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António Mota
Quis trazer o interior
para dentro das
histórias
CEN TRO DE
R EC U R S OS E INV ESTIGAÇÃ O
S OB R E LIT ER ATURA PARA
A I NF Â NC IA E JUVEN TUDE
EDITORIAL
terra onde nasceu e cresceu. Disso nos dá conta o próprio escritor no conto
inédito que escreveu e na conversa provocada por Manuela Maldonado. As
referidas marcas não podem entender-se como exclusivamente regionais,
sublinha Ana Margarida Ramos, porque, na obra de António Mota, «se esta-
belecem laços com ideias perfeitamente universais e até intemporais, como
-
vas e familiares».
A descoberta do «lugar misterioso onde os sonhos nunca acabam», en-
fatizada por Sara Reis da Silva, nos fragmentos poéticos e narrativos da co-
leção «Se eu fosse…», ou o olhar poético, detetado por João Manuel Ribeiro,
CENTRO DE RECURSOS nos livros em que o escritor se mostra poeta, ou ainda, a ligação entre a pa-
E INVESTIGAÇÃO
SOBRE LITERATURA lavra e a memória, num exercício de reinvenção das rimas infantis e dos pro-
PARA A INFÂNCIA
vérbios, como nota Leonor Riscado, faz de António Mota um exímio escritor
E JUVENTUDE
de Literatura para a Infância e Juventude, seja pelas temáticas que aborda,
Diretor: João Manuel Ribeiro res, como mostra a exploração do livro Sonhos de Natal pelos alunos do Agru-
pamento de Escolas António Feijó, em Ponte de Lima. Que este SOLTA PA-
Colaboradores (neste número): António Mota, Manuela
Maldonado, Ana Margarida Ramos, Sara Reis da Silva, LAVRA contribua para um estudo mais alargado da obra de António Mota!
Leonor Riscado, Lúcia Barros, Maria de Fátima Dias,
Susana Gonçalves,Teresa Silva
2. O próximo SOLTA PALAVRA (a sair em Abril) será temático, aborda-
Fotografia da capa: António Rilo
Fotografias de António Mota: António Rilo rá o tema «A Morte na Literatura Infantil e Juvenil» e trará novidades em
termos de conteúdo e de formato, numa tentativa de valorização da LIJ e de
Design e Paginação: Anabela Dias
Site: www.crilij.com
tema, gostaríamos de convidar todos os interessados a colaborar com estu-
Editor: CRILIJ
-
ISSN: 1647-6786
EM FOCO
3 Maior que as mil e uma noites
António Mota
5 Conversa com… António Mota
8 Do regional ao universal, uma leitura O Lobisomem,
de António Mota
Ana Margarida Ramos
12 Fragmentos poéticos e narrativos “para” pequenos leitores:
leituras da coleção “Se eu fosse…”, de António Mota
Sara Reis da Silva
16 A Poesia de António Mota: uma poética do olhar…
João Manuel Ribeiro
21 António Mota, guardião de memórias felizes:
as rimas infantis e os provérbios reinventados
Leonor Riscado
BIBLIOTECANDO
24 A exploração de Retratos de Família no Agrupamento de
Escolas António Feijó (Ponte de Lima)
Maria de Fátima Dias, Susana Gonçalves e Teresa Silva
ESCRITA INTEMPORAL
28 Falando de literatura juvenil
Manuela Maldonado
FAVORITOS
30 António Mota ou A memória poética de “humanismos”
em perda
Manuela Maldonado
DEZEMBRO | 2013
34 Mais livros
20
Manuela Maldonado
CENTRO DE RECURSOS
E INVESTIGAÇÃO
SOBRE LITERATURA
PARA A INFÂNCIA
E JUVENTUDE
EM FOCO
Maior que
as mil e uma noites
António Mota
fritos com cebola, as febras assadas no dia da des- para observar o resultado da labuta de tanta gente,
3
EM FOCO
-
tas, as pandeiretas, os bombos, os carros e os barcos -
-
- des e sempre me deu a mesma prenda: uma dúzia
-
-
-
-
-
- e muito mato que costuma arder nas noites quentes
4
EM FOCO
Conversa com…
António
Mota
provocada por Manuela Maldonado
-
dos buracos das árvores e de voar do cocuruto de
5
EM FOCO
-
-
-
-
MM – São geralmente os críticos que atri-
buem categorias à produção literária, partin-
do de caraterísticas intrínsecas e extrínsecas MM – Nos seus títulos juvenis, a opção
preestabelecidas. Doador de uma literatura recai, geralmente, num narrador masculino
infantojuvenil, sob um ponto de vista pes- homodiegético, dado que também é persona-
soal, como agruparia o António Mota o que gem. Por que razão privilegiou este ponto de
escreveu? vista?
6
EM FOCO
AM – AM –
-
MM – Os diminutivos de adultos e crian-
ças presentes no seu universo romanesco bem
como o uso de alcunhas, ligadas ora a pertença
MM – Nos seus livros para a infância,
defeito físico ou de caráter, são recorrentes. -
Grande conhecedor da alma do povo, onde pro- trimónio oral português, pode considerar-se
curar a génese dessas formas de tratamento? a existência de uma alternância de instantâ-
neos do Real com apontamentos do Imaginá-
AM – rio. Só quem guardou, intacta, a infância na
sua interioridade de adulto, pode tecer essa
- escrita. Que aspetos da mundividência infan-
til privilegiou?
AM –
naqueles tempos em que sair da aldeia era um acon-
MM – O uso de topónimos como Ben-
lhevai, Correquelogodormes e outros é um
curioso processo de nominalização.Quais as dos meus sete anos, aprendi a cortar erva com uma
premissas destes jogos verbais?
Benlhevai - -
Torna-ó-Rego, a citadina Correquelogodor-
mes Vi o mar com cinco anos e espantei-me com aquela
Pedrinha de Sol -
googlar esses nomes, para di a pescar trutas no rio Ovil e, com o tempo e muita
força de vontade, também consegui perder o medo
MM – Falou-se de antropónimos e topóni- cedo descobri que ser pobre é uma mágoa que se
mos deveras peculiares e originais. De que
forma se conjugam na atmosfera vivencial
das pequenas comunidades rurais, o grande
motivo das suas narrativas?
7
EM FOCO
Do regional ao universal,
uma leitura
O Lobisomen,
de António Mota
Ana Margarida Ramos
Universidade de Aveiro
anamargarida@ua.pt
- -
- -
O Lobisomem, ini- tenticidade da escrita do autor que nos merece par-
8
EM FOCO
-
-
-
-
-
mento de ligações afetivas fortes, como acontece com batizado – por todas as crianças, revelando-se uma
-
-
- -
9
EM FOCO
-
- -
mens e animais que leva a que, todos os anos, as crias
-
-
regressam à procura de autenticidade e da tranquili-
-
1 0
EM FOCO
De fora surgem os estrangeiros e as diferenças que Obra dominada, simultaneamente, pela indi-
os caracterizam, mesmo se aparentemente falam a -
gional em que se insere, frequentemente transborda
do brasileiro”, que gostava de fotografar tudo o que via
-
também lugar de passeio para gente que vive na cida-
de origem, o crescimento e o processo gradual de
-
-
- -
do que valoriza as coisas simples, associadas aos pra-
-
-
1 1
EM FOCO
Fragmentos
poéticos e narrativos
«para» pequenos leitores:
leituras da coleção
«se eu fosse…»,
de António Mota
Sara Reis da Silva
IE – Universidade do Minho
sara_silva@ie.uminho.pt
- -
-
A Aldeia das Flo- mar” alguma destas obras de outras assinadas pelo
res, ponto de partida, aliás, de uma «carreira (…) O Ra-
- paz de Louredo
lumes a revisitar neste conciso ensaio, conquanto
poética Sal, Sapo, Sardinha O So-
às novelas do autor, por exemplo, possuem um lu- nho de Mariana
Se eu por Danuta Wojciechowska -
fosse… subtantivam uma escrita macrotextual que
Se eu fosse…,
descontinuidade e o episódico, bem como, como poesia e narrativa (esta ainda que, quase sempre, de
1 2
EM FOCO
-
das a uma série de outras, mais de pormenor, so- -
bre as quais nos deteremos de seguida, permitem -
1 3
EM FOCO
em Se eu fosse um mágico
Outros processos técnico-discursivos, como a -
-
-
-
sucede, de forma recorrente, em Se eu fosse muito forte: os meninos pequeninos que se perdem no meio da
Tópicos como a paz e a liberdade perpassam, Algumas palavras, ainda, acerca da compo-
igualmente, o discurso literário e visual destes tex- -
-
todas as guerras e as fábricas das armas transforma-
-
- -
1 4
EM FOCO
-
«Se eu fosse muito
magrinho» in
parecem, também, ser a vontade de agir solidaria-
in Malasartes
1 5
EM FOCO
A poesia de
António Mota:
uma poética do olhar…
João Manuel Ribeiro
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Universidade de Coimbra
joaomanuelribeiro@fpce.uc.pt
- -
-
-
-
- de lido, como se o poema possibilitasse a descoberta
1 6
EM FOCO
-
- dos os animais e neles a todas as realidades que
de abertura do livro:
Olha:
aqui está uma gravata
às pintas -
azuis -
vermelhas
douradas, partida para um percurso de descoberta: desven-
que serve dar o mistério que se esconde por trás de cada um,
para enfeitar
um rio de águas claras. -
1 7
EM FOCO
-
Sal, sapo, sardi-
nha
-
2.
qualquer lugar, acrescenta mais-valia e sentido à
fosse o cenário ou o pano de fundo para a (den- diferente do real, que simultaneamente nos dá um
1 8
EM FOCO
- -
- -
-
ro ou da noite, pelo excesso do diurno, luminoso,
3. Se tu visses o que eu vi
dezenas de textos poéticos que, na generalidade, 4.
treze poemas para ver Lá de cima cá de baixo, indi-
1 9
EM FOCO
-
-
O Livro do Joaquim.
-
Sal, Sapo, Sardinha, de Antó-
nio Mota In
-
Lá de cima cá de baixo
Se tu visses o que eu vi
Lá de cima cá de baixo distingue-se por textos de maior Onde tudo aconteceu – Recen-
são In -
-
Sal, sapo, sardinha – Recen-
trutura formal diversa onde, além da metáfora, es- são In
2 0
EM FOCO
António Mota,
guardião de
memórias felizes:
as rimas infantis e os
provérbios reinventados
Leonor Riscado
Escola Superior de Educação de Coimbra
-
gam-se desde os tempos mais remotos dando forma
-
ca e musical, independentemente da menor ou maior
-
2 1
EM FOCO
- design grá-
-
ria José Costa, segundo a qual designam “os textos
- Saliente-se a cumplicidade estabelecida entre os au-
O
Livro das Lengalengas 1 2
O Livro dos Trava-línguas 1
2 O Livro das Adivinhas -
1 2
- antes imersos no macrotexto cultural das tradições
populares da esfera do adulto: O Livro dos Provérbios
O Livro 1 e O Livro dos Provérbios 2
das Adivinhas -
2 2
EM FOCO
-
textos aparentemente – mas só aparentemente – fá-
-
por diferentes sugestões de resposta, mais ou menos
forma particular de traduzir verbalmente o modo próxima da correta, que aparece, no livro, bem assi-
o inexplicável, com o que o oprime ou amedronta O Livro dos Provérbios 1 e O Livro dos Provérbios 2
utilizam, também, este tipo de estratégia, comple-
-
-
tivos que, ao longo de mil cento e cinquenta e dois
provérbios, permitem à criança afastar-se do pensa-
mento concreto e adquirir, de forma lúdica mas re-
-
no pensamento abstrato, nomeadamente através da
O Livro das Lengalengas 1 e O Livro das Lengalengas 2
- -
ta e quatro textos do folclore rimado infantil, encon-
2 3
BIBLIOTECANDO
A exploração de
«Retratos de Família»
no agrupamento de
escolas António Feijó
Ponte de Lima
Retratos de Família
(…) Considerando o tema aglutinador do agru- -
pamento A Árvore e a Arte de Envelhecer na Literatura
-
-
-
permitindo às crianças estabelecer comparações e
Grupo etário
-
Indicação do género, das personagens e dos elementos
espácio-temporais
2 4
BIBLIOTECANDO
Sinopse/Apreciação dos
aspetos estéticos e ideológicos
-
-
-
Pré-leitura
Pistas de Trabalho À descoberta do título desaparecido
-
Objetivos
de diferentes caixas encontram-se cartões com pala-
Book Bit
que proporcionem o prazer da leitura, da escrita
e/ou outras formas de arte;
2 5
BIBLIOTECANDO
Gaveta de Histórias
A caixa mágica
Diário de Leitura
Se Tu visses o que eu vi
Mapa Comparativo (passado vs presente)
Segredos -
O Nabo Gigante -
2 6
BIBLIOTECANDO
-
- vel surpresa, visto que fomos surpreendidas pela ca-
2 7
ESCRITA INTEMPORAL
Falando de
Literatura
Juvenil Manuela Maldonado
- Lisboa, Irene
Uma Mão cheia de Nada…
-
- nos libertadores, entre outros textos, em «As Aventu-
-
dicionado pelo eu social, nesta faixa etária é motivo -
-
-
-
lescentes na fase do diário e das grandes descobertas
2 8
ESCRITA INTEMPORAL
-
Ferreira, José Gomes
Aventuras de João Sem Medo -
-
-
-
-
-
contra uma séria de situações embaraçosas e tem
de tomar opções e é, nesses momentos, que surge o
mass media, o futebol, a moda, a música de massas…
-
-
2 9
FAVORITOS
António Mota
ou a memória poética
de «humanismos»
em perda
Manuela Maldonado
-
- -
dor adolescente, que também é personagem, sendo -
- -
3 0
FAVORITOS
Mota, António
A Casa das Bengalas
-
- -
-
levava uma abada de rosas…
- fortes dores de cabeça, que só o Aspegic consegue
-
A narrativa inicia-se por uma das viagens a
3 1
FAVORITOS
-
-se desconfortáveis, Sibilina reage mal, discutem e o
- -
po cósmico, bem como a moldura com o retrato de
-
3 2
FAVORITOS
-
-
Mota, António -
Histórias às cores petivas donas, originando uma escrita que toca a fá-
-
- -
ções do código escrito, permitindo leituras cada vez
3 3
FAVORITOS
-
bre: além de remendar a roupa, também o faz com
-
-
Woolf, Virgínia
A Viúva e o Papagaio
-
3 4
FAVORITOS
Volta a casa com James, na carroça do mesmo Tudo é aventura, a começar pela temática: um
arqueólogo, nas férias grandes, convida o sobri-
-
na a cor valorizando a expressividade dos protago-
3 5
FAVORITOS
-
nal do poema, para a criança: defender os animais
-
-
-
culatórios, individuais e coletivos, tendentes a me-
-
3 6
FAVORITOS
- -
-
maior parte das vezes, o nonsense
-
-
-
-
-
- -
3 7
FAVORITOS
-
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-
tre narrador e recetor é também doado pela ilustra- Os cistercienses eram grandes agricultores, com
-
-
3 8
FAVORITOS
-
-
rativa construir a sua lenda, imaginando um dia de
Deixe-se falar o texto: “Talvez uma lenda criada como se diz na contracapa, é destinado à dinamiza-
3 9
FAVORITOS
CHAMADA DE TEXTOS
SOLTA PALAVRA 21
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4 0
COM O APOIO:
EDIÇÃO:
CENTRO DE RECURSOS
E INVESTIGAÇÃO
SOBRE LITERATURA
PARA A INFÂNCIA
E JUVENTUDE