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Enredo

A vida nem sempre é cheia de flores e arco-íris, e para Bianca não seria diferente, sendo a caçula de
quatro filhos, ela está sempre tentando agradar a todos, principalmente depois do fatídico acidente que
aconteceu há quatro anos, onde a partir daquela noite a sua vida e a de sua família nunca mais foi a
mesma.

Hoje aos vinte e dois anos Bia está no sétimo semestre da faculdade de veterinária na qual sempre
sonhou cursar, deixando toda a sua família no Canadá, ela se muda pra Berlim como uma tentativa de
esquecer tudo o que aconteceu, para estar em um lugar onde ninguém saiba quem ela é, onde ela não
se lembre a todo momento que é a culpada de tudo o que aconteceu. Porém se esquecer de uma coisa
nunca se fez tão difícil.

Prólogo
4 Anos atrás

Finalmente sexta-feira chegou, e com ela vem o fim de semana. Essa semana foi extremamente longa e
cansativa, principalmente porque estou fazendo as provas finais, então está semana se resumiu apenas
em estudar e fazer as avaliações.

O último ano realmente não é o mais fácil, porque com ele adquirimos inúmeras responsabilidades que
são despejadas sobre a gente. Nesse período ficamos ansiosos em acabar o Ensino Médio, e com ele
vem a pressão que as pessoas jogam sobre nós perguntando a todo momento qual faculdade vamos
fazer, que profissão queremos seguir, em qual universidade queremos estudar, coisas que não deveriam
ser exigidas de adolescentes com dezoito anos. O mais assustador disso tudo é que existem pais que
exigem isso dos próprios filhos.

Eu sei que sou privilegiada, Papa e Mama são médicos prestigiados, eles possuem hospitais espalhados
por todo o mundo, e desde que me conheço por gente eles nunca foram pais exigentes, eles apenas nos
pediam para que ficássemos dentro da média que a escola exigia, e sempre nos incentivaram em
qualquer coisa que decidimos fazer.

Por mais que Papa e Mama não façam exigências para que sejamos os melhores alunos da escola, eu
não consigo suportar a ideia de decepcioná-los, eles batalharam muito para ter o que eles têm hoje,
para dar uma vida confortável para mim e para meus irmãos, e por mais que eles neguem, eu acho que
eles pensam o mesmo, porque eles sempre foram um dos melhores alunos da sala. Então ir mal nos
exames finais não é uma opção para mim.
Nesse momento estou deitada na minha cama encarando o teto, a prova de hoje foi de Físico-Química e
não importa o quanto eu estude, por alguma razão eu não consigo entender essa matéria, mas ainda
bem já está acabando, só tenho mais uma prova e pronto, adeus ensino médio.

Escuto a porta sendo aberta e vejo John entrando no quarto, e nem preciso olhar em seus olhos para
saber o motivo de ele estar aqui.

-A prova foi um desastre, mas acho que consigo pelo menos alcançar a nota necessária para fechar o
boletim – me deito de lado e o acompanho com os olhos enquanto ele anda em minha direção e se
senta na cama ao meu lado.

John está com os cabelos loiros idênticos aos meus penteados para trás, sua barba está muito bem
aparada, sem nenhum fio fora do lugar, como ele não está usando óculos, a luz que entra pela minha
janela deixa seus olhos azuis ainda mais claros. John está com uma camisa cinza e uma calça de
moletom, e seu relógio de ponteiro que ganhou de Papa quando fez dezoito anos continua preso em seu
pulso.

-Bica você se cobra muito, suas notas no colégio estão excelentes, você já tem nota para finalizar o ano
desde o começo do semestre, você tirar uma nota vermelha em Físico-Química não vai fazer a Mama e o
Papa ficarem bravos com você, e muito menos te fazer repetir – ele apoia uma das mãos em minha
perna.

-Eu sei Jack, mas... sei lá, eu não quero decepcioná-los, você e os meninos nunca tiveram nota vermelha,
sempre foram os melhores alunos da sala. Eu não quero dar a eles esse desgosto.

-Bica você nunca dará desgosto pra eles, você e a Emma são os amores da Mama, eu lembro o quanto
ela queria ter uma menina. E olha só, agora ela tem duas – eu solto um riso fraco e engatinho até Jack,
sendo acolhida pelos seus braços, apoio a cabeça em seu ombro e ficamos em silêncio por alguns
segundos.

-Esse é mais um motivo para eu não querer decepcioná-los.

-Bianca eu sei como é difícil estar com toda essa pressão sobre você, eu passei por isso também, mas se
você deixar que isso assuma o controle da sua vida só vai te fazer mal – ele me afasta um pouco de seu
abraço e me encara – isso só vai te fazer afundar cada vez mais, e quando você estiver no fundo d8o
poço vai ser mais difícil de voltar à superfície.

-E agora eu estou conversando com o Dr. John ou com meu maninho Jack? – ele ri e volta a me abraçar.

-Desculpa Bica, eu faço sem pensar. Mas o que eu disse vale como um conselho do seu maninho ou do
Dr. John – nós rimos e nos soltamos – aliás a Em vai sair essa noite com uns amigos, por que você não
vai com ela? Distrair um pouco essa cabecinha confusa, esquecer um pouco da escola, você é nova vai
se divertir um pouco.

-Meu deus Jack agora você falou igual a um velho de setenta anos – caímos na risada – e não quero ir
com a Emi não, tenho medo das loucuras dela. Já sai com ela algumas vezes, e em uma delas ela quis
invadir a piscina do vizinho, deu um trabalho para fazê-la desistir dessa ideia.

-Então vê se a Jessy e a Chloe não querem ir com você.


-É pode ser, vou mandar mensagem para elas então aí saímos nós quatro – pego meu celular para
mandar mensagem para as meninas.

-Nós quatro?

-Sim, nós quatro, eu a Chloe, a Jess e a Cammy.

-A Cammy?

-Sim a Cammy, desde que vocês começaram a namorar a gente não tem saído mais juntas, e não adianta
me olhar com essa cara, a Cammy vai e ponto. Vocês já se veem quase todos os dias.

-Mas Bica...

-Nada de mas Bica Jack, foi você que me incentivou a sair, então eu vou sair com as meninas. Agora vai,
tenho que ver onde a gente vai se encontrar – dou um beijo em sua bochecha e faço um gesto com as
mãos indicando que é pra ele sair. Vejo ele saindo e fechando a porta, pego meu celular e mando
mensagem para as meninas.

*TROCA DE MENSAGEM ON*

-Bianca: Meninas. Quem topa ir ao Museum Tavern hoje?

-Chloe: Eu topo, estou precisando mesmo relaxar, a escola tá me matando.

-Jessy: Eu topo também.

-Bianca: Cammy???

-Camille: Já que as três vão eu vou também. Só vou avisar o Johnny, qualquer coisa peço pra ele me
levar.

-Bianca: Não precisa amiga eu busco vocês e ele já sabe kkkkk. Você iria com a gente de qualquer jeito,
já faz um tempo desde a última vez que a gente saiu juntas.

-Camille: Nossa! Tá bom então né. Kkkkk.

-Bianca: Às 21h tá bom para vocês??

-Camille: Sim!

-Chloe: Yep!

-Jessy: Sim, sim!

-Bianca: Vejo vocês mais tarde então. Beijitos.

-Camille: Adeus.

-Jessy: Byeee.

-Chloe: Até.
*TROCA DE MENSAGEM OFF*

Jogo o celular na cama e me levanto da mesma. Saio do quarto e ando em direção as escadas para ir à
lavanderia. As luzes do corredor estão apagadas, um indicador de que só eu e Jack estamos em casa.
Desço a escada e vou em direção à lavanderia, e para isso tenho que passar pela cozinha, assim que
entro vejo Sônia ajudando as meninas a fazer o café da tarde.

-Boa tarde meninas! Boa tarde Sônia – me aproximo dela e a abraço por trás dando um beijo em sua
bochecha sentindo-a retribuir meu abraço. Sônia está usando um terno azul marinho clássico, com uma
gola smoking com botões de madrepérola, por baixo do blazer ela usa uma camisa de cetim branca. O
cabelo está preso em um coque impecável, sem nenhum fio fora do lugar coisa que nunca vou entender
como ela consegue, no pé ela está com um scarpin de salto grosso com bico redondo. Josi e Carla estão
vestidas com calças de Píed poule xadrez, na parte de cima elas usam um Dolmã tradicional preto –
nossa que cheiro bom. É torta de morango?

-Boa tarde senhorita.

-Boa tarde querida – Sônia me dá um beijo na bochecha e volta a olhar para as meninas – é sim, desde
que vocês foram para o Brasil ela virou a preferida de todo mundo, e como você estava meio tristinha
por causa da prova, sua mãe pediu pra gente fazer, pra ver se te animava.

-Uhhh acho que vou ficar triste mais vezes então – nós quatro rimos, eu me afasto de Sônia e vou até a
lateral da ilha me possibilitando olhar para o rosto de Sônia – Sô mudando um pouco de assunto, onde
está todo mundo? Até agora só vi o Jack.

-A Emma saiu com as meninas para irem ao shopping, o Christian e o Adrian saíram, mas não falaram
aonde iam e seus pais como você já deve imaginar estão no trabalho.

-Entendi, então tá bom, se me dão licença preciso tomar um banho porquê de noite vou sair com as
meninas – vou até Sônia novamente e lhe dou outro beijo, e saindo da cozinha aceno para as meninas.

Vou até a lavanderia pego uma toalha limpa e volto para o meu quarto, chegando lá vou para o
banheiro, tiro minhas roupas e entro no box tomando meu banho. Saio do banheiro com uma toalha
enrolada na cabeça e uma no corpo. Ando até meu closet e olha as minhas roupas, fico tentando decidir
qual roupa usar e acabo optando por um macacão verde de duas peças, com um top cropped com
costura princesa e um decote em v nas costas com cordões, a calça tem cintura alta com as pernas
largas em forma de tulipa com um zíper oculto nas costas. Quando estou terminando de me vestir
escuto uma batida na porta.

-Bibica sou eu – reconheço a voz de Emma e ando até a porta abrindo-a.

-Entra Emi – digo dando as costas pra ela e ando até o espelho novamente.

-Vai sair? – ela se senta na minha cama e cruza as pernas apoiando as mãos no joelho.

-Vou – termino de fechar o zíper da calça – vou com as meninas ao Museum Tavern, o Jack falou pra eu
ir me distrair um pouco, e é isso que vou fazer.
-Ah tá – sinto sua voz hesitante e me viro para encará-la. Olho-a nos olhos, os mesmos olhos que se
espelham aos meus, o mesmo rosto, os mesmos cabelos, até hoje me assusto com o fato de sermos tão
idênticas.

-Desembucha Emma.

-Não é nada Bibica, eu só ia te chamar para ir ao The Drake Hotel, porque eu e as meninas vamos beber
e eu ia pedir para que você fosse nossa motorista, e de quebra me impedisse de fazer merda – ela solta
uma risada quando termina de falar – mas deixa pra lá, vai curtir com as meninas você merece – ela vem
em minha direção e me abraça –e aliás você está um arraso com essa roupa. Aproveita e arranja um boy
pra você – ela dá um tapa na minha bunda.

-EMMA! – grito e nós duas rimos. Uma batida na porta nos interrompe.

-Meninas interrompo alguma coisa? – Sônia abre a porta e coloca a cabeça para dentro do quarto.

-Não Sô. – respondemos juntas.

-Eu só vim avisar que o café já está pronto, e que vocês já podem descer – ela se afasta da porta – Ah e
seus irmãos e seus pais chegaram – ela termina de falar e vai embora.

-Já estamos descendo Sônia - gritamos em uníssono do quarto.

-Vamos descer – eu estico a mão pra Emi, ela a pega e nós enganchamos o braço uma da outra e
descemos – eu posso ser sua motorista, a balada só fica a algumas quadras do Pub, quando eu e as
meninas estivermos vindo embora eu te ligo pra ver se você já vai querer vir embora ou se é pra eu te
buscar depois.

-Valeu Bibica! Você é a melhor irmã do mundo – Emma me dá um beijo no rosto, ela ergue a mão direita
em forma de soquinho pra mim, eu repito o movimento e nós encostamos os anéis de prata gêmeos
que usamos desde que temos dez anos.

-Twins! – nós falamos quando encostamos o solitário que compõem o conjunto.

Nós descemos a escada e nossa família já está na mesa comendo, nos juntamos a eles para comer e
ficamos um bom tempo sentados à mesa conversando sobre diversas coisas. Depois de um tempo olho
no relógio e vejo que já são seis hora, peço licença e subo para o meu quarto para continuar a me
arrumar. Tiro a toalha da cabeça e vejo que meu cabelo ainda está úmido, seco ele no secador e o
prendo em um penteado semi preso com mechas torcidas, me viro de costas para ver o resultado, e vejo
meu cabelo caindo em ondas até a metade das minhas costas. Faço uma maquiagem com tons quentes
e passo um batom vinho para completar. Coloco um scarpin romy com brilho de dez centímetros, da
Jimmy Choo que Papa me deu no Natal.

Pego minha bolsa e saio do quarto para ir até o carro, me despeço de todo mundo e saio de casa, ando
até meu carro e o destranco entrando logo em seguida. Dirijo até a casa de Jess, e quando paro vejo as
três andando em direção ao carro e estranho o fato, destravo as portas e elas entram, coloco o carro em
movimento logo em seguida.

-Eu combinei da gente se arrumar aqui? Não me lembro disso – elas dão risada.
-Não Bia, eu e a Jess nos encontramos no shopping um pouco depois que falamos no celular – com o
aparelho na mão Chloe me responde.

-E eu moro aqui perto né Bi, de tarde eu estava caminhando e vi elas chegando juntas e resolvemos nos
arrumar na casa da Jess, e assim você não precisaria passar na casa de cada uma de nós.

-A gente só não te chamou porque sabemos que você não gosta de se arrumar fora de casa, então não
te falamos nada – Jessy completa

-Entendi, da próxima vez qualquer coisa a gente se arruma lá em casa. Agora vamos beber e aproveitar
nossa noite – nós quatro soltamos gritinhos comemorando.

O trajeto demora cerca de vinte e cinco minutos por ser uma sexta-feira, acabamos pegando um pouco
de trânsito no processo. Quando chegamos coloco o carro no estacionamento rotativo à quase uma
quadra do Pub.

Nós descemos do carro e vamos a pé até o local. O Bar tem vista para o cristal do Royal Ontario
Museum. O Museum Tavern remonta a uma época em que não usar um chapéu fedora era considerado
equivalente a nudez pública e os cavalheiros ainda mantinham a porta aberta para uma dama, toda a
decoração clássica remete-se à aparência da antiga Taverna Americana. Assim que entramos vemos
uma caixa registradora antiga em cima de uma longa mesa de mármore dentro da sala de jantar que
possui tons marrom e bordô, ladrilhos pretos brilhantes e brancos estavam abaixo dos meus pés e um
lindo teto cor de cobre acima. O bar está lotado, todas as mesas estão ocupadas, andamos um pouco
mais para dentro e encontramos lugar nas cadeiras de madeira do bar, e nos sentamos pedindo uma
taça de Barca Velha Douro 1999.

-Nossa a escola tem me matado ultimamente, não aguento mais.

-Nem me fale Jess, a prova de hoje quase me fez surtar – escuto o som de notificação no celular e o
pego para olhar.

*TROCA DE MENSAGENS ON*

Emma: Bibica eu vou embora com o Thomas, não precisa vir me buscar.

Bianca: Pera. Como assim Emi? A gente tinha combinado de eu te buscar, eu não vou beber mesmo
porque tenho que dirigir de volta pra casa.
Emma: Não precisa mesmo Bibica, são quinze minutos até aqui, é o tempo de você chegar em casa. Pode
deixar que o Tomas me leva.

Bianca: Mas eu prometi para a Mama e o Papa que ia te buscar.

Emma: Depois eu converso com eles. Pode ficar tranquila.

Bianca: Emi pelo amor de Deus olha lá ein, por favor não faça eu me arrepender. Se você quer assim
então tá bom, qualquer coisa me avisa. Beijitos, te amo mucho.

Emma: Te amo mucho.

*TROCA DE MENSAGENS OFF*

-O que foi Bi? Aconteceu alguma coisa? – Cammy me olha com as sobrancelhas arqueadas e um brilho
de preocupação surge em seu olhar.

-Não, é só que eu tinha combinado com a Emi de que eu ia buscá-la, só que agora ela me mandou
mensagem avisando que não precisa mais, e que ela vai embora com um tal de Tomas.

-Fica tranquila Bia, as vezes ela só não quer que você a busque porque ela vai ficar com algum cara –
Chloe leva a taça de vinho à boca após terminar de falar.

-Não sei, tô com um mal pressentimento.

-Fica calma Bi, a Emma sabe se cuidar – Cammy segura minhas mãos e as aperta de leve – nada de ruim
vai acontecer com ela. Relaxa.

-Tudo bem, tudo bem, desculpa eu só me preocupo com ela. Tá vamos nos divertir, essa noite é pra
gente se distrair.

Ficamos durante um tempo conversando sobre assuntos aleatórios, em algum momento Chloe e Jessy
se arranjaram com dois caras e cada uma seguiu por um caminho diferente se despedindo de mim e de
Cammy.

-E a noite das meninas veio a se tornar a noite das cunhadas – Cammy estende sua taça para brindarmos
e um sorriso de canto de boca surge em seus lábios – e pelo visto terei que ligar para o John vir me
buscar.

-O que? Por quê? - Olho-a me sentindo confusa com suas palavras. Cammy leva a taça aos lábios e faz
um movimento com a cabeça indicando algo atrás de mim.

Me viro no banco e percorro o local com os meus olhos em busca do que Cammy estava indicando.
Quando observo as pessoas ao meu redor reparo em um homem sentado um pouco mais distante me
observando, ele deve ter no máximo 30 anos.

O homem possui os cabelos da cor de avelã, seus olhos se parecem com o céu de Londres em dias
chuvosos, a sobrancelha grossa, os lábios nem muito grossos nem muito finos, e uma barba muito bem
aparada, não posso negar que a sua beleza deixa qualquer mulher ansiosa por tê-lo pra si nem que seja
por uma noite. Ele está vestindo uma camisa polo azul marinho, que marca os músculos do seu peitoral,
por cima ele tem uma jaqueta de couro que veste perfeitamente o seu corpo, não consigo ver o que ele
está vestindo da cintura para baixo graças ao balcão do bar impedir minha visão, ele segura nas mãos
um copo com um líquido âmbar dentro que imagino ser Whisky. Meu olhar sobe novamente para o seu
rosto e nossos olhares se encontram e ficamos durante um tempo nos encarando até que sinto um
cutucão no meu braço e retorno minha atenção para Camille.

-Não se preocupa tá, já mandei mensagem pro John e ele já está vindo meu buscar, não vou ser sua
empata foda fica tranquila – ela se levanta e coloca uma nota de cem dólares em cima do balcão para
deixar de gorjeta para o atendente – já paguei minha parte enquanto você babava no seu boy, eu vou ao
banheiro e esperar seu irmão lá fora. Beijos gata, amo você – ela deposita um leve beijo em minha testa
e a vejo se afastar de mim, me deixando sozinha.

Pego meu celular para conferir se a Emma não me mandou nenhuma mensagem desde a última vez que
nos falamos. Bebo o último gole de vinho da minha taça e peço para que o atendente a sirva
novamente. Estava tão distraída com o telefone olhando as fotos que as meninas postaram no
Instagram que não percebi que alguém se aproximava de mim.

-Vejo que das quatro amigas agora só restaram uma – Levo um susto quando sinto um hálito quente em
meu pescoço e um cheiro de baunilha e mel acompanhando o sussurro – perdão não queria assustá-la.

Olho pra trás e vejo o homem que eu estava há pouco observando à apenas alguns centímetros de mim.
Percorro meus olhos por todo o seu corpo e puta merda, quando ele estava sentado não dava pra ver o
quão alto ele era, e agora consigo ver que na parte de baixo ele veste uma calça jeans escura, deixando
suas coxas bem marcadas, e no pé ele usa um coturno preto.

-Nã-não, eu-eu que... – por algum motivo eu não conseguia para de gaguejar e meu coração está tão
disparado que não duvido de ele conseguir escutar as batidas descompassadas – desculpa, como tentei
dizer, não foi sua culpa eu que estava distraída com o celular.

-Entendo, essas monstruosidades nos prendem tanto que por alguns segundos esquecemos o mundo ao
nosso redor – com uma risada anasalada ele estende sua mão em minha direção e se senta no
banquinho a minha frente – a propósito me chamo Connor.

-Bianca – retribui o comprimento e Connor leva minha mão aos lábios, depositando um beijo leve.

-Então Bianca... Fazendo um happy hour com as amigas do trabalho?

-Não – solto uma pequena risada – se você considerar sair com as amigas da escola com happy hour,
então sim, mas elas me abandonaram como pode ver – finjo um cara de tristeza e indico os bancos onde
antes as meninas estavam sentadas, o fazendo soltar uma leve risada.

-As duas primeiras eu vi indo embora com dois caras, agora a última saiu desacompanhada...

-Sim ela pediu para o meu irmão vir busca-la, como ela disse “não queria ser a minha empata foda” –
faço aspas com as mãos na última frase e reviro os olhos, ele solta uma risada um pouco mais alta dessa
vez – é, eu tenho excelentes amigas como pode ver, aposto com você que essa só foi mais uma desculpa
que ela e meu irmão tramaram pra que eles pudessem passar a noite juntos – levo a taça com o vinho
que o atendente repôs aos lábios tomando mais um gole e sinto o líquido descer queimando pela minha
garganta.
-Então a última que saiu é sua cunhada? – faço um sinal de afirmativo pra ele – você disse que isso seria
um happy hour de escola, você está na faculdade?

-Nossa não! Como eu queria, estou nas últimas semanas do ensino médio, mas ano que vem eu
ingressarei na vida universitária – vejo uma tensão ser formada em seus ombros e me apresso em
completar – E a propósito sim, já sou maior de idade, tenho dezoito anos, fica tranquilo – quando
termino de falar percebo que seus ombros relaxam.

-Eu nunca diria que você tem dezoito anos, achei que você tivesse uns vinte e poucos anos, e só pra
deixar claro, isso foi um elogio – dou-lhe um leve sorriso, sinto uma mão encostar em minha coxa
esquerda e os dedos começarem a fazer uma leve carícia, olho para baixo e vejo a mão direita de
Connor repousada em minha perna. Como a calça do macacão possui uma fenda em cada perna,
quando me sento minhas pernas ficam a mostra, fazendo com que sua mão fique em contato direto
com a minha pele. Volto meus olhos para o seu e um pequeno sorriso de canto surge em meus lábios,
espelhando o sorriso de Connor.

-Eu já escutei isso de um monte de gente, nunca sei se fico feliz ou triste em saber que pareço ser mais
velha do que sou – apoio minha mão em cima da sua e ele automaticamente cruza os nossos dedos
mantendo nossas mãos unidas apoiada em minha perna.

-Te entendo, já passei por isso algumas vezes – ele toma o último gole de sua bebida e deposita o copo
sobre o balcão – Que tal sairmos daqui e continuar a conversa em outro lugar? – seus dedos roçam nas
costas de minha mão enquanto nos encaramos.

-Connor... eu estou de carro, e não acho que você esteja de taxi, e também acabamos de nos conhecer.

-Nós podemos ir para a minha casa que fica a uns dez minutos daqui e você me segue com o seu carro,
podemos ir para a sua ou ir ao hotel aqui do lado, e o fato de que acabamos de nos conhecer não acho
que seja uma boa desculpa.

-É você tem razão – dou uma leve risada – minha casa fica a meia hora daqui, e dez minutos... – faço um
muxoxo com a boca – eu não acho má ideia irmos ao hotel.

-Ok – seus lábios se curvam em um sorriso mostrando os dentes perfeitos.

-Ok – repito seu movimento.

Nós nos levantamos e andamos ainda de mãos dadas em direção ao caixa, pago minha conta, mesmo
com Connor tendo insistido em pagar as duas. Saímos do Bar e andamos até o The Yorkville Royal
Sonesta Hotel, ele tem um estilo clássico igual a maioria dos edifícios ao redor. Fazemos uma reserva de
apenas um dia e dessa vez ele me impede de pagar a estadia, andamos até o elevador e o aguarmos,
entramos assim que ele para no térreo e subimos até o quinto andar.

Mal entramos no quarto e Connor me puxa pela cintura e fecha a porta com os pés, ele me empurra
contra a parede me fazendo bater as costas e sela nossos lábios me beijando com urgência, sua língua
pede passagem e eu a concedo sem pensar, subo as minhas mãos passando por todo o seu corpo até
chegar a sua nuca o pressionando mais ao meu corpo e puxando os pequenos fios, Connor separa
nossos lábios e os desce pelo meu pescoço deixando pequenas mordidas e lambidas ao longo do meu
pescoço e beijando o topo dos meus seios, suas mão começam a percorrer todo o meu corpo, ele
começa deslizando as mãos pelos meus braços, chegando aos meus seios os apertando. Solto um
gemido com a sensação de seus dedos roçando meus mamilos eriçados por baixo do cropped, escuto
um risinho de satisfação saindo de seus lábios, e esfrego meus quadris em sua ereção, fico contente
quando ele para os beijos e afunda seu rosto na curva do meu pescoço e aperta ainda mais suas mãos
em minha cintura, tentando se conter, o que provavelmente deixaram marcas, escuto um gemido
extremamente baixo saindo de seus lábios e sorrio com satisfação. Connor levanta a cabeça novamente
e me encara, suas pupilas estão dilatadas fazendo com que os belos olhos azuis fiquem quase inteiros
negros, e não duvido que eu esteja do mesmo jeito, suas mãos voltam a percorrer todo o meu corpo até
alcançarem minha bunda, onde ele dá um aperto que me faz suspirar, e me levanta, me obrigando a
envolvê-lo com as pernas para que eu não caia.

-Você está me matando, como é possível ser assim tão gostosa – ele volta a me beijar e suas mãos saem
da minha bunda e vão em direção às minhas costas, começando a desfazer o laço que prende a parte de
cima do meu macacão. Com uma habilidade indescritível ele retira meu Top me deixando nua da cintura
para cima, e logo em seguida seus lábios vão de encontro ao meu mamilo esquerdo chupando-o com
força.

-Ahh Connor – enfio meus dedos em seus cabelos e rebolo em seu colo quando sinto o calor de sua boca
em meu seio.

Nossas roupas começam a me incomodar, passo minhas mãos pelo peitoral dele até chegar ao seu
ombro empurrando a sua jaqueta no processo, Connor me ajuda a retirá-la e já retira a camisa
pressionando nossos corpos novamente voltando a me beijar de maneira urgente. Ele me desencosta da
parede e anda pelo quarto comigo ainda em seu colo. Quando chegamos à cama ele me deposita em
cima da mesma, suas mãos retornam para as minhas costas e começam a descer o zíper da minha calça,
quando ela já está completamente aberta ele a retira junto de minha calcinha, me deixando
completamente nua dessa vez, me deixando apenas com o meu sapato nos pés.

Connor se afasta de mim e passa os olhos por todo o meu corpo, seus olhos brilham de luxuria e prazer,
ele se aproxima de mim se colocando entre as minhas pernas e sobe na cama deixando seu corpo sobre
o meu e com nossos rostos próximos um do outro, jogo meus braços em torno de seu pescoço e o puxo
para um beijo sendo correspondida logo em seguida, o beijo não dura muito pois ele se afasta de mim e
começa a descer os lábios pelo meu corpo. Connor desce os beijos desde a minha orelha até chegar aos
meus seios, sua boca abocanha meu mamilo direito enquanto sua mão massageia meu seio esquerdo,
solto gemidos cada vez mais altos com o estímulo, meu corpo queima por dentro, e a região entre as
minhas pernas implora por atenção, ele fica alterando entre meus seios durante um tempo, e depois de
brincar com ambos desce seus beijos pela minha barriga. Ele desce até meus tornozelos e começa a
distribuir beijos ao longo de minhas pernas, subindo cada vez mais, até ele estar com os lábios próximo
ao meu centro, me deixando mais angustiada ainda.

-Connor por favor... – gemo seu nome, e sem que eu espere ele passa sua língua por toda a minha
extensão - Ohh Connor – cravo minhas unhas em seu ombro escutando-o soltar um leve gemido de dor,
porém não tenho tempo de raciocinar porque Connor começa a me acariciar com a língua.

-Você está tão molhada, é tão deliciosa – ele circula meu clitóris com a língua e faz uma pressão com os
lábios me fazendo gemer novamente. Enquanto ele estimula meu centro com a língua, sinto-o introduzir
um dedo em meu interior, enrolo meus dedos em seus cabelos puxando-os e curvo as costas adorando
o prazer que me domina. Connor realiza movimento circulares e rápidos em minha boceta, alguns
momentos depois ele enfia mais um dedo dentro de mim e acaricia as paredes da minha vagina, rebolo
contra seus dedos e fico tentando controlar meus gemidos que saem com mais frequência e cada vez
mais agudos.

-Ah, sim Connor, assim mesmo – gemo me maravilhando com as sensações que tomam conta do meu
corpo.

Sinto uma onda de prazer percorrer todo o meu ser, minhas paredes internas apertam os dedos de
Connor e sinto meu orgasmo cada vez mais próximo, ele aumenta a velocidade dos seus movimentos,
não parando de estimular meu clitóris em nenhum momento, não consigo mais aguentar o prazer me
consumindo, fecho meus olhos e me entrego ao orgasmo gemendo enquanto sinto meu corpo ficar
extasiado com as sensações maravilhosas que me dominam. Connor continua me chupando até ter
sugado a última gota que saia de dentro de mim, ele volta a colar nossos corpos e sela nossos lábios
novamente, me fazendo sentir o meu gosto ainda presente em sua boca.

Empurro Connor pelos ombros fazendo-o deitar-se sobre a cama e me sento em seu quadril, o beijo na
boca e desço meus lábios pelo seu pescoço entre chupões leves e fortes, passo minhas unhas pelo seu
peitoral até chegar ao cós de sua calça, desço um pouco mais e pressiono sua ereção ainda presa pelo
jeans. Abro seu sinto e sua calça, e as tiro em seguida jogando-os em algum lugar no quarto, sua cueca
também não demora a ter o mesmo destino de nossas roupas, seu pau salta livre e vejo seu pré-gozo
sair pela cabeça de seu membro. Me encaixo entre as suas pernas e agarro seu membro com minhas
mãos, escuto um suspiro escapar por entre os seus lábios, Connor levanta o corpo e dou-lhe um selinho
antes de enfiar seu pau em minha boca, ele enfia os dedos em meus fios e pressiona minha cabeça para
baixo, me fazendo sentir seu membro tocando a minha garganta, ele guia meus movimentos enquanto o
chupo com força, tiro-o por completo de minha boca e passo minha língua ao redor da cabeça de seu
pau. Gemidos saem da boca de Connor me deixando satisfeita, gemo baixinho quando ele me pressiona
em seu membro de novo e seu pau enche minha boca novamente.

-PORRA BIANCA! – ele geme meu nome quando o levo até o fundo da minha garganta e com uma das
mãos massageio suas bolas e de maneira abrupta Connor me puxa para cima fazendo eu soltar um
gemido de protesto – não vou gozar na sua boca – ele passa o polegar pelos meus lábios – pelo menos
não agora. Agora vem aqui que preciso saber com é foder essa sua boceta molhada.

Connor me coloca sentada no colchão e desce da cama indo em busca de sua calça, vejo-o tirando uma
embalagem de preservativo do bolso e abri-la com os dentes, ele envolve seu pênis com o látex e se
senta novamente na cama me puxando para o seu colo, fazendo com que eu fique com uma perna de
cada lado de seu corpo. Connor me ergue um pouco e com apenas um movimento me invade por
completo, fazendo minha visão ficar turva, gememos juntos com a sensação da penetração. Quando
volto aos meus sentidos, passo os braços em torno de seu pescoço e começo a rebolar em seu colo e a
fazer movimento de vai e vem tirando-o quase por completo de meu interior e o fazendo entrar de uma
vez novamente.

-Oh Bianca, puta merda – ele agarra minha cintura e me ajuda a fazer os movimentos de sobe e desce,
impulsionando o seu quadril de encontro ao meu, fazendo seu membro entrar mais fundo. Abraço seu
corpo junto ao meu, os únicos sons do quarto são dos nossos gemidos e o som dos nossos corpos se
encontrando, suor escorre pelas minhas costas, sinto todo o meu corpo quente e estou próxima de ter
outro orgasmo.

Connor sai de dentro de mim, fazendo eu me sentir vazia, sinto minha vagina protestar e solto um
gemido de protesto por ter tido meu prazer interrompido, ele solta uma risada anasalada dá um selinho
em meus lábios e me coloca de costas pra si, espalmando as mãos em minhas costas fazendo com que
eu me curve e minha bunda fique inclinada, me deixando na posição de quatro Connor me penetra de
novo de uma vez, fazendo com que meu corpo seja impulsionado para frente, por causa da posição
consigo senti-lo ir ainda mais fundo.

-AH MEU DEUS CONNOR! – grito quando o sinto bater fundo em mim. Começamos as nos mover em
harmonia, criando um ritmo só nosso – Yeh, Yeh, continua, isso mais forte... - ele aumenta a velocidade
das estocadas e explodo em um orgasmo maravilhoso, sinto minhas pernas bambas, Connor me segura
pela cintura me impedindo de cair, ele me puxa de volta ao seu corpo, encostando seu peito em minhas
costas, e continua com o movimento, não demora muito para que eu volte a gemer com o prazer me
dominando novamente, o escuto gemendo em minha orelha, me fazendo sentir mais quente, ele agarra
meu queixo e vira meu rosto pra si tomando meus lábios em um beijo, sua outra mão desce para o meio
de minhas pernas e começa a estimular meu clitóris.

Meu corpo é tomado por convulsões como resultado de um terceiro orgasmo, logo sinto o corpo de
Connor se contorcer em minhas costas e ambos caímos ofegantes deitados na cama. Ele me puxa para o
seu peito e ficamos em silencio até que nossas respirações se regularizem novamente. Connor deposita
um beijo em minha testa e se levanta indo em direção ao banheiro, logo ele volta com uma toalha nas
mãos.

-Posso? – ele indica a região entre as minhas pernas, eu assinto e abro-as para que ele possa me limpar,
ele retira meus sapatos e começa a passar a toalha de modo suave em minha vagina, sinto todo o meu
corpo dolorido devido ao fato de fazer tempo que não me relaciono com alguém, minha boceta arde por
causa da fricção de nossos sexos, mas a dor e a ardência compensam porque elas estão ali por um
maravilhoso motivo, ele termina de me limpar e volta para o banheiro para colocar a toalha no cesto,
quando retorna ele se deita ao meu lado novamente e me puxa para o seu peito, jogo uma perna minha
sobre o seu quadril e ele apoia uma mão sobre ela, fazendo uma carícia no local – me de alguns minutos
e a gente pode partir para o segundo round – eu solto uma risada anasalada.

-Eu gosto da ideia de transar na banheira – digo olhando em seus olhos e sinto minhas bochechas
arderem, o canto de seus lábios se repuxam em um belo sorriso e ele deposita um beijo na ponta do
meu nariz.

-Você gosta de fazer sexo, mas tem vergonha de dizer o que gosta? – ele dá uma risada e me aperta
ainda mais em seus braços – Cada vez você me surpreende mais Bianca. Prometo que o nosso próximo
round será na banheira – um sorriso se forma em meu rosto e o puxo para um beijo.

E assim eu e Connor passamos o resto da noite, depois de alguns rounds em lugares inimagináveis,
testando milhares de posições e tendo inúmeros orgasmos, nós acabamos caindo exaustos na cama e
pegamos no sono e dormimos o resto da noite.
Eu acordo com os raios de sol teimando em entrar pela fresta da cortina. Esfrego meus olhos enquanto
tento recordar onde estou, lembro da noite passada e inevitavelmente um sorriso se forma em meus
lábios, olho para o lado e vejo que Connor ainda está dormindo, tiro a coberta de cima de mim tomando
o máximo de cuidado para não o acordar.

Ando em direção ao banheiro e me olho no espelho, meus cabelos estão uma bagunça por eu ter
dormido com eles molhados depois que nós transamos no chuveiro antes de nos deitarmos para dormir,
embaixo dos meus olhos tenho leves olheiras por ter ido dormir mais tarde do que o comum. Ando até o
box e ligo chuveiro para tomar um banho e ir embora, havia prometido para Papa e Mama que não
voltaria tarde, e olha só, estou voltando no dia seguinte.

Entro embaixo do chuveiro, fecho os olhos e aproveito a sensação de ter a água molhando meu cabelo e
senti-la escorrer pelo meu corpo, de repente sinto braços fortes me abraçando por trás e encosto minha
cabeça em seu ombro.

-Por um acaso a senhorita planejava ir embora sem se despedir de mim? – Connor sussurra em meu
ouvido, sua voz está mais grossa do que ontem pelo fato dele ter acabado de acordar.

-Talvez? – me viro de frente pra ele e faço a cara de inocente que sempre faço quando peço algo para
Papa.

Ele ri da cara que faço e une nossos lábios em um beijo ardente. Connor me ergue pela cintura me
fazendo cruzar as pernas em sua cintura e me pressiona contra a parede do box, ele separa sua boca da
minha e morde o lóbulo da minha orelha, me fazendo cravar as unhas em seus ombros e soltar um
gemido baixo. Connor desce seus lábios ainda mais e deixa um chupão forte em meu pescoço me
fazendo arquear as costas, suas carícias mal começaram e já consigo sentir o vão das minhas pernas
quentes e implorando por atenção, seus lábios chegam à altura dos meus seios e eles ganham a sua
total atenção, ele brinca com meus mamilos, circulando-os com a língua, sua mão direita sai debaixo da
minha bunda e ele me penetra com dois dedos, sem nenhum aviso prévio.

-Ohhh Connor – ele continua a brincar com meus seios e aumenta o ritmo de seus dedos em meu
interior, meus gemidos estão cada vez mais altos e agudos, sinto meu orgasmo próximo e rebolo em
seus dedos em busca de alivio, puxo seu rosto de volta para o meu e começo a beija-lo novamente,
passo minha língua por sua mandíbula, mordo seu lábio inferior e quando jogo minha cabeça pra trás
para enfim chegar ao meu tão desejado clímax, Connor retira seus dedos de dentro de mim, eu o olho
com os olhos brilhando em fúria e desejo.

-Não ouse brincar comigo senhor Ferrari, é melhor o senhor continuar o que estava fazendo ou eu...

-Você o que? Vai me deixar aqui e vai embora com o desejo correndo por suas veias, com seu corpo
implorando por libertação?

-Eu tenho um amiguinho que pode me ajudar a buscar esse alívio assim que eu... Ahhhh – Connor passa
a cabeça de seu membro em minha entrada, pressiono meu corpo pra baixo tentando aumentar a
fricção dos nossos sexos – Connor por favor, não brinca comigo – choramingo em seu ouvido.

Connor me penetra com força, me fornecendo o alívio que eu tanto buscava, seus movimentos são ágeis
e fortes fazendo com que minhas costas batam na parede atrás de mim, rebolo em seu membro indo de
encontro aos seus movimentos, meus gemidos e os de Connor se misturam ao barulho da água caindo
no chão. Minhas paredes internas apertam o membro dele fazendo-o soltar um gemido mais alto e o
sinto pulsar em meu interior, Connor leva umas das mãos até meu clitóris e começa a me estimular,
sinto uma corrente elétrica se espalhar por todo o meu corpo quando finalmente chego ao meu alívio,
Connor ainda continua com os movimentos em busca da própria libertação, após mais algumas
estocadas ele joga a cabeça para trás me pressionando mais em direção de seu corpo enquanto se
derrama em meu interior.

-Aahn, você está se fazendo ser uma péssima influência para mim Connor – sinto minhas pernas bambas
e espasmos ainda percorrerem meu corpo. Ele encosta sua testa na minha e ficamos nos encarando
tentando regular as nossas respirações, quando sinto que já consigo ficar em pé por conta própria, dou
um leve tapa em seu ombro e ele me desce de seu colo.

Nós terminamos de tomar banho e logo saímos para colocarmos nossas roupas e irmos embora, Connor
anda na minha frente e só então reparo em suas costas, linhas vermelhas cobrem praticamente toda a
superfícies de sua costa, paro no mesmo lugar paralisada com o estrago que eu fiz.

-Ehhh Connor, você por um acaso olhou as suas costas?

-Não duvido que estejam arranhadas, você não mediu a sua força ontem – ele segue para o quarto
como se não tivesse problema algum em eu tê-lo arranhado.

-Não está bravo? – volto a andar até o quarto e começo a me secar para colocar minha roupa.

-E por que eu estaria? São só alguns arranhões que logo, logo somem, e não que eles tenham vindo
parar em minhas costas por um motivo ruim, muito pelo contrário, eles estão aqui por causa de um
excelente motivo. E não se sinta especial, eu não sou o único que sairei com lembranças temporárias
marcadas no corpo – compreendo o que ele disse e corro até o espelho para me olhar, minha cintura
possui a marca de seus dedos, chupões estão espalhados por todo o meu corpo que felizmente serão
cobertos pelas minhas roupas.

Ele anda em minha direção deposita um selinho em meus lábios e volta para onde estava e volta se
arrumar, e eu faço o mesmo. Caço minhas roupas por todo o quarto e por alguma razão, que nunca vou
descobrir, minha calça e a minha calcinha estavam embaixo da cama. Coloco minha roupa, tiro a toalha
que estava em meu cabelo e o penteio com os dedos, passo um batom rosa claro que estava em minha
bolsa e coloco meus óculos escuros. Pego meu celular dentro da bolsa me preparando para a enxurrada
de ligações e mensagens que me aguardam, mas ele está sem bateria e não trouxe carregador, terei que
chegar em casa e escutar a bronca apenas pessoalmente. Olho novamente para Connor e o vejo colocar
a sua jaqueta.

-Bom eu tenho que ir, meu horário de chegar em casa já deu há muito tempo, e com toda certeza irei
levar uma bronca daquelas hoje – dou um sorriso tímido pra ele – então a gente se vê por aí?

-A gente se vê por aí... – ele estende a mão em minha direção e eu a aperto – me passa seu número pra
eu poder ter pelo menos uma chance de te ver de novo – assim que ele solta minha mão ele me estende
o telefone dele, eu o pego e anoto meu número.

-Pronto. Agora você tem uma pequena chance de me ver de novo – ando até onde ele está e deposito
um beijo em sua bochecha – e obrigada pela noite de ontem, eu estava mesmo precisando de uma boa
distração - sussurro em seu ouvido e me afasto – Adeus senhor Connor Ferrari – mando um beijo no ar
pra ele e saio do quarto acenando em despedida.

Ando até o elevador e aguardo ele chegar no andar que estou, entro nele e aperto o botão do térreo,
com o meu celular está descarregado não faço a mínima ideia de que horas são. Ando pelo hall do hotel
e olho no relógio que está pendurado no balcão de atendimento, o relógio marca sete e meia da manhã,
então eu realmente não tenho nenhuma chance de me safar da bronca, Papa e Mama já estão
acordados e provavelmente já sabem que não dormi em casa, saio do hotel e vou até meu carro entro
nele e dou partida logo em seguida e dirijo até em casa.

O caminho até em casa foi tranquilo levando em consideração o horário, quando viro na rua que me
levará até o meu destino vejo um carro de polícia saindo da frente de casa. Guardo o carro na garagem e
ando em direção à porta de entrada retirando meus óculos e o colocando apoiado na cabeça, procuro
minhas chaves na bolsa, mas antes que eu tenha tempo de achá-la a porta é aberta com tudo, levo um
susto quando vejo Papa parado em frente a porta com os cabelos completamente bagunçados, os olhos
vermelhos e olheiras extremamente escuras embaixo deles.

Quando ele me vê, seus braços me rodeiam em um abraço e seus ombros começam a tremer, consigo
escutá-lo chorar, e não entendo o motivo. Papa dificilmente chora, e o fato de eu passar a noite fora não
seria tão preocupante ao ponto de fazê-lo chorar.

-Papa está tudo bem? – retribuo o abraço e ele se afasta um pouco me arrastando para dentro de casa,
ele me guia até a sala de estar e quando chego lá vejo todo mundo sentado no sofá de cabeça baixa.

Mama está chorando, Jack e Camille tentam acalmá-la, mas não surte muito efeito. Christian está com a
cabeça enfiada entre as mãos e encara o tapete da sala e Adrian anda de um lado para o outro no fundo
do cômodo. Quando me vê ele vem correndo em minha direção e me acomoda em seus braços, Papa
anda até onde Mama está e se ajoelha na frente dela, sinto mais braços me rodeando pela cintura e vejo
meus irmãos me abraçando e todos estão com os olhos vermelhos e inchados, com profundas olheiras
embaixo dos olhos, indício de que ficaram horas sem dormir e provavelmente estão chorando a algum
tempo. Saio do abraço de urso que estou recebendo e vou até Mama.

-Ei Mama calma, o que está acontecendo? Por que a senhora tá chorando? – Mama me olha nos olhos,
sua expressão não está muito diferente dos que estão presentes, seus olhos nãos expressam a mesma
alegria de sempre, pelo contrário eles estão tristes e repletos de dor. Ela me abraça, seu choro aumenta
de intensidade, seus soluços ficam mais frequentes, entro em desespero por não saber o que está
acontecendo.

-Mama me deixa conversar com a Bica, tenta se acalmar só vai fazer mais mal pra senhora ficar nervosa
– Jack para atrás de mim e coloca a mão em meu ombro – Bica vem comigo – eu olho pra ele e me
levanto seguindo-o pela casa, nós subimos para o segundo andar e ele me guia até o meu quarto e a
gente entra.

-Jack o que aconteceu? Por que tá todo mundo chorando?

-Bica calma, senta você está nervosa, eu vou te explicar o que está acontecendo – eu me sento na cama
aguardando, vejo Jack olhar pra cima e começar a piscar os olhos de maneira rápida.

-Jack pelo amor de deus, me explica o que tá acontecendo.


Quando Jack me olha novamente seus olhos estão úmidos e lágrimas escorrem por seu rosto, e sem que
ele tenha que dizer uma única palavra eu entendo o porquê de todo mundo estar chorando, só aí minha
ficha cai, nem todo mundo estava na sala, tinha uma pessoa que não estava presente, um vazio toma
meu peito e não consigo mais respirar, meus olhos se encharcam de lágrimas e não consigo conte-las,
um soluço escapa por entre meus lábios e logo sinto John me apertando contra o seu peito.

-John por favor, por favor eu te imploro, me diz que não é o que eu estou pensando, olha nos meus
olhos e me diz que eu estou equivocada, me diz que eu estou errada... John por favor... – o ar começa a
se fazer ausente, não consigo respirar, meu coração está se despedaçando, uma dor absurda toma conta
do meu ser – Jack por favor... por favor...

-Eu sinto muito Bica... eu sinto muito... – John me abraça mais forte e afaga meus cabelos, deixo o choro
me dominar, todas as lembranças, os momentos vividos começam a se passar pela minha mente como
se fosse em uma tela de cinema, e não sei em qual momento nem por quanto tempo, mas pego no
sono.

Não faço a mínima ideia de quanto tempo se passou desde que eu recebi a notícia de que eu nunca mais
ia vê-la, que nunca mais íamos rir juntas, aprontar juntas ou fazer qualquer coisa juntas, só sei que
nunca vou conseguir me esquecer desse dia, eu acho que o luto é a pior fase na vida de uma pessoa que
ela é obrigada a enfrentar.

A dor do luto pode ser comparada à uma panela de pressão, você não consegue abri-la, tem que soltar a
fumaça aos poucos, é um processo lento e demorado. Porque com a morte, com o luto, não é a outra
pessoa que morreu, ela sempre vai estar contigo, você sempre a terá em suas lembranças, porém é você
que morreu para ela. Você não terá saudade do outro, você terá saudade do que você nunca mais será
para o outro. Você vai pensar não no abraço que você nunca mais vai poder dar, no beijo que você não
vai dar, você pensa no beijo que não vai mais receber, no abraço que não vai mais receber, a morte é a
nossa inexistência, a morte do outro se torna a nossa inexistência. A gente não vai sofrer com o “eu
nunca mais vou poder ligar”, não, a gente vai sofrer com o “eu nunca mais vou poder receber aquele
telefonema”, “eu nunca mais vou receber aquela visita”. E com isso você vai perceber que pela primeira
vez, você deixou de existir para alguém, e essa pessoa continua mais viva do que nunca dentro de você.

Dizem que a vida vai ser boa e linda, mas não sem um coração partido. Com a morte, vem a paz. Mas, a
dor é o custo de se viver, como o amor. E é assim que sabemos que estamos vivos. E eu acredito na paz,
sei que em algum momento irei voltar a vê-la, mas até esse dia chegar, terei que lidar com os custos que
é saber que estou viva, com a dor de não existir mais para a minha outra metade, com a dor de que eu
nunca mais estarei completa, até o dia em que nos encontrarmos novamente.

Capítulo 1
Dias atuais
-Vamos Bianca deixa de ser chata – Louise sentada na minha frente encostada em Dylan diz pela
enésima vez.
Eu e Dylan estamos no apartamento que Louise e Alessandra dividem desde que começaram a
faculdade, Sand está deitada em um dos sofás, eu estou deitada no chão e Loi e Dy no outro sofá. Nós
quatro estamos no sétimo semestre da faculdade, porém em cursos distintos, Dy está cursando
Engenharia Civil, Sand Medicina, Loi Direito e eu Veterinária. Nos conhecemos na primeira semana de
início das atividades universitárias, estávamos conhecendo o Campus da FU-Berlim com o mesmo guia,
Dy e Sand começaram a puxar assunto com todo mundo, e nisso nós começamos a conversar,
descobrimos coisas em comum e criamos o nosso grupo.
-É Bi, você sempre fica com a cabeça enfiada nesses livros, nunca sai pra curtir com a gente – é a vez de
Dylan me atormentar.
-É por ficar com a cabeça enfiada nesses livros que eu estudo aqui, e eu já disse, não gosto desse
negócio de ir em boates e bares para beber, vocês sabem que eu gosto de ficar com a Diana em casa…
-Mas você já fica com a Didi todo dia – Alessandra me corta – uma noite só não vai te matar, e ela nem
vai ligar.
-Vai Bibi, seu aniversário é na semana que vem e você não vai estar aqui, vamos comemorar seus vinte e
um anos com alguns dias adiantado. E se me lembro bem você prometeu que ia sair pra comemorar
com a gente. Vamos curtir um pouquinho vai? – Alessandra faz uma cara de cachorro que caiu do
caminhão da mudança, sendo acompanhada por Dy e Loi.
Na próxima sexta feira é meu aniversário, e eu vou encontrar com a minha família em Paris para
ficarmos uns dias juntos, já que como não moro mais no Canadá, a gente não se vê com frequência e
como o recesso da faculdade coincidiu com o dia do meu aniversário, meus pais decidiram que queriam
passar uns dias na França, então meus amigos querem comemorar antes, e eles insistem em ir em uma
balada, porém não curto mais a ideia de ir em boates e encher a cara, prefiro muito mais ficar no
conforto da minha casa, onde não corro o risco de fazer besteiras. No começo eles achavam que eu não
gostava disso porque tinha crescido com pessoas com problemas de alcoolismo ao meu redor, mas nada
está relacionado, Papa e Mama só bebem socialmente e raramente para descontrair, eu apenas disse a
eles que não curtia a ideia, e que eu sempre fui mais caseira.
Muita coisa da minha história eu não tive coragem de contar pra eles, eles não sabem quem são meus
pais, meus irmãos ou qualquer outra informação em relação à minha família, eles sabem pouquíssimas
coisas sobre mim, nunca contei muita coisa pra eles, eu só disse o que era necessário e expliquei que
algumas coisas eu não queria falar por motivos pessoais, e ao contrário do que pensei os três foram
super compreensivos comigo e disseram que não ligavam pra isso e que se um dia eu quisesse falar eles
estariam ali por mim, então eles nem imaginam que a última vez que sai para curtir não acabou nada
bem.
-Que eu me lembre, eu prometi ir comemorar com vocês, em momento algum eu disse que iria pra
balada.
-Você disse que iria sair com a gente pra comemorar e que poderíamos escolher o lugar – Sand olha
para Dy e Loi – e a gente escolheu ir à Watergate! - eles comemoram batendo palmas.
A Watergate é uma balada famosa aqui de Berlim, sempre está cheia e é muito bem recomendada. Já
passei inúmeras vezes na frente dela, e todas elas a fila para entrar estava gigantesca.
-Eu não lembro de ter dito isso.
-Mas disse – Louise diz depressa.
-Vai Angel - Dylan sai debaixo de Loi e vem em minha direção – Diz que sim, diz que sim, diz que sim –
Ele se joga em cima de mim começando a fazer cócegas em mim, eu começo a rir e a me contorcer
embaixo de dele tentando me soltar.
-Tá bom, tá bom, eu vou satisfeitos? – falo rindo me dando por vencida e lutando contra o troglodita
que está montado em mim.
-Estamos! – eles dizem em uníssono e Dylan sai de cima de mim.
-Então eu e Loi vamos pra sua casa mais tarde pra nos arrumarmos Bi – Sand diz enquanto observa as
próprias unhas – Mas antes preciso dar um jeito nisso aqui – ela aponta para as próprias mãos.
-Ok – digo me levantando – Então eu vou pra casa e sair pra dar uma volta no parque com a Diana. Se
vocês duas chegarem primeiro que eu, a chave reserva está de baixo do capacho da porta.
-Eu passo pra pegar vocês 21:30 na casa da Angel então.
Eu mando um beijo no ar para os três e me despeço da Magali e do Mingau, os gatos das meninas, que
por sinal eu ainda não sei como elas conheceram Mauricio de Sousa para que eles tenham esse nome,
saio pela porta indo em direção ao estacionamento para pegar meu carro e ir pra casa.

Quando chego em casa tiro meu casaco e o penduro no armário, em seguida removo meus sapatos
guardando-os e calçando minhas pantufas. Subo para meu quarto eu deixo minha bolsa no cabideiro,
Diana está deitada na minha cama, eu ando até ela faço carinho em sua cabeça e sigo em direção ao
banheiro para tomar um banho e colocar outra roupa pra poder ir ao parque. Após o banho coloco um
conjunto de moletom com roupas térmicas por baixo, é outono aqui na Alemanha então as
temperaturas estão mais baixas, não chegam ao nível do inverno, mas é o suficiente para sair
agasalhado, prendo meu cabelo em um coque, coloco a guia em Diana e saímos.
Assim que chegamos no Parque Schlachtensee, eu solto Diana da guia e começo a andar em direção à
área de pets, durante o trajeto vejo várias pessoas andando por todos os lados, observo o lugar ao meu
redor, o céu repleto de nuvens e está com uma coloração vermelho alaranjada, deixando o mundo com
uma aparência mais bonita e confortável, as árvores estão perdendo suas folhas e ganham cores
diferentes, o chão está repleto de folhas secas que estalam embaixo dos meus pés.
Eu sou completamente encantada pelo outono, a melancolia que o acompanham me fascinam, sempre
que a estação chega eu reflito sobre o seu significado, sobre a lição de vida que vem com ele, onde as
folhas morrem para que novas venham e assim eternizam a vida, o outono nos mostra que a vida tem
um ciclo onde tudo tem um começo, um meio e um fim, mas que com uma nova estação a vida continua
com o florescer das plantas e as frutas maduras, e o vento arrasta para longe as folhas secas e os dias
passados.
Chego no cercado abro o portão e Diana entra. Deixo-a brincando e vou pra o lado que fica o lago,
quando chego tiro uma toalha da bolsa a estendo no chão e me sento, pego meu celular e o tablet para
adiantar alguns trabalhos da faculdade, aproveitei também para comprar minha passagem. Escuto meu
celular tocando e o pego vendo o nome de Christian na tela, atendo e vejo meus irmãos surgirem na
tela.
*CHAMADA DE VÍDEO ON*
-Hey Bibica!!! – os três falam em uníssono assim que atendo.
-Oi meninos – dou um sorriso vendo a animação deles.
-Como você está pequena? – Christian pergunta e consigo ver um ar de preocupação em seu rosto,
sendo espelhado nas feições de Jack e Ade.
-Estou bem Kit, e vocês? – vejo uma certa movimentação atrás deles – onde raios vocês estão pra ter
tanta gente assim atrás de vocês?
-A gente está bem Bica...
-BIANCA!!! – o celular é tirado da mão de Christian e vejo minhas cunhadas surgirem na tela logo em
seguida.

-Oi meninas – cumprimento elas dando risada da euforia.


-Bi eu mal vejo a hora de chegar em Berlim e te abraçar amiga, tô morta de saudades de você – a alegria
de Cammy me faz dar um sorriso de canto de boca.
-Sim Bia a gente tem tanta coisa pra conversar – é a vez de Ava falar.
-E eu quero ir naquela cafeteria que você falou – Ruby fala em seguida.
-Meninas calma vocês vão me deixar louca desse jeito – solto uma risada baixa, demoro um pouco para
digerir o que Camille diz por causa das três falarem uma seguida da outra – como assim mal vê a hora
de chegar em Berlim Cammy?
-Meninas se vocês puderem devolver o celular pra gente poder falar com a nossa irmã a gente agradece
– Jack intervém e pega o celular da mão delas – então Bica se essas três loucas não tivessem tirado o
celular da nossa mão eu teria conseguido falar.
-Johnny – vejo Cammy dar um tapa em seu braço e fazer cara de choro, Jack ri e a abraça depositando
um beijo em sua cabeça e Christian pega o celular de novo.
-Como eu estava falando antes de ser interrompido, a gente está no aeroporto, queríamos fazer uma
surpresa pra você, mas um bando de doida nos atrapalhou – vejo Ava mostrar a língua para ele – então
voltando, a gente decidiu ir pra Berlim ficar essa semana com você, aí na quinta nós viajamos juntos pra
Paris encontrar a Mama e o Papa – fico durante um tempo encarando-os no celular tentando digerir o
que Chris disse.
-Vocês vão vir ficar aqui durante a semana? Vocês vão ficar lá em casa? – sinto um nó se formar na
minha garganta, se eles forem ficar em casa vou ter que arrumar um jeito do pessoal não ir em casa, e
consequentemente achar um jeito de inventar uma desculpa para não nos encontrarmos fora do horário
da faculdade.
-Esse era o plano Bica, você mora sozinha naquela casa gigantesca – Jack responde – por quê?
-Não nada, só pra eu saber, vou falar pra Amélia deixar os quartos arrumados pra vocês.
-É só isso mesmo Bica? Se você preferir a gente fica em um hotel.
-Não Jack, podem ficar lá em casa, vou adorar ter meus irmãozinhos comigo essa semana.
*Atenção senhores passageiros do voo PD133 com destino à Newark, embarque autorizado no portão
06* Consigo escutar o aviso de embarque ao fundo.
-Bica agora a gente precisa ir, nos vemos em algumas horas pequena. Te amo mucho – Jack me manda
um beijo.
-Tchau Bica!! Te amo mucho – todos falam juntos.
-Tchau gente, yo también te amo – mando um beijo para eles e encerro a ligação.

*CHAMADA DE VÍDEO OFF*

Coloco o celular de volta na bolsa e tento voltar a fazer o trabalho da faculdade, mas não consigo me
concentrar e acabo desistindo guardando o tablet em seguida. Minha cabeça está a mil, encaro o lago à
minha frente, a água está calma, consigo ver alguns patos nadando nele, algumas crianças correm na
beira do lago brincando umas com as outras, um meio sorriso surge em meus lábios, e uma lembrança
surge em minha mente, uma memória de muito tempo atrás de um dia que Papa e Mama levaram meus
irmãos e eu no High Park para fazermos um piquenique. Meus irmãos estavam brincando com as outras
crianças perto do lago e como eu e a Emma tínhamos cerca de 5 anos Mama não deixava a gente ir
brincar com eles, até que nós duas bolamos um plano e conseguimos fugir dos nossos pais, só que nossa
fuga foi impedida pelo Jack que nos pegou no flagra, e para ele não nos pegar nós duas saímos correndo
pelo parque, o Kit e o Ade também começaram a correr atrás da gente e nós ficamos correndo para lá e
para cá pelo parque até que a Mama nos chamou para comer.

Instantaneamente olho para minha mão direita vendo o conjunto de prata formado por um solitário,
com um diamante central e três menores de cada lado da pedra do centro, e um anel liso com duas
linhas encrustadas com pequenas pedrinhas. Fico encarando a dupla de prata enquanto giro o segundo
anel no dedo, sinto um aperto na garganta, e meus olhos começam a arder, mesmo depois de tudo que
aconteceu eu não consegui tirá-lo, por mais que sempre que o vejo em meu dedo sinto um aperto no
peito e a saudade

de e o sorriso que estava em meu rosto some, sinto meus olhos ardendo, passo a mão pelo meu rosto e
percebo minha bochecha molhada, seco o rosto com a manga do meu moletom e pisco os olhos para
que a vontade de chorar fosse embora.

Meu celular apita com uma nova notificação, o desbloqueio e vejo que é o Jack que me mandou
mensagem, eu a abro e olho a foto que ele me mandou, na foto estão Kit e Ava em um conjunto de
poltronas, Ade e Ruby em outra mais ao fundo e Jack com a Cammy mais a frente, todos estão sorrindo
para a foto, respondo a mensagem com um selfie mandando um beijo e desejo boa viajem pra eles.

Olho a hora e percebo que já está tarde, arrumo minhas coisas e me levanto andando em direção à área
de pets, quando estou chegando próximo ao portão um cachorro da raça rottweiler, vem correndo em
minha direção com algo na boca, ele para na minha frente e consigo ver uma bola entre seus dentes. Ele
coloca a bolinha no chão e a empurra com o focinho na minha direção dividindo sua atenção entre mim
e a bola, eu me abaixo para acariciá-lo e pego a bola nas minhas mãos.

-Hey meninão, você quer brincar? – eu mostro a bola pra ele e o mesmo late – Você está perdido? –
acaricio sua cabeça e olho sua plaquinha de identificação vendo seu nome, antes que eu possa ler o
nome escuto uma voz grossa falando próximo a mim.
-Até que enfim te encontrei Chopper – quando olho para cima, encontro um par de olhos castanhos me
encarando – Peço desculpas pelo meu cachorro, eu estava jogando a bola pra ele e do nada ele saiu
correndo.
-Não tem problema, eu é que estava atrapalhando a brincadeira dele pegando a bolinha – digo me
levantando e entregando a bola para o homem.
Já de pé, encaro o desconhecido a minha frente e começo a analisá-lo inconscientemente, ele tem
entorno de 1.80 de altura, me obrigando a olhar para cima pra conseguir olha-lo nos olhos, já que tenho
apenas 1.65, deve ter aproximadamente 30 anos, fios de cabelos dourado despontam por baixo de seu
gorro cinza, o rosto bronzeado e o corpo atlético, que consegui perceber mesmo por baixo das roupas,
são indicativos de que ele passa muito tempo ao ar livre praticando esportes ou fazendo exercícios. O
rosto com o maxilar definido, a barba bem-feita, os olhos cor de avelã, o nariz fino, as sobrancelhas
arqueadas, a boca fina e o sorriso branco lhe garantem um ar sensual. O pescoço longo e grosso possui
marcas pretas que podem indicar a presença de uma tatuagem, porém não consigo dizer ao certo por
causa do moletom que ele está usando, mas consigo ver perfeitamente as tatuagens de suas mãos, na
direita têm um símbolo que reconheci como o símbolo do signo de virgem, e na esquerda consegui ver
três espadas cruzadas.
Volto a olhá-lo nos olhos e

-Perdão, você me perguntou alguma coisa? – digo ainda sentido minhas bochechas arderem ainda mais
– Eu... – um latido alto me corta e vejo Diana correndo em nossa direção. Quando ela percebe a
presença de Chopper ela para no lugar e se aproxima lentamente, ela se senta ao meu lado e fica
encarando os dois desconhecidos que estão em nossa frente. – Ei menina já cansou? Nem me esperou ir
te buscar – eu acaricio sua cabeça.
-Agora eu entendo o porquê de você não ter tido medo do Chop. Geralmente as pessoas ficam mais
afastadas por causa da raça dele. – ele diz se abaixando e estendendo as mãos para que Di possa sentir
seu cheiro.
-Isso também acontece com ela, já chegaram até a retirarem os cães que estavam no parquinho porque
ela chegou, como se o fato de ela ser uma rottweiler afetasse a personalidade e o temperamento dela –
eu me abaixo ao lado de Didi e lhe dou um beijo no rosto e acaricio sua cabeça.
-Então você... – nesse momento meu celular começa a tocar, e eu o pego para atender – Perdão, preciso
atender – eu me viro e atendo.
*LIGAÇÃO ON*
Bianca: Pode falar Sand.
Alessandra: Amiga onde você está? A gente já tá aqui na sua casa e já é tarde, precisamos começar a se
arrumar.
Bianca: Eu estou no parque Sand, estou indo tá bom. Eu só trouxe a Diana para passear um pouco e me
esqueci da hora.
Alessandra: Tá bom Bi, a gente vai comer alguma coisa então.
Bianca: Folgadas nem um pouco né? – eu dou risada – Tá bom em 5 minutos tô aí, Bye.
*LIGAÇÃO OFF*
Eu desligo o telefone e volto a minha atenção para o desconhecido, que percebi não saber o seu nome
ainda.
-Eu preciso ir, foi um prazer conhecê-lo – digo enquanto coloco Diana na guia novamente – Tchau
garotão, adeus pra você também.
-Adeus – ele se despede de mim, e percebo o início de um sorriso em seus lábios.
Virando de costas começo a me afastar dos dois, quando estou distante escuto Chopper latir, quando
olho para trás ele e seu dono estão seguindo por um caminho completamente distinto do nosso.

Capítulo 2
Quando chego em casa eu solto a Diana e subo para o meu quarto, logo que entro vejo as meninas de
banho tomado e toalha na cabeça, elas estão discutindo sobre qual roupa irão usar para sair. Assim que
me veem elas andam em minha direção.

-Até que enfim Bianca, achei que teria que te buscar, o que tanto você faz nesse parque ein?

-Às vezes eu fico quieta e as vezes conversando com os donos dos outros cães, e pra que tanto exagero
Alessandra eu nem demorei tanto assim.

-Bi você ficou quatro horas no parque, como você consegue ficar tanto tempo sem fazer nada? Ou você
está escondendo alguma coisa da gente ein dona Bianca? – Loi cruza os braços e arqueia as
sobrancelhas.

-E eu consigo esconder alguma coisa de vocês? E eu estou aqui não estou? Então se me dão licença eu
vou tomar meu banho para ir em nessa boate que vocês estão me obrigando a ir – eu digo dando ênfase
no vocês.

Eu passo por elas e vou em direção ao banheiro, assim que entro e fecho a porta escuto elas gritando.
-A gente também te ama Bi.

Tranco a porta e começo a tirar minhas roupas, solto meu cabelo e entro no box. Abro o chuveiro e sinto
a água quente molhando minha cabeça, escorrendo por todo o meu corpo. Eu me sinto tão cansada,
tudo o que eu queria era ficar deitada, meus pensamentos me atormentam a cada minuto, eu pensei
que me mudar facilitaria as coisas, não viver em um local que sempre me lembrasse dela seria mais fácil,
mas não está sendo mais fácil, mesmo já tendo se passado quatro anos. Me encosto na parede e deixo a
água fluir por minha pele.

Passo as mãos pelo meu cabelo, fecho os olhos e começo a pensar no meu dia, como um modo de me
acalmar, começo a refazer os meus passos de hoje, as aulas da faculdade, o almoço com o pessoal, a
tarde na casa das meninas, o passeio no parque, e assim que me lembro do parque inevitavelmente
penso no desconhecido, imagens dele surgem em minha mente, aquelas mãos grandes e fortes, que
sem dúvidas possuem uma pegada extraordinária, os braços musculosos, mesmo por baixo da roupa,
excelentes para se segurar, os pelos da barba bem feita com toda certeza arranhariam minhas coxas
enquanto ele estivesse entre elas me dando prazer. A tatuagem no pescoço que eu adoraria lamber até
chegar a sua orelha e pedir para que me fodesse.

Sinto meu corpo se esquentando, meus mamilos duros e minha boceta molhada, sem que eu perceba
minhas mãos já estão em ação, a mão esquerda aperta meus seios fazendo suspiros saírem de minha
boca, e a mão direita desce por minha barriga até alcançar minha intimidade. Quando meus dedos
encostam em meu clitóris, solto um gemido involuntariamente, lembrando que Alessandra e Louise
estão no quarto, tiro a mão dos meus seios e a coloco na boca para tentar abafar os gemidos. Começo a
acariciar meu botãozinho imaginando ser ele me acariciando, uma onda de prazer se espalha por meu
corpo, removendo a mão que está tapando a minha boca e enfiando dois dedos dentro da mesma, a
mão direita continua seu trabalho acariciando meu centro, mas eu gostaria mesmo de estar acariciando
seu pau, queria senti-lo fundo em minha garganta enquanto agarra meu cabelo se forçando pra dentro,
desejo sentir o seu gosto, senti-lo dentro de mim me fodendo, quero marca-lo com minhas unhas, tê-lo
só pra mim. Não aguentando mais o prazer avassalador que me domina, enfio um dedo dentro de mim,
chupando os dedos que estão em minha boca, o prazer me queimando por inteira, insiro mais um dedo
e solto um gemido, aumento a velocidade e cavalgo e minha mão, rebolo em meus dedos, imaginando
que estou cavalgando em seu membro. Sinto minhas paredes internas se apertarem e aumento ainda
mais meu ritmo, sinto meu orgasmo cada vez mais próximo, quando estou quase lá tenho um choque de
consciência e percebo o que estou fazendo.

Todo o calor, todo o prazer e o tesão que estavam me dominando se esvaem, meu corpo começa a
tremer e logo noto que lágrimas descem por minha bochecha se misturando a água do chuveiro. Tento
controlar minha respiração e fazer com que as lágrimas cessem, mas não funciona, me abaixo ficando
abraçada aos meus joelhos, encosto minha cabeça neles e deixo que o choro me consuma.

-Eu não podia ter feito isso – sussurro para o vazio – Eu jurei que nunca mais faria isso, eu quebrei meu
próprio juramento – meu corpo treme e um soluço escapa de meus lábios – Você só quebra juramentos
Bianca, nunca cumpre nada do que promete. Sua burra, burra, burra – bato em minha cabeça, e enfio os
dedos entre os fios do cabelo puxando-os do couro cabeludo. Nesse momento escuto uma batida na
porta e levanto minha cabeça.

-Bibi tá tudo bem? Você já tá aí a muito tempo– escuto Alessandra falando atrás da porta
-Tá tudo bem sim Sand, só estou terminando a hidratação do meu cabelo, saio daqui cinco minutos –
repondo tentando manter a voz firme e me levantando, pegando o shampoo pra terminar meu banho.

-Tudo bem então.

Tomo um banho rápido, apenas o suficiente para terminar de lavar meu cabelo. Desligo o chuveiro,
coloco uma toalha na cabeça me enxugo e enrolo outra no meu corpo. Eu ando em direção a pia e me
olho no espelho, meus olhos estão vermelhos por causa do choro. Ligo a torneira e jogo água fria no
rosto, olho-me de novo e vejo que a vermelhidão diminuiu ao ponto de ser imperceptível se não
observada com atenção. Por breves segundos me encaro no espelho, respiro fundo e com um sorriso no
rosto ando em direção a porta saindo do banheiro.

-Aleluia, achei que tinha morrido aí dentro – Sand diz assim que abro a porta, as duas já estão vestidas.
Sand está com um vestido verde musgo que realça sua pele negra, o corpete com costura princesa com
tiras nas costas abertas, possui um decote em V profundo, a cintura ajustada se alarga em uma saia
skatista ficando à um palmo do joelho. Louise vestiu um vestido lilás realçando seus cabelos da cor de
rubis, o corpete triangular com alças finas ajustáveis. O tecido franzido marca todas as suas curvas, com
uma fenda lateral que deixa à mostra sua perna direita. A única coisa que não está pronta nelas são a
maquiagem e o cabelo.

-Desculpa eu acabei decidindo fazer hidratação de última hora – falo enquanto ando em direção ao
guarda-roupa.

-Sem problema gata. Então qual roupa você vai vestir? – Sand pergunta atrás de mim – Eu e a Lolo
separamos uma roupa pra você – eu olho pra elas com as sobrancelhas arqueadas.

-Como assim vocês separaram uma roupa pra mim? – repito pensando não ter ouvido direito.

-É Bibi, eu e a Lelê escolhemos um look pra você, só pra você ter uma segunda opção caso não consiga
achar nenhuma roupa pra vestir, o que eu acho improvável por causa do tanto de roupa que você tem –
ela aponta para o guarda roupa – Mas então seguindo, a gente escolheu esse aqui pra você – Louise
aponta para um vestido vermelho que eu comprei recentemente, ele é justo ao corpo e vai até um
pouco acima dos joelhos, suas costas é inteira aberta e possui uma espécie de corrente que fica entorno
do pescoço, igual uma gargantilha fazendo com que o vestido fique com um decote halter, na altura do
colo tem um recorte que permite a visão do contorno dos seios. – Eai? Gostou?

-Meninas o vestido é lindo admito, mas não faz meu estilo, eu o comprei esses dias, nem sei o porquê já
que não uso esse tipo de roupa, se qualquer uma de vocês quiserem pode pegar – eu abro o guarda-
roupa e tiro de lá uma calça de couro sintético com uma blusa de lã de gola alta – e eu estava pensando
em ir com uma roupa mais ou menos assim – mostro as roupas que peguei pra elas.

-Mas nem pensar que você vai com essa roupa Bianca Nicollier – Loi tira as roupas da minha mão e as
coloca de volta no lugar – Hoje você vai se vestir de modo que mostre a gostosa que você é. Olha temos
vários vestidos aqui basta você escolher um, que de preferência não te deixe com cara de evangélica ou
de uma idosa indo às missas aos domingos – ela completa fazendo com que nós três caíssemos na
gargalhada.

Ficamos mais uns cinco minutos discutindo que roupa eu iria usar, mas acabamos decidindo deixá-la por
último e arrumarmos nossos cabelos e fazermos as maquiagens primeiro. Alessandra fez uma trança
nagô sendo uma trança no centro e duas em cada lateral com alguns acessórios, a maquiagem que ela
fez tem um fundo marcado com a pálpebra interna dourada. Louise fez uma trança espinha de peixe
com a parte de cima do cabelo e deixou o resto solto. Na maquiagem ela fez um sombreado marrom
com o fundo rosado, um delineado de gatinho com cílios volumosos. Nos pés elas optaram por colocar
scarpins de dez centímetros com a mesma cor dos vestidos.

Agora se tratando de mim elas não me deram paz. De tanto elas insistirem eu coloco um vestido preto
colado ao corpo, marcando todas as minhas curvas, decorado com pedras, ele possui um decote V
profundo, com alças duplas cruzadas que fluem pelas costas abertas. O Corpete com costura princesa
possui recortes na altura das costelas, deixando à mostra a tatuagem de leão que eu tenho na costela
esquerda, o vestido também conta com duas fendas laterais que o deixam mais curto, já que ele fica a
quase dois palmos acima do meu joelho. No meu cabelo eu fiz torções com as mechas da frente
formando uma espécie de coroa entorno da minha cabeça, deixando a franja e a parte de baixo do
cabelo soltos. Na maquiagem eu fiz com tons mais quentes, mantendo um fundo marrom e a pálpebra
interna com um preto esfumado. E o sapato foi o único que eu escolhi além dos acessórios, coloquei o
meu salto preto da Saint Laurent de dez centímetros, que sem dúvidas é um dos meus sapatos favoritos.

-E a Bianca patricinha ataca novamente – Loi fala me olhando através do espelho enquanto coloca os
brincos.

-Vai a merda Loi.

-Tá bom meninas, o Dy já tá chegando vamos descer e esperar ele lá embaixo – quando ela termina de
falar escutamos a buzina de um carro – Bem na hora, vamos meninas.

-Vão descendo na frente, só vou pegar um casaco pra mim, lá fora tá muito frio.

-Não demora Bia – elas saem do quarto, eu vou até o guarda-roupa e pego meu sobretudo branco.
Porém antes de descer eu paro em frente ao espelho para me ver, e eu me senti linda, como não me
sentia a muito tempo. Mas não durou muito porque logo me lembrei dela, uma das poucas pessoas com
as quais eu me importava e com quem eu fracassei. Ela era linda, não eu. Tudo que lhe aconteceu foi
por culpa minha, eu fiz uma promessa e a quebrei.

Saio do meu transe quando sinto o focinho da Diana me tocando, me abaixo e faço carinho nela.

-Eu estou bem menina, eu estou bem tá? Pode voltar a dormir – beijo sua cabeça e ela vai em direção à
minha cama para voltar a dormir.

Antes que eu começasse a chorar de novo e acabasse estragando a noite dos meus amigos eu respiro
fundo e saio pela porta do quarto. Primeiro eu olho todos os cômodos para conferir se as janelas estão
trancadas, assim que checo todo o primeiro andar eu desço para o térreo e testo todas as janelas.
Quando confirmo que está tudo trancado, eu vou até a porta respiro fundo, ligo o alarme e saio de casa,
engolindo completamente à vontade que eu estava de chorar.

Eu saio de casa e vejo os três conversando, o barulho da porta fechando chama a atenção deles, fazendo
com que eles me olhassem.

-Caralho, quem é você e o que fez com a minha Angel? – Dy solta um assobio quando termina de falar.

-Para de ser idiota Dylan – eu me aproximo deles.


-É sério Angel, você tá gata pra cacete – eu cruzo os braços e o encaro – Se eu não estivesse ficando com
a Débora, e se você topasse eu te pegava – as meninas riem e eu reviro os olhos.

-Tá vamos logo antes que a Bibi mude de ideia. – Alessandra nos empurra em direção ao carro.

Já dentro do carro, Louise vai na frente e eu e Sand vamos atrás. O caminho até a boate levou cerca de
quinze minutos. Dylan estaciona e nós seguimos para a fila VIP. A temperatura está mais baixa do que
de manhã, me causando calafrios graças as minhas pernas nuas.

-Alguém pode me lembrar o porquê de eu ter aceitado vir aqui? – digo fechando ainda mais meu
sobretudo – Eu poderia estar na minha cama quentinha e assistindo um filme.

-Para de drama Bianca, lá dentro vai estar mais quente. Agora para de drama e vamos tirar uma foto –
Sand tira o celular da bolsa e abre a câmera. Nós nos juntamos e tiramos algumas fotos, o que Sand
publica em seu Instagram no mesmo instante.

Somos chamados na entrada e fazemos todos os procedimentos necessários. Assim que entramos, o ar
quente do local me atinge, da entrada já é possível ouvir a música tocando. Dylan nos guia até uma
mesa para que pudéssemos nos sentar. Eu me sento na cadeira do canto, retiro minha bolsa e a
penduro na cadeira, logo em seguida tiro meu casaco e o coloco nas costas da cadeira escondendo-a no
processo. Loi e Sand se sentam cada uma de um lado meu e Dy fica na minha frente.

-Então o que eu posso trazer para as senhoritas? – Dy se levanta- Como eu sou o motorista da noite, a
bebedeira fica por conta de vocês.

-Sem você quiser pode beber Dy, eu não me importo de dirigir...

-Mas nem pensar Bianca, você vai beber hoje – Loi me corta e olha pra Dylan – E Carter traz uma rodada
de negori pra gente – Loi e Sand fazem um highfive.

-Pra mim traz uma tônica – Loi abre a boca pra me contrariar, mas eu continuo – E antes que vocês
comecem, eu vou beber coisas leves, porque amanhã tenho compromisso e não posso estar de ressaca.

-A faculdade é só de tarde Bia, até lá você já curou da ressaca.

-Loi meu compromisso não é a faculdade é outro, e ele é importante, então não posso estragar tudo.

-Então são dois negori e uma tônica. Já volto senhoritas – Dy anda em direção ao bar.

Enquanto Dylan não volta, aproveita para analisar o local. A boate está lotada já que é um domingo à
noite, na pista várias pessoas estão dançando no ritmo da música, não consigo reconhecer nenhuma,
mas elas possuem um toque e uma letra sensual. As luzes do teto piscam com cores variadas, o
ambiente possui uma cor com misturas de vermelho e azul. O bar fica a alguns metros de onde estamos
sentados, as mesas estão espalhadas por todos os lados, as que estão próximas à parede possuem
cadeiras para poder sentar, porém as que estão mais para o meio do salão não possuem fazendo com
quem está nela fique em pé. Grande parte das pessoas estão com um copo nas mãos, e consegui ver
alguns casais se pegando em alguns cantos da boate.

Vejo Dylan vindo em nossa direção, ele nos entrega as bebidas e se senta com o seu copo com deus
sabe-se lá o que dentro na mão, eu bebo um gole da minha bebida e sinto o líquido descer queimando
pela minha garganta.
-Você não chamou a Débora pra vir Dy? – pergunto tomando mais um gole.

-Chamei sim, ela ia ver se conseguiria vim, aí ela viria de táxi e depois eu a levava embora, mas ela não
me falou nada ainda.

-Ela não acha ruim de você vir pra balada sozinho? – Sand pergunta – Ainda mais acompanhado de três
gostosas como a gente.

-Sério Sand, onde você consegue tanta autoestima assim? – falo enquanto rio.

-Aí Bibi eu só falo verdades né amor. Olha pra nós, três puta gostosas – ela se levanta e dá uma volta
enquanto passa as suas mãos pelo seu corpo. Nós quatro caímos na gargalhada.

-Sério Sand você é inacreditável – bebo mais um gole da minha bebida, e continuamos a rir.

-Alerta vadia se aproximando – Loi faz um sinal com a cabeça indicando alguém e eu olho na direção que
ela indicou. Quando consigo processar quem são as pessoas percebo que é Debora e Elena se
aproximando.

-Olha só quem decidiu tirar a cara dos livros e vir viver a vida pelo menos uma vez – Elena diz assim que
elas chegam à nossa mesa, reviro os olhos com o comentário.

-Oi Déb. – dou um meio sorriso pra ela.

-Não vai me cumprimentar Bianca? - Elena diz.

-Ah oi Elena, nem te vi aí – digo com ironia.

-Baby achei que você não viria, você não me falou nada – Dy se levanta e dá um selinho em Débora,
tentando acabar com o clima pesado que se instalou na mesa.

-Eu esqueci Lan, a Ele me ligou perguntando se eu queria sair, aí chamei ela pra vir. Espero que não seja
nenhum problema pra vocês.

-Não baby nenhum problema. Não é meninas? - ele nos olha com um olhar de que se a gente discordar
vamos ouvir até.

-Não nenhum problema – respondemos em uníssono e damos um sorriso.

As duas se sentam na mesa com a gente e o Dy vai buscar bebidas pra elas. Elena começa a mexer nas
unhas e olha pra mim.

-Então Bianca o que te fez sair de casa? Nesses quatro anos e meio nunca te vi indo a boates ou bares.

-É porque você não convive comigo 14hrs por dia né. Ainda bem.

- Então Bia, posso te chamar de Bia né? Soube que você está de rolo com um cara. É verdade?

-O que?

As meninas me encaram com os olhos arregalados, o olhar que Sand me manda é mortal.

-Primeiro, não você não pode me chamar de Bia porquê e não somos amigas, segundo não é da sua
conta se eu estou ou não ficando com alguém.
-Ah é que uma amiga minha disse que te viu no parque hoje mais cedo, e disse que você estava
acompanhada por um cara, muito bonito por sinal – Dy chega nesse momento e me olha surpreso

-Pera. A Bianca está namorando?

-Não Dylan, não estou. Agora se me dão licença preciso ir ao banheiro – me levanto e vou em direção ao
banheiro.

A fila do banheiro está enorme

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