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DISSERTAÇÕES DE MESTRADO
E TESES DE DOUTORADO/2007
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Instituto de Psicologia
Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica
estando ainda na base do maior desafio tocar nas relações de tais significações
possível ao fim de análise — a posição do com o pulsional. Buscou-se sustentar,
sujeito frente ao complexo de castração. neste segundo ponto, aquilo que levaria
Tal implicação articula a repetição ao o até então psiquiatra Lacan às portas do
sexual, bem como introduz a questão do discurso analítico. Num segundo mo-
horizonte do tempo de uma análise — ou mento — o ensino de Lacan ministrado
em uma análise. Uma vez que o que está durante os anos 1950 — buscou-se ex-
em jogo no inconsciente é algo da ordem plicitar o deslocamento efetuado por este
de um em suspenso, que volta ao mesmo autor da ênfase dos fatores semânticos das
lugar, a duração de uma análise não se relações entre psicose e linguagem para
faz contar pelo tempo cronológico, que aquilo que aqui denominamos de fatores
marcha sempre em frente. A partir des- sintáticos, vale dizer, da consideração pelo
tas coordenadas procede-se o exame do inconsciente em sua estrutura. A noção
conceito de repetição no ensino de Lacan, de significante, depurada através da con-
inicialmente salientando sua dependência sideração pelos registros do simbólico,
da linguagem, para em seguida analisar a do real e do imaginário, seria a base para
distinção entre autômaton e tiquê, retomadas que Lacan construa a hipótese de que o
de Aristóteles por Lacan como modo de inconsciente é “estruturado como uma
formalizar a repetição que decorre do linguagem”. Diferentemente daquilo que
simbólico e o encontro com o real que se daria no primeiro momento, seria,
advém pela repetição. aqui, a primazia da relação entre sujeito
e as leis de linguagem do inconsciente
aquilo que dará o tom das elaborações
Título: Psicose e linguagem referentes à psicose.
na obra de Jacques Lacan:
semântica e estrutura
Carlos Alberto Ribeiro Costa Título: A gula do supereu: imperativo
Orientadora: Ana Beatriz Freire de gozo e objeto voz
Data de defesa: 14/2/2007 Naiana Moura Lopes Cordeiro
Orientadora: Angélica Bastos
Data de defesa: 14/2/2007
O presente trabalho visa abordar, na obra
de Jacques Lacan, algumas das incidências
do papel da linguagem na construção de A presente dissertação trata do conceito
uma teoria e prática psicanalíticas ante o de supereu a partir de sua definição como
enigma posto pelas psicoses. Para tanto, uma das facetas do objeto a: a voz. Busca-se
nos apropriamos de dois momentos da detectar as incidências clínicas e o destino
obra deste autor. No primeiro momento, do gozo no tratamento, através do percurso
tornado presente pela tese sobre a psico- que vai da lei ao objeto a. Os guias desta
se paranóica — publicada em 1932 —, pesquisa são a obra de Freud e o ensino de
visou-se explicitar o quanto a considera- Lacan. A partir do conceito de narcisismo
ção por fatores semânticos na psicose — tais é traçada a distinção entre Ideal do eu e
quais a significação do delírio — permi- Supereu. Trabalha-se o mandato civiliza-
tia, de um lado, atingir a dimensão da cional que exige renúncia pulsional, e sua
palavra na loucura, assim como, de outro, articulação com o recrudescimento supe-
regóico. Para tanto, faz-se necessário abor- de Freud pelo termo ilusão, além de apon-
dar, em Lacan, a noção de lei, objetivando tarmos as ressonâncias que a hipótese da
demonstrar que o supereu distancia-se da agressividade natural tem na discussão
lei reguladora e aproxima-se de uma lei sobre o laço social. Tomando como base
insensata, não oposta ao gozo. Destaca-se as idéias de acaso e artifício valorizamos
que o supereu como objeto voz veicula a dimensão da fantasia e do encontro,
um imperativo de gozo. Com a entrada pontuando a importância da aposta na
na linguagem perde-se gozo, desta for- construção de um vínculo. Por fim, as-
ma, aponta-se para a impossibilidade de sinalamos a relevância ética da discussão
se aceder ao gozo perdido, como exige sobre o laço social, comentando sobre
o supereu. Tanto a recuperação de gozo alguns posicionamentos possíveis diante
pela via do objeto-mais-de-gozar, quanto dos impasses atuais da psicanálise. O valor
a renúncia pulsional atendem ao apelo do de uma postura para além da nostalgia e
supereu, aumentando sua força. Através da esperança é analisado.
de extratos de casos de nossa clínica, do
humor e de dois relatos de passe, situa-se
o destino do gozo do supereu na clínica, Título: A Paixão amorosa: uma
como perda de gozo. Conclui-se que a voz contribuição da psicanálise
superegóica chama o sujeito a responder à Raquel Siqueira Dória
sua convocação, caso contrário, se vive a Orientadora: Simone Perelson
injunção de gozo do lugar de objeto. Data de defesa: 26/2/2007
duas perspectivas antagônicas de futuro tíficos, o mito edípico com o qual Freud
conduz ao confronto de dois paradigmas conceituou a realidade psíquica. Retoma
do laço social em Freud — um tradicio- o percurso de Lacan no estabelecimento
nal marcado pela idéia de superação, e deste conceito. Analisa seu progresso,
outro, caracterizado pela idéia de simul- bem como suas descontinuidades no
taneidade, noção central ao modernismo. período concernente ao primeiro e ao se-
Einstein e Dostoievski são os modernistas gundo ensinos de Lacan e interroga o que
privilegiados neste trabalho que discu- significa reintroduzir o Nome-do-Pai na
tirão com Freud os impasses políticos consideração científica em cada um destes
frente à crise da autoridade tradicional, momentos. Trabalha a especificidade do
esboçando os contornos do paradigma discurso do analista na sua tensão estru-
da simultaneidade. tural com o discurso da ciência. Introduz
o desejo do analista como o termo com
o qual Lacan interfere no debate com os
Título: O desejo do analista pós-freudianos. Situa o discurso do ana-
e o discurso da ciência lista como a formalização amadurecida e
Rosa Guedes Lopes lógica do desejo do analista.
Orientadora: Tânia Coelho dos Santos
Data de defesa: 10/9/2007
Título: A violência no discurso
capitalista: uma leitura psicanalítica
Esta pesquisa analisa a equação lacaniana Maria Angélia Teixeira
entre o sujeito da ciência moderna, sujeito Orientadora: Tânia Coelho dos Santos
sem qualidades, e o sujeito da psicanálise. Data de defesa: 29/10/2007
Demonstra a posição subjetiva moderna,
caracterizada pela divisão entre saber e
verdade. Traça uma homologia estrutural Esta tese tem a finalidade de analisar a
entre o corte que propicia a passagem do dimensão subjetiva da violência, especial-
mundo antigo ao moderno, que dá lugar mente a que se apresenta no discurso do
ao sujeito da ciência a partir da perda de capitalista. Para abordá-la, foram adotadas
Deus, e a perda da realidade conceituada as teorias da pulsão destrutiva e do supe-
por Freud como constituidora do sujeito reu formuladas por Sigmund Freud e as
do inconsciente. Toma o texto “A ciência teorias dos discursos e do gozo formulada
e a verdade” (1965) como um diálogo por Jacques Lacan. Três vetores orientam
entre Lacan, o Freud de “A questão de uma esta pesquisa: o primeiro está relacionado
Weltanschauung” (1933 [1932]) e a ciência aos fundamentos teóricos da constituição
moderna. Traça uma equivalência entre subjetiva da violência; o segundo está
a reintrodução da realidade psíquica, por destinado a identificar a violência contem-
Freud, e a reintrodução do Nome-do-Pai porânea como índice da mutação subjetiva
na consideração científica, por Lacan, produzida pelo discurso da tecnociência
como o que caracteriza a práxis da psi- capitalista; o último tem o propósito de
canálise e o que a diferencia das outras analisar e confrontar o poder de inter-
práxis. Demonstra que a introdução do venção do discurso psicanalítico frente às
conceito de Nome-do-Pai por Lacan teve manifestações de violência na contempo-
o objetivo de formalizar, nos moldes cien- raneidade. O mal-estar na civilização que