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Uma grande casa de madeira. Em suas portas estavam escritas em kanji pintados a
mão.“dojo samurai, A arte das duas espadas”. Dentro se ouvia apenas brados em ritmo e batidas
secas no chão.
O que parecia um barulho de 10 homens adultos, eram apenas 5 crianças mirradas em kimonos.
Em mãos possuíam um bastão longo e um curto.
Enquanto treinavam na ponte a noite, Toguchi parecia pensativo. Pressentiu que sua vida
anos depois mudaria. De novo. A segunda guerra que participara estava cada vez mais próxima de
estourar. Sabia que o imperador En’yu não cessaria apenas deixando os traidores de Koumari
saírem impunes. E também conhecia a sua honra que não deixaria esquecer esta penosa província.
Desde o fim da primeira guerra, a vida de Toguchi mudou muito. Passou a frequentar seu
antigo dojo até assumir este, virando o novo mestre da arte de duas espadas. Sentado em uma
pilastra de madeira estreita, o mestre samurai meditava ao som dos brados dos pequenos aprendizes.
-Yaa! Hou-ha! Shh…Ya!- todos rugiam de forma sincronizada.
Só de ouvi-los ficava calmo e feliz. Se sentia recompensado com os treinos pesados e os
excessivos puxões de orelha. Odiava ter de fazê-los mas compreendia que era necessário.
Ouviu que uma das rítmicas pisadas no chão estava atrasada, de repente outra adiantou-se.
-Parem! Naoki 50 flexões! Yuto também!- Bradou sem abrir os olhos.
Ouviu o ritmo voltar ao normal.
O vento sibilou, a noite estava clara, só ouvia sons de corujas e grilos. Calor na noite era
raro, o ar foi ficando pesado. Abriu os olhos estavam parados. Inertes em sangue. Todos seus
alunos. Uma luz vermelha flutuante e um aluno… careca.
-Yuto! Não! Solte ele!- em tom desesperador sem conseguir definir o que aconteceu.
Tarde demais. Sua cabeça já caía. Apavorado. Sentia-se paralisado.
-Você não conseguiu salvar ninguém seu maldito! Tirou minha vida e agora tiro de seus
alunos queridos.
Desespero. Ofegante. De joelhos. Só sentia morte ao seu redor.
Suor ocupava sua testa, acordou desesperado depois do pesadelo. “Meu Deus… que mer…”.
Virou para um lado da cama respirou. Se acalmou. Fechou os olhos… um zunido o incomodava
encima do criado-mudo.
Espiou o amuleto e estava a tremer.
-De novo não!- gritou e saiu correndo com seu amuleto. Colocou um kimono branco e
calças pretas com dragões dourados. Pegou suas lâminas e correu para seu alazão negro Shoyu.
Disparou seguindo para onde o tremido do amuleto o levava
-Depressa Shoyu! Você pode dormir depois! Vamos. Shoyu parecia estar com sono.
Passou por barrancos, como um risco negro, um caminho levava a um lago… ele sabe o que
é.“Vingança, sinto isso no ar”.
Respirou fundo.“Só pode ser um Kaen Vingativo”.
Hayato ouviu gemidos vindo do chão. Seu amuleto vibrava. Desacelerou a corrida para um
trote apressado. Olhou para o caminho a frente e viu… não era o que esperava. Estava jogado no
chão feito um trapo rasgado, sozinho.
-Meu deus! Hiroshi! Seu braço!- ficou espantado, apesar de já ter visto mutilações de
diversos companheiros, não suportava olhar para antigos alunos em um último suspiro.
-Uhuu…-uivou inconcientemente o jovem oficial.
Rasgou uma manga de seu kimono com as mãos e enfaixou com certa destreza o ferimento
exposto.
-Guarde o folego! vou te salvar dessa… na verdade ela vai.-Pegou o braço que estava
separado de Hiroshi, o levantou, ouviu algo cair na terra. Continuou. Era qualquer coisa, não podia
ser mais importante que seu aluno.
Hiroshi estava sofrendo muito, com um ar vazio e olhos semiabertos.
Uma luz incomodava, batia em seu rosto com o brilho, forte e alaranjado. A primeira coisa
que vê não eram nuvens brancas nem uma caverna com fogo ardente queimando suas pernas. Não
confiava muito nas literaturas antigas. Não sabia que o seu pós-vida era numa cama quentinha de
baixo de uma manta. Se ouve-se um como falado no livro antigo. Não tinha dúvidas de ter partido
para uma melhor, mas sentia algo estranho dentro de si. “Tum-tum, tum-tum, esse barulho me
lembra a alguma coisa que perdi em outra vida”-pensou.
-Vish acho que cometi um crime! Eu tenho de esquecer minha vida passada não está certo!-
agora tom elevado.- nada bate com aquele livro.
-Acho que você precisa de uma pancada na cabeça seu inútil e eu vou fazer isso quando sair
daqui!- Uma chama vermelha ranzinza aparece no seu campo de visão.
-Aaah…- o jovem levou um susto e desmaiou com uma voz desconhecida mas que algo
lembrava muito a suposta vida passada.