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Texto Literário: Carlos Drummond de Andrade, Congresso Internacional do Medo, 1940
“Assim, dentro de um espírito antropológico, proponho a seguinte definição de nação: uma comunidade política
imaginada -- e imaginada como sendo intrinsecamente limitada e, ao mesmo tempo, soberana.
Ela é imaginada porque mesmo os membros da mais minúscula das nações jamais conhecerão,
encontrarão, ou sequer ouvirão falar da maioria de seus companheiros, embora todos tenham em mente a
imagem viva da comunhão entre eles. Era a essa imagem que Renan se referia quando escreveu, com seu jeito
levemente irônico: ‘Ora, a essência de uma nação consiste em que todos os indivíduos tenham muitas coisas em
comum, e também que todos tenham esquecido muitas’. Gellner diz algo parecido quando decreta, com certa
ferocidade, que ‘O nacionalismo não é o despertar das nações para a autoconsciência: ele inventa nações onde
elas não existem’. Mas o incoveniente dessa formulação é que Gellner está tão aflito para mostrar que o
nacionalismo se mascara sob falsas aparências, que ele identifica ‘invenção’ com ‘contrafação’ e ‘falsidade’, e
não com ‘imaginação’ e ‘criação’. Assim, ele sugere, implicitamente, que existem comunidades 'verdadeiras',
que num cotejo com as nações, se mostrariam melhores. Na verdade, qualquer comunidade maior que a aldeia
primordial do contato face a face ( e talvez mesmo ela) é imaginada. As comunidades se distinguem não por
sua falsidade/autenticidade, mas pelo estilo em que são imaginadas. Os aldeões javaneses sempre souberam que
estão ligados a pessoas que nunca viram, mas esses laços eram, antigamente, imaginados de maneira
particularista -- como redes de parentesco e clientela com passíveis de extensão indeterminada. Até tempos bem
recentes, o idioma javaês não tinha nenhuma palavra que designasse a abstração ‘sociedade’. Hoje em dia,
podemos pensar na aristocracia francesa do ancien régime como uma classe, mas certamente ela só foi
imaginada desta maneira em época bastante adianta. Diante da pergunta: ‘Quem é o conde de X?’, a resposta
normal não seria ‘um membro da aristocracia’, e sim ‘o senhor de X’, ‘o tio da baronesa de Y’, ou ‘um cliente
do duque de Z’.
Imagina-se nação limitada porque mesmo a maior delas, que agregue, digamos, um bilhão de habitantes,
possui fronteiras finitas, ainda que elásticas, para além das quais existem outras nações. Nenhuma delas
imagina tera mesma extensão da humanidade. Nem os nacionalistas mais messiânicos sonham com o dia em
que todos os membros da espécie humana se unirão à sua nação, como por exemplo na época em que os
cristãos podiam sonhar com um planeta totalmente cristão.
Imagina-se a nação soberana porque o conceito nasceu na época em que o Iluminismo e a Revolução
estavam destruindo a legitimidade do reino dinástico hierárquico de ordem divina. Amadurecendo numa fase da
história humana em que mesmo os adeptos mais fervorosos de qualquer religião universal se defrontavam
inevitavelmente com o pluralismo vivo dessas religiões e com o alomorfismo entre as pretensões ontológicas e
a extensão territorial de cada credo, as nações sonham em ser livres -- e, quando sob dominação divina, então
diretamente sob sua égide. A garantia e o emblema dessa liberdade é o Estado Soberano.
E, por último, ela é imaginada como uma comunidade porque, independentemente da desigualdade e da
exploração efetivas que possam existir dentro dela, a nação sempre é concebida como uma profunda
camaradagem horizontal. No fundo, foi essa fraternidade que tornou possível, nestes dois últimos séculos,
tantos milhões de pessoas tenham-se não tanto a matar, mas sobretudo a morrer por essas criações imaginárias
limitadas.
INTRODUÇÃO (visão geral dos textos)
1. Congresso Internacional do Medo - Apresentação do autor Carlos Drummond de Andrade - Parte da obra
Sentimento do Mundo, 1940, Segunda Guerra Mundial,
Comunidades Imaginadas - Introdução do texto do Cientista Política Benedict Anderson de 1983, conexão com
os termos Imaginada, Limitada, Soberana e Comunidade em foco claro na ideia de nação, grupo, identidade.
Texto Literário
3,4,5. Elementos que conduzirão a discussão sobre um dos textos, com indicação de linhas, sempre tendo em
vista o foco mais específico em relação à questão global. Levar em conta aspectos de forma, conteúdo, suporte e
finalidade.
6. Texto Não Literário → Qual o propósito específico? → Finalidade: Ensaio em que Benedict Anderson
disserta sobre o conceito de nacionalismo, sobre como esse se caracteriza e se desenvolve.
Identidade e comunidade com o termo imaginada - Os integrantes de uma nação nunca vão conhecer todos seus
companheiros, mas possuem um imaginário sobre esses. Como exemplo disso, temos as culturas, os costumes
locais.
7. Limitada - → ideia de limitação → para que tal conceito ou ideia se aplique para somente um grupo
específico de pessoas que se sentem unidas. A existência do outro é necessária para a nossa(Grupo) existência,
ex dentro do texto de Anderson, “Nem os nacionalistas mais messiânicos sonham com o dia em que todos os
membros da espécie humana se unirão à sua nação, como por exemplo na época em que os cristãos podiam
sonhar com um planeta totalmente cristão”.
É necesserária a diferenciação para a valorização da nação, sendo representado pela cultura e identidade, esses
que devem ser protegidos pelaa comunidade.
8. Soberana e Comunitária - Cultura, Identidade e Comunidade // Soberana → nações acima de tudo, acima de
qualquer problema, já que esta é maior que todos seus integrantes que devem viver por ela. Conexão com a parte
de Comunidade, já que esse grupo inteiro possui uma mesma visão sobre sua nação, posicionando esta acima de
tudo. // Comunidade de Benedict Anderson → Comunidade(Global Issue) → e que se colocam em um mesmo
nível(camaradagem horizontal) comunitário. Ex
CONCLUSÃO
Obs: Lembrem-se de que não é uma comparação entre os textos propriamente ditos, mas uma análise de como
uma mesma questão global se manifesta em diferentes gêneros textuais.
9. Abordagem da questão Global no contexto de “Congresso Internacional do Medo” com a identidade de toda
a comunidade durante o período, marcado pelo body of work de Drummond em Sentimento do Mundo, que trata
com uma temática triste e gauche, reflexões existenciais sobre o mundo .
10. Conexão clara entre os termos que resumem as características de uma nação(Imaginada, Limitada, Soberana
e Comunidade), no ensaio de Benedict Anderson, e o Global Issue. Relembrar que somente a introdução foi
utilizada, ou seja, uma porção de todo o seu trabalho no livro Comunidades Imaginadas foi representada aqui,
não apresentando todos os detalhes da sua definição de nacionalismo.
A: 9
B: 7
C: 8
D: 7
Nota: 7,8