se apresenta como
o setor mais ameaçado atualmente, devido ao seu longo histórico de desmatamento, que vem
desde o século XVI, principalmente para a monocultura de cana-de-açúcar, restando apenas
cerca de 2% de sua área original (Silva & Tabarelli, 2000; Coutinho, 2015).
No Estado da Paraíba, a Mata Atlântica faz parte de um bloco bem
delimitado de florestas, conhecido como “Centro de Endemismo Pernambuco”, o qual
apresenta diversas espécies endêmicas de animais e vegetais, com cerca de 2/3 de todas as
espécies que ocorrem na Mata Atlântica brasileira (Roda, 2002; Nemésio & Santos-Junior,
2014).
Neste sentido, estudos sobre a fauna local são de extrema importância,
tanto no âmbito de licenciamento ambiental, quanto acadêmico, tendo em vista que, para o
Estado da Paraíba, informações detalhadas sobre a composição da avifauna, e
consequentemente, impactos sobre a mesma, decorrentes de atividades humanas ainda são
escassos, com poucos artigos publicados (Roda, 2003).

3.2.2.3.1. Material e Métodos

Área de estudo
O levantamento da avifauna foi realizado em dois fragmentos
remanescentes de Mata Atlântica na zona rural do município Santa Rita - PB, próximo à
divisa com o Município de Mamanguape - PB (Figura 33). Os fragmentos se localizam
próximos à rodovia BR-101, se encontrando rodeados por matrizes de cana-de-açúcar e
outros fragmentos menores de Mata Atlântica. Um dos fragmentos apresenta um tamanho
considerável a sudeste da área de estudo, porém desconectado deste, e outros em grande
parte isolados.

80
A coleta de dados para a avifauna se deu, basicamente em 3 pontos, onde
foram realizados pontos de escuta e instalação de redes de neblina.

Figura 3.33. Pontos de coleta (redes de neblina e pontos de escuta) e poligonal da área do empreendimento em
vermelho.
Fonte: Google Earth©.

Além disso, a área de estudo apresenta-se como uma floresta bastante


degradada com diversos sinais de antropização (Cortes seletivos na maior parte) e vegetação
rasteira e arbustiva (Figura 34). Em alguns pontos, principalmente nas margens das estradas
de terra que circundam a região, há a presença de pequenas áreas contendo vegetação com
indivíduos arbóreo/arbustivos. No entanto, nas adjacências da área, dominam,
principalmente, matrizes de cana-de-açúcar (Figura 34), e alguns fragmentos de Mata
Atlântica relativamente preservadas. Vale ressaltar também que a área sofre com a elevada e
constante pressão devido a caça, atividades sucroalcooleiras, e por se situar às margens de
uma rodovia com um grande volume de tráfego de veículos pesados.

81
Figura 3.34. Vegetação rasteira e arbustiva (esq.) e matriz de cana-de-açúcar (dir.), presentes na área do
estudo.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Coleta de dados
Para a coleta de dados da avifauna, foram utilizadas duas metodologias,
sendo elas, os transectos aleatórios (Bibby et al., 1998) com identificações visuais e sonoras
das espécies para a elaboração de listas de Mackinnon (Mackinnon & Phillips, 1993) e
Instalação de Redes de Neblina, para amostragem da avifauna em sub-bosque. As atividades
ocorreram durante 6 dias no período chuvoso e 6 dias no período seco, e foram realizadas
sempre nos horários considerados de maior atividade das aves: ao amanhecer, das 5 h 00
min às 10 h 00 min; e ao final da tarde, das 15 h 00 min às 17 h 00 min.

Listas de Mackinnon
Para a elaboração das listas de Mackinnon (Mackinnon & Phillips, 1993),
foram realizados transectos aleatórios, tanto dentro da área de estudo quanto em seu entorno,
utilizando sempre que possível, as trilhas já abertas na vegetação (Figura 35), para evitar o
afugentamento da fauna no processo de abertura de trilhas. Estradas de terra, vegetação de
borda e áreas mais abertas também foram utilizadas como acesso, visando inventariar aves
dependentes, independentes e semi-dependentes de ambientes florestados.

82
Figura 3.35. Trilha (esq.) e estrada de terra (dir.) já presentes na vegetação do local.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

As listas contiveram um máximo de 10 espécies cada, dando-se início a


uma nova lista sempre que este limite fosse atingido. No total foram realizadas 96
horas/homem de observações ativas, sendo 48 horas/homem para cada período (seco e
chuvoso), percorrendo transectos aleatórios a uma velocidade aproximada de 3 km/h, com
pontos de escuta e observação fixos de 20 minutos, a cada 500 metros (Buckland et al.,
2001).
Também foram realizados pontos-fixos de escuta na área (próximo as
redes de neblina), visando maximizar a obtenção de registros da avifauna.

Redes de Neblina
A metodologia das redes de neblina foi realizada de acordo com Vanzolini
& Papavero (1967), onde as redes permaneceram abertas durante todo o dia (das 5 h 00 min
às 17 h 00 min), sendo vistoriadas sempre em intervalos de 1 hora.
Em cada ponto, foram utilizadas quatro redes de neblina com dimensões
de 12 metros de comprimento por 3 metros de altura, sendo assim, ao todo, foram realizadas
1728 horas/rede, sendo 864 horas/rede para cada período (seco e chuvoso), somando o
tempo total de abertura das redes multiplicado pelo total de redes instaladas nos três pontos
selecionados, durante a campanha.

83
Análise dos dados
A análise dos dados obtidos, se deu pelos softwares Microsoft Excel® e
EstimateS® (Colwell, 2012), onde foram calculados o esforço amostral, e este comparado
com os estimadores de riqueza (Chao II e Bootstrap), além da representatividade das
espécies por família e o uso do habitat para cada uma das espécies, seguindo Stotz et al.
(1996).

3.2.2.3.2. Resultados e Discussão

No total foram registradas 97 espécies, distribuídas em 37 famílias e 16


ordens para a primeira campanha (período chuvoso), com as famílias mais representativas
sendo: Tyrannidae com 14 espécies (14,4%) e Thraupidae, com 11 espécies (11,3%) e
Thamnophilidae com 6 espécies (6,2%) (Gráfico 16).

Representatividade das espécies por família (1ª Camp.)


16
14
12
10
8
6
4
2
0

Gráfico 3.16. Representatividade das espécies de aves de acordo com as famílias para a primeira campanha
(Período chuvoso).
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Já para a segunda campanha (período seco), foram registradas 113


espécies, ou seja, 13 espécies a mais que no período chuvoso, as quais se distribuíram em 39
famílias e 16 ordens, com as famílias mais representativas sendo: Tyrannidae com 15

84
espécies (13,3%) e Thraupidae, com 12 espécies (10,6%), Trochililidae com 7 espécies
(6,2%) e Thamnophilidae com 6 espécies (5,3%) (Gráfico 17).

Representatividade das espécies por família (2ª Campanha)


16
14
12
10
8
6
4
2
0

Gráfico 3.17. Representatividade das espécies de aves de acordo com as famílias para a segunda campanha
(Período seco).
Fonte: Real Consultoria e Soluções.
A diferença na quantidade de espécies registradas pela sazonalidade
provavelmente se relacionou com as dificuldades de detecção das espécies durante o período
chuvoso, onde boa parte das espécies de aves diminuem suas atividades durante chuva
intensa.
Para cada uma das espécies inventariadas neste estudo, foram inseridas
informações sobre o uso do habitat em três categorias principais: espécies dependentes de
ambientes florestados (DF), ou seja, espécies que dependem de ambientes cuja vegetação
esteja em bom estado de conservação; espécies semi-dependentes de ambientes florestados
(SF), que são espécies que necessitam de áreas florestadas porém também utilizam-se de
áreas abertas ou de vegetação mais baixa; e espécies independentes de ambientes florestados
(IF), que são aquelas que não necessitam de florestas, podendo viver em ambientes
antrópicos ou com pouca vegetação arbórea/arbustiva.
Também foi listado o grau de ameaça, de acordo com a lista da
International Union for Conservation of Nature (IUCN, 2017) e do Ministério do Meio
Ambiente. A tabela 13 mostra as espécies registradas, divididas por família, o uso do habitat
e grau de ameaça na lista vermelha da IUCN.

85
Tabela 3.13. Listagem geral das espécies inventariadas no estudo para as duas campanhas, contendo as
Famílias, Espécies, Nomes populares, Uso do habitat (onde: SF - Semi-dependentes de ambientes florestados;
DF - Dependentes de ambientes florestados; IF - Independentes de ambientes florestados), grau de ameaça
segundo a IUCN (LC - Pouco preocupante), grau de ameaça segundo o MMA (PP – Pouco Preocupante).
HABIT IUC MM
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR
AT N A
Crypturellus soui tururim IF LC PP
Tinamidae Crypturellus parvirostris inhambu IF LC PP
Nothura maculosa codorna-amarela IF LC PP
Ortalis araucuan aracuã DF LC PP
Cracidae
Penelope jacucaca jacucaca DF LC PP
Bubulcus ibis garça-vaqueira IF LC PP
Ardeidae Ardea alba garça-branca-grande IF LC PP
Egretta thula garça-branca-pequena IF LC PP
urubu-de-cabeça-
Cathartes aura IF LC PP
vermelha
Cathartidae urubu-de-cabeça-
Cathartes burrovianus IF LC PP
amarela
Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta IF LC PP
Rupornis magnirostris gavião-carijó IF LC PP
Buteo albonotatus gavião-urubu IF LC PP
Heterospizias
Acciptridae gavião-caboclo IF LC PP
meridionalis
Urubitinga urubitinga gavião-preto IF LC PP
Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta IF LC PP
Glaucidium brasilianum caburezinha SF LC PP
Strigidae
Megascops choliba corujinha-do-mato SF LC PP
Columbina talpacoti rolinha-roxa IF LC PP
Columbina squammata fogo-apagou IF LC PP
Columbidae
Patagioenas cayennensis pomba-galega DF LC PP
Geotrygon montana pariri IF LC PP
Cuculidae Piaya cayana alma-de-gato SF LC PP

86
Guira guira anu-branco IF LC PP
Crotophaga ani anu-preto IF LC PP
Antrostomus rufus joão-corta-pau SF LC PP
Caprimulgidae Nyctidromus albicollis bacurau SF LC PP
Nannochordeiles pusillus bacurauzinho SF LC PP
balança-rabo-de-bico-
Glaucis hirsutus DF LC PP
torto
Phaethornis ruber rabo-branco-rubro DF LC PP
Eupetomena macroura beija-flor-tesoura IF LC PP
beija-flor-de-arganta-
Trochilidae Amazilia fimbriata SF LC PP
verde
beija-flor-de-banda-
Amazilia versicolor DF LC PP
branca
Phaetornis pretrei rabo-branco-acanelado DF LC PP
Polytmus guainumbi beija-flor-de-bico-curvo DF LC PP
surucuá-de-barriga-
Trogonidae Trogon curucui DF LC PP
vermelha
Galbulidae Galbula ruficauda ariramba-de-cauda-ruiva SF LC PP
Bucconidae Nystalus maculatus rapazinho-dos-velhos SF LC PP
Picidae Veniliornis passerinus picapauzinho-anão SF LC PP
Caracara plancus carcará IF LC PP
Falconidae
Milvago chimachima carrapateiro SF LC PP
Psittacidae Diopsittaca nobilis maracanã-pequena SF LC PP
Formicivora grisea papa-formiga-pardo SF LC PP
Formicivora rufa papa-formiga-vermelho IF LC PP
Herpsilochmus chorozinho-de-asa-
Thamnophilida DF LC PP
rufimarginatus vermelha
e
Thamnophilus palliatus choca-listrada SF LC PP
Taraba major choró-boi SF LC PP
Thamnophilus pelzeni choca-do-planalto DF LC PP
Pachyramphus
Tityridae caneleiro-preto SF LC PP
polychopterus

87
Conopophagida cuspidor-de-máscara-
Conopophaga melanops DF LC PP
e preta
Dendrocolaptid Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde DF LC PP
ae Dendroplex picus arapaçu-de-bico-branco SF LC PP
Neopelma pallescens fruxu-do-cerradão DF LC PP
Pipridae Manacus manacus rendeira DF LC PP
Chiroxiphia pareola tangará-príncipe DF LC PP
Onychorhynchi
Myiobius barbatus assanhadinho DF LC PP
dae
Platyrinchidae Platyrinchus mystaceus patinho DF LC PP
Leptopogon
cabeçudo DF LC PP
amaurocephalus
Tolmomyias flaviventris bico-chato-amarelo DF LC PP
Rhynchocyclid
Todirostrum cinereum ferreirinho-relógio SF LC PP
ae
Hemitriccus griseipectus maria-de-barriga-branca DF LC PP
ferreirinho-de-testa-
Poecilotriccus fumifrons SF LC PP
parda
Ornithion inerme poiaeiro-de-sobrancelha SF LC PP
Arundinicola
freirinha SF LC PP
leucocephala
Myiophobus fasciatus filipe IF LC PP
Capsiempis flaveola marianinha-amarela DF LC PP
Phyllomyias fasciatus piolhinho SF LC PP
Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata SF LC PP
Tyrannidae Myiarchus ferox maria-cavaleira SF LC PP
Rhytipterna simplex vissiá SF LC PP
Pitangus sulphuratus bem-te-vi IF LC PP
Tyrannus melancholicus suiriri IF LC PP
Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro IF LC PP
guaracava-de-barriga-
Elaenia flavogaster SF LC PP
amarela
Elaenia cristata guaracava-de-topete- IF LC PP

88
uniforme
Elaenia chiriquensis chibum IF LC PP
Camptostoma obsoletum risadinha IF LC PP
Hylophilus
vite-vite-de-olho-cinza SF LC PP
amaurocephalus
Vireonidae
Cyclarhis gujanensis pitiguari SF LC PP
Vireo chivi juruviara SF LC PP
andorinha-doméstica-
Progne chalybea SF LC PP
grande
Hirundinidae
Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora SF LC PP
Hirundo rustica andorinha-de-bando SF LC PP
garrinchão-de-bico-
Cantorchilus longirostris SF LC PP
Troglodytidae grande
Pheugopedius genibarbis garrinchão-pai-avô SF LC PP
Ramphocaenus
bico-assovelado SF LC PP
melanurus
Polioptilidae
balança-rabo-de-
Polioptila plumbea SF LC PP
chapéu-preto
Turdus leucomelas sabiá-barranco SF LC PP
Turdidae
Turdus amaurochalinus sabiá-poca SF LC PP
Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo SF LC PP
Passerellidae
Arremon taciturnus tico-tico-de-bico-preto SF LC PP
Parulidae Myiothlypis flaveola canário-do-mato DF LC PP
Icterus pyrrhopterus encontro SF LC PP
Icteridae
Sturnella superciliaris polícia-inglesa-do-sul SF LC PP
Schistochlamys
bico-de-veludo SF LC PP
ruficapillus
Schistochlamys
sanhaçu-de-coleira IF LC PP
Thraupidae melanopis
Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro SF LC PP
Tangara cayana saíra-amarela IF LC PP
Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto DF LC PP

89
Volatinia jacarina tiziu IF LC PP
Lanio cristatus tiê-galo SF LC PP
Tachyphonus rufus pipira-preta DF LC PP
Cyanerpes cyaneus saíra-beija-flor DF LC PP
Danis cayana saí-azul SF LC PP
Emberizoides herbicola canário-do-campo SF LC PP
Saltator maximus tempera-viola SF LC PP
Euphonia chlorotica fim-fim SF LC PP
Fringillidae
Euphonia violacea gaturamo-verdadeiro DF LC PP
Estrildidae Estrilda astrild bico-de-lacre IF LC PP
Passeridae Passer domesticus pardal IF LC PP
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

A Figura 36 mostra algumas das espécies de aves registradas para o


trabalho, tanto na campanha do período chuvoso, quando na do período seco.

90
Figura 3.36. Algumas das espécies registradas na campanha. A - Volatinia jacarina (Tiziu); B - Caracara
plancus (Carcará); C - Cathartes aura (Urubu-de-cabeça-vermelha); D - Tyrannus melancholicus (Suiriri); E -
Myiodynastes maculatus (Bem-te-vi-rajado); F - Coragyps atratus (Urubu-de-cabeça-preta); G - Stelgidopteryx
ruficollis (Andorinha serradora); H - Icterus pyrrhopterus (Encontro); I - Nyctidromus albicollis (Bacurau); J -
Thamnophilus pelzeni (choca-do-planalto); K - Tangara sayaca (sanhaçu-cinzento); L - Formicivora rufa
(papa-formiga-ruivo).
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

91
Para o presente estudo, não foi encontrada nenhuma espécie de ave
inserida em categorias de risco ou mesmo vulnerável, sendo todas listadas como pouco
preocupante na lista do MMA e LC (Low Concern) na lista vermelha da IUCN.
Com relação ao uso de habitat pelas espécies, utilizando como base o
trabalho de Silva et al. (2003), obteve-se para a primeira campanha, um resultado em que
29,90% das espécies registradas são independentes de ambientes florestados (IF), 45,36%
são semi-dependentes de ambientes florestados (SF) e 24,74% são dependentes de ambientes
florestados (DF), como mostra o Gráfico 18.

Uso de Habitat 1ª Campanha


50,00%
45,00%
40,00%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
IF SF DF

Gráfico 3.18. Uso do habitat pelas espécies inventariadas durante a primeira campanha (Período chuvoso),
onde IF são espécies independentes de ambientes florestados, SF são semi-dependentes e DF são dependentes.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Já para a segunda campanha, 30,09% das espécies registradas são


independentes de ambientes florestados (IF), 43,36% são semi-dependentes de ambientes
florestados (SF) e 26,55% são dependentes de ambientes florestados (DF), como mostra o
Gráfico 19.

92
Uso do habitat (2ª Campanha)
50,00%
45,00%
40,00%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
IF SF DF

Gráfico 3.19. Uso do habitat pelas espécies inventariadas durante a segunda campanha (Período seco), onde IF
são espécies independentes de ambientes florestados, SF são semi-dependentes e DF são dependentes.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

A quantidade de espécies semi-dependentes e dependentes de ambientes


florestados, obtidas nos inventários, podem ser consideradas como um indicativo de que a
área do estudo, pelo menos no seu entorno, ainda se configura como uma área relativamente
preservada, ainda que seja uma vegetação de Mata Atlântica secundária, pois segundo
alguns autores (Coutinho, 2015; Roda, 2003; Andrade-Lima, 1970), a maior parte da Mata
Atlântica nordestina, é formada de vegetação secundária, pois a vegetação primária foi,
quase que em sua totalidade, suprimida no passado para a introdução de culturas agrícolas,
em especial a monocultura de cana-de-açúcar.
Além disso, vale ressaltar que, para as duas campanhas, a maioria dos
registros de aves semi-dependentes e dependentes de ambientes florestados foram feitos nos
pontos dois e três, ou seja, fora da área de intervenção direta do empreendimento. Já o ponto
um, que se encontra dentro da área do empreendimento, se configurou como uma área
bastante impactada e com uma vegetação pouco preservada, com apenas poucos elementos
arbóreo/arbustivos.
Uma possível explicação para a importância dos fragmentos onde se
encontram os pontos dois e três, é que na região, que já sofre com uma constante pressão
antrópica pelo cultivo de cana-de-açúcar, as espécies mais afetadas encontraram nestes
fragmentos, um refúgio mais estável para sua colonização, tendendo a se condensarem e se
fixarem nesses locais.

93
Tal explicação pode ser corroborada segundo Cadotte et al., (2002) e
Bierregaard & Stouffer (1997), que dizem que o processo de desmatamento e fragmentação
de habitat altera drasticamente a estrutura original da vegetação de um local, causando
assim, uma diminuição da diversidade florística desses remanescentes. Como consequência
da diminuição do tamanho desses remanescentes, há, geralmente, a diminuição da
diversidade de aves e outros grupos animais, principalmente aqueles mais dependentes de
ambientes florestais, que se extinguem localmente ou migram para fragmentos próximos que
possam suprir suas necessidades (Coutinho, 2015).
Notou-se também que nos fragmentos próximos a área de estudo, existem
pequenos corredores ecológicos que conectam um fragmento a outro, o que é uma vantagem
para a fauna do local, pois segundo Crooks et al. (2000) a conectividade entre
remanescentes, fornecida por esses pequenos corredores, a depender da sua diversidade
vegetal e complexidade, além da permeabilidade da matriz, são consideradas importantes
para a persistência e para o fluxo das espécies da fauna, principalmente aves e mamíferos,
em áreas fragmentadas.
Sendo assim, devido a relativamente alta quantidade de espécies
dependentes de ambientes florestados, podemos considerara que a região no entorno da área
de estudo, se apresenta como uma área de relevante papel ecológico local, principalmente
por possuir uma vegetação relativamente bem preservada, com potencial de refúgio para as
espécies de aves locais.
Quanto a riqueza das espécies de aves locais, os estimadores mostraram
que a área do estudo apresentou uma riqueza considerável, mesmo com as constantes chuvas
que atrapalharam um pouco a coleta de dados.
Apesar da pequena quantidade de pontos amostrais, as curvas de
acumulação das espécies inventariadas nas duas campanhas, comparadas com os
estimadores Chao 2 e Bootstrap, tenderam a atingir a assíntota, o que mostra que que o
esforço amostral para as duas campanhas, foram suficientes para inventariar a maioria das
espécies de aves prováveis de serem encontradas nos fragmentos.
Os Gráficos 20 e 21 mostram as curvas de acumulação de espécies,
comparadas com os estimadores de riqueza Chao 2 e Bootstrap, para os períodos chuvoso e
seco, respectivamente.

94
Curva de acumulação (1ª Campanha -
102 Período Chuvoso)
100
Quantidade de espécies

98

96

94

92

90

88
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

S Observado Chao 2 Bootstrap

Gráfico 3.20. Curva de acumulação das espécies inventariadas na primeira campanha (Período chuvoso),
comparando-as com os estimadores de riqueza Chao 2 e Bootstrap.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Curva de acumulação (2ªCampanha - Per. Seco)


140

120
Quantidade de espécies

100

80

60

40

20

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Pontos Amostrais

S OBS Chao 2 Bootstrap

Gráfico 3.21. Curva de acumulação das espécies inventariadas na segunda campanha (Período seco),
comparando-as com os estimadores de riqueza Chao 2 e Bootstrap.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.2.2.3.3. Conclusão

No local do estudo não foi encontrada, durante a campanha, nenhuma


espécie de ave ameaçada de extinção nem em outras categorias como vulnerável, sendo

95
todas as espécies inventariadas classificadas como (PP) Pouco Preocupante ou LC (Low
Concern) nas listas da IUCN e do Ministério do Meio Ambiente.
Foram realizadas duas campanhas, sendo uma no período chuvoso e outra
no período seco, para que fosse observado o comportamento da fauna em relação a
sazonalidade.
A maioria das espécies inventariadas durante as campanhas apresentaram
ampla distribuição geográfica, com algumas inclusive presentes em todo o continente Sul
Americano, porém as espécies se mostraram em uma parcela considerável, dependentes ou
semi-dependentes de ambientes florestados, o que desperta uma certa atenção ao ambiente
como um todo, principalmente os fragmentos florestais no entorno da área do
empreendimento.
Neste contexto, propõe-se aqui a manutenção integral das áreas florestadas
no entorno do empreendimento, pela sua capacidade de suporte e abrigo para as espécies de
aves residentes na região.
Além disso, propõe-se também estudos sinecológicos mais consistentes
para se mensurar melhor a capacidade de suporte dos fragmentos florestais adjacentes, que
serão utilizados pela fauna local como área de refúgio, a partir do estabelecimento e
funcionamento do empreendimento.
Faz-se necessário, para tanto, o monitoramento da fauna a médio e longo
prazo, ou seja, dois ou mais anos de trabalhos, no intuito de se obter dados sobre a
capacidade de suporte desses fragmentos de mata circunvizinhos ao empreendimento, e os
impactos futuros que o empreendimento possa vir a causar sobre a fauna e a flora locais,
para que com isso, sejam elaborados planos de manejo e políticas mitigadoras para os
impactos provocados.

3.3. MEIO SOCIOECONÔMICO

3.3.1. Procedimentos Metodológicos

O presente diagnóstico socioeconômico tem como objetivo principal


estabelecer estudos de discrição e análise dos aspectos sociais e econômicos do Município
de Santa Rita/PB e suas interações anteriores e posteriores à implantação do
empreendimento. Na caracterização foram abordados os aspectos populacionais,

96
econômicos, a infraestrutura física e social do Município, que corresponde à Área de
Influência Indireta do empreendimento.
O trabalho segue a metodologia de elaboração do EIA e, para tanto, foram
realizados levantamentos secundários e primários, a partir do levantamento de campo in loco
e coleta de depoimentos em entrevistas realizadas com os atores sociais envolvidos. Esses
dados foram utilizados como base para compreender o ordenamento socioeconômico do
território onde será implantado o empreendimento.
O referencial bibliográfico inclui dados secundários para cada item
abordado, disponibilizados por órgãos públicos (Federal, Estadual e/ou Municipal),
considerando-se informações mais recentes ou atualizando-as em projeções futuras. As
principais fontes de referência se embasaram em informações disponíveis no Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Governos da Paraíba e de Santa Rita, como o
Anuário Estatístico da Paraíba e no Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da
Paraíba (IDEME).

3.3.2. Limites e Divisão Administrativa

O município de Santa Rita/PB está localizado na Mesorregião da Mata


Paraibana e na microrregião de João Pessoa (Figura 37). Com área total de 727 km²,
apresenta como limites os municípios de Rio Tinto (49km), Capim (28km), Mamanguape e
Lucena (27km) a norte; os municípios Alhandra (45km), Pedras de Fogo (34km) e Conde
(18km) a Sul; os municípios de Bayeux (7km), João Pessoa (12,7km) e Cabedelo (23km) a
Leste; e os municípios de Sapé (27km) e Cruz do Espírito Santo (12km) a Oeste.

97
Figura 3.37. Mapa da região Metropolitana de João Pessoa, onde a seta em vermelho destaca a localização
aproximada da área do empreendimento. Dados adquiridos no site da Prefeitura de Santa Rita.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

O estudo dos aspectos socioeconômico foi direcionado para avaliar e


examinar o perfil da população e suas atividades, que venham a sofrer impactos diretos com

98
a implantação e desenvolvimento do empreendimento, baseado nas interações dos aspectos
analisados.
No presente estudo é apresentada uma análise das características da
população da ADA (Área Diretamente Afetada), onde foram utilizadas técnicas
padronizadas de coletas de dados primários. Na área da ADA onde será construído o
empreendimento não irá ocorrer a relocação de populações nem alteração de aparelhos
públicos utilizados pela população do município.
A análise das condições do meio antrópico com ênfase nos aspectos
socioeconômicos da região e nos possíveis impactos decorrentes da implantação do
empreendimento foram baseado no Termo de Referência, avaliando os aspectos de
População, Atividade Produtiva, Uso e Ocupação do Solo e Entorno, identificando as
percepções diretas da população, baseado em dados primários com a aplicação de
questionários e análise das informações secundárias com os dados censitários e estudos
realizados na região.
As ações metodológicas basearam-se na coleta de dados secundários junto
aos órgãos e instituições em âmbito federal, estadual e municipal e na interpretação de dados
estatísticos e censitários, principalmente aqueles disponibilizados pelo IBGE, IDEME.
Referente aos dados primários foram realizadas visitas a campo e uma
aplicação de questionários estruturados pelos seguintes eixos temáticos: estrutura social,
econômica, saúde, percepção ambiental antrópica e correlações bióticas.
Logo, no total foram 32 indivíduos entrevistados nas comunidades
Capitão, Miriri, Japungu, Jacaraúna, Água Branca e Agrovila, estes de variadas idades e
ocupações. A predominância dos respondentes aos questionários foram do gênero feminino
com uma parcela do gênero masculino. O grau de instrução predominante nos habitantes da
região foi o fundamental incompleto, e, em sua maioria a renda familiar corresponde a um
salário mínimo ou menos, assim como mostrado nos Gráficos 22 e 23.

99
GRAU DE INSTRUÇÃO

FUNDAMENTAL INCOMPLETO
2%

5% FUNDAMENTAL COMPLETO
7%
MÉDIO INCOMPLETO

12%
MÉDIO COMPLETO
54%
10% SUPERIOR INCOMPLETO

10% ASSINAR

SABE LER E ESCREVER MAIS


NÃO FREQUENTOU A ESCOLA

Gráfico 3.22. Grau de instrução da população da ADA do aterro sanitário.


Fonte: Real Consultoria e Soluções..

RENDA FAMILIAR

2-3 SALÁRIO
MÍNIMO
37% < 1 SALÁRIO
MÍNIMO
24%

1 SALÁRIO
MÍNIMO
39%

Gráfico 3.23. Renda familiar da população da ADA do aterro sanitário.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.3.3. Dinâmica Populacional

De acordo com o Censo Demográfico de 2010 do IBGE, Santa Rita possui


uma população de 120.310 habitantes, onde sua densidade demográfica é de 165,52
hab/km², constituída de 48,31% de homens e 51,69% de mulheres. Quanto à situação do
domicílio, há predominância da população residente em área urbana, que correspondem a
86,21% dos habitantes, e apenas 13,79% estão em área rural.
100
Ao comparar com os dados de contagem populacional do IBGE no ano
2000, o Município de Santa Rita possuía 110.840 habitantes, havendo um acréscimo da
população de 9.470 no último censo realizado. A Tabela 14 apresenta a distribuição da
população total, por situação de domicilio e gênero do ano de 2010.

Tabela 3.14. Distribuição da população total, por situação de domicilio e gênero – 2010.
DISCRIMINAÇÃO Nº DE HABITANTES
Urbana 103.717
Rural 16.593
Homens 58.119
Mulheres 62.191
Total 120.310
Fonte: IBGE/Censo Demográfico (2010).

A Tabela 15 mostra a Taxa de Crescimento Populacional das últimas


décadas, de acordo com os dados do IBGE. A década de 1991 a 2000 revela um crescimento
urbano significativo e declínio da população rural, que pode ser justificado pelo êxodo rural.
Já entre 2001 e 2010, o aumento da população urbana permanece, identificado de forma
mais leve na população rural.

Tabela 3.15. Tabela do Crescimento Populacional nas últimas décadas.

População n° (1991) % (1991) n° (2000) % (2000) n° (2010) % (2010)

População Total 91.623 100,00 110.840 100,00 120.310 100,00


Homens 44.703 48,79 53.939 48,66 58.119 48,31
Mulheres 46.920 51,21 56.902 51,34 62.191 51,69
Urbana 73.908 80,67 95.471 86,13 103.717 86,21
Rural 17.715 19,33 15.369 13,87 16.593 13,79
Taxa de Urbanização - 80,67 - 86,13 - 86,21
Fonte: IDEME.

Com base no último Censo, o IBGE estima que em 2017 a população


tenha atingido 136.851 pessoas. Tal crescimento indica o terceiro lugar no ranking do
Estado da Paraíba, abaixo apenas dos municípios de João Pessoa e Campina Grande, com
primeiro e segundo lugar, respectivamente. O crescimento populacional também foi
evidenciado em projeção futura para as próximas décadas (SANTA RITA, 2018), destacadas

101
no Gráfico 24 conforme estimativa da vida útil da Estação de Transbordo de Resíduos
Sólidos (até 20 anos), bem como a década seguinte ao seu fechamento.

PROJEÇÃO
250000

207.495
200000
181.456
158.684
150000
137.680

100000

50000

0
2018 2028 2038 2048

Gráfico 3.24. Projeção da População no Município de Santa Rita.


Fonte: SANTA RITA (2018).

Para realizar a análise de percepção da população sobre os aspectos sócio


ambientais do município de Santa Rita, foram entrevistados 12 homens e 30 mulheres, com
faixa etária de 16 a 50 anos de idade, considerada como população economicamente ativa e
que pode ser diretamente influenciada durante a implantação do empreendimento.
Os residentes habitando em uma mesma moradia, variou de 2 a 12 pessoas,
sendo sua maioria acima de 3 pessoas. No entanto, quando a pergunta referente a quantas
pessoas trabalham na casa este número obteve uma queda, como apresentado no gráfico 25.
Ademais, o gráfico 26 mostra a situação econômica da população da localidade, que 57%
dos entrevistados afirmam estarem empregados em regime CLT – Celetista no período da
pesquisa, os quais possuem uma variedade de funções, onde a maioria dos empregados
correspondem aos funções disponíveis na Usina Japungu.

102
QUANTAS PESSOAS DA SUA CASA
TRABALHAM ?

2% 2%

13% 18%
NENHUMA
1 PESSOA
2 PESSOAS
3 PESSOAS
MAIS DE 3 PESSOAS

65%

Gráfico 3.25. Quantidade de pessoas que trabalham em uma residência.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Situação Econômica

19% 14%
10%
Subemprego
Beneficiário
Empregado
57% Agricultura

Gráfico 3.26. Tipos de empregos presentes na localidade.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.3.4. Sistema Viário e de Transportes

Santa Rita está localizada a 12,7 km de distância de João Pessoa. Partindo-


se da capital paraibana, o principal acesso à sede do município é realizado através das
rodovias federais BR-230 e BR-101. A infraestrutura viária do município é constituída

103
basicamente de rodovias estaduais pavimentadas e estradas não pavimentadas, que
interligam a sede do município aos distritos e localidades.
O município é beneficiado por transportes intermunicipais, que fazem
ligação com os municípios vizinhos e João Pessoa através de ônibus e trem, mas os
transportes alternativos promovidos por carros particulares, serviços de taxi e moto-taxi –
este último mais acessível para a população.
A Tabela 16, apresenta a frota de veículos cadastrados no município em
2016, com a predominância de automóveis (45,37%) e motocicletas (37,64%). A quantidade
total de veículos de Santa Rita (34.938) corresponde a quarta maior frota do Estado da
Paraíba, abaixo apenas para município de Patos (45.858), Campina Grande (168.963) e João
Pessoa (355.132). O crescimento da frota de veículos de Santa Rita nos últimos anos
encontra-se destacado no Gráfico 27, a seguir.

Tabela 3.16. Frota de veículo por tipo em Santa Rita/PB (2016).

FROTA QUANTIDADE %

Automóvel 15.851 45,37


Caminhão 902 2,58
Caminhão Trator 150 0,43
Caminhonete 1.694 4,85
Camioneta 485 1,39
Micro-ônibus 95 0,27
Motocicleta 13.152 37,64
Motoneta 550 1,57
Ônibus 290 0,83
Trator-Rodas 5 0,01
Utilitário 71 0,20
Outros 1.693 4,85
Total 34.938 100,00
Fonte: IBGE (2016).

104
FROTA
40000

35000
34938
32269
30000
29831
27140
25000
24662
22490
20000
18707
15000

10000

5000

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Gráfico 3.27. Evolução da frota de veículos no município de Santa Rita.


Fonte: IBGE (2018)

Mediante questionário aplicado a população local, observa-se que o


transporte da região é ineficaz, devido a 23% dos entrevistados relatarem este item como
sendo uma prioridade para o município. Como mostra o Gráfico 28, os entrevistados
apresentaram outras prioridades a podem serem tratadas no município.

NA SUA OPINIÃO, O QUE PODE SER TRATADO COMO


PRIORIDADE NO SEU MUNICÍPIO ?
MORADIA
1%
SAÚDE
21%
TRANSPORTE
23%

SANEAMENTO
BÁSICO
6%
EMPREGO
18%

LAZER
1%

Gráfico 3.28. Prioridades do município, do ponto de vista da população local.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

105
O Gráfico 29 apresenta as formas de locomoção dos moradores da região,
em que o veículo particular se destaca como o mais utilizado. Esta população utiliza as vias
de acesso principais na localidade, BR-101, PB-025 e vias alternativas.

QUE TIPO DE TRANSPORTE VOCÊ


COSTUMA UTILIZAR ?

2%
7%
25% ONIBUS
15%
CARRO/MOTO
BICICLETA
TÁXI
ALTERNATIVO
51%

Gráfico 3.29. Tipo de transporte utilizado pelos moradores da localidade.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.3.5. Uso e Ocupação do Solo

O território do município de Santa Rita pode ser considerado vasto em


comparação a outros municípios do Estado da Paraíba, tendo em seu total 735,36 km² de
área. Na Figura 38 é possível comparar a extensão territorial da mancha urbana (em
amarelo) e a área rural. Embora a área rural seja maior em extensão, ela contém o menor
índice de população devido às grandes extensões de terra destinadas para as plantações de
cana-de-açúcar.

106
Figura 3.38. Mapa para visualização da mancha urbana (em amarelo) e distritos da zona rural, com destaque
para localização do empreendimento (seta vermelha).
Fonte: Prefeitura de Santa Rita.

Nas adjacências da área do projeto do aterro sanitário existem aglomerados


humanos em distritos, propriedades, comércios e indústrias rurais. Na vertente da Bacia

107
Hidrográfica do Rio Miriri, pode-se destacar o Povoado Miriri e A Destilaria homônima,
bem como os Sítios Alagamar, Capitão, Água Branca, Miriri do Ferraz. Estes encontram-se
às margens do Rio Miriri, em região limítrofe do Município de Santa Rita. Já na Bacia
Hidrográfica do Rio Paraíba, cita-se o Povoado de Lerolândia, a Destilaria Japungu e Sítio
homônimo, os Sítios Poços, Cajazeiras, Jacuaruna, Mangereba de Cima, e as Fazendas
Jacuípe de Baixo e Jacaraúna Velha.
Este setor encontra-se plotado na porção norte do Município de Santa
Rita/PB, com população residente na ordem de 14.000 (catorze mil) habitantes, em que o
uso do solo é peculiar pelo intenso cultivo da cana e sua usinagem na produção de etanol,
que constitui historicamente a ocupação da região onde a Fazenda Nova Vida está inserida,
prevista para implantação do empreendimento.

3.3.6. Saneamento Básico

Na avaliação da infraestrutura de Santa Rita entendemos que o conjunto de


investimentos será necessário para dar suporte a plena implantação do Aterro. Aspectos
relacionados à saúde, educação, transporte, energia elétrica, comunicação, lazer, segurança,
abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e coleta e disposição de lixo.
Os principais mananciais que são utilizados para o abastecimento de Santa
Rita são os Açudes Miriri, Gramame-Mamuaba, dos Reis e Gargaú; e os Rios Mumbaba,
Tibiri e Jacuípe. A rede de abastecimento público de água em Santa Rita é de
responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto da Paraíba (CAGEPA), que atende
prioritariamente a sede do município, com concessão até 2025. Para tanto, a captação é feita
no Rio Tibiri, por uma barragem de regularização de nível, em operação desde 2016
(SANTA RITA, 2018).
Segundo dados disponibilizados pelo IDEME, em 2008, o município
apresentou uma taxa de cobertura de rede de 67,31%, sendo este o percentual de população
atendida por rede de água. Em algumas regiões, principalmente na zona rural, o
abastecimento de água é realizado por poços tubulares, que é utilizado para irrigação e
outros usos.
Para a caracterização da infraestrutura de Lucena foram considerados os
itens: saneamento básico, abastecimento de água, coleta de resíduos – sólidos e líquidos – e

108
abastecimento de energia, foram adotados dados do Censo IBGE – 2010, comparando-os
com a percepção da população.
O tipo de abastecimento de água e seus respectivos números de economia
e percentual relativo podem ser visualizados na Tabela 17. Observa-se que, em 2008, o tipo
residencial tem maior representatividade em relação à quantidade de economias ativas,
chegando a representar de 96,25% do total, seguido do índice comercial que apresentou
2,40% do total, o menor índice foi da classe industrial que representou 0,12% do total.

Tabela 3.17. Tipo de Abastecimento de Água – 2008.


TIPO DE ABASTECIMENTO No ECONOMIA ATIVA %
Residencial 17.154 96,25
Comercial 428 2,40
Industrial 21 0,12
Público 220 1,23
Total 17.823 100
Fonte: Anuário Estatístico da Paraíba, IDEME (2008).

O fornecimento do serviço de abastecimento de água é um indicador do


nível de salubridade e desenvolvimento urbano, na pesquisa podemos observar que os
entrevistados afirmam não estar ligados à rede oficial de abastecimento, o que não garante a
qualidade do produto utilizado. As formas de abastecimento utilizada na localidade, segundo
os entrevistados, são captação do rio e captação de poços.
Sobre o esgotamento sanitário, conforme Tabela 18, Santa Rita dispõe de
uma coleta de efluentes precária que atende apenas 8,11% da população. Desta forma o
esgoto gerado pela população é captado pelo sistema de fossa e sumidouro. Mais de 90% do
município não tem tratamento adequado e, muitas vezes, o esgoto é lançado diretamente no
solo e em vias públicas o que pode contaminar mananciais e subsolo, bem como contribui
para a vulnerabilidade da população a doenças de veiculação hídrica.

109
Tabela 3.18. Esgotamento Sanitário em Santa Rita/PB por Classes de Consumo – 2008.
TIPO DE ECONOMIA Nº ECONOMIAS ATIVAS % RELAÇÃO ÁGUA-ESGOTO
Residencial 1237 85,55 7,21
Comercial 153 10,58 35,75
Industrial 4 0,28 19,05
Público 52 3,60 23,64
Total 1446 100 8,11
Fonte: Anuário Estatístico da Paraíba, IDEME (2008).

Na localidade, a população afirma que utilizam os tratamentos aplicados


ao esgoto doméstico descritos no Gráfico 30.

Tratamento do Esgoto da Localidade

5%
8%

FOSSA SÉPTICA
20% CÉU ABERTO
RIO

67% NÃO SABE

Gráfico 3.30. Tratamento aplicado ao esgoto doméstico da localidade.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Em projeção para os próximos anos, estima-se a crescente demanda dos


serviços de água e esgoto (SANTA RITA, 2018). O Gráfico 31 ilustra tal previsão, com
destaque para escala temporal vinculada conforme vida útil prevista para o empreendimento
(20 anos) e a década seguinte ao seu fechamento.

110
35.000
31.124
30.000
27.218
24.899
25.000 23.803
21.775
20.652
20.000 19.042
16.522 ÁGUA (m3/dia)
15.000 ESGOTO (m3/dia)

10.000

5.000

0
2018 2028 2038 2048

Gráfico 3.31. Projeção dos Sistemas de Água e Esgoto, conforme estimativa de crescimento populacional e
demanda de usuários.
Fonte: Santa Rita (2018).

No que diz respeito aos resíduos sólidos, estima-se que 91% dos
municípios paraibanos ainda utilizem meios inadequados de manejo e disposição final, o que
pode resultar em problemas ambientais, sociais e econômicos diversos. Mediante adequação
para reverter este cenário, o Estado da Paraíba disponibilizou uma versão preliminar de uma
Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS-PB, 2014), que visa instrumentalizar ações de
gestão e planejamento integrado dos resíduos.
De acordo com o documento, a disposição final de resíduos sólidos
urbanos (RSU) em aterros sanitários ocorre apenas nos municípios de Alhandra, Bayeux,
Caaporã, Cabedelo, Conde, João Pessoa e Santa Rita, São Mamede. Por definição, os RSU
englobam os de origem domiciliar urbana (RDU) e os de limpeza urbana (RLU), que
poderiam ter um manejo diferenciado pela coleta seletiva do material reciclável.
A taxa de geração de resíduos é estimada conforme faixa populacional,
onde para populações maiores que 100.000 habitantes, estima-se uma geração de 1,41 kg por
habitantes ao dia para resíduos domiciliares urbanos e de 0,212 kg por habitantes ao dia para
resíduos de limpeza urbana (PERS-PB, 2014). Com estes dados e conforme projeção da
população de Santa Rita, a Tabela 19 presenta a projeção de geração nas próximas décadas,

111
considerando a vida útil do empreendimento (20 anos) e a década seguinte ao seu
fechamento.

Tabela 3.19. Projeção da Geração de Resíduos Sólidos Urbanos em Santa Rita. RDU (Resíduo Domiciliar
Urbano); RLU (Resíduo de Limpeza Urbana).

ANO POPULAÇÃO (hab.) RDU (kg/hab/dia) RLU (kg/hab./dia)

2018 137.680 194.129 41.155


2028 158.684 223.744 47.434
2038 181.456 255.853 54.241
2048 207.495 292.568 62.024
Fonte: adaptação de PERS-PB (2014).

Na avaliação da percepção da população do entorno do aterro foram


verificados que apenas 43% dos entrevistados são atendidos pela coleta regular e 57% não
são atendidos por este serviço. Neste sentindo, o descarte dos resíduos desta população não
atendida pela coleta se dá por meio de queima, jogam em terrenos desocupados e enterram.
As comunidades Jacaraúna e Agrovila se apresentam mais desenvolvidas
que as demais, devido a proximidade com a usina Japungu que atrai alguns serviços de
saneamento com o seu funcionamento. Neste sentido, pode-se destacar o acesso da
população a cursos profissionalizantes nesta região, estes oferecidos pela Usina, Menor
Aprendiz e SENAI.

3.3.7. Energia Elétrica

A incumbência da distribuição de energia elétrica para o município é da


Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba (ENERGISA), sendo proveniente do
sistema da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF). No ano de 2008, haviam
33.837 consumidores que atingiram o consumo de 120.013 MWh.
A Tabela 20 mostra que a maior quantidade de consumidores é da classe
residencial (98,44%), seguido pela classe comercial (4,95%). A classe que menos possui
representação são os consumidores próprios (0,01%). Embora a classe industrial tenha pouca
representatividade com relação à quantidade de consumidores, o consumo de energia elétrica

112
se mostra o mais elevado, representando 54,83% do consumo total de energia do município,
seguido da classe residencial 24,94%.

Tabela 3.20. Número de consumidores e respectivos consumos por classes de consumo – 2008.

CLASSE DE Nº DE CONSUMO QUANTIDADE


CONSUMO (%)
CONSUMO CONSUMIDORES (MWh) (%)

Residencial 31.279 29.937 92,44 24,94


Industrial 141 65.806 0,42 54,83
Comercial 1.675 7.252 4,95 6,04
Rural 501 4.257 1,48 3,55
Poder Público 218 4.146 0,64 3,45
Iluminação Pública 7 4.487 0,02 3,74
Serviço Público 13 4.086 0,04 3,40
Próprias 3 43 0,01 0,04
Total 33.837 120.013 100,00 100
Fonte: Anuário Estatístico da Paraíba, IDEME (2008).

O Gráfico 32 ilustra a diferença apresentada na Tabela 21. Nele, percebe-


se a relação de quantidade de consumidores e o consumo de acordo com suas classes.

Relação do Número de Consumidores Com o Consumo

70.000
60.000
50.000
40.000
30.000 Nº de Consumidores
20.000 Consumo (MWh)
10.000
0

Gráfico 3.32. Variação percentual do consumo e número de consumidores de energia elétrica em MWh, por
classes de consumo – 2008.
Fonte: Energisa (2008) in IDEME (2008).

113
A população entrevistada afirma ser atendida pelo serviço de energia
elétrica, todavia observou-se unidades habitacionais com estrutura rudimentar (taipa), assim
sendo a concessionária de energia relata não conseguir fazer a instalação do serviço.

3.3.8. Educação

O setor de educação de Santa Rita é composto por escolas do ensino pré-


escolar, fundamental e médio; além do ensino técnico e superior. Segundo o IBGE, em 2015
o município contava com 96 escolas de ensino pré-escolar, sendo 47 escolas públicas
municipais e 49 escolas privadas. Já para o Ensino Fundamental, encontrava-se 115 escolas,
sendo 46 públicas municipais, 17 estaduais e 52 privadas. Quanto ao Ensino Médio, possuía
17 escolas, sendo nove estaduais e oito escolas privadas. O ensino técnico e superior é
realizado pelo Instituto Federal da Paraíba (IFPB – Campus Santa Rita) e Departamento do
Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
O número de alunos matriculados no município no ano de 2015 foi de
28.199. Destes, 11.307 referem-se à rede municipal, com 1.343 no ensino pré-escolar e
9.964 no ensino fundamental. Na rede estadual eram 8.353 matriculados: 4.493 no
fundamental e 3.860 no ensino médio; e nas escolas particulares eram 6.828 alunos
matriculados, 1.711 no pré-escolar, 6.072 no fundamental e 756 no ensino privado. Para
atender a demanda do ensino, o município contava com 165 docentes do ensino pré-escolar,
1.035 docentes no ensino fundamental e 303 docentes do ensino médio.

Tabela 3.21. Número de escolas, docentes e matriculados do município de Santa Rita – 2015.
DEPENDÊNCIA No DE
DOCENTES MATRICULADOS
ADMINISTRATIVA ESTABELECIMENTOS
Ensino Pré-Escolar
Municipal 47 75 1.343
Estadual 0 0 0
Particular 49 90 1.711
Total 96 165 3.054
Ensino Fundamental
Municipal 46 464 9.964
Estadual 17 249 4.493
Particular 52 322 6.072
Total 115 1.035 20.529

114
Ensino Médio
Municipal 0 0 0
Estadual 09 221 3860
Particular 08 82 756
Total 17 303 4.616
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP, 2015/2016) e
Censo Educacional, IBGE (2015).

Cabe destacar que atualmente a zona rural do Município possui 23 escolas,


segundo a Secretaria da Educação. Nas adjacências da área do empreendimento, identificou-
se a Escola Municipal José Lima do Rego (Ensino Fundamental), que segundo a população
local, teve suas atividades encerradas, obrigando os alunos a se deslocarem para o Município
de Mamanguape/PB para dar continuidade aos estudos.
Oficialmente o transporte é feito por ônibus escolares, que levam os
estudantes para diversas escolas localizadas na zona rural ou mesmo a urbana. Porém foi
identificado com os moradores da região que este serviço não é desenvolvido de maneira
constante, ficando a população de alunos prejudicada no desenvolvimento das atividades
escolares.
Em relação ao ensino superior, o Departamento do Centro de Ciências
Jurídicas da UFPB conta com 837 alunos com matrícula ativa e 32 docentes para o ano de
2018. Os dados do IFPB Campus Santa Rita ainda serão apurados após período de matrícula
da instituição.
Na Figura 39 é possível verificar a distribuição das escolas na área rural do
município. Destaca-se que na porção norte de Santa Rita encontram-se as Escolas
Municipais José Lima do Rego (Ensino Fundamental) atualmente fechada; Santa Emília
(Ensinos Infantil e Fundamental); Japungu (Ensino Fundamental); e Jorge Rodrigues de
Lima (Ensinos Fundamental e de Jovens e Adutos).

115
Figura 3.39. Mapa das Escolas na área Rural.
Fonte: Prefeitura de Santa Rita.

116
3.3.9. Saúde

O Município de Santa Rita é beneficiado pelo Sistema Único de Saúde


(SUS). Dentre as atuações do SUS, são encontradas 39 unidades do Programa de Saúde da
Família (PSF), sendo oito instaladas na área rural. Os PSFs são distribuídos e separados em
três distritos, conforme Tabela 22.

Tabela 3.22. Relação dos PSFs em Santa Rita.


UNIDADE DE PSF ENDEREÇO NÚMERO BAIRRO
Distrito I
Dr. Texeira de Vasconcelos Rua Jornal do Brasil S/N Portal Paraíso
Heitel Santiago Rua Amineris G. Santiago 116 Heitel Santiago
Irmã Cacilda Rua do Combate 159 M. Moura
Jardim Europa I Rua Gov. Ivan Bichara 410 J. Europa I
Jardim Europa II Rua Sind. Gabriel C Costa 192 J. Europa II
Marcos Moura I Rua Cassiano R. Coutinho 183 Marcos Moura
Marcos Moura II Rua PE Geraldo Pinto 506 Marcos Moura
Marcos Moura III Rua Rad. Faustino do Nascimento S/N Marcos Moura
Sol Nascente Rua Manoel Pedro Francelino 10 Lot. Sol Nascente
Ivone Morais Av. Campina Grande S/N Tibiri II
Odom Leite Rua Pocinhos 85 Tibiri III
Padre Malagrida I Rua Rio Tinto 379 Tibiri II
Padre Malagrida II Av. Campina Grande S/N Tibiri II
Distrito II
Bebelândia (RURAL) Conjunto Bebelândia S/N Bebelândia
Boa Vista Rua José Carlos Lins 84 Boa Vista - V. Nova
Celeste Ribeiro Rua Virginio da Gama e Melo 27 Castanheiro VN
Farmaceutico Antônio de Azedo Rua Juarez Tavora 170 Centro
Forte Velho/Ribeira (RURAL) Distrito de Forte Velho 135 Forte Velho
Lerolândia (RURAL) Povoado de Lerolândia S/N Lerolândia
Livramento (RURAL) Rua da Matriz 193 Livramento
Maria de |Lourdes Praça Pedro II S/N Tibiri Fábrica
Masa Rua Elisio Dantas 109 Varzea Nova
Miriri (RURAL) Destilaria Miriri S/N Destilaria Miriri
Varzea Nova III Av. Anésio Alves de Miranda 2 Varzea Nova
Barão do Abiay Av. Anésio Alves de Miranda 225 Varzea Nova
José Alves de Melo Lot. São Judas Tadeu
Distrito III

117
Aldeny Montenegro Rua Pereira Lira 305 Bairro Popular
Ana Virginia Rua Maria da Paz Lacert S/N B. do Acude
Célia Santiago Rua Deputado Flaviano R. Coutinho S/N Nova Esperança
Cicerolandia (RURAL) Cicerolandia S/N Cicerolandia
Flavio Maroja II Rua 22 de Maio S/N Alto Popular
Francisca Lira de Carvalho Rua Rio Branco S/N Santa Cruz
Maurice Van Woensel Rua Rodrigues Alves 691/b Alto Popular
Mutirão Rua Trav. Antonio V Dourado 42B Jardim Planalto
Odilândia (RURAL) Rua Vital de Negreiros S/N Odilândia
Paulo VI Rua Guanabara 54 Popular
Usina São João (RURAL) Usina São João S/N Usina São João
Vidal de Negreiros Rua Tenete Francisco Pedro S/N Alto Popular
Padre Paulo Koelen Av. Flavio Ribeiro Coutinho S/N Centro
Fonte: Secretaria de Saúde do Munícipio de Santa Rita.

Santa Rita/PB ainda conta com quatro Núcleos de Apoio a Saúde da


Família (NASFs), especificados na Tabela 23. Os NASFs são compostos por equipes de
diferentes profissionais, que atuam integradamente em apoio aos profissionais de Equipes da
Saúde Familiar e as Equipes de Atenção Básica para uma população específica, monitorando
a sua região. A região também dispõe de oito Unidades Especializadas e Centros de Saúde
Especializado, descritos na Tabela 24.

Tabela 3.23. Relação dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família.

NASF BAIRRO
NASF I - PSF - Aldeny Montenegro Bairro Popular
NASF II - PSF - Celeste Ribeiro Várzea Nova
NASF III - PSF – PE Malagrida I Tibiri II
NASF IV - PSF - Padre Paulo Koelen Centro
Fonte: Secretaria de Saúde do Munícipio de Santa Rita.

Tabela 3.24. Relação das Unidades Especializadas e Centros de Saúde.

UNIDADES ESPECIALIZADAS E ENDEREÇO NÚMERO BAIRRO DISTRITO


CENTROS DE SAÚDE
Centro De Saúde Padre Malagrida Av. Campina Grande S/N Tibiri II I
Centro De Atenção Psicosocial - Rua Thirso Furtado S/N Várzea Nova II
Caps Ii
Centro De Especialidades Rua Elvina 39 Centro II

118
Odontológicas Cavalcante
Centro De Saúde Barão Do Abiay R. Anesio Alves De 740 Várzea Nova II
Miranda
Serviço De Assistência Especializada R. Dom Urico 126 Centro II
– Sae
Centro De Saúde Dr. Flavio Maroja Rua 22 De Maio S/N Alto Popular III
Posto De Assintência Médica Sta. Av. Flavio Ribeiro 388 Centro III
Rita Coutinho
Policlínica José Lins De - - - -
Albuquerque
Fonte: Secretaria de Saúde do Munícipio de Santa Rita.

Em Santa Rita/PB, além das unidades de saúde administradas pela


Prefeitura Municipal, há uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) administrada pelo
Governo do Estado da Paraíba, e um hospital filantrópico, o Hospital e Maternidade Flávio
Ribeiro Coutinho, inicialmente criado para atender os empregados da Usina Santa Rita S/A.
O Estado também administra o Hospital Metropolitano Dom José Maria
Pires (HMDJMP), tendo sido inaugurado no primeiro semestre de 2018. O HMDJMP é
referência nas áreas de cardiologia e neurologia para atender uma demanda que mais causa
morte entre os paraibanos. As populações da região do Vale do Mamanguape, Santa Rita,
João Pessoa e Bayeux são os principais beneficiados com o funcionamento do Hospital. A
infraestrutura é de 11 salas de cirurgias e 229 leitos, sendo 03 de emergência, 41 de
observação (vermelha e amarela), 125 enfermarias (adulto e pediátrico) e 60 Unidades de
Terapia Intensiva (UTI, adulto e pediátrico). As UTIs são divididas em neurocirúrgica,
AVC, cardiológica e pediátrica cardio/neuro.
As condições de saúde no munícipio têm recebido uma melhor atenção nos
últimos anos devido à construção do Hospital Metropolitano e de postos de saúde
localizados na zona rural. A principal deficiência é a ausência de profissionais da área de
saúde que residem na cidade, o que dificulta o atendimento de grande parte da população do
município.
A incidência de atendimentos médicos mais recorrentes na região de Santa
Rita que afetaram a população em 2016 foi para casos de febre de Chikungunya. Em 2017
foi para casos antirrábicos, de violência interpessoal, acidentes por animais peçonhentos,
tuberculose, hanseníase, sífilis adquirida e sífilis congênita. Por fim, até março de 2018 já

119
foram registrados atendimentos em maior incidência para casos de atendimento antirrábico,
sífilis adquirida, sífilis em gestantes e acidentes por animais peçonhentos, conforme Tabela
25. No mais, as doenças mais recorrentes seguem em conformidade com o Estado da
Paraíba, tais como hipertensão e diabetes.

Tabela 3.25. Principais atendimentos médicos no munícipio de Santa Rita nos últimos anos.
PRINCIPAIS ATENDIMENTOS MÉDICOS 2016 2017 2018
Acidente De Trabalho Com Material Biológico 1 3 -
Acidente Por Animais Peçonhento 12 45 13
AIDS 6 15 3
Atendimento Antirrábico 77 283 31
Coqueluche 1 2 -
Criança Exposta HIV - 1 -
Difteria - 1 -
Doença Pelo Vírus Zika 5 3 -
Doenças Exantemáticas 1 1 1
Febre De Chikungunya 49 12 1
Gestante HIV - 1 3
Hanseníase 4 36 7
Hepatites Virais 4 10
Intoxicação Exógena 14 25 5
Leishmaniose Visceral - 2 -
Leptospirose - 2 -
Meningite 1 4 -
Sífilis Adquirida 12 41 21
Sífilis Congênita 2 30 4
Sífilis Em Gestante 3 21 14
Toxoplasmose - 6 1
Tuberculose 12 40 5
Violência Interpessoal/Autoprovocada 18 138 1
Total Geral 222 722 110
Fonte: Secretaria de Saúde do Município de Santa Rita (2018).

A taxa de mortalidade infantil no munícipio de Santa Rita, estimada a


partir dos dados do Censo de 2010, é de 16,9% a cada 1.000 crianças menores de um ano
nascidas vivas. Essa taxa encontra-se menor do que os anos anteriores devido às campanhas
de vacinação e do programa de prevenção realizado pelo município.
120
Estado Nutricional
O estado Nutricional da População de Santa Rita encontra-se de acordo
com a média regional e nacional, como mostrado nas tabelas a seguir.

Tabela 3.26. Acompanhamento do Estado Nutricional das Crianças do Município de Santa Rita.
Abrangência Municipal Peso X Idade

Peso Muito Baixo Peso Baixo Peso Adequado Peso Elevado

Código Código
Região UF Município para a Idade para a Idade ou Eutrófico para a Idade Total
UF IBGE
Quantidade % Quantidade % Quantidade % Quantidade %

SANTA
NORDESTE 25 PB 251370 13 1.13 38 3.29 991 85.8 113 9.78 1.155
RITA

TOTAL ESTADO PARAÍBA 109 1.11 280 2.85 8.681 88.26 766 7.79 9.836

TOTAL REGIÃO NORDESTE 394 1.35 996 3.41 25.682 87.99 2.116 7.25 29.188

TOTAL BRASIL 4.323 2.08 9.595 4.61 183.399 88.11 10.838 5.21 208.155

Fonte: SISVAN- Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (2018).

Como demonstrado na Tabela 26, o percentual de crianças abaixo do peso


ideal encontra-se menor do que a média nacional, já o valor referente a peso elevado, o
município de Santa Rita segue com um percentual elevado, comparado ao Brasil.

Tabela 3.27. Acompanhamento do Estado Nutricional dos Adolescentes do Município de Santa Rita.
Abrangência Municipal Altura X Idade

Altura Muito Baixa Altura Baixa Altura Adequado


Código Código
Região UF Município para a Idade para a Idade para a Idade Total
UF IBGE
Quantidade % Quantidade % Quantidade %

SANTA
NORDESTE 25 PB 251370 3 9.68 0 - 28 90.32 31
RITA

TOTAL ESTADO PARAÍBA 18 4.15 30 6.91 386 88.94 434

TOTAL REGIÃO NORDESTE 86 3.23 189 7.1 2.387 89.67 2.662

TOTAL BRASIL 1.336 2.09 3.242 5.07 59.366 92.84 63.944

Fonte: SISVAN- Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (2018).

Os valores para a altura adequada dos adolescentes de Santa Rita, a sua


média encontra-se abaixo da média nacional.

121
Tabela 3.28. Acompanhamento do Estado Nutricional dos Adultos do Município de Santa Rita.
Abrangência Municipal IMC *

Adequado Obesidade Grau


Baixo peso Sobrepeso Obesidade Grau I Obesidade Grau II
Código Código ou Eutrófico III
Região UF Município Total
UF IBGE
Quantidad Quantidad Quantidad Quantidad Quantidad Quantidad
% % % % % %
e e e e e e
NORDE
25 PB 251370 SANTA RITA 1 3.85 8 30.77 9 34.62 8 30.77 0 - 0 - 26
STE

TOTAL ESTADO PARAÍBA 21 1.28 455 27.76 607 37.03 363 22.15 140 8.54 53 3.23 1.639

TOTAL REGIÃO NORDESTE 179 2 3.000 33.59 3.126 35 1.769 19.81 617 6.91 240 2.69 8.931

TOTAL BRASIL 5.644 2.24 86.949 34.49 85.497 33.91 47.146 18.7 18.216 7.23 8.653 3.43 252.105

Fonte: SISVAN- Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (2018).

O índice nacional, quanto ao peso adequado dos adultos, é relativamente


baixo do ideal, pois está abaixo de 50%. Mesmo assim Santa Rita/PB mantém o padrão de
variação em relação aos valores regionais e nacionais. No que concerne à Obesidade de
Grau II e Grau III não registro no município.

Tabela 3.29. Acompanhamento do Estado Nutricional dos Idosos do Município de Santa Rita.
Abrangência Municipal IMC

Código Código Baixo peso Adequado ou Eutrófico Sobrepeso


Região UF Município Total
UF IBGE
Quantidade % Quantidade % Quantidade %

SANTA
NORDESTE 25 PB 251370 1 100 0 - 0 - 1
RITA

TOTAL ESTADO PARAÍBA 25 12.14 71 34.47 110 53.4 206

TOTAL REGIÃO NORDESTE 193 16.89 439 38.41 511 44.71 1.143

TOTAL BRASIL 15.862 15.01 40.802 38.62 48.985 46.37 105.649

Fonte: SISVAN- Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (2018).

No que se diz respeito aos idosos, no ano de 2018 até o mês de março,
obteve o registro de apenas um idoso que se encontra abaixo do peso.

122
Tabela 3.30. Acompanhamento do Estado Nutricional das Gestantes do Município de Santa Rita.
Abrangência Municipal Estado nutricional atual (IMC por semana gestacional)
Adequado ou
Código Código Baixo peso Sobrepeso Obesidade
Região UF Município Eutrófico Total
UF IBGE
Quantidade % Quantidade % Quantidade % Quantidade %
SANTA
NORDESTE 25 PB 251370 0 - 0 - 2 100 0 - 2
RITA
TOTAL ESTADO PARAÍBA 197 15.08 479 36.68 376 28.79 254 19.45 1.306
TOTAL REGIÃO NORDESTE 1.178 17.66 2.493 37.38 1.815 27.21 1.184 17.75 6.670
TOTAL BRASIL 8.807 16.05 19.729 35.96 14.795 26.97 11.526 21.01 54.857
Fonte: SISVAN- Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (2018)

Em relação às gestantes, no ano de 2018 até o mês de março, obteve o


registro de apenas duas gestantes em estado de sobrepeso.
Mediante a aplicação dos questionários a população local entende, em sua
maioria, que possui assistência à família por agente de saúde e atendimento de saúde
preventiva através de vacinação, distribuição de remédios, pré-natal, pós-natal e exames
clínicos. O Gráfico 33 mostra que o maior serviço de atendimento a saúde preventiva da
região é a vacinação.

Atendimento de Saúde Preventiva da Região

VACINAÇÃO
14%
PRÉ-NATAL
34%
19% PÓS-NATAL

DISTRIBUIÇÃO DE
REMÉDIOS
17% 16% EXAMES CLÍNICOS

Gráfico 3.33. Serviços de atendimento de saúde preventiva da região.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

3.3.10. Segurança Pública

No dia 31 de junho de 2014, o Governo do Estado da Paraíba inaugurou a


5ª Delegacia Seccional De Polícia Civil, localizada no Centro do município (Rua Francisco

123
Gomes Azedo, 106), em operação desde o dia 02 de julho do mesmo ano. Há também a
Delegacia da Mulher e a Delegacia de Homicídios.
A Unidade de Polícia de Santa Rita atende à demanda das populações dos
municípios de Sobrado, Sapé, Mari, Lucena, Cruz do Espírito Santo e Riachão do Poço. Em
média, atuam nas delegacias 53 policiais civis que contam com sete viaturas. As ocorrências
mais frequentes são ocasionadas por pequenos furtos e utilização de bebidas alcoólicas, que
resulta em violência interpessoal e doméstica.

3.3.11. Comunicação

Os serviços postais e telegráficos são executados pela Empresa Brasileira


de Correios e Telégrafos (ECT). O município dispõe de uma agência própria dos Correios,
duas agências comunitárias, duas franqueadas e cinco caixas de coletas.
O município dispõe oficialmente de duas emissoras de rádio FM, com
transmissão das rádios da capital. Possui sinais de recepção de televisão e dispõe de jornais
de circulação diária provenientes de João Pessoa e de outros Estados. Em Santa Rita/PB,
encontra-se também oficialmente uma rádio comunitária, que apresenta propagandas e
programas relacionados ao município e religião. O município também é atendido por todas
as empresas de telefonia móvel que operam no Brasil.
No Município de Santa Rita/PB também são encontradas algumas
infraestruturas que atendem a comunidade local como: quadra poliesportiva, posto do Banco
do Brasil, casa lotérica, entre outros já descrito no projeto.

3.3.12. Turismo, Lazer e Cultura

O turismo no Município é destacado durante eventos do Carnaval de rua


(fevereiro); Mistérios da Paixão de Cristo (março); Festa da Emancipação Política (março);
Festa da padroeira Nossa Senhora Rita de Cassia (maio); São João (junho); Natal
(dezembro); e Réveillon (dezembro). A Festa Junina merece destaque no Município, onde
existe atualmente 30 quadrilhas registradas, que inclui a categoria infantil e da melhor idade.
A categoria adulta sempre está inserida em competição a nível estadual e nacional.
Os principais pontos turísticos identificados foram:- Teatro Ivonaldo
Rodrigues; Teatro Oficina de Artes; o balneário de piscinas naturais Recanto do Lazer;

124
trilhas no distrito de Forte Velho; Ribeira Adventures Club; Paroquia Santuário Santa Rita
de Cássia; Igreja de São Sebastião, localizada no distrito de Forte Velho; Igreja Matriz
Sagrado Coração de Jesus; Igreja Nossa Senhora das Batalhas; Igreja Nossa Senhora do
Patrocínio; Casa Grande do antigo Engenho Uma; Capela do Antigo Engenho Uma;
Engenho Banguê.
O Município dispõe ainda de atividades socioculturais como bibliotecas
públicas, clubes, associações recreativas, Estádio e ginásio poliesportivo.
A principal atividade de lazer frequentada pela população local é a igreja,
outras atividades foram relatadas, estas descritas no Gráfico 34.

QUAIS OS ESPAÇOS PÚBLICOS QUE VOCÊ


FREQUENTA ?

3% 3% 3% PRAÇAS

9% CAMPO DE
13% FUTEBOL
CLUBE

IGREJAS

MERCADO
69% PUBLICO
RIO

Gráfico 3.34. Atividades de lazer da população local.


Fonte: Real Soluções.

3.3.13. Patrimônios Histórico, Cultural e Imaterial

No que se refere ao patrimônio histórico e cultural, o projeto orientou-se


pela avaliação do impacto aos bens materiais e imateriais de forma descritiva e sistemática
para as áreas onde está inserida a intervenção construtiva, guiando-se pelo art. 18 da seção II
(III) do capítulo II da Instrução Normativa 01/2015, e pelos itens apontados no Termo de
Referência Específico de número 07/2018 (IPHAN-PB) que enquadrou o empreendimento
como de média a alta interferência (Nível III). Destaca-se também que foi seguida a Lei
3.924/61 que dispõe sobre monumentos arqueológicos e pré-históricos, e Portaria 07/88 –
SPHAN, que regulamenta os pedidos de permissão e autorização, e a comunicação prévia

125
quando do desenvolvimento de pesquisas de campo e escavações arqueológicas no país, Lei
nº 6.938/81, Resolução CONAMA nº 001/1986 que define o que é impacto ambiental como
sendo qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, e, por fim, a Resolução CONAMA nº 237/1997 que define
procedimentos e critérios usados para o licenciamento ambiental.
A ocupação do litoral paraibano foi semelhante à que dominou todo o
litoral nordestino. Muitos grupos, tais como: os cariris, potiguara, caetés, tabajaras, tupi;
tiveram sua participação no processo de ocupação. Os colonizadores expandiram e tornarem
posso das terras, com conflitos e acordos. Dentre os grupos indígenas que tiveram
participação na estruturação do espaço paraibano, especificamente das terras hoje
pertencentes ao município de Santa Rita, PB, estão os Potiguaras.
Para garantir as terras e usar para produção açucareira, foi criada pela
Coroa Portuguesa a Capitania da Paraíba, sendo que esta foi desmembrada da Capitania de
Itamaracá (MATIAS, 2012), De acordo com Matias (2012) a Capitania da Paraíba foi
resultado de uma ação de defesa do Rei D. Sebastião, contra os ataques dos índios
Potiguaras, e garantiu as terras, onde mais tarde desenvolveu a exploração de madeira e
cana-de-açúcar.
Ele contou com o apoio do ouvidor-mor de Pernambuco, Marin Leitão,
para expulsar os potiguaras das terras de seu interesse, com isso, Martin Leitão, ganhou
terras próximas ai Rio Tibiri que surge o povoado que formou a atual cidade de Santa Rita.
Entre os séculos XVIII e XIX, com a queda da produção açucareira,
iniciaram-se as lavouras de subsistência, do algodão e a pecuária no agreste e sertão
paraibano. O povoado de Santa Rita foi beneficiado com essa conjuntura, pois esse processo
de produção necessitava de terras para as lavouras e pecuária, o que foi fornecido pelas
terras do atual município (MATIAS, 2012). Em 1924 a vila de Santa Rita é elevada a cidade
“Através da Lei n° 613, Presidente da Província, João Suassuna, eleva Santa Rita à cidade”.
(MATIAS, p.62.2012).
Através da historiografia e dos bens materiais e imateriais é possível obter
informações sobre o contexto da cidade, como informações sobre os indígenas que habitam
aquela região, as construções das igrejas, estudo dos registros cerâmicos e outros. No
patrimônio cultural material o(s) suporte(s) físico(s) conserva(m) /apresenta(m) diretamente

126
os seus valores culturais, como nos casos, por exemplo, das edificações, objetos e artefatos.
(SILVA, P. da S. p.1).

Figura 3.40. Mapa dos Patrimônios Históricos de Santa Rita.


Fonte: Prefeitura de Santa Rita.

Entre os bens imateriais presentes no Nordeste com reconhecimento no


IPHAN como sendo patrimônio cultural brasileiro estão a Roda de Capoeira e o Ofício dos
Mestres de Capoeira e o Teatro de bonecos, devidamente registrados no Livro de Registro
das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes, volume primeiro,
respectivamente, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
127
Durante o levantamento realizado na cidade de Santa Rita e nas
comunidades do Patrocínio e Socorro não foi identificado o Teatro de bonecos. A capoeira
por sua vez se fez presente, juntamente com outros bens de natureza imaterial atuantes no
município. Entre elas estavam, a quadrilha junina, coco de roda e expressões religiosas.
A capoeira é uma manifestação que envolve música, dança, luta esporte,
arte e a transmissão do ensinamento dos mestres que ensinam para seus discípulos através da
oralidade. Na capoeira as chamadas “rodas” são a expressão máxima desta prática, onde se
mistura aspectos históricos, simbólicos, antropológicos, estéticos e corporais.
De acordo com a UNESCO, a capoeira está presente em pelo menos 150
países, sendo uma manifestação e expressão da cultura afro-brasileira. E está presente
também na cidade de Santa Rita, que de acordo com o mestre Marcos Lira Cavalcante,
participante do grupo de capoeira Raízes Africanas que surgiu no ano de 1979, liderada pelo
mestre Manoel.
Faz 35 anos que o grupo Raízes Africanas atua com o trabalho social na
comunidade sob a liderança do mestre Marcos Lira Cavalcanti. Todo ano, em 19 de agosto é
realizado um evento para comemorar o aniversário do Raízes e arrecadar fundos para a
manutenção do grupo. É um trabalho unicamente social, não tendo vínculos políticos.

Figura 3.41. Grupo raízes africanas.


Fonte: Real Consultoria e Soluções, 2018.

128
Figura 3.42. Treinos do Grupo Raízes Africanas.
Fonte: Fonte: Real Consultoria e Soluções, 2018.

A capoeira por sua vez se faz presente, juntamente com outros bens de
natureza imaterial atuantes no município, entre elas estão, a quadrilha junina, coco de roda e
expressões religiosas.

Figura 3.43. Apresentação do grupo Explosão Nordestina.


Fonte: Real Consultoria e Soluções, 2018.

129
Figura 3.44. Grupo de Coco de roda em Forte Velho.
Fonte: Real Consultoria e Soluções, 2018.

Figura 3.45. Apresentação da Paixão de Cristo na comunidade do Patrocínio.


Fonte: Real Consultoria e Soluções, 2018.

Sendo as manifestações de interesse cultural de natureza imaterial (tais como os


modos tradicionais de viver, de fazer e se expressar, os lugares e referenciais de memória) a
memória vida da história de um povo, onde seu legado é transmitido pelas gerações passadas

130
ficando de geração para as próximas gerações. A valorização do patrimônio cultural de uma
sociedade é uma forma de promover a sua preservação, onde cada pessoa pode dar
continuidade ás memórias adquirida através do tempo.
Sendo as manifestações de interesse cultural de natureza imaterial (como os modos
tradicionais de viver, de fazer e se expressar, os lugares e referenciais de memória) a
memória viva da história do povo, onde seu legado é transmitido pelas gerações.

3.3.13.1. Estudos Patrimoniais no empreendimento


Os estudos patrimoniais têm como objetivo intervir na construção dos
empreendimentos, tendo em vista o potencial arqueológico que pertence as comunidades de
determinadas regiões. Deste modo constatamos que nas vistorias que antecederam a
implantação do empreendimento na área do ASL, verifica-se uma área totalmente desmatada
e alterada pela ação humana para uso de pastos e agricultura, tendo em vista que é umas das
principais atividades econômicas do município. Sobretudo a plantio de cana-de-açúcar que
está consolidada na região – que tem como ação principal a aração profunda e revolvimento
do solo, sob as camadas superficiais que incorporam os elementos ao solo, dificultando
qualquer achado de possível material arqueológico em superfície.
Uma vez observada a situação da área, se fez a opção pela não realização
de estudos arqueológicos in loco, destarte, é esperado que seja solicitado pelo IPHAN um
laudo de danos arqueológico, dado o atual cenário e estágio de implantação do referido
empreendimento, o qual se encontra em avançado estágio de implantação. Tal laudo não
seguirá o rito convencional de um acompanhamento de campo arqueológico, uma vez que
toda a área, não obstante possuir longo histórico de intervenção oriunda da monocultura da
cana-de-açúcar e da pecuária, também foi alvo de implantação de estruturas de obras civis,
de trabalhos de terraplanagem, bem como de retirada de materiais de jazidas de empréstimo,
logo, restou impossibilitado o encontro de possíveis vestígios e/ou materiais arqueológicos
na área afetada.
Sendo as manifestações de interesse cultural de natureza imaterial (tais
como os modos tradicionais de viver, de fazer e se expressar, os lugares e referenciais de
memória) a memória viva da história de um povo, onde seu legado é transmitido pelas
gerações passadas ficando de herança para as próximas gerações. A valorização do
patrimônio cultural de uma sociedade é uma forma de promover a sua preservação, onde
cada pessoa pode dar continuidade às memórias adquiridas através do tempo. Dentro desta
131
perspectiva, recomenda-se que a Prefeitura local tenha mais conhecimento da diversidade
cultural e interesse em divulgação e apoio, principalmente ao grupo de capoeira Raízes
Africanas. Assim como, assegurar o grupo de seu crescimento, para que este patrimônio
cultural não se perca no tempo. Desta forma também, aplicando-se aos demais grupos, que
haja:
a) apoio à transmissão dos saberes e habilidades relacionadas ao bem cultural;
b) promoção e divulgação do bem cultural;
c) valorização de mestres e executantes;
d) organização dos detentores e de atividades comunitárias;
e) melhoria das condições de produção, reprodução e circulação.
Deste modo, o levantamento foi avaliado à luz da legislação e,
principalmente, de forma a analisar os impactos que este empreendimento possa causar a
estes bens intangíveis. Considerando a distância do empreendimento em relação ao
município de Santa Rita, e tendo como referencial além dos dados coletados em campo, o
estudo na Área de Influência Indireta (AII), foi percebido que o condomínio Eco Park não
apresenta qualquer ameaça ao patrimônio cultural imaterial local.

3.3.14. Estrutura Produtiva e de Serviço

O Município apresenta a quarta maior economia do Estado da Paraíba,


onde o valor do Produto Interno Bruto registrou no período 2014/2015 uma variação
nominal de 4,7% (IBGE). Em termos financeiros de passou de R$ 2.077.897,29 bilhões em
2014 para 2.180.152,20 bilhões em 2015. Dessa maneira o desempenho do PIB na
participação estadual aumentou de 3,9% para 4,1% (IBGE).
Segundo o IBGE (2015), em 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) a preço
de mercado corrente para o Município era de R$ 2.180.152,20 milhões e o PIB per capita
atingiu o valor de R$ 16.156,46 mil. O PIB adicionado pelo setor de serviços era o mais
expressivo, chegando a representar 62,85% do total; enquanto o setor industrial atingiu o
índice de 33,68%, o setor agropecuário com um índice inferior aos outros com um total de
3,47% do valor total. A Tabela 31 mostra os valores do PIB adicionado, por setores do
município de Santa Rita no ano de 2015.

132
Tabela 3.31. PIB adicionado por setores – 2015.
SETORES PRODUTIVOS PIB (mil reais)

Agropecuária 63.692,58
Indústria 618.284,95
Serviços 1.153.858,98
Total 1.835.836,51
Fonte: PIB dos Municípios, IBGE (2015).

Já a indústria teve um aumento de 7,7% comparado a 2014, em


decorrência da indústria de transformação, mais especificamente o seguimento de calçados,
fabricação de velas, minerais não metálicos (tijolos e cerâmicas), estofados, pré-moldados,
como também a indústria sucroalcooleira, (Álcool, açúcar, rapadura). O Município tem a
maior incidência de fontes de agua mineral do Estado, possuindo várias indústrias nesse
ramo.
A agropecuária cresceu 9% no valor adicionado, com destaque a produção
de cana de açúcar e abacaxi que estão entre os principais produtos agrícolas produzido no
Estado. A bovino cultura também é expressiva com crescimento constante no Município.

3.3.14.1. Setor Primário


A principal atividade relacionada ao setor primário no Município é a
agropecuária. Os principais produtos agrícolas cultivados no ano de 2016 foram:
 Lavoura Permanente: coco-da-baía (63,93%), mamão (18,31%), banana (8,63%),
maracujá (3,22%) e manga (3,88%);
 Lavoura Temporária: cana-de-açúcar (58,61%), abacaxi (40,78%), mandioca
(0,51%), e batata doce (0,10%).

A Tabela 32 apresenta os principais produtos agrícolas do município e a


relação de área plantada (em hectares), quantidade produzida (em toneladas) e valor de
produção para o ano de 2016.

133
Tabela 3.32. Principais produtos agrícolas do município de Santa Rita – 2016.
ÁREA PLANTADA QUANTIDADE VALOR DA
DISCRIMINAÇÃO
(ha) PRODUZIDA (t) PRODUÇÃO (R$ mil)
Lavoura Permanente
Coco-da-baía 1.200 4.800 2.880,00
Mamão 15 825 825,00
Banana 24 432 389,00
Maracujá 7 63 145,00
Manga 25 175 175,00
Total 1.271 6.295 4.414,00
Lavoura Temporária
Cana-de-açúcar 18.000 990.000 89.100,00
Abacaxi 1.800 54.000 61.992,00
Mandioca 140 1.400 770,00
Batata-doce 16 128 128,00
Total 19.956 1.045.528 151.990,00
Fonte: Produção Agrícola Municipal, IBGE (2016).

Com relação à pecuária destaca-se a produção de camarão, com um efetivo


que apresentou um índice de 74,92% da produção total do Município, seguido do efetivo de
codornas apresentando um índice de 16,65%; bovinos com um índice de 8,42%, tambaqui
com 1,22% e os demais efetivos apresentando índices inferiores a 1,0%. Na Tabela 33 é
possível verificar a atividade pecuária do Município, por efetivos de cabeças, no ano de
2016.

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Tabela 3.33. Produção Pecuária Municipal – 2016.
DISCRIMINAÇÃO EFETIVO (CABEÇAS)
Bovinos 4.022
Caprinos 372
Codorna 58.076
Equinos 324
Galináceos 284.078
Ovino 403
Suínos 667
Muares 27
Outras aves 12.305
Vacas ordenhadas 261
Leite de vaca (mil litros) 211
Ovos de galinha (mil dúzias) 21
Ovos de codorna (mil dúzias) 626
Camarão (kg) 169.000
Tambaqui (kg) 5.000
Fonte: Produção da Pecuária Municipal, IBGE (2018).

3.3.14.2. Setor Secundário


O setor industrial teve um aumento de 7,7% comparado a 2014, em
decorrência da indústria de transformação, mais especificamente o seguimento de calçados,
fabricação de velas, minerais não metálicos (tijolos e cerâmicas), estofados, pré-moldados,
como também a indústria sucroalcooleira, (Álcool, açúcar, rapadura). O Município tem a
maior incidência de fontes de agua mineral do Estado, possuindo várias industrias nesse
ramo. Na Figura 45 mostra os locais onde as indústrias estão instaladas na atualidade,
podemos observar que as unidades industriais estão localizadas no perímetro urbano do
município. Os campos 1 e 2 na cor marrom tracejado apresentados na Figura apresentam
áreas propostas para implantação de mais industrias, seguindo orientação do plano diretor do
município.
Entre as principais indústrias instaladas no município destacam-se:
Alpargatas S.A. (calçados), Velas Santa Clara, Carioflex (estofados), Cincera (cerâmica),
Ceramina (cerâmica), Lajes Sigma (pré-moldados de cimentos), Cosibra (sisal), Brastex
(sisal), Demyllus (confecções), Valtex (confecções).

135
Figura 3.46. Mapa de indústria e seus distritos.
Fonte: Prefeitura de Santa Rita.

Na indústria canavieira (açúcar, álcool, aguardente) existem os seguintes


empreendimentos: Usina Japungu, Usina Santana, Usina São João, Engenho do Meio, Usina
Monte Alegre, Destilaria Miriri. A Figura 46 mostra as usinas instaladas no município, no
qual a Usina Japungu, produtora de Etanol através da cana-de-açúcar, e a Destilaria Miriri,
atacadista de cerais e leguminosas beneficiados, são as que se encontram mais próximas ao

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empreendimento, marcados com círculos vermelhos. No segmento de água mineral
destacam-se: Água Mineral Platina, Água Mineral Indaiá, Água Mineral Sublime e Água
Mineral Itacoatiara.

Figura 3.47. Mapa de indústria e comercio rural.


Fonte: Prefeitura de Santa Rita.

3.3.14.3. Setor Terciário


A atividade de comércio no Município conta com várias estruturas, tais
como supermercados, mercearias e feira livre. No que se refere ao setor de serviços, Santa
137
Rita/PB dispõe de restaurantes, lanchonetes, bares, farmácia, cartório, casa lotéricas, hotéis,
possuindo quatro agencias bancárias: HSBC, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil,
Bradesco, com gradativa expansão para atender as novas exigências do mercado financeiro
devido à proximidade da capital este setor apresenta um crescimento constante. A Figura 47
mostra o eixo do desenvolvimento comercial na zona urbana de Santa Rita.

Figura 3.48. Mapa do eixo de desenvolvimento comercial.


Fonte: Prefeitura de Santa Rita

138
3.3.15. Percepção Ambiental da População Local

A percepção ambiental é a capacidade que um indivíduo possui de


compreender o ambiente o qual está inserido. Neste sentido, a aplicação do questionário
identificou o conhecimento dos habitantes da localidade acerca meio ambiente.
Dentre os entrevistados 51% utilizam os recursos do rio da região, em que
os tipos de uso estão descritos no Gráfico 35.

Tipos de Uso dos Recursos do Rio da Região

5%
5% Lazer

27% Pesca
16%
Irrigação

5% Bomba de
Captação
Banho
42%
Uso Domestíco

Gráfico 3.35. Tipos de uso dado aos rios da região pelos moradores locais.
Fonte: Real Consultoria e Soluções.

Na aplicação dos questionários, identificou-se que 62% dos entrevistados


conhecem alguma atividade que ocasione algum tipo de degradação ambiental na localidade,
logo o Gráfico 36 mostra o tipo de impacto observado pela população.

Tipo de Impacto Ambiental


Veneno

7%
Queimada

33%
Queima da Cana
33%
Vizinhos que Poluem o
Rio
13% Herbicida da Usina
7%
7%
Despejo de Vinhaça

Gráfico 3.36. Tipo de impacto ambiental notado pela população local.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

139
3.4. Unidades de Conservação (UC’s)

As áreas naturais protegidas foram criadas com objetivo de garantir a


preservação da biodiversidade e a proteção a locais de grande beleza cênica, e estas
contribuem para melhorar a qualidade de vida das populações humanas, pois atuam sobre o
clima, a disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos. Elas podem ser públicas ou
privadas, e são defi nidas por meio de Decretos voltadas a preservação da natureza. A
Legislação, aponta três tipos básicos: Área de Preservação Permanente (APP), Reserva
Legal (RL) e Unidades de Conservação (UCs).
O Código Florestal Brasileiro – Lei nº 12.651 de 2012, introduziu o
conceito de dois tipos de áreas naturais protegidas: as Áreas de Preservação Permanente
(APP) e as Reservas Legais (RL). Foram delimitadas com a finalidade de proteger os
recursos hídricos, a paisagem, estabilidade geológica, biodiversidade, fluxogênico, abrigo de
fauna e fl ora e a reabilitação dos processos ecológicos para o bem estar das populações
humanas.

3.4.1. O Licenciamento Ambiental do Empreendimento e as UCs

A relação entre as Unidades de Conservação (UCs) e o licenciamento de


empreendimentos efetivo ou potencialmente causadores de degradação ambiental, possui
alguns instrumentos legais de grande importância, como o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), regulamentado pelo Decreto Nº 4.340 de 2002 e a Resolução
CONAMA 428 de 2010, que dispõe sobre o licenciamento de empreendimentos localizados
em áreas próximas a UCs, num raio de 3.0 km (em caso de haver zona de amortecimento
especificada no Plano de Manejo) ou seja, concedido mediante autorização do órgão
responsável pela administração da UC.
Assim, para este estudo ambiental foi desenvolvido mapa temático e se
observou que o empreendimento não se encontra situado em nenhuma zona de
amortecimento ambiental de UCs da região.
As UCs mais próximas a AID do empreendimento são a RPPN Engenho
Gargaú que fica a uma distância de 11,70 km da área do empreendimento e a RPPN Fazenda
Pacatuba que dista 12,10 km da área do empreendimento.

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A área do Aterro Sanitário Lara não consta da lista de Áreas Prioritárias
para conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da Biodiversidade
Brasileira, conforme Decreto Nº 5.092 de 2004 (Portaria 126 do MMA), e podemos observar
no mapa a seguir (Vide também Prancha 32b/32 – Mapa das Unidades de Conservação).

Figura 3.49. Mapeamento das Unidades de Conservação nas proximidades do ASL.


Fonte: Real Consultoria e Soluções.

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