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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

LÍNGUA PORTUGUESA
Estrutura e formação de palavras Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que
são: representam uma escolha de vida, uma postura
Livro 1 | Frente 1 | Capítulo 4
interior.
Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas
1. 2020 É possível afirmar que muitas expressões idio-
amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos ar-
máticas transmitidas pela cultura regional possuem au-
mários da alma e na bolsa também. Resistir a certas
tores anônimos, no entanto, algumas delas surgiram em
tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser cres-
consequência de contextos históricos bem curiosos.
cimento, e muito mais alegria.
“Aquele é um cabra da peste” é um bom exemplo des-
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2011.
sas construções.
Para compreender essa expressão tão repetida no Nesse texto, há duas ocorrências de dois-pontos. Na primeira,
Nordeste brasileiro, faz-se necessário voltar o olhar eles anunciam uma enumeração das negociações que pode-
para o século 16. “Cabra” remete à forma com que os mos fazer conosco. Na segunda, eles introduzem uma
navegadores portugueses chamavam os índios. Já “pes- (a) opinião sobre o uso de jeans, camiseta e mocassins.
te” estaria ligada à questão da superação e resistência, (b) explicação sobre a simbologia de sapatos e roupas.
ou mesmo uma associação com o diabo. Assim, com o (c) conclusão acerca da oposição entre otimismo e realidade.
passar dos anos, passou-se a utilizar tal expressão para (d) comparação entre ostentação e conforto em termos de
denominar qualquer indivíduo que se mostre corajo- vestuário.
so, ou mesmo insolente, já que a expressão pode ter (e) retomada da ideia de negociação discutida no primeiro
caráter positivo ou negativo. Aliás, quem já não ficou parágrafo.
de “nhe-nhe-nhém” por aí? O termo, que normalmente
tern significado de conversa interminável, monótona 3. 2020
ou resmungo, tem origem no tupi-guarani e “nhém” O ouro do século 21
significa “falar”. Cério, gadolínio, lutécio, promécio e érbio; sumário,
Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br. Acesso em: 13 dez. 2017. térbio e disprósio; hóImio, túlio e itérbio. Essa lista de
A leitura do texto permite ao leitor entrar em contato com nomes esquisitos e pouco conhecidos pode parecer a
(a) registros do inventário do português brasileiro. escalação de um time de futebol, que ainda teria no
(b) justificativas da variedade linguística do país. banco de reservas lantânio, neodímio, praseodímio, eu-
(c) influências da fala do nordestino no uso da língua. rópio, escândio e ítrio. Mas esses 17 metais, chamados
(d) explorações do falar de um grupo social específico. de terras-raras, fazem parte da vida de quase todos os
(e) representações da mudança linguística do português. humanos do planeta. Chamados por muitos de “ouro
do século 21”, “elementos do futuro” ou “vitaminas
Pontuação da indústria”, eles estão nos materiais usados na fa-
Livro 3 | Frente 1 | Capítulo 11 bricação de lâmpadas, telas de computadores, tablets
e celulares, motores de carros elétricos, baterias e até
2. 2020 Digital Muito do que gastamos (e nos desgas- turbinas eólicas. Apesar de tantas aplicações, o Brasil,
tamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado dono da segunda maior reserva do mundo desses me-
com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca da- tais, parou de extraí-los e usá-los em 2002. Agora, volta
quele sapato. Uma tarde de amor em troca da presta- a pensar em retomar sua exploração.
ção do carro do ano; um fim de semana em família em SILVEIRA, E. Disponível em: www.revistaplaneta.com.br.
Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).
lugar daquele trabalho extra que está me matando e
ainda por cima detesto. As aspas sinalizam expressões metafóricas empregadas inten-
Não sei se sou otimista demais, ou fora da realida- cionalmente pelo autor do texto para
de. Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, (a) imprimir um tom irônico à reportagem.
camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo (b) incorporar citações de especialistas à reportagem.
ter menos, fui ficando mais tranquila e mais divertida. (c) atribuir maior valor aos metais, objeto da reportagem.

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(d) esclarecer termos científicos empregados na reportagem. A narrativa concentra sua força expressiva no manejo de recur-
(e) marcar a apropriação de termos de outra ciência pela sos formais e numa representação ficcional que
reportagem. (a) buscam perpetuar visões do senso comum.
(b) trazem à tona atitudes de um estado de exceção.
Veja também em: (c) promovem a interlocução com grupos silenciados.
Interpretação de Texto | Figuras de linguagem ligadas ao aspecto semântico
(d) inspiram o sentimento de justiça por meio da empatia.
Livro 1 | Frente única | Capítulo 1
(e) recorrem ao absurdo como forma de traduzir a realidade.

Estudo do verbo Veja também em:


Livro 3 | Frente 1 | Capítulos 14 e 15 Interpretação de Texto | Figuras de linguagem ligadas ao aspecto semântico
Livro 1 | Frente única | Capítulo 1

4. 2020
DECRETO N. 28 314, DE 28 DE SETEMBRO DE 2007 6. 2021

Demite o Gerúndio do Distrito Federal Introdução a Alda


e dá outras providências. Dizem que ninguém mais a ama. Dizem que foi
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso uma boa pessoa. Sua filha de doze anos não a visita
das atribuições que lhe confere o artigo 100, incisos VII nunca e talvez raramente se lembre dela. Puseram-na
e XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, DECRETA: numa cidade triste de uniformes azuis e jalecos bran-
Art. 1o Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos cos, de onde não pôde mais sair. Lá, todos gritam-lhe
do Governo do Distrito Federal. irritados, mal se aproxima, ou lhe batem, como se faz
Art. 2o Fica proibido, a partir desta data, o uso do com sacos de areia para treinar os músculos.
gerúndio para desculpa de INEFICIÊNCIA. Sei que para todos ela já não é, e ninguém lhe daria
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua uma maçã cheirosa, bem vermelha. Mas não é verdade
publicação. que alguém não a possa mais amar. Eu amo-a. Amo-a
Art. 4o Revogam-se as disposições em contrário. quando a vejo por trás das grades de um palácio, onde
Brasília, 28 de setembro de 2007. se refugiou princesa, chegada pelos caminhos da dor.
119o da República e 48o de Brasília Quando fora do reino sente o mundo de mil lanças, e
Disponível em: www.dodf.gov.br. Acesso em: 11 dez. 2017. selvagem prepara-se, posta no olhar. Amo-a quando
Esse decreto pauta-se na ideia de que o uso do gerúndio, como criança brinca na areia sem medo. Uns pés descalços,
“desculpa de ineficiência”, indica uma mulher sem intenções. Cercada de mundo, às ve-
(a) conclusão de uma ação. zes sofrendo-o ainda.
(b) realização de um evento. CANÇADO, M. L. O sofredor do ver. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

(c) repetição de uma prática. Ao descrever uma mulher internada em um hospital psiquiátri-
(d) continuidade de um processo. co, o narrador compõe um quadro que expressa sua percepção
(e) transferência de responsabilidade. (a) irônica quanto aos efeitos do abandono familiar.
(b) resignada em face dos métodos terapêuticos em vigor.
Preceitos básicos dos estudos (c) alimentada pela imersão lírica no espaço da segregação.
literários (d) inspirada pelo universo pouco conhecido da mente humana.
Livro 1 | Frente 2 | Capítulo 1
(e) demarcada por uma linguagem alinhada à busca da lucidez.

5. 2021 Seus primeiros anos de detento foram difí- Veja também em:
ceis; aos poucos entendeu como o sistema funciona. Interpretação de Texto | Figuras de linguagem ligadas ao aspecto semântico
Apanhou dezenas de vezes, teve o crânio esmagado, Livro 1 | Frente única | Capítulo 1

o maxilar deslocado, braços e pernas quebrados; por


fim, um dia ficou lesionado da perna quando foi 7. 2021
jogado da laje de um pavilhão. Nem todas as vezes O pavão vermelho
ele soube por que apanhou, muito menos da última,
Ora, a alegria, este pavão vermelho,
quando foi deixado para morrer, mas sobreviveu. Seu
está morando em meu quintal agora.
corpo, moído no inferno, aguarda o fim dos seus dias.
Vem pousar como um sol em meu joelho
Já não questiona mais. Obedece. Cumpre as ordens.
quando é estridente em meu quintal a aurora.
Baixa a cabeça e se retira. Apanha, às vezes com mo-
tivo, às vezes sem. Por onde passou, derramaram seu
sangue. Seu rastro pode ser seguido. Intriga ter sobre- Clarim de lacre, este pavão vermelho
vivido durante tantos anos. Pouquíssimos chegaram à sobrepuja os pavões que estão lá fora.
terceira idade encarcerados. É uma festa de púrpura. E o assemelho
MAIA, A. P. Assim na terra como embaixo da terra. Rio de Janeiro: Record, 2017. a uma chama do lábaro da aurora.

8 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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É o próprio doge a se mirar no espelho. No poema, a descrição lírica do objeto representado é orientada
E a cor vermelha chega a ser sonora por um olhar que
neste pavão pomposo e de chavelho. (a) desvela sentimentos de vazio e angústia sob a aparente
austeridade.
Pavões lilases possuí outrora. (b) expressa desilusão ante a possibilidade de superação do
Depois que amei este pavão vermelho, sofrimento.
os meus outros pavões foram-se embora. (c) contrapõe a fragilidade emocional ao uso desmedido da
COSTA, S. Poesia completa: Sosígenes Costa. Salvador:
Conselho Estadual de Cultura, 2001. força física.
(d) associa a incomunicabilidade emocional às determinações
Na construção do soneto, as cores representam um recurso
culturais.
poético que configura uma imagem com a qual o eu lírico
(e) privilegia imagens relacionadas à exposição do dinamismo
(a) revela a intenção de isolar-se em seu espaço.
(b) simboliza a beleza e o esplendor da natureza. urbano.
(c) experimenta a fusão de percepções sensoriais.
(d) metaforiza a conquista de sua plena realização. Arcadismo
(e) expressa uma visão de mundo mística e espiritualizada. Livro 1 | Frente 2 | Capítulo 3

Veja também em:


9. 2020 Digital
Interpretação de Texto | Relação entre textos verbais e visuais Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Livro 2 | Frente única | Capítulo 6
Em meus versos teu nome celebrado,

8. 2020 Por que vejas uma hora despertado


O sono vil do esquecimento frio:
Retrato de homem
A paisagem estrita
Não vês nas tuas margens o sombrio,
ao apuro do muro
Fresco assento de um álamo copado;
feito vértebra a vértebra
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
e escuro.
Na tarde clara do calmoso estio.
A geração dos pelos
sobre a casca e os rostos Turvo banhando as pálidas areias
em seus diques de sombra Nas porções do riquíssimo tesouro
repostos. O vasto campo da ambição recreias.

Os poços com seu lodo


de ira e de tensão: Que de seus raios o planeta louro
entre cimento e fronte Enriquecendo o influxo em tuas veias,
− um vão. Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.
As setas se atiram COSTA, C. M. Obras poéticas de Glauceste Satúrnio.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 out. 2015.
às margens de ninguém,
ilesas a si mesmas A concepção árcade de Cláudio Manuel da Costa registra si-
retêm. nais de seu contexto histórico, refletidos no soneto por um
eu lírico que
Compassos de evasão
(a) busca o seu reconhecimento literário entre as gerações
entre falange e rua
futuras.
sondando a solitude
(b) contempla com sentimento de cumplicidade a natureza e o
nua.
pastoreio.
(c) lamenta os efeitos produzidos pelos atos de cobiça e pela
E na armadura de coisa
indiferença.
salobra, um só segredo:
a polpa toda é fruição (d) encontra na simplicidade das imagens a expressão do equi-
de medo. líbrio e da razão.
(e) recorre a elementos mitológicos da cultura clássica como
ARAUJO, L. C. Cantochão. Belo Horizonte: lmprensa Publicações –
Governo do Estado de Minas Gerais, 1967. símbolos da terra.

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Romantismo no Brasil: poesia (c) opção pela morte como solução para as frustrações.
(d) ansiedade com as atitudes de indiferença da mulher.
Livro 1 | Frente 2 | Capítulo 4
(e) fixação por signos de fusão simbólica com o ser amado.
10. 2021
Romantismo no Brasil: prosa
Livro 1 e 2 | Frente 2 | Capítulos 4 e 5

12. 2022
A escrava
— Admira-me —, disse uma senhora de sentimentos
sinceramente abolicionistas —; faz-me até pasmar como
se possa sentir, e expressar sentimentos escravocratas,
no presente século, no século dezenove! A moral
religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem
alto esmagando a hidra que envenena a família no mais
MEIRELLES, V. Moema. Óleo sobre tela, 129 cm × 190 cm. sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação
Masp, São Paulo, 1866. inteira! Levantai os olhos ao Gólgota, ou percorrei-os em
Disponível em: www.masp.art.br. Acesso em: 13 ago. 2012 (adaptado). torno da sociedade, e dizei-me:
— Para que se deu em sacrifício o Homem Deus,
Nessa obra, que retrata uma cena de Caramuru, célebre poema
épico brasileiro, a filiação à estética romântica manifesta-se na que ali exalou seu derradeiro alento? Ah! Então não é
(a) exaltação do retrato fiel da beleza feminina. verdade que seu sangue era o resgate do homem! É então
(b) tematização da fragilidade humana diante da morte. uma mentira abominável ter esse sangue comprado a
(c) ressignificação de obras do cânone literário nacional. liberdade!? E depois, olhai a sociedade... Não vedes o
(d) representação dramática e idealizada do corpo da índia. abutre que a corrói constantemente!… Não sentis a
(e) oposição entre a condição humana e a natureza primitiva. desmoralização que a enerva, o cancro que a destrói?
Por qualquer modo que encaremos a escravidão,
11. 2020 Digital
ela é, e será sempre um grande mal. Dela a decadência
O laço de fita do comércio; porque o comércio e a lavoura caminham
Não sabes, criança? ‘Stou louco de amores... de mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a
Prendi meus afetos, formosa Pepita. lavoura; porque o seu trabalho é forçado.
REIS, M. F. Úrsula e outras obras. Brasília: Câmara dos Deputados, 2018.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?! Inscrito na estética romântica da literatura brasileira, conto des-
Não rias, prendi-me
cortina aspectos da realidade nacional no século XIX ao
Num laço de fita.
(a) revelar a imposição de crenças religiosas a pessoas
Na selva sombria de tuas madeixas,
escravizadas.
Nos negros cabelos de moça bonita,
(b) apontar a hipocrisia do discurso conservador na defesa da
Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,
escravidão.
Formoso enroscava-se (c) sugerir práticas de violência física e moral em nome do pro-
O laço de fita. gresso material.
(d) relacionar o declínio da produção agrícola e comercial a
[...] questões raciais.
(e) ironizar o comportamento dos proprietários de terra na ex-
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale ploração do trabalho.
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
13. 2020 Digital Seixas era homem honesto; mas ao
Ao menos arranca meus louros da fronte, atrito da secretaria e ao calor das salas, sua honestidade
E dá-me por c’roa... havia tomado essa têmpera flexível da cera que se mol-
Teu laço de fita. da às fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição.
ALVES, C. Espumas flutuantes. Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 8 ago. 2015 (fragmento). um abuso de confiança; mas professava a moral fácil
e cômoda, tão cultivada atualmente em nossa sociedade.
Exemplo da lírica de temática amorosa de Castro Alves, o poe- Segundo essa doutrina, tudo é permitido em ma-
ma constrói imagens caras ao Romantismo. Nesse fragmento, téria de amor; e o interesse próprio tem plena liberdade,
o lirismo romântico se expressa na desde que se transija com a lei e evite o escândalo.
(a) representação infantilizada da figura feminina. ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
(b) criatividade inspirada em elementos da natureza. Acesso em: 7 out. 2015.

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A literatura romântica reproduziu valores sociais em sintonia a mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada.
com seu contexto de mudanças. No fragmento de Senhora, as Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a
concepções românticas do narrador repercutem a força de suas vontades, tratava sempre bem aos peque-
(a) resistência à relativização dos parâmetros éticos. nitos e às mães que os estavam criando. Não era isso
(b) idealização de personagens pela nobreza de atitudes. uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoís-
(c) crítica aos modelos de austeridade dos espaços coletivos. ta e cru instinto da maternidade, obrando por mera
simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (referia-se ao
(d) defesa da importância da família na formação moral do
Antônio), esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas.
indivíduo.
Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um
(e) representação do amor como fator de aperfeiçoamento do
moralizava o outro, para moralizar-se.
espírito. PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.

Realismo no Brasil No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador


julga comportamentos e emoções das personagens femininas
Livro 2 | Frente 2 | Capítulo 6
revela influência do pensamento
14. 2022 (a) capitalista, marcado pela distribuição funcional do trabalho.
Esaú e Jacó (b) liberal, buscando a igualdade entre pessoas escravizadas
e livres.
Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e
(c) científico, considerando o ser humano como um fenômeno
passou ao patamar de pedra, à porta da esquerda. Era
uma criaturinha leve e breve, saia bordada, chinelinha
biológico.
no pé. Não se lhe podia negar um corpo airoso. Os ca- (d) religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas
belos, apanhados no alto da cabeça por um pedaço de do cristianismo.
fita enxovalhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja (e) afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e
borla era suprida por um raminho de arruda. Já vai no respeito mútuo.
nisto um pouco de sacerdotisa. O mistério estava nos
olhos. Estes eram opacos, não sempre nem tanto que Modernismo no Brasil: 2a geração
não fossem também lúcidos e agudos, e neste último (poesia)
estado eram igualmente compridos; tão compridos e
Livro 3 | Frente 2 | Capítulo 11
tão agudos que entravam pela gente abaixo, revolviam
o coração e tornavam cá fora, prontos para nova entra- 16. 2020 Digital Carlos é hoje um homem dividido, Má-
da e outro revolvimento. Não te minto dizendo que as rio, e isso graças às suas cartas.
duas sentiram tal ou qual fascinação. Bárbara interro- Às vezes ele torce pelas palmeiras paródicas do
gou-as; Natividade disse ao que vinha e entregou-lhe Oswald de Andrade (a ninguém cá da terra passou
os retratos dos filhos e os cabelos cortados, por lhe ha- despercebido o título que quer dar ao seu primeiro
verem dito que bastava. livro de poemas — Minha terra tem palmeiras). Às
— Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são seus vezes não quer esquecer o gélido cinzel de Bilac e
filhos? a prosa clássica dos decadentistas franceses, e à
— São. noite, ao ouvir o chamado da moça-fantasma, fica
ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. cismando ismálias em decassílabos rimados. Às vezes
No relato da visita de duas mulheres ricas a uma vidente no sucumbe ao trato cristão da condição humana e, à
Morro do Castelo, a ironia — um dos traços mais representativos sombra dos rodapés de Tristão de Ataíde, tem uma
da narrativa machadiana — consiste no recaída jacksoniana. Às vezes não sabe se prefere o
(a) modo de vestir dos moradores do morro carioca. barulho do motor do carro em disparada, ou se fica
contemplando o sinal vermelho que impõe stop ao
(b) senso prático em relação às oportunidades de renda.
trânsito e silêncio ao cidadão. Às vezes entoa loas à
(c) mistério que cerca as clientes de práticas de vidência.
vida besta, que devia jazer para sempre abandonada
(d) misto de singeleza e astúcia dos gestos da personagem.
em Itabira. Mas na maioria das vezes sai saracoteando
(e) interesse do narrador pelas figuras femininas ambíguas.
ironicamente pela rua macadamizada da poesia, que
Naturalismo nem um pernóstico malandro escondido por detrás
dos óculos e dos bigodes, ou melhor, que nem a foliona
Livro 2 | Frente 2 | Capítulo 6
negra que você tanto admirou no Rio de Janeiro por
ocasião das bacanais de Momo.
15. 2022 A senhora manifestava-se por atos, por ges-
SANTIAGO, S. Contos antológicos de Silviano Santiago.
tos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, São Paulo: Nova Alexandria, 2006.
que esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o
marido, não era com ela. [...] Inspirado nas cartas de Mário de Andrade para Carlos Drum-
As negras receberam ordem para meter no serviço mond de Andrade, o autor dá a esse material uma releitura cria-
a gente do tal compadre Silveira: as cunhadas, ao fuso; os tiva, atribuindo-lhe um remetente ficcional. O resultado é um
cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; texto de expressividade centrada na

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(a) hesitação na escolha de um modelo literário ideal. Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado
(b) colagem de estilos e estéticas na formação do escritor. nomadismo.
(c) confluência de vozes narrativas e de referências biográficas. Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como
(d) fragmentação do discurso na origem da representação se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-
poética. -lhes aos joelhos, de mãos abanando.
(e) correlação entre elementos da cultura popular e de origem Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos — de as-
erudita. cite consecutiva à alimentação tóxica — com os fardos
das barrigas alarmantes.
Veja também em: Não tinham sexo, nem idade, nem condição ne-
Língua Portuguesa | Modernismo no Brasil: 1a geração nhuma. Eram os retirantes. Nada mais.
Livro 3 | Frente 2 | Capítulo 10 ALMEIDA, J. A. A bagaceira. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1978.

Os recursos composicionais que inserem a obra no chamado


17. 2020 Digital “Romance de 30” da literatura brasileira manifestam-se aqui
Caso pluvioso no(a)
A chuva me irritava. Até que um dia (a) desenho cru da realidade dramática dos retirantes.
descobri que maria é que chovia. (b) indefinição dos espaços para efeito de generalização.
(c) análise psicológica da reação dos personagens à seca.
A chuva era maria. E cada pingo (d) engajamento político do narrador ante as desigualdades.
de maria ensopava o meu domingo. (e) contemplação lírica da paisagem transformada em alegoria.
E meus ossos molhando, me deixava
19. 2020 Digital Dias depois da morte de D. Mariquinha,
como terra que a chuva lavra e lava.
Seu Lula, todo de luto, reuniu os negros no pátio da ca-
E eu era todo barro, sem verdura... sa-grande e falou para eles. A voz não era mais aquela
maria, chuvosíssima criatura! voz mansa de outros tempos. Agora Seu Lula era o dono
de tudo. O feitor, o negro Deodato, recebera as suas ins-
Ela chovia em mim, em cada gesto, truções aos gritos. Seu Lula não queria vadiação naque-
pensamento, desejo, sono, e o resto. le engenho. Agora, todas as tardes, os negros teriam que
rezar as ave-marias. Negro não podia mais andar de
Era chuva fininha e chuva grossa,
reza para S. Cosme e S. Damião. Aquilo era feitiçaria. [...]
Matinal e noturna, ativa... Nossa!
E o feitor Deodato, com a proteção do senhor, come-
ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1952 (fragmento).
çou a tratar a escravatura como um carrasco. O chicote
cantava no lombo dos negros, sem piedade. Todos os
Considerando-se a exploração das palavras “maria” e “chuvosís- dias chegavam negros chorando aos pés de D. Amélia,
sima” no poema, conclui-se que tal recurso expressivo é um(a) pedindo valia, proteção contra o chicote do Deodato.
(a) registro social típico de variedades regionais. A fama da maldade do feitor espalhara-se pela várzea.
(b) variante particular presente na oralidade. O senhor de engenho do Santa Fé tinha um escravo que
(c) inovação lexical singularizante da linguagem literária. matava negro na peia. [...] E o Santa Fé foi ficando as-
(d) marca de informalidade característica do texto literário. sim o engenho sinistro da várzea.
(e) traço linguístico exclusivo da linguagem poética. RÊGO, J. L. Fogo morto. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1989.
a
Modernismo no Brasil: 2 geração A condição dos trabalhadores escravizados do Santa Fé tor-
(prosa) na-se exponencialmente aflitiva após a morte da senhora do
engenho. Nessa passagem, o sofrimento a que se submetem é
Livro 3 | Frente 2 | Capítulo 12
intensificado pela reação à
(a) mania do novo senhor de se dirigir a eles aos gritos.
18. 2022 Era o êxodo da seca de 1898. Uma ressurrei-
(b) saudade do afeto antes dispensado por D. Mariquinha.
ção de cemitérios antigos — esqueletos redivivos, com
(c) privação sumária de suas crenças e práticas ritualísticas.
o aspecto terroso e o fedor das covas podres.
(d) inércia moral de D. Amélia ante as imposições do marido.
Os fantasmas estropiados como que iam dançan-
(e) reputação do Santa Fé de lugar funesto a seus moradores.
do, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado
de quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas. 20. 2020
Andavam devagar, olhando para trás, como quem — O senhor pensa que eu tenho alguma fábri-
quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não ca de dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas
sabiam aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espa- olha para todos como quem quer dar uma explicação
das de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no arras- a todos. Todas as caras sorriem.) Quando seu filho es-
tão dos maus fados. teve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais

12 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já (c) sonho de autorrealização desenhado pela memória.
tenho as minhas, e é o que me basta... (Risos.) (d) julgamento implícito das atitudes de quem se afasta.
O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. (e) questionamento sobre o significado do amor ausente.
A palavra possui um tom educado, de pessoa que con-
vive com gente inteligente, causeuse. O rosto do Dr. Rist Veja também em:
resplandece, vermelho e glabro. Um que outro tem os Interpretação de Texto | Ambiguidade e outros recursos semânticos
olhos no chão, a atitude discreta. Livro 2 | Frente única | Capítulo 5

Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá rea-


tar a palestra interrompida, aquelas observações sobre Tendências contemporâneas
a questão social, comunismo e integralismo. Livro 4 | Frente 2 | Capítulo 14
MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.
22. 2020 Viajo Curitiba das conferências positivistas,
A ficção modernista explorou tipos humanos em situação
elas são onze em Curitiba, há treze no mundo inteiro; do
de conflito social. No fragmento do romancista gaúcho, esse
tocador de realejo que não roda a manivela desde que
conflito revela a
o macaquinho morreu; dos bravos soldados do fogo
(a) sujeição moral amplificada pela pobreza.
que assam chispando no carro vermelho atrás do incên-
(b) crise econômica em expansão nas cidades.
dio que ninguém não viu, esta Curitiba e a do cachor-
(c) falta de diálogo entre patrões e empregados.
ro-quente com chope duplo no Buraco do Tatu eu viajo.
(d) perspicácia marcada pela formação intelectual.
Curitiba, aquela do Burro Brabo, um cidadão miste-
(e) tensão política gerada pelas ideologias vigentes.
rioso morreu nos braços da Rosicler, quem foi? quem não
Modernismo no Brasil: 3a geração foi? foi o reizinho do Sião; da Ponte Preta da estação, a úni-
Livro 3 e 4 | Frente 2 | Capítulos 12 e 13 ca ponte da cidade, sem rio por baixo, esta Curitiba viajo.
Curitiba sem pinheiro ou céu azul, pelo que vos-
21. 2021 mecê é – província, cárcere, lar –, esta Curitiba, e não
Se for possível, manda-me dizer: a outra para inglês ver, com amor eu viajo, viajo, viajo.
— É lua cheia. A casa está vazia — TREVISAN, D. Em busca de Curitiba perdida. Rio de Janeiro: Record, 1992.
Manda-me dizer, e o paraíso A tematização de Curitiba é frequente na obra de Dalton
Há de ficar mais perto, e mais recente Trevisan. No fragmento, a relação do narrador com o espaço
Me há de parecer teu rosto incerto. urbano é caracterizada por um olhar
Manda-me buscar se tens o dia (a) destituído de afetividade, que ironiza os costumes e as tra-
Tão longo como a noite. Se é verdade dições da sociedade curitibana.
Que sem mim só vês monotonia. (b) marcado pela negatividade, que busca desconstruir pers-
E se te lembras do brilho das marés pectivas habituais de representação da cidade.
De alguns peixes rosados (c) carregado de melancolia, que constata a falta de identidade
Numas águas cultural diante dos impactos da urbanização.
E dos meus pés molhados, manda-me dizer: (d) embevecido pela simplicidade do cenário, indiferente à des-
— É lua nova — crição de elementos de reconhecido valor histórico.
E revestida de luz te volto a ver. (e) distanciado dos elementos narrados, que recorre ao ponto
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018. de vista do viajante como expressão de estranhamento.
Falando ao outro, o eu lírico revela-se vocalizando um desejo
que remete ao Veja também em:
(a) ceticismo quanto à possibilidade do reencontro. Interpretação de Texto | Tipologia textual e gêneros discursivos
Livro 1 | Frente única | Capítulo 2
(b) tédio provocado pela distância física do ser amado.

LÍNGUA PORTUGUESA 13

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Figuras de linguagem ligadas ao sexo, adrenalina, palpitação. Esquecemos, no entanto,
da palavra que viabiliza esse sentimento: “paciência”.
aspecto semântico Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser
Livro 1 | Frente única | Capítulo 1 mastigado e engolido com emergência, com fome de-
sesperada. É uma refeição que pode durar uma vida.
1. 2022 PALAVRA – As gramáticas classificam as pa- MEDEIROS, M. Disponível em:
lavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjun- http://porumavidasimples.blogspot.com.br. Acesso em: 20 ago. 2017 (adaptado).
ção, pronome, numeral, artigo e preposição. Os poetas Nesse texto de opinião, as marcas linguísticas revelam uma
classificam as palavras pela alma porque gostam de situação distensa e de pouca formalidade, o que se evidencia
brincar com elas, e para brincar com elas é preciso ter pelo(a)
intimidade primeiro. É a alma da palavra que define, ex- (a) impessoalização ao longo do texto, como em: “se não há
plica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e mais tempo”.
o significado para dizer o que quer, dar sentimento às (b) construção de uma atmosfera de urgência, em palavras
coisas, fazer sentido. A palavra nuvem chove. A palavra como: “pressa”.
triste chora. A palavra sono dorme. A palavra tempo (c) repetição de uma determinada estrutura sintática, como em:
passa. A palavra fogo queima. A palavra faca corta. A “Se tudo é para ontem”.
palavra carro corre. A palavra “palavra” diz. O que quer. (d) ênfase no emprego da hipérbole, como em: “uma refeição
E nunca desdiz depois. As palavras têm corpo e alma, que pode durar uma vida”.
mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As pa- (e) emprego de metáforas, como em: “a vida engata uma pri-
lavras dizem o que querem, está dito, e pronto. meira e sai em disparada”.
FALCÃO, A. Pequeno dicionário de palavras ao vento.
São Paulo: Salamandra, 2013 (adaptado).
Figuras de linguagem ligadas ao
Esse texto, que simula um verbete para a palavra “palavra’’,
constitui-se como um poema porque aspecto sonoro
(a) tematiza o fazer poético, como em “Os poetas classificam Livro 1 | Frente única | Capítulo 1
as palavras pela alma”.
3. 2021
(b) utiliza o recurso expressivo da metáfora, como em “As pa-
lavras têm corpo e alma”.
(c) valoriza a gramática da língua, como em “substantivo, adje-
tivo, verbo, advérbio, conjunção”.
(d) estabelece comparações, como em “As palavras têm corpo
e alma, mas são diferentes das pessoas”.
(e) apresenta informações pertinentes acerca do conceito de
“palavra”, como em “As gramáticas classificam as palavras”.

2. 2022
Urgência emocional
Se tudo é para ontem, se a vida engata uma pri-
meira e sai em disparada, se não há mais tempo para
paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de
querer que os amores sejam igualmente resolvidos
num átimo de segundo. Temos pressa para ouvir “eu te
amo”. Não vemos a hora de que fiquem estabelecidas
as regras de convívio: somos namorados, ficantes, ca- LICHTENSTEIN, R. Garota com bola. Óleo sobre tela,
sados, amantes? Urgência emocional. Uma cilada. As- 153 cm × 91,9 cm. Museu de Arte Moderna de Nova York, 1961.
sociamos diversas palavras ao AMOR: paixão, romance, Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 4 dez. 2018.

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A obra, da década de 1960, pertencente ao movimento artísti- Crônica é um relato? É uma conversa? É um resu-
co Pop Art, explora a beleza e a sensualidade do corpo feminino mo de um estado de espírito? Não sei, pois antes de
em uma situação de divertimento. Historicamente, a sociedade começar a escrever para o Jornal do Brasil, eu só tinha
inventou e continua reinventando o corpo como objeto de in- escrito romances e contos.
tervenções sociais, buscando atender aos valores e costumes E também sem perceber, à medida que escrevia
de cada época. Na reprodução desses preceitos, a erotização para aqui, ia me tornando pessoal demais, correndo
do corpo feminino tem sido constituída pela o risco de em breve publicar minha vida passada e
(a) realização de exercícios físicos sistemáticos e excessivos. presente, o que não pretendo. Outra coisa notei: bas-
(b) utilização de medicamentos e produtos estéticos. ta eu saber que estou escrevendo para o jornal, isto é,
(c) educação do gesto, da vontade e do comportamento. para algo aberto facilmente por todo o mundo, e não
(d) construção de espaços para vivência de práticas corporais. para um livro, que só é aberto por quem realmente
(e) promoção de novas experiências de movimento humano quer, para que, sem mesmo sentir, o modo de escrever
se transforme. Não é que me desagrade mudar, pelo
no lazer.
contrário. Mas queria que fossem mudanças mais pro-
Tipologia textual e fundas e interiores que não viessem a se refletir no
gêneros discursivos escrever. Mas mudar só porque isso é uma coluna ou
uma crônica? Ser mais leve só porque o leitor assim o
Livro 1 | Frente única | Capítulo 2
quer? Divertir? Fazer passar uns minutos de leitura? E
4. 2022 outra coisa: nos meus livros quero profundamente a
Notas comunicação profunda comigo e com o leitor. Aqui no
jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fi-
Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos
que agradado. Vou dizer a verdade: não estou contente.
portais, um homem que veio vestir o cadáver, outro que
LISPECTOR, C. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, con-
vites, convidados que entravam, lentamente, a passo No texto, ao refletir sobre a atividade de cronista, a autora
surdo, e apertavam a mão à família, alguns tristes, to- questiona características do gênero crônica, como
dos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões (a) relação distanciada entre os interlocutores.
d’água-benta, o fechar do caixão, a prego e martelo, seis (b) articulação de vários núcleos narrativos.
pessoas que o tomam da essa, e o levantam, e o descem (c) brevidade no tratamento da temática.
a custo pela escada, não obstante os gritos, soluços e (d) descrição minuciosa dos personagens.
novas lágrimas da família, e vão até o coche fúnebre, e (e) público leitor exclusivo.
o colocam em cima e traspassam e apertam as correias,
o rodar do coche, o rodar dos carros, um a um... Isto 6. 2022 Ela era linda. Gostava de dançar, fazia teatro
que parece um simples inventário eram notas que eu em São Paulo e sonhava ser atriz em Hollywood. Tinha
havia tomado para um capítulo triste e vulgar que não 13 anos quando ganhou uma câmera de vídeo — e uma
escrevo. irmã. As duas se tornaram suas companheiras de expe-
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em: rimentações. Adolescente, Elena vivia a criar filminhos
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 25 jul. 2022. e se empenhava em dirigir a pequena Petra nas cenas
O recurso linguístico que permite a Machado de Assis consi- que inventava. Era exigente com a irmã. E acreditava
derar um capítulo de Memórias póstumas de Brás Cubas como no potencial da menina para satisfazer seus arroubos
inventário é a de diretora precoce. Por cinco anos, integrou algumas
(a) enumeração de objetos e fatos. das melhores companhias paulistanas de teatro e
(b) predominância de linguagem objetiva. participou de preleções para filmes e trabalhos na TV.
(c) ocorrência de período longo no trecho. Nunca foi chamada. No início de 1990, Elena tinha 20
(d) combinação de verbos no presente e no pretérito. anos quando se mudou para Nova York para cursar ar-
(e) presença de léxico do campo semântico de funerais. tes cênicas e batalhar uma chance no mercado ameri-
cano. Deslocada, ansiosa, frustrada após alguns testes
Veja também em: de elenco malsucedidos, decepcionada com a ausên-
Língua Portuguesa | Realismo no Brasil cia de reconhecimento e vitimada por uma depressão
Livro 2 | Frente 2 | Capítulo 6
que se agravava com a falta de perspectivas, Elena pôs
fim à vida no segundo semestre. Petra tinha 7 anos.
5. 2022 Vinte anos depois, é ela, a irmã caçula, que volta a
Ser cronista Nova York para percorrer os últimos passos da irmã,
Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente vasculhar seus arquivos e transformar suas memórias
no assunto. em imagem e poesia.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 15

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Elena é um filme sobre a irmã que parte e sobre de vista sobre o horror do campo de concentração, o
a irmã que fica. É um filme sobre a busca, a perda, a filme acompanha apenas um personagem.
saudade, mas também sobre o encontro, o legado, Ele é Saul (Géza Röhrig), um dos encarregados de
a memória. Um filme sobre a Elena de Petra e sobre a conduzir as execuções de judeus como ele que, por um
Petra de Elena, sobre o que ficou de uma na outra e, dia e meio, luta obsessivamente para que um menino
essencialmente, um filme sobre a delicadeza. já morto — que pode ou não ser seu filho — tenha um
VANUCHI, C. Época, 19 out. 2012 (adaptado). enterro digno e não seja simplesmente incinerado.
O texto é exemplar de um gênero discursivo que cumpre a fun- O acompanhamento da jornada desse prisioneiro
ção social de é no sentido mais literal que o cinema pode proporcio-
(a) narrar, por meio de imagem e poesia, cenas da vida das irmãs nar: a câmera está o tempo todo com o personagem,
Petra e Elena. seja por sobre seus ombros, seja com um close em pri-
(b) descrever, por meio das memórias de Petra, a separação meiro plano ou em sua visão subjetiva. O que se passa
de duas irmãs. ao seu redor é secundário, muitas vezes desfocado.
(c) sintetizar, por meio das principais cenas do filme, a história Saul percorre diferentes divisões de Auschwitz à
de Elena. procura de um rabino que possa conduzir o enterro da
(d) lançar, por meio da história de vida do autor, um filme criança, e por isso pouco se envolve nos planos de fuga
autobiográfico. que os companheiros tramam e, quando o faz, geral-
mente atrapalha. “Você abandonou os vivos para cui-
(e) avaliar, por meio de análise crítica, o filme em referência.
dar de um morto”, acusa um deles.
7. 2021 Um asteroide de cerca de um mil metros de Ver toda essa via crucis é por vezes duro e exige cer-
diâmetro, viajando a 288 mil quilômetros por hora, ta entrega do espectador, mas certamente é daquelas
passou a uma distância insignificante — em termos experiências cinematográficas que permanecem na
cósmicos — da Terra, pouco mais do dobro da distância cabeça por muito tempo.
que nos separa da Lua. Segundo os cálculos matemá- O longa já está sendo apontado como o grande fa-
ticos, o asteroide cruzou a órbita da Terra e somente vorito ao Oscar de filme estrangeiro. Se levar a estatue-
não colidiu porque ela não estava naquele ponto de ta, certamente não faltará quem diga que a Academia
interseção. Se ele tivesse sido capturado pelo campo tem uma preferência por quem aborda a 2a Guerra. Por
gravitacional do nosso planeta e colidido, o impacto mais que exista uma dose de verdade na afirmação,
equivaleria a 40 bilhões de toneladas de TNT, ou o equi- premiar uma abordagem tão ousada e radical como
valente à explosão de 40 mil bombas de hidrogênio, Son of Saul não deixaria de ser um passo à frente dos
conforme calcularam os computadores operados pe- votantes.
los astrônomos do programa de Exploração do Sistema Carta Capital, n. 873, 22 out. 2015.

Solar da Nasa; se caísse no continente, abriria uma A resenha é, normalmente, um texto de base argumentativa.
cratera de cinco quilômetros, no mínimo, e destruiria Na resenha do filme Son of Saul, o trecho da sequência argu-
tudo o que houvesse num raio de milhares de outros; mentativa que se constitui como opinião implícita é
se desabasse no oceano, provocaria maremotos que de- (a) “[…] do estreante em longa-metragens László Nemes,
vastariam imensas regiões costeiras. Enfim, uma visão vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de
do Apocalipse. Cannes”.
Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br. Acesso em: 23 abr. 2010. (b) “Ele é Saul (Géza Röhrig), um dos encarregados de conduzir
Qual estratégia caracteriza o texto como uma notícia alarmante? as execuções de judeus […]”.
(a) A descrição da velocidade do asteroide. (c) “[…] a câmera está o tempo todo com o personagem, seja
(b) A recorrência de formulações hipotéticas. por sobre seus ombros, seja com um close […]”.
(c) A referência à opinião dos astrônomos. (d) “Saul percorre diferentes divisões de Auschwitz à procura
(d) A utilização da locução adverbial “no mínimo”. de um rabino que possa conduzir o enterro da criança […]”.
(e) A comparação com a distância da Lua à Terra. (e) “[…] premiar uma abordagem tão ousada e radical como Son
of Saul não deixaria de ser um passo à frente dos votantes”.
8. 2021
9. 2021
Intenso e original, Son of Saul
retrata horror do holocausto Devagar, devagarinho
Centenas de filmes sobre o holocausto já foram Desacelerar é preciso. Acelerar não é preciso. Afo-
produzidos em diversos países do mundo, mas ne- bados e voltados para o próprio umbigo, operamos,
nhum é tão intenso como o húngaro Son of Saul, do es- automatizados, falas robóticas e silêncios glaciais. Ilus-
treante em longa-metragens László Nemes, vencedor tra bem esse estado de espírito a música Sinal fechado
do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Cannes. (1969), de Paulinho da Viola. Trata-se da história de dois
Ao contrário da grande maioria das produções sujeitos que se encontram inesperadamente em um si-
do gênero, que costuma oferecer uma variedade de in- nal de trânsito. A conversa entre ambos, porém, se deu
formações didáticas e não raro cruza diferentes pontos rápida e rasteira. Logo, os personagens se despedem,

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com a promessa de se verem em outra oportunidade. não resolve porque se trata de uma atitude passiva.
Percebe-se um registro de comunicação vazia e su- É claro, tudo começa com a dúvida, mas a partir dela
perficial, cuja tônica foi o contato ligeiro e superficial é necessário ser proativo, ou seja, investigar, estudar,
construído pelos interlocutores: “Olá, como vai?/Eu vou procurar os elementos ocultos que sempre existem
indo, e você, tudo bem?/Tudo bem, eu vou indo corren- numa notícia. No começo é um esforço solitário que
do,/pegar meu lugar no futuro. E você?/Tudo bem, eu pode se tornar coletivo à medida que mais pessoas des-
vou indo em busca de um sono/tranquilo, quem sabe?/ cobrem sua vulnerabilidade informativa.
Quanto tempo…/Pois é, quanto tempo…/Me perdoe a Disponível em: www.observatoriodaimprensa.com.br.
Acesso em: 30 set. 2015 (adaptado).
pressa/é a alma dos nossos negócios…/Oh! Não tem de
quê./Eu também só ando a cem”. No texto, os argumentos apresentados permitem inferir que o
O culto à velocidade, no contexto apresentado, se objetivo do autor é convencer os leitores a
coloca como fruto de um imediatismo processual que (a) buscarem fontes de informação comprometidas com a
celebra o alcance dos fins sem dimensionar a qualidade verdade.
dos meios necessários para atingir determinado (b) privilegiarem notícias veiculadas em jornais de grande
propósito. Tal conjuntura favorece a lei do menor esforço
circulação.
— a comodidade — e prejudica a lei do maior esforço — a
(c) adotarem uma postura crítica em relação às informações
recebidas.
dignidade.
(d) questionarem a prática jornalística anterior ao surgimento
Como modelo alternativo à cultura fast, temos o
da internet.
movimento slow life, cujo propósito, resumidamente, é
(e) valorizarem reportagens redigidas com imparcialidade diante
conscientizar as pessoas de que a pressa é inimiga da
dos fatos.
perfeição e do prazer, buscando assim reeducar seus
sentidos para desfrutar melhor os sabores da vida. 11. 2021
SILVA, M. F. L. Boletim UFMG, n. 1 749, set. 2011 (adaptado). Singular ocorrência
Nesse artigo de opinião, a apresentação da letra da canção — Há ocorrências bem singulares. Está vendo
“Sinal fechado” é uma estratégia argumentativa que visa aquela dama que vai entrando na igreja da Cruz? Parou
sensibilizar o leitor porque agora no adro para dar uma esmola.
(a) adverte sobre os riscos que o ritmo acelerado da vida — De preto?
oferece. — Justamente; lá vai entrando; entrou.
(b) exemplifica o fato criticado no texto com uma situação — Não ponha mais na carta. Esse olhar está dizen-
concreta. do que a dama é uma recordação de outro tempo, e
(c) contrapõe situações de aceleração e de serenidade na vida não há de ser muito tempo, a julgar pelo corpo: é moça
das pessoas. de truz.
(d) questiona o clichê sobre a rapidez e a aceleração da vida — Deve ter quarenta e seis anos.
moderna. — Ah! conservada. Vamos lá; deixe de olhar para o
(e) apresenta soluções para a cultura da correria que as pessoas chão e conte-me tudo. Está viúva, naturalmente?
vivenciam hoje. — Não.
10. 2021 — Bem; o marido ainda vive. É velho?
— Não é casada.
Reaprender a ler notícias
— Solteira?
Não dá mais para ler um jornal, revista ou assistir — Assim, assim. Deve chamar-se hoje D. Maria de
a um telejornal da mesma forma que fazíamos até o tal. Em 1860 florescia com o nome familiar de Maro-
surgimento da rede mundial de computadores. O Ob- cas. Não era costureira, nem proprietária, nem mestra
servatório da Imprensa antecipou isso lá nos idos de de meninas; vá excluindo as profissões e chegará lá.
1996 quando cunhou o slogan “Você nunca mais vai ler Morava na Rua do Sacramento. Já então era esbelta,
jornal do mesmo jeito”. De fato, hoje já não basta mais e, seguramente, mais linda do que hoje; modos sérios,
ler o que está escrito ou falado para estar bem infor- linguagem limpa.
mado. É preciso conhecer as entrelinhas e saber que ASSIS, M. Machado de Assis: seus 30 melhores contos. Rio de Janeiro: Aguilar, 1961.

não há objetividade e nem isenção absolutas, porque No diálogo, descortinam-se aspectos da condição da mulher
cada ser humano vê o mundo de uma forma diferente. em meados do século XIX. O ponto de vista dos personagens
Ter um pé atrás passou a ser a regra básica número um manifesta conceitos segundo os quais a mulher
de quem passa os olhos por uma primeira página, capa (a) encontra um modo de dignificar-se na prática da caridade.
de revista ou chamadas de um noticiário na TV. (b) preserva a aparência jovem conforme seu estilo de vida.
Há uma diferença importante entre desconfiar de (c) condiciona seu bem-estar à estabilidade do casamento.
tudo e procurar ver o maior número possível de lados (d) tem sua identidade e seu lugar referendados pelo homem.
de um mesmo fato, dado ou evento. Apenas desconfiar (e) renuncia à sua participação no mercado de trabalho.

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12. 2021 Naquele tempo, Itaguaí, que, como as demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de
imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia; ou por meio de cartazes manuscritos e pregados na porta da
Câmara, e da matriz; — ou por meio de matraca.
Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as ruas do povoado,
comumamatracanamão.Dequandoemquandotocavaamatraca,reunia-segente,eeleanunciavaoquelheincumbiam,—
um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais
belo discurso do ano, etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela grande energia
de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores desfrutava a reputação de perfeito educador de cobras
e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos
os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto cascavéis dançando no peito do vereador;
afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as ins-
tituições do antigo regímen mereciam o desprezo do nosso século.
ASSIS, M. O alienista. Disponível em: www.dominiopubico.gov.br. Acesso em: 2 jun. 2019 (adaptado).

O fragmento faz uma referência irônica a formas de divulgação e circulação de informações em uma localidade sem imprensa. Ao
destacar a confiança da população no sistema da matraca, o narrador associa esse recurso à disseminação de
(a) campanhas políticas. (d) informações não fidedignas.
(b) anúncios publicitários. (e) serviços de utilidade pública.
(c) notícias de apelo popular.

13. 2021

LEMOS, A. Artistas brasileiras. Belo Horizonte: Miguilim, 2018.

O que assegura o reconhecimento desse texto em quadrinhos como prefácio é o(a)


(a) função de apresentação do livro. (d) referência à mescla dos trabalhos manual e digital.
(b) apelo emocional apoiado nas imagens. (e) uso de elementos gráficos voltados para o público-alvo.
(c) descrição do processo criativo da autora.

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14. 2020 Digital Relacionando-se os elementos que compõem esse texto, de-
A carroça sem cavalo preende-se que sua função social consiste em levar o leitor a
(a) compreender a história vivenciada por amigos na cidade de
Conta-se que, em noites frias de inverno, descia
Derry.
um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa noite, ou-
viam-se muitos barulhos estranhos. Os moradores da (b) interpretar a obra com base em uma descrição detalhada.
cidade de São Francisco, que é a cidade mais antiga de (c) avaliar a publicação com base em uma síntese crítica.
Santa Catarina, eram acordados de madrugada com (d) adquirir a obra apresentada no site da livraria.
um barulho perturbador. Ao abrirem a janela de casa, (e) argumentar em favor da obra resumida.
os moradores assustavam-se com a cena: viam uma
16. 2020 Digital
carroça andando sem cavalo e sem ninguém puxan-
do... Andava sozinha! Na carroça, havia objetos baru- Porta dos Fundos: contrato vitalício
lhentos, como panelas, bules, inclusive alguns objetos
Diretor: Ian SBF;
amarrados do lado de fora da carroça. O medo domi-
nou a pequena cidade. Conta-se ainda que um carro- Tempo: 1 h 46 min;
ceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o Brasil, 2016.
animal. Nas noites de manifestação da assombração, a O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos
carroça saía de um nevoeiro, assustava a população e, Fundos, conhecido por seus mais de 12 milhões de as-
depois de um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro. sinantes no YouTube, estreou para o público brasileiro
Disponível em: www.gazetaonline.com.br. que curte as esquetes na internet. O desafio do grupo
Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).
foi transformar os vídeos curtos em um longa para o
Considerando-se que os diversos gêneros que circulam na so-
cinema, que, apesar de grande investimento do elenco
ciedade cumprem uma função social específica, esse texto tem
e dos produtores, não empolga tanto. O enredo conta
por função
com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. Duvivier),
(a) abordar histórias reais.
que, vencedores em Cannes, no auge de suas carrei-
(b) informar acontecimentos.
(c) questionar crenças populares. ras, decidem assinar um contrato vitalício em que o
(d) narrar histórias do imaginário social. ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do
(e) situar fatos de interesse da sociedade. produtor Miguel. A produção do filme maluco conta
com o ótimo elenco do Porta dos Fundos: uma famosa
15. 2020 Digital
blogueira, um jornalista de fofoca, um agente de cele-
O livro It – A Coisa, de Stephen King bridades, uma diretora de elenco radical, um detetive,
Durante as férias escolares de 1958, em Derry, paca- um ajudante e atores. O ponto forte do filme é satirizar
ta cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, justamente o mundo das celebridades da internet e do
Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade,
cinema, ou seja, eles mesmos neste momento.
do amor, da confiança e... do medo. O mais profundo e
Disponível em: www.criticasdefilmes.com.br.
tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram pela Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).
primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno,
que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Qua- Nesse texto, um trecho que traz uma marca linguística da fun-
se trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. ção avaliativa da resenha é
Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike (a) “Porta dos Fundos: contrato vitalício; Diretor: Ian SBF; Tem-
Hanlon, o único que permanece em Derry, dá o sinal. po: 1 h 46 min; Brasil, 2016.”
Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar (b) “O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos Fundos
e eles devem cumprir a promessa selada com sangue [...] estreou para o público brasileiro que curte as esquetes
que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do na internet.”
enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas
(c) “O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel
de Derry. O tempo é curto, mas somente eles podem
(G. Duvivier) [...]”.
vencer a Coisa. Em It – A Coisa, clássico de Stephen King
(d) “[...] o ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do
em nova edição, os amigos irão até o fim, mesmo que
isso signifique ultrapassar os próprios limites.
produtor Miguel.”
(e) “A produção do filme maluco conta com o ótimo elenco do
Disponível em: www.livrariacultura.com.br.
Acesso em: 1 dez. 2017. Porta dos Fundos [...]”.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 19

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17. 2020 Digital

Disponível em: www.pmf.sc.gov.br. Acesso em: 11 dez. 2017.

Nesse texto, o entrelaçamento de vários gêneros textuais é um mecanismo discursivo para


(a) destacar a fidelidade dos cães.
(b) realçar as vantagens de se adotar um cão.
(c) mostrar a dependência decorrente do amor aos cães.
(d) enfatizar o interesse das pessoas pela adoção de cães.
(e) sensibilizar a comunidade sobre a carência dos cães.

18. 2020
Mulher tem coração clinicamente partido após morte de cachorro
Como explica o The New England Journal of Medicine, a paciente, chamada Joanie Simpson, tinha sinais de
infarto, como dores no peito e pressão alta, e apresentava problemas nas artérias coronárias. Ao fazerem um
ecocardiograma, os médicos encontraram o problema: cardiomiopatia de Takotsubo, conhecida como síndrome
do coração partido.
Essa condição médica tipicamente acontece com mulheres em fase pós-menstrual e pode ser precedida por um
evento muito estressante ou emotivo. Nesses casos, o coração apresenta um movimento discinético transitório da
parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da cinética da base ventricular, de acordo com um artigo
médico brasileiro que relata um caso semelhante. Simpson foi encaminhada para casa após dois dias e passou a
tomar medicamentos regulares.
Ao Washington Post, ela contou que estava quase inconsolável após a perda do seu animal de estimação, um
cão da raça yorkshire terrier. Recuperada após cerca de um ano, ela diz que não abrirá mão de ter um animal
de estimação porque aprecia a companhia e o amor que os cachorros dão aos humanos. O caso aconteceu em
Houston, nos Estados Unidos.
Disponível em: https://exame.abril.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017.

20 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Pelas características do texto lido, que trata das consequências (d) característica corriqueira do suporte lambe-lambe, muito
da perda de um animal de estimação, considera-se que ele se comum nas ruas.
enquadra no gênero (e) exposição da beleza escondida das esquinas da cidade de
(a) conto, pois exibe a história de vida de Joanie Simpson. Belo Horizonte.
(b) depoimento, pois expõe o sofrimento da dona do animal.
20. 2020
*010275AM8*
(c) reportagem, pois discute cientificamente a cardiomiopatia.
(d) relato, pois narra um fato estressante vivido pela paciente. Caminhando contra o vento,
(e) notícia, pois divulga fatos sobre a síndrome do coração Sem lenço e sem documento
partido. No sol de quase dezembro
Eu vou
Questão 13
19. 2020 Questão 14
TE X TO I Texto I Ovida
sol sesreparte
ve es emcomocrimesum ogo brincado na rua
Poesia estamos no ltimo minuto de uma brincadeira bem quente
Poesiaem
emc cartaz
artaz Espaçonaves, guerrilhas
e n o sabemos que a qualquer momento pode c egar um
camin
O caminhoo abitual parapara
habitual o trabal o aquele
o trabalho, em que
aquele em
Em cardinales bonitas
mais vel o a avisar que a brincadeira acabou e est na
a gente
que a gente já nem repara direito, pode ficar mais com
nem repara direito pode ficar mais belo belo Eu vou
ora de antar. vida afinal acontece muito de repente
umcompoema.
um poema. pro eto Um ambe
O projeto or ia nasceunasceu
#UmLambePorDia desta nunca ningudempresidentes
nos avisou que aquele era mesmo o
Em caras
inten o tra er mais cor e alegria para a cidade
desta intenção: trazer mais cor e alegria para a cidade por meio ltimo arnaval da itória. arnaval tamb m c egava
Em grandes beijos de amor
depor
carta es coloridos ao estilo lambe lambe.
meio de cartazes coloridos ao estilo lambe-lambe. uem teve sempre de repente. Nós as crian as vivíamos num tempo
ora doEmtempo
dentes,sempernas,
nuncabandeiras
sabermos dos calend rios de
a ideia oi o escritor eonardo eltr o em elo
Quem teve a ideia foi o escritor Leonardo Beltrão, em ori onte.
Bombas
verdade. ... e Brigitte Bardot
dia da v spera do arnaval como di ia
m meio
Belo a ol ares
Horizonte. “Emcada
meiovea olhares
mais viciados
cada vezacabamos
mais vi-
a avó N era dia de con us o com roupas e pinturas a
nos esquecendo
ciados, acabamos da nos
beleesquecendo
a envolvidadaem cadaenvolvida
beleza esquina O sol nas bancas de revista
serem preparadas son adas e inventadas. as quando
e no
empróprio poder etrans
cada esquina ormador
no próprio da palavra
poder . ssim da
transformador a Me enche de alegria e preguiça
acontecia era um dia r pido porque os dias m gicos
cada dia umAssim,
palavra”. carta a colocado
cada dia porumaícartaz
para énos lembrarpor
colocado de passam Quem lê tanta dei
depressa notícia
ando marcas undas na nossa
reparar na nos
aí, para cidade
lembrarna vida que corre
de reparar ao redornae vida
na cidade, tambque m memória que alguns c amam tamb m de cora o.
Eu vou
emcorre
nós mesmos.
ao redor e também em nós mesmos. VELOSO, C. Alegria, alegria. . O s da minha
N In: Caetano Veloso.rua.
São Paulo:
io de Phillips,
aneiro 1967
íngua(fragmento).
eral .
sÉ comum
significa es a etivas
coexistirem engendradas
sequências no um
tipológicas em ragmento
mesmo
TE X TO II Texto II pressup em o recon ecimento da
gênero textual. Nesse fragmento, os tipos textuais que se des-
Atacam perspectiva in antil
na organização assumida
temática são pela vo narrativa.
B(a) suspens
descritivooeda linearidadepois
argumentativo, temporal da narra
o enunciador detalhao.cada
C tentativa
lugar porde materiali
onde passa, ar lembran ascontra
argumentando da in ancia.
violência
D incid ncia da memória sobre as imagens narradas.
urbana.
E(b) altern ncia entre
dissertativo impress pois
e argumentativo, es osub etivas apresenta
enunciador e relatos
actuais.
seu ponto de vista sobre as notícias relativas à cidade.
(c) expositivo
Questão 15 e injuntivo, pois o enunciador fala de seus esta-
mdos físicostivemos a primeira
e psicológicos e peri
e interage com ancia doamada.
mulher utebol
eminino em eum
(d) narrativo ogo pois
descritivo, de ovideogame o M sobre
enunciador conta ia H amsuasm
S occer. o e pelas
andanças anos ruas
depois uma ao
da cidade peti o on
mesmo line que
tempo pedia
a
que adescreve. ports incluísse o utebol eminino no i a 3.
ontudo
(e) só eem
narrativo com
injuntivo, pois uma nova
o enunciador petio interlocutor
ensina o on line
que arrecadou mil ares de assinaturas tivemos o utebol
como andar pelas ruas da cidade contando sobre sua própria
eminino incluído no i a . endo um nic o de mercado
experiência.
ine plorado a ports produ iu o ogo com sele es
emininas e o apresentou como inova o. empresa sabe
queVeja também
mais de em: dos praticantes de utebol nos U s o
Arte | Modernismo e contracultura
meninas. ara elas ver o utebol eminino representado
Livro único | Frente única | Capítulo 13
em um ogo de videogame e tremamente importante.
er o utebol eminino no i a um grande passo para
21. 2020 Na sua imaginação perturbada sentia a natu-
isponível em:
Disponível em www.vidasimples.uol.com.br.
.vidasimples.uol.com.br. Acesso
cesso em:
em 6 dez.
de .2017 (adaptado).
adaptado . a sua populari a o na luta pela igualdade de g nero
rezaconte
num toda toagitando-se
mac ista para se istasufocá-la.
misóginoAumentavam as
e omo óbico.
Considerando-se
onsiderando se aafunção
un oquequeos os
cartazes
cartacolados em postes
es colados em
sombras. No céu,
isponível emnuvens colossaiscesso
.ludopedio.com.br. e túmidas
em un. rolavam
adaptado .
postes normalmente
normalmente e ercem
exercem nas ruas dasnas ruas
cidades das esse
grandes, cidades
tex-
para
s ogoso abismo
eletr nicosdo horizonte...
presentes Na várzea, ao
na cultura clarão
uvenil in-
podem
grandes essea te to evidencia a
to evidencia
(a) disseminação da arte poética em um veículo não convencional. desempen ar uma relevante
deciso do crepúsculo, os seresun tomavamo na ares
abordagem
de mons- do
A dissemina o da arte po tica em um veículo n o utebol
tros... ao
As montanhas, subindo ameaçadoras da terra,
(b) manutenção da expectativa das pessoas ao andarem pelas
convencional. disseminarem
Aperfilavam-se uma modalidade
tenebrosas... Os caminhos, promovendo
espreguiçan-a
ruas.
B (c)manuten o da igualdade de g nero.
necessidade deeexposição
pectativadedas pessoas
poemas ao andarem
pequenos em dife- do-se sobre os campos, animavam-se quais serpentes
pelas ruas. B superarem ogos malsucedidos no mercado lan ados
rentes suportes. infinitas... As árvores soltas choravam ao vento, como
anteriormente.
C necessidade de e posi o de poemas pequenos em
C inovarem a modalidade com novas o ertas de ogos
di erentes suportes. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 21
ao mercado.
D característica corriqueira do suporte lambe lambe D e plorarem nic os de mercado antes ignorados
muito comum nas ruas. produ indo mais lucro.
E e posi o da bele a escondida21das
003461_pv_col_al_xxx_mul_3_volu_liv_014_056_itx_fx_cx_enem.indd esquinas da E re or arem estereótipos de g nero masculino 23/10/2023
ou 09:58:11
carpideiras fantásticas da natureza morta... Os afliti- Funções da linguagem
vos pássaros noturnos gemiam agouros com pios fúne-
Livro 1 | Frente única | Capítulo 3
bres. Maria quis fugir, mas os membros cansados não
acudiam aos ímpetos do medo e deixavam-na prostra- 23. 2022
da em uma angústia desesperada.
ARANHA, J. P. G. Canaã. São Paulo: Ática, 1997.

No trecho, o narrador mobiliza recursos de linguagem que ge-


ram uma expressividade centrada na percepção da
(a) relação entre a natureza opressiva e o desejo de libertação
da personagem.
(b) confluência entre o estado emocional da personagem e a
configuração da paisagem.
(c) prevalência do mundo natural em relação à fragilidade
humana.
(d) depreciação do sentido da vida diante da consciência da
morte iminente.
(e) instabilidade psicológica da personagem face à realidade
hostil.
22. 2020
Senhor Juiz
O instrumento do “crime” que se arrola Disponível em: www.facebook.com/senadofederal. Acesso em: 9 dez. 2017.

Nesse processo de contravenção Considerando-se a função social dos posts, essa imagem evi-
Não é faca, revólver ou pistola, dencia a apropriação de outro gênero com o objetivo de
Simplesmente, doutor, é um violão. (a) promover o uso adequado de campanhas publicitárias do
governo.
Será crime, afinal, será pecado, (b) divulgar o projeto sobre transparência da administração
Será delito de tão vis horrores, pública.
Perambular na rua um desgraçado (c) responsabilizar o cidadão pelo controle dos gastos públicos.
Derramando nas praças suas dores? (d) delegar a gestão de projetos de lei ao contribuinte.
(e) assegurar a fiscalização dos gastos públicos.
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua) 24. 2022
Não sufoque o cantar que vem da rua, Assentamento
Que vem da noite para saudar o dia. Zanza daqui
É o apelo que aqui lhe dirigimos, Zanza pra acolá
Na certeza do seu acolhimento Fim de feira, periferia afora
Juntada desta aos autos nós pedimos A cidade não mora mais em mim
E pedimos, enfim, deferimento. Francisco, Serafim
Disponível em: www.migalhas.com.br. Vamos embora
Acesso em: 23 set. 2020 (adaptado).

Essa petição de habeas corpus, ao transgredir o rigor da lingua- Ver o capim


gem jurídica, Ver o baobá
(a) permite que a narrativa seja objetiva e repleta de sentidos Vamos ver a campina quando flora
denotativos. A piracema, rios contravim
(b) mostra que o cordel explora termos próprios da esfera do Binho, Bel, Bia, Quim
direito. Vamos embora
(c) demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a gra- Quando eu morrer
vidade do delito. Cansado de guerra
(d) exemplifica como o texto em forma de cordel compromete a Morro de bem
solicitação pretendida. Com a minha terra:
(e) esclarece que os termos “crime” e “processo de contravenção” Cana, caqui
são sinônimos. Inhame, abóbora

22 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Onde só vento se semeava outrora […] Como pretendo viajar esses dias, habilitei-me
Amplidão, nação, sertão sem fim a comprar aquilo que os caras anunciavam como o top
Ó Manuel, Miguilim do top em matéria de computador portátil.
Vamos embora No sábado, recebi um embrulho complicado que
BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998 (fragmento). necessitava de um manual de instruções para ser aber-
to. […] De repente, como vem acontecendo nos últimos
Nesse texto, predomina a função poética da linguagem.
tempos, houve um corte na memória e vi diante de
Entretanto, a função emotiva pode ser identificada no
mim o meu primeiro estojo escolar. Tinha 5 anos e ia
verso:
para o jardim de infância.
(a) “Zanza pra acolá”.
Era uma caixinha comprida, envernizada, com
(b) “Fim de feira, periferia afora”.
uma tampa que corria nas bordas do corpo principal.
(c) “A cidade não mora mais em mim”.
Dentro, arrumados em divisões, havia lápis coloridos,
(d) “Onde só vento se semeava outrora”.
um apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de
(e) “Ó Manuel, Miguilim”.
20 cm e uma borracha para apagar meus erros.
25. 2021 O documentário O menino que fez um museu, […] Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro
direção de Sérgio Utsch, produção independente de que nunca esqueci e que me tonteava de prazer. […]
brasileiros e britânicos, gravado no Nordeste em 2016, O notebook que agora abro é negro e, em matéria de
mais precisamente no distrito Dom Quintino, zona cheiro, é abominável. Cheira vilmente a telefone celu-
rural do Crato, foi premiado em Londres, pela Foreign lar, a cabine de avião, a aparelho de ultrassonografia
Press Association (FPA), a associação de correspondentes onde outro dia uma moça veio ver como sou por den-
estrangeiros mais antiga do mundo, fundada em 1888. tro. Acho que piorei de estojo e de vida.
De acordo com o diretor, O menino que fez um museu CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2009 (adaptado).
foi o único trabalho produzido por equipes fora do eixo No texto, há marcas da função da linguagem que nele predo-
Estados Unidos-Europa entre os finalistas. O documen- mina. Essas marcas são responsáveis por colocar em foco o(a)
tário conta a história de um Brasil profundo, desconhe- (a) mensagem, elevando-a à categoria de objeto estético do
cido até mesmo por muitos brasileiros. É apresentado mundo das artes.
com o carisma de Pedro Lucas Feitosa, 11 anos. (b) código, transformando a linguagem utilizada no texto na
Quando tinha 10 anos, Pedro Lucas criou o Museu própria temática abordada.
de Luiz Gonzaga, que fica no distrito de Dom Quinti- (c) contexto, fazendo das informações presentes no texto seu
no. A ideia surgiu após uma visita que o garoto fez, em aspecto essencial.
2013, quando tinha 8 anos, ao Museu do Gonzagão, em (d) enunciador, buscando expressar sua atitude em relação ao
Exu, Pernambuco. Pedro decidiu criar o próprio lugar conteúdo do enunciado.
de exposição para homenagear o rei e o local escolhido (e) interlocutor, considerando-o responsável pelo direciona-
foi a casa da sua bisavó já falecida, que fica ao lado da mento dado à narrativa pelo enunciador.
casa dele, na rua Alto de Antena.
27. 2021
Disponível em: www.opovo.com.br. Acesso em: 18 abr. 2018.
Comportamento geral
No segundo parágrafo, uma citação afirma que o documentário
Você deve estampar sempre um ar de alegria
“foi o único trabalho produzido por equipes fora do eixo Esta-
E dizer: tudo tem melhorado
dos Unidos-Europa entre os finalistas”. No texto, esse recurso
Você deve rezar pelo bem do patrão
expressa uma estratégia argumentativa que reforça a E esquecer que está desempregado
(a) originalidade da iniciativa de homenagem à vida e à obra
de Luiz Gonzaga. Você merece
(b) falta de concorrentes ao prêmio de uma das associações Você merece
mais antigas do mundo. Tudo vai bem, tudo legal
(c) proeza da premiação de uma história ambientada no interior Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
do Nordeste brasileiro. Se acabarem com teu carnaval
(d) escassez de investimentos para a produção cinematográfica
independente no país. Você deve aprender a baixar a cabeça
(e) importância da parceria entre brasileiros e britânicos para a E dizer sempre: muito obrigado
realização das filmagens. São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
26. 2021
Estojo escolar
Deve pois só fazer pelo bem da nação
Rio de Janeiro — Noite dessas, ciscando num desses Tudo aquilo que for ordenado
canais a cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas eletrô- Pra ganhar um fuscão no juízo final
nicas, bastava telefonar e eu receberia um notebook capaz E diploma de bem-comportado
de me ajudar a fabricar um navio, uma estação espacial. GONZAGUINHA. Luiz Gonzaga Jr. Rio de Janeiro: Odeon, 1973 (fragmento).

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 23

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Pela análise do tema e dos procedimentos argumentativos uti- 29. 2020 Digital
lizados na letra da canção composta por Gonzaguinha na déca-
da de 1970, infere-se o objetivo de
(a) ironizar a incorporação de ideias e atitudes conformistas.
(b) convencer o público sobre a importância dos deveres cívicos.
(c) relacionar o discurso religioso à resolução de problemas
sociais.
(d) questionar o valor atribuído pela população às festas
populares.
(e) defender uma postura coletiva indiferente aos valores
dominantes.

28. 2020 Digital

DOEDERLEIN, J. O livro dos ressignificados. São Paulo: Parábola, 2017.

Nessa simulação de verbete de dicionário, não há a predomi-


nância da função metalinguística da linguagem, como seria de
se esperar. Identificam-se elementos que subvertem o gênero
por meio da incorporação marcante de características da função
(a) conativa, como em “(valeu, galera)!”.
(b) referencial, como em “é festejar o próprio ser.”
(c) poética, como em “é a felicidade fazendo visita.”
(d) emotiva, como em “é quando eu esqueço o que não importa.”
(e) fática, como em “é o dia que recebo o maior número de
ligações no meu celular.”

Veja também em:


Interpretação de Texto | Tipologia textual e gêneros discursivos
Livro 1 | Frente única | Capítulo 2

30. 2020 Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de


mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela
primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os
meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse
Disponível em: www.ricmais.com.br. Acesso em: 10 nov. 2011 (adaptado).
nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”
De acordo com as intenções comunicativas e os recursos lin- ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação
guísticos que se destacam, determinadas funções são atri- uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o
buídas à linguagem. A função que predomina nesse texto é a de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte
conativa, uma vez que ele anos depois, quando eu morava só na minha casa da
(a) atua sobre o interlocutor, procurando convencê-lo a realizar Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo,
sua escolha de maneira consciente. da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha
feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me
(b) coloca em evidência o canal de comunicação pelo uso das
de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio:
palavras “corrige” e “confirma”.
“Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha
(c) privilegia o texto verbal, de base informativa, em detrimento
a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo,
do texto não verbal. mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas
(d) usa a imagem como único recurso para interagir com o pú- circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo
blico a que se destina. desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema
(e) evidencia as emoções do enunciador ao usar a imagem de saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de
uma criança. mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço,

24 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai (a) justaposição de sequências verbais e nominais.
desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não (b) mudança de eventos resultante do jogo temporal.
de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, (c) uso de adjetivos qualificativos na descrição do cenário.
uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de (d) encadeamento semântico pelo uso de substantivos
Ciro, e sim a “minha” Pasárgada. sinônimos.
BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: (e) inter-relação entre orações por elementos linguísticos
Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984. lógicos.
Os processos de interação comunicativa preveem a presença
32. 2021
ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se
destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a fun- Texto I
ção da linguagem predominante é a Correu à sala dos retratos, abriu o piano, sentou-se
(a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia e espalmou as mãos no teclado. Começou a tocar algu-
que o levaram à criação poética. ma coisa própria, uma inspiração real e pronta, uma
(b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome polca, uma polca buliçosa, como dizem os anúncios.
empregado em um famoso poema de Bandeira. Nenhuma repulsa da parte do compositor; os dedos
(c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre iam arrancando as notas, ligando-as, meneando-as;
a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas. dir-se-ia que a musa compunha e bailava a um tem-
(d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de po. […] Compunha só, teclando ou escrevendo, sem os
um dos poemas mais conhecidos de Bandeira. vãos esforços da véspera, sem exasperação, sem nada
(e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre pedir ao céu, sem interrogar os olhos de Mozart. Ne-
sua dificuldade de compor um poema. nhum tédio. Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da
alma como de uma fonte perene.
ASSIS, M. Um homem célebre. Disponível em:
Veja também em:
www.biblio.com.br. Acesso em: 2 jun. 2019.
Língua Portuguesa | Modernismo no Brasil: 1a geração
Livro 3 | Frente 2 | Capítulo 10
Texto II
Um homem célebre expõe o suplício do músico po-
Textualidade, coesão e coerência pular que busca atingir a sublimidade da obra-prima
Livro 1 | Frente única | Capítulo 4 clássica, e com ela a galeria dos imortais, mas que é
traído por uma disposição interior incontrolável que o
31. 2022 Morte lenta ao luso infame que inventou a
empurra implacavelmente na direção oposta. Pestana,
calçada portuguesa. Maldito D. Manuel I e sua corja de
célebre nos saraus, salões, bailes e ruas do Rio de Janei-
tenentes Eusébios. Quadrados de pedregulho irregular
ro por suas composições irresistivelmente dançantes,
socados à mão. À mão! É claro que ia soltar, ninguém
esconde-se dos rumores à sua volta num quarto po-
reparou que ia soltar? Branco, preto, branco, preto, as
voado de ícones da grande música europeia, mergulha
ondas do mar de Copacabana. De que me servem as
nas sonatas do classicismo vienense, prepara-se para o
ondas do mar de Copacabana? Me deem chão liso, sem
supremo salto criativo e, quando dá por si, é o autor de
protuberâncias calcárias. Mosaico estúpido. Mania de
mais uma inelutável e saltitante polca.
mosaico. Joga concreto em cima e aplaina. Buraco, WISNIK, J. M. Machado maxixe: o caso Pestana. Teresa:
cratera, pedra solta, bueiro-bomba. Depois dos seten- revista de literatura brasileira, 2004 (adaptado).

ta, a vida se transforma numa interminável corrida O conto de Machado de Assis faz uma referência velada ao
de obstáculos. A queda é a maior ameaça para o ido- maxixe, gênero musical inicialmente associado à escravidão e à
so. “Idoso”, palavra odienta. Pior, só “terceira idade”. A mestiçagem. No Texto II, o conflito do personagem em compor
queda separa a velhice da senilidade extrema. O tom- obras do gênero é representativo da
bo destrói a cadeia que liga a cabeça aos pés. Adeus, (a) pouca complexidade musical das composições ajustadas ao
corpo. Em casa, vou de corrimão em corrimão, tateio gosto do grande público.
móveis e paredes, e tomo banho sentado. Da poltrona (b) prevalência de referências musicais africanas no imaginário
para a janela, da janela para a cama, da cama para a da população brasileira.
poltrona, da poltrona para a janela. Olha aí, outra vez, (c) incipiente atribuição de prestígio social a músicas instru-
a pedrinha traiçoeira atrás de me pegar. Um dia eu mentais feitas para a dança.
caio, hoje não. (d) tensa relação entre o erudito e o popular na constituição
TORRES, F. Fim. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. da música brasileira.
O recurso que caracteriza a organização estrutural desse texto (e) importância atribuída à música clássica na sociedade bra-
é o(a) sileira do século XIX.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 25

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33. 2021 A história do futebol brasileiro contém, ao “Das florestas em que habito/ Solto um canto va-
longo de um século, registros de episódios racistas. ronil:/ Em honra e glória de Pedro/ O gigante do Brasil”,
Eis o paradoxo: se, de um lado, a atividade futebolís- diz o começo do hino, composto de sete estrofes em re-
tica era depreciada aos olhos da “boa sociedade” como dondilhas maiores, ou seja, versos de sete sílabas poé-
profissão destinada aos pobres, negros e marginais, de ticas. O trecho também é o refrão da música.
O Pedro mencionado é o imperador Dom Pedro II. O
outro, achava-se investida do poder de representar e
bruxo do Cosme Velho compôs a letra para o aniversá-
projetar a nação em escala mundial. A Copa do Mundo
rio de 42 anos do monarca, em 2 de dezembro daquele
no Brasil, em 1950, viria a se constituir, nesse sentido,
ano — o hino seria apresentado naquele dia no teatro
em uma rara oportunidade. Contudo, na decisão con-
da cidade de Desterro, antigo nome de Florianópolis.
tra o Uruguai sobreveio o inesperado revés. As crôni- Disponível em: www.revistaprosaversoearte.com. Acesso em: 4 dez. 2018 (adaptado).
cas esportivas elegiam o goleiro Barbosa e o defensor
Considerando-se as operações de retomada de informa-
Bigode como bodes expiatórios, “descarregando nas
ções na estruturação do texto, há interdependência entre as
costas” dos jogadores os “prejuízos” da derrota. Uma expressões
chibata moral, eis a sentença proferida no tribunal dos (a) “Os velhos papéis” e “É assim”.
brancos. Nos anos 1970, por não atender às expecta- (b) “algo novo” e “sobre o qual”.
tivas normativas suscitadas pelo estereótipo do “bom (c) “um nome antigo” e “Por exemplo”.
negro”, Paulo César Lima foi classificado como “joga- (d) “O gigante do Brasil” e “O Pedro mencionado”.
dor-problema”. Ele esboçava a revolta da chibata no (e) “o imperador Dom Pedro II” e “O bruxo do Cosme Velho”.
futebol brasileiro. Enquanto Barbosa e Bigode, sem al- 35. 2021 No ano em que o maior clarinetista que o
ternativa, suportaram o linchamento moral na derrota Brasil conheceu, Abel Ferreira, faria 100 anos, o choro dá
de 1950, Paulo César contra-atacava os que pretendiam mostras de vivacidade. É quase um paradoxo que essa
condená-lo pelo insucesso de 1974. O jogador assumia riquíssima manifestação da genuína alma brasileira
as cores e as causas defendidas pela esquadra dos pre- seja forte o suficiente para driblar a falta de incentivos
tos em todas as esferas da vida social. “Sinto na pele oficiais, a insensibilidade dos meios de comunicação
esse racismo subjacente”, revelou à imprensa francesa: e a amnésia generalizada. “Ele trazia a alma brasileira
“Isto é, ninguém ousa pronunciar a palavra ‘racismo’. derramada em sua sonoridade ímpar. Artur da Távola,
Mas posso garantir que ele existe, mesmo na Seleção seguramente seu maior admirador, foi quem melhor o
Brasileira”. Sua ousadia consistiu em pronunciar a pa- definiu, ‘alma sertaneja, toque mozarteano’”. O acervo
lavra interdita no espaço simbólico do discurso oficial do músico autodidata nascido na mineira Coromandel,
autor de 50 músicas, entre as quais Chorando baixinho
para reafirmar o mito da democracia racial.
Disponível em: https://observatorioracialfutebol.com.br.
(1942), que o consagrou, amigo e parceiro de Pixinguinha,
Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado). com quem gravou Ingênuo (1958), permanece com os
O texto atribui o enfraquecimento do mito da democracia racial herdeiros à espera de compilação adequada. O Museu
no futebol à da Imagem e do Som do Rio de Janeiro tem a guarda do
sax e do clarinete, doados em 1995.
(a) responsabilização de jogadores negros pela derrota na final
Na avaliação de Leonor Bianchi, editora da Revista
da Copa de 1950.
do Choro, “a música instrumental fica apartada do que
(b) projeção mundial da nação por um esporte antes destinado
é popular porque não vai à sala de concerto. O público
aos pobres.
em geral tem interesse em samba, pagode e axé”. Ela
(c) depreciação de um esporte associado à marginalidade. atribui essa situação à falta de conhecimento e à pouca
(d) interdição da palavra “racismo” no contexto esportivo. divulgação do gênero nas escolas.
(e) atitude contestadora de um “jogador-problema”. FERRAZ, A. Disponível em: www.cartacapital.com.
br. Acesso em: 22 abr. 2015 (adaptado).
34. 2021 Os velhos papéis, quando não são consumi-
Considerando-se o contexto, o gênero e o público-alvo, os argu-
dos pelo fogo, às vezes acordam de seu sono para con-
tar notícias do passado. mentos trazidos pela autora do texto buscam
É assim que se descobre algo novo de um nome (a) atribuir o desconhecimento da obra de Abel Ferreira ao en-
antigo, sobre o qual já se julgava saber tudo, como Ma- sino de música nas escolas.
chado de Assis. (b) reivindicar mais investimentos estatais para a preservação
Por exemplo, você provavelmente não sabe que o au- do acervo musical nacional.
tor carioca, morto em 1908, escreveu uma letra do hino (c) destacar a relevância histórica e a riqueza estética do choro
nacional em 1867 — e não poderia saber mesmo, porque no cenário musical brasileiro.
os versos seguiam inéditos. Até hoje. (d) apresentar ao leitor dados biográficos pouco conhecidos
Essa letra acaba de ser descoberta, em um jornal sobre a trajetória de Abel Ferreira.
antigo de Florianópolis, pelo pesquisador independente (e) constatar a impopularidade do choro diante da preferência
Felipe Rissato. do público por músicas populares.

26 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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36. 2020 Em 2000 tivemos a primeira experiência do 38. 2020 O conceito de saúde formulado na histórica
futebol feminino em um jogo de videogame, o Mia Hamm VIII Conferência Nacional de Saúde, no ano de 1986, fi-
Soccer. Doze anos depois, uma petição on-line pedia que a cou conhecido como um “conceito ampliado” de saúde,
EA Sports incluísse o futebol feminino no Fifa 13. Contu- conforme ilustrado na figura. Esse conceito foi fruto de
do, só em 2015, com uma nova petição on-line, que arreca- intensa mobilização em diversos países da América La-
dou milhares de assinaturas, tivemos o futebol feminino tina nas décadas de 1970 e 1980, como resposta à crise
incluído no Fifa 16. Vendo um nicho de mercado inexplo- dos sistemas públicos de saúde.
rado, a EA Sports produziu o jogo com 12 seleções femi-
ninas e o apresentou como inovação. A empresa sabe que
mais de 40% dos praticantes de futebol nos EUA são me-
ninas. Para elas, ver o futebol feminino representado em
um jogo de videogame é extremamente importante. Ter
o futebol feminino no Fifa 16 é um grande passo para a
sua popularização na luta pela igualdade de gênero, num
contexto machista, sexista, misógino e homofóbico.
Disponível em: www.ludopedio.com.br. Acesso em: 5 jun. 2018 (adaptado).

Os jogos eletrônicos presentes na cultura juvenil podem de-


sempenhar uma relevante função na abordagem do futebol ao
(a) disseminarem uma modalidade, promovendo a igualdade
de gênero.
(b) superarem jogos malsucedidos no mercado, lançados
anteriormente. BATISTELLA, C. Abordagens contemporâneas do conceito de saúde.
Disponível em: www.dihs.ensp.fiocruz.br. Acesso em: 23 set. 2020.
(c) inovarem a modalidade com novas ofertas de jogos ao
mercado. Com base no conceito apresentado no texto, a saúde é conse-
(d) explorarem nichos de mercado antes ignorados, produzindo quência direta do(a)
mais lucro. (a) adoção de um estilo de vida ativo por parte dos indivíduos.
(e) reforçarem estereótipos de gênero masculino ou feminino (b) disponibilidade de emprego no mercado de trabalho.
nos esportes. (c) condição habitacional presente nas cidades.
(d) acesso ao sistema educacional.
37. 2020
(e) forma de organização social.
Deu vontade de jogar, mas não sabe
como reunir os amigos...
Veja também em:
Muitas vezes é difícil encontrar grupos para bater Educação Física | Cuidados com a saúde
uma bola. Em função disso, estão sendo disponibiliza- Livro 1 | Frente única | Capítulo 5
dos aplicativos que reúnem times e reservam espaços
para os adeptos da paixão nacional. Num exemplo 39. 2020 Uma das mais contundentes críticas ao dis-
dessas iniciativas, é possível organizar uma partida de curso da aptidão física relacionada à saúde está no
futebol, se inscrever para participar de um jogo, alu- caráter eminentemente individual de suas propostas,
o que serve para obscurecer outros determinantes da
gar campos e quadras, convidar jogadores. O aplicativo
saúde. Ou seja, costuma-se apresentar o indivíduo
tem dois tipos de usuários: um que o usa como ferra-
como o problema e a mudança do estilo de vida como
menta de gestão do grupo, convidando amigos para jo-
a solução. Argumenta-se ainda que o movimento da
gar, vendo quem confirmou e avaliando os jogos. Outro
aptidão física relacionada à saúde considera a existên-
usuário é o que busca partidas perto de onde ele está, cia de uma cultura homogênea na qual todos seriam
caso de pessoas que estão de passagem numa cidade. livres para escolher seus estilos de vida, o que não
BENEDICTO, M.; MARLI, M. Bola na rede. Retratos: a condiz com a realidade. O fato é que vivemos numa
revista do IBGE, n. 2, 2017 (adaptado).
sociedade dividida em classes sociais, na qual nem to-
A inter-relação entre tecnologia e sociedade tem estimulado das as pessoas têm condições econômicas para adotar
a criação de aplicativos. Nesse texto, isso é percebido pelo de- um estilo de vida ativo e saudável. Há desigualdades
senvolvimento de aplicativos para estruturais com raízes políticas, econômicas e sociais
(a) organização de eventos de competições esportivas. que dificultam a adoção desses estilos de vida.
(b) agendamento de viagens para eventos de esporte amador. FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física escolar:
ampliando o enfoque. RBCE, n. 2, jan. 2001 (adaptado).
(c) mapeamento dos interesses dos praticantes acerca dos
esportes. Com base no texto, a relação entre saúde e estilos de vida
(d) identificação da escassez de espaços para a vivência dos (a) constrói a ideia de que a mudança individual de hábitos
esportes. promove a saúde.
(e) formação de grupos em comunidades virtuais para a prática (b) considera a homogeneidade da escolha de hábitos saudá-
esportiva. veis pelos indivíduos.

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(c) reforça a necessidade de solucionar os problemas de saúde da sociedade com a prática de exercícios.
(d) problematiza a organização social e seu impacto na mudança de hábitos dos indivíduos.
(e) reproduz a noção de que a melhoria da aptidão física pela prática de exercícios promove a saúde.

Veja também em:


Educação Física | Cuidados com a saúde
Livro 1 | Frente única | Capítulo 5

40. 2020 Quando quis agilizar o processo de seleção de novos alunos, a tradicional faculdade britânica de me-
dicina St. George usou um software para definir quem deveria ser entrevistado. Ao reproduzir a forma como os
funcionários faziam essa escolha, o programa eliminou, de cara, 60 de 2 000 candidatos. Só por causa do sexo
ou da origem racial, numa dedução baseada em sobrenome e local de nascimento. Um estudo sobre o caso foi
publicado em 1988, mas, 25 anos depois, outra pesquisa apontou que esse tipo de discriminação segue firme. O
exemplo recente envolve o buscador do Google: ao digitar nomes comuns entre negros dos EUA, a chance de os
anúncios automáticos oferecerem checagem de antecedentes criminais pode aumentar 25%. E pode piorar com
a pergunta “detido?” logo após a palavra procurada.
Disponível em: https://tab.uol.com.br. Acesso em: 11 ago. 2017 (adaptado).

O texto permite o desnudamento da sociedade ao relacionar as tecnologias de informação e comunicação com o(a)
(a) agilidade dos softwares. (c) linguagem. (e) educação.
(b) passar dos anos. (d) preconceito.
41. 2020 Atualmente os jovens estão imersos numa sociedade permeada pela tecnologia. Nesse contexto, os
jogos digitais são artefatos muito empregados. Videogames ativos ou exergames foram introduzidos como forma
de permitir que o corpo controlasse tais jogos. Como resultado, passaram a ser vistos como uma ferramenta
auxiliar na adoção de um estilo de vida menos sedentário, com efeitos positivos sobre a saúde. Tem-se defendido
que os exergames podem contribuir para a prática regular de atividade física moderada, bem como promover
a interação entre jogadores, reduzindo o sentimento de isolamento social. Por outro lado, argumenta-se que os
exergames não podem substituir a experiência real das práticas corporais, pois não motivam a longo prazo a
prática permanente de atividades físicas.
FINCO, M. D.; REATEGUI, E. B.; ZARO, M. A. Laboratório de exergames: um espaço complementar para as aulas de educação física. Movimento, n. 3, 2015 (adaptado).

Pela sua interatividade, os exergames apresentam-se como possibilidade para estimular o(a)
(a) exercitação física, promovendo a saúde.
(b) vivência de exercícios físicos sistemáticos.
(c) envolvimento com atividades físicas ao longo da vida.
(d) jogo por meio de comandos fornecidos pelo videogame.
(e) disputa entre jogadores, contribuindo para o individualismo.

Veja também em:


Educação Física | Cuidados com a saúde
Livro 1 | Frente única | Capítulo 5

42. 2020 Eu tenho empresas e sou digno do visto para ir a Nova York. O dinheiro que chove em Nova York é para
pessoas com poder de compra. Pessoas que tenham um visto do consulado americano. O dinheiro que chove em
Nova York também é para os nova-iorquinos. São milhares de dólares. [...] Estou indo para Nova York, onde está
chovendo dinheiro. Sou um grande administrador. Sim, está chovendo dinheiro em Nova York. Deu no rádio. Vejo
que há pedestres invadindo a via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Vejo que há carros
nacionais trafegando pela via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Ao chegar em Nova
York, tomarei providências.
SANT’ANNA, A. O importado vermelho de Noé. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

As repetições e as frases curtas constituem procedimentos linguísticos importantes para a compreensão da temática do texto,
pois
(a) expressam a futilidade do discurso de poder e de distinção do narrador.
(b) disfarçam a falta de densidade das angústias existenciais narradas.
(c) ironizam a valorização da cultura norte-americana pelos brasileiros.
(d) explicitam a ganância financeira do capitalismo contemporâneo.
(e) criticam os estereótipos sociais das visões de mundo elitistas.

28 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Ambiguidade e outros recursos semânticos
Livro 2 | Frente única | Capítulo 5

43. 2021

HENFIL. Disponível em: https://medium.com. Acesso em: 29 out. 2018 (adaptado).

Nessa tirinha, produzida na década de 1970, os recursos verbais e não verbais sinalizam a finalidade de
(a) reforçar a luta por direitos civis.
(b) explicitar a autonomia feminina.
(c) ironizar as condições de igualdade.
(d) estimular a abdicação da vida social.
(e) criticar as obrigações da maternidade.
44. 2021
– O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu
falar num troço chamado autoridades constituídas? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que
existe uma coisa chamada Exército Brasileiro, que o senhor tem de respeitar? Que negócio é esse? [...] Eu ensino o
senhor a cumprir a lei, ali no duro: “dura lex”! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que anda-
ram incomodando o General, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor. [...] Foi então que a
mulher do vizinho do General interveio:
– Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? O delegado apenas olhou-a, espantado com o atrevimento.
– Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus
filhos são moleques. Se por acaso importunaram o General, ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está
nos importunando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um Major do Exército, sobrinha de um Coronel,
e filha de um General! Morou? Estarrecido, o delegado só teve força para engolir em seco e balbuciar humildemente:
– Da ativa, minha senhora?.
SABINO, F. A mulher do vizinho. In: Os melhores contos. Rio de Janeiro: Record, 1986.

A representação do discurso intimidador engendrada no fragmento é responsável por


(a) ironizar atitudes e ideias xenofóbicas.
(b) conferir à narrativa um tom anedótico.
(c) dissimular o ponto de vista do narrador.
(d) acentuar a hostilidade das personagens.
(e) exaltar relações de poder estereotipadas.

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45. 2021

D’SALETE, M. Cumbe. São Paulo: Veneta, 2018, p. 10-11 (adaptado).

A sequência dos quadrinhos conjuga lirismo e violência ao


(a) sugerir a impossibilidade de manutenção dos afetos.
(b) revelar os corpos marcados pela brutalidade colonial.
(c) representar o abatimento diante da desumanidade vivida.
(d) acentuar a resistência identitária dos povos escravizados.
(e) expor os sujeitos alijados de sua ancestralidade pelo exílio.
46. 2020 Digital

Disponível em: www.inbatatais.com.br. Acesso em: 8 maio 2012.

No anúncio sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores, a linguagem formal interage com a linguagem informal
quando o autor
(a) desrespeita a regência padrão para ampliar o alcance da publicidade.
(b) elabora um jogo de significados ao utilizar a palavra “legal”.
(c) apoia-se no emprego de gírias para se fazer entender.
(d) utiliza-se de metalinguagem ao jogar com as palavras “legal” e “lei”.
(e) esclarece que se trata de uma lei ao compará-la a uma proibição.

30 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Sentidos implícitos Meia dúzia de loucos e bêbados moravam dentro
dela, enraizados em suas ferragens.
Livro 2 | Frente única | Capítulo 5
Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-
47. 2021 -pega-sapo. [...]
A crise dos refugiados imortalizada Quando Mário morreu, um literato oficial, em
para sempre no fundo do mar necrológio caprichado, chamou-o de Mário-Captura-
-Sapo! Ai que dor!
Ao literato cujo fazia-lhe nojo a forma coloquial.
Queria captura em vez de pega para não macular
(sic) a língua nacional lá dele…
[...]
Da velha draga
Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram as
expressões: estar na draga, viver na draga por estar sem
dinheiro, viver na miséria.
Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Hol-
landa para que as registre em seus léxicos.
TAYLOR, J. C. A balsa de Lampedusa. Instalação. Museu Pois que o povo já as registrou.
Atlântico, Lanzarote, Canárias, 2016 (detalhe). BARROS, M. Gramática expositiva do chão: poesia quase toda.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990 (fragmento).
A balsa de Lampedusa, nome da obra do artista britâ-
nico Jason de Caires Taylor, é uma das instalações cria- Ao criticar o preciosismo linguístico do literato e ao sugerir a
das por ele para compor o acervo do primeiro museu dicionarização de expressões locais, o poeta expressa uma con-
submarino da Europa, o Museu Atlântico, localizado em cepção de língua que
Lanzarote, uma das ilhas do arquipélago das Canárias. (a) contrapõe características da escrita e da fala.
Lampedusa é o nome da ilha italiana onde a gran- (b) ironiza a comunicação fora da norma-padrão.
de maioria dos refugiados que saem da África ou de (c) substitui regionalismos por registros formais.
países como Síria, Líbano e Iraque tenta chegar para (d) valoriza o uso de variedades populares.
conseguir asilo no continente europeu. (e) defende novas regras gramaticais.
As esculturas do Museu Atlântico ficam a 14 metros 49. 2020 Digital
de profundidade nas águas cristalinas de Lanzarote. Qual a influência da comunicação
Na balsa, estão dez pessoas. Todas têm no rosto a nos fluxos migratórios?
expressão do abandono. Entre elas, há algumas crian-
Denise Cogo, doutora em comunicação, discute a relação
ças. Uma delas, uma menina debruçada sobre a beira
entre as tecnologias digitais e as migrações no mundo.
do bote, olha sem esperança o horizonte. A imagem é
Para a especialista, grande parte das representações
tão forte que dispensa qualquer palavra. Exatamente o
e das experiências que conhecemos dos imigrantes chega
papel da arte.
Disponível em: http://conexaoplaneta.com.br. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado). pela mídia. “A mídia é mediadora das relações”, explica.
O imigrante não é só um sujeito econômico, mas,
Além de apresentar ao público a obra A balsa de Lampedusa,
explica Cogo, um sujeito sociocultural. Portanto, a co-
essa reportagem cumpre, paralelamente, a função de chamar
municação integra a trajetória das migrações dentro
a atenção para
de um processo histórico. “Desde o planejamento e o
(a) a ilha de Lanzarote, localizada no arquipélago das Canárias,
estudo das políticas migratórias para o país de desti-
com vocação para o turismo.
no até o contato com amigos e familiares, o encontro
(b) as muitas vidas perdidas nas travessias marítimas em
dos fluxos migratórios com as tecnologias digitais traz
embarcações precárias ao longo dos séculos.
novas perspectivas para os sujeitos. Também se abre a
(c) a inovação relativa à construção de um museu no fundo do
possibilidade para que, com um celular na mão, os pró-
mar, que só pode ser visitado por mergulhadores.
prios imigrantes possam narrar suas histórias, cons-
(d) a construção do museu submarino como um memorial para
truindo novos caminhos”, analisa.
as centenas de imigrantes mortos nas travessias pelo mar.
Disponível em: http://operamundi.uol.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).
(e) a arte como perpetuadora de episódios marcantes da hu-
manidade que têm de ser relembrados para que não tornem Ao trazer as novas perspectivas acionadas pelos sujeitos na
a acontecer. escrita de suas histórias, o texto apresenta uma visão positiva
sobre a presença da(s)
48. 2021
(a) economia na formação cultural dos sujeitos.
A draga (b) manifestações isoladas nos processos de migração.
A gente não sabia se aquela draga tinha nascido ali, (c) narrações oficiais sobre os novos fluxos migratórios.
no Porto, como um pé de árvore ou uma duna. (d) abordagens midiáticas no tratamento das informações.
– E que fosse uma casa de peixes? (e) tecnologias digitais nas formas de construção da realidade.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 31

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50. 2020 Digital De acordo com o texto, é possível identificar o “empreendedor
de palco” por
Indústria cultural da felicidade (a) livros por ele indicados.
Tornou-se perigoso o emprego da palavra felici- (b) suas habilidades em língua inglesa.
dade desde seu mau uso pela propaganda. Os que se (c) experiências por ele compartilhadas.
negam a usá-la acreditam liberar os demais dos des- (d) padrões de linguagem por ele utilizados.
vios das falsas necessidades, das bugigangas que se (e) preços acessíveis de seus treinamentos.
podem comprar em shoppings grã-finos ou em camelôs
na beira da calçada, que, juntos, sustentam a indústria 52. 2020
cultural da felicidade à qual foi reduzido o que, antes, Seu delegado
era o ideal ético de uma vida justa. Infelicidade poderia Eu sou viúvo e tenho um filho homem
ser o nome próprio desse novo estado da alma humana Arrumei uma viúva e fui me casar
que se perdeu de si ao perder-se do sentido do que está A minha sogra era muito teimosa
a fazer. Desespero é um termo ainda mais agudo quan- Com o meu filho foi se matrimoniar
do se trata da perda do sentido das ações pela perda da Desse matrimônio nasceu um garoto
capacidade de reflexão sobre o que se faz. A felicidade Desde esse dia que eu ando é louco
publicitária está ao alcance dos dedos e não promete Esse garoto é filho do meu filho
um depois. Resulta disso a massa de “desesperados” E o filho da minha sogra é irmão da minha mulher
trafegando como zumbis nos shoppings e nas farmácias Ele é meu neto e eu sou cunhado dele
do país em busca de alento. A minha nora é minha sogra
TIBURI, M. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br.
Acesso em: 12 nov. 2014 (adaptado).
Meu filho meu sogro é
Nessa confusão já nem sei quem sou
Ao reprovar a ação da indústria da felicidade e um comporta-
Acaba esse garoto sendo meu avô.
mento humano, o texto associa a TRIO FORROZÃO. Agitando a rapaziada.
(a) ansiedade recorrente ao lançamento de novidades no Rio de Janeiro: Natasha Records, 2009.
mercado. Nessa letra da canção, a suposição do último verso sinaliza a
(b) visita frequente ao shopping à resolução de problemas intenção do autor de
cotidianos. (a) ironizar as relações familiares modernas.
(c) atitude impensada ao atendimento de necessidades (b) reforçar o humor da situação representada.
emergenciais. (c) expressar perplexidade em relação ao parente.
(d) postura consumista à crença na promessa ilusória de anún- (d) atribuir à criança a causa da dúvida existencial.
cios publicitários.
(e) questionar os lugares predeterminados da família.
(e) vantagem econômica à venda de produtos falsificados no
mercado ambulante. 53. 2020 Fomos falar com o tal encarregado, depois
com um engenheiro, depois com um supervisor que
51. 2020
mandou chamar um engenheiro da nossa companhia.
Por que a indústria do empreendedorismo Esses homens são da sua companhia, engenheiro, ele
de palco irá destruir você falou, estão pedindo a conta. A companhia está em-
Se, antigamente, os livros, enormes e com suas penhada nessa ponte, gente, falou o engenheiro, vocês
setecentas páginas, cuspiam fórmulas, equações e cál- não podem sair assim sem mais nem menos. Tinha
culos que te ensinavam a lidar com o fluxo de caixa uma serra circular cortando uns caibros ali perto, en-
da sua empresa, hoje eles dizem: “Você irá chegar lá! tão só dava pra falar quando a serra parava, e aquilo foi
dando nos nervos.
Acredite, você irá vencer!”.
Falei que a gente tinha o direito de sair quando a
Mindset, empoderamento, millennials, networking,
gente quisesse, e pronto. Nisso encostou um sujeito de
coworking, deal, business, deadline, salesman com perfil
paletó mas sem gravata, o engenheiro continuou fa-
hunter... tudo isso faz parte do seu vocabulário.
lando e a serra cortando. Quando ele parou de falar,
O pacote de livros é sempre idêntico e as experiências
50 Volts aproveitou uma parada da serra e falou que
são passadas da mesma forma: você está a um único a gente não era bicho pra trabalhar daquele jeito; daí
centímetro da vitória. Não pare! o supervisor falou que, se era falta de mulher, eles da-
Se desistir agora, será para sempre. Tome, leia a vam um jeito. O engenheiro falou que tinha mais de
estratégia do oceano azul. Faça mais uma mentoria, vinte companhias trabalhando na ponte, a maioria
participe de mais uma sessão de coaching. O problema com prejuízo, porque era mais uma questão de honra,
é que o seu mindset não está ajustado. Você precisa ser a gente tinha de acabar a ponte, a nossa companhia
mais proativo. Vamos fazer mais um powermind? Eu nunca ia esquecer nosso trabalho ali naquela ponte,
consigo um precinho bacana para você... um orgulho nacional.
CARVALHO, Í. C. Disponível em: https://medium.com. PELLEGRINI, D. A maior ponte do mundo. In: Melhores contos.
Acesso em: 17 ago. 2017 (adaptado). São Paulo: Global, 2005.

32 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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As reivindicações dos operários, quanto às condições aviltan- normalmente na zona tropical, na qual a evaporação é
tes de trabalho a que são submetidos, recebem algumas ten- maior, e regiões áridas, onde, por razões específicas da
tativas de neutralização dos representantes do empregador, dinâmica climática, as taxas de evaporação são maio-
das quais a mais forte é o(a) res do que a precipitação, gerando déficit de reposição
(a) sequência de atribuição de responsabilidades e de poder de estoques de água doce.
decisório a terceiros. Disponível em: www.cartanaescola.com.br. Acesso em: 17 jan. 2015 (adaptado).

(b) solicitação em nome dos prejuízos e compromissos para


entrega da obra. Texto II
O processo de sedimentação no fundo do lago de
(c) intimidação pela discreta presença de um agente de segu-
rança na cena. um reservatório é um processo lento. Os sedimentos
(d) promessa de imediato atendimento da carência sexual dos vão formando argila, que é uma rocha impermeável.
operários. Então, a água daquele lago não vai alimentar os aquí-
(e) apelo pela identificação com a empresa extensiva ao amor feros. Mesmo tendo muita quantidade de água superfi-
patriótico. cial, ela não consegue penetrar no solo para alimentar
os aquíferos. Se não for usada no consumo, ela vai sim-
54. 2021 Coincidindo com o Dia Internacional dos plesmente evaporar e vai cair em outro lugar, levada
Direitos da Infância, foram apresentados diversos tra- pelas correntes aéreas. Isso é outro motivo pelo qual os
balhos que mostram as mudanças que afetam a vida aquíferos não conseguem recuperar seu nível, porque
das crianças. Um desses estudos compara o que so- não recebem água.
nham e brincam as crianças hoje em relação às dos Disponível em: www.jornalopcao.com.br. Acesso em: 17 jan. 2015 (adaptado).
anos 1990. E o que se descobriu é que as crianças têm
Os textos I e II abordam a situação dos reservatórios de água
agora menos lazer e estão mais sobrecarregadas por
doce do planeta. Entretanto, a divergência entre eles está na
deveres e atividades extracurriculares do que as de 25
ideia de que é possível
anos atrás. As crianças de hoje não só dedicam menos
(a) manter os estoques de água doce.
tempo para brincar, como também, quando brincam,
(b) utilizar a água superficial para o consumo.
a maioria não o faz com outras crianças no parque, na
(c) repor os estoques de água doce em regiões áridas.
rua ou na praça, mas em casa e muitas vezes sozinhas.
(d) reduzir as taxas de precipitação e evaporação da água.
E já não brincam tanto com brinquedos, mas com apa-
(e) equalizar a distribuição de água doce nas diferentes regiões.
relhos eletrônicos, entre os quais predomina o jogo in-
dividual com a máquina. 56. 2021 O solo A morte do cisne, criado em 1905 pelo rus-
OLIVA, M. P. O direito das crianças ao lazer… e a crescer sem so Mikhail Fokine a partir da música do compositor fran-
carências. El País, 20 nov. 2015 (adaptado).
cês Camille Saint-Saens, retrata o último voo de um cisne
O texto indica que as transformações nas experiências lúdicas antes de morrer. Na versão original, uma bailarina com
na infância figurino impecavelmente branco e na ponta dos pés in-
(a) fomentaram as relações sociais entre as crianças. terpreta toda a agonia da ave se debatendo até desfalecer.
(b) tornaram o lazer uma prática difundida entre as crianças. Em 2012, John Lennon da Silva, de 20 anos, morador
(c) incentivaram a criação de novos espaços para se divertir. do bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, ela-
(d) promoveram uma vivência corporal menos ativa. borou um novo jeito de dançar a coreografia imortalizada
(e) contribuíram para o aumento do tempo dedicado para pela bailarina Anna Pavlova. No lugar de um colã e das
brincar. sapatilhas, vestiu calça jeans, camiseta e tênis. Em vez
de balé, trouxe o estilo popping da street dance. Sua apre-
Intertextualidade e interdiscursividade sentação inovadora de A morte do cisne, que foi ao ar no
Livro 2 | Frente única | Capítulo 6 programa Se ela dança, eu danço, virou hit no YouTube.
Disponível em: www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 18 jun. 2019 (adaptado).
55. 2021
A forma original de John Lennon da Silva reinterpretar a coreo-
Texto I
grafia de A morte do cisne demonstra que
O mito da estiagem em São Paulo (a) a composição da coreografia foi influenciada pela escolha
Os estoques de água doce são inesgotáveis, na do figurino.
medida em que são alimentados principalmente pe- (b) a criação artística é beneficiada pelo encontro de modelos
los oceanos, infinitos via evaporação e precipitação, oriundos de diferentes realidades socioculturais.
ou seja, pelo ciclo hidrológico, que depende de forças (c) a variação entre os modos de dançar uma mesma música
físicas as quais o homem nunca poderá interrom- evidencia a hierarquia que marca manifestações artísticas.
per. Enquanto existirem, o ciclo funcionará e os es- (d) a formação erudita, à qual o dançarino não teve acesso,
toques de água doce nos continentes serão repostos resulta em artistas que só conhecem a estética da arte
indefinidamente. popular.
Obviamente que a água não se distribui equita- (e) a interpretação, por homens, de coreografias originalmente
tivamente pelo planeta. Há regiões com muita água, concebidas para mulheres exige uma adaptação complexa.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 33

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57. 2021 de usuários, vai ganhar mais atenção e integração.
Com isso, parece que há um novo padrão se montan-
do na rede social: sai o feed, entra a segmentação, que
pode ser uma boa porta para monetização nos próxi-
mos anos. No mesmo evento, Zuckerberg também dis-
se que o futuro do Facebook é a privacidade, mas não
deu muitos detalhes de como vai proteger seus clientes
daqui para frente. Evitar que vazamentos de dados dos
usuários aconteçam é um bom começo.
#FicaaDica
Disponível em: https://thebrief.us16.list-manage.
com. Acesso em: 3 maio 2019 (adaptado).

O texto relata que uma rede social virtual realizará sua maior
mudança de design dos últimos anos. Esse fato revela que as
tecnologias de informação e comunicação
RODRIGUES, S. Acervo pessoal. (a) buscam oferecer mais privacidade.
A revolução estética brasiliense empurrou os (b) assimilam os comportamentos dos usuários.
designers de móveis dos anos 1950 e início dos 1960 para (c) promovem maior interação em ambientes virtuais.
o novo. Induzidos a abandonar o gosto rebuscado pelo (d) oferecem mais facilidades para obter cada vez mais lucro.
colonial, a trocar Ouro Preto por Brasília, eles criaram (e) evoluem para ficar mais parecidas umas com as outras.
um mobiliário contemporâneo que ainda hoje vemos 59. 2020 Digital
nas lojas e nas salas de espera de consultórios e escri- Pessoal intransferível
tórios. Colada no uso de madeiras nobres, como o jaca-
Escute, meu chapa: um poeta não se faz com ver-
randá e a peroba, e em materiais de revestimento como
sos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é in-
o couro e a palhinha, desenvolveu-se uma tendência
ventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades
feita de linhas retas e curvas suaves, nos moldes da
pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir
capital no Cerrado.
com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso,
CHAVES, D. Disponível em: www.veja.abril.com.br. Acesso em: 29 jul. 2010.
divino, maravilhoso.
Na reportagem sobre os 50 anos de Brasília, de Débora Chaves,
Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei
com a reprodução fotográfica de cadeiras e poltronas de Sérgio
que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os
Rodrigues, verifica-se que os elementos da estética brasiliense
versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo
(a) aparecem definidos nas linhas retas dos objetos.
quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é
(b) expressam o desenho rebuscado por meio das linhas.
não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada,
(c) mostram a expressão assimétrica das linhas curvas suaves.
(d) apontam a unidade de matéria-prima utilizada em sua se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ri-
fabricação. dículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí,
(e) surgem na simplificação das informações visuais de cada ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, “her-
composição. deiro” da poesia dos que levaram a coisa até o fim e
continuam levando, graças a Deus.
58. 2021
E fique sabendo: quem não se arrisca não pode
Thumbs Up
berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadou-
Ponto positivo para o Facebook, que vai dar uma ajei- ro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem,
tada na casa para, quem sabe, não ser mais conhecido nem que seja o boi. Adeusão.
como o espaço da treta. Durante a F8, sua conferência TORQUATO NETO. Melhores poemas de Torquato Neto. São Paulo: Global, 2018.
anual, a empresa anunciou a maior mudança de design do Expoente da poesia produzida no Brasil na década de 1970 e
serviço em 5 anos. Agora, o polêmico feed de notícias autor de composições representativas da Tropicália, Torquato
deixa de ser o protagonista, e o queridinho da rede so- Neto mobiliza, nesse texto,
cial se torna o segmento de Grupos (é o Orkut fazendo (a) gírias e expressões coloquiais para criticar a linguagem
escola?). Segundo Mark Zuckerberg, mais de 1 bilhão adornada da tradição literária então vigente.
de usuários mensais entram nessa aba do aplicativo, (b) intenções satíricas e humorísticas para delinear uma con-
e 400 mil deles já estão integrados em grupos de “as- cepção de poesia voltada para a felicidade dos leitores.
suntos significativos”. O objetivo agora é aumentar o (c) frases de efeito e interpelações ao leitor para ironizar as
tráfego, oferecendo mais sugestões e ferramentas es- tentativas de adequação do poema ao gosto do público.
peciais para quem gerencia essas comunidades. Além (d) recursos da escrita em prosa e noções do senso comum para
disso, o Marketplace, que já tem mais de 800 milhões enfatizar as dificuldades inerentes ao trabalho do poeta.

34 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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(e) referências intertextuais e anedóticas para defender a Os textos abordam a preservação da memória e da identidade na-
importância de uma atitude destemida ante os riscos da cional, presente na nomeação das ruas belorizontinas. Quais versos
criação poética. do Texto II contestam o projeto arquitetônico descrito no Texto I?
(a) “Guaicurus, Caetés, Goitacazes”/“Tupinambás, Aimorés”.
Veja também em: (b) “A parede das ruas não devolveu”/“Os abismos que se rolou”.
Língua Portuguesa | Tendências contemporâneas
(c) “Passa bonde, passa boiada”/“Passa trator, avião”/“Ruas
Livro 4 | Frente 2 | Capítulo 14
e reis”.
60. 2020 Digital (d) “A cidade plantou no coração”/“Tantos nomes de quem
Texto I morreu”.
(e) “Horizonte perdido no meio da selva”/“Cresceu o arraial,
A planta de Belo Horizonte
arraial”.
Foi muito grande o contraste entre a nova capital e
as antigas vilas coloniais mineiras, nascidas das necessi- 61. 2020 Chiquito tinha quase trinta quando conhe-
dades das populações do século XVIII, que se desenvol- ceu Mariana num baile de casamento na Forquilha,
veram sem nenhum planejamento. A futura capital seria onde moravam uns parentes dele. Por lá foi ficando,
inovadora, moderna e progressista. Assim, o projeto ur- remanchando. Fez mal à moça, como costumavam di-
banístico que o engenheiro paraense Aarão Reis elaborou zer, tiveram de casar às pressas. Morou uns tempos
para Belo Horizonte causou curiosidade e entusiasmo. com o sogro, descombinaram. Foi só conta de colher
É digno de atenção observar os nomes que foram o milho e vender. Mudou pra casa do velho Chico
dados às ruas de Belo Horizonte: estados brasileiros,
Lourenço [seu pai]. Fumaça própria só viu subir um
tribos indígenas, rios etc. Mencioná-los era uma verda-
par de anos depois, quando o pai repartiu as terras.
deira aula de estudos sociais. Era, inclusive, uma forma
De tão parecidos, pai e filho nunca combinaram di-
de ensinar a população, ainda carente de ensino formal.
reito. Cada qual mais topetudo, muitas vezes dona
Disponível em: www.descubraminas.com.br. Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado).
Aparecida ouvia o marido reclamar da natureza forte
Texto II
do filho. Ela escutava com paciência e respondia dum
Ruas da cidade jeito sempre igual:
Guaicurus, Caetés, Goitacazes — “Quem herda, não rouba”.
Tupinambás, Aimorés Vinha um brilho nos olhos, o velho se acalmava.
Todos no chão ROMANO, O. Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

Guajajaras, Tamoios, Tapuias Os ditados populares são frases de sabedoria criadas pelo
Todos Timbiras, Tupis povo, utilizadas em várias situações da vida. Nesse texto, a
Todos no chão personagem emprega um ditado popular com a intenção de
(a) criticar a natureza forte do filho.
A parede das ruas não devolveu
(b) justificar o gênio difícil de Chiquito.
Os abismos que se rolou
(c) legitimar o direito do filho à herança.
Horizonte perdido no meio da selva
(d) conter o ânimo violento de Chico Lourenço.
Cresceu o arraial, arraial
(e) condenar a agressividade do marido contra o filho.
Passa bonde, passa boiada
Passa trator, avião 62. 2020
Ruas e reis Sou o coração do folclore nordestino
Eu sou Mateus e Bastião do Boi-bumbá
Guajajaras, Tamoios, Tapuias Sou o boneco de Mestre Vitalino
Tupinambás, Aimorés Dançando uma ciranda em Itamaracá
Todos no chão Eu sou um verso de Carlos Pena Filho

A cidade plantou no coração Num frevo de Capiba


Tantos nomes de quem morreu Ao som da Orquestra Armorial
Horizonte perdido no meio da selva Sou Capibaribe
Cresceu o arraial, arraial Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do Una
A parede das ruas não devolveu Vindo no baque solto de maracatu
Os abismos que se rolou Eu sou um auto de Ariano Suassuna
Horizonte perdido no meio da selva No meio da Feira de Caruaru
BORGES, L.; BORGES, M. In: NASCIMENTO, M. Clube da
esquina 2. Rio de Janeiro: EMI, 1978 (fragmento). Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 35

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Levando a flor da lira
Pra Nova Jerusalém
Sou Luiz Gonzaga
E sou do mangue também
Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte
LENINE; PINHEIRO, P. C. Leão do Norte. In: LENINE; SUZANO, M. Olho de peixe. São Paulo: Velas, 1993 (fragmento).

O fragmento faz parte da canção brasileira contemporânea e celebra a cultura popular nordestina. Nele, o artista exalta as diferen-
tes manifestações culturais pela
(a) valorização do teatro, música, artesanato, literatura, dança, personagens históricos e artistas populares, compondo um tecido
diversificado e enriquecedor da cultura popular como patrimônio regional e nacional.
(b) identificação dos lugares pernambucanos, manifestações culturais, como o bumba meu boi, as cirandas, os bonecos mamulengos
e heróis locais, fazendo com que essa canção se apresente como uma referência à cultura popular nordestina.
(c) exaltação das raízes populares, como a poesia, a literatura de cordel e o frevo, misturadas ao erudito, como a Orquestra Armorial,
compondo um rico tecido cultural, que transforma o popular em erudito.
(d) caracterização das festas populares como identidade cultural localizada e como representantes de uma cultura que reflete
valores históricos e sociais próprios da população local.
(e) apresentação do Pastoril do Faceta, do maracatu, do bumba meu boi e dos autos como representação da musicalidade e do teatro
popular religioso, bastante comum ao folclore brasileiro.

Veja também em:


Arte | Múltiplas artes
Livro único | Frente única | Capítulo 1

63. 2020
Texto I
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba-do-campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o matita-pereira
TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco (disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972 (fragmento).

Texto II
A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para
ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador
de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada/do outono,
quando a terra em sede requeimada/ bebera longamente as águas da estação [...]”. E a outra é um ponto de ma-
cumba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por
cima de tudo”. Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além:
tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós.
NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In: Três canções de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)


(a) diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes tradições da cultura nacional.
(b) singularidade com que o compositor converte referências eruditas em populares.
(c) caráter inovador com que o compositor concebe o processo de criação artística.
(d) relativização que a letra da canção promove na concepção tradicional de originalidade.
(e) resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas pelo público no país.

Veja também em:


Arte | Arte africana e afro-brasileira
Livro único | Frente única | Capítulo 11

36 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Relação entre textos verbais e visuais
Livro 2 | Frente única | Capítulo 6

64. 2022

.
Disponível em: https://tab.uol.com.br. Acesso em: 25 ago. 2017 (adaptado).

O texto sobre os chamados nativos digitais traz informações com a função de


(a) propor ações específicas para cada etapa da infância.
(b) estabelecer regras que devem ser seguidas à risca.
(c) explicar os efeitos do acesso precoce à internet.
(d) determinar a incorporação de rituais à educação dos filhos.
(e) educar com base em um conjunto de estratégias formativas.

65. 2022
Texto I Texto II
O termo ready-made foi criado por Marcel Duchamp
(1887-1968) para designar um tipo de objeto, por ele in-
ventado, que consiste em um ou mais artigos de uso
cotidiano, produzidos em massa, selecionados sem cri-
térios estéticos e expostos como obras de arte em es-
paços especializados (museus e galerias). Seu primeiro
ready-made, de 1912, é uma roda de bicicleta montada
sobre um banquinho (Roda de bicicleta). Ao transformar
qualquer objeto em obra de arte, o artista realiza uma
crítica radical ao sistema da arte.
Disponível em: www.bienal.org.br. Acesso em: 1 set. 2016 (adaptado).

A instalação In absentia propõe um diálogo com o ready-made


Roda de bicicleta, demonstrando que
(a) as formas de criticar obras do passado se repetem.
(b) a recorrência de temas marca a arte do final do século XX.
(c) as criações desmistificam os valores estéticos estabelecidos.
(d) o distanciamento temporal permite a transformação dos
referenciais estéticos.
(e) o objeto ausente sugere a degradação da forma superando
SILVEIRA, R. In absentia, 1983. Instalação, 17ª Bienal de São Paulo.
Disponível em: www.bienal.org.br. Acesso em: 1 set. 2016 (adaptado). o modelo artístico.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 37

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66. 2022 Para convencer o público-alvo sobre a necessidade de um trân-
Texto I sito mais seguro, essa peça publicitária apela para o(a)
(a) sentimento de culpa provocado no condutor causador de
acidentes.
(b) dano psicológico causado nas vítimas da violência nas
estradas.
(c) importância do monitoramento do trânsito pelas autorida-
des competentes.
(d) necessidade de punição a motoristas alcoolizados envolvi-
dos em acidentes.
(e) sofrimento decorrente da perda de entes queridos em aci-
dentes automobilísticos.

68. 2022

Disponível em: https://amigodobicho.wordpress.com. Acesso em: 10 dez. 2017.

Texto II
Nas ruas, na cidade e no parque
Ninguém nunca prendeu o Delegado. O vaivém de
rua em rua e sua longa vida são relembrados e recon-
tados. Exemplo de sobrevivência, liderança, inteligên-
cia canina, desde pequenininho seu focinho negro e seus Disponível em: https://viva-porto.pt. Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado).
olhos delineados desenharam um mapa mental olfativo- A articulação entre os elementos verbais e os não verbais do
-visual de Lavras. Corria de quem precisava correr e se texto tem como propósito desencadear a
aproximava de quem não lhe faria mal, distinguia este (a) identificação de distinções entre mulheres e homens.
daquele. Assim, tornou-se um cão comunitário. Nun- (b) revisão de representações estereotipadas de gênero.
ca se soube por que escolheu a rua, talvez lhe tenham (c) adoção de medidas preventivas de combate ao sexismo.
feito mal dentro de quatro paredes. Idoso, teve câncer (d) ratificação de comportamentos femininos e masculinos.
e desapareceu. O querido foi procurado pela cidade (e) retomada de opiniões a respeito da diversidade dos papéis
inteira por duas protetoras, mas nunca encontrado. sociais.
COSTA, A. R. N. Viver o amor aos cães: Parque Francisco de
Assis. Carmo do Cachoeira: Irdin, 2014 (adaptado). 69. 2021
Os dois textos abordam a temática de animais de rua, porém,
em relação ao Texto I, o Texto II
(a) problematiza a necessidade de adoção de animais sem lar.
(b) valida a troca afetiva entre os pets adotados e seus donos.
(c) reforça a importância da campanha de adoção de animais.
(d) exalta a natureza amigável de cães e de gatos.
(e) promove a campanha de adoção de animais.

67. 2022

Disponível em: www.deskgram.org. Acesso em: 12 dez. 2018 (adaptado).

A associação entre o texto verbal e as imagens da garrafa e do


cão configura recurso expressivo que busca
(a) estimular denúncias de maus-tratos contra animais.
Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29 out. 2013 (adaptado). (b) desvincular o conceito de descarte da ideia de negligência.

38 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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(c) incentivar campanhas de adoção de animais em situação de rua.
(d) sensibilizar o público em relação ao abandono de animais domésticos.
(e) alertar a população sobre as sanções legais acerca de uma prática criminosa.

70. 2021 O skate apareceu como forma de vivência no lazer em períodos de baixa nas ondas e ficou conhecido
como “surfinho”. No início foram utilizados eixos e rodinhas de patins pregados numa madeira qualquer, para sua
composição, sendo as rodas de borracha ou ferro. O grande marco na história do skate ocorreu em 1974, quando
o engenheiro químico chamado Frank Nasworthy descobriu o uretano, material mais flexível, que oferecia mais
aderência às rodas. A dependência dos skatistas em relação a esse novo material igualmente alavancou o surgi-
mento de novas manobras e possibilitou a um maior número de pessoas inexperientes começar a prática dessa
modalidade. O resultado foi a criação de campeonatos, marcas, fábricas e lojas especializadas.
ARMBRUST, I.; LAURO, F. A. A. O skate e suas possibilidades educacionais. Motriz, jul.-set. 2010 (adaptado).

De acordo com o texto, diversos fatores ao longo do tempo


(a) contribuíram para a democratização do skate.
(b) evidenciaram as demandas comerciais dos skatistas.
(c) definiram a carreira de skatista profissional.
(d) permitiram que a prática social do skate substituísse o surfe.
(e) indicaram a autonomia dos praticantes de skate.
71. 2021

Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 18 jun. 2019 (adaptado).

No texto, os recursos verbais e não verbais empregados têm por objetivo


(a) divulgar informações científicas sobre o uso indiscriminado de aparelhos celulares.
(b) influenciar o leitor a mudar atitudes e hábitos considerados prejudiciais às crianças.
(c) relacionar o uso da tecnologia aos efeitos decorrentes da falta de exercícios físicos.
(d) indicar medidas eficazes para desestimular a utilização de telefones pelo público infantil.
(e) sugerir aos pais e responsáveis a substituição de dispositivos móveis por atividades lúdicas.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 39

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72. 2021
Texto I

HAZOUMÉ, R. Nanawax. Plástico e tecido. Galerie Gagosian, 2009.


Disponível em: www.actuart.org. Acesso em: 19 jun. 2019.

Texto II
As máscaras não foram feitas para serem usadas; elas se concentram apenas nas possibilidades antropomór-
ficas dos recipientes plásticos descartados e, ao mesmo tempo, chamam a atenção para a quantidade de lixo que
se acumula em quase todas as cidades ou aldeias africanas.
FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).

Romuald Hazoumé costuma dizer que sua obra apenas manda de volta ao oeste o refugo de uma sociedade de consumo cada vez
mais invasiva. A obra desse artista africano que vive no Benin denota o(a)
(a) empobrecimento do valor artístico pela combinação de diferentes matérias-primas.
(b) reposicionamento estético de objetos por meio da mudança de função.
(c) convite aos espectadores para interagir e completar obras inacabadas.
(d) militância com temas da ecologia que marcam o continente africano.
(e) realidade precária de suas condições de produção artística.
73. 2020 Digital

Disponível em: www.hospitalalbertorassi.org.br. Acesso em: 13 dez. 2017 (adaptado).

Considerando-se os elementos constitutivos do texto, esse anúncio visa resolver um problema relacionado ao(à)
(a) falta de cuidado com o meio ambiente.
(b) uso indiscriminado de fontes de energia.
(c) escassez de água em diversos pontos do planeta.
(d) carência de medidas de controle de poluição ambiental.
(e) ausência de ações de reciclagem de objetos descartáveis.

40 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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74. 2020 Digital

CAPO TAR
Só s e f o r na c am a

D I R I J A COM U M Ú N I CO SE N T I D O: V I V E R .
P E G U E A E ST R A D A COM CON SCI Ê N CI A

M o t o r i s t a que d i r i g e c ans ad o o u s o b e f e i t o
d e m e d i c am e nt o ac ab a d o r m i nd o o nd e
nã o d e v e : na d i r e ç ã o . ant e s d e p e g ar
a e s t r ad a, d ur m a b e m e le m b r e - s e :
o s o nh o m ai s b o ni t o é a p r ó p r i a v i d a.

Disponível em: www.comunicaquemuda.com.br. Acesso em: 9 dez. 2017.

A fim de contribuir para a diminuição do número de acidentes de trânsito, essa campanha


(a) proíbe o uso de remédios para evitar o sono na direção.
(b) dá dicas aos motoristas sobre diminuição do cansaço físico.
(c) apresenta a capotagem como consequência da direção perigosa.
(d) atribui ao motorista a responsabilidade pela segurança no trânsito.
(e) conscientiza o motorista sobre a necessidade de controle da velocidade nas estradas.
75. 2020 Digital

O q ue não nos damos c onta é de q ue podemos mudar a


rota a q ualq uer instante, porq ue as c ertez as ab solutas não
ex istem.

Disponível em: www.vidasimples.uol.com.br.


Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).

A apropriação das informações produzidas na imagem do GPS, nesse texto, tem o propósito de
(a) reafirmar a necessidade do uso de aparelhos eletrônicos na escolha de rotas.
(b) demonstrar a eficiência da tecnologia na resolução de problemas humanos.
(c) estimular a reflexão sobre o poder de controlar os rumos da vida.
(d) comprovar a aplicabilidade dos recursos digitais na reconfiguração de trajetos.
(e) destacar a incerteza das emoções vividas pelo coração humano.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 41

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76. 2020 Digital

Agora voc ê vê . Agora voc ê não vê .

Disponível em: www.comunicadores.info. Acesso em: 27 ago. 2017.

Essa é uma campanha de conscientização sobre os efeitos do álcool na direção. Pela leitura do texto, depreende-se que
(a) o álcool afeta os sentidos humanos, podendo provocar a morte de pessoas inocentes.
(b) a bicicleta é um veículo de difícil visibilidade para os motoristas alcoolizados.
(c) o recipiente da bebida pode ser usado como refletor da imagem da criança.
(d) a visão do motorista alcoolizado fica turva após a ingestão de bebida.
(e) a bebida alcóolica é proibida a menores de idade.
77. 2020 Digital

(repartição)
os rituais estoicos do escritório, entre móveis
sólidos, ásperos e numerosos módulos, e os
funcionários, do rh ou contas a pagar, “boa
tarde”, “volte sempre”, as tantas cobranças que
o patrão reclama, avulsas, ouvindo a secretária
soluçar, aplicada às duplicatas, enquanto
convulsionamos números (necessário é discá-los
todos), o monstro é um patrão eletrônico, ao
invés de mãos, há troncos telefônicos; inaptos,
se matando aos poucos estes homens que
trabalham: um por um, inú-
teis, caminham na calma
ao recinto sanitário, tomam pílulas diante dos
próprios rostos, projetados no mictório, findam
em suicídios tão limpos quanto burocráticos; as
máquinas permanecem a sós, sem ócio nem laços,
sem tempo, apenas relógios, sem sonho ou
delírio, apenas atrapalham, repetindo os mesmos
sinos; apenas trabalham, trabalham: com ódio.

GUARNIERI, A. Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 1 338, set.-out. 2011.

Ao correlacionar o trabalho humano ao da máquina, o autor vale-se da disposição visual do texto para
(a) expressar a ideia de desumanização e de perda de identidade.
(b) ironizar a realização de tarefas repetitivas e acríticas.
(c) realçar a falta de sentido de atividades burocráticas.
(d) sinalizar a alienação do funcionário de repartição.
(e) destacar a inutilidade do trabalhador moderno.

42 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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4*

78. 2020 Digital


ragmento a parte da can o brasileira contempor nea
do empreendedorismo de palc o e celebra a cultura popular nordestina. Nele o artista
destruir voc ê e alta as di erentes mani esta es culturais pela
os livros enormes e com suas A valori a o do teatro m sica artesanato literatura
cuspiam órmulas equa es e dan a personagens istóricos e artistas populares
avam a lidar com o u o de cai a compondo um tecido diversificado e enriquecedor da
e eles di em oc ir c egar l cultura popular como patrim nio regional e nacional.
cer . B identifica o dos lugares pernambucanos
ramento m il l ennial s, net w ork ing, mani esta es culturais como o bumba meu boi as
siness, deadl ine, sal esm an com cirandas os bonecos mamulengos e eróis locais
sso a parte do seu vocabul rio. a endo com que essa can o se apresente como
sempre id ntico e as e peri ncias uma re er ncia cultura popular nordestina.
sma orma voc est a um nico C e alta o das raí es populares como a poesia a
N o pare
literatura de cordel e o revo misturadas ao erudito
ser para sempre. ome leia a como a rquestra rmorial compondo um rico tecido
a ul. a a mais uma mentoria cultural que trans orma o popular em erudito.
sess o de coaching. problema
D caracteri a o das estas populares como identidade
n o est a ustado. oc precisa
cultural locali ada e como representantes de uma
mos a er mais um pow erm ind u Disponível em: www.folhavitoria.com.br. Acesso em: 11 dez. 2017.
cultura que re ete valores istóricos
bacana para voc O uso inusitado do jogo de caça-palavras nessa publicidade de um mercado hortifrúti e sociais próprios
leva à
. . isponível em ttps medium.com.
da popula o local.
(a) alusão a hábitos alimentares saudáveis.
cesso em ago. adaptado . E apresenta o do astoril do aceta do maracatu do
(b) inclusão de carne em uma dieta alternativa.
te to possível identificar
(c) construção de uma
bumbalúdica.
o lista de compras meu boi e dos autos como representa o da
co por musicalidade
(d) ênfase na carne para uma alimentação e do teatro popular religioso bastante
balanceada.
comum ao olclore brasileiro.
(e) quebra de expectativa em relação aos itens de um hortifrúti.
ados.
Questão 34
m língua inglesa.79. 2020
le compartil adas.
gem por ele utili ados.
de seus treinamentos.

do olclore nordestino
e asti o do oi bumb
e estre italino
ciranda em tamarac
o de arlos ena il o
apiba
uestra rmorial

o abral
o de o ento do Una Disponível em: www.facebook.com/ministeriodoesporte.
isponível em . aceboo .com ministeriodoesporte. cesso em de . .
solto de maracatu sse an ncio publicit rio prop e solu es para um
Acesso em: 7 dez. 2017.

de riano uassuna Esse anúncio publicitário propõe soluçõessocial


problema para um problema social
recorrente aorecorrente, ao
a de aruaru (a) promover ações de conscientização para reduzir a violência de gênero em eventos esportivos.
A promover a es de conscienti a o para redu ir a
a do astoril do (b)aceta estimular o compartilhamento de políticas públicas sobre a igualdade de gênero no esporte.
viol ncia de g nero em eventos esportivos.
da lira (c) divulgar para a população as novas regras complementares para as torcidas de futebol.
B estimular o compartil amento de políticas p blicas
al m (d) informar ao público masculino as consequências
sobre a igualdade de condutas
de g nero ofensivas.
no esporte.
ga (e) regulamentar normas de boa convivência nos estádios.
C divulgar para a popula o as novas regras
ue tamb m complementares para as torcidas de utebol.
co sou de asa orte D in ormar ao p blico masculino as consequ ncias de
buco sou o e o do Norte condutas o ensivas. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 43
E regulamentar normas de boa conviv ncia nos
. e o do Norte. n NN U N . O lho de peix e.
o aulo elas 3 ragmento . est dios.
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gina
s. *010275AM6* D resiste ao tempo beneficiada por m ltiplas ormas
de registro.
gan ncia financeira do capitalismo
E redesen a a verdade apro imando se das
. LI N G U AG E N S , CÓ D I G O S E S U AS TE CN O LO G defini
I AS es ante.
semel le icais.
impson oi encamin ada para casa após
reótipos sociais
Questõ
80. 2020das vis es de mundo Questão 12
es de 06 a 45 dois dias
82. 2020
e passou a tomar medicamentos regulares.
Questão 6 o W ashingt on P ost ela contou que estava quase
inconsol vel após a perda do seu animal de estima o
*010275AM13*
um c o da ra a or s ire terrier. ecuperada após cerca
de um ano ela di que n o abrir m o de ter um animal
14, D E 28 D E S E TE M B RO D E 2007 de estima o porque aprecia a compan ia e o amor que
os cac orros d o aos umanos. caso aconteceu em
emite o er ndio29do istrito ederal
Questão ouston 31
Questão nos stados Unidos.
isponível em ttps e ame.abril.com.br. cesso em de . .
ia o uritiba das con er ncias positivistas elas
e duando outras provid
quis agili ncias. de sele o de
ar o processo
novos alunos a tradicional aculdade brit nica de s elas características
o on e em uritiba do tre te etonolido mundo queinteiro
trata do das
consequ ncias da perda de um animal de estima o
R D O D I S TRImedicina TO FE D E RAL no uso
t. eorge usou um so t are para definir tocador de reale o que n o roda a manivela desde que
quem deveria ser entrevistado. o reprodu ir a orma considera se que ele se enquadra no g nero
l e con erecomo o artigo
os uncion rios aincisos iam essa escol a o programa o macaquin o morreu dos bravos soldados do ogo que
A conto pois e ibe a istória de vida de oanie impson.
eliminou de cara de candidatos. ó por causa passam c ispando no carro vermel o atr s do inc ndio
nica do istrito ederal B depoimento pois e p e o so rimento da dona do
do se o ou da origem racial numa dedu o baseada que ningu m n o viu esta uritiba e a do cac orro quente
em sobrenome e local de nascimento. Um estudo sobre animal. isponível em .iot orall.com.
Acesso em: 22 cesso
jun. 2018.em un. .
o o er ndio de todos os órg osmasdo anos depois com
Disponível em: www.iotforall.com.
c ope duplo no pois
reportagem uraco do atu eu via
discute o.
cientificamente a
o caso oi publicado em realidadeA realidade
C
virtual uma
virtual é tecnologia
uma tecnologia de informação deque, inconfor-
orma o que
ederal. outra pesquisa apontou que esse tipo de discrimina o me sugere cardiomiopatia.
uritibaa imagem,
aquelatemdo comourro raboprincipais
um cidad o
e emplo recente envolve con orme misterioso
sugere a imagem tem como uma pela de suas
uma de suas funções
segue firme. o buscador relato morreupois narra um atoda estressante vivido
a partir desta do data oogle o uso
ao digitar donomes gercomuns ndioentre negros dos (a) paciente. D nos bra os osicler
promover a manipulação eficiente de conhecimentos e in- quem oi
Disponível em: www.bhaz.com.br. Acesso em: 14 jun. 2018.
isponível em principais
.b a .com.br. cesso em un. unformações
.
n oes
N N Essa U. campanha
ssa
a c ance
campan de
de os an
a conscientização
ncios
de conscientisobre
autom ticos
a oo assédio
o erecerem
sobre sofrido
o ass pe-
quem oi de oi difícil
o rei compreensão
in o do i o
dio E notícia pois divulga atos sobre a síndrome do
no damundo ontefísico.reta da

eto entra em so
c ecagem de antecedentes criminais pode
.vigor
lasrido pelas
pode
mulheres na mul
piorar
nas data
eresa pergunta
ruascom
constrói-se depela
nas sua
ruas A
constrói
detido
combinação logo
promover
aumentar
daseapós pela
lingua- a
esta
coraa manipula
(b) conduzir
o a escolhas
nica ponte
o partido.
da o eficiente de
profissionais
cidade dasem
área rio
de ciência
por baidacon esta ecimentos
ocompu-
tação,
uritiba via o. oferecendo um leque de opções de atuação.
combina
palavra
gem verbal oe da
nãolinguagem
procurada. verbal. A imagemverbalda e nmulher
o verbal. e ein
imagem
com o nariz a orma
Questão es 8 de di da
(c) transferir conhecimento ícil compreens
inteligência artificial para as o áreasno mundo
da mul er com o nari e a boca cobertos por um len o
boca cobertos por um lenço é a representação não verbalísico.
isponível em ttps tab.uol.com.br. cesso em ago. adaptado .
do(a) iquito tin
uritiba semcomo a quase
pin aseiro trinta
ouciênciasquando
c u a exatas
ul pelocon eceu
que vosmec ariana
as disposi a(a)representa
es em
tesilêncio
to contr
permite rio.
o n oo verbal do a
desnudamento da
imposto às mulheres, que não podem denunciar o sociedade ao num
tradicionais,
baile
(d) província de casamento
levar o serchumano
das
na
rcere alarexperimentar orquil
esta uritiba a
e naturais.
onde moravam
e n o aoutrasoutra
n o condu ir parentes
escol dele. as profissionais da rea de ci ncia
mentalmente
relacionar ncioassofrido.
tecnologias s de in orma B
o e comunica o uns or l oi ficando remanc
A silassédio
rasília comdenunciar
o de
imposto
a setembro
mul
de eres que
. podem para ingl s ver para
realidades, com as amorquais eué via o via o via
transportado semo. sair de seue
ando.
(b) metáfora de que as mulheres precisam defender-seda do as-computa
mal mo a o
próprio lugar. o erecendo um leque de op es de
o ass dio so rido. como costumavam di er tiveram de casar s
da BAepmet blica
ora
agilidade dee
dos
sédio masculino. que
so t as de
mul
ares. rasília
eres precisam de ender
atua (e)se pressas.
o. orou
N uns tempos com o sogro
. E m b usc a de Curitib a perdida. descombinaram.
io de aneiro
delimitar tecnologias exclusivas de jogos virtuais, a fim
ecord .

do ass dio masculino. oi só conta de col er o mil o e vender. udou pra casa
isponível em B passar
(c) .dod dos anos.
constrangimento
.gov.br. peloem
cesso qual passam
de . as mulheres
. e sua ten- A temati
mul trans
eres e erir do velcon oecimento da paiintelig ncia artificial para
de oferecer maior emoçãorequente
ao jogadorna por meiode de outras
C constrangimento pelo qual passam asC oa ico de uritiba
ouren o seu . umaobra a própria alton
só viu
tativa
linguagem.de esconderem-se. realidades.
se na ideia de C sua
que o uso
tentativa
(d) necessidade
de
que asdo
esconderem ger têm
mulheres ndio
se.
de passarem desperce-
revisan.
as reas tradicionais
subir um No
par ragmento
de anos a rela quando
como
depois o do narrador
as oldas o pai com oas
ci ncias e atas e
repartiu
preconceito. que as mul eres t m de passarem espa
D necessidade o urbano caracteri ada pai pore filum ar combinaram
D
inefici ncia E indica bidas para evitar o assédio.
despercebidas para evitar o ass dio. naturais. Variação
terras. e t olinguística
parecidos o nunca
educa o. direito. ada qual mais topetudo muitas ve es dona
(e) incapacidade de as mulheres protegerem-se da agressão ALivro destituído
2 | Frente deúnica
a etividade
| Capítulo que 7 ironi a os costumes e
ma a o. Questão E incapacidade
verbal 30
dos
de as
assediadores.
mul eres protegerem
D levar oparecida
se da ser
as tradi umano
ouvia
es da
o maridoareclamar
sociedade ecuritibana.
perimentar
da nature a orte mentalmente
do
agress o verbal dos assediadores. fil
83.o.2022 la escutava com paci ncia e respondia dum eito
m evento. Questão 81. 20207 outrasBsempre realidades
marcado para as que
igualpela negatividade quais transportado sem
busca desconstruir
Papos
c linic amente partido apó s sair mortede seu próprio
perspectivas erdalugar.
abituais de representa o da cidade.
ma pr tica. M ulher tem c oraç ão de c ac horro
— Meuem disseram... n o rouba .
E delimitar —tecnologias
C carregado
inDisseram-me. noseol clusivas
de omelancolia
a um bril os oque sede
vel oconstata ogos
acalmava.a alta
virtuais a
um processo. omo e plica o T he N ew E ngl and J ournal of de identidade cultural diante dos impactos da
M edicine a paciente c amada oanie impsonfim tin de
a o urbani
erecer a maior emo oNãoao“meogador por meio de
— Hein? N . Casos de M inas. io de aneiro a e erra .

— O correto o. é “disseram-me”. disseram”.


e responsabilidade.
sinais de in arto como dores no peito e press o alta s ditados
outrasDrealidades.embevecido
populares
— Eu falo como pelaquero.
s o rases de sabedoria
E te digodo
simplicidade mais...
cen rioOu éindi
criadas
“digo-te”?
erente
e apresentava problemas nas art rias coron rias. o pelo — povo utili adas em v rias situa es da vida. Nesse
O quê? o de elementos de recon ecido valor
a erem um ecocardiograma os m dicos encontraram o te to descri a personagem emprega um ditado popular com a
— Digo-te que você...
problema cardiomiopatia de a otsubo con ecida como intenistórico. o de dia aderno gina
— O “te” e o “você” não combinam.
síndrome do cora o partido. E distanciado dos elementos narrados que recorre
— Lhe a
A criticar digo?
nature a orte do fil o.
ssa condi o m dica tipicamente acontece com ao
— ponto
Também de não.
vistaOdoquevia ante
você como
ia me e press o de
dizer?
mul eres em ase pós menstrual e pode ser precedida B estran ustificar o g nio di ícil de iquito.
— Queamento.
você está sendo grosseiro, pedante e
por um evento muito estressante ou Acesso emotivo. Nesses
Disponível em:em
www.acontecendoaqui.com.br. em: 15 jun.
un.2018. . C legitimar
chato. [...]o direito do fil o eran a.
casos o coraisponível o apresenta .acontecendoaqui.com.br. cesso
um movimento em discin tico
— Dispenso as suas correções.
icoVêouren
se esquece-me.
transitório
Nessa da parede
Nessa campanha
campan anterior
publicitária,
a publicit aria doaventrículo
imagem esquerdo
da família
imagem da e oamília e o D conter o nimo violento de
com
texto ver- o.
Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...
acentua
te
balto o para
verbal
unem-se da cin
unem setica
reforçar ada
para rebase
ideia or
de ar ventricular
quea ideia de quede acordo E condenar a agressividade do marido contra o fil o.
com — O quê?
(a) aum artigo
família m dico
que adota brasileiro
é mais feliz. que relata um caso
A a amília que adota mais eli . — O mato.
(b) a dia
adoção tardia é muito positiva.gina
aderno — Que mato?
B(c) aasado o tardia
famílias preferemmuito
adotarpositiva.
bebês. — Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ou-
C(d) as
a adoção
amílias depre
adolescentes
erem adotar é mais
bebsimples.
s. viu bem? Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar
(e) os filhos adotivos são companheiros dos pais. certo é elitismo!
D a ado o de adolescentes mais simples.
E os fil os adotivos s o compan eiros dos pais.
44 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
dia aderno gina 3

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— Se você prefere falar errado... 85. 2021
— Falo como todo mundo fala. O importante é me A volta do marido pródigo
entenderem. Ou entenderem-me?
VERISSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola.
– Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem?
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (adaptado). – Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. […] Lá
Nesse texto, o uso da norma-padrão defendido por um dos além, Generoso cotuca Tercino:
personagens torna-se inadequado em razão do(a) – […] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando
(a) falta de compreensão causada pelo choque entre gerações. chega, ainda é todo enfeitado e salamistrão!…
(b) contexto de comunicação em que a conversa se dá. – Que é que hei de fazer, seu Marrinha… Amanhe-
(c) grau de polidez distinto entre os interlocutores. ci com uma nevralgia… Fiquei com cisma de apanhar
(d) diferença de escolaridade entre os falantes. friagem…
(e) nível social dos participantes da situação. – Hum…
– Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço
84. 2022 e ainda faço este povo trabalhar…
O complexo de falar difícil […]
Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve
O que importa realmente é que o(a) detentor(a) do
de pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse
notável saber jurídico saiba quando e como deve fazer um pé. Pragueja:
uso desse português versão 2.0, até porque não tem ne- – Quem não tem brio engorda!
cessidade de alguém entrar numa padaria de manhã – É… Esse sujeito só é isso, e mais isso… — opina
com aquela cara de sono falando o seguinte: “Por obsé- Sidu.
quio, Vossa Senhoria teria a hipotética possibilidade de – Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá cer-
estabelecer com minha pessoa uma relação de compra to… – diz Correia, suspirando e retomando o enxadão.
e venda, mediante as imposições dos códigos Civil e do – “P’ra uns, as vacas morrem … p’ra outros até boi pega
Consumidor, para que seja possível a obtenção de 10 a parir…”.
pãezinhos em temperatura estável para que a relação Seu Marra já concordou:
pecuniária no valor de R$ 5,00 seja plenamente legíti- – Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença,
ma e capaz de saciar minha fome matinal?”. eu aponto o dia todo. Que é a última vez!… E agora,
O problema é que temos uma cultura de valorizar deixa de conversa fiada e vai pegando a ferramenta!
ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.
quem demonstra ser inteligente ao invés de valorizar quem
é. Pela nossa lógica, todo mundo que fala difícil tende a ser Esse texto tem importância singular como patrimônio linguísti-
mais inteligente do que quem valoriza o simples, e 99,9% co para a preservação da cultura nacional devido
das pessoas que estivessem na padaria iriam ficar boquia- (a) à menção a enfermidades que indicam falta de cuidado
bertas se alguém fizesse uso das palavras que eu disse aci- pessoal.
(b) à referência a profissões já extintas que caracterizam a vida
ma em plenas 7 da manhã em vez de dizer: “Bom dia! O
no campo.
senhor poderia me vender cinco reais de pão francês?”.
(c) aos nomes de personagens que acentuam aspectos de sua
Agora entramos na parte interessante: o que real-
personalidade.
mente é falar difícil? Simplesmente fazer uso de pala-
(d) ao emprego de ditados populares que resgatam memórias
vras que a maioria não faz ideia do que seja é um ato de e saberes coletivos.
falar difícil? Eu penso que não, mas é assim que muita (e) às descrições de costumes regionais que desmistificam
gente age. Falar difícil é fazer uso do simples, mas com crenças e superstições.
coerência e coesão, deixar tudo amarradinho gramati-
calmente falando. Falar difícil pode fazer alguém pare- 86. 2021
cer inteligente, mas não por muito tempo. É claro que Sinhá
em alguns momentos não temos como fugir do portu- Se a dona se banhou
guês rebuscado, do juridiquês propriamente dito, como Eu não estava lá
no caso de documentos jurídicos, entre outros. Por Deus Nosso Senhor
ARAÚJO, H. Disponível em: www.diariojurista.com. Acesso em: 20 nov. 2021 (adaptado).
Eu não olhei Sinhá
Nesse artigo de opinião, ao fazer uso de uma fala rebuscada Estava lá na roça
no exemplo da compra do pão, o autor evidencia a importância Sou de olhar ninguém
de(a) Não tenho mais cobiça
(a) se ter um notável saber jurídico. Nem enxergo bem
(b) valorização da inteligência do falante.
(c) falar difícil para demonstrar inteligência. Para que me pôr no tronco
(d) coesão e da coerência em documentos jurídicos. Para que me aleijar
(e) adequação da linguagem à situação de comunicação. Eu juro a vosmecê

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 45

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Que nunca vi Sinhá […] Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem
Por que talhar meu corpo notável lá no Rio, ele não deixava de dizer: “Não há dú-
Eu não olhei Sinhá vida! O homem tem talento, mas escreve: ‘um outro’,
Para que que vosmincê ‘de resto’…” E contraía os lábios como se tivesse engo-
Meus olhos vai furar lido alguma cousa amarga.
Eu choro em iorubá Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respei-
Mas oro por Jesus tar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores
Para que que vassuncê glórias nacionais. Um sábio…
Me tira a luz. Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero, o
CHICO BUARQUE; JOÃO BOSCO. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2011 (fragmento). Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter pas-
No fragmento da letra da canção, o vocabulário empregado e a sado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mes-
situação retratada são relevantes para o patrimônio linguístico tre-escola saía vagarosamente de casa, muito abotoado
e identitário do país, na medida em que no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-se para a
(a) remetem à violência física e simbólica contra os povos botica do Bastos a dar dous dedos de prosa. Conversar é
escravizados. um modo de dizer, porque era Pelino avaro de palavras,
(b) valorizam as influências da cultura africana sobre a música limitando-se tão-somente a ouvir. Quando, porém, dos
nacional. lábios de alguém escapava a menor incorreção de lin-
(c) relativizam o sincretismo constitutivo das práticas religiosas guagem, intervinha e emendava. “Eu asseguro, dizia o
brasileiras. agente do Correio, que…” Por aí, o mestre-escola inter-
(d) narram os infortúnios da relação amorosa entre membros vinha com mansuetude evangélica: “Não diga ‘assegu-
de classes sociais diferentes. ro’, Senhor Bernardes; em português é garanto”.
(e) problematizam as diferentes visões de mundo na sociedade E a conversa continuava depois da emenda, para
durante o período colonial. ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e
outras, houve muitos palestradores que se afastaram,
87. 2021 Os linguistas têm notado a expansão do tra- mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, conti-
tamento informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado nuava o seu apostolado de vernaculismo.
por senhor, mas meus alunos mais jovens me tratam BARRETO, L. A Nova Califórnia. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 24 jul. 2019.
por você”, diz o professor Ataliba Castilho, aparente-
mente sem se incomodar com a informalidade, incon- Do ponto de vista linguístico, a defesa da norma-padrão pelo
cebível em seus tempos de estudante. O você, porém, personagem caracteriza-se por
não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre (a) contestar o ensino de regras em detrimento do conteúdo
e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, das informações.
enquanto você é o tratamento predominante em São (b) resgatar valores patrióticos relacionados às tradições da
Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era língua portuguesa.
mais próximo e menos formal que você nas quase 500 (c) adotar uma perspectiva complacente em relação aos des-
cartas do acervo on-line de uma instituição universitá- vios gramaticais.
ria, quase todas de poetas, políticos e outras personali- (d) invalidar os usos da língua pautados pelos preceitos da
dades do final do século XIX e início do XX. gramática normativa.
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: (e) desconsiderar diferentes níveis de formalidade nas situa-
21 abr. 2015 (adaptado). ções de comunicação.
No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao
longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pe- 89. 2021
las regiões do Brasil. Esse processo revela que Falso moralista
(a) a escolha de “você” ou de “tu” está condicionada à idade da Você condena o que a moçada anda fazendo
pessoa que usa o pronome. e não aceita o teatro de revista
(b) a possibilidade de se usar tanto “tu” quanto “você” caracte- arte moderna pra você não vale nada
riza a diversidade da língua. e até vedete você diz não ser artista
(c) o pronome “tu” tem sido empregado em situações informais
por todo o país. Você se julga um tanto bom e até perfeito
(d) a ocorrência simultânea de “tu” e de “você” evidencia a ine- Por qualquer coisa deita logo falação
xistência da distinção entre níveis de formalidade. Mas eu conheço bem o seu defeito
(e) o emprego de “você” em documentos escritos demonstra e não vou fazer segredo não
que a língua tende a se manter inalterada.
Você é visto toda sexta no Joá
88. 2021 Não que Pelino fosse químico, longe dis- e não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar
so; mas era sábio, era gramático. Ninguém escrevia Fim de semana você deixa a companheira
em Tubiacanga que não levasse bordoada do Capitão e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira

46 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Segunda-feira chega na repartição (b) defender uma atitude política diante das regras da língua.
pede dispensa para ir ao oculista (c) contrapor o trabalho do linguista às prescrições gramaticais.
e vai curar sua ressaca simplesmente (d) contribuir para reverter a escassez de produções textuais
Você não passa de um falso moralista no país.
NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo: Eldorado, 1979. (e) isentar o falante da responsabilidade de seguir as normas
linguísticas. *010275AM15*
As letras de samba normalmente se caracterizam por apresen-
tarem marcas informais do uso da língua. Nessa letra de Nelson 92. 2020
Questão 35 Questão 36
Sargento, são exemplos dessas marcas V ou- m e em bora p’ ra P asá rgada oi o poema de
(a) “falação” e “pros bailes”. mais longa gesta o em toda a min a obra. i pela
primeira ve esse nome as rgada quando tin a os
(b) “você” e “teatro de revista”. meus de esseis anos e oi num autor grego. ... sse
(c) “perfeito” e “Carnaval”. nome de as rgada que significa campo dos persas
ou tesouro dos persas suscitou na min a imagina o
(d) “bebe bem” e “oculista”. uma paisagem abulosa um país de delícias como o

(e) “curar” e “falso moralista”. de L ’ inv it at ion au V oy age, de audelaire. ais de vinte
anos depois quando eu morava só na min a casa da
ua do urvelo num momento de undo des nimo
90. 2020 Digital Assim, está nascendo dentro da língua
da mais aguda sensa o de tudo o que eu n o tin a
portuguesa, e provavelmente dentro de todas eito em min asa vida
de- por motivo da doen a saltou me
de s bito do subconsciente este grito estapa rdio
mais línguas, uma nova linguagem, a linguagem radio-
ou me embora p ra as rgada enti na redondil a
a primeira c lula de um poema e tentei reali lo
fônica. Como a dos engenheiros, como a dos gatunos,
mas racassei. lguns anos depois em id nticas
como a dos amantes, como a usada pela circunst mãencias com o
de desalento e t dio me ocorreu o
mesmo desaba o de evas o da vida besta . esta ve
filho que ainda não fala, essa linguagemo radiofônica poema saiu sem es or o como se estivesse pronto

tem suas características próprias determinadas dentro de mim. por osto desse poema porque ve o nele
em escor o toda a min a vida ... N o sou arquiteto
Disponível em: www.globofilmes.globo.com. Acesso em: 13 dez. 2017 (adaptado).
isponível em .globofilmes.globo.com. cesso em 3 de . adaptado .

exigências ecológicas e técnicas. como meu pai dese ava n o fi nen uma casa mas rase título do filme reprodu uma variedade
reconstruí e n o de uma orma A frase,
imper título
eita neste mundo do filme, reproduz uma variedade linguística re-
linguística recorrente na ala de muitos brasileiros.
ANDRADE, M. apud PINTO, E. P. O português do Brasil.
de apar ncias uma cidade ilustre que o e n o mais ssa estrutura caracteri a se pelo a
São Paulo: Edusp,
a as rgada de 1981.
iro e sim a mincorrente
a as rgada. na falaA de muitos
uso de uma marca brasileiros.
o temporal. Essa estrutura caracte-
B imprecis o do re erente de pessoa.
riza-se pelo(a)
N . I tinerário de Pasárgada. io de aneiro Nova ronteira rasília N .

Mário de Andrade, ao se referir ao impacto que o rádio teriadenas


s processos intera o comunicativa preveem a C organi a o interrogativa da rase.

destacam as (a)un esuso de umaE marcação temporal.


presen a ativa de m ltiplos elementos da comunica o D utili a o de um verbo de a o.
pessoas e principalmente sobre a linguagem, possibilita entre os quais se uma da linguagem. apagamento de uma preposi o.
Nesse ragmento a un o da linguagem predominante a
reflexão acerca (b) imprecisão do referente de pessoa.
A emotiva porque o poeta e p e os sentimentos de
(a) das relações sociais específicas da sociedade da ang época. (c) organização
stia que o levaram cria o po tica. interrogativa da frase.
B re erencial porque o te to in (d) utilização
orma sobre a origem do de um verbo de ação.
(b) da relação entre o meio e o contexto social de enunciação.
nome empregado em um amoso poema de andeira.
(c) do nascimento das línguas a partir de exigências sociais
C metalinguística (e) tece
porque o poeta apagamento
coment rios de uma preposição.
sobre a g nese e o processo de escrita de um de
específicas. seus poemas. 93. 2020 Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, fun-
(d) das demais línguas do mundo, por possuírem características
D po tica porque o te to aborda os elementos est ticos
cionário público, certo de que a língua portuguesa é
de um dos poemas mais con ecidos de andeira.
em comum. E apelativa porque o poeta tenta emprestada
convencer os leitores ao Brasil; certo também de que, por esse

(e) da especificidade da linguagem radiofônica, emsobre detrimento


sua dificuldade de compor um poema.
fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo
de outras linguagens. das letras, se veem na humilhante dia aderno
contingência
gina
de so-
91. 2020 Digital O gramático tem uma percepção mui- frer continuamente censuras ásperas dos proprietários
to estrita da língua. Ele se vê como alguém que tem da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os
de defender a língua da mudança. O problema é que autores e os escritores, com especialidade os gramá-
eles, ao se esforçarem para que as pessoas obedeçam ticos, não se entendem no tocante à correção grama-
às normas da língua, não viram que estavam dando tical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas
um cala-boca no cidadão brasileiro. Como se disses- entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma –
sem: “Tem de falar e escrever de acordo com as regras. usando do direito que lhe confere a Constituição, vem
Não fale errado!”. E as pessoas, com medo de não con- pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani
seguir, falam e escrevem pouco. O dono da língua é o como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
falante, não o gramático. Aprendemos com o falante a BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. 2012.
língua como ele fala e procuramos saber por que está
falando de um jeito ou de outro. Dizer que está falando Nessa petição da pitoresca personagem do romance de Lima
errado não é uma atitude científica, de descoberta. A Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela
linguística substituiu o cala-boca ao prazer da desco- (a) situação social de enunciação representada.
berta científica. Foi só com a linguística que se am- (b) divergência teórica entre gramáticos e literatos.
pliou o olhar e se passou a considerar que qualquer (c) pouca representatividade das línguas indígenas.
assunto é digno de estudo. (d) atitude irônica diante da língua dos colonizadores.
Entrevista de Ataliba de Castilho.
(e) tentativa de solicitação do documento demandado.
Pesquisa Fapesp, n. 259, set. 2017 (adaptado).

Com base na tese defendida na conclusão do texto, infere-se a Veja também em:
Língua Portuguesa | Pré-modernismo e Vanguardas europeias
intenção do autor de
Livro 2 | Frente 2 | Capítulo 8
(a) atribuir à gramática os desvios do português brasileiro.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 47

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Interpretação de enunciados 96. 2022

Livro 2 | Frente única | Capítulo 8 O bebê de tarlatana rosa


— [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no mar
94. 2022 alto da depravação, só, com uma roupa leve por cima da
10 de maio pele e todos os maus instintos fustigados. De resto a cida-
Fui na delegacia e falei com o tenente. Que homem de inteira estava assim. É o momento em que por trás das
amavel! Se eu soubesse que ele era tão amavel, eu teria máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o
ido na delegacia na primeira intimação. [...] O tenente inte- instante em que as ligações mais secretas transparecem,
ressou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a em que a virgindade é dúbia, e todos nós a achamos inútil,
favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse
possibilidade de delinquir do que tornar-se útil a patria e momento tudo é possível, os maiores absurdos, os maiores
ao país. Pensei: se ele sabe disto, porque não faz um re- crimes; nesse momento há um riso que galvaniza os senti-
latorio e envia para os politicos? O senhor Janio Quadros, dos e o beijo se desata naturalmente.
o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-
-me, quase mórbida. Nada de raparigas do galarim perfu-
mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem
madas e por demais conhecidas, nada do contato familiar,
as minhas dificuldades.
mas o deboche anônimo, o deboche ritual de chegar, pegar,
... O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já
acabar, continuar. Era ignóbil. Felizmente muita gente so-
passou fome. A fome tambem é professora.
fre do mesmo mal no carnaval.
Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas RIO, J. Dentro da noite. São Paulo: Antiqua, 2002.
crianças.
No texto, o personagem vincula ao carnaval atitudes e reações
JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.
coletivas diante das quais expressa
A partir da intimação recebida pelo filho de 9 anos, a autora faz uma (a) consagração da alegria do povo.
reflexão em que transparece a (b) atração e asco perante atitudes libertinas.
(a) lição de vida comunicada pelo tenente. (c) espanto com a quantidade de foliões nas ruas.
(b) predisposição materna para se emocionar. (d) intenção de confraternizar com desconhecidos.
(c) atividade política marcante da comunidade. (e) reconhecimento da festa como manifestação cultural.
(d) resposta irônica ante o discurso da autoridade.
(e) necessidade de revelar seus anseios mais íntimos. 97. 2022 A conquista da medalha de prata por Rayssa
Leal, no skate street nos Jogos Olímpicos, é exemplo da re-
95. 2022 presentatividade feminina no esporte, avalia a âncora do
Firmo, o vaqueiro jornal da rede de televisão da CNN. A apresentadora, que
também anda de skate, celebrou a vitória da brasileira,
No dia seguinte, à hora em que saía o gado, estava eu
que entrou para a história como a atleta mais nova a subir
debruçado à varanda quando vi o cafuzo que preparava o
num pódio defendendo o Brasil. “Essa representatividade
animal viajeiro:
do esporte nos Jogos faz pensarmos que não temos que
— Raimundinho, como vai ele?...
ficar nos encaixando em nenhum lugar. Posso gostar de
De longe apontou a palhoça. passar notícia e, mesmo assim, gostar de skate, subir mon-
— Sim. tanha, mergulhar, andar de bike, fazer yoga. Temos que
O braço caiu-lhe, olhou-me algum tempo comovido; parar de ficar enquadrando as pessoas dentro de regras.
depois, saltando para o animal, levou o polegar à boca A gente vive num padrão no qual a menina ganha boneca,
fazendo estalar a unha nos dentes: “Às quatro horas da mas por que também não fazer um esporte de aventura?
manhã... Atirei um verso e disse, para bulir com ele: Pega, Por que o homem pode se machucar, cair de joelhos, e a
velho! Não respondeu. Tio Firmo, mesmo velho e doente, menina tem que estar sempre lindinha dentro de um pa-
não era homem para deixar um verso no chão... Fui ver, drão? Acabamos limitando os talentos das pessoas”, afir-
coitado!... estava morto”. E deu de esporas para que eu não mou a jornalista, sobre a prática do skate por mulheres.
lhe visse as lágrimas. Disponível em: www.cnnbrasil.com.br. Acesso em: 31 out. 2021 (adaptado).
NETTO, C. In: MARCHEZAN, L. G. (Org.). O conto O discurso da jornalista traz questionamentos sobre a relação da
regionalista. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
conquista da skatista com a
A passagem registra um momento em que a expressividade lírica é (a) conciliação do jornalismo com a prática do skate.
reforçada pela (b) inserção das mulheres na modalidade skate street.
(a) plasticidade da imagem do rebanho reunido. (c) desconstrução da noção do skate como modalidade
(b) sugestão da firmeza do sertanejo ao arrear o cavalo. masculina.
(c) situação de pobreza encontrada nos sertões brasileiros. (d) vanguarda de ser a atleta mais jovem a subir no pódio
(d) afetividade demonstrada ao noticiar a morte do cantador. olímpico.
(e) preocupação do vaqueiro em demonstrar sua virilidade. (e) conquista de medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

48 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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98. 2022 A história da prática do mountainboard representa uma das princi-
“Vida perfeita” em redes sociais pais marcas das atividades de aventura, caracterizada pela
pode afetar a saúde mental (a) competitividade entre seus praticantes.
(b) atividade com padrões técnicos definidos.
Nas várias redes sociais que povoam a internet, os
(c) modalidade com regras predeterminadas.
chamados digital influencers estão sempre felizes e pregam
(d) criatividade para adaptações a novos espaços.
a felicidade como um estilo de vida. Essas pessoas espa-
(e) necessidade de espaços definidos para a sua realização.
lham conteúdo para milhares de seguidores, ditando ten-
dência e mostrando um estilo de vida sonhado por muitos, 100. 2022
como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas deslumbran- Projeto na Câmara de BH quer a vacinação
tes, carros novos e alegria em tempo integral, algo bem im- gratuita de cães contra a leishmaniose
provável de ocorrer o tempo todo, aponta Carla Furtado, A doença é grave e vem causando preocupação na região
mestre em psicologia e fundadora do Instituto Feliciência. metropolitana da capital mineira
A problemática pode surgir com a busca incessante Ela é uma doença grave, transmitida pela picada do
por essa felicidade, que gera efeitos colaterais em quem mosquito-palha, e afeta tanto os seres humanos quanto os
consome diariamente a “vida perfeita” de outros. Daí vem cachorros: a leishmaniose. Por ser um problema de saúde
o conceito de positividade tóxica: a expressão tem sido pública, a doença pode ganhar uma ação preventiva im-
usada para abordar uma espécie de pressão pela adoção portante, caso um projeto de lei seja aprovado na Câmara
de um discurso positivo, aliada a uma vida editada para Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Diante do alto nú-
as redes sociais. Para manter a saúde mental e evitar ser mero de casos da doença na Grande BH, a Comissão de
atingido pela positividade tóxica, o uso racional das redes Saúde e Saneamento da CMBH aprovou a proposta de rea-
sociais é o mais indicado, aconselha a médica psiquiatra lização de campanhas públicas de vacinação gratuita de
Renata Nayara Figueiredo, presidente da Associação Psi- cães contra a leishmaniose, tema do PL 404/17, apreciado
quiátrica de Brasília (APBr). pelo colegiado em reunião ordinária, no dia 6 de dezembro.
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br. Acesso em: 21 nov. 2021 (adaptado). Disponível em: https://revistaencontro.com.br. Acesso em: 11 dez. 2017.

Associada ao ideário de uma “vida perfeita”, a positividade tóxica Essa notícia, além de cumprir sua função informativa, assume o
mencionada no texto é um fenômeno social recente, que se cons- papel de
titui com base em (a) fiscalizar as ações de saúde e saneamento da cidade.
(a) representações estereotipadas e superficiais de felicidade. (b) defender os serviços gratuitos de atendimento à população.
(b) ressignificações contemporâneas do conceito de alegria. (c) conscientizar a população sobre grave problema de saúde
(c) estilos de vida inacessíveis para a sociedade brasileira. pública.
(d) atitudes contraditórias de influenciadores digitais. (d) propor campanhas para a ampliação de acesso aos serviços
(e) padrões idealizados e nocivos de beleza física. públicos.
(e) responsabilizar os agentes públicos pela demora na tomada
99. 2022 Criado há cerca de 20 anos na Califórnia, o
de decisões.
mountainboard é um esporte de aventura que utiliza uma
espécie de skate off-road para realizar manobras simila- 101. 2022 Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de
res às das modalidades de snowboard, surf e do próprio dentro de um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para
skate. A atividade chegou ao Brasil em 1997 e hoje pos- criá-la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhe-
sui centenas de praticantes, um circuito nacional respei- cida. Ao recebê-la, a mulher perguntou o que a garotinha
tável e mais de uma dezena de pistas espalhadas pelo gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe vi-
país. Segundo consta na história oficial, o mountainboard rou as costas, no entanto, a fulana amassou a lista e, como
foi criado por praticantes de snowboard que sentiam falta uma vilã de folhetim, decretou: “A partir de hoje, você não
de praticar o esporte nos períodos sem neve. Para isso, vai mais nem sentir o cheiro dessas comidas!”.
eles desenvolveram um equipamento bem simples: uma Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando rece-
prancha semelhante ao modelo utilizado na neve (menor beu a carta de uma prima com uma nota de cem cruzei-
e um pouco menos flexível), com dois eixos bem resis- ros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus
tentes, alças para encaixar os pés e quatro pneus com para São Paulo.
câmaras de ar para regular a velocidade que pode ser Todas as vezes que eu e minha irmã a importunáva-
alcançada em diferentes condições. Com essa configura- mos com nossas demandas de criança mimada, ela nos
ção, o esporte se mostrou possível em diversos tipos de contava histórias da infância de gata borralheira, fazia-nos
terreno: grama, terra, pedras, asfalto e areia. Além desses apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa”
pisos, também é possível procurar pelas próprias trilhas com um rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha:
para treinar as manobras. “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”.
Disponível em: www.webventure.com.br. Acesso em: 19 jun. 2019. PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013 (adaptado).

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Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assu- comunicação, engenheiros e tecnólogos vêm trabalhando
me um efeito expressivo decorrente da no desenvolvimento do projeto Mural Eletrônico.
(a) citação a referências literárias tradicionais. O Mural Eletrônico nasceu da necessidade de pro-
(b) alusão à inocência das crianças da época. mover a inclusão nas escolas. Com interface multimídia
(c) estratégia de questionar a bondade humana. e interativa, todos têm a possibilidade de acessar o Mural
(d) descrição detalhada das pessoas do interior. Eletrônico. Por meio do equipamento, podem ser disponi-
(e) representação anedótica de atos de violência. bilizados vídeos com Libras, leitura sonora de textos, que
também estarão acessíveis em uma plataforma de braille
102. 2022 O Recife fervilhava no começo da década de dinâmico, ao lado do teclado.
1990, e os artistas trabalhavam para resgatar o prestígio da KIFFER, D. Inclusão ampla e irrestrita. Rio Pesquisa, n. 36, set. 2016 (adaptado).
cultura pernambucana. Era preciso se inspirar, literalmente,
Texto II
nas raízes sobre as quais a cidade se construiu. Foi aí que,
em 1992, com a publicação de um manifesto escrito pelo Projeto Surdonews, desenvolvido na UFRJ, garante
músico e jornalista Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre acesso de surdos à informação e contribui para
S/A, nasceu o manguebeat. O nome vem de “mangue”, vege- sua “inclusão científica”
tação típica da região, e “beat”, para representar as batidas e Para não permitir que a falta de informação seja um
as influências musicais que o movimento abraçaria a partir fator para o isolamento e a inacessibilidade da comuni-
dali. Era a hora e a vez de os caranguejos — aos quais os dade surda, a jornalista e pesquisadora Roberta Savedra
músicos recifenses gostavam de se comparar — mostrarem Schiaffino criou o projeto “Surdonews: montando os
as caras: o maracatu e suas alfaias se misturaram com as quebra-cabeças das notícias para o surdo”. Trata-se de
batidas do hip-hop, as guitarras do rock, elementos eletrô- uma página no Facebook, com notícias constantemente
nicos e o sotaque recifense de Chico Science. A busca pelo atualizadas e apresentadas por surdos em Libras, e vei-
novo rendeu uma perspectiva diferente do Brasil ao olhar culadas por meio de vídeos.
para o Recife. A cidade deixou de ser o lugar apenas do frevo A ideia de criar o projeto surgiu quando Roberta, ela
e do carnaval, transformando-se na ebulição musical que própria surda profunda, ainda cursava o mestrado. Para
continua a acontecer mesmo após os 25 anos do lançamen- isso, ela procurou traçar um diagnóstico do conhecimen-
to do primeiro disco da Nação Zumbi, Da lama ao caos. to informal entre as pessoas com surdez. Ela entrevistou
FORCIONI, G. et al. O mangue está de volta. Revista Esquinas, n. 87, set. 2019 (adaptado). cinquenta alunos surdos do ensino fundamental e viu que
Chico Science foi fundamental para a renovação da música pernam- eles tinham muita dificuldade de ler, além de não captar
bucana, fato que se deu pela a notícia falada. “Isso é muito grave, pois 90% do saber de
(a) utilização de aparelhos musicais eletrônicos em lugar dos um indivíduo vem do conhecimento informal, adquirido
instrumentos tradicionais. em feiras científicas, conversas, cinema, teatro, incluindo
(b) ocupação de espaços da natureza local para a produção de a mídia, por todas as suas possibilidades disseminadoras”,
eventos musicais memoráveis. explica a pesquisadora. “Prezamos pelo conteúdo científi-
(c) substituição de antigas práticas musicais, como o frevo, por co em nossas pautas. Contudo, independentemente disso,
melodias e harmonias inovadoras. nosso principal trabalho é, além de informar e atualizar,
(d) recuperação de composições tradicionais folclóricas e sua fazer com que os textos não sejam empobrecidos no pro-
apresentação em grandes festivais. cesso de ‘tradução’ e, sim, acessíveis”.
(e) integração de referenciais culturais de diferentes origens, KIFFER, D. Comunicação sem barreiras. Rio Pesquisa, n. 37, dez. 2016 (adaptado).
criando uma nova combinação estética. Considerando-se o tema tecnologias e acessibilidade, os textos
I e II aproximam-se porque apresentam projetos que
103. 2022
(a) garantem a igualdade entre as pessoas.
Texto I (b) foram criados por uma pesquisadora surda.
Projeto Mural Eletrônico desenvolvido no INT, (c) tiveram origem em um curso de pós-graduação.
semelhante a um totem, promete tornar o acesso à (d) estão circunscritos ao espaço institucional da escola.
informação disponível para todos (e) têm como objetivo a disseminação do conhecimento.
A inclusão de pessoas com deficiência se constituiu
um dos principais desafios e preocupações para a socie- 104. 2022 Mas seu olhar verde, inconfundível, impres-
dade ao longo das últimas décadas. E o uso da tecnolo- sionante, iluminava com sua luz misteriosa as sombrias
gia tem se revelado um aliado fundamental em muitas arcadas superciliares, que pareciam queimadas por ela,
iniciativas voltadas para essa área. Exemplo disso é uma dizia logo a sua origem cruzada e decantada através das
das recentes criações do Instituto Nacional de Tecnologia misérias e dos orgulhos de homens de aventura, contado-
(INT) — unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, res de histórias fantásticas, e de mulheres caladas e sofre-
Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Ali, com doras, que acompanhavam os maridos e amantes através
o objetivo de que as diferenças entre pessoas não sejam das matas intermináveis, expostas às febres, às feras, às
sinônimo de obstáculos no acesso à informação ou na cobras do sertão indecifrável, ameaçador e sem fim, que

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elas percorriam com a ambição única de um “pouso” onde instrução, escolaridade, letramento digital etc. Os que de-
pudessem viver, por alguns dias, a vida ilusória de família têm tais recursos (os mais escolarizados) são os que mais
e de lar, sempre no encalço dos homens, enfebrados pela acessam a rede e também os que possuem maior índice
procura do ouro e do diamante. de acumulatividade das práticas. A análise dos dados nos
PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. possibilita dizer que a falta de acesso à rede repete as mes-
Ao descrever os olhos de Maria Santa, o narrador estabelece corre- mas adversidades e exclusões já verificadas na sociedade
lações que refletem a brasileira no que se refere a analfabetos, menos escolari-
(a) caracterização da personagem como mestiça. zados, negros, população indígena e desempregados. Isso
significa dizer que a internet, se não produz diretamente
(b) construção do enredo de conquistas da família.
a exclusão, certamente a reproduz, tendo em vista que os
(c) relação conflituosa das mulheres e seus maridos.
que mais a acessam são justamente os mais jovens, es-
(d) nostalgia do desejo de viver como os antepassados.
colarizados, remunerados, trabalhadores qualificados, ho-
(e) marca de antigos sofrimentos no fluxo de consciência.
mens e brancos.
105. 2022 É ruivo? Tem olhos azuis? É homem ou mu- SILVA, F. A. B.; ZIVIANE, P.; GHEZZI, D. R. As tecnologias digitais e
seus usos. Brasília; Rio de Janeiro: Ipea, 2019 (adaptado).
lher? Usa chapéu? Quem jogou Cara a Cara na infância
sabe de cor o roteiro de perguntas para adivinhar quem é Ao analisarem a correlação entre os hábitos e o perfil socioeconômi-
o personagem misterioso do seu oponente. co dos usuários da internet no Brasil, os pesquisadores
Agora, o jogo está prestes a ganhar uma nova versão. (a) apontam o desenvolvimento econômico como solução para
A designer polonesa Zuzia Kozerska-Girard está desenvol- ampliar o uso da rede.
vendo uma variação do Guess Who? (nome do Cara a Cara (b) questionam a crença de que o acesso à informação é igua-
em inglês), em que as personalidades do tabuleiro são, na litário e democrático.
verdade, mulheres notáveis da história e da atualidade, (c) afirmam que o uso comercial da rede é a causa da exclusão
como a artista Frida Kahlo, a ativista Malala Yousafzai, de minorias.
a astronauta Valentina Tereshkova e a aviadora Amelia (d) refutam o vínculo entre níveis de escolaridade e dificuldade
Earhart. O Who’s She? (“Quem é ela?”, em português) traz, de acesso.
no total, 28 mulheres que representam diversas profissões, (e) condicionam a expansão da rede à elaboração de políticas
nacionalidades e idades. inclusivas.
A ideia é que, em vez de perguntar sobre a aparên-
107. 2022
cia das personagens, as questões sejam direcionadas aos
Texto I
feitos delas: ganhou algum Nobel, fez alguma descoberta?
A língua não é uma nomenclatura, que se apõe a
Para cada personagem há um cartão com fatos divertidos
uma realidade pré-categorizada, ela é que classifica a
e interessantes sobre sua vida. Uma campanha entrou no realidade. No léxico, percebe-se, de maneira mais imedia-
ar com o objetivo de arrecadar dinheiro para desenvolver ta, o fato de que a língua condensa as experiências de um
o Who’s She? A meta inicial era reunir 17 mil dólares. Oito dado povo.
dias antes de a campanha acabar, o projeto já angariou FIORIN, J. L. Língua, modernidade e tradição. Diversitas, n. 2, mar.-set. 2014.
quase 350 mil dólares.
Texto II
A chegada do jogo à casa do comprador varia de acor-
As expressões coloquiais ainda estão impregnadas de
do com a quantia doada — quanto mais você doou, mais
discriminação contra os negros. Basta recordar algumas
rápido vai poder jogar.
delas, como passar um “dia negro”, ter um “lado negro”,
Disponível em: www.super.abril.com.br. Acesso em: 4 dez. 2018 (adaptado).
ser a “ovelha negra” da família ou praticar “magia negra”.
Ao divulgar a adaptação do jogo para questões relativas a Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 22 maio 2018.
ações e habilidades de mulheres notáveis, o texto busca
O Texto II exemplifica o que se afirma no Texto I, na medida em
(a) contribuir para a formação cidadã dos jogadores.
que defende a ideia de que as escolhas lexicais são resultantes
(b) refutar modelos estereotipados de beleza e elegância.
de um
(c) estimular a competitividade entre potenciais compradores.
(a) expediente próprio do sistema linguístico que nos apre-
(d) exemplificar estratégias de arrecadação financeira pela senta diferentes possibilidades para traduzir estados de
internet. coisas.
(e) desenvolver conhecimentos lúdicos específicos dos tempos (b) ato inventivo de nomear novas realidades que surgem dian-
atuais. te de uma comunidade de falantes de uma língua.
106. 2022 São vários os fatores, internos e externos, que (c) mecanismo de apropriação de formas linguísticas que estão
influenciam os hábitos das pessoas no acesso à internet, no acervo da formação do idioma nacional.
assim como nas práticas culturais realizadas na rede. A (d) processo de incorporação de preconceitos que são recor-
utilização das tecnologias de informação e comunicação rentes na história de uma sociedade.
está diretamente relacionada aos aspectos como: conhe- (e) recurso de expressão marcado pela objetividade que se
cimento de seu uso, acesso à linguagem letrada, nível de requer na comunicação diária.

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108. 2022 Pisoteamento, arrastão, empurra-empurra, um motivo pouco citado, demonstrando que a não prática
agressões, vandalismo e até furto a um torcedor que es- estaria menos associada à infraestrutura disponível.
tava caído no asfalto após ser atropelado nas imediações Disponível em: www.esporte.gov.br. Acesso em: 9 ago. 2017 (adaptado).

do estádio do Maracanã. As cenas de selvageria tiveram Com base na pesquisa e em uma visão ampliada de saúde, para a
como estopim a invasão de milhares de torcedores sem prática regular de exercícios ter influência significativa na saúde dos
ingresso, que furaram o bloqueio policial e transforma- brasileiros, é necessário o desenvolvimento de estratégias que
ram o estádio em terra de ninguém. Um reflexo não só do (a) promovam a melhoria da aptidão física da população, dedi-
quadro de insegurança que assola o Rio de Janeiro, mas cando-se mais tempo aos esportes.
também de como a violência social se embrenha pelo es- (b) combatam o sedentarismo presente em parcela significativa
porte mais popular do país. Em 2017, foram registrados da população no território nacional.
104 episódios de violência no futebol brasileiro, que re- (c) facilitem a adoção da prática de exercícios, com ações rela-
sultaram em 11 mortes de torcedores. Desde 1995, quan- cionadas à educação e à distribuição de renda.
do 101 torcedores ficaram feridos e um morreu durante (d) auxiliem na construção de mais instalações esportivas e espa-
uma batalha campal no estádio do Pacaembu, autorida- ços adequados para a prática de atividades físicas e esportes.
des têm focado as ações de enfrentamento à violência no (e) estimulem o incentivo fiscal para a iniciativa privada desti-
futebol em grupos uniformizados, alguns proibidos de nar verbas aos programas nacionais de promoção da saúde
frequentar estádios. Porém, a postura meramente repres- pelo esporte.
siva contra torcidas organizadas é ineficaz em uma so-
ciedade que registra mais de 61 000 homicídios por ano. 110. 2022 Ciente de que, no campo da criação, as ino-
“É impossível dissociar a escalada de violência no futebol vações tecnológicas abrem amplo leque de possibilidades
do panorama de desordem pública, social, econômica e — ao permitir, e mesmo estimular, que o artista explore a
política vivida pelo país”, de acordo com um doutor em fundo, em seu processo criativo, questões como a aleato-
sociologia do esporte. riedade, o acaso, a não linearidade e a hipermídia —, Leo
Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado). Cunha comenta que, no que tange ao campo da divul-
gação, as alternativas são ainda mais evidentes: “Afinal,
Nesse texto, a violência no futebol está caracterizada como um(a)
é imensa a capacidade de reprodução, multiplicação
(a) problema social localizado numa região do país.
e compartilhamento das obras artísticas/culturais. Ao
(b) desafio para as torcidas organizadas dos clubes.
mesmo tempo, ganham dimensão os dilemas envolvi-
(c) reflexo da precariedade da organização social no país.
dos com a questão da autoria, dos direitos autorais, da
(d) inadequação de espaço nos estádios para receber o público.
reprodução e intervenção não autorizadas, entre outras
(e) consequência da insatisfação dos clubes com a organização
questões”. Já segundo a professora Yacy-Ara Froner, o uso
dos jogos.
de ferramentas tecnológicas não pode ser visto como um
fim em si mesmo. Isso porque computadores, samplers,
109. 2022 Seis em cada dez pessoas com 15 anos ou
programas de imersão, internet e intranet, vídeo, televi-
mais não praticam esporte ou atividade física. São mais
são, rádio, GPD etc. são apenas suportes com os quais os
de 100 milhões de sedentários. Esses são dados do estudo
artistas exercem sua imaginação.
Práticas de esporte e atividade física, da Pnad 2015, realizado
SILVA JR., M. G. Movidas pela dúvida. Minas faz Ciências,
pelo IBGE. A falta de tempo e de interesse são os principais n. 52, dez.-fev. 2013 (adaptado).
motivos apontados para o sedentarismo. Paralelamente, Segundo os autores citados no texto, a expansão de possibilidades
73,3% das pessoas de 15 anos ou mais afirmaram que o no campo das manifestações artísticas promovida pela internet
poder público deveria investir em esporte ou atividades pode pôr em risco o(a)
físicas. Observou-se uma relação direta entre escolarida- (a) sucesso dos artistas.
de e renda na realização de esportes ou atividades físicas. (b) valorização dos suportes.
Enquanto 17,3% das pessoas que não tinham instrução (c) proteção da produção estética.
realizavam diversas práticas corporais, esse percentual (d) modo de distribuição de obras.
chegava a 56,7% das pessoas com superior completo. Entre (e) compartilhamento das obras artísticas.
as pessoas que têm práticas de esporte e atividade física
regulares, o percentual de praticantes ia de 31,1%, na clas- 111. 2022 Ora, sempre que surge uma nova técnica, ela
se sem rendimento, a 65,2%, na classe de cinco salários quer demonstrar que revogará as regras e coerções que
mínimos ou mais. A falta de tempo foi mais declarada pela presidiram o nascimento de todas as outras invenções do
população adulta, com destaque entre as pessoas de passado. Ela se pretende orgulhosa e única. Como se a
25 a 39 anos. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, o nova técnica carreasse com ela, automaticamente, para
principal motivo foi não gostarem ou não quererem. Já seus novos usuários, uma propensão natural a fazer eco-
o principal motivo para praticar esporte, declarado por nomia de qualquer aprendizagem. Como se ela se prepa-
11,2 milhões de pessoas, foi relaxar ou se divertir, seguido rasse para varrer tudo que a precedeu, ao mesmo tempo
de melhorar a qualidade de vida ou o bem-estar. A falta transformando em analfabetos todos os que ousassem
de instalação esportiva acessível ou nas proximidades foi repeli-la.

52 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Fui testemunha dessa mudança ao longo de toda 113. 2021
a minha vida. Ao passo que, na realidade, é o contrá-
Que tal transformar a internet
rio que acontece. Cada nova técnica exige uma longa
em palco para a dança?
iniciação numa nova linguagem, ainda mais longa na
medida em que nosso espírito é formatado pela utili-
zação das linguagens que precederam o nascimento da
recém-chegada.
ECO, U.; CARRIÈRE, J.-C. Não contem com o fim do livro.
Rio de Janeiro: Record, 2010 (adaptado).

O texto revela que, quando a sociedade promove o desenvolvimen-


to de uma nova técnica, o que mais impacta seus usuários é a
(a) dificuldade na apropriação da nova linguagem.
(b) valorização da utilização da nova tecnologia.
(c) recorrência das mudanças tecnológicas.
(d) suplantação imediata dos conhecimentos prévios.
(e) rapidez no aprendizado do manuseio das novas invenções.

112. 2022
As línguas silenciadas do Brasil
Para aprender a língua de seu povo, o professor
Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que,
por diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua
patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu O coreógrafo e bailarino Didier Mulleras se desta-
fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a ca como um dos criadores que descobriram a dança
abandonar a própria língua para escapar da perseguição. de outro ponto de vista. Mini@tures é uma experiência
“Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do emblemática entre movimento, computador, internet e
Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das vídeo. Com os recursos da computação gráfica, a dança
nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”, conta das miniaturas pode caber na palma da mão. Pelo fato
Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas de usar a internet como palco, o processo de criação
Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de Porto das miniaturas de dança levou em consideração os li-
Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois, membros mites de tempo de download e o tamanho de arquivo,
da etnia retornaram ao antigo local e iniciaram um para que um número maior de “espectadores” pudes-
movimento de recuperação da língua patxôhã. Os filhos se assistir. A graça das miniaturas está justamente na
de Sameary Pataxó já são fluentes — e ela, que se mudou contaminação entre mídias: corpo/dança/computa-
quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um ção gráfica/internet. De fato, é a rede que faz a maior
pouco com eles. “É a nossa identidade. Você diz quem você diferença nesse grupo. Mini@tures explora uma nova
é por meio da sua língua”, afirma a professora de ensino dimensão que descobre o espaço-tempo da web e con-
fundamental sobre a importância de restaurar a língua
quista um novo território para a dança contemporâ-
dos pataxós. O patxôhã está entre as línguas indígenas
nea. A qualquer hora, dança on-line.
faladas no Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último SPANGHERO, M. A dança dos encéfalos acesos. São
censo. A publicação Povos indígenas no Brasil 2011/2016, Paulo: Itaú Cultural, 2003 (adaptado).
do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da Considerado o primeiro projeto de dança contemporânea con-
chegada dos portugueses, elas totalizavam mais de mil. cebido para a rede, esse trabalho é apresentado como inova-
Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 jun. 2019 (adaptado).
dor por
O movimento de recuperação da língua patxôhã assume um caráter (a) adotar uma perspectiva conceitual como contraposição à
identitário peculiar na medida em que
tradição de grandes espetáculos.
(a) denuncia o processo de perseguição histórica sofrida pelos
(b) criar novas formas de financiamento ao utilizar a internet
povos indígenas.
para divulgação das apresentações.
(b) conjuga o ato de resistência étnica à preservação da me-
(c) privilegiar movimentos gerados por computação gráfica,
mória cultural.
(c) associa a preservação linguística ao campo da pesquisa com a substituição do palco pela tela.
acadêmica. (d) produzir uma arte multimodal, com o intuito de ampliar as
(d) estimula o retorno de povos indígenas a suas terras de possibilidades de expressão estética.
origem. (e) redefinir a extensão e o propósito do espetáculo para adap-
(e) aumenta o número de línguas indígenas faladas no Brasil. tá-lo ao perfil de diferentes usuários.

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114. 2020 Digital O texto descreve características de uma tecnologia de infor-
Ponto morto mação e comunicação contemporânea, que têm se mostrado
A minha primeira mulher difíceis de identificar por causa da utilização de
se divorciou do terceiro marido. (a) linguagens comuns.
A minha segunda mulher (b) diferentes redes sociais.
acabou casando com a melhor amiga dela. (c) informações falsas.
A terceira (seria a quarta?) (d) opiniões políticas.
detesta os filhos do meu primeiro casamento. (e) figuras públicas.
Estes, por sua vez, não suportam os filhos
do terceiro casamento da minha primeira mulher. 116. 2020 Digital Cartas se caracterizam por serem
Confesso que guardo afeto pelas minhas ex-sogras. textos efêmeros, inscritas no tempo de sua produção e
Estava sozinho escritas, muitas vezes, no papel que se tem à mão. Por
quando um dos meus filhos acenou para mim no isso, frequentemente, salvo um esforço dos próprios
meio do engarrafamento. missivistas ou de terceiros, preocupados em preservá-
A memória demorou para engatar seu nome. -las, facilmente desaparecem, seja pelo corriqueiro de
Por segundos, a vida parou em ponto morto. seu conteúdo, seja pela sua fragilidade material. Nem
MASSI, A. A vida errada. Rio de Janeiro: 7Letras, 2001.
sempre é assim, porém. Temos assistido, nestas duas
No poema, a singularidade da situação representada é efeito décadas do século XXI, a um grande interesse pelas
da correlação entre chamadas écritures du moi (“escritas do eu”, na expres-
(a) a dissipação das identidades e a circulação de sujeitos são de Georges Gusdorf): nunca se estudaram tantas
anônimos. memórias, diários, cartas, quanto nesses últimos tem-
(b) as relações familiares e a dinâmica da vida no espaço urbano. pos. Publicações de memórias, diários, cartas sempre
(c) a constatação da incomunicabilidade e a solidão humana. houve. Estudos, no entanto, que os enxergassem como
(d) o trânsito caótico e o impedimento à expressão afetiva. objetos de pesquisa, e não como auxiliares para a in-
(e) os lugares de parentesco e o estranhamento social. terpretação da obra de um escritor, como protagonis-
tas, e não como coadjuvantes, eram raros.
115. 2020 Digital Nesse sentido, engana-se quem abre o volume
Estudo da FGV mostra que robôs Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre
infestam debate político no Brasil e Manuel Bandeira, lançado pela Global Editora, e julga
Um estudo divulgado pela Diretoria de Análise de deparar-se apenas com um livro de cartas. A organiza-
Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas afirma dora preocupou-se em contextualizar cada uma das 68
que perfis automatizados em redes sociais já são usa- cartas, em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de
dos em larga escala no debate político no Brasil — e reconstituição das condições de produção de cada uma
não para aprimorá-lo. Segundo a pesquisa, esses robôs delas, um verdadeiro resgate.
“se converteram em uma potencial ferramenta para a TIN, E. Diálogos intermitentes. Pesquisa Fapesp, n. 259, set. 2017.
manipulação de debates nas redes sociais”.
“Nas discussões políticas, os robôs têm sido usados De acordo com o texto, o gênero carta tem assumido a função
por todo o espectro partidário não apenas para con- social de material de cunho científico por
quistar seguidores, mas também para conduzir ata- (a) constituir-se em um registro pessoal do estilo de escrita
ques a opositores e forjar discussões artificiais. Eles de autores famosos.
manipulam debates, criam e disseminam notícias fal- (b) ser fonte de informações sobre os interlocutores envolvidos
sas e influenciam a opinião pública, postando e repli-
na interação.
cando mensagens em larga escala. O estudo demonstra
(c) assumir uma materialidade resistente ao aspecto efêmero
de forma clara o potencial danoso dessa prática para
a disputa política e o debate público”, diz o diretor da do tempo.
FGV/DAPP, Marco Aurélio Ruediger. (d) ser um registro de um momento histórico social mais amplo.
O estudo conclui que os robôs buscam imitar o (e) fazer parte do acervo literário do país.
comportamento humano e se passar como tal, de ma- 117. 2020 Digital A Em Forma é uma revista destinada
neira a interferir em debates espontâneos e criar dis-
às mulheres, às expectativas de consumo que podem
cussões forjadas. “Com esse tipo de manipulação, os
ser produzidas ou que se encontram no horizonte de
robôs criam a falsa sensação de amplo apoio político a
uma feminilidade urbana contemporânea impelida à
certa proposta, ideia ou figura pública.”
disputa no mercado afetivo masculino (as mulheres
Para a FGV, a participação ostensiva de robôs no
ambiente virtual tornou urgente a necessidade de iden- da Em Forma são jovens e heterossexuais). A Em Forma
tificar suas atividades e, consequentemente, diferen- tem como conteúdo central de suas reportagens dietas
ciar quais debates são legítimos e quais são forjados. e séries de exercícios, fármacos para a pele e o cabe-
GROSSMANN, L. O. Disponível em: www.convergenciadigital.
lo, com fins de embelezamento do corpo e cuidados
com.br. Acesso em: 25 ago. 2017. com a saúde, e reportagens com temas de autoajuda.

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Ela organiza-se em seções específicas: 1. Fitness; 2. Bele- (a) trazer para seu texto trecho que apresenta a palavra de
za; 3. Dieta e nutrição; 4. Bem-estar; e 5. Especial. Além uma autoridade na área.
dessas seções, apresenta sempre uma reportagem com (b) alertar para o fato de que o portador do vírus da aids é tido
a “Garota da capa” e outras minisseções que veiculam como um “merecedor”.
conteúdos similares aos das seções fixas. (c) tornar públicas estatísticas que comprovam o aumento no
ALBINO, B. S.; VAZ, A. F. O corpo e as técnicas para o embelezamento número de casos da doença.
feminino. Movimento, n. 1, 2008 (adaptado).
(d) informar que os jovens de hoje desconhecem os piores mo-
Considerando-se as expectativas sobre as feminilidades produ- mentos da epidemia de aids.
zidas pela mídia, na revista mencionada a prática de exercícios (e) comprovar que as informações sobre a doença e seu trata-
tem corroborado para a construção de uma feminilidade mento são inacessíveis a todos.
(a) plural, que prioriza a saúde, o bem-estar e a beleza.
119. 2020
(b) hegemônica, que normatiza a heterossexualidade e a
Relatos de viagem: nas curvas
jovialidade.
da Nacional 222, em Portugal
(c) heterogênea, prevendo a existência de corpos com dife-
rentes formas. Em abril deste ano, fomos a Portugal para uma via-
(d) padronizada, que privilegia a autonomia das mulheres sobre gem de um mês que esperávamos há um ano. Pois no
seu estilo de vida. dia 4 de maio, chegávamos ao Aeroporto Francisco Sá
(e) cristalizada, desconsiderando as expectativas de consumo Carneiro, no Porto. Que linda a “antiga, muy nobre, sem-
pre leal e invicta” cidade do Porto! “Encantei-me”, diriam
na contemporaneidade.
eles... pelas belas paisagens, construções históricas com
118. 2020 Digital lindas fachadas, parques e praças muito bem cuidados.
Como o preconceito contribui para o Os tripeiros, sinônimo de portuenses, têm orgulho
aumento da epidemia de aids de sua cidade, apelidada de Invicta – nunca foi invadi-
da. E valorizam tudo o que há de bom ali, como “a me-
Apesar dos avanços da medicina, a mentalidade em
lhor estrada para se dirigir do mundo”, a Nacional 222.
relação à aids e ao HIV continua na década de 1980. Pois na manhã do 25 de abril, dia da Revolução dos
O último Boletim Epidemiológico do Ministério da Cravos, resolvemos conhecer a tal maravilha. A cada
Saúde, de 2016, mostrou que os casos de HIV entre 10 km tínhamos que encostar: corríamos, dançáva-
os jovens no Brasil aumentaram consideravelmente. mos, tomávamos chocolate quente, sopa, tudo que fos-
O problema avançou: das 32 321 novas infecções por se quentinho. E lá íamos para mais uma etapa. Uma
HIV registradas em 2015, 24,8% aconteceram com aventura deliciosa. Depois de três horas – mais ou me-
pessoas entre 15 e 24 anos. nos o dobro do tempo necessário, não fossem as para-
Muitos apontam como causa o fato de que os das para aquecimento –, chegamos a casa! Congelados,
adolescentes não conviveram com o auge da epide- mas maravilhados e invictos!
mia. Mas, para os especialistas, a questão é bem mais Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).
complexa. “Continuamos com essa visão hipócrita de Nesse texto, busca-se seduzir o leitor por meio da exploração
que falar sobre sexo incita os mais jovens, e não da- de uma voz externa sobre a identidade histórica do povo por-
mos ferramentas para que eles tomem decisões mais tuguês. O trecho que evidencia esse procedimento argumen-
seguras em relação à sexualidade”, afirma Georgiana tativo é
Braga-Orillard, diretora do Unaids, programa conjun- (a) “Que linda a ‘antiga, muy nobre, sempre leal e invicta’ cidade
to da ONU sobre HIV e aids, que tem como meta aca- do Porto!”.
bar com a epidemia até 2030. (b) “‘Encantei-me’, diriam eles... pelas belas paisagens, constru-
A questão do preconceito não pode ser separada de ções históricas com lindas fachadas [...]”.
uma síndrome estigmatizante como a aids. Leis como (c) “Os tripeiros, sinônimo de portuenses, têm orgulho de sua
a que garante o tratamento gratuito pelo SUS e a que cidade [...]”.
penaliza atos de discriminação ajudam, mas não são (d) “E valorizam tudo o que há de bom ali, como ‘a melhor es-
suficientes para mudar a mentalidade da sociedade, trada para se dirigir do mundo’ [...]”.
que ainda enxerga quem vive com o vírus como um (e) “Pois na manhã do 25 de abril, dia da Revolução dos Cravos,
“merecedor”. Além disso, o acesso à saúde e à orienta- resolvemos conhecer a tal maravilha”.
ção não é igual para todos.
120. 2020
Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br. Acesso em: 2 set. 2017 (adaptado).
Hino à Bandeira
Essa reportagem discute o preconceito de não se falar aber-
tamente sobre sexo com os mais jovens como um fator res- Em teu seio formoso retratas
ponsável pelo avanço do número de casos de aids no Brasil. A Este céu de puríssimo azul,
estratégia usada pelo repórter para tentar desconstruir esse A verdura sem par destas matas,
preconceito é E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 55

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*010275AM18*
Contemplando o teu vulto sagrado, 122. 2020 O suor para estar em competições nacionais
Compreendemos o nosso dever, e internacionais
Questão 44 de alto nível é o mesmo para homens Questão 45
E o Brasil por seus filhos amado, e mulheres, mas
suor não
para raramente
estar em competi as remunerações
es nacionais e são
omos alar com o tal
Poderoso e feliz há de ser! menores para elas.
internacionais Se no
de alto níveltênis, um dos
o mesmo paraesportes
omens emais
mul eresem mas n o raramente as remunera engen eiro depois com
equânimes termos de gênero, todos os es s o
principais
Sobre a imensa Nação Brasileira, menores para elas. e no t idênticos
nis um dos nasesportes c
mais fe- amar um engen eiro d
torneios oferecem prêmios disputas
Nos momentos de festa ou de dor, equ nimes em termos de g nero todos os principais omens s o da sua comp
mininas e masculinas, no futebol a desigualdade atin-
torneios o erecem pr mios id nticos nas disputas est o pedindo a conta.
Paira sempre sagrada bandeira ge seu ápice. Neymar e Marta são dois expoentes dessa
emininas e masculinas no utebol a desigualdade atinge nessa ponte gente alo
Pavilhão da justiça e do amor! paixão nacional. Ela já foi eleita cinco vezes a melhor
seu pice. Ne mar e arta s o dois e poentes dessa
jogadora podem sair assim sem m
BILAC, O.; BRAGA, F. Disponível em: www2.planalto.gov.br. pai odonacional.
mundo la pela Fifa. Elecinco
oi eleita conquistou o terceiro
ve es a mel or
Acesso em: 10 dez. 2017 (fragmento).
lugarogadora
na última votação para melhor do mundo. serra circular cortando u
Mas
do mundo pela i a. le conquistou o terceiro
No Hino à Bandeira, a descrição é um recurso utilizado para é na lugar
contana bancária
ltima vota queo para
a mel or do mundo.
diferença entre as na só
os dois se dava pra alar quando
exaltar o símbolo nacional na medida em que conta banc ria que a di eren a entre os dois se sobressai. dando nos nervos.
sobressai.
(a) remete a um momento futuro. alei que a gente tin
(b) promove a união dos cidadãos. gente quisesse e pronto
(c) valoriza os seus elementos. de paletó mas sem grav
(d) emprega termos religiosos. alando e a serra cortand
(e) recorre à sua história. olts aproveitou uma
a gente n o era bic o pr
121. 2020 A vida às vezes é como um jogo brincado
o supervisor alou que
na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira
davam um eito. enge
bem quente e não sabemos que a qualquer momento
de vinte compan ias trab
pode chegar um mais velho a avisar que a brincadeira
com pre uí o porque era
já acabou e está na hora de jantar. A vida afinal acon-
a gente tin a de acabar
tece muito de repente – nunca ninguém nos avisou
nunca ia esquecer nosso
que aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória.
um orgul o nacional.
O Carnaval também chegava sempre de repente. Nós,
as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem
nunca sabermos dos calendários de verdade. [...] O “dia s reivindica es dos op
isponível em ttp apublica.org.
Disponível em: http://apublica.org. Acesso em: cesso em 2017
9 ago. ago. (adaptado).
adaptado .
da véspera do Carnaval”, como dizia a avó Nhé, era aviltantes de trabal o a q
esporte uma mani esta o cultural na qual se
dia de confusão com roupas e pinturas a serem pre- O esporte é uma manifestação cultural na qual se estabelecem
estabelecem rela es sociais. onsiderando o te to o algumas tentativas de neu
paradas, sonhadas e inventadas. Mas quando aconte- relações sociais. Considerando o texto, o futebol é uma moda- do empregador das quais
utebol uma modalidade que
cia era um dia rápido, porque os dias mágicos passam lidade que
depressa deixando marcas fundas na nossa memória, A apresenta pro imidades com o t nis no que tange s A sequ ncia de atribui
(a) apresenta proximidades com o tênis, no que tange às rela-
que alguns chamam também de coração. rela es de g nero entre omens e mul eres. poder decisório a terce
ções de gênero entre homens e mulheres.
ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.
B se caracteri a por uma identidade masculina no
(b) se caracteriza
rasil con por uma
erindo identidade
maior remunera masculina no Brasil, con- solicita o em nome d
o aos ogadores.
B
As significações afetivas engendradas no fragmento pressu- ferindo
C tra maior remuneração
remunera es aosaosogadores
jogadores.e ogadoras para entrega da obra.
põem o reconhecimento da (c) traz remunerações,
proporcionais aos aos jogadores
seus es ore os
jogadoras, proporcionais
no treinamento C intimida o pela discre
(a) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa. esportivo.
aos seus esforços no treinamento esportivo. seguran a na cena.
(b) suspensão da linearidade temporal da narração. D resulta
(d) resulta em mel
em melhor or efici para
eficiência ncia as
para as mule,eres
mulheres e
consequen-
(c) tentativa de materializar lembranças da infância. consequentemente em remunera o mais alta s D promessa de imedia
temente, em remuneração mais alta às jogadoras.
(d) incidência da memória sobre as imagens narradas. ogadoras. se ual dos oper rios.
(e) possui jogadores e jogadoras com a mesma visibilidade, ape-
(e) alternância entre impressões subjetivas e relatos factuais. E possui ogadores e ogadoras com a mesma
sar de haver expoentes femininas E apelo pela identifica o
visibilidade apesar de aver e de destaque,
poentes comodeMarta.
emininas
destaque como arta. amor patriótico.
Veja também em:
dia aderno gina
Educação Física | Esporte e espetáculo
Livro 2 | Frente única | Capítulo 8

56 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

REDAÇÃO
REDAÇÃO 2022
Proposta de redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Desafios para a valorização de
comunidades e povos tradicionais no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

Textos motivadores

Texto I
Você sabe quais são as comunidades e os povos tradicionais brasileiros? Talvez indígenas e quilombolas sejam os
primeiros que passam pela cabeça, mas, na verdade, além deles, existem 26 reconhecidos oficialmente e muitos outros
que ainda não foram incluídos na legislação.
São pescadores artesanais, quebradeiras de coco babaçu, apanhadores de flores sempre-vivas, caatingueiros, extrativis-
tas, para citar alguns, todos considerados culturalmente diferenciados, capazes de se reconhecerem entre si.
Para uma pesquisadora da UnB, essas populações consideram a terra como uma mãe, e há uma relação de recipro-
cidade com a natureza. Nessa troca, a natureza fornece “alimento, um lugar saudável para habitar, para ter água. E elas
se responsabilizam por cuidar dela, por tirar dela apenas o suficiente para viver bem e respeitam o tempo de regeneração
da própria natureza”, diz.
Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 17 jun. 2022 (adaptado).

Texto II

Estados com a maior concentração de famílias

Povos tradicionais do Brasil


Indígena Pescador
AM 43.264 PA 40.123
MS 21.507 MA 33.085
RR 15.316 BA 30.920

Quilombola Povos de terreiro


BA 43.009 BA 1.883
MA 39.316 PI 856
PA 15.282 CE 603

Cigano Ribeirinho
BA 1.538 BA 50.316
GO 643 AM 16.507
MG 556 BA 9.670

Extrativista
PA 11.826
AM 9.772
MA 7.190
Fonte: Ministério Público Federal. Infográfico elaborado em: 25/10/2019. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 17 jun. 2022 (adaptado).

REDAÇÃO 57

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Texto III
Povos e comunidades tradicionais
O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) preside, desde 2007, a Comissão Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), criada em 2006. Fruto dos trabalhos da CNPCT, foi ins-
tituída, por meio do Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2017, a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável
dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT). A PNPCT foi criada em um contexto de busca de reconhecimento
e preservação de outras formas de organização social por parte do Estado.
Disponível em: http://mds.gov.br. Acesso em: 17 jun. 2022 (adaptado).

Texto IV

Carta da Amazônia 2021


Aos participantes da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26)

Não podia ser mais estratégico para nós, Povos Indígenas, Populações e Comunidades Tradicionais brasileiras, reafir-
marmos a defesa da sociobiodiversidade amazônica neste momento em que o mundo volta a debater a crise climática
na COP26. Uma crise que atinge, em todos os contextos, os viventes da Terra!
Nossos territórios protegidos e direitos respeitados são as reivindicações dos movimentos sociais e ambientais
brasileiros.
Não compactuamos com qualquer tentativa e estratégia baseada somente na lógica do mercado, com empresas que
apoiam legislações ambientais que ameaçam nossos direitos e com mecanismos de financiamento que não condizem
com a realidade dos nossos territórios.
Propomos o que temos de melhor: a experiência das nossas sociedades e culturas históricas, construídas com base
em nossos saberes tradicionais e ancestrais, além de nosso profundo conhecimento da natureza.
Inovação, para nós, não pode resultar em processos que venham a ameaçar nossos territórios, nossas formas tradi-
cionais e harmônicas de viver e produzir.
Amazônia, Brasil, 20 de outubro de 2021.
Entidades signatárias: CNS; Coiab; Conaq; MIQCB; Coica; ANA Amazônia e Confrem
Disponível em: https://s3.amazonaws.com. Acesso em: 17 jun. 2022 (adaptado).

REDAÇÃO 2021
Proposta de redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Invisibilidade e registro civil: garantia
de acesso à cidadania no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

Textos motivadores
Texto I
Toda sexta-feira, o ônibus azul e branco estacionado no pátio da Vara da Infância e da Juventude, na Praga
Onze, Centro do Rio, sacoleja com o entra e sai de gente a partir das 9 h. Do lado de fora, nunca menos de 50 pes-
soas, todas pobres ou muito pobres, quase todas negras, cercam o veículo, perguntam, sentam e levantam, pergun-
tam de novo e esperam sem reclamar o tempo que for preciso. Adultos, velhos e crianças estão ali para conseguir
o que, no Brasil, é oficialmente reconhecido como o primeiro documento da vida – a certidão de nascimento. [...]
Ao longo do discurso desses entrevistados, fica clara a forma como os usuários se definem: “zero à esquerda”,
“cachorro”, “um nada”, “pessoa que não existe”, entre outras, todas são expressões que conformam claramente a
ideia da pessoa sem registro de nascimento sobre si mesma como uma pessoa sem valor, cuja existência nunca foi ofi-
cialmente reconhecida pelo Estado.
ESCOSSIA, F. M. Invisíveis: uma etnografia sobre identidade, direitos e cidadania nas trajetórias de brasileiros sem documento.
Tese (Doutorado em História, Política e Bens Culturais). Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 2019.

Texto II
A Lei No 9 534 de 1997 tornou o registro de nascimento gratuito no Brasil. Só que o problema persiste, mos-
trando que essa exclusão é complexa e não se explica apenas pela dificuldade financeira em pagar pelo registro,
por exemplo.

58 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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REDAÇÃO 2020 DIGITAL
Texto I
Na década de 1970, o Brasil não era apenas um país
pobre. A maior parte dos seus municípios era habita-
da por elevada concentração de pobres, e a carência
de serviços essenciais era generalizada. Nos últimos
quarenta anos, ocorreu sensível melhora nas condi-
ções de vida das cidades brasileiras. A renda per capita
aumentou, a concentração de pobres diminuiu e a co-
bertura de serviços de infraestrutura física, bem como
a oferta de médicos e os níveis de escolaridade melho-
raram sensivelmente. Entretanto, a desigualdade de
riqueza entre os municípios brasileiros permaneceu
rigorosamente estável, a desigualdade territorial da
concentração da pobreza aumentou e diminuíram as
desigualdades no acesso a serviços básicos de energia
elétrica, água e esgoto, coleta de lixo e níveis de esco-
laridade. A trajetória da melhora teve, contudo, mar-
cada expressão regional. Nos últimos quarenta anos,
ela se iniciou nos municípios mais ricos, nos quais a
universalização dos serviços antecede – em muito –
a expansão da cobertura aos demais. A melhora das
coberturas nas Regiões Sul e Sudeste constitui o pri-
Fonte: IBGE (Dados de 2015)
meiro ciclo de expansão para todas as políticas, ainda
Disponível em: https://estudio.r7.com/. Acesso em: 22 jul. 2021 (adaptado).
que com ritmos diferentes para cada política setorial.
Texto III A melhora da cobertura para as Regiões Sul e Centro-
A certidão de nascimento é o primeiro e o mais -Oeste constitui o segundo ciclo de expansão para to-
das as políticas. Por fim, as Regiões Norte e Nordeste
importante documento do cidadão. Com ele, a pessoa
são a última área de expansão da oferta de serviços.
existe oficialmente para o Estado e a sociedade. Só de
ARRETCHE, M. Trazendo o conceito de cidadania de volta: a
posse da certidão é possível retirar outros documentos propósito das desigualdades territoriais. In: ARRETCHE, M. (Org.).
civis, como a carteira de trabalho, a carteira de identi- Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos
cinquenta anos. São Paulo: Ed. Unesp/CEM, 2015 (adaptado).
dade, o título de eleitor e o Cadastro de Pessoa Física
(CPF). Além disso, para matricular uma criança na es- Texto II
cola e ter acesso a benefícios sociais, a apresentação do
documento é obrigatória. Produto Interno Bruto (PIB)
Disponível em: http://www.senado.leg.br/. Acesso em: 21 jul. 2021.

Texto IV
Participação das Grandes Regiões no PIB (%)

–2,29%

56,7 55,4

–4,14%
3,08% 9,09%
14,89%

16,9 16,2
13 13,4
8,8 9,6
4,7 5,4

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Variação

2002

Disponível em: https://www.ufrgs.br/humanista. Acesso em: 26 jul. 2021 (adaptado). 2011

REDAÇÃO 59

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Texto III
Índice de Desenvolvimento O IBGE divulgou dados sobre a renda em cada es-
Humano (IDH) tado em 2019. A pesquisa mostrou uma disparidade
grande entre as diferentes unidades da federação. Dis-
trito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro aparecem como
1991
os locais com maior rendimento domiciliar per capita.
Norte
Além de mostrar as distâncias entre cada estado, os
Nordeste números do IBGE revelam disparidades expressivas en-
tre as regiões brasileiras no ano de 2019. Em especial,
Centro-Oeste
fica evidente o menor rendimento por pessoa em es-
Sudeste
tados das Regiões Norte e Nordeste. Todos os estados
Sul das Regiões Norte e Nordeste tiveram rendimentos per
capita menores que os estados das Regiões Sul, Sudes-
te e Centro-Oeste em 2019. Isso significa que os 16 es-
2000 tados do Brasil com menor renda domiciliar per capita
0,800 – 1 foram os 16 estados pertencentes às Regiões Norte e
0,700 – 0,799 Nordeste. Da mesma forma, as 11 unidades com maior
rendimento em 2019 são as que compõem Sul, Sudeste
0,600 – 0,699
e Centro-Oeste.
0,500 – 0,599
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br.
0,000 – 0,499 Acesso em: 30 set. 2020 (adaptado).

Texto IV
Qual momento específico da ocupação do território brasi-
2010 leiro acentuou de modo mais relevante as desigualdades
sociais?
Santos – A globalização. Ela representa mudanças bru-
tais de valores. Os processos de valorização e desva-
lorização eram relativamente lentos. Agora há um
processo de mudança de valores que não permite que
os atores da vida social se reorganizem. Até a classe
média, que parecia incólume, está aí ferida de morte.

Em “O Brasil” o sr. diz que a globalização agrava as di-


ferenças regionais brasileiras. Até que ponto ela também
20,56% 16,75% 16,43% integra?
23,97% 25,82%
Santos – Ela unifica, não integra. Há uma vontade de
0,74 0,74 0,73
0,68 0,70
0,62 0,64 0,63 homogeneização muito forte. Unifica em benefício
0,55 0,55 de um pequeno número de atores. A integração é mais
possível do que era antes. As novas tecnologias são
uma formidável promessa. A globalização é uma pro-
messa realizável e a integração será realizada.
Entrevista de Milton Santos em 2001. Disponível em:
Nordeste Norte Centro-Oeste Sul Sudeste folha.uol.com.br. Acesso em: 18 jul. 2020.

Variação Proposta de redação


2000 A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos
2010 conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita
EDITORIA DE ARTE
formal da língua portuguesa sobre o tema “O desafio de redu-
zir as desigualdades entre as regiões do Brasil”, apresentando
FONTE: IBGE, FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO E PNUD. proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
Disponível em: www.hojeemdia.com.br. Acesso em: 1 ago. 2020 (adaptado). argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

60 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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eito que todos possuem limites e que n o se pode ser tudo para todos. las vivenciam diariamente
emo es como alegria amor satis a o triste a raiva e rustra o. o capa es de en rentar os
mudan as da vida cotidiana com equilíbrio e sabem procurar a uda quando t m dificuldade em lidar
perturba es traumas ou transi es importantes nos di erentes ciclos da vida. sa de mental de
st relacionadaREDAÇÃO
orma como 2020ela reage s e ig ncias damostrado vida e em aoseu
modo
melhorcomo armoni
ângulo. Fora a seus
dos holofotes da
internet, porém, transtornos mentais mostram-se mais
idades ambi es ideias eProposta emo dees. odas as pessoas presentes
redação podem do apresentar sinais de so rimento
que se imagina.
guma ase da vida. A partir da leitura dos textos motivadores e com base http://www.abrata.org.br.
nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, isponível em ttp Acesso em:
.saude.pr.gov.br. cesso em ul.27 jul. 2020 (adaptado).
adaptado .
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O estig- TE X TO III Texto III

palavra estigma aponta


ma associado paramentais
às doenças marcas ou cicatri
na sociedade es
brasileira”,
apresentando proposta de intervenção que respeite os di-
eridas. or ereitos
tens o em um organize
período que remonta
humanos. Selecione, e relacione, de forma
SOCORRO,
ga passou a designar tamb m as marcas eitasdecom
BRASIL!
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa seu
ponto de vista.
a em criminosos escravos e outras pessoas que se
Sai b a m ai s s o b r e o p r o b l e m a d e
arar da sociedade correta Textos e motivadores
onrada . ssa mesma s aú d e que af e t a m ai s d e 1 em
Texto I c ada 20 pessoas, m as que
s ve es est presente no universo das doen as
A maior parte das pessoas, quando ouve falar
c o nt i nuam o s i g no r and o !

No lugar da marca
em “saúdedemental”,
erro pensa
relegamos
em “doençapreconceito
mental”. Mas
M ai s d e
a saúde mental implica muito mais que a ausência
ma o e tratamentos prec rios a pessoas que so rem
de doenças mentais. Pessoas mentalmente saudá-
322 11,5 milhões
milhões d e b rasileiros tê m depressão
ansiedade veis
transtorno
compreendembipolar e outros
que ninguém transtornos
é perfeito, que todos d e p e s s o as vivem c om
possuem limites e que não se pode ser tudo para to- depressão e m t o d o o m und o
s. dos. Elas vivenciam diariamente uma série de emo-
O B rasil é o p aí s
mais depressivo

Hoje
d a A m é r i c a L at i na
mani esta o ções de como
um alegria,
transtorno mental
amor, satisfação, tristeza, raiva e
rescura
frustração. São capazes de enfrentar os desafios e as D e p re s s ã o é a
ado a um ideal de elicidade
mudanças da vida cotidiana que com n oequilíbrio
igual para
e sabem A d e p re s s ã o é a
d o e nç a m ai s 2 causa
a
inc apac itante
tentativa procurar
de seajuda quando têm dificuldade em lidar com
encai ar nesse modelo cria do mundo
d e afastamento d e
conflitos, perturbações, traumas ou transições impor- t r ab al h o no m und o
sentimentos reais
tantes nose diferentes
quem os demonstra
ciclos da vida. A saúderotuladomental de
O nú m e r o d e
Mulheres
uma pessoa está relacionada à forma como ela reage
ssivamente di iculta a intera o social.
às exigências da vida e ao modo como harmoniza seus
aqui que 1 trilhão
af e t ad as p e l a d e p r e s s ã o
de enorme popularidade
desejos, capacidades, mostram
ambições, ideias uma e emoções.
ace cruel To- de dólares é 30% m ai s e l e v ad o
é o valor da perda ec onô mic a que o d o s h o m e ns
das as pessoas podem apresentar sinais de sofrimento
do um papel psíquico
de valida o da vida per eita e criando
em alguma fase da vida.
m und i al g e r ad a p e l as c o ns e quê nc i as
d o s t r ans t o r no s m e nt ai s
em que tudo deve ser
Disponível em: mostrado Acesso
http://www.saude.pr.gov.br. emem: 27seu
jul. 2020mel or
(adaptado).
T o d o s o s d ad o s f o r am d i v ul g ad o s p e l a Or g ani z aç ã o M und i al d a Saú d e
(OM S) e m f e v e r e i r o d e 2 0 1 7 .
dos olo otes da internet por Texto m transtornos
II mentais
S e voc ê prec isa de aj uda, ligue para o Centro de Valoriz aç ão da Vida (CVV): 188.
ais presentes doA que se imagina.
origem da palavra “estigma” aponta para mar-
isponível em ttps en lub.com.br.
cas ou cicatrizes
ttp
deixadas por feridas. ul.
.abrata.org.br. cesso em
Por extensão,
adaptado . cessoDisponível
em em:
ul. https://zenklub.com.br.
adaptado .
em um período que remonta à Grécia Antiga, passou a Acesso em: 27 jul. 2020 (adaptado).
designar também as marcas feitas com ferro em bra-
PRO PO S TA D E RE D AÇ Ã O Instruções:
sa em criminosos, escravos e outras pessoas que se
• O rascunho deverá ser feito no espaço apropriado.
tura dos te tos motivadores
desejava e com “correta”
separar da sociedade base nos con ecimentos
e “honrada”. construídos ao longo de sua
• O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha pró-
i a um te to dissertativo
Essa mesma palavra argumentativo
muitas vezes estáempresente
modalidade
no escrita ormal da língua portuguesa
pria, em até 30 linhas.
universo das doenças psiquiátricas. No lugar da marca
estigma associado s doen as mentais na sociedade brasileira • A redação que apresentando
apresentar cópia dos proposta
textos da Proposta de
de ferro, relegamos preconceito, falta de informação e
ue respeite ostratamentos
direitos precários
umanos. elecione
a pessoas que sofremorgani
de depres-e e relacione
de Redação de orma
ou do Cadernocoerente
de Questõeseterá coesa
o núme-
atos para de são,
esaansiedade,
de seutranstorno
ponto de vista.
bipolar e outros transtornos ro de linhas copiadas desconsiderado para efeito de
mentais graves. correção.
Achar que a manifestação de um transtorno men- dia aderno gina
tal é “frescura” está relacionado a um ideal de felicida- Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas
de que não é igual para todo mundo. A tentativa de se a seguir, a redação que:
encaixar nesse modelo cria distância dos sentimentos • tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada
reais, e quem os demonstra é rotulado, o que progres- “texto insuficiente”.
sivamente dificulta a interação social. É aqui que redes • fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-
sociais de enorme popularidade mostram uma face -argumentativo.
cruel, desempenhando um papel de validação da vida • apresentar parte do texto deliberadamente desconec-
perfeita e criando um ambiente em que tudo deve ser tada do tema proposto.

REDAÇÃO 61

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

LÍNGUA INGLESA
1. 2022 Nothing my thumbs press
will ever be heard.
A Teen’s View of Social Media
DUFFY, C. Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: 27 out. 2021.
Instagram is made up of all photos and videos. Nesse poema, o eu lírico evidencia um sentimento de
There is the home page that showcases the posts from (a) contentamento com a interação virtual.
people you follow, an explore tab which offers posts (b) zelo com o envio de mensagens.
from accounts all over the world, and your own page, (c) preocupação com a composição de textos.
with a notification tab to show who likes and comments (d) mágoa com o comportamento de alguém.
on your posts. (e) insatisfação com uma forma de comunicação.
It has some downsides though. It is known to make
3. 2022 Two hundred years ago, Jane Austen lived in a
many people feel insecure or down about themselves
world where single men boasted vast estates; single ladies
because the platform showcases the highlights of
were expected to speak several languages, sing and play
everyone’s lives, while rarely showing the negatives. This
the piano. In both cases, it was, of course, advantageous
can make one feel like their life is not going as well as
if you looked good too. So, how much has — or hasn’t —
others, contributing to the growing rates of anxiety or
changed? Dating apps opaquely outline the demands
depression in many teens today. There is an underlying of today’s relationship market; users ruminate long and
desire for acceptance through the number of likes or hard over their choice of pictures and what they wri-
followers one has. te in their biographies to hook in potential lovers, and
Disponível em: https://cyberbullying.org. Acesso em: 29 out. 2021.
that’s just your own profile. What do you look for in a
O termo “downsides” introduz a ideia de que o Instagram é res- future partner’s profile — potential signifiers of a popu-
ponsável por lar personality, a good job, a nice car? These apps are
(a) oferecer recursos de fotografia. a poignant reminder of the often classist attitudes we
(b) divulgar problemas dos usuários. still adopt, as well as the financial and aesthetic expec-
(c) estimular aceitação dos seguidores. tations we demand from potential partners.
(d) provocar ansiedade nos adolescentes. GALER, S. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 8 dez. 2017 (adaptado).
(e) aproximar pessoas ao redor do mundo. O texto aborda relações interpessoais com o objetivo de
2. 2022 (a) problematizar o papel de gênero em casamentos
I tend the mobile now modernos.
like an injured bird (b) apontar a relevância da educação formal na escolha de
parceiros.
We text, text, text (c) comparar a expectativa de parceiros amorosos em épocas
our significant words. distintas.
(d) discutir o uso de aplicativos para proporcionar encontros
I re-read your first, românticos.
your second, your third, (e) valorizar a importância da aparência física na seleção de
pretendentes.
Look for your small xx,
feeling absurd. 4. 2022 As my official bio reads, I was made in Cuba,
assembled in Spain, and imported to the United States
The codes we send — meaning my mother, seven months pregnant, and the
arrive with a broken chord. rest of my family arrived as exiles from Cuba to Madrid,
where I was born. Less than two months later, we emi-
I try to picture your hands, grated once more and settled in New York City, then
their image is blurred. eventually in Miami, where I was raised and educated.

62 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Although technically we lived in the United States, the 6. 2021
Cuban community was culturally insular in Miami during The British (serves 60 million)
the 1970s, bonded together by the trauma of exile. What’s
Take some Picts, Celts and Silures
more, it seemed that practically everyone was Cuban: my
And let them settle,
teachers, my classmates, the mechanic, the bus driver. I
Then overrun them with Roman conquerors.
didn’t grow up feeling different or treated as a minority.
Remove the Romans after approximately 400 years
The few kids who got picked on in my grade school were
Add lots of Norman French to some
the ones with freckles and funny last names like Dawson
Angles, Saxons, Jutes and Vikings, then stir vigorously.
and O’Neil.
[…]
BLANCO, R. Disponível em: http://edition.cnn.com. Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado).
Sprinkle some fresh Indians, Malaysians, Bosnians,
Ao relatar suas vivências, o autor destaca o(a) Iraqis and Bangladeshis together with some Afghans,
(a) qualidade da educação formal em Miami. Spanish, Turkish, Kurdish, Japanese
(b) prestígio da cultura cubana nos Estados Unidos. And Palestinians
(c) oportunidade de qualificação profissional em Miami. Then add to the melting pot.
(d) cenário da integração de cubanos nos Estados Unidos. Leave the ingredients to simmer.
(e) fortalecimento do elo familiar em comunidades estadu- As they mix and blend allow their languages to
nidenses. flourish
5. 2022 Binding them together with English.
Allow time to be cool.
Add some unity, understanding, and respect for the
future,
Serve with justice
And enjoy.
Note: All the ingredients are equally important.
Treating one ingredient better than another will leave a
bitter unpleasant taste.
Warning: An unequal spread of justice will damage
the people and cause pain. Give justice and equality to all.
Disponível em: www.benjaminzephaniah.com.
Acesso em: 12 dez. 2018 (fragmento).

Ao descrever o processo de formação da Inglaterra, o autor do


poema recorre a características de outro gênero textual para
evidenciar
(a) a riqueza da mistura cultural.
(b) um legado de origem geográfica.
(c) um impacto de natureza histórica.
(d) um problema de estratificação social.
(e) a questão da intolerância linguística.

7. 2021
Becoming
Back in the ancestral homeland of Michelle Obama,
black women were rarely granted the honorific Miss or
Mrs., but were addressed by their first name, or simply
as “gal” or “auntie” or worse. This so openly demeaned
them that many black women, long after they had
left the South, refused to answer if called by their first
name. A mother and father in 1970s Texas named their
GAULD, T. Disponível em: www.tomgauld.com. Acesso em: 25 out. 2021. newborn “Miss” so that white people would have no
choice but to address their daughter by that title. Black
Nessa tirinha, o comportamento da mulher expressa
women were meant for the field or the kitchen, or for
(a) revolta com a falta de sorte.
use as they saw fit. They were, by definition, not ladies.
(b) gosto pela prática da leitura.
The very idea of a black woman as first lady of the land,
(c) receio pelo futuro do casamento.
well, that would have been unthinkable.
(d) entusiasmo com os livros de terror.
Disponível em: www.nytimes.com.
(e) rejeição ao novo tipo de residência. Acesso em: 28 dez. 2018 (adaptado).

LÍNGUA INGLESA 63

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A crítica do livro de memórias de Michelle Obama, ex-primei- A presença de “at odds with” na fala da personagem do cartum
ra-dama dos EUA, aborda a história das relações humanas na revela o(a)
cidade natal da autora. Nesse contexto, o uso do vocábulo (a) necessidade de acessar informações confiáveis.
“unthinkable” ressalta que
(b) dificuldade de conciliar diferentes anseios.
(a) a ascensão social era improvável.
(c) desejo de dominar novas tecnologias.
(b) a mudança de nome era impensável.
(d) desafio de permanecer imparcial.
(c) a origem do indivíduo era irrelevante.
(e) vontade de ler notícias positivas.
(d) o trabalho feminino era inimaginável.
(e) o comportamento parental era irresponsável. 10. 2021
Exterior: Between The Museums — Day
8. 2021 We are now a nation obsessed with the cult of
celebrity. Celebrities have replaced the classic notion CELINE
of the hero. But instead of being respected for talent, Americans always think Europe is perfect. But such
beauty and history can be really oppressive. It reduces
courage or intelligence, it is money, style and image the
the individual to nothing. It just reminds you all the
deciding factors in what commands respect. Image is
time you are just a little speck in a long history, where
everything. Their image is painstakingly constructed
in America you feel like you could be making history.
by a multitude of different image consultants to carve
That’s why I like Los Angeles because it is so…
out the most profitable celebrity they can. Then society
JESSE
is right behind them, believing in everything that
Ugly?
celebrity believes in. Companies know that people will
CELINE
buy a product if a celebrity has it too. It is as if the
No, I was going to say “neutral”. It’s like looking at
person buying the product feels that they now have
a blank canvas. I think people go to places like Venice
some kind of connection with the celebrity and that
on their honeymoon to make sure they are not going to
some of their perceived happiness will now be passed fight for the first two weeks of their marriage because
onto the consumer. So to look at it one way, the cult of they’ll be too busy looking around at all the beautiful
celebrity is really nothing more than a sophisticated things. That’s what people call a romantic place —
marketing scheme. Celebrities though cannot be somewhere where the prettiness will contain your
blamed for all negative aspects of society. In reality primary violent instinct. A real good honeymoon spot
society is to blame. We are the people who seemed to would be like somewhere in New Jersey.
have lost the ability to think for ourselves. I suppose it’s KRIZAN, K.; LINKLATER, R. Before Sunrise: screenplay.
easier to be told what to think, rather than challenging New York: Vintage Books, 2005.

what we are told. The reason we are swamped by Considerando-se o olhar dos personagens, esse trecho do ro-
celebrity is because there is a demand for it. teiro de um filme permite reconhecer que a avaliação sobre um
Disponível em: www.pitlanemagazine.com. Acesso em: 7 dez. 2017 (adaptado). lugar depende do(a)
O texto, que aborda questões referentes ao tema do culto à (a) beleza do próprio local.
celebridade, tem o objetivo de (b) perspectiva do visitante.
(a) destacar os méritos das celebridades. (c) contexto histórico do local.
(b) criticar o consumismo das celebridades. (d) tempo de permanência no local.
*010275AM3*
(c) ressaltar a necessidade de reflexão dos fãs. (e) finalidade da viagem do visitante.
(d) culpar as celebridades pela obsessão dos fãs. 11. 2020 Questão 4 Questão 5
(e) valorizar o marketing pessoal das celebridades.
9. 2021

isponível em ttps sites.psu.edu. cesso em un. .

s recursos usados nesse p ster de divulga o de uma


campan a levam o leitor a re etir sobre a necessidade de

‘’My desire to be well-informed is currently A criticar o tipo de tratamento dado mul er.
isponível em .csuc ico.edu. cesso em de . . B rever o desempen o da mul er no trabal o.
at adds with my desire to remain sane.’’ Disponível em:Nesse
www.csuchico.edu.
p ster de divulgaAcesso em: 11
o de uma dez. 2017.
campan a que
C questionar a sobrecarga de atribui es da mul er.
D analisar as pesquisas acerca dos direitos da mul er.
aborda a diversidade e a inclus o a intera o dos
E censurar a mul er pelo uso de determinadas palavras.
elementos verbais e n o verbais a re er ncia ao ato de
64 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS A estereotipar povos de certas culturas.
B discriminar bitos de grupos minorit rios.
C banir imigrantes de determinadas origens.
D ulgar padr es de bele a de diversas etnias.
E desvalori ar costumes de algumas sociedades.

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Nesse pôster de divulgação de uma campanha que aborda a the merits of wearing their hair natural. Aisha snorted;
diversidade e a inclusão, a interação dos elementos verbais e *010275AM3*she clearly could not understand why anybody would
não verbais faz referência ao ato de choose to suffer through combing natural hair, instead
(a) estereotipar povos de certas culturas. of simply relaxing it. She sectioned out Ifemelu’s hair,
(b) discriminar
Questãohábitos
5 de grupos minoritários. plucked a little attachment from the pile on the table
(c) banir imigrantes de determinadas origens. and began deftly to twist.
ADICHIE, C. Americanah: A novel. New York: Anchor Books, 2013.
(d) julgar padrões de beleza de diversas etnias.
*010275AM3*
(e) desvalorizar costumes de algumas sociedades. A passagem do romance da escritora nigeriana traz um diálogo
entre duas mulheres negras: a cabeleireira, Aisha, e a cliente,
12. 2020
Questão 5 Ifemelu. O posicionamento da cliente é sustentado por argu-
mentos que
(a) reforçam um padrão de beleza.
(b) retratam um conflito de gerações.
(c) revelam uma atitude de resistência.
(d) demonstram uma postura de imaturidade.
(e) evidenciam uma mudança de comportamento.
14. 2020
A Minor Bird
I have wished a bird would fly away,
And not sing by my house all day;

Have clapped my hands at him from the door


When it seemed as if I could bear no more.
The fault must partly have been in me.
The bird was not to blame for his key.

Disponível em: https://sites.psu.edu. Acesso em: 12 jun. 2018.


isponível em ttps sites.psu.edu. cesso em un. .
And of course there must be something wrong
s recursos usados nesse p ster de divulga o de uma
Os
recursos usados nesse pôster de divulgação
campan a levam o leitor aisponível
re etir sobre
de uma cam-
a necessidade de
In wanting to silence any song.
em ttps sites.psu.edu. cesso em un. .
panha levam o leitor a refletir sobre a necessidade de FROST, R. West-running Brook. New York:Henry Holt and Company, 1928.
A criticar o tipo de tratamento dado mul er.
isponível em .csuc ico.edu. cesso em(a)de . criticar
.
s recursos
B orever
tipoo de usados
tratamento
desempen nesse
o da muldado p ster
er noàtrabal de
mulher.
o. divulga o de umaNo poema de Robert Frost, as palavras “fault” e “blame” reve-
(b)a querever campan a levam
questionar
o desempenho
C dao mulher
leitor
a sobrecarga anore trabalho.
de atribui etir sobre
es da a necessidade de
mul er. lam por parte do eu lírico uma
divulga o de uma campan
D analisar as pesquisas acerca dos direitos da mul er.
ade e a inclus o a intera(c) o questionar dos A criticar a sobrecarga
o tipo de de atribuições
tratamento da
dado mulher.
E censurar a mul er pelo uso de determinadas palavras.mul er. (a) culpa por não poder cuidar do pássaro.
e n o verbais a re er ncia ao ato de
.csuc ico.edu. cesso em (d)
de . analisar
. B rever
as o desempen
pesquisas acerca o da
dos mul
direitos er no
da trabal
mulher. o. (b) atitude errada por querer matar o pássaro.
vos de certas culturas.
tos de grupos minorit rios. (e) censurar
C questionar
a mulher a
pelo sobrecarga
uso de de atribui
determinadas es da
palavras. mul er. (c) necessidade de entender o silêncio do pássaro.
de uma campan a que
s de determinadas origens. D analisar as pesquisas acerca dos direitos da mul er.(d) sensibilização com relação à natureza do pássaro.
clus
de bele oa deadiversas
interaetnias. o13.dos2020 Finally, Aisha finished with her customer (e) irritação quanto à persistência do canto do pássaro.
E censurar a mul er pelo uso de determinadas palavras.
s a re
stumes er nciasociedades.
de algumas ao ato and de asked what colour Ifemelu wanted for her hair
15. 2020
attachments.
s culturas.
“Colour four.” A Mother in a Refugee Camp
os minorit rios.
nadas origens. “Not good colour,” Aisha said promptly. No Madonna and Child could touch
e diversas etnias. “That’s what I use.” Her tenderness for a son
lgumas sociedades. “It look dirty. You don’t want colour one?” She soon would have to forget...
“Colour one is too black, it looks fake,” Ifemelu said, The air was heavy with odors of diarrhea,
loosening her headwrap. “Sometimes I use colour two, Of unwashed children with washed-out ribs
but colour four is closest to my natural colour.” And dried-up bottoms waddling in labored steps
dia aderno gina 3
[...] Behind blown-empty bellies. Other mothers there
She touched Ifemelu’s hair. “Why you don’t have Had long ceased to care, but not this one:
relaxer?” She held a ghost-smile between her teeth,
“I like my hair the way God made it.” and in her eyes the memory
“But how you comb it? Hard to comb,” Aisha said. Of a mother’s pride... She had bathed him
Ifemelu had brought her own comb. She gently And rubbed him down with bare palms.
combed her hair, dense, soft and tightly coiled, until She took from their bundle of possessions
it framed her head like a halo. “It’s not hard to comb if A broken comb and combed
you moisturize it properly,” she said, slipping into the The rust-colored hair left on his skull
dia aderno gina 3
coaxing tone of the proselytizer that she used whenever And then – humming in her eyes – began
she was trying to convince other black women about [carefully to part it.

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In their former life this was perhaps 18. 2020 Digital
A little daily act of no consequence
Before his breakfast and school; now she did it
Like putting flowers on a tiny grave.
ACHEBE, C. Collected Poems. New York: Anchor Books, 2004.

O escritor nigeriano Chinua Achebe traz uma reflexão sobre a


situação dos refugiados em um cenário pós-guerra civil em seu
país. Essa reflexão é construída no poema por meio da repre-
sentação de uma mãe, explorando a(s)
(a) demonstração de orgulho por não precisar pedir doações.
(b) descrições artísticas detalhadas de uma obra conhecida.
(c) aceitação de um diagnóstico de doença terminal do filho.
(d) consternação ao visitar o túmulo do filho recém-falecido.
(e) impressões sensoriais experimentadas no ambiente. Goal
16. 2020 Digital GOAL has worked to improve access to food for
Women in Theatre: Why Do So highly vulnerable and food-insecure households
Few Make It to the Top? in many districts of Zimbabwe. We identify such
households, supply them with monthly food rations,
An all-female Julius Caesar (A Shakespeare play)
and conduct monthly post-distribution monitoring.
has just hit the stage, but it’s a rarity in theatre. In a
GOAL works in the same districts, to improve access to
special report, Charlotte Higgins asks leading figures
food for the most vulnerable primary school children
why women are still underrepresented at every level of
during the peak hungry months. The emphasis is on
the business — and what needs to change.
orphans and vulnerable children. GOAL provides
HIGGINS, C. Disponível em: www.guardian.co.uk.
Acesso em: 12 dez. 2012. short-term food security support to other vulnerable
O vocábulo “rarity” tem um papel central na abordagem do as- households by increasing the availability of grain, and
sunto desse texto, que destaca a by helping enhance their ability to meet basic needs.
Disponível em: www.goal.ie. Acesso em: 5 dez. 2012 (adaptado).
(a) falta de público feminino na plateia dos teatros.
(b) ausência de roteiros de autoria feminina. Tendo como público-alvo crianças órfãs e em situações de
(c) resistência dos diretores a personagens femininas. vulnerabilidade, a organização não governamental GOAL tem
(d) escassez de representação feminina no meio teatral. atuado no Zimbábue para
(e) desvalorização da performance feminina no palco. (a) incentivar a agricultura orgânica.
(b) intermediar processos de adoção.
17. 2020 Digital
(c) contribuir para a redução da fome.
(d) melhorar as condições de habitação.
(e) qualificar professores da escola básica.
19. 2020 Digital
Vogue Magazine’s Complicated
Relationship with Diversity
Edward Enninful, the new editor-in-chief of British
Vogue, has a proven history of addressing diversity that
many hope will be the start of an overhaul of the global
Vogue brand.
In March, he responded sublimely when US
Disponível em: www.toxel.com. President Donald Trump nominated Supreme Court
Acesso em: 15 fev. 2012.
judge Neil Gorsuch, who allegedly does not care much
A observação dos elementos verbais e visuais do anúncio leva- about civil rights: Enninful styled a shoot for his then
-nos à compreensão de que o objetivo da companhia de abas- employer, the New York-based W magazine, in which a
tecimento de água de Denver é range of ethnically diverse models climb the stairs of an
(a) divulgar espaços publicitários de grande visibilidade. imaginary “Supreme Court”. In February, after Trump
(b) sensibilizar para a conservação do patrimônio público. initiated the much-debated immigration ban, Enninful
(c) apresentar uma forma mais econômica de fazer publicidade. put together a video showcasing the various fashion
(d) conscientizar sobre a necessidade de otimização do celebrities who have immigrated into the US. Even
consumo. before his first official day in Vogue’s Mayfair offices,
(e) denunciar possíveis danos decorrentes de atos de Enninful had hired two English superstars of Jamaican
vandalismo. descent in an attempt to diversify the team. Model

66 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Naomi Campbell and make-up artist Pat McGrath both After a little girl asked President Obama why there
share Enninful’s aim of championing fashion as a force aren’t any women on U.S. currency, he said that adding
for social change. some female faces to our cash sounded like a “pretty
One can only hope that Enninful’s appointment is good idea”. Almost immediately, all of our fantasies
not a mere blip, but a move in the right direction on a came alive on the web. What would, let’s say, Ruth
long road to diversity for the global brand. Bader Ginsburg look like on a $20 bill? Where would
Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: 11 ago. 2017 (adaptado).
we spend our Beyoncé $10 bill first? Will our grandmas
Considerando-se as características dos trabalhos realizados give us a Susan B. Anthony $5 bill on our birthdays and
pelo novo editor-chefe da Vogue inglesa, espera-se que a re- tell us not to spend it all at once?
vista contribua para a But then we remembered: because of the wage gap,
(a) integração da moda a questões sociais e raciais. a dollar for a woman is not the same as a dollar for a
(b) ampliação do número de concursos de modelos. man. Although the true extent of the gender pay gap
(c) padronização de desfiles de moda internacionais. is widely disputed even among feminists, President
(d) expansão da moda em países pouco retratados em editoriais. Obama said in the 2014 State of the Union that women
(e) priorização de assuntos relacionados a imigrantes jamaicanos.
make only 77¢ for every dollar a man makes.
20. 2020 Digital Disponível em: http://time.com. Acesso em: 18 ago. 2014 (adaptado).

If Women Had Their Own Currency, Nas notas e moedas de dólar norte-americano, estão estam-
Here’s What It Would Be Worth pados apenas bustos de homens. Ao imaginar a possibilidade
de inclusão de figuras célebres femininas às notas, o autor do
Charlotte Alter @charlottealter
texto indica que
Maya Rhodan @m_rhodan July 31, 2014
(a) o movimento feminista lutaria arduamente em favor dessa
ideia.
(b) o presidente limitaria a impressão dessas imagens a apenas
algumas notas.
(c) a votação para a escolha de tais celebridades seria realizada
pela internet.
(d) a disputa para a seleção envolveria tanto personalidades
vivas quanto já falecidas.
(e) a nota com o rosto de uma mulher valeria menos do que a
mesma cédula com o retrato de um homem.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

LÍNGUA ESPANHOLA

1. 2022 Nesse texto, o autor demonstra como as diferentes expressões


Pequeño hermano existentes em espanhol para se referir a “amigo” variam em função
(a) das peculiaridades dos subúrbios hispano-americanos.
Es, no cabe duda, el instrumento más presente y
(b) da força da conexão espiritual entre os amigos.
más poderoso de todos los que entraron en nuestras
(c) do papel da amizade em diferentes contextos.
vidas. Ni la televisión ni el ordenador, no hablemos ya del
(d) do hábito de reunir amigos em torno da mesa.
obsoleto fax o de las agendas o los libros electrónicos, ha
(e) dos graus de intimidade entre os amigos.
tenido tal influencia, tal predicamento sobre nosotros. El
móvil somos nosotros mismos. Todo desactivado e inerte, 3. 2022
inocuo, ya les digo. Y de repente, tras un viaje y tres o Los niños de nuestro olvido
cuatro imprudentes fotos, salta un aviso en la pantalla. Escribo sobre un destino
Con sonido, además, pese a que tengo también todas las que apenas puedo tocar
alertas desactivadas. Y mi monstruo doméstico me dice: en tanto un niño se inventa
tienes un recuerdo nuevo. Lo repetiré: tienes un recuerdo con pegamento un hogar
nuevo. ¿Y tú qué sabes? ¿Y a ti, máquina demoníaca, qué
te importa? ¿Cómo te atreves a decirme qué son o no son Mientras busco las palabras
mis recuerdos? ¿Qué es esta intromisión, este descaro? para hacer esta canción
El pequeño hermano lo sabe casi todo. Sólo hay una un niño esquiva las balas
esperanza: que la obsolescencia programada mate antes que buscan su corazón
al pequeño hermano y que nosotros sigamos vivos, con los
recuerdos que nos dé la gana. Acurrucado en mi calle
FERNÁNDEZ, D. Disponível em: www.lavanguardia.com. duerme un niño y la piedad
Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).
arma lejos un pesebre
No texto, o autor faz uma crítica ao(à) y juega a la navidad
(a) conhecimento das pessoas sobre as tecnologias.
(b) uso do celular alheio por pessoas desautorizadas. Arma lejos un pesebre
(c) funcionamento de recursos tecnológicos obsoletos.
y juega a la navidad
(d) ingerência do celular sobre as escolhas dos usuários.
y juega a la navidad
(e) falta de informação sobre a configuração de alertas no
y juega, y juega, y juega...
celular.
La niñez de nuestro olvido
2. 2022 En los suburbios de La Habana, llaman al ami- pide limosna en un bar
go mi tierra o mi sangre. En Caracas, el amigo es mi pana o y lava tu parabrisas
mi llave: pana, por panadería, la fuente del buen pan para por un peso, por un pan
las hambres del alma; y llave por... — Llave, por llave — me
dice Mario Benedetti. Y me cuenta que cuando vivía em Si las flores del futuro
Buenos Aires, en los tiempos del terror, él llevaba cinco lla- crecen con tanto dolor
ves ajenas en su llavero: cinco llaves, de cinco casas, de seguramente mañana
cinco amigos: las llaves que lo salvaron. será un mañana sin sol
GALEANO, E. El libro de los abrazos. Madri: Siglo Veintiuno, 2015. SOSA, M. In: Corazón libre. Argentina: E.D.G.E., 2004 (fragmento).

68 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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No texto, a expressão “un mañana sin sol” é usada para concluir 5. 2022
uma crítica ao(à) Maternidades en tiempos de pandemia
(a) descaso diante da problemática de crianças em situação
de rua.
(b) violência característica do cotidiano das grandes metrópoles.
(c) estímulo à mendicância nos centros urbanos.
(d) tendência de informalização do trabalho.
(e) falta de serviços de saúde adequados.

4. 2022

MURIG. Disponível em: https://murigcolectivafeminista.


wordpress.com. Acesso em: 26 out. 2021 (adaptado).

No texto, as palavras “crianza” e “tribu” são usadas para


Disponível em: www.inali.gob.mx. Acesso em: 2 dez. 2018. (a) evidenciar a importância de uma rede de apoio para as mães
Esse cartaz tem a função social de na criação de seus filhos.
(a) difundir a arte iconográfica indígena mexicana. (b) denunciar a disparidade entre o trabalho das mães de dife-
(b) resgatar a literatura popular produzida em língua zapoteca. rentes classes sociais.
(c) questionar o conhecimento do povo mexicano sobre as (c) ressaltar o fechamento de escolas e creches durante o pe-
línguas ameríndias. ríodo pandêmico.
(d) destacar o papel dos órgãos governamentais na conserva- (d) ratificar a romantização da dedicação das mães na educação
ção das línguas no México. das crianças.
(e) defender a preservação das línguas originárias garantindo (e) enfatizar a proteção aos filhos em razão do isolamento
a diversidade linguística mexicana. social das famílias.

LÍNGUA ESPANHOLA 69

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6. 2021 8. 2021 Se reunieron en un volumen todas las
Amuleto entrevistas dadas por el poeta y dramaturgo Federico
García Lorca. Lorca concedió 133 entrevistas; leyéndolas
Lo único cierto es que llegué a México en 1965 y me
se sabrá qué estaba por detrás de la poética del escritor
planté en casa de León Felipe y en casa de Pedro Garfias y
andaluz. Sobre su obra declaró en una de ellas: “No he
les dije aquí estoy para lo que gusten mandar. Y les debí de sido nunca poeta de minoría. He tratado de poner en
caer simpática, porque antipática no soy, aunque a veces mis poemas lo de todos los tiempos, lo permanente,
soy pesada, pero antipática nunca. Y lo primero que hice lo humano. A mí me ataca lo humano, es el elemento
fue coger una escoba y ponerme a barrer el suelo de sus fundamental en toda obra de arte”. Y en otra dijo: “Hoy
casas y luego a limpiar las ventanas y cada vez que podía no interesa más que una problemática: lo social. La obra
les pedía dinero y les hacía compra. Y ellos me decían con que no siga esa dirección está condenada al fracaso,
ese tono español tan peculiar, esa musiquilla distinta que aunque sea muy buena”. En su última entrevista, de
no los abandonó nunca, como si encircularan las zetas junio de 1936, Lorca se muestra profético: “Ni el poeta
ni nadie tiene la clave y el secreto del mundo. Quiero
y las ces y como si dejaran a las eses más huérfanas y
ser bueno. Sé que la poesía eleva y creo firmemente
libidinosas que nunca, Auxilio, me decían, deja ya de
que si hay un más allá tendré la agradable sorpresa
trasegar por el piso, Auxilio, deja esos papeles tranquilos,
de encontrarme con él. Pero el dolor del hombre y la
mujer, que el polvo siempre se ha avenido con la literatura. injusticia constante que mana del mundo, y mi propio
BOLAÑO, R. A. Tres novelas. Barcelona: Círculo de Lectores, 2003.
cuerpo y mi propio pensamiento, me evitan trasladar
No fragmento do romance, a uruguaia Auxilio narra a experiên- mi casa a las estrellas”.
cia que viveu no México ao trabalhar voluntariamente para dois AYÉN, X. Retrato del poeta como “muchachón gitanazo”.
Disponível em: www.clarin.com. Acesso em: 8 dez. 2017 (adaptado).
escritores espanhóis. Com base na relação com os escritores,
ela reflete sobre a(s) Esse trecho da resenha de um livro de entrevistas concedidas
por Federico García Lorca tem por finalidade
(a) variação linguística do espanhol.
(a) ressaltar a atração do entrevistado por questões místicas.
(b) sujeira dos livros de literatura.
(b) divulgar a comoção das elites com as obras do entrevistado.
(c) distintas maneiras de acolher do mexicano. (c) salientar o compromisso do entrevistado com as questões
(d) orientações sobre a limpeza das casas dos espanhóis. sociais.
(e) dificuldades de comunicação entre patrão e empregada. (d) mostrar a atualidade das obras poéticas e teatrais do
7. 2021 entrevistado.
(e) criticar o interesse do entrevistado por particularidades da
vida humana.
9. 2021 Hoy, en cuestión de segundos uno es capaz de
conocer la vida de un individuo o las actividades que
lleva a cabo sin necesidad de contacto personal; las RRSS
tienen la poderosa virtud de convocar concentraciones
de gentes con idearios comunes y generar movimientos
como la Primavera Árabe, por ejemplo.
Bajo ese parámetro, cualquier incidente puede ser
inmediatamente reportado por grabación o filmación,
por lo que a los aparatos celulares, más allá de su
utilidad en términos de conversación, habría que
calificarlos como “la guillotina del siglo XXI”.
Así es. Son éstos los que han pasado a convertirse en
ERLICH. Disponível em: https://mansunides.org. Acesso em: 5 dez. 2018. artefactos con cuyo uso se han develado conversaciones,
A charge evoca uma situação de assombro frente a uma rea- acuerdos, negociados, chantajes y un sin fin de hechos
que han dado curso a procesos de naturaleza legal e
lidade que assola as sociedades contemporâneas. Seu efeito
investigativa que han tumbado gobiernos, empresas,
humorístico reside na crítica diante do(a)
empresarios, políticos y que, incluso, ha servido en un
(a) constatação do ser humano como o responsável pela con- caso reciente, para que un inocente recupere su libertad
dição caótica do mundo. tras cuatro años de injusto encierro.
(b) apelo à religiosidade diante das dificuldades enfrentadas Disponível em: https://elpotosi.net.
Acesso em: 24. jun. 2021.
pela humanidade.
(c) indignação dos trabalhadores em face das injustiças sociais. O texto trata da evolução inerente às funcionalidades de re-
(d) veiculação de informações trágicas pelos telejornais. cursos tecnológicos. A expressão “la guillotina del siglo XXI”
(e) manipulação das notícias difundidas pelas mídias. destaca que os celulares de hoje podem

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(a) oferecer recursos com funções múltiplas. Transformar palavras em atitudes tem sido um dos grandes
(b) reunir usuários com ideias semelhantes. dilemas dos intelectuais. Ao ponderar sobre essa temática, o
(c) divulgar informação instantânea. autor, um dos grandes críticos e literatos latino-americanos da
(d) organizar movimentos sociais. atualidade, leva o leitor a perceber que
(e) assumir utilidade jurídica. (a) o compromisso político afasta o artista da criação.
(b) os costumes sociais governam a linguagem e as atitudes das
10. 2021 En el suelo, apoyado en el mostrador, se pessoas.
acurrucaba, inmóvil como una cosa, un hombre muy (c) o compromisso ideológico de alguns intelectuais está refletido
viejo. Los muchos años lo habían reducido y pulido em suas obras.
como las aguas a una piedra o las generaciones de los (d) a complexidade relacionada ao conceito de liberdade impede
hombres a una sentencia. Era oscuro, chico y reseco, y o compromisso.
estaba como fuera del tiempo, en una eternidad. (e) os intelectuais latino-americanos têm um posicionamento
BORGES, J. L. Artificios. Madri: Alianza Cien, 1995. acrítico perante o poder.
No âmbito literário, são mobilizados diferentes recursos que 12. 2020
visam à expressividade. No texto, a analogia estabelecida pela
Pablo Pueblo
expressão “como las aguas a una piedra” tem a função de
Regresa un hombre en silencio
(a) enfatizar a ação do tempo sobre a personagem.
De su trabajo cansado
(b) descrever a objetificação do ambiente.
Su paso no lleva prisa
(c) expor a anacronia da personagem.
Su sombra nunca lo alcanza
(d) caracterizar o espaço do conto.
(e) narrar a perenidade da velhice. Lo espera el barrio de siempre
11. 2020 Con el farol en la esquina
Los propietarios de la libertad Con la basura allá en frente
Y el ruido de la cantina
Las palabras cumplen ciclos; las actitudes también.
Sin embargo, cuando las palabras designan actitudes, Pablo Pueblo
los ciclos se vuelven más complejos. Cuando el hoy llega hasta el zaguán oscuro
tan denostado Sartre puso la palabra compromiso sobre Y vuelve a ver las paredes
el tapete y hasta Mac Leish publicó un libro sobre la Con las viejas papeletas
responsabilidad de los intelectuales, estas dos palabras, Que prometían futuros
compromiso y responsabilidad, designaban actitudes que, en lides politiqueras
sin ser gemelas, eran bastante afines. Salvo contadas Y en su cara se dibuja
excepciones, los intelectuales de entonces las hicieron la decepción de la espera.
suyas y, equivocados o no, dijeron sin eufemismos por BLADES, R. Disponível em: http://rubenblades.com.
Acesso em: 26 jun. 2012 (fragmento).
qué empeño se la jugaban.
Los intelectuales latinoamericanos también com- Rubén Blades é um compositor panamenho de canções social-
prendieron dónde estaba esta vez el enemigo. Sólo en- mente engajadas. O título Pablo Pueblo, associado ao conteúdo
tonces empezó la mala prensa. Los grandes pontífices da letra da canção, revela uma crítica social ao
de la propaganda subrayaron una y otra vez la palabra (a) contrapor a individualidade de um sujeito a uma estrutura
libertad y denostaron el compromiso. Libertad no era social marcada pela decepção na atuação política.
librarse de Batista o de Somoza, sino mantener la pren- (b) demonstrar que o problema sofrido pelo indivíduo atinge
toda a comunidade.
sa libre. Libertad es la emocionada comprobación de
(c) relativizar a importância que se dá ao sofrimento individual
que la gran prensa norteamericana es capaz de des-
em uma estrutura social baseada na exploração.
cubrir que Lumumba o Allende fueron liquidados por
(d) descrever a vida de um sujeito que nunca resolve suas in-
la CIA, sin poner el acento en que eso no sirve para
quietações e, por isso, mantém-se silencioso.
resucitarlos.
(e) usar um apelido jocoso para designar a atuação de um in-
¿Y compromiso? Es la actitud que adoptan ciertos
divíduo em seu próprio bairro.
intelectuales, cuya carga ideológica perjudica noto-
riamente su arte. Después de todo, ¿cómo se atreven 13. 2020 Poco después apareció en casa de Elisenda
Morales, arrastrando su cansancio y las contrariedades
a frecuentar las provincias del espíritu, si es público
de un largo día que había dejado su ánimo en ruinas.
y notorio que tales ámbitos son patrimonio exclusi-
A pesar de todo, supo resistirlo, y cuando ella le ofreció
vo de los propietarios de la libertad?
una copa de mistela, abandonó su asiento para ir hasta
BENEDETTI, M. Perplejidades de fin de siglo.
Buenos Aires: Sudamericana, 1993 (adaptado). la tienda en busca de algo más estimulante.

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Allí, en el corredor de la casa, en taburetes Ao abordar a expropriação de territórios mexicanos pelos
separados, recibieron los primeros cálidos soplos de Estados Unidos, o eu lírico do poema revela um(a)
la noche. Con su habitual entereza, Elisenda entró (a) rejeição da língua utilizada por seus antepassados.
a conectar la luz de la sala, sofocando parte de su (b) desejo de pertencimento ao espaço estadunidense.
reflejo, mientras comentaba que así estarían mejor. (c) certeza de manutenção de suas tradições.
Al menos, pensó el tío Camarillo, no había sacado (d) reivindicação de um mundo unificado.
la lámpara como otras veces, ni le había entregado (e) sentimento de conflito de identidades.
alguno de sus álbumes, y parecía en cambio decidida
15. 2020
a mantener en ascuas al vecindario. Aquélla fue la
primera vez que en mucho tiempo dejaron de lado el La violencia como bella arte
tema de las rentas, para entrar con pies de plomo en Pues bien, ‘Relatos Salvajes’, de Damián Szifrón, es
el espinoso terreno de las confidencias. sobre todo un brillante esfuerzo por poner rostro, por
SÁNCHEZ, H. El héroe de la família. fotografiar, a la parte de la violencia que tanto cuesta
Bogotá: Tercer Mundo, 1988.
ver en el cine. De repente, el director argentino coloca
No texto, no qual é narrada a visita à casa de uma persona- al espectador ante el espectáculo, digamos putrefacto,
gem, a expressão “entrar con pies de plomo” é utilizada para de una sociedad enferma de su propia indolencia,
se referir ao(à) anestesiada por su ira, incapaz de entender el origen de
(a) determinação para conduzir discussões pessoais. la insatisfacción que la habita. ¿Cómo se quedan? Sí,
(b) insensibilidade para lidar com temas do passado. estamos delante de la una película vocacionalmente
(c) discrição para administrar questões financeiras. violenta, obligadamente salvaje, pero, y sobre todo,
(d) disposição para resolver problemas familiares. deslumbrante en su claridad.
(e) cuidado para tratar de assuntos íntimos. Más allá del esplendor sabio de una producción
14. 2020 perfecta, lo que más duele, lo que más divierte, lo que
Oye, Pito, ésta es: más conmueve es la sensación de reconocimiento.
la vida bruta de un boy Cada uno de los damnificados, pese a su acento
mis tierras eran marcadamente argentino, somos nosotros. O, mejor,
nuevo méxico, colorado, cada insulto proferido, y no siempre entendido, es
california, arizona, tejas, nuestro, en algún momento ha salido de nuestra
y muchos otros senderos, boca. O saldrá.
aún cuando la luz existía La violencia no es sólo eso que tanto desagrada a
sonrientemente los profesionales del buen gusto, a los programadores
en las palabras de ópera o a los filósofos de la nada; la violencia, la
de mis antepasados... realmente insoportable, es también una cuestión de
actitud, un simple gesto. Y esa violencia está por todas
era entonces hombre,
partes, está dentro. Y Szifrón acierta a retratarla tan
maduro y sencillo
como los cerros y los peñascos, fielmente que no queda otra cosa que romper a reír.
y mi cultura era el atole, Aunque sólo sea de simple desesperación. Brillante,
el chaquehue, y los buenos días; magistral incluso.
MARTÍNEZ, L. Disponível em: www.elmundo.es.
mi idioma cantaba
Acesso em: 13 abr. 2015 (adaptado).
versículos
por los cañones Nessa resenha crítica acerca do filme Relatos Salvajes, o autor
de tierra roja evidencia o
y tierra amarilla... (a) cômico como fuga da sociedade diante de situações
violentas.
Hoy sí, hoy ya no soy (b) estado de apatia da sociedade perante a violência rotineira
mejicano ni hispano do mundo atual.
ni tampoco americano,
(c) empecilho para o espectador vivenciar a violência bruta
pero soy – y bien lo siento ser –
na realidade e na ficção.
una sombra del pasado
(d) sotaque reforçado dos personagens a fim de marcar o
y un esfuerzo
espaço do cinema argentino.
hacia el futuro...
SÁNCHEZ, R. Disponível em: www.materialdelectura.unam.mx.
(e) autorreconhecimento diante dos diversos tipos de com-
Acesso em: 4 dez. 2017. portamento humano frente à violência.

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16. 2020 Digital
España en el corazón
Como era Federico
Dimos una gran sorpresa. Habíamos preparado un discurso al alimón. Ustedes probablemente no saben lo
que significa esa palabra y yo tampoco lo sabía. Federico, que estaba siempre lleno de invenciones y ocurrencias,
me explicó: “Dos toreros pueden torear al mismo tiempo el mismo toro y con un único capote. Esta es una de las
pruebas más peligrosas del arte taurino. Por eso se ve muy pocas veces. No más de dos o tres veces en un siglo
y sólo pueden hacerlo dos toreros que sean hermanos o que, por lo menos, tengan sangre común. Esto es lo que
se llama torear al alimón. Y esto es lo que haremos en un discurso.” Y esto es lo que hicimos, pero nadie lo sabía.
Cuando nos levantamos para agradecer al presidente del Pen Club el ofrecimiento del banquete, nos levantamos
al mismo tiempo, cual dos toreros, para un solo discurso.
NERUDA: Señoras...
LORCA: ...y señores: Existe en la fiesta de los toros una suerte llamada “toreo del alimón”, en que dos toreros
hurtan su cuerpo al toro cogidos de la misma capa.
NERUDA: Federico y yo, amarrados por un alambre eléctrico, vamos a parear y a responder esta recepción muy
decisiva.
NERUDA, P. Confieso que he vivido. Buenos Aires: Delbolsillo, 2004.

No texto, o escritor Pablo Neruda narra um episódio vivenciado com o também escritor Federico García Lorca. Nesse episódio, o uso
da expressão “al alimón” remete ao(à)
(a) duelo travado entre os escritores, tal como entre touro e toureiro.
(b) admiração pelas touradas, manifesta no discurso dos escritores.
(c) surpresa com que o discurso dos escritores foi recebido pelo público.
(d) conhecimento dos escritores acerca da tradicional tourada espanhola.
(e) perspicácia dos escritores em discursar inspirados em uma forma de tourear.
17. 2020 Digital

Disponível em: http://inversorsalud.com.ar. Acesso em: 18 ago. 2017.

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Nessa campanha contra o mosquito transmissor da zika, da A Valencia, ubicada en la costa mediterránea
dengue e da chikungunya, o enunciador se dirige ao leitor, española, se le conoce como la tierra de los “che”.
(a) condicionando-o a exercer atividades comunitárias. “Es muy probable que la expresión viajara con los
(b) ora incluindo-se nas ações, ora ordenando-o informalmente. emigrantes que llegaron a Argentina. Entre 1857 y 1935
(c) ora instruindo-o em seus atos, ora reprimindo-o em suas casi tres millones de españoles arribaron a Buenos
falhas. Aires”, comenta la filóloga e historiadora Inés Celaya.
(d) adicionando vozes e posturas divergentes às ações dos El “che”, no obstante, es un hijo con varios padres.
moradores. Algunos filólogos italianos reclaman la paternidad y
(e) impondo-se como voz de autoridade de um órgão sitúan su nacimiento en Venecia, cuna del “cocoliChe”,
governamental.
un dialecto que transmitió muchas palabras al
18. 2020 Digital lunfardo, la jerga que nació en los bares bonaerenses.
Bienalsur: una invitación a cruzar las fronteras De 1814 a 1970 llegaron a Argentina unos seis millones
de emigrantes italianos, siendo la comunidad europea
Un dedo nos señala, acusador. Lo vemos en la
más grande del país.
estación de tren, en el museo, en puertas, ventanas
Otra vertiente del “che” es su posible origen en
y vidrieras. ¿Quién fue?, grita en silencio la obra de
Graciela Sacco. Ése es el intimidante título elegido las comunidades indígenas del norte de Argentina.
por la artista rosarina para este proyecto, con el que En guaraní “che” significa “yo” y también se utiliza
participará de la primera edición de Bienalsur. No como el posesivo “mi”. “En cualquier caso el ‘che’ es una
estará sola: unos 300 colegas y curadores se sumarán palabra errante, que ha cruzado culturas y océanos.
en más de 30 ciudades de 16 países a esta ambiciosa Ya no sólo forma parte de la historia del Mediterráneo
iniciativa impulsada desde Buenos Aires. sino del cono sur de América”, detalla Celaya.
“La bienal intenta ser una herramienta de Disponível em: www.lanacion.com.ar.
Acesso em: 8 jul. 2015 (adaptado).
integración regional”, dijo a LA NACION su director
general, Aníbal Jozami. El rector de la Universidad O texto trata da origem da expressão “che”. No caso do espa-
Nacional de Tres de Febrero (Untref) se inspiró en las nhol da Argentina, essa expressão reflete a
memorias de Jean Monnet, considerado uno de los (a) quantidade de imigrantes usuários do vocábulo.
“padres” de la Unión Europea. “Él dijo que si la Unión (b) perspectiva da filóloga para o uso dessa palavra.
Europea hubiera empezado por una integración cultural (c) identificação dos argentinos com a palavra “che”.
en lugar de económica, el resultado hubiera sido mucho (d) diversidade na formação dessa variedade do castelhano.
mejor − agregó −. Uno de los objetivos de Bienalsur es (e) imposição da língua espanhola sobre as línguas indígenas.
crear canales de comunicación que permitan a la gente 20. 2020 Digital
sentirse parte de un mismo circuito.” No hablarás con acento andaluz
Disponível em: www.lanacion.com.ar. Acesso em: 24 ago. 2017.
en el telediario de las 9
Artistas em várias partes do mundo expõem suas obras em
Hace unos días salió publicado que el obispado de
eventos que celebram a arte, como a Bienalsur. Em consonân-
Salamanca ha pedido a las hermandades de Semana
cia com o texto, pode-se constatar que esse evento artístico
Santa que eviten usar expresiones andaluzas durante
inovador foi criado com o propósito de
las procesiones arguyendo que “suenan mal”.
(a) apontar as diversas obras artísticas expostas em Buenos
Aunque es una noticia aparentemente local y sin
Aires.
otro interés que el de seguir los cotilleos de los cofrades
(b) inspirar as transformações econômica e política de países
y capillitas salmantinos, lo cierto es que recoge uno de
europeus.
los estereotipos lingüísticos más extendidos: lo mal
(c) acusar artistas que expõem suas obras em locais pouco
que hablan los andaluces.
tradicionais.
Lo que los hablantes percibimos subjetivamente
(d) promover a socialização entre diferentes artistas e a po-
como acentos buenos y malos suele ser producto de la
pulação em geral.
influencia cultural y del poder recalcitrante que dejaron
(e) realizar exposições artísticas sobre eventos esportivos
ciertas regiones históricamente hegemónicas. El habla
como os Jogos Olímpicos.
de Castilla se convirtió en la de prestigio porque era la
19. 2020 Digital
forma de hablar propia del lugar de donde emanaba
Los orígenes de la habitual expresíon ¡che! el poder. El acento de la clase dominante pasó a tener
¿Hay algo más argentino que la expresión “che”? prestigio social y se convirtió a ojos del conjunto de
Muchos afirmarían que no, que de hecho “che” es los hablantes en deseable, mientras que las formas
sinónimo de argentino. Sin embargo, las continuas de hablar de las zonas alejadas de los centros de poder
oleadas migratorias que recibió el país a finales del siglo pasaron a ser consideradas provincianas y propias de
XIX y comienzos del XX le dan un origen más complejo. gentes pobres e incultas.

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La televisión tiene un enorme poder en lo que a O texto discute a proibição de expressões andaluzas nas pro-
representación y normalización cultural se refiere. De la cissões e no telejornal das 9 horas. De acordo com essa discus-
misma manera que esperamos que la televisión pública são, o autor defende a
recoja los distintos intereses y sensibilidades de la (a) soberania de um falar sobre o outro.
población, sería muy deseable ver reflejado y celebrado
(b) estranheza perceptiva do falar andaluz.
todo el abanico de diversidad lingüística de la sociedad
(c) luta dos andaluzes pela diversidade linguística.
en que vivimos y abandonar de una vez el monocultivo
(d) hegemonia de um sotaque com base no prestígio social.
del castellano central que copa nuestras pantallas. Y
hoy, día de Andalucía, es un buen día para reclamarlo. (e) visão estereotipada dos próprios andaluzes acerca de
MELLADO, E. A. Disponível em: www.eldiario.es. Acesso em: 18 ago. 2017. seu falar.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ARTE
Múltiplas artes No que tange à identidade de gênero masculina, a dança e suas
modalidades expressam o(a)
Livro único | Frente única | Capítulo 1
(a) padronização da inserção dos homens nessas manifesta-
1. 2020 Digital Ao lado da indústria da moda, a do rock ções corporais.
é o melhor exemplo da vendabilidade elástica do pas- (b) identificação de como essas práticas regulam uma única
sado cultural, com suas reciclagens regulares de sua masculinidade.
própria história na forma de retomadas e releituras, (c) reconhecimento das diferentes masculinidades.
retornos e versões cover. Nos últimos anos, o desen-
(d) contestação das normas sociais pelo balé.
volvimento de novas tecnologias acelerou e, de certa
(e) reforço de uma feminilidade hegemônica.
maneira, democratizou esse processo a ponto de per-
mitir que as evidências culturais do rock sejam fisica- 3. 2020 Leandro Aparecido Ferreira, o MC Fioti, com-
mente desmanteladas e remontadas como pastiche e pôs em 2017 a música Bum bum tam tam, que gerou, em
colagem, com mais rapidez e falta de controle do que nove meses, 480 milhões de visualizações no YouTube.
em qualquer época. É o funk brasileiro mais ouvido na história do site.
CONNOR, S. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo.
São Paulo: Loyola, 1989.A incorporação de um trecho da obra para flauta solo de Johann. A partir de uma gravação da flauta que achou na
O rock personifica o paradoxo da cultura de massas (pós-mo- internet, MC Fioti fez tudo sozinho: compôs, cantou e
derna), visto que seu alcance e influência globais, combinados produziu em uma noite só. “Comecei a pesquisar al-
com a sua tolerância, criam uma guns tipos de flauta, coisas antigas. E nisso eu achei a
(a) subversão ao sistema cultural vigente. ‘flautinha do Sebastian Bach’”, conta. A descoberta foi
(b) identificação de pluralidade de estilos e mídias. por acaso: Fioti não sabia quem era o músico alemão e
(c) homogeneização dos ritmos nas novas criações.
não sabe tocar o instrumento.
(d) desvinculação identitária nos hábitos de escuta.
A “flauta envolvente” da música é um trecho da Par-
(e) formação de confluência de métodos e pensamento.
tita em Lá menor, escrita pelo alemão Johann Sebastian
2. 2020 Digital A masculinidade, assim como a feminili- Bach por volta de 1723.
dade, é uma construção histórica e cultural. Em nossa Disponível em: https://g1.globo.com.
cultura, a dança caracteriza-se, no sentido geral, como Acesso em: 6 jun. 2018 (adaptado).

um universo predominantemente feminino. Homens A incorporação de um trecho da obra para flauta solo de Johann
que dançam são geralmente considerados homosse- Sebastian Bach na música de MC Fioti demonstra a
xuais, por não se enquadrarem dentro das normas cul- (a) influência permanente da cultura eurocêntrica nas produ-
turais hegemônicas de gênero e sexualidade. Por outro
ções musicais brasileiras.
lado, demonstram a não existência de um único tipo
(b) homenagem aos referenciais estéticos que deram origem
de masculinidade, enfatizando que as identidades hu-
às produções da música popular.
manas são múltiplas e plurais. No contexto da dança,
(c) necessidade de divulgar a música de concerto nos meios
as representações hegemônicas de gênero e as regu-
populares nas periferias das grandes cidades.
lações sociais que essas impõem não se manifestam
(d) utilização desintencional de uma música excessivamente
de forma igual em todas as modalidades de dança.
distante da realidade cultural dos jovens brasileiros.
Persiste essa forte representação cultural ocidental
que associa o balé à feminilidade e à homossexuali- (e) inter-relação de elementos culturais vindos de realidades
dade. Em outras danças, ela não se revela tão forte, e os distintas na construção de uma nova proposta musical.
homens não aparecem em menor número, como nas
Veja também em:
tradicionais danças folclóricas ou no moderno hip hop.
Interpretação de Texto | Intertextualidade e interdiscursividade
ANDREOLI, G. S. Representações de masculinidade na dança
Livro 2 | Frente única | Capítulo 6
contemporânea. Movimento, n. 1, 2011 (adaptado).

76 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Renascimento e América Texto II
O cinema brasileiro partiu da consciência do subde-
pré-colombiana senvolvimento e da necessidade de superá-lo de maneira
Livro único | Frente única | Capítulo 6 total, em sentido estético, filosófico, econômico: superar
4. 2022 o subdesenvolvimento com os meios do subdesenvol-
vimento. Tropicalismo é o nome dessa operação; por
Texto I
isso existe um cinema antes e depois do Tropicalismo.
Agora nós não temos mais medo de afrontar a realida-
de brasileira, a nossa realidade, em todos os sentidos e
a todas as profundidades.
ROCHA, G. Tropicalismo, antropologia, mito, ideograma. In: Revolução do
Cinema Novo. Rio de Janeiro: Alhambra; Embrafilme, 1981 (adaptado).

Uma das aspirações do Cinema Novo, movimento cinematográ-


fico brasileiro dos anos 1960, incorporadas pela letra da canção
e detectáveis no texto de Glauber Rocha, está na
(a) retomada das aspirações antropofágicas pela prática
intertextual.
(b) problematização do conceito de arte provocada pela gera-
ção tropicalista.
EL GRECO. Laocoonte. Óleo sobre tela, 1,37cm x 1,72cm. National
(c) materialização do passado como instrumento de percepção
Gallery of Art, Washington, Estados Unidos, circa 1610-1614.
Disponível em: https://images.nga.gov. Acesso em: 28 jun. 2019 (adaptado). do contemporâneo.
(d) síntese da cultura popular em sintonia com as manifesta-
Texto II
ções artísticas da época.
Essa impressionante obra apresenta o sacerdote (e) formulação de uma identidade brasileira calcada na tradição
Laocoonte sendo punido pelos deuses por tentar alertar cultural e na crítica social.
os troianos da ameaça do Cavalo de Troia, que escondia
um grupo de soldados gregos. Enviadas pelos deuses, Década de 1960 e as novas artes
serpentes marinhas são vistas matando Laocoonte e
Livro único | Frente única | Capítulo 14
seus dois filhos como forma de punição.
KAY, A. In: FARTHING, S. (Org.). Tudo sobre arte. Rio 6. 2022
de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).
Texto I
Produzida no início do século XVII, a obra maneirista distingue-
-se pela
(a) representação da nudez masculina.
(b) distorção ao representar a figura humana.
(c) evocação de um fato da cultura clássica grega.
(d) presença do tema da morte como punição da família.
(e) utilização da perspectiva para integrar os diferentes planos.

Modernismo e contracultura
Livro único | Frente única | Capítulo 13

5. 2020 Digital
Texto I
Cinema Novo
O filme quis dizer: “Eu sou o samba”
A voz do morro rasgou a tela do cinema
E começaram a se configurar
Visões das coisas grandes e pequenas
Que nos formaram e estão a nos formar
Todas e muitas: Deus e o diabo, vidas secas, os fuzis,
Os cafajestes, o padre e a moça, a grande feira, o
[desafio
Outras conversas, outras conversas sobre os jeitos do
[Brasil JUDD, D. Sem título. 1969.
VELOSO, C.; GIL, G. In: Tropicália 2. Rio de Janeiro: Polygram, 1993 (fragmento). Disponível em: https://dasartes.com.br. Acesso em: 16 jun. 2022.

ARTE 77

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Texto II guitarras, baixo e bateria. Mas eles não fizeram um show
Embora não fosse um grupo ou um movimento orga- acústico como pode parecer. Eles utilizaram quatro apa-
nizado, o Minimalismo foi um dos muitos rótulos (incluin- relhos de telefone celular, cada um substituindo um
do estruturas primárias, objetos unitários, arte ABC e Cool instrumento, por meio de quatro aplicativos diferentes:
Art) aplicados pelos críticos para descrever estruturas apa- Shred, Drum Meister, Pocket Guitar e Microphone.
rentemente simples que alguns artistas estavam criando. Os quatro membros da banda embarcaram no me-
Quando a arte minimalista começou a surgir, muitos crí- trô de Nova Iorque, ligaram seus celulares e começa-
ticos e um público opinativo julgaram-na fria, anônima e ram a tocar a música Take me Out sem nenhum tipo
imperdoável. Os materiais industriais pré-fabricados fre- de anúncio, filmando a apresentação com outros apa-
quentemente usados não pareciam “arte”. relhos de telefone. O vídeo resultante foi sucesso no
DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos. YouTube com mais de 2 milhões de visualizações.
São Paulo: Cosac & Naify, 2003 (adaptado). Disponível em: www.tecmundo.com.br. Acesso em: 6 jun. 2018 (adaptado).
De acordo com os textos I e II, compreende-se que a obra mini-
A apresentação da banda Atomic Tom revela
malista é uma
(a) alternativas inusitadas para enfrentar a difícil aquisição de
(a) representação da simplicidade pelo artista.
(b) exploração da técnica da escultura cubista. instrumentos musicais tradicionais.
(c) valorização do cotidiano por meio da geometria. (b) formas descartáveis de produção musical ligadas à efeme-
(d) utilização da complexidade dos elementos formais. ridade da sociedade atual.
(e) combinação de formas sintéticas no espaço utilizado.
eletrônicos portáteis.
*010275AM7*
(c) maneiras inovadoras de ouvir música por meio de aparelhos

7. 2020 Digital
(d) possibilidades de fazer música decorrentes dos avanços
tecnológicos.
(e) soluções originais de levar a cultura musical para os meios
Questão 9 Questãode11
transporte.
u ten o empresas e sou digno do visto para ir a 9. 2020
Nova or . din eiro que c ove em Nova or para Cadeira - s. f . 1 as s e nt o c o m
e nc o s t o e p e r nas , g e r . p ar a
pessoas com poder de compra. essoas que ten am um a p e s s o a 2 f ig. l ug ar d e
um visto do consulado americano. din eiro que c ove h o nr a o c up ad o p o r p o l í t i c o ,
c i e nt i s t a, l i t e r at o e t c . 3 f ig.
em Nova or tamb m para os nova iorquinos. o d i s c i p l i na; c á t e d r a

mil ares de dólares. ... stou indo para Nova or onde


est c ovendo din eiro. ou um grande administrador.
im est c ovendo dinDEeiro em
MARIA, Novarelampejante,
W. Campo or . eu no r dio.
1977.

e o que pedestres invadindo a via ondeAcesso


Disponível em: www.ballardian.com. tra em:
ega o 2018.
12 jun.

meu carro vermel o importado da leman a. e o queMaria


Na obra Campo relampejante (1977), o artista Walter de
coloca hastes de ferro em espaços regulares, em um campo de
carros nacionais tra egando pela via onde tra ega o
1 600 metros quadrados no Novo México. O trabalho faz parte
meu carro vermel o importado da leman a. o c egar
do movimento artístico Land Art, que trata da
em Nova or(a) tomarei provid
constituição da cena ncias.
artística marcada pela paisagem na-
N tural,
NN modificada
. importado vermel
pela o de No . n
multimídia. N . rg. . KOSUTH, J. One and Three Chairs. Museu Reina Sofia, Espanha, 1965.
O s c em melhores c ontos. io de aneiro b etiva . U . O ne and Three Chairs. useu eina ofia span a .
(b) ocupação de um local vazio sem função específica, passan- Disponível em: www.museoreinasofia.es.

s repeti es e as do arases
existircurtas constituem procedimentos
como arte. isponível em .museoreinasofia.es. cesso
Acesso em: 4em un. (adaptado).
jun. 2018 adaptado .
(c) utilização de
linguísticos importantes equipamentos
para a compreenstradicionais
o da como tica para obra
temsuporte de deosep
A obra osut data
Joseph Kosuth data de e se constitui
de 1965 e se constitui
por uma por
do te to pois(d) divulgação de fenômenos científicos que dialogam com a fotografia de cadeira, uma cadeira exposta e um quadro com eo um
uma otografia de cadeira uma cadeira e posta
a atividade artística.
quadro com“Cadeira”.
verbete o verbete Trata-seadeira . rata de
de um exemplo seartede um e emplo
conceitual
A e pressam estética a utilidade
da arte.do discurso de poder e de
de arte conceitual que revela o parado o entre verdade e
que revela o paradoxo entre verdade e imitação, já que a arte
(e) exposição da obra em locais naturais e institucionais abertos
distin o do ao narrador.
público. imita(a) onão équea realidade,
a artemas uma representação dela.
B dis ar am a alta de densidade das ang stias A n(b)o fundamenta-se a se
realidade
na repetição, construindo variações.
mas uma
Arte contemporânea (c) não define, pois depende da representa
interpretação do o dela.
fruidor.
e istenciais narradas. B undamenta
(d) resiste ao tempo, beneficiada por múltiplas formas dees.
se na repeti o construindo varia
Livro único | Frente única | Capítulo 15
C ironi am a valori a o da cultura norte americana C n o se define pois depende da interpreta o do ruidor.
registro.
pelos brasileiros.
8. 2020 Digital Durante cinco minutos, a banda D resiste ao tempo
(e) redesenha beneficiada
a verdade, aproximando-sepor mdasltiplasdefinições ormas
norte-americana Atomic Tom deixou de lado microfones, de registro.
lexicais.
D e plicitam a gan ncia financeira do capitalismo
E redesen a a verdade apro imando se das
contempor
78 neo. CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
LINGUAGENS,
defini es le icais.
E criticam os estereótipos sociais das vis es de mundo Questão 12
elitistas.
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amador.
C mapeamento dos interesses dos praticantes acerca
dos esportes.
disco de bolso . D identifica o da escasse de espa os para a viv ncia
ragmento . dos esportes.
E orma o de grupos em comunidades virtuais para a
pr tica esportiva.
tor serve 10. 2020 (a) recusa a crenças, convicções, valores morais, estéticos e
do nada. Questão 22
Texto I políticos na história moderna.
m. uas TE X TO I
(b) frutífero arsenal de materiais e formas que se relacionam
meira o com os objetos construídos.
arnasiano (c) economia e problemas financeiros gerados pela recessão
a c uva que tiveram grande impacto no mercado.
em sede
(d) influência desse grupo junto aos estilos pós-modernos que
esta o
surgiram nos anos 1990.
ado com
pau (e) interesse em produtos indesejáveis que revela uma cons-
de tudo . ciência sustentável no mercado.
m mas o 11. 2020 Slam do Corpo é um encontro pensado para
tudo se surdos e ouvintes, existente desde 2014, em São Paulo.
sica que Uma iniciativa pioneira do grupo Corposinalizante, cria-
do em 2008. (Antes de seguirmos, vale a explicação: o
e Tom J ob im. termo slam vem do inglês e significa – numa nova acep-
sac Nai .
ção para o verbo geralmente utilizado para dizer “bater
asileiro o com força” – a “poesia falada nos ritmos das palavras
HIRST, D. Mother and Child. Bezerro dividido em duas partes: e da cidade”). Nos saraus, o primeiro objetivo foi o de
ece com . M other
1 029 × and
1 689 Child. e erro
× 625mm, 1993 dividido
(detalhe). Vidro,em
açoduas
pintado,partes botar os poemas em Libras na roda, colocar os surdos
mm 3 silicone,
detal acrílico,
e . monofilamento,
idro a o pintado aço inoxidável,
silicone acrílico para circular e entender esse encontro entre a poesia e
bezerro e solução de formaldeído.
monofilamento a o ino id vel be erro e solu o de ormaldeído. a língua de sinais, compreender o encontro dessas duas
converte
Texto II
TE X TO I I línguas. Poemas de autoria própria, três minutos, um
oncebe o O grupo Jovens Artistas Britânicos (YABs), que sur- microfone. Sem figurino, nem adereços, nem acompa-
grupo ovens rtistas rit nicos s que surgiu
giu no final da década de 1980, possui obras diversi- nhamento musical. O que vale é modular a voz e o cor-
no final da d cada de possui obras diversificadas
po, um trabalho artesanal de tornar a palavra “visível”,
move na ficadas que incluem fotografias, instalações, pinturas
que incluem otografias instala es pinturas e carca asnuma arena cujo objetivo maior é o de emocionar a
e carcaças desmembradas.
desmembradas. trabal oO desses trabalho desses artistas artistas
c amouplateia, tirar o público da passividade, seja pelo humor,
de obras a aten o no final do período da recess o por por
chamou a atenção no final do período da recessão, utili arhorror, caos, doçura e outras tantas sensações.
materiais
utilizar incomuns como esterco
materiais incomuns, comode ele antes
esterco sangue
de elefan-
NOVELLI, G. Poesia incorporada.
e legumes
tes, sangue o que e pressava
e legumes, os detritososda
o que expressava vida da
detritos e uma Revista Continente, n. 189, set. 2016 (adaptado).

o reunir atmos erae de


vida uma niilismo
atmosfera temperada
de niilismo, por um umor
temperada pormorda
um .Na prática artística mencionada no texto, o corpo assume papel
humor mordaz. isponível em ttp damien irst.com. cesso em ul. .
de destaque ao articular diferentes linguagens com o intuito de
N . Tudo sob re arte. io de aneiro e tante adaptado .
ara bater Disponível em: http://damienhirst.com.
(a)
imprimir ritmo e visibilidade à expressão poética.
provoca o desse grupo gera um debate em torno da Acesso em: 15 jul. 2015.
ibili ados (b)
redefinir o espaço de circulação da poesia urbana.
FARTHING, S. Tudo sobre arte.
obra de arte pelo a
a os para Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).
(c) estimular produções autorais de usuários de Libras.
o dessas A recusa a desse
A provocação cren grupo
as gera
convic es em
um debate valores morais(d) traduzir expressões verbais para a língua de sinais.
torno da obra
e utebol est ticos e políticos
de arte pelo(a) na istória moderna. (e) proporcionar performances estéticas de pessoas surdas.
campos e B rutí ero arsenal de materiais e ormas que se
dois tipos relacionam com os ob etos construídos.
de gest o C economia e problemas financeiros gerados pela
do quem recess o que tiveram grande impacto no mercado.
o que D in u ncia desse grupo unto aos estilos pós modernos
pessoas que surgiram nos anos .
E interesse em produtos indese veis que revela uma
ede. Retratos:
adaptado . consci ncia sustent vel no mercado.

ARTE 79

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

EDUCAÇÃO FÍSICA
Influência da mídia no corpo
Livro 1 | Frente única | Capítulo 2

1. 2020 Digital Nos dias atuais, para as crianças e os adolescentes, a alimentação adequada e balanceada está
associada, na maioria das vezes, à busca da forma ideal, segundo padrões ditados pela mídia. Se antes essa preocu-
pação era predominantemente feminina, hoje existem adolescentes tentando emagrecer a qualquer custo: entram
e saem de dietas e regimes feitos por conta própria, automedicam-se ou praticam exercícios físicos sem orientação.
MATTOS, L. O. N. Educação física e educação para a saúde. MultiRio, 2016 (adaptado).

Adolescentes associam que a conquista da “forma ideal” do corpo está relacionada à


(a) adoção de hábitos inadequados à saúde no cotidiano.
(b) busca de auxílio médico para o tratamento com fármacos.
(c) adesão a programas oferecidos por academias de ginástica.
(d) atuação da mídia na estética presente no imaginário feminino.
(e) procura de um nutricionista para a realização de dieta e regime.

Treinamento físico
Livro 1 | Frente única | Capítulo 4

2. 2020 Digital O universo infantil encanta por ser rico na diversidade de manifestações corporais. Crianças brin-
cam de pega-pega, esconde-esconde, mãe de rua e experienciam diversas possibilidades de movimento na busca
de novas descobertas, que podem ocorrer por meio de elementos gímnicos, como a estrelinha, a cambalhota, a
bananeira (nomes populares dados à roda, ao rolamento e à parada de mãos).

Elementos constitutivos da ginástica

Elementos Elementos Exercícios de


corporais acrobáticos condicionamento físico

Passos Rotações: Para o


Corridas no solo, no ar, em desenvolvimento
Saltos aparelhos da: força, resistência,
Saltitos Apoios: flexibilidade etc
Giros no solo, em aparelhos (exercícios localizados)
Equilíbrios Reversões:
Ondas no solo, em aparelhos
Poses Suspensões:
Marcações em aparelhos
Balanceamentos Pré-acrobáticos
Circunduções

PIZANI, J.; BARBOSA-RINALDI, I. P.


Cotidiano escolar: a presença de elementos gímnicos nas brincadeiras
infantis. Revista de Educação Física da UEM, n. 1, 2010.

Os fundamentos gímnicos da roda e da parada de mãos requerem, respectivamente, a aplicação dos elementos de
(a) pose e força. (c) apoio e equilíbrio. (e) reversão e resistência.
(b) giro e corrida. (d) saltito e suspensão.

80 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Esportes não convencionais (a) busca permanente pela saúde relacionada a um padrão
corporal específico.
Livro 2 | Frente única | Capítulo 6
(b) interferência da História da Arte sobre padrões corporais
3. 2020 LUTA: prática corporal imprevisível, caracte- valorizados no cotidiano.
rizada por determinado estado de contato proposital, (c) pesquisa por novos procedimentos estéticos voltados aos
que possibilita a duas ou mais pessoas se enfrentarem cuidados com a aparência corporal.
numa constante troca de ações ofensivas e/ou defensi- (d) diferença aparente entre a capacidade motora de um corpo
vas, regida por regras, com o objetivo mútuo sobre um
jovem e aquele marcado pelo tempo.
alvo móvel personificado no oponente.
(e) influência da sociedade na construção dos sentidos e sig-
GOMES, M. S. P. et al. Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos
grupos situacionais. Movimento, n. 2, abr.-jun. 2010 (adaptado). nificados sociais relacionados ao corpo.

De acordo com o texto, podemos identificar uma abordagem 5. 2020 Digital Os cuidados com o corpo vão se tornan-
das lutas nas aulas de educação física quando o professor rea- do uma exigência na modernidade e implicam a con-
liza uma proposta envolvendo vergência de uma série de elementos: as tecnologias,
(a) contato corporal intenso entre o aluno e seu oponente. para tanto, vão se desenvolvendo de maneira acelera-
(b) contenda entre os alunos que se agridem fisicamente. da; o mercado dos produtos e serviços voltados para o
(c) confronto corporal em que os vencedores são previamente corpo vai se expandindo; a higiene que fundamentava
identificados. esses cuidados vai sendo substituída pelos prazeres do
(d) combate corporal intencional com ações regulamentadas “corpo”, implicação lógica do processo de seculariza-
entre os oponentes. ção, no qual há a identificação da personalidade dos
(e) conflito resolvido pelos alunos por meio de regras previa- indivíduos com sua aparência. Por todas essas circuns-
mente estabelecidas. tâncias, o cuidado com o corpo transforma-se numa
ditadura do corpo, um corpo que corresponda à expec-
Como o corpo é visto pela sociedade tativa desse tempo, um corpo que seja trabalhado ar-
Livro 2 | Frente única | Capítulo 7 duamente e do qual os vestígios de naturalidade sejam
eliminados.
4. 2020 Digital O que dizer de um corpo flácido, gordo, SILVA, A. M. Corpo, ciência e mercado: reflexões acerca da gestação de um novo
considerado deselegante nos dias de hoje, mas que era, arquétipo da felicidade. Campinas: Autores Associados; Florianópolis: UFSC, 2001.

há não muito tempo, considerado sensual e inspirador O fenômeno social identificado, em relação à presença do corpo
por pintores clássicos? Como entender o conceito de na sociedade, indica que
saúde, associado antigamente a um corpo robusto, até (a) as tecnologias, o mercado dos produtos e serviços e a hi-
mesmo gordo, e atualmente relacionado a um corpo giene criaram uma ditadura do corpo.
magro? E o corpo já não tão jovem, sobre o qual é im- (b) os cuidados com o corpo na modernidade reforçam a natu-
posta uma série de “consertos” e “reparos” para pare- ralidade da personalidade do indivíduo.
cer mais jovem? O que se pode dizer é que o corpo é (c) a expansão das tecnologias de cuidado reduz o impacto
uma síntese da cultura, pois, através do seu corpo, o desempenhado pelos padrões estéticos na construção da
ser humano vai assimilando e se apropriando dos va- imagem corporal.
lores, normas e costumes sociais, em um processo de (d) o enfraquecimento atual dos padrões de beleza favorece
incorporação. o crescimento do mercado de produtos e serviços voltados
DAOLIO, J. Os significados do corpo na cultura
e as implicações para a educação física. aos cuidados estéticos.
Movimento, n. 2, 1995 (adaptado). (e) os padrões estéticos desempenham uma importante função
As mudanças das representações sobre o corpo ao longo da social à medida que induzem à melhoria dos indicadores de
história são provenientes da saúde na população.

EDUCAÇÃO FÍSICA 81

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