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Neste capítulo;
Convencionou-se internacionalmente que massa atómica (também designada por peso atómico) é a
massa de um átomo em unidades de massa atómica (u). Uma unidade de massa atómica é definida
como a massa igual a 1/12 da massa de um átomo de carbono-12. Carbono-12 é o isótopo de
carbono constituído por seis protões e seis neutrões. Convencionando a massa atómica de carbono-
12 como 12 u, estabelece-se o padrão para a medida das massas atómicas dos outros elementos.
Experimentalmente, verificou-se que, em média, um átomo de hidrogénio tem apenas 8,400% da
massa do carbono-12. Assim, se considerarmos que a massa de um átomo de carbono-12 é
exactamente 12 u, a massa do hidrogénio será 0,084 x 12,00 u, ou seja, 1,008 u. Cálculos análogos
mostram que a massa atómica do oxigénio é 16,00 u, e a do ferro, 55,85 u. Assim, embora não
tenhamos conhecimento de qual é, em média, a massa atómica do ferro, sabemos que ela é 56 vezes
superior à massa do átomo de hidrogénio.
Note que nos cálculos que envolvem percentagens é necessário convertê-las em valores
fraccionários. Por exemplo, o valor de 98,90% será 98,90/100, ou seja, 0,9890. Uma vez que a
abundância natural do isótopo carbono-12 é muito superior à do carbono-13, o valor da massa
atómica média é muito mais próximo da massa do isótopo mais abundante.
É importante entender que, ao dizer que a massa atómica do carbono é 12,01 u, estamos nos
referindo a um valor médio. Se fosse possível medir individualmente a massa de um atómo de
carbono, o valor encontrado seria 12 u ou 13,oo335 u, mas nunca 12,01 u.
3.2 Número de Avogadro e massa molar de um elemento
A unidade de massa atómica representa uma escala de massas relativa, adequada para massas
atómicas. Vistos que os átomos possuem massas demasiado pequenas, não é possível inventar uma
balança para pesá-los em unidades definidas de massa atómica. Em situações concretas, lidamos
com amostras constituídas por inúmeros átomos, daí a utilização conveniente de uma unidade
especial para exprimir essas grandes quantidades. A ideia de uma unidade para representar muitos
objectos não é nova. Por exemplo, um par (2 espécies), uma dúzia (12 espécies) e uma grosa (144
espécies) são unidades familiares. Os químicos medem átomos e moléculas em moles.
NA = 6,0221415 x 1023
Em geral arrendondamos o número de Avogadro para 6,022 x 10 23. Assim, tal como uma dúzia de
laranjas contém 12 laranjas, também 1 mole de átomos de hidrogénio contém 6,022 x 10 23 átomos
de hidrogénio.
Vimos que 1 mole de átomos de carbono-12 tem exactamente 12 g de massa e contém 6,022 x 10 23
átomos. Essa massa do carbono-12 é designada por massa molar (M) e definida como a massa (em
gramas ou kilogramas) de uma mole de unidades (como átomos ou moléculas) de uma substância.
Note que a massa molar do carbono-12 (em gramas) é numericamente igual à sua massa atómica em
u. Do mesmo modo, a massa atómica do sódio (Na) é 22,99 u e a sua massa molar é 22,99 g; a
massa atómica do fósforo é 30,97 u e a sua massa molar é 30,97 g; e assim sucessivamente. Se
soubermos a massa atómica de um elemento, saberemos também a sua massa molar.
Podemos usar o resultado anterior para determinar a relação entre unidades de massa atómica e
gramas. Como a massa de cada átomo de carbono-12 é exactamente 12 u, o número de unidades de
massa atómica equivalentes a 1 grama é
Este exemplo mostra-nos que o número de Avogadro pode ser utilizado na conversão de unidades
de massa atómica em gramas e vice-versa. As noções de número de Avogadro e de massa molar
permitem realizar conversões entre massa e moles de átomos e entre moles e número de átomos.
Multiplica-se a massa atómica de cada elemento pelo número de átomos desse elemento presente na
molécula e somam-se contribuições de todos os elementos.
Conhecendo a massa molecular podemos calcular a massa molar de uma molécula ou composto. A
massa molar (em gramas) é numericamente igual à massa molecular (em u). Por exemplo, a massa
molecular da água é 18,02 u, logo, a sua massa molar é 18,02 g. Note que 1 mole de água pesa
18,02 g e contém 6,022 x 1023 moléculas de H2O, tal como 1 mole de carbono elementar contém
6,022 x 1023 átomos de carbono.
Finalmente, repare que, para compostos iónicos como o NaCl e o MgO, que não contêm unidades
moleculares distintas, usamos alternativamente o termo massa por fórmula. A fórmula do NaCl
consiste em um ião de Na+ e em um ião de Cl -. Assim, a massa por fórmula de NaCl é a massa de
uma unidade da fórmula:
O primeiro espectrómetro de massa, desenvolvido nos anos 1920 pelo físico inglês F. W. Aston, é
muito primitivo segundo os padrões da actualidade. Apesar disso, ele permitiu demonstrar de forma
irrefutável a existência de isótopos – neônio-20 (massa atómica de 19,9924 u e abundância natural
de 90,92%) e neônio-22 (massa atómica de 21,9914 u e abundância natural de 8,82%). Com o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de espectrómetros mais sensíveis, descubriu-se um terceiro
isótopo estável do neônio, com uma massa atómica de 20,9940 u e abundância natural de 0,257%.
Este exemplo mostra bem a importância da precisão experimental em uma ciência quantitativa
como a Química. As experiências iniciais falharam ao não detectar neônio-21 devido à sua baixa
abundância, apenas 0,257% (ou seja, em 10 000 átomos de Ne apenas 26 são de neônio-21). As
massas moleculares são determinadas de forma semelhante por meio do espectrómetro de massa.
em que n é o número de moles do elemento em 1 mole do composto. Como exemplo, em uma mole
de peróxido de hidrogénio (H2O2) há 2 moles de átomos de H e 2 moles de átomos de O. As massas
molares de H2O2, H e O são, respectivamente, 34,02 g, 1,008 g e 16,00 g. Portanto, a percentagem
de composição do H2O2 é calculada do seguinte modo:
A soma destas percentagens é 5,926% + 94,06% = 99,99%. A diferença entre este valor e 100% é
devido aos arredondamentos feitos nas massas molares dos elementos. Se tivéssemos usado a
fórmula empírica HO para os cálculos, teríamos obtido as mesmas percentagens. Isso ocorre porque
tanto a fórmula molecular quanto a fórmula empírica indicam a composição percentual em massa
do composto.
Aos químicos interessa muitas vezes conhecer qual é a massa de um elemento em uma dada
quantidade de composto. Na indústria mineira este tipo de informação permite aos cientistas
determinar a qualidade do minério. Como a composição percentual em massa dos elementos de uma
dada substância pode ser facilmente calculada, este tipo de problema é resolvido com facilidade.
H2 + O2 H2O
onde o símbolo “+” significa “reage com” e a seta significa “para formar”. Assim, esta expressão
simbólica pode ser lida do seguinte modo: “o hidrogénio molecular reage com o oxigénio molecular
para formar água”. Considera-se que a reacção ocorre da esquerda para a direita, conforme indicado
pela seta.
No entanto, a equação acima escrita não está completa, pois há o dobro dos átomos de oxigénio no
lado esquerdo da seta (dois) em relação aos do lado direito (um). Para concordar com a lei da
conservação da massa, deve haver o mesmo número de cada tipo de átomo em ambos os lados da
seta; isto é, precisamos ter tantos átomos no final da reacção quantos tínhamos antes de ela se
iniciar. Podemos balancear a equação adicionando um coeficiente apropriado (2, neste caso) antes
de H2 e de H2O:
2H2 + O2 2H2O
Esta equação química balanceada mostra que “duas moléculas de hidrogénio podem combinar-se,
ou reagir, com uma molécula de oxigénio para formar duas moléculas de água”. Visto que a razão
do número de moléculas é igual à razão do número de moles, a equação também pode ser lida do
seguinte modo: “2 moles de moléculas de hidrogénio reage com 1 mole de moléculas de oxigénio
para formar 2 moles de moléculas de água”. Como conhecemos a massa de uma mole de cada uma
destas substâncias, tanbém podemos interpretar a equação como “4,04 g de H2 reagem com 32,00 g
de O2 para formar 36,04 g de H2O”.
reagentes produtos
Como informação adicional, os químicos frequentemente indicam os estados físicos dos reagentes e
dos produtos usando as letras g, l e s para mostrar se a substância é gasosa, líquida ou sólida,
respectivamente. Como exemplo,
Para mostrar o que acontece quando se dissolve cloreto de sódio (NaCl) em água, escrevemos
onde aq designa o meio aquoso (ou seja, em água). Ao escrever H 2O acima da seta indica-se o
processo físico de dissolução de uma substância em água, embora ele possa ser omitido para
simplificação.
O conhecimento dos estados físicos dos reagentes e dos produtos é especialmente útil em
laboratório. Por exemplo, quando brometo de potássio (KBr) e nitrato de prata (AgNO 3) reagem em
um meio aquoso, forma-se um sólido brometo de prata (AgBr). Esta reacção pode ser representada
pela equação:
Se os estados físicos dos reagentes e dos produtos não forem dados, uma pessoa pouco informada
poderia tentar esta reacção misturando brometo de potássio e nitrato de prata ambos sólidos. Estes
sólidos reagiram muito lentamente ou poderiam mesmo não reagir. Imaginando o processo a nível
microscópico, vemos que para que se forme um produto como brometo de prata, é necessário que os
iões Ag+ e Br- entrem em contacto uns com os outros. No entanto, no estado sólido estes iões estão
fixos nas suas posições e têm pouca mobilidade.
Balanceamento de equações químicas
Suponhamos que queiramos escrever uma equação para descrever uma reacção química que acabou
de ser realizada no laboratório. Como devemos proceder? Como sabemos a identidade dos
reagentes, podemos escrever as suas fórmulas químicas. A identidade dos produtos de reacção é
mais difícil de estabelecer. Para o caso de reacções simples, muitas vezes é possível prever o(s)
produto(s). Para reacções mais complexas, que envolvam três ou mais produtos, os químicos talvez
necessitem realizar mais experiências a fim de verificar a presença de compostos específicos.
Uma vez identificados todos os reagentes e produtos da reacção e tendo escrito correctamente as
suas fórmulas, podemos agrupá-los na sequência convencional – os reagentes no lado esquerdo
separados dos produtos no lado direito por uma seta. A equação escrita deste modo pode não estar
balanceada; ou seja, o número de cada tipo de átomo em ambos os lados da equação pode não ser
igual. Em geral, podemos balancear uma equação química por meio dos seguintes passos:
3. Primeiro procure os elementos que aparecem apenas uma vez em cada lado da equação e
com igual número de átomos em cada lado: as fórmulas contendo estes elementos devem ter
o mesmo coeficiente. Logo, não é necessário neste momento ajustar os coeficientes destes
elementos. Em seguida, procure os elementos que aparecem apenas uma vez em cada lado
da equação, mas com número de átomos diferente. Acertar estes elementos. Finalmente,
acertar os elementos que aparecem em duas ou mais fórmulas de um mesmo lado da
equação.
4. Verifique a equação balanceada para se certificar de que o número total de cada tipo de
átomo em ambos os lados da seta da equação é o mesmo.
KClO3 KCl + O2
(Para simplificar, omitimos os estados físicos dos reagentes e produtos). Os três elementos (K, Cl e
O) aparecem apenas uma vez em cada lado da equação, mas apenas K e Cl aparecem com igual
número de átomos em ambos os lados. Assim, KClO3 e KCl devem ter o mesmo coeficiente. O
passo seguinte consiste em igualar o número de átomos de oxigénio em ambos os lados da equação.
Visto que há três átomos de O no lado esquerdo e dois átomos de O no lado direito da equação,
podemos balancear os átomos de O colocando 2 antes de KClO3 e 3 antes de O2.
2KClO3 KCl + 3O2
Como verificação final, elaboramos uma tabela de balanceamento para os reagentes e produtos em
que o número entre parênteses indica o número de átomos de cada elemento.
Reagentes Produtos
K (2) K (2)
Cl (2) Cl (2)
O (6) O (6)
Note que a equação tanbém poderia ser balanceada com coeficientes múltiplos de 2 (para KClO 3),
de 2 (para KCl) e de 3 (para O2). Por exemplo;
No entanto, no balanceamento de equações, deve-se usar o menor e mais simples dos conjuntos
possíveis de todos os coeficientes inteiros.
Consideremos agora o exemplo da combustão (ou seja, a queima) do etano (C 2H6) em oxigénio ou
ar, que origina como produtos de reacção dióxido de carbono (CO 2) e água. A equação não
balanceada é
Observamos que o número de átomos é diferente em ambos os lados da equação para qualquer um
dos elementos (C, H e O). Vemos ainda que C e H aparecem apenas uma vez em cada lado da
equação; O aparece em dois compostos no lado direito (CO 2 e H2O). Para balancear os átomos de C,
colocamos um 2 antes do CO2:
Nesta altura, os átomos de C e H estão balanceados, mas os átomos de O não, porque há sete
átomos de O no lado direito e apenas dois no lado esquerdo da equação. A desigualdade de átomos
7
de O pode ser eliminada escrevendo antes do O2 no lado esquerdo:
2
7
C2H6 + O 2CO2 + 3H2O
2 2
7
A “lógica” do uso do coeficiente é explicada pelo facto de existirem sete átomos de oxigénio no
2
lado direito da equação, mas apenas um par de átomos (O 2) no lado esquerdo. Para acertá-los,
devemos ter em conta quantos pares de átomos de oxigénio são necessários para igualar sete
7
átomos de oxigénio. Assim, como 3,5 pares de sapatos igualam sete sapatos, O2 igualam sete
2
átomos de oxigénio. Como a seguinte correspondência mostra, a equação agora está balanceada:
Reagentes Produtos
C (2) C (2)
H (6) H (6)
O (7) O (7)
No entanto, normalmente preferimos exprimir os coeficientes como números inteiros e não como
7
fracções. Assim, multiplicamos toda equação por 2 para converter em 7:
2
A correspondência final é
Reagentes Produtos
C (4) C (4)
H (12) H (12)
O (14) O (14)
Note que os coeficientes utilizados no balanceamento da equação anterior são os menores dos
conjuntos possíveis de números inteiros.
Independentemente de as unidades adotadas para reagentes (ou produtos) serem moles, gramas,
litros (para gases) ou qualquer outra unidade, usamos moles para determinar a quantidade de
produto formada em uma reacção química. Este método é designado por método da mole, que
significa simplesmente que os coeficientes estequiométricos em uma equação química podem ser
interpretados como o número de moles de cada substância. Por exemplo, a produção industrial de
amoníaco é feita pela síntese a partir do hidrogénio e do nitrogénio do seguinte modo:
Assim, esta equação pode ser lida como “2 moles de N 2 gasoso combinam-se com 3 moles de H 2
gasoso para formar 2 moles de NH3 gasoso”. Nos cálculos estequiométricos, dizemos que 3 moles
de H2 são equivalentes a 2 moles de NH3, ou seja,
3 moles H 2 2moles NH 3
2moles NH 3
e 3 moles H 2
Da mesma forma, temos que 1 mole de N2 ≡ 2 moles de NH3 e 1 mole de N2 ≡ 3 moles de H2.
Consideremos um exemplo simples em 6,0 moles de H2 reagem completamente com N2 para formar
NH3. Para calcular a quantidade em moles de NH 3 produzida, utilizamos o factor de conversão que
contém H2 no denominador e escrevemos
2moles NH 3
moles de NH3 produzidos = 6,0 moles H2 x =¿ 4,0 moles NH3
3 moles H 2
Suponhamos agora que 16,0 g de H2 reagem completamente com N2 para formar NH3. Quantos
gramas de NH3 serão obtidos? Para efetuarmos este cálculo, devemos ter em conta que, neste caso,
a correspondência entre H2 e NH3 é deduzida a partir da relação molar na equação balanceada.
Portanto, temos que converter, em primeiro lugar, gramas de H 2 em moles de H2, calcular as moles
correspondentes de NH3 e, em seguida, convertê-los em gramas de NH 3. Os passos de conversão
são os seguintes:
Primeiro convertemos 16,0 g de H2 em moles de H2, usando a massa molar de H2 como factor de
conversão:
1 mole H 2
moles de H2 = 16,0 g H2 x =¿ 7,94 moles H2
2,016 g H 2
2moles NH 3
moles de NH3 = 7,94 moles H2 x =¿ 5,29 moles NH3
3 moles H 2
Finalmente, calculamos a massa de NH3 produzido em gramas usando a massa molar de NH3 como
factor de conversão
17,03 g NH 3
g de NH3 = 5,29 moles NH3 x =¿ 90,1 g NH3
1 mole NH 3
2. Converta o valor dado do reagente (em gramas ou em outras unidades) para o número de
moles.
3. Utilize a razão molar da equação balanceada para calcular o número de moles do produto
formado.
1mole CH 3 OH
4 moles CO x = 4 moles CH3OH
1mole CO
1mole CH 3 OH
6 moles H2 x = 3 moles CH3OH
2 moles H 2
Como a quantidade de H2 disponível produz uma menor quantidade de CH3OH, ele deverá ser o
reagente limitante. Assim, CO é o reagente em excesso.
Na prática, os químicos escolhem para reagente limitante os reagentes mais caros, visto que, deste
modo, todo o reagente será consumido durante a reacção química. Na síntese da ureia, o NH 3 é
invariavelmente o reagente limitante por ser muito mais caro do que CO 2. Outras vezes, o excesso
de um reagente é utilizado para ajudar a conduzir a reacção até a conclusão ou para compensar uma
reacção secundária que consuma aquele reagente. Os químicos sintetizadores frequentemente
precisam calcular a quantidade de reagentes que devem usar com base nesta necessidade de ter um
ou mais componentes em excesso.
rendimento real
% rendimento = x 100%
rendimento teórico