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Somando o dia de sol ao carrinho dado no meio da canela do atacante,

o apito zunia e o cartão amarelo surgia elevando o calor. Era só uma aula de
educação física, todos se esforçavam ao máximo para não deixar o time na
mão e a cada passe errado ouvia-se um xingamento diferente. Naquele
momento era o atacante chorando de dor com a falta que sofrera – Minha
perna, desgraça! – Um olhar de desprezo, a cabeça virando para os lados e
uma das mãos na testa expressavam como a dor era intensa. Mas o rapaz era
forte e se levantava, continuando o jogo assim mesmo.
- Calma! Foi mal... Bora time!
A esperança de vencer o jogo se mantém firme a cada segundo, mas depois
daquele cartão amarelo o zagueiro precisa esperar dois minutos fora da
quadra. O que para ele mais pareciam duas horas numa correria como aquela.
A partida não valia nada. Imagine se fosse uma final de Copa?
– Poxa professor não acabou ainda?
Acelerado e mantendo a ponta do pé direito na linha lateral aguardando o
comando do juiz educador, que com o apito libera a volta do zagueiro. Ele
dispara como uma bala do cano de uma arma em direção ao seu alvo de
marcação, mas nessa hora já era tarde demais. Dois contra três na linha era
muito difícil de defender sem levar a pior.
- Goool ! Agora já era – O time adversário canta vitória e nessa altura. Sem
mais nenhuma esperança de vencer o jogo, os perdedores combinam um
modo de não ferir seu orgulho, só o atacante adversário mesmo.
- Vai mano, desce a lenha de novo nele - Seu colega de classe e também
vizinho do bairro cochicha em seu ouvido
- Você é louco, todo mundo sabe que ele é perigoso
– Tá com medinho? – Perguntou abrindo um sorriso sádico.
Num suspiro o zagueiro dá ouvidos à voz do inimigo e no momento oportuno
de defesa larga uma segunda pancada no mesmo lugar. O cara grande desaba
com as mãos na canela. O professor se aproxima antes que os dois se
pegassem, todos ficam pasmos. Por causa da autoridade do professor o
atacante fica apenas nas ameaças. O zagueiro também era alto, não tão
encorpado quanto o outro, mas naquela confusão até encararia a briga,
entretanto quando a adrenalina baixa ele começa a refletir a besteira que fez. O
coração palpitando mais rápido que qualquer partida de quarenta minutos
jamais conseguira fazer. Dias depois, o defensor conta para seu vizinho que no
caminho de volta para casa, ao longe, tudo deserto, no meio de um matagal; lá
vinha o atacante
– Meu deus agora é a hora, pensei. Mas é só continuar andando. Seja o que
Deus quiser! E o maluco vindo com a cara fechada. Me senti num filme de
faroeste, serrei o pulso (como se um murro vencesse uma arma) aí quando o
cara passa do meu lado, faz apenas um aceno com a cabeça e de uma
maneira totalmente improvável continua o caminho sem olhar para trás! –
Risos.
- Mano você é louco, ele me falou que estava com ódio de você e que ia te
deitar. O rapaz engole em seco, sem saber como aquilo não tinha acontecido.

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