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Copyright O 2006 do texto: Gloria Pimentel Correia Botelho de Souza GLORIA PIMENTEL CORREIA BOTELHO DE SOUZA

Copyright 2006 da edição: Editora DCL- Dihusão Cultural do Livro Ltda.

DIRETOR EDITORIAL Raul Maia Jr.


EDITORA EXECUTIVA Otacilia de Freitas
EDITOR DE LITERATURA Vitor Maia

A literatura
ASSISTENTE EDITORIAL Pétula Lemos
PREPARAÇÃo DE TEXTO Renato Potenza
REVISÃO DE PROVASAdriana Oliveira

TLUSTRAÇOES
Daniela Padilha
Fernanda Umile
Renato Moriconi
infanto-juvenil brasileira
CAPA Wagner Shimabukuro com ilustração
de Renato Moriconi
vai muito bem,
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
PESQUISA ICONOGRÁFICA
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Dreampix
Mônica de Souza
Paula Thomaz
obrigada
sUPERVISÃO GRÁFICA Roze Pedroso
GERENTE DE VENDAS E DIrVULGAÇÃO Lina Arantes Freitas

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Souza, Gloria Pimentel Correia Botelho de
A literatura infanto-juvenil brasileira vai muito
bem, obrigada! / Gloria Pimentel Correia
Botelho de Souza. - São Paulo: DCL, 2006.

ISBN 85-368-0094-1

1. Literatura infanto-juvenil História e crítica 2.


-

Literarura infanto-juvenil brasileira


História e crítica 3. Livros e leitura
para crianças I. Titulo.

06-4399
CDD-809.89282
Indice para catálogo sistemático:
1. Literatura infantil: História e crítica 809.89282

1 edição* agosto 2006

Editora DCL- Difusão Cultural do Livro Ltda.


Rua Manoel Pinto de Carvalho, 80- Bairro do Limão
CEP 02712-120-São Paulo -SP
Tel.: (0xx11) 3932-5222
www.editoradcl.com.br
dcl@editoradcl.com.br
TDIST
CUT
DOLIVRO
GLORIA PIMENTEL CORREIA BOTELHO DE SOUZA

nho um lugar de realce na iteratura brasileira para crianças


dias.
jovens de
nossos
e

A PRODUÇÃO LITERÁRIA DE
LuCIANA SanDroNI

Seria perteitamente natural en-


cerrar este ciclo de análises com
as apreciações sobre a escritora
Lia Neiva ou sobre o escritor Jor-
ge Miguel Marinho, ambos pro-
missores em sua escrita de cunho
fantástico e/ou de aventura, ora
buscando expressar os vários movimentos literários presen-
tes nas diversas épocas por que passamos, ora fincando raízes
num momento específico como o Modernismo e alinhavando
os passos de determinado autor como Máário Andrade.
um

Mas sem dúvida ficaria faltando um enaltecimento à


figura
de Lobato, que Luciana Sandroni tão bem faz em
seus últi-
mos escritos. Os estudiosos da
literatura infanto-juvenil bra-
sileira näão descartam a influência de Lobato e o citam como
alusão passado
a um
que deu certo e marcam sua influência
como profundamente presente na atualidade. E o que se ve
com a
produção literária da escritora Luciana Sandroni.
Ela iniciou sua vida literária bem recentemente, precisa
mente em 1989, quando lançou o livro intitulado Ludi vai
á praia: a odisséia de uma marquesa. Ludi torna-se persona
gem de um outro livro seu: Ludi na TV, publicado em 1994.
São aventuras fantasiosas e atuais quais a pelas personagem
principal passa. A identificação do leitor com a protagonista
é inevitável ou porque o é a infância, ou pelaintera
assunto
é
çao do conteúdo com a atualidade vivida pelo leitor. Ludi
levada, esperta e inteligente, e sua relação
com
uma criança
a família é extremamente salutar.

183
A
LITERATURA DE SOUZA

INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NoS


BOTELHO

CORREIA
PIMENTEL

GLORIA
ANOS 19go
reconhe-
Já Minhas memórias de Sandroni é possível
Lobato, que será
seguida, além de todos os dados da escritora Laura

citados analisadoem Por meio


vida pública de Lobato,
de seus pensamentos

senta uma
retomada e uma anteriormente, repre-
atualizaço de aspectos culturais cer a riqueza
de
ação, que são agora expostos
para a criança
e literários
políticos e de
sua
Lobato. Nesse m o -
considerados importantes para literatura infan- Minhas
menórias de
to-juvenil brasileira. O foco a
e para o jovem em

jovem podem
conhecer de perto quem
da literatura infanto-juvenil principal do livro éo
patrono mento a criança e o
Amarelo. E o que Luciana
brasileira, o escritor do Sítio do Pica-pau
Lobato. Dessa vez tem-se uma Monteiro éo criador do escritore rememno-
memórias
biografia diluída num texto Sandronifaz ao realizar as
idéia mítica do
propriamente lobatiano. Em Jorge Miguel Marinho analisa- rar suas obras,
principalmente ao refazer a

se uma
biofantasia,
mistura de ficção e realidade numa
lin- Sítio do Pica-pau Amarelo.
guagem andradina. Aqui analisa-se uma ainda Memórias da Ilha (1991),
onde
de ficção lobatiana. biografia com ares Luciana escreveu

Além do mais, verifica-se a Falta u m pé


de Lobato que, na década de atualidade rememora a sua própria infância, Gata menina,
isso
1920, significou um marco di- todos na década de 1990. Tudo
ferencial para a literatura e Manuelae Floriana,
dirigida a crianças e jovens e, na demonstra que, aos poucos, a autora vem se lançando no

década de 1970, representou uma influência


todos
positiva para mercado editorial de forma constante.
osescritores que se lançavam no mercado.
Depois, na De modo geral, alguns aspectos sobressaem em seu tra-
década de 1990, há a comprovação de que ele
representa um balho: uma linguagem bastante atuale um vocabulário rico,
modelo ainda vivo, exuberante e sedutor. Os diversos fios
O uso do da intertextualidade e uma certa preocu-
recurso
textuais tecidos por ele comprovam a sua eficácia ficcional.
ação pedagógica, como expressava Lobato. Assim aconte
Horácio Dídimo, no
2
Congresso da ABRALIC, profere
uma palestra deveras enriquecedora sobre o trabalho textual
ce com o livro
Minhas memórias de Lobato, contadas por

de Lobato. Fala de seu texto gerador A menina do narizinho Emilia, Marquesa de Rabicó, e pelo Visconde de Sabugosa
1997), ou, ainda, com O sítio no descobrimento: a turma
arrebitado, datado de 1920, e da paratextualidade exercida
escritor ao juntar seus textos esparsos. A intertextua-
do Pica-pau Amarelo na expedição de Pedro Álvares Cabral
pelo (2000) e com O Mário que não é de Andrade (2001).
lidade de Lobato já se encontra presente quando traz per
O intuito pedagógico não está só no desejo de relem
Sítio
sonagens do mundo maravilhoso para convivência no Drar certas imagens ou personagens literários ou mesmo em
do Pica-pau Amarelo. Os fios intercontextual quando traz -

recordar certos fatos históricos, mas no fazer, no contar a


personagens de outro sistema semiótico para a sua escrita- história. Existe todo um cuidado em tornar o assunto claro
extratextual- quando transforma pessoas reais em persona- para o leitor. Tudo é didaticamente descrito. A intertextua
gens quando transforma o teor das fábulas
transtextual -
ndade está presente nas escolhas temáticas e nas apropria-
em realidade e hipertextual
-
quando cria novas persona-
-
ções feitas pela autora. Em O Mário que não é de Andrade,
existentes também são
gens inspiradas em personagens já muito do que Mário de Andrade fez aparece no
ou escreveu

observáveis no seu tecer. texto ou é relembrado.


185
184
SOUZA
BOTELHO DE
CORREIA
A
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NOS ANOS GLORIA
PIMENTEL

1ggo
Lobato
de
A naturalidade com que o Minhas
memórias

do elemento fantasia é
na narrativa torna o seu texto leve e introduzi. Esse livro trata da vida de Lobato,
muito a
naturalidade com
agradável lembra
e
descrições
relativas à sua
que as
nham à fantasia. personagens do sítio ti- d e algumas
trajetória profissional
acesso e
o
infância, da sua
MA

tudo é narrado de
um
Outros aspectos que elevam de seus escritos. E
a sua obra estão
dos à sua inventividade, às interessantes relaciona- nunca
bastante natural para quem
peripécias criadase, jeito cheio de
principalmente, ao tratamento ficcional que o
autor confere leu os livros de Lobato, mas

detalhes para quem teve


sua
ao texto. O tom de oralidade, de
linguagem riqueza de
sileira atrai leitor coloquial bra- infância marcada pelos
livros do grande
o
infanto-juvenil. O vocabulário utilizado a motivação
é riquíssimo. Esse estratagema é que escritor. No segundo caso,
permite crescimento e um dia lido poder
transformação leitor. O caráter lúdico e fantasioso, o hu-
no
para a leitura
reside no fato de o mundo
o livro
mor, a ironia e a crítica demonstram o nível de ser revivido de
forma tão singular. Para os iniciantes,
criação ar- momentos entusiásticos, seja
tística da escritora. O certo é que seus escritos traduz a certeza de que viverão
demonstram aventura des
forte consciência literária. pelas características das personagens, seja pela
resta a motivação
Não é sem razão que o leitor se sente seduzido crita ou pelo assunto tematizado. E ainda
por seus escritor Lobato, por
livros. Ora identifica-se com a linguagem artisticamente tra- para um envolvimento maior com o
algumas
balhada e bem próxima da oralidade, ora com a temática, eio da sugestão de leitura de suas próprias obras,
sempre carregada de novos conhecimentos. Éo que acontece favoravelmente indicadas no decorrer da história.
h o narrativo é a vida, do nascimento à morte de Mon
com O Mário que não é de Andrade e com Minhas memórias E as
teiro Lobato. O cenário é Sítio do Pica-pau Amarelo.
o
de Lobato. Mário de Andrade e Monteiro Lobato são, reco-
personagens são as mesmas criadas por Lobato.
nhecidamente, dois grandes escritores brasileiros e a possibi- buscar
lidade oferecida à criança e ao jovem de conhecer suas vidas
Lobato dá à linguagem um tratamento original ao
Mo-
reproduzir a fala brasileira, uma das características do
e escritos literários e artisticos é extremamente salutar. mais
aernismo, com a intenção de travar uma aproximação
Mas o contraponto que realmente interessa ressaltar é o direta como leitor infantil. Em Lobato encontramos humor,
quanto Luciana Sandroni raízes em Lobato e não
tem suas
ronia e crítica social, que também são marcas da modern
ainda desejo
em Lygia Bojunga, como se afirmara há 30 anos. A simila-
o
fantasia e
dade. Da mesma forma, o lúdico, a
ridade de Luciana Sandroni com Lobato é incontestável. Se, estão presentes em seus escritos.
de transmitir ensinamentos por meio da
Ha marca de intertextualidade em seus textos
nos anos 1970, Lygia Bojunga foi enaltecida como retoman-
outras histórias.
do otrabalho iniciado por Lobato, hoje pode-se mencio- reinvenção de histórias e personagens de
lobatiano Luciana Sandroni também perfaz o caminno
mesmo
nar o trabalho de Luciana Sandroni como modelo
o de tratamento original da linguagem, aproximando-a dos
exemplar. Ela decididamente reaviva, atualiza e rememora atualmente. A
intertextualidade
Ons da linguagem utilizada
grande patrono da literatura infanto-juvenil brasileira.
187
186
ALITERATURA DE SOUZA
INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA Nos ANOS 1990 GLORIA
PIMENTEL
cORREIA
BOTELHO

agora é marcada pela inserção da vida do as memórias do Lo-


a idéia de
escrever
tive
contexto do Sítio do
próprio Lobatoo no
Pica-pau Amarelo. Forma ne
-Não, é que
claro que
eu
metade do livro
vai ser sobre mim, já que
se
ajustam nesse contar de Luciana. e bato, e é criou. Por isso
As
conteúdo a personagem
mais importante que
ele

personagens são
intimamente conhecidas
eu sou
se chamar
"Eu e L o b a t o s . (MML, p. 3)
aqueles que, um dia, toram o livro vai
ficcional do Sítio do crianças e apegados aopor todos à vida de Loba-
Pica-pau Amarelo. O tema contexto
conhecido, pois a boneca Intercalações pertinentes
e concernentes

Emília também é å narrativa, como a pro


tempos atrás, em Reinações de já havia escrito mermórias
naturalmente
acrescentadas
to são instruí-lo sobre
do leitor e
Lobato. E Narizinho, outra criação de reflexão crítica por parte
lugar-comum fazer uma
cial é fazê-lo biografia, mas diferen- o
mover a
de Lobato:
originalidade, graça,
A história contida
com
leveza humor. e
a pessoa

certo que o Lobato ficou muito famoso


no livro é Mas, Emilia, está
escrever asmemórias de Monteiro
a
seguinte:
Emília decide
-

escreveu os livros aqui do Sítio, e colocou na sua bo-


ajuda Lobato.
Visconde de Sabugosa. Entram Para isso, pede
porque
ao
quinha todas as críticas e reclamnações que ele teve deste m u n -
em cena as
nagens criadas por ILobato com perso foi um grande contista, inventou o
além disso ele
todas as suas do, mas

impulsividade de Emília, sua estrelinhas... A um grande editor de


ao saber do inteligência e esperteza aliadas Jeca Tatu, fez campanha sanitarista, foi
Visconde sustentam a narrativa livros e, como você deve saber, foi dos primeiros brasilei
um

Visconde pesquisa, conta e até o fim. O


ros a bater o pé dizendo que no Brasil tinha petróleo,
numa
escreve, enquanto Emília
critica e, depois, toma ouve, não
para si a autoria do escrito. Cabe ao
Visconde o relato da vida de época em que todo mundo ria disso. Parece até que você
Lobato, enquanto Emília faz leu O Poço do Visconde. Então, eu acho que o livro deve se
gracejos, opina. A partir de um determinado momento
e
chamar "Lobato e o petróleo". (MML, p. 4)
narrativa, a vida literária de Lobato começa a ser descrita na
na
forma de um contar dentro da história Aquele jeitinho da Emília falar fato de se achar im-
conversas entre
principal, que são as eo

o
pessoal do sítio. portante, característica que Lobato tão bem apresentou,
Não há menção do tempo que Emília também aparece. Emília não perde suas caracteristicas:
gas- e o Visconde
tam para contar a vida de
Lobato, mas sabe-se que eles le -Lobato e o petróleo? Que idéia, Dona Benta! E claro que
vam um livro inteiro
para isso, pois tudo se passa no tempo Eu
da hcção, no eu muito mais importante pro Brasil que petróleo!
sou o

tempo do sítio do Pica-pau Amarelo. Veja-se senhora só pode estar brin-


o exemplo: SO a independência ou morte! A sobre o petró-
cando! Está certo que eu escreva um capítulo
mais que isso não
tem
Dona Benta não entendeu nada. Será eo, Ou melhor, um parágrafo, mas
que Emília estava so-
frendo de amnésia e tinha esquecido que já tinha escrito as caimento! (MML, p. 4)
Memórias da Emília? importância que o escritor
Fica claro, para o leitor, a
meio da visão da pró-
-

Mas, Emília, você já escreveu suas memórias. Não me diga Lobato deu à personagem
Emília por
caráter de mandona, egoísta
que já tem um segundo tomo! corrobora seu
pria Emília, que
189
188
SOUZA
BOTELHO DE
A
LITERATURA INFANTO-JUVENIL
CORREIA
PIMENTEL
GLORIA
BRASILEIRA NOS ANOS 1000
escrever as memórias
e
voluntariosa.
Além disso, as
asneirinhas que Emília Owando Emília obrigou
o
Visconde a

Quindim, ele deu


tempo todo estão presentes. falao danada
brincava com o

lugar de "cabimento". Aqui é a


palavra "caimento" dela enguanto
a
coisas horrorosas
sobre a bone-
escreveu
no e
uma de
espertinho dó de nada.
tem
coração. Não
Na
caracterização da Emília até
trocadilhos aparecem:
os ca:
"Emilia é uma tirana sem

um frango, todos c o r r e m de
vai matar
Ouando Tia Nastácia
-

Espera aí, Visconde, você estawa na Emilia, não. Emília


vai assistir. Dá
e
agora ele já está infância do Lobatinho e tapam os ouvidos.
manda
afundando editora? perto
o frango não ficou bem matado,
opinioes, acha que outras coisas assim.
-

Fundando, Emilia.. (MML, p. 14) Nastácia o mate novamente e


que Tia
...mas mais que isso não tem caimento! (MML, p. 6)
- Cabimento, Emília.
linguagem. O vocabu-
interessante é o trabalho com a
O de
-

Caimento! Caimento! (MML, no usuais no trato cotidiano e


p. 4) lário é rico de palavras
outras inventadas:
A personagem Visconde cumpre o
papel de intelectual,
disciplinado como sempre: asneirinhas que
sabugo resolveu parar de falar para
ver as
O
papel, pena e tinta. Como sempre,
Está bom, a boneca ia dizer. Trouxe
-

senhora
ganhou, vai ter pesquisa, sim, mas só
a
Emilia não tinha a mais remota idéia de como começar, e, tal
um
pouquinho, e quem vai fazer é o Visconde! (MML, p. 5)
como nas suas memórias, fez exigências esdruxulíssimas para
adiar o início do livro. (MML, p. 7)
Emilia sai correndo atrás da tia deixa Visconde temos ne-
e o a ver -

Marquesa, a senhora sabe perfeitamente que não


navios. Ele se conforma e começa a procurar os livros so-
nhuma dessas coisas, e como já sei que sem essa parafernália
bre Monteiro Lobato. São livros e mais livros. Todos contam
condições de escrever, é melhor que
esque-
a senhora não tem
tintim por tintim a vida de Lobato. O sabugo teve uma tra-
çamos tudo isso.
balheira: leu muito e anotou tudoo que achava importante.
Passou horas e horas na biblioteca só pesquisando. Depois uma infinidade
de
Em Minhas memórias de Lobato há
de muita leitura, começou a escrever, e quando já estava ter Lobato. Quando Emília,
exemplos de referências à obra de
minando a parte da infância do Lobato... (MML, p. 9) memórias, foi usando
essa
suas
escrever
10
passado, tentou
acabou não
escrito que
nesma tórmula que ela iniciou o
Logo no início aparece a menção às primeiras memórias
da Emília: vingando:
todas as
cor do céu com

não quero papel


-

Nem adianta fazer essa cara, senhor Visconde. Veja logo Esse papel serve,
não serve, quero
tinta
E essa tinta também
estrelinhas! senhor
papel, pena e tinta. Vou começar a ditar! E veja se desta vez suas

todos os seus
peixinhos! E
essa pena,

não me trai, hein? cor do mar, com

191
190
A DE SOUZA
LITERNTURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NOS GLORIA
PIMENTEL
CORREIA
BOTELHO

ANOS 1gg0

Visconde, francamente! Quero memórias o que não


aconteceu realmente,
pena de pato nas suas
seus
patinhos! (MML, p. 7) com
todos os
invente
dos outros é demais, Emilia! (MML, p. 5)
mas nas

A biografia mesmo fica separada do restante verifica-se a influência


toi apresentado,
A
diagramação é outra da narrativa. Por tudo o que
na literatura infanto-juve-
e o
tipo de tonte
utilizado também! de Lobato ainda hoje
da palavra televisivo/educativo
Aliás, se há um programa
José Renato Monteiro Lobato nil brasileira.
nasceu no dia 18 não saiu de moda, este
é o "Sítio do Pica-pau
1882, na cidade de de abril de até hoje
meiro filho ..].
Taubaté, em São
Paulo. Lobato
que
teve a sua primeira adaptação para a televi-
(MML, p. 1) foi o pri- Amarelo", que
de São Paulo) no ano de 1951,
são (teleteatro da TV Tupi
A A TV Globo, nos anos 1970, promoveu
preocupação pedagógica, por Tatiana Belinky.
número de
ou
seja, oferecer o maior adaptação do mesmo texto que
obteve pleno sucesso.
informações ao leitor no só com
relação ao as-
outra
texto,
sunto que está sendo Atualmente, a TV Globo resolveu investir no mesmo

tratado, também
mas dando-lhe uma roupagem nova e o resultado tem sido po-
própria escrita, está o
tempo inteiro presente.
com
relação à
estes dois exemplos: Observem-se sitivo. Dessa vez Luciana Sandroni está à frente dessa mais
recente adaptação.
Emilia não entendeu essa parte:
Notas do capitulo
-

Ué, por que as netas no


dele?
poderiam realizar os sonh0s
FORSTER, Edward Morgan. Aspectos do romance. Trad. Maria Hele-
na Martins. 2 ed. São Paulo: Globo, 1998, p. 25.
E que
naquela época
-

as mulheres ficavam dentro de casa, Premiado pelo INL (1971) e pela Câmara Brasileira do Livro (1973).
não estudavam nem trabalhavam. Esse livro foi premiado tanto por seu texto como pela ilustraçao de
Por isso
pais e
os avôs fica-
Gian Calvi. Também foi indicado para a Lista de Honra do Internatio
vam querendo filhose netos homens, para trabalharem como nal Board on Books for Young People (IBBY).
eles. (MML, p. 12) "O
Angelica recebeu o prêmio Ofélia Fontes, tendo sido considerado
melhor para a Criança" (1975) - FNLJ. A bolsa amarela também rece
a ista de
Deu o mesmo prêmio em 1976, além de ter sido indicado para
-O poeta se chama Carlos honra da IBBY em 1978 e premiado na categoria "radutorindicaçao
Drummond de Andrade, Emilia, de autor". A casa da madrinha recebeu o prêmio Orígenes Lessa e
toi

eo que ele fez FNLIJ


foi licença poética. Ele quis dizer que para ele Considerado "O melhor para o Jovem" (1978)
-
e
tambem o
Minas acabou, porque não é mais a Minas da "Os melhores para a juventude", concedido pelo Senado de
infância dele, remio literário Flautista de Hamlin,
entendeu? No seu caso é DErim(1985). Em 1985 recebeu o prêmio O recebeu
diferente, você não está fazendo COmemorativo dos 700 anos dessa cidade. sofá estam1pado
poesia e considerado "O melhor para o
sim uma
biografia. pode inventar a vida de uma
Não premio Orígenes Lessa, tendo sido Grande Prëmio da eCritica
JOvem(1980) FNLIJ. Recebeu também
o
pessoa que nasceu, foi criança, cresceu, de Literatura Intantil Juve
publicou livros, ca- APCA, 1980) e oprêmio Bienal/Noroeste
foi considerado
"Altamente
sOu. Você tem livro Corda bamba também
que pesquisar, ver as datas, os nomes. Tem que nl (1982). O Em 2004, a autora
(1979) pela FNLIJ.
ler todos os livros sobre ele, mas sem Kecomendável para o Jovem" internacional jamais
instituido em
inventar. Vá lá vocë que roi reconhecida com o maior prêmio

192 193
DE SOUZA
A
LITERATURA INFANTO-JUVENIL. PIMENTEL
CORREIA
BOTELHO

BRASILEIRA Nos ANOS 1ggo


GLORIA

prol da literatura considerado "O Me-


tendo sido
o prêmio ALMA para crianças e jovens, do Prêmio Orígenes Lessa,
sua obra. Também(Astrid criado pelo governo da
Lindgren Memorial Canhador
Jovem" (1989)
-
FNLIJ.
em
2004, recebeu o Suécia.
Award), pelo conjunto o sido considerado
personalidade lhor para pela FNLIJ, tendo
Cf. informações em
literária do ano, prëmio "Faz diferença", comode10
pelo jornal o Globo. 20 Esse livro
também foi premiado
Jovem" (1990).
para o
S Idem, ibidem. SANDRONI, Laura, op. cit., pp. O Melhor foi c o n s i d e r a d o "O
na floresta
Melhor para o Jo-
13-4. Assassinato
6 21O livro
Seis vezes Lucas FNLIJ.
(Hors concours) recebeu o
-

vem" (1991)
foi considerado "O discussões metodológicase so-
didática e para evitar
"Jabuti" (1997) - CBL.
Melhor para o prêmio Orígenes Lessa e
Jovem" (1996) 22 Por uma questão n o m e n c l a t u r a "narrativa policial",
"nar-

O meu
- FNLIJeo prêmio bre terminologia,
adota-se a
há uma referência
o u "escrita policial" sempre que
amigo pintor recebeu o Prêmio
bembe de Teatro rativa policialesca
1986. -
Molière -

1985 e
Prêmio Mam- de caráter policial.
ao gênero
Tchau foi considerado La novela policial. Buenos Aires: Letras
Seleção melhores livros da
dos
"O
Melhor para BOILEAU && NARCEJAC.
Jovem" (1985)
Biblioteca Internacional
o
Mayúsculas Editorial Paidos,
1968.
Munique (1987). FNLIJ
da Juventude
-

e
do policial". In: TODO-
TODOROV, Tzvetan. "Tipologia
romance
de
Livro, a troca 24

representou Mensagem do Dia


Infantil - FNLIJ. a
ROV, Tzvetan., op.
cit.
10
Com Fazendo Ana
Internacional do Livro 25 EAGLETON, Terry, op. cit.
Paz autora
White Reavens da ganhou
a
CANDIDO, Antonio. A educação pela noite
e outros ensaios. São

Internacional daprêmio
o
Jabuti 26

siderado também Biblioteca prêmio e o


Paulo: Atica, 1986, p. 82. detalhado feito por Jerrold
- FNLIJ. "Altamente Recomendável Juventude (1993). Con- Levantamento
escrito em
para Jovem" (1992) o
Tieje em seu livro intitulado The critical heritage of fiction,
11
Nós Três foi 1579.
considerado "Altamente
(1990)-FNLIJ. Recomendável para Jovem" o
Considerado "Altamente Recomendável para o Jovem" (1987) - FNLIJ.
12
Paisagem foi considerado Altamente Considerado "Altamente Recomendável para o Jovem" (1990) -FNLIJ.
(1992) FNLIJ. Recomendável para o
Jovem"
13 2NEIVA, Lia. A gata do rio Nilo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.
O abraço (Hors concours) foi considerado "O Melhor para Abreviado GRN em final de citação.
(1996) FNLIJ. Recebeu
-

Jovem" o

Brasileira de Escritores.
o
prêmio "Adolfo Aizen" (1997) União -
30
Considerado "Altamente Recomendável para oJovem" (1999)- FNLIJ.
"
14
O rio e foi considerado "Altamente Considerado "Melhor Livro para o Jovem (1995)- FNLIJ.
eu,
(1999)-FNLIJ. Recomendável para o
Jovem" Ganhador do prêmio "Altamente Recomendável para Jovens" (1989)
15
BOJUNGA, Lygia. A cama. Rio de Janeiro: Agir, 1999. FNLIJ e prêmio "Melhor Livro Juvenil" da APCA (1990).
-

em final de citação. Recebeu o Abreviado AC Livro ganhador do Troféu HQ MIX, em 1996.


cours prêmio "Orígenes Lessa" (Hors Con-
União Brasileira de Escritores
(UBE) 1999 e o prêmio "Júlia Já se dedicou à
poesia e ao teatro de modo geral. Alguns de seus tra-
Lopes de Almeida (Hors Concours) União balhos dirigem-se mais especificamente ao adulto que à crianga e ao
(UBE) 2000. Brasileira de Escritores
-

e Es-
16 adolescente. Hóspede da memória, Um fato de ocasião, Catar-se roram
TODOROV, de contos

Lisboa:
Tzvetan. Poética da
prosa. Trad. Maria de Santa Cruz. tilhaços são exemplos de peças teatrais. Alguns
publicados nos Estados Unidos e na França.
seus

Edições 70,
1971.
Lessa
LiVro ganhador do prêmio Jabuti (1993) e do prêmio Origenes
17
RANGEL, Pedro Paulo. O assassinato do conto
FTD, 1989. Abreviado ACP em final de policial. São Paulo: FNLIJ.
18
São também de sua autoria os citação. 36ANDRADE, Mário. Ama, verbo intransitivo. 7 ed. São Paulo: Mar-
seguintes livros: A verdade
The garantiu o
prêmio Walmart, Folia dos tempos (1971), (1968), que tins, 1978, p. 60.
biofantasia de Mário
(1975), O carrossel e a feiticeira Alucinaç0
(1976), Na República de 1 de abril MARINHO, Jorge Miguel. Te dou a lua amanh :
com a sigla TLA em
(1984) e O irreverente 1993. Abreviado
de Andrade. São Paulo: FTD,
punhal da subversão (1987).
final de citação.
194 195
38

39
ANDRADE, Mário de, op. cit., p. 26.
ANDRADE, Mário. "Vestida de
tos novos. São Paulo: preto'. In: ANDRADE,
Martins, 1973,
40
Idem, p. 17. Mário, Co
41
ibidem, p. 18.
ldem, ibidem, p. 7.
42
ANDRADE, Mário. Amar, verbo
43
BANDEIRA, Manuel (org.). intransitivo, op. cit., p. 21.
Bandeira. Rio de Cartas de
Mário de Andrade
44 Janeiro: Org. Simões, 1958, Mauel
a
JAUSS, Hans Robert. A história p. 16.
ria literária. Trad. da literatura
45 Sérgio Tellaroli. São como
Paulo: Atica, provocação à teo-
SANDRONI, Luciana. Minhas Memórias 1994, p. 16.
Emilia, Marquesa de Rabicó, e de Lobato,
São Paulo: pelo Visconde de contadas por
MML após cada Companhia Letrinhas, 1997. Sabugosa. II. Laerte.
das
citação. Abreviado com a sigla

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