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FÍSICA I ASSUNTO

Dinâmica em movimentos curvilíneos


3
1. Introdução C
t
1
A partir deste ponto, faremos uma reflexão mais profunda sobre a v
a
força resultante que pode atuar sobre um móvel. Sem deixar de lado as
leis de Newton, que também regirão nosso estudo, além dos conceitos
de referencial inercial e não inercial, descobriremos que, dependendo da
relação entre os vetores força resultante e velocidade que atuam em um
móvel, sua trajetória pode ser curvilínea em vez de apenas retilínea, como Dessa forma, acabamos de descobrir que, para que a velocidade mude
vimos antes. Naturalmente, sabemos que existem trajetórias curvilíneas, de direção, deve passar a atuar sobre o móvel um vetor aceleração que não
já que estão presentes o tempo todo em nosso cotidiano, mas vamos, tenha a mesma direção do vetor velocidade inicial. E como, pela Segunda
agora, entender a sua dinâmica. Lei de Newton, a toda aceleração está associada uma força, deve passar a
atuar no móvel uma força resultante que não tenha a direção da velocidade,
e é sobre essa força que passaremos a discutir na próxima seção.
2. Dinâmica retilínea ×
dinâmica curvilínea 3. Componentes da força resultante
Estudamos, no último assunto, a dinâmica presente em movimentos
retilíneos, ou seja, a presença de forças atuando como fatores de alteração A figura a seguir mostra um móvel executando um movimento curvilíneo
dos movimentos. Descobrimos também que, pela Segunda Lei de Newton, em duas dimensões e a força resultante que atua nele naquele instante.
a toda força está associada uma aceleração, vetores com mesma direção
e sentido.
Então, vamos pensar em um bloco de 1 kg em movimento retilíneo
uniforme. Como o movimento é retilíneo, a velocidade tem sempre uma
certa direção. Suponha que seja aplicada uma força de 1 N no mesmo
sentido da velocidade do corpo. Sabemos que, pela Segunda Lei de
Newton, surgirá uma aceleração de 1 m/s2 no corpo, no mesmo sentido
Essa força resultante, em um movimento bidimensional, sempre pode
da força, que no caso é o mesmo sentido da velocidade. O resultado disso
ser decomposta em dois eixos: o eixo tangencial (tangente à trajetória, ou
é que o corpo terá apenas a intensidade (ou o módulo) da sua velocidade
seja, na direção da velocidade do corpo) e o eixo normal (perpendicular
aumentada com o tempo, mas sua direção permanecerá inalterada. Mas
ao eixo tangencial). Chamaremos de força tangencial a componente da
nós sabemos que carros podem fazer curva, por exemplo. Como pode 
força no eixo tangencial
Ft e de força centrípeta a componente da força na
isso acontecer, então?
direção normal, como mostra a figura abaixo.
Um dos conceitos básicos de cinemática é que a velocidade
instantânea de um móvel é sempre tangente à trajetória que o corpo 
 Ft
está realizando. Logo, para que o móvel possa mudar de direção, a sua Ftcp
velocidade deve mudar de direção. Então, como faremos isso acontecer?
Como para quaisquer dois vetores distintos, a mudança de direção da 
velocidade de v para ∆v entre um instante t e um instante t + ∆t produz o vetor  Fcp
diferença de velocidades, dado por ∆v, como mostra a figura: Fcp
t
1
v v A força tangencial é toda força que estudamos até aqui. Ela está

associada à aceleração tangencial ( at), que altera a intensidade da
2 t +∆t
v +∆

velocidade do móvel que estudamos em cinemática escalar. A novidade


agora é a força centrípeta. Então, se a força tangencial está relacionada à
v

∆v
mudança da intensidade da velocidade, a força centrípeta é a força atrelada
v +∆v à mudança da direção da velocidade do corpo, proporcionando a trajetória
curvilínea observada. A aceleração associada a essa força é chamada de

Logo, se existe um vetor ∆v em um certo intervalo de tempo ∆t, aceleração centrípeta (acp).
devemos lembrar o conceito de aceleração, que é a taxa de variação Aplicando a Segunda Lei de Newton, teremos:
temporal da velocidade, ou seja, a = ∆v/∆t. Então, esse vetor aceleração
 
vai ter a mesma direção e sentido do vetor ∆v, já que ∆t é um escalar F t  m  at
positivo. Esse vetor está representado na figura a seguir:  
F cp  m  acp

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4. Aceleração centrípeta Consequentemente, temos:


  v²
Já sabemos como encontrar a aceleração tangencial instantânea ou F cp  m  acp  m
média de um móvel. Basta termos a função horária da velocidade e derivá- R
-la, para a primeira, e saber a variação do módulo da velocidade em um
certo intervalo de tempo, para a segunda. Mas ainda não sabemos como Extrapolando essa definição para qualquer movimento curvilíneo,
calcular a aceleração centrípeta. É o que veremos agora. podemos dizer que a aceleração centrípeta instantânea tem módulo igual
Considere um móvel em MCU de raio R. Como o movimento é ao módulo da velocidade linear instantânea ao quadrado dividido pelo raio
uniforme, a única aceleração presente nele é a centrípeta, já que é um de curvatura instantâneo.
movimento curvilíneo. A figura a seguir mostra o móvel indo de um ponto Ainda podemos escrever a aceleração centrípeta em função da
A até um ponto B da circunferência, com deslocamento angular igual a θ. velocidade angular do móvel. Como v = w · R , em que ω é a velocidade
angular, substituindo na fórmula da aceleração, teremos:
A
R  ( R )² ² R ² 
 acp  m m  acp  m² R
q vA R R
C

R
B 5. Classificação dos movimentos
 curvilíneos
v
    B  Dependendo da presença ou não da aceleração tangencial, os
Sabemos que v  v B  v A e v A  v B  v . Com isso, podemos
movimentos curvilíneos podem ser classificados da seguinte maneira:
formar o seguinte triângulo:

  UNIFORME RETARDADO ACELERADO


vB q vA


→ F
 F
Dv

É fácil ver por argumentos geométricos que o ângulo entre os dois →


F
vetores velocidade é o mesmo ângulo θ que representa o deslocamento
angular de A até B (tente provar isso).
No movimento circular uniforme, não há a ação da aceleração
Dessa forma, vemos que esse triângulo das velocidades é semelhante tangencial. Logo, a velocidade se mantém constante, e o móvel realiza
ao ∆ABC da figura anterior. Com isso, podemos relacionar as medidas uma trajetória circular, já que a aceleração centrípeta se mantém constante.
de seus lados: Em movimentos acelerados ou retardados, existe aceleração tangencial. A
 
v vA trajetória será determinada, então, pela ação da força centrípeta realizada.
 (I)
AB R
6. Dinâmica curvilínea no referencial
Sabemos também que, quando o intervalo de tempo que a partícula
leva para percorrer de A a B tende a 0, ou seja, ∆t → 0, o menor arco de não inercial
circunferência 
AB tende ao segmento AB. Dessa forma, podemos dizer que:
Relembrando: referenciais não inerciais são aqueles que possuem
aceleração em relação a referenciais inerciais. Como consequência, as
AB ≈ 
AB = v · Dt
leis de Newton não são válidas neles. Para podermos resolver problemas
Assim sendo, temos, de (I): relativos a eles, podemos nos valer dos princípios de equivalência de
  Einstein e de D’Alembert para mudar do referencial inercial para o não
v v v v ² inercial e conseguir usar as leis de Newton. Tais princípios afirmavam em
   (II) conjunto que, fixando o observador no referencial não inercial, poderíamos
y  t R t R
adicionar uma aceleração no sistema contido no referencial não inercial
contrária à aceleração real desse referencial em relação à Terra. Dessa
Como a acp é a única aceleração presente no movimento, além de forma, passariam a atuar no corpo forças “fictícias”, denominadas
ter módulo constante, podemos dizer que ela corresponde à aceleração forças de inércia. Muitas vezes esse procedimento facilita a resolução
média do movimento: do problema.

  v Como estamos falando ainda de dinâmica, as mesmas condições do
acp  a m  (III)
t movimento retilíneo valem para o movimento curvilíneo.
Logo, de (II) e (III), temos que: Para fazermos uma mudança de um referencial inercial para um
referencial não inercial que execute um movimento de rotação uniforme (ou
 v² seja, dotado apenas de aceleração centrípeta, sem a ação de aceleração
acp =
R tangencial), procedemos da mesma forma. Colocando o observador no

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referencial em rotação, incluímos nos componentes do sistema contido Solução:


nesse referencial a aceleração adicional de mesmo módulo e direção a. No ponto A, as forças que atuam no carrinho são a normal que o
da aceleração centrípeta, porém de sentido contrário, que chamaremos de trilho faz sobre ele (NA) e o peso do carrinho (P). Ambas as forças
aceleração centrífuga. A força de inércia correspondente a ela será, então, têm direção vertical e sentido para baixo no ponto A. Como o centro
naturalmente denominada força centrífuga. de rotação é o ponto O, veja que essas duas forças já estão sobre
Geralmente, em movimentos curvilíneos, a mudança de referencial o eixo normal à trajetória no ponto A. O diagrama de corpo livre do
nem sempre é tão interessante, ao contrário do que aconteceu no exercício móvel está representado na figura a seguir.
resolvido 7 do assunto anterior. Dessa forma, a aplicação desses princípios  A
para movimentos curvilíneos vale mais para fixação do conceito e treinamento. Ft eixo tangencial

Ft
7. Problemas envolvendo trajetórias  NA
Fcp
curvilíneas 
P
Fcp
eixo normal
A maioria dos problemas de dinâmica que envolvem trajetórias O
curvilíneas exigem que se tomem os seguintes passos:

1o. Identificar o centro instantâneo de rotação (CIR) da trajetória do móvel


em questão.
2o. Traçar o eixo normal, ou seja, que passa pelo CIR, e o eixo tangencial, B
perpendicular ao normal.
3o. Decompor as forças não contidas nesses eixos para esses eixos, e Dessa forma, temos que a resultante centrípeta é dada por:
manter as que já se encontram neles. Fcp = NA + P (I)
4o. No eixo normal, aplicar a Segunda Lei de Newton, lembrando que a
aceleração nesse eixo é a centrípeta. Como o carrinho está em movimento circular uniforme (MCU),
5o. No eixo tangencial, aplicar a Primeira ou Segunda Leis de Newton, sua velocidade no ponto A é a descrita no enunciado: v = 8 m/s.
dependendo das condições do problema. Lembrando que a aceleração Temos também que, como o movimento é um MCU, o raio de
nesse eixo, caso se aplique a Segunda Lei de Newton, é a aceleração rotação é constante ao longo da trajetória, igual a 2 m. Logo, temos:
tangencial. 1 8 2
Fcp   32 N.
2
Importante: A força centrípeta não é uma força a mais que atua no
móvel. Ela é simplesmente a resultante das forças que atuam na direção Como o peso do carrinho é igual a P = 1 · 10 = 10 N, temos que, de
normal à trajetória. Muitas vezes, existe apenas uma força atuando na (I), NA + 10 = 32→ NA = 22 N.
direção normal, podendo ela ser a força peso, uma força de tração, uma
força normal, etc. Nesse caso, elas farão apenas o papel de força centrípeta, b. No ponto B, as forças que atuam sobre o carrinho ainda são a normal
já que serão a própria resultante na direção normal. Devemos lembrar do trilho sobre ele (NB) e o peso do carrinho (P). Ambas as forças
também que ela sempre aponta para o centro de rotação. nesse ponto têm direção vertical, porém a normal tem sentido para
cima, enquanto o peso tem sentido para baixo. Como o centro de
rotação continua sendo o ponto O, temos que ambas as forças estão
sobre o eixo normal. O diagrama de corpo livre está representado na
figura a seguir.
01 Na figura seguinte, um carrinho de 1,0 kg de massa descreve
A
movimento circular e uniforme ao longo de um trilho envergado em forma
de circunferência de 2,0 m de raio.
A velocidade escalar do carrinho →
vale 8,0 m/s, sua trajetória pertence a
um plano vertical e adota-se |g | = 10 m/s2. Supondo que os pontos
A e B sejam, respectivamente, o mais alto e o mais baixo, determine a
intensidade da força que o trilho exerce no carrinho: O
eixo normal
A

NB

eixo tangencial
B


g →
P

B Dessa forma, a resultante centrípeta é dada por:


Fcp = NB – P (II)
a. no ponto A.
b. no ponto B.
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Assunto 3

Como o carrinho está em MCU, sua velocidade no ponto B é também b. Sabemos, pelo item “a”, que a resultante centrípeta que atua na esfera
v = 8 m/s. Temos que o raio também é igual a 2 m, já que ainda é no ponto B tem intensidade de 2 N. Sabemos também que ela é a
1 8 2 resultante da soma vetorial entre a tração no fio e o peso da esfera
um MCU. Logo, temos: Fcp   32 N.
naquele ponto e que deve ter sentido “para cima”, já que o centro de
2
rotação está acima do ponto B. Então, a tração deve ter intensidade
Como P = 1 · 10 = 10 N, temos que, de (II), 32 = NB – 10 →
maior que o peso. Dessa forma:
NB = 42 N.
Fcp = T – P → 2 = T – 1 · 10 → T = 12 N
02 O pêndulo da figura oscila em condições ideais, invertendo seu
movimento sucessivamente nos pontos A e C.
03 (IME-1996) Uma mesa giratória tem velocidade angular constante w,
em torno do eixo y. Sobre essa mesa encontram-se dois blocos, de massa
m e M, ligados por uma corda inelástica que passa por uma roldana fixa à
mesa, conforme a figura abaixo. Considerando que não existe atrito entre
→ a mesa e o bloco M, determine o coeficiente de atrito mínimo entre os
g
dois blocos para que haja movimento relativo entre eles. Considere d a
distância dos blocos ao eixo de rotação. Despreze as massas da roldana
e da corda.

w
A C m
B M

A esfera tem massa de 1,0 kg e o comprimento do fio leve e inextensível d


vale 2,0 m. Sabendo que, no ponto B (mais→baixo da trajetória), a esfera
tem velocidade de módulo 2,0 m/s e que |g | = 10 m/s2, determine: 1a solução:
No referencial não inercial da mesa giratória:
a. a intensidade da força resultante que age na esfera quando ela passa Nesse referencial, os blocos não se movimentam um em relação ao outro,
pelo ponto B. nem em relação ao referencial.
b. a intensidade da força que traciona o fio quando a esfera passa pelo É fácil ver que o centro de rotação está contido no eixo y da figura, já que ele
ponto B. é dotado de uma velocidade angular ω constante. Como esse movimento de
rotação é munido apenas de aceleração centrípeta, podemos nos munir dos
Solução: princípios da equivalência e de D’Alembert para mudança de referencial.
a. Vamos identificar primeiro o centro de rotação da trajetória no ponto O eixo normal é, então, o eixo que acompanha a distância d marcada na
B. Veja que, pelo fato de o fio estar sempre esticado, já que sempre há figura. Porém, dessa vez, não usaremos o eixo tangencial (que é o que
tração, o centro de rotação é sempre o mesmo, e é o ponto em que o “entra” no papel, já que o movimento tem essa direção), pois não há forças
fio está preso no teto (O). Logo, o raio de rotação é constante e igual atuando nessa direção. Usaremos um eixo perpendicular ao normal que
ao comprimento do fio, 2 m. O diagrama de corpo livre da esfera está seja perpendicular à mesa, para que contenha a normal entre o bloco M
representado na figura a seguir. e a mesa e a normal entre os blocos.
Quando colocamos o referencial na mesa, devemos anular a aceleração
0 centrípeta que o sistema já tinha (para a esquerda no eixo normal) e
eixo normal adicionar uma nova aceleração, a centrífuga, para a direita no eixo normal,
com a mesma intensidade da centrípeta (ω²d), o que faz aparecerem as
T forças de inércia (centrífugas) nos blocos.
Dessa forma, temos os seguintes diagramas de corpo livre:
v = 2 m/s
eixo tangencial B N2
T
m · w 2d
P m
Fat m·g

Agora veja que, no ponto B, a tração que atua no corpo é vertical, já que o N2
Fat M · w2d
fio está na vertical, apontando para cima. Existe também o peso, vertical,
M
mas apontando para baixo. Dessa forma, só existem forças sobre o eixo
normal, o que significa que só existe resultante centrípeta atuando na T
N1
esfera no ponto B. Logo, a força resultante que age na esfera é dada por: M·g
1 22
FR  Fcp  → FR = 2 N
2

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Assunto 3

Como a força centrífuga na caixa M é maior, já que M > m, a caixa M tende Temos a mesma condição de iminência de escorregamento da solução
a escorregar para a direita no eixo normal, o que faz com que, devido ao anterior: Fat = m · N2 = m · mg.
vínculo geométrico proporcionado pelo fio, a caixa m tenda a se deslocar Veja que as equações escritas aqui são equivalentes às da solução anterior.
para a esquerda no mesmo eixo. Dessa forma, deve aparecer um atrito Dessa forma, resolvendo o sistema, temos:
para a direita no bloco m provocado pelo bloco M a fim de impedir essa ( M  m)  2 d

tendência de movimento. Pela Terceira Lei de Newton, surge um atrito de 2 m g
mesma intensidade, porém sentido contrário; no bloco M · N2 é a normal
trocada pelos blocos, e N1 é a normal que a superfície exerce no bloco M.

Pela Primeira Lei de Newton, já que os blocos estão parados no referencial


não inercial, temos:
01 A partícula indicada na figura descreve uma trajetória circular de raio R
Bloco M: e centro O. Ao passar pelo ponto v, verifica-se que sobre ela agem apenas
 
– eixo normal: T + Fat = M · w2d duas forças: F1 e F2 .
– eixo perpendicular: M · g + N2 = N1
→ A
F1
Bloco m:
– eixo normal: T = Fat + m · w2d θ
– eixo perpendicular: N2 = m · g

→ V
Como o problema pede o coeficiente de atrito mínimo entre os blocos F2
para que não haja escorregamento relativo entre eles, devemos colocar o
o bloco m na iminência de escorregar, ou seja, a força de atrito (estático, 
no caso) deve ter seu valor máximo: Sendo m a massa da partícula e v a sua velocidade vetorial em A, é
Fat = m · N2 = m · mg correto que:

Resolvendo, então, o sistema formado pelas cinco equações, temos: mv 2


(A) F1 = .
( M  m)  2 d R

2 m g
mv 2
(B) F2 = .
R
2a solução:
No referencial inercial da Terra: mv 2
(C) F1 + F2 = .
Nesse referencial, os blocos não se movimentam relativamente entre si, R
mas em relação ao referencial da Terra. Os eixos são os mesmo descritos
anteriormente. Isolando os blocos, temos os diagramas de corpo livre mv 2
(D) F1 + F2 cos θ = .
representados na figura abaixo: R
mv 2
N2 (E) F1 + F2 cos θ + F ' = , emque F 'éa forçacentrífuga.
T R

m
02 (AFA-2002) A figura representa uma curva plana de um circuito de
Fat m·g fórmula 1.

N2
Fat
M
T
N1
M·g

Para o bloco M:
– eixo normal, Segunda Lei de Newton: M · w2d = T + Fat
– eixo perpendicular, Primeira Lei de Newton, já que não há aceleração
nesse eixo: M · g + N2 = N1.

Para o bloco m: Se, durante uma corrida, um piloto necessitar fazer tal curva com
– eixo normal, Segunda Lei de Newton: m · w2d = T – Fat velocidade elevada, evitando o risco de derrapar, deverá optar pela trajetória
– eixo perpendicular, Primeira Lei de Newton, já que não há aceleração representada em qual alternativa?
nesse eixo: N2 = m · g.

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Assunto 3

(A) (C) (A) 0,1.


(B) 0,3.
(C) 0,5.
(D) 0,6.

07 (AFA-2002) Dois corpos, A e B, giram em movimento circular uniforme


presos aos extremos de cordas de comprimentos, respectivamente,
(B) (D) r e 2r. Sabendo que eles giram com a mesma velocidade tangencial,
pode-se dizer que:

→ →
v v
r 2r
A B
03 Considere uma partícula de massa M descrevendo movimento circular
e uniforme com velocidade de intensidade V. Se o período do movimento
(A) ambos desenvolverão mesma velocidade angular.
é igual a T, a intensidade da força resultante na partícula é:
(B) ambos estarão submetidos à mesma força centrípeta.
(C) em um mesmo intervalo de tempo o corpo A dará maior número de
voltas que o B.
(A) MV . (D) o corpo A desenvolve menor aceleração centrípeta que o B.
T
2MV 08 Considere uma curva circular de 200 m de raio contida em um plano
(B) .
T horizontal. Um carro de 700 kg de massa deverá percorrer essa curva
com a máxima velocidade admissível para não derrapar. Sabendo que
2πMV
(C) . os coeficientes de atrito estático e cinético entre os pneus do carro e o
T solo valem, respectivamente, 0,80 e 0,70 e que g = 10 m/s2, determine
πMV a velocidade do veículo.
(D) .
T
09 (ITA-1969) Um satélite artificial é lançado em órbita circular equatorial,
2πV no mesmo sentido da rotação da Terra, de tal modo que o seu período seja
(E) .
T de 24 horas.
Assim sendo, um observador situado no equador poderá ver o satélite
04 Um ponto material de 4,0 kg de massa realiza movimento circular parado sempre sobre sua cabeça. Referindo-se a um sistema de
e uniforme ao longo de uma trajetória vertical de 7,5 m de raio. Sua coordenadas, rigidamente ligado à Terra, esse observador dirá que isso
 acontece porque:
velocidade angular é w = 1,0 rad/s e no local g = 10 m/s2 . No ponto A
indicado na figura, além da força da gravidade P, age no ponto material (A) Sobre o satélite atua uma força centrífuga que equilibra a força da
 
somente uma outra força: F. Caracterize F, calculando sua intensidade e gravidade da Terra.
indicando graficamente sua orientação. (B) Existe uma força tangente à órbita que dá ao satélite um movimento
igual ao da Terra e que impede a sua queda.
ω (C) A força centrípeta que atua sobre o satélite é igual à força da gravidade.
(D) Em relação ao Sol, o satélite também está parado.
(E) A essa distância em que o satélite se encontra seu peso é nulo.

A g 10 Considere um satélite artificial em órbita circular em torno da Terra.
0
→ Seja M a sua massa e R o raio de curvatura de sua trajetória. Se a força
p de atração gravitacional exercida pela Terra sobre ele tem intensidade F,
então pode-se afirmar que seu período de revolução vale:

05 Uma partícula de 3,0 kg de massa parte do repouso no instante MR


t0 = 0, adquirindo movimento circular uniformemente acelerado. Sua (A) .
F
aceleração escalar é de 4,0 m/s e o raio da circunferência suporte do
movimento vale 3,0 m. Para o instante t1 = 1,0 s, calcule a intensidade MR
(B) 2π .
da força resultante que age sobre a partícula. F
(C) 2π MRF .
06 (AFA-2004) Um carro de 1.500 kg faz uma curva sem superelevação,
com um raio de 75 m, à velocidade de 54 km/h. O coeficiente de atrito 2
(D) 4 π MR .
mínimo que deve haver entre o pavimento da estrada e os pneus, a fim de F
impedir a derrapagem do carro é:
(E) Não há dados para o cálculo.

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Assunto 3

11 Na figura seguinte, um carro com massa de 5,0 · 102 kg percorre 14 A esfera de massa M da figura, presa ao ponto P por um fio de massa
uma depressão assimilável a um arco de circunferência de 20 m de raio. desprezível e comprimento L, executa movimento circular uniforme em
No ponto mais baixo da trajetória, suposta contida em um plano vertical, torno do eixo E. A aceleração da gravidade tem módulo g. A velocidade
existe uma ponte de madeira, que pode resistir a uma compressão normal angular da esfera é:
máxima equivalente a 1,5 · 104 N.

0 P
θ
m L
20
E
r=

Considerando g = 10 m/s2, calcule com que velocidade máxima, dada em Mg


(A) w = .
km/h, o carro poderá atravessar a ponte sem derrubá-la. L sen θ
Mg
12 (AFA-2005) O pêndulo da figura abaixo gira apresentando um ângulo (B) w = .
θ de abertura em relação à vertical. Afirma-se que: tan θ

g
(C) w = .
L cos θ
θ Mg
(D) w = .
L cos θ

(E) w = 2π g .
L

15 (AFA-2008) Um corpo de massa m, preso à extremidade de um fio


constituindo um pêndulo cônico, gira em um círculo horizontal de raio R,
I. A força centrípeta é a força resultante. como mostra a figura.
II. Variando a velocidade, o período permanece inalterado.
III. A tensão no fio diminui com o aumento de θ.

Estão corretas as afirmativas:


θ
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) I, II e III. R m

13
Sendo g a aceleração da gravidade local e θ o ângulo do fio com a vertical,
→ 0 a velocidade do corpo pode ser calculada por:
g 53°

(A) Rg .
(B) 2 Rg .

(C) Rg sen θ.

(D) Rg tan θ .
Na figura, representa-se um pêndulo fixo em O, oscilando em um plano
vertical. No local, despreza-se a influência do ar e adota-se g = 10 m/s2. 16 (IME-1989) Uma massa M = 20 kg é suspensa por um fio de
A esfera tem massa de 3,0 kg, o fio é leve e inextensível, apresentando comprimento L = 10 m, inextensível e sem peso, conforme mostra a
comprimento de 1,5 m. Se na posição A o fio forma com a direção vertical figura. A barra ABC gira em torno do seu eixo vertical com velocidade
um ângulo de 53° e a esfera tem velocidade igual a 2,0 m/s, determine a angular constante de forma que o fio atinge a posição indicada.
intensidade da força tensora no fio.

Dados: sen 53° = 0,80; cos 53° = 0,60.

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Assunto 3

C B 19 Na aviação, quando um piloto executa uma curva, a força de


 
sustentação ( F ) torna-se diferente do peso do avião ( P ). A razão entre
L = 10 m F
F e P é chamada de fator carga (n): n = .
P
M Um avião executa um movimento circular uniforme, conforme a figura,
em um plano horizontal, com velocidade escalar de 40 m/s e com fator
de carga igual a 5/3.

A F
6m 1,5 m
0
Determine:

Dado: g = 10m/s2

P
a. a velocidade angular da barra.
b. a tração no fio.
R
17 Na figura, o fio ideal prende uma partícula de massa m a uma haste

vertical presa a um disco horizontal que gira com velocidade angular ω Supondo g = 10m/s2 , calcule o raio R da circunferência descrita pelo avião.
constante. A distância do eixo de rotação do disco ao centro da partícula
 2
é igual a 0,1 3 m. Use g = 10m/s . 20 Em alguns parques de diversões existe um brinquedo chamado
rotor, que consiste em um cilindro oco, de eixo vertical, dentro do qual é
introduzida uma pessoa. De início, a pessoa apoia-se sobre um suporte,
que é retirado automaticamente quando o rotor gira com uma velocidade
adequada. Admita que o coeficiente de atrito estático entre o corpo da
60° m pessoa e a parede interna do rotor valha m. Suponha que o módulo da
aceleração da gravidade seja g e que o rotor tenha raio R. Calcule a mínima
velocidade angular do rotor, de modo que, com o suporte retirado, a pessoa
não escorregue em relação à parede.

A velocidade do disco é:

(A) 3 rad/s. →

(B) 5 rad/s. g
(C) 5 2 rad/s.
(D) 8 3 rad/s.
(E) 10 rad/s.
suporte
18 Um carro de dimensões desprezíveis percorre uma curva circular de
raio R em movimento uniforme, sem receber a ação de forças de atrito
exercidas pelo asfalto. A curva é sobrelevada de um ângulo θ, conforme
indica o perfil abaixo:
21 (IME-1997) Um inseto de massa m = 1,0 g está pousado no disco a
12,5 cm do eixo de rotação. Sabendo-se que o coeficiente de atrito estático

do inseto com a superfície do disco é µe = 0,8, determine qual o valor
g mínimo da velocidade angular, em rpm (rotações por minuto), necessário
para arremessar o inseto para fora do disco.
 2
plano horizontal Dado: g = 10m/s
θ

Adotando para a aceleração da gravidade o valor g e desprezando a


resistência do ar, calcule o módulo da velocidade do carro.

208 IME-ITA – Vol. 2


Dinâmica em movimentos curvilíneos FÍSICA I
Assunto 3

22 Na situação esquematizada na figura, a mesa é plana, horizontal e 25 Um motociclista, pilotando sua motocicleta, move-se com uma
perfeitamente polida. A mola tem massa desprezível, constante elástica velocidade constante durante a realização do looping da figura abaixo.
igual a 2,0 · 102 N/m e comprimento natural (sem deformação) de 80 cm.
Se a esfera (massa de 2,0 kg) descreve movimento circular e uniforme, A
qual o módulo da sua velocidade tangencial?

90 cm R

B
23 A figura mostra duas esferas iguais E1 e E2, que, ligadas a fios
inextensíveis e de massas desprezíveis, descrevem movimento circular e Quando está passando pelo ponto mais alto dessa trajetória circular, o
uniforme sobre uma mesa horizontal perfeitamente lisa. Desprezando a motociclista lança, para trás, um objeto de massa desprezível, comparada
resistência do ar e supondo que E1 e E2 se mantenham sempre alinhadas à massa de todo o conjunto motocicleta-motociclista. Dessa forma,
com o centro, aponte a alternativa que traz o valor correto da relação o objeto cai, em relação à superfície da Terra, como se tivesse sido
T1 e T2 entre as intensidades das forças tensoras nos fios (1) e (2): abandonado em A, percorrendo uma trajetória retilínea até B. Ao passar,
após esse lançamento, em B, o motociclista consegue recuperar o objeto
imediatamente antes de ele tocar o solo.
L Desprezando a resistência do ar e as dimensões do conjunto motocicleta-
L motociclista, e considerando π2 = 10, a razão entre a normal (N), que age
(2)
(1) sobre a motocicleta no instante em que passa no ponto A, e o peso (P) do
E2 conjunto motocicleta-motociclista, (N/P), será igual a:
E1
(A) 0,5.
(B) 1,0.
(A) 2. (C) 1,5.
(B) 3/2. (D) 3,5.
(C) 1.
(D) 1/2.
(E) 2/3.

24 O esquema seguinte representa um disco horizontal, que, acoplado 01 Um ventilador de teto, com eixo vertical, é constituído por três pás
rigidamente a um eixo vertical, gira uniformemente sem sofrer resistência iguais e rígidas, encaixadas em um rotor de raio R = 0,10 m, formando
do ar: ângulos de 120° entre si. Cada pá tem massa M = 0,20 kg e comprimento
L = 0,50 m. No centro de uma das pás foi fixado um prego P, com massa
ω mP = 0,020 kg, que desequilibra o ventilador, principalmente quando este
se movimenta. Suponha, então, o ventilador girando com uma velocidade
de 60 rotações por minuto e determine:

B A figura A figura B

0,50 m

120°
Sobre o disco estão apoiados dois bloquinhos, A e B, constituídos de
materiais diferentes, que distam do eixo 40 cm e 20 cm, respectivamente. rotor
Sabendo que, nas condições do problema, os bloquinhos estão na
iminência de deslizar, obtenha:

a. A relação VA / VB das velocidades lineares de A e de B em relação ao a. A intensidade da força radial horizontal F, em newtons, exercida pelo
eixo. prego sobre o rotor.
b. A relação µA / µB dos coeficientes de atrito estático entre os blocos A b. A massa Mo, em kg, de um pequeno contrapeso que deve ser colocado
e B e o disco. em um ponto Do, sobre a borda do rotor, para que a resultante das
forças horizontais agindo sobre o rotor seja nula.
c. A posição do ponto Do, localizando-a no esquema anterior (fig. B).
(Se necessário, utilize π = 3).

IME-ITA – Vol. 2 209


FÍSICA I
Assunto 3

02 (AFA-2007) Durante um show de patinação, o patinador, representado (A) 2,5 cm.


na figura abaixo, descreve uma evolução circular, com velocidade escalar (B) 2,0 m.
constante, de raio igual a 10,8 m. Considerando desprezíveis quaisquer (C) 2,0 cm
resistências, a velocidade do patinador, ao fazer a referida evolução, é igual a: (D) 0,20 cm.
(E) 0,25 cm.

06 (ITA-1979) Um aro metálico circular e duas esferas são acoplados


53° conforme a figura a seguir. As esferas dispõem de um furo diametral que
lhes permite circular pelo aro. Este começa a girar, a partir do repouso,
pista de gelo em torno do diâmetro vertical EE’, que passa entre as esferas, até atingir
uma velocidade angular constante ω. Sendo R o raio do aro, m a massa
de cada esfera e desprezando-se os atritos, pode-se afirmar que:
Dados: sen 53° = 0,80; cos 53° = 0,60.
ω
E
(A) 12 m/s.
(B) 7 m/s.
(C) 8 m/s. R
(D) 9 m/s. 0

03 (IME-1994) Uma pequena esfera está suspensa por um fio ideal que m m
está preso ao teto de um vagão. O trem faz uma curva plana horizontal de
raio r, com velocidade v constante. Determine o ângulo que o fio forma E’
com a direção vertical.
(A) As esferas permanecem na parte inferior do aro porque essa é a
04 A figura abaixo representa dois corpos idênticos girando horizontalmente posição de mínima energia potencial.
T (B) As esferas permanecem a distâncias r e de EE’ tal que, se 2θ for o
em MCU com velocidades lineares v1 e v2. A razão 1 entre as intensidades
T2 ângulo central cujo vértice é o centro do aro e cujos lados passam
das trações nos fios ideais 1 e 2 é: pelo centro das esferas, na posição de equilíbrio estável, então,
w2 r
R R tan θ = , estando as esferas abaixo do diâmetro horizontal do aro.
g
(C) As esferas permanecem a distâncias r e de EE’ tal que, se 2θ for o
ângulo central cujo vértice é o centro do aro e cujos lados passam
pelo centro das esferas, na posição de equilíbrio estável, então,
1 2
w2 r
tan θ = , estando as esferas acima do diâmetro horizontal do aro.
g
(D) As alternativas (B) e (C) estão corretas.
fio 1 fio 2 (E) A posição de maior estabilidade ocorre quando as esferas estão nos
extremos de um mesmo diâmetro.
2v12 + v 22 07 Uma pequena conta de 100 g de massa desliza sem atrito por um
(A) .
v 22 arame semicircular de 10 cm de raio que gira em torno de um eixo vertical
v12 + v 22 à taxa de 2 revoluções por segundo. Encontre o valor de θ para o qual a
(B) . conta permanecerá estacionária em relação ao arame que gira.
v 22
v12 − v 22
(C) .
v 22

v 22
(D) .
v12
cm
10

05 (ITA-1973) Um garoto dispõe de um elástico em cuja extremidade ele


prende uma pedra de 10 gramas. Dando um raio R = 1,00 m (comprimento
θ
de repouso), ele faz a pedra girar em um círculo horizontal sobre sua cabeça
com uma velocidade angular ω = 2,0 rad/s. Considerando-se agora que o 100 g
novo raio do círculo, R’, é constante, e que a constante elástica do elástico
é k = 2,0 · 10–10, qual a diferença entre R’ e R?

210 IME-ITA – Vol. 2


Dinâmica em movimentos curvilíneos FÍSICA I
Assunto 3

08 Na figura, uma bola de 1,34 kg é ligada por meio de dois fios de cos θ A sen θ B
massa desprezível, cada um com comprimento L = 1,70 m, a uma (A) 2 .
haste vertical giratória. Os fios estão amarrados à haste a uma distância cos θ B sen θ A
d = 1,70 m um do outro e estão esticados. A tensão do fio de cima é 35 N. cos θ A sen θ A
(B) .
cos θ B sen θ B
sen θ A cos θ A
(C) .
L sen θ B cos θ B
cos θ A cos θ B
d (D) 4 .
sen θ A sen θ B

L 10 (ITA-1989) Uma pedra de massa m presa a um barbante de


comprimento L é mantida em rotação em um plano vertical. Qual deve
ser a menor velocidade tangencial da pedra no topo da trajetória (vm) para
haste giratória que o barbante ainda se mantenha esticado? Qual será a tensão (T) no
barbante quando a pedra estiver no ponto mais baixo da trajetória?

Vm T
Determine:
(A) gL 6mg
a. a tensão do fio de baixo; (B) gL mg
b. o módulo da força resultante F a que está sujeita a bola;
(C) gL2 2mg
c. a velocidade escalar da bola;
d. a direção de F. (D) 2 gL 2mg
(E) gL 0
09 (AFA) Dois pequenos corpos A e B são ligados a uma haste rígida
através de fios ideias de comprimentos L A e LB, respectivamente, conforme
figura a seguir. 11 (ITA-1997) Uma massa pontual se move, sob a influência da gravidade
e sem atrito, com velocidade angular em um círculo a uma altura h ≠ 0
na superfície interna de um cone que forma um ângulo α com seu eixo
central, como mostrado na figura.
θA

LA
A

θa
LB B

α
h

A altura h da massa em relação ao vértice do cone é:

A e B giram em sincronia com a haste, com velocidades escalares g


(A) .
constantes VA e VB, e fazem com a direção horizontal ângulos θA e θB, w2
respectivamente.
v (B) g 1
.
Considerando L A = 4LB, a razão A , em função de θ A e θ B , é igual a: w2 sen α
vB
g cot α
(C) .
w2 sen α
g
(D) cot 2 α.
w2
(E) Inexistente, pois a única posição de equilíbrio é o B = 0

IME-ITA – Vol. 2 211


FÍSICA I
Assunto 3

12 Um pequeno bloco de massa m é colocado no interior de um cone A figura anterior mostra um pequeno bloco, inicialmente em repouso, no
invertido que gira em torno do eixo vertical de modo que o tempo para ponto A, correspondente ao topo de uma esfera perfeitamente lisa de raio
uma revolução é igual a T. As paredes do cone fazem um ângulo β com R = 135 m. A esfera está presa ao chão no ponto B. O bloco começa a
a vertical. O coeficiente de atrito estático entre o bloco e o cone é µ. Para deslizar para baixo, sem atrito, com uma velocidade inicial tão pequena
que o bloco permaneça a uma altura h acima do vértice do cone, qual que pode ser desprezada, e ao chegar ao ponto C, o bloco perde contato
deve ser o valor máximo e o valor mínimo de T? com a esfera. Sabendo que a distância horizontal percorrida pelo bloco
durante seu voo é d=102 m, o tempo de voo do bloco, em segundos, ao
cair do ponto C ao ponto D vale:

Dado: g = 10m/s2

(A) 1,3.
(B) 5,1.
(C) 9,2.
(D) 13.
m (E) 18.

15 Um bloco de 6 kg está confinado a se mover ao longo da trajetória


parabólica lisa. Uma mola ligada a ele restringe o movimento e, devido ao
β
β rolete-guia, sempre permanece horizontal à medida que o bloco desce. Se
h a mola tem uma rigidez de k = 10 N/m, e o comprimento não deformado
de 0,5 m, determine a força normal da trajetória no bloco no instante x =
1 m, quando o bloco tem uma velocidade de 4 m/s. Além disso, qual é a
taxa de aumento da velocidade do bloco neste ponto? Despreze a massa
do rolete e da mola.

13 (UNESP) Um cubo de aço e outro de cobre, ambos de massas y = 2 – 0,5 x2


iguais a 20 g, estão sobre um disco de aço horizontal, que pode girar
em torno de seu centro. Os coeficientes de atrito estático para aço-aço
e cobre-aço são, respectivamente, = m A 0,74e = m C 0,53. O cubo de
cobre está inicialmente a uma distância de 10 cm do centro do disco.
A aceleração da gravidade = 10 m/s2.
B K = 10 N/m A
a. Qual deve ser a velocidade angular do disco para que o cubo de cobre
comece a deslizar?
b. A que distância do centro deve estar o cubo de aço para que o seu
deslizamento seja simultâneo com o de cobre?

14 (EN) Analise a figura abaixo.

x
A
C 16 (ITA-1994) Um motociclista trafega em uma estrada reta e nivelada
atrás de um caminhão de 4 m de largura, perpendicularmente à carroceria.
R
Ambos estão trafegando à velocidade constante de 72 km/h, quando o
caminhão se detém instantaneamente devido a uma colisão. Se o tempo
de reação do motorista for 0,5 s, a que distância mínima ele deverá trafegar
para evitar o choque apenas com mudança de trajetória? Considere o
coeficiente de atrito entre o pneu e o solo µ =0,8, aceleração gravitacional
g = 10 m/s2 e que a trajetória original o levaria a colidir no meio da carroceria.
B D
d (A) 19,6 m.
(B) 79,3 m.
(C) 69,3 m.
(D) 24,0 m.
(E) 14,0 m.

212 IME-ITA – Vol. 2


Dinâmica em movimentos curvilíneos FÍSICA I
Assunto 3

17 Um motoqueiro efetua uma curva de raio de curvatura de 80 m a 05 No ponto A da figura, um pequeno corpo de massa m = 0,01 kg,
20 m/s em um plano horizontal. A massa total (motoqueiro + moto) é de inicialmente em repouso, comprime uma mola ideal de constante elástica
100 kg. Se o coeficiente de atrito estático entre o solo e o pneu da moto k = 2 N/m. A compressão inicial da mola em relação à sua posição de equilíbrio
vale 0,6, quanto vale a máxima força de atrito estático? Qual a tangente é denotada por x. Em um dado instante, a mola subitamente impulsiona o
do ângulo de inclinação θ da moto em relação à vertical? corpo, que passa a mover-se sobre uma superfície sem atrito. Tal superfície
é composta por seções retilíneas e horizontais AB e BE, e por porções curvas
BC e DB. As partes curvas da superfície são arcos de circunferência que
compõem um loop circular e vertical de raio R = 1 m, o qual teve a porção
CD, de abertura angular 2θ = 120°, completamente retirada.
01 Existe uma ponte de forma parabólica sobre um rio com d = 100 m
de largura. O ponto mais alto da ponte está 5 metros acima da base dela.
Um carro de massa 1.000 kg está atravessando a ponte a uma velocidade
D C
constante de 20 m/s. Calcule a força feita na ponte pelo carro quando ele
está no ponto mais alto da ponte. θ θ
R

d
a. Calcule o valor mínimo da compressão inicial da mola para que o
corpo, partindo em repouso do ponto A, atinja o ponto E sem perder
contato com a superfície ABCDE, a não ser no trecho entre C e D.
b. Nas circunstâncias do item a, calcule a força normal que o loop exerce
02 Um corpo suspenso em repouso de um ponto fixo por uma mola de sobre o corpo quando este passa pelo ponto C. Indique claramente o
comprimento natural Lo gera um novo comprimento da mola igual a L1. módulo, a direção e o sentido do vetor.
Se esse corpo for movido em uma trajetória circular horizontal (como um
pêndulo cônico), sendo que o fio forma um ângulo θ com a vertical, qual 06 (ITA-1999) Um pêndulo é constituído por uma partícula de massa
o período de revolução? m suspensa por um fio de massa desprezível, flexível e inextensível, de
comprimento L. O pêndulo é solto a partir do repouso, na posição A, e
03 O disco B, na figura, tem, em determinado instante, velocidade angular desliza sem atrito ao longo de um plano de inclinação α, como mostra a
w = 2 rad/s e aceleração angular α = 3 rad/s2, em torno de um eixo figura. Considere que o corpo abandona suavemente o plano no ponto B,
vertical. Qual o menor coeficiente de atrito que deve existir entre o bloco após percorrer uma distância d sobre ele. A tração no fio, no instante em
A (colocado a 50 cm do eixo) e o disco para que o bloco não deslize em que o corpo deixa o plano, é:
relação a ele, nesse instante?

A
B A
L

50 cm
B

04 Um balde é amarrado a uma corda de comprimento L = 1 m e é posto


a girar em um círculo horizontal. Pingos de água escapando do balde caem
e batem no piso ao longo do perímetro de um círculo de raio a. Determine α
3 
o raio a quando sen θ = . Suponha g = 10m / s2 .
5
d
(A) mg   cos α.
 L
θ (B) mg cos α.
L
2L d
(C) 3 mg   senα.
 L
d
(D) mg   senα.
 L
a (E) 3 mg.

IME-ITA – Vol. 2 213


FÍSICA I
Assunto 3

07 Uma polia fixa carrega um fio de massa desprezível, com massas m1 e 09 Sobre um plano inclinado que forma um ângulo α com a horizontal foi
m2 presas em seus extremos. Sabendo que tem atrito entre o fio e a polia, colocado um pequeno bloco A ao qual foi comunicada uma velocidade inicial
e que o fio começa a deslizar quando a razão m2 /m2 = ηo. Determine: V0. Encontre a relação entre a velocidade do bloco e o ângulo ϕ, se o coeficiente
de atrito µ = tan α e, no momento inicial, ϕ0 = π/2

Obs.: O eixo está paralelo às extremidades do plano e ϕ é o ângulo entre


a velocidade e o eixo x.

T2 ϕ
T1 α

m1 m2

a. O coeficiente de atrito. X
b. A aceleração das massas quando m2/m1 = ηo.
10 O anel C de 0,5 kg pode deslizar livremente ao longo da barra
08 (FUVEST-2004) Um brinquedo consiste em duas pequenas bolas, A e lisa AB. Em um dado instante, a barra AB está girando com uma
B, de mesma massa M, e um fio flexível. A bola B está presa na extremidade velocidade angular de ω = 2 rad/s e tem aceleração angular de
do fio e a bola A possui um orifício pelo qual o fio passa livremente. Para θ = 2 rad/s2. Determine a força normal da barra AB e a reação radial da
o jogo, um operador (com treino) deve segurar o fio e girá-lo de tal forma placa na extremidade B sobre o anel neste instante. Despreze a massa da
que as bolas descrevam trajetórias circulares, com o mesmo período T barra e a dimensão do anel.
e raios diferentes. Nessa situação, como indicado na figura 1, as bolas
permanecem em lados opostos em relação ao eixo vertical fixo que passa
pelo ponto O. A figura 2 representa o plano que contém as bolas e que A
gira em torno do eixo vertical, indicando os raios e os ângulos que o fio 0,6 m
faz com a horizontal.
Assim, determine:

θ, θ
C B
0
0

g
A
A α θ 11 Um mecanismo está girando em torno do eixo vertical com velocidade
B angular constante ω = 6 rad/s. Se a barra AB é lisa, determine a posição
R2 constante r do anel C de 3 kg. A mola tem um comprimento não deformado
de 400 mm. Desprezando a massa da barra e a dimensão do anel.
B R1

b
figura 1 figura 2 r

Dados:
Não há atrito entre as bolas e o fio.
Considere sen θ ≈ 0,4; cos θ ≈ 0,9 e π ≈ 3. B
A C
a. o módulo da força de tensão F, que permanece constante ao longo
de todo o fio, em função de M e g.
300 mm
b. a razão K = sen α/sen θ, entre os senos dos ângulos que o fio faz
k = 200 N/m
com a horizontal.
c. o número N de voltas por segundo que o conjunto realiza quando o
raio R1 da trajetória descrita pela bolinha B for igual a 0,10 m.

214 IME-ITA – Vol. 2


Dinâmica em movimentos curvilíneos FÍSICA I
Assunto 3

12 Uma bola de massa m é guiada ao longo da trajetória circular vertical 13 O instrumento da figura consiste em uma barra em L lisa, disposta
r = 2ro cosθ usando o braço AO. Se o braço tem velocidade angular em um plano horizontal, e um pequeno corpo A de massa m, ligado por
constante ω, determine o ângulo θ < 45° no qual a bola começa a deixar uma mola ao ponto B. A constante elástica da mola é k. O sistema gira ao
a superfície do semicírculo. Desprezando atrito e a dimensão da bola. redor de um eixo vertical que passa pelo ponto O, a uma velocidade angular
ω. Quanto vale a deformação relativa da mola? O resultado depende do
P sentido de rotação?
A

Obs.: O corpo A pode deslocar-se sem atrito ao longo da barra em L.


r
ro

θ
B
0

IME-ITA – Vol. 2 215


FÍSICA I ASSUNTO

Estática dos sólidos


4
1. Introdução beirada da mesa, o prato pode estar em equilíbrio ou não. Além disso, é
fácil perceber que, ao fechar uma porta, é mais eficiente aplicar-lhe uma
A Estática é o ramo da Física que estuda corpos em equilíbrio estático, força em um ponto mais distante da dobradiça do que mais perto dela.
ou seja, com velocidade nula. Certamente, é uma das áreas da Física Logo, percebe-se que o ponto de aplicação dessa força fará diferença no
que possui maior enfoque nos dias atuais, visto que tem um alcance efeito produzido pela força na rotação dessa porta.
prático enorme. Na engenharia civil, por exemplo, é fundamental para a Dessa maneira, deve-se considerar o prato e a porta como corpos
construção e manutenção de pontes e prédios. Além disso, propiciou o extensos ou rígidos. A seguir, serão discutidas as condições de equilíbrio
desenvolvimento de diversos aparatos que reduzem a necessidade do para cada tipo de corpo.
homem de realizar forças, como alavancas e parafusos.
A Estática se divide em duas áreas: a estática dos sólidos e a estática 2.1 Equilíbrio de um ponto material
dos fluidos, também chamada de hidrostática.
Em Dinâmica, na apostila 2, viu-se que, pela Primeira Lei de Newton,
Neste assunto, será estudada apenas a estática dos sólidos. Entender- um corpo está em equilíbrio estático, quando em repouso em relação a um
-se-á quando é possível considerar um corpo como um ponto material ou referencial inercial, e está em equilíbrio dinâmico, quando em movimento
quando se deve tratá-lo como um corpo extenso (rígido). Serão vistas as retilíneo uniforme em relação a um referencial inercial. Ambas as condições
condições de equilíbrio para cada um dos dois tipos de corpos. Discutir- são traduzidas por:
-se-á, ainda, como se pode tratar um sistema de pontos materiais discretos

e de distribuições contínuas homogêneas de massa, com relação a seus
centros de gravidade. Abordar-se-ão os três tipos de equilíbrio, tanto para Σ F =0
pontos materiais como para corpos rígidos. Por fim, serão estudadas as
treliças, estruturas complexas de extrema importância na sustentação de Assim, para que um ponto material esteja em equilíbrio, a resultante
diversas outras estruturas. das forças que atuam nesse corpo deve ser nula.


2. Condições de equilíbrio estático → F2
F1
Observe-se o sistema mostrado na figura abaixo:

α β →
F3

T1 T2

F4

P → → → →
F1 + F2 + F3 + F4 = 0

Percebe-se que, quando esse sistema foi montado, não houve


preocupação nenhuma com qualquer tipo de rotação do corpo P em Como, então, encarar problemas que lidem com esse tipo de equilíbrio?
torno de qualquer eixo, já que, para que o equilíbrio estático do corpo P O primeiro passo é, obviamente, certificar-se de que o corpo tratado no
seja satisfeito, é suficiente que as trações no fio sejam adequadas. Dessa problema seja um ponto material. Dessa forma, pode-se desconsiderar
forma, o corpo P pode ser considerado um ponto material, pois, tendo possíveis rotações. Após isso, deve-se traçar o diagrama de corpo livre
qualquer tipo de rotação desprezada, não será necessário levar em conta (DCL), do mesmo jeito que em dinâmica. Desenhar um DCL claro e conciso
as suas dimensões para qualquer tipo de cálculo. é um passo importantíssimo na resolução de problemas que envolvem
forças. A partir daí, pode-se dividir os problemas em três tipos: os que
Agora, veja-se a situação mostrada na figura a seguir: envolvem apenas duas forças, os que envolvem apenas três forças e os
que envolvem mais de três forças.
Sabe-se que, mesmo que haja
uma parte do prato pendendo na
beirada da mesa, ele continua em 2.1.1 Tipo 1: problemas que envolvem apenas duas
repouso sobre ela, ao passo que, se
for empurrado gradativamente para forças
fora da mesa, em algum momento Esse é o tipo de problema mais elementar. Quando apenas duas forças
ele cairá, mesmo que ainda não estão agindo em um corpo e este está em equilíbrio, já que são sempre
tenha perdido total contato com a coplanares, é necessário que ambas as forças tenham a mesma direção,
superfície. Dessa forma, percebe-se sentidos contrários e módulos iguais. Somente dessa forma as forças
que as dimensões do prato não poderão se anular. Um exemplo disso é a força normal e a força peso
podem ser desprezadas, já que, para se anulando quando um corpo está em repouso em um plano horizontal.
Disponível em: <imguol.com>.
diferentes posições em relação à

216 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

2.1.2 Tipo 2: problemas que envolvem apenas três Outra forma de resolver problemas do tipo é decompor as forças em
forças dois eixos perpendiculares, geralmente chamados de x e y. O melhor modo
de escolher os eixos é aquele que comporta o maior número de forças já
Quando se trata de três forças, elas não necessariamente são nos eixos, para facilitar o trabalho de decomposição. Daí, conclui-se que
coplanares. Dessa forma, haverá abordagens diferentes para quando forem a força resultante em cada eixo deve ser nula.
coplanares e para quando não forem.
Quando as forças não são coplanares, ou seja, quando o problema
Quando as forças são coplanares, os vetores que as representam passa a ter três dimensões, o melhor jeito de resolvê-lo é trabalhar com
devem formar um triângulo de forças de mesmo sentido (horário ou anti- vetores da mesma forma utilizada no assunto vetores, de Física III. Os
-horário), pois já foi visto, no assunto sobre vetores em Física III, que sem- vetores unitários serão sempre grandes aliados na resolução desses
pre que vetores formam um polígono, a resultante deles é nula. Proceder problemas.
dessa forma na maioria das vezes simplifica o problema, principalmente
quando duas das forças são perpendiculares.
2.1.3 Tipo 3: problemas que envolvem mais de três


F1 → F2 forças
F2 β
Da mesma forma que com apenas três forças, elas podem ou não
θ → ser coplanares. A única abordagem que não é aplicável para mais de três
F3
forças é a formação do triângulo de forças. A decomposição de forças nos
→ α eixos x e y para o caso em que as forças são coplanares e a utilização de
F1
→ vetores unitários para quando as forças não são coplanares representam
F3
os melhores métodos de resolução de problemas desse tipo.

Na figura, um corpo de peso 120 N encontra-se em equilíbrio, suspenso Como o nó está em equilíbrio, temos:

por um conjunto de três fios ideais A, B e C. Calcule as intensidades das
trações nesses fios. Considere sen θ = 0,6 e cos θ = 0,8. Σ F = 0 → TC y = TA → TC · sen θ = 120 →
y

TC · 0, 6 = 120
TC
y TC =200 N.
TC 
Σ F = 0 → TC x = TB → TC · cos θ = TB →
x

TB = 200 · 0, 8
θ • TB =160 N.
TB TC
x
2a solução: utilização do triângulo de forças.
Já sabendo que TA = 120 N, podemos determinar as outras duas trações
utilizando o triângulo de forças:

TA
TC
1a solução: decomposição das forças em eixos x e y. TA
Sabemos que a tração no fio A tem que ser igual ao peso do corpo, já que
são as únicas duas forças que atuam no corpo. → TA =120 N.
θ
O diagrama de corpo livre do nó, bem como as trações já decompostas •
nos eixos, estão representadas na figura a seguir: TB

• θ Dessa forma, temos:


T T 120
C sen   A  0, 6  TC  A   TC  200 N.
TC 0, 6 0, 6
B TB
• • nó cos    0, 8  TB  TC · 0, 8  200 · 0, 8  TC  160 N.
TC
A
Vê-se que, nesse caso, a utilização do triângulo de forças torna a resolução
da questão mais prática.

Agora estudaremos quais são as condições para o equilíbrio de um corpo


rígido.

IME-ITA – Vol. 2 217


FÍSICA I
Assunto 4

2.2 Equilíbrio de corpo rígido → → → →


F1 + F2 + F3 + F4 = 0
Na seção 2.1, nosso estudo estava restrito a pontos materiais.
Como não possuem dimensão, estão sujeitos apenas a movimentos de
translação, já que, como visto, toda rotação é desconsiderada.
2.2.3 Equilíbrio de rotação de corpos rígidos
Agora, o assunto a ser tratado são os corpos rígidos (ou extensos). Pela Segunda Lei de Newton, uma resultante de forças está associada
Dessa forma, não se deve considerar apenas o equilíbrio de translação. a uma aceleração. Estudou-se, em Dinâmica, como é feita essa relação
Deve-se pensar também no equilíbrio de rotação. Serão vistas as condições para pontos materiais, seja em movimentos retilíneos seja em curvilíneos.
para que cada um deles ocorra. Porém, antes disso, é preciso pensar no Porém, não se iniciou o estudo da Dinâmica de corpos rígidos. O escopo
princípio de transmissibilidade. do curso não inclui essa disciplina, porém uma analogia pode ser feita.
As forças estudadas possibilitavam aos corpos, que eram
2.2.1 Princípio de transmissibilidade considerados pontos materiais, alterar seus equilíbrios de translação, já
O princípio de transmissibilidade afirma que as condições de equilíbrio que estavam diretamente associadas a acelerações. Porém, para corpos
para um corpo rígido continuarão sendo satisfeitas se uma força F, já atuante rígidos, como suas dimensões não podem ser desprezadas, existirá a
em algum ponto do corpo, for substituída por outra força, F’, de mesma possibilidade de rotação desses corpos em torno de eixos, já que cada
intensidade e direção, mas atuando em um ponto que esteja contido na mesma elemento de massa terá uma posição diferente a cada instante e, no caso
linha de ação da força F. O princípio está esquematizado na figura a seguir: de movimentos curvilíneos, os executará com raios diferentes, o que,
para pontos materiais, não acontece. Logo, como a alteração do equilíbrio
de translação é devido às forças, deve existir um elemento que altere o
equilíbrio de rotação desses corpos rígidos. O nome desse elemento é o
F torque, ou momento, representado pela letra grega τ.
Quando se definiu força, no assunto Dinâmica, foi dito que ela era a
F’ derivada temporal da quantidade de movimento associada ao movimento
= de translação, também chamada de momento linear. Dessa força, dada a
analogia feita entre força e torque, a definição de torque é semelhante à da
força. Torque é, no final das contas, a derivada temporal da quantidade de
movimento associada, então, ao movimento de rotação, também chamada
→ → →
de momento angular, definido por L = r × p , para uma partícula, em que

r é o vetor que liga a partícula ao ponto em torno do qual ela está girando

e p é a sua quantidade de movimento. Dessa forma:
Como possuem o mesmo efeito, as forças F e F’ são chamadas de  d  
forças equivalentes.   ( r  p)
dt
O princípio afirma, resumidamente, que uma força pode ser transmitida
ao longo de sua linha de ação em um corpo rígido sem que o seu equilíbrio Pela regra de derivação de um produto vetorial:
seja alterado. Dessa forma, as forças em corpos rígidos devem ser  
representadas por um tipo diferente de vetor, denominado vetor deslizante.  d   dr   dp
  ( r  p)   p  r 
Com o princípio da transmissibilidade em mente, pode-se avançar para dt dt dt
o estudo das condições de equilíbrio de corpos rígidos.
 
dr    dr    
Sabe-se que = v , e, como p = mv ,  p  v  mv  0.
2.2.2 Equilíbrio de translação de corpos rígidos dt  dt
dp 
Dessa forma, como = F , conclui-se que:
As condições de equilíbrio de translação de corpos rígidos são dt
exatamente as mesmas que devem ser satisfeitas para o equilíbrio de 
pontos materiais, já que estes só podem sofrer translação. Dessa forma,   dp   
tudo que foi dito para os pontos materiais se aplica aqui. A diferença é que  r   rF
dt
se pode usar vetores deslizantes, que, por terem direção constante, ainda
satisfarão que a força resultante deve ser nula para que o corpo esteja em
Vê-se, então, que a existência do torque está diretamente ligada à
equilíbrio de translação, confirmando o princípio da transmissibilidade.
existência de uma força, o que pressupõe que uma alteração no equilíbrio de
 rotação de uma partícula em torno de algum ponto deve ser acompanhada
Σ F =0 de uma alteração no equilíbrio de translação da partícula.
→ Pode-se considerar um corpo rígido como uma distribuição contínua
→ F2
F1 de partículas, ou “elementos de massa infinitesimal”. Quando uma força
é aplicada em um corpo rigído, ela é aplicada em apenas um desses
elementos. Logo, essa força poderá provocar, além do movimento de
translação natural, um movimento de rotação em torno de algum ponto

F3 do espaço, chamado de O. Logo, o momento dessa força em torno do
ponto O será dado pela relação:

→   
F4 MF,  r  F

218 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

A representação geométrica do momento de uma força em relação a Dessa forma, vemos que forças que possuem braço de momento nulo,
um ponto está expressa na figura a seguir: ou seja, forças que têm direção passando pelo ponto em relação ao qual
se deseja calcular o momento, têm momento em relação a esse ponto
nulo. Isso será extremamente importante na resolução de questões, já que
o ponto mais conveniente em relação ao qual se calculará os momentos
MO das forças que deverá ser escolhido será aquele que apresentar momentos
→ F sen θ
F nulos para as forças que não são importantes no problema. Veja também
que qualquer força em cima de uma mesma linha de ação terá o mesmo
θ braço de momento, o que significa que podemos deslizar uma mesma
força sobre sua linha de ação e obter o mesmo efeito, confirmando, mais
P uma vez, o princípio da transmissibilidade.
O θ
r se O momento de uma força pode fazer com que o corpo gire no
nθ sentido horário ou no sentido anti-horário. Dessa forma, cada um desses
momentos recebe um sinal diferente, dependente da convenção adotada
por que está resolvendo o problema. A convenção mais usada é:
Da fórmula do módulo do produto vetorial, depreende-se:
sentido anti-horário → positivo

MF ,O  r · F · sen 
+O
→ →
em que θ é o ângulo entre o vetor r e F . →
M F,Ο
→ →
Logo, pela figura, r · sen θ é o módulo da projeção do vetor r na direção F

perpendicular à linha de ação da força F . Pela fórmula da intensidade do
momento da força, vê-se, então, que ela é dada pelo produto da intensidade →
→ M F,O< 0
da força pelo módulo dessa projeção do vetor r . Vê-se também que
r · sen θ é a distância entre a linha de ação da força e uma reta paralela
sentido horário → negativo
a essa linha que passe pelo ponto O. Por isso chama-se essa distância

de braço de momento (b) da força F em relação ao ponto O. Logo, +O
r · sen θ = b, o que, em módulo, é:

M F,Ο →
MF ,O = F · b F


linha de ação da força M F,O < 0
+O

braço
de
b →
F
Σ
Logo, como o equilíbrio de translação é dado por F = 0, nada mais
justo que, pela analogia feita, afirmar que a condição necessária para que
momento • o equilíbrio de rotação seja satisfeito é:


Note-se que, no SI, a unidade do momento é N · m, dimensionalmente ΣM = 0
igual ao Joule (J), unidade de energia. Então, por que as duas grandezas,
tendo a mesma unidade, são completamente diferentes? Dica: para → →
M1 M2
responder, deve-se pensar nas definições de torque e trabalho e na analogia
entre força e torque.
Essa relação será a mais usada na resolução de questões, já que quase
todas elas tratarão o momento apenas de acordo com sua característica
escalar. → →
→ M4 M3
O mesmo efeito é obtido se a força F foi decomposta em uma direção

perpendicular ao vetor r . Dessa forma, a intensidade dessa componente → → → →
passa a ser F · sen θ, enquanto que a outra componente, F · cos θ, teria M1+ M3+ M3+ M3=0
sua direção passando pelo ponto O. Então, apenas a componente F · sen θ
exerceria momento em O, com braço de momento igual a r, enquanto que Assim, o somatório vetorial dos momentos das forças que atuam em
o momento de F · cos θ seria nulo, já que seu braço de momento também. um corpo rígido em relação a qualquer ponto do espaço tem que ser nulo
Logo, pode-se calcular o momento de uma força de duas formas: para que o corpo esteja em equilíbrio de rotação. Se existir pelo menos
calculando o braço de momento b da força aplicada (geometricamente um ponto em relação ao qual o somatório dos momentos das forças não
→ seja nulo, o corpo estará em rotação pelo menos em torno daquele ponto.
ou pela simples decomposição do vetor r na direção perpendicular à linha
de ação da força) ou decompondo a força em uma direção perpendicular Suponha-se, então, que existam três forças coplanares atuando em
→ → →
→ um corpo rígido que não sejam paralelas entre si, F 1, F 2 e F 3. Como não
à direção do vetor r , e multiplicando sua intensidade pela intensidade do
→ são paralelas, são concorrentes. Agora, suponha-se que elas não sejam
vetor r . concorrentes no mesmo ponto, duas a duas. Calculando-se o momento das

IME-ITA – Vol. 2 219


FÍSICA I
Assunto 4
→ →
três forças em relação ao ponto de concorrência de F 1 e F 2, o momento
dessas forças será nulo, já que suas linhas de ação passam por esse

ponto. Porém, o momento de F 3 em relação a esse ponto não será nulo,
já que essa força não passa por ele. Logo, o corpo estará em rotação 01 A figura abaixo representa um quadro retangular e homogêneo
pelo menos em torno desse ponto, já que existirá, de fato, momento em dependurado em uma parede e em equilíbrio. Qual das retas a, b, c ou d
relação a ele. Dessa forma, para que três forças possam coexistir em um melhor representa a linha de ação da força que a parede exerce no quadro?
corpo rígido sem alterar seu equilíbrio de rotação, elas devem concorrer
no mesmo ponto. Veja-se que o equilíbrio de translação não exige nem parede
barbante
que sejam concorrentes no mesmo ponto, nem que não sejam, não c
d
constituindo um empecilho para essa afirmação. Supondo, agora, as
forças com linhas de ação paralelas, não se pode ter duas forças com
linhas de ação coincidentes, já que o momento dessas duas forças em
quadro
relação a essa linha de ação seria nulo, enquanto que o da outra força não.
Logo, para que o equilíbrio de rotação possa ser atingido para três forças
paralelas, suas linhas de ação não devem ser coincidentes duas a duas.
Novamente, o equilíbrio de translação poderá existir, já que bastará que
uma delas tenha um sentido, as outras duas o outro sentido e a soma do
módulo daquela seja a soma do módulo destas duas.
b
Se essas três forças não forem coplanares, o equilíbrio de rotação
nunca será satisfeito (tente provar por si mesmo).
Portanto, dessas afirmações, pode-se enunciar o teorema das três a
forças: se um corpo está sob a ação de três forças e está em equilíbrio de
rotação, essas forças devem ser coplanares, podendo ser concorrentes Solução:
em um mesmo ponto, ou todas paralelas entre si com linhas de ação não A força de tração que atua no quadro tem a direção do barbante. A força
coincidentes duas a duas, sendo o equilíbrio de translação determinado peso, sendo o quadro homogêneo, está aplicada no centro de gravidade
pela escolha de módulos (para os dois casos) e direções adequadas do quadro, ou seja, no seu ponto médio, e tem direção vertical (falaremos
(para o caso das concorrentes). Esse teorema é bastante importante para sobre isso depois). Dessa forma, como a parede, o barbante e o quadro
a resolução de problemas que envolvam três forças em corpos rígidos. formam um triângulo, a direção da tração é o lado correspondente ao
Tendo duas das forças, consegue-se determinar a direção da terceira força barbante, e a direção do peso do quadro é uma reta vertical que passe
rapidamente. A figura a seguir expressa o teorema: pelo ponto médio do lado correspondente ao quadro, logicamente cortando
o lado correspondente ao barbante. Logo, as linhas de ação da tração e

F1 do peso concorrem em um ponto pertencente ao lado correspondente
→ ao barbante. Dessa forma, a linha de ação da força que a parede faz no
→ F2 quadro deve passar por esse ponto, de acordo com o teorema das três
F1
forças, já que só existem essas três forças atuando no quadro. A reta que
melhor representa essa reta passando pelo lado correspondente ao do
barbante é a reta d.

02 (FEI-SP) No esquema, AB representa uma viga prismática e


homogênea de peso P = 30 kgf, e CD representa um cabo horizontal de
peso desprezível.
São dados AD = 300 cm; DB = 100 cm e θ = 45º. A viga é articulada

F2 sem atrito em A e suporta em B um corpo de peso Q = 120 kgf. Determine
→ → o esforço no cabo e as componentes horizontal e vertical da força que a
F3 F3
viga recebe na articulação em A.
B
Como, então, encarar problemas que lidem com cálculos de
C D
momentos para estabelecer equilíbrio de corpos rígidos? O primeiro
passo é, obviamente, notificar-se de que o objeto em questão no problema
é um corpo rígido, verificando se, por exemplo, o deslocamento do
ponto de aplicação de uma força alteraria o efeito dela sobre o corpo.
Depois disso, geralmente, deve-se escolher um ou dois pontos para
cálculo dos momentos das forças relacionadas no problema. Esses
pontos devem ser escolhidos de modo a anular os momentos de forças
que são desinteressantes, escrevendo-se equações apenas em função A θ Q
das variáveis que importam. Para o cálculo dos momentos, vai se •
escolher então o método mais apropriado: cálculo do braço de momento
(geometricamente ou por decomposição do vetor posição do ponto de
aplicação da força) ou decomposição da força propriamente dita em Solução:
componentes (uma dessas componentes realizará momento, enquanto Sabemos que, para a barra estar em equilíbrio de rotação, o somatório
que a outra não, pelo fato de a sua linha de ação conter o ponto em dos momentos em relação a qualquer ponto deve ser nulo. Impondo essa
relação ao qual se está calculando o momento). condição para o ponto A, a força que a articulação exerce sobre a barra

220 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

pode ser ignorada, já que está sendo aplicada no ponto no qual estamos 2.2.4 Momento binário
calculando o somatório dos momentos. Dessa forma, as forças a serem
Para transpor tar-se uma força de um ponto P a um ponto Q,
consideradas nesse somatório serão o peso da barra, a tração no cabo
pertencente ao corpo, que não esteja na mesma linha de ação da força
que sustenta o peso Q e a tração no cabo CD. Como conhecemos o peso
que passa por P, é conveniente a utilização do momento binário.
da barra e a tração no cabo que sustenta o peso Q, conseguimos calcular
direto a tração no cabo CD. Essa é a vantagem de se analisar em que O momento binário é exercido quando são aplicadas duas forças
ponto é mais conveniente aplicar o somatório dos momentos, evitando-se, em pontos distintos de um corpo, que não pertençam à mesma linha de
assim, mais equações e contas. A figura a seguir representa a situação. ação e com linhas de ação paralelas, de mesma intensidade e sentidos
contrários, como mostra a figura.
→ B
T D
→ M →
→ Q F
Ry
G

r PQ

P P Q
θ
A → d
→ –F
Rx

Na figura, a é o braço de momento do peso P da barra, b é o braço de


momento da tração no fio CD, e c é o braço de momento do peso Q.
Calculando-os geometricamente, temos:
Veja-se que o momento resultante dessa associação de forças será
a = AG · cos 45° = 200 · 2 /2 = 100 2 cm dado por:
b = AD · cos 45° = 300 · 2 /2 = 150 2 cm → → → → → → → → →
M = rQ × F + rP × (– F )→ M = (rQ – rP ) × F →
c = AB · cos 45° = 400 · 2 /2 = 200 2 cm
→ → →
M = r PQ × F
Assumindo que momentos horários são positivos, temos:
Logo, os vetores posições dos pontos P e Q não são utilizados no
ΣM A= 0 → P · a + Q · c – T · b = 0 → 300 · 100 2 + cálculo do momento binário, já que o vetor usado é o vetor que aponta
de P para Q, não dependendo então do sistema de referências utilizado.
120 · 200 2 – T · 150 2 = 0 → T = 180 kgf.
Dessa forma:
Percebe-se, pelo equilíbrio de translação, que a articulação deve exercer M = rPQ · F · sen θ
uma força vertical para cima (Ry) na viga que sustente a soma dos pesos
P e Q, e uma força horizontal para a direita (Rx) que sustente a tração T. Como rPQ · sen θ = d, componente do vetor posição perpendicular
à força:
B
→ M=F·d
T D

 Q → →
em que d é a distância entre as linhas de ação das forças F e – F . Então,
 G as duas forças da figura produzem um momento

no corpo equivalente ao


b momento →
produzido apenas pela força F em relação ao ponto P, ou pela
→ força – F no ponto Q. Dessa forma, se apenas essas duas forças
  agem no
Σ
P
 θ corpo, existirá um equilíbrio de translação, já que F = F − F = 0, mas

 θ

o corpo estará rotacionando, já que existirá momento. Exemplo disso é
quando se gira uma chave para abrir uma porta (a parte de cima da chave
A Rx






a é pressionada para um lado, enquanto que a parte de baixo é pressionada


para o outro lado), ou quando se aplicam forças no volante do carro para
realização de uma curva utilizando duas mãos (uma mão fará uma força






C para cima e outra mão fará uma força para baixo).



Suponha-se agora que uma força F esteja aplicada em um ponto P
Nessa questão, usamos a decomposição dos vetores posição dos pontos de um corpo. Pode-se transportá-la→para um outro ponto → Q da seguinte
de aplicação das forças, calculando, assim, os braços de momento maneira: aplica-se em P uma força – F e em Q uma força F . Dessa forma,
das forças. A questão poderia ter sido resolvida de forma diferente: o sistema não é alterado em termos de translação, já que essas forças
decompondo-se as forças em direções perpendiculares e tangencial à se anulam. Porém, essas duas forças constituem um binário, que pode

barra. Dessa forma, as componentes tangenciais à barra teriam momento ser substituído pelo momento de – F em relação a Q, porém em sentido
nulo em relação ao ponto A, enquanto que as componentes perpendiculares oposto, para não se alterar o equilíbrio. A seguinte figura representa a
teriam braço de momento igual à distância dos pontos de aplicação de situação explanada:
cada uma das forças ao ponto A.

IME-ITA – Vol. 2 221


FÍSICA I
Assunto 4

2.2.6 Tipos de equilíbrio


→ Suponha-se uma bola no fundo de uma depressão semicircular.
→ → F Quando se dá um leve toque na bola, ela, de fato, oscila em torno dessa
F F →
F posição até que pare novamente nela, devido à ação de forças de atrito.
Caso essas forças de atrito não existam, a bola oscilará eternamente em
Q torno dessa posição de equilíbrio. A bola, então, encontra-se em equilíbrio
Q P
P estável, já que, para leves toques, ela sempre tenderá a retornar à sua
→ → posição de equilíbrio inicial. As forças que fazem com que a bola retorne
M → M
–F à sua posição de equilíbrio inicial são chamadas de forças de restauração.
Esse assunto já foi bastante abordado em Eletrização e Cargas Elétricas,
na apostila 1, e será aprofundado em Movimento Harmônico Simples,
nesta apostila.
2.2.5 Centro de gravidade Suponha-se, agora, uma bola no alto de uma colina. Caso se dê um
Denomina-se centro de gravidade de um corpo ou de um sistema de leve toque na bola, ela tende a sempre afastar-se da posição inicial de
pontos materiais discretos um determinado ponto por onde passa a linha equilíbrio. A bola, nesse caso, se encontra em equilíbrio instável, já que
de ação de um peso resultante, isto é, local em que se pode supor que o existirão forças (componentes tangenciais do peso, no caso) que estarão
peso está concentrado. sempre a afastando da sua posição inicial de equilíbrio, à procura de uma
As coordenadas do centro de gravidade podem ser determinadas por nova posição de equilíbrio, de preferência estável ou indiferente, que será
uma média, ponderada pelos pesos, das coordenadas de cada peso discreto visto a seguir.
ou das coordenadas dos centros de gravidade de cada parte do corpo. Considere-se, por fim, uma bola em um plano horizontal liso. Se for
dado algum toque na bola, ela sairá de sua posição de equilíbrio inicial,
n n n
podendo voltar a ela ou não, continuando em equilíbrio. Dessa forma, a
Σ Px i i Σ Py i i Σ Pz i i
bola estará em equilíbrio indiferente, já que não fará diferença a posição
de equilíbrio em que ela vier a parar.
xG = i =1
n
yG = i =1
n
zG = i =1
n
A figura a seguir representa as situações explanadas acima:
ΣP
i =1
i ΣP
i =1
i ΣP
i =1
i

Nas fórmulas, se cada peso for substituído pelo produto da massa pela
gravidade, a gravidade “cortará”, caso ela seja constante. Essas novas
fórmulas resultantes representam o centro de massa do sistema. Dessa
forma, quando a gravidade é constante, o centro de gravidade do sistema estável instável indiferente
coincide com o centro de massa do sistema.
Essas fórmulas só se aplicam para distribuições de partículas Uma placa retangular homogênea é fixada em uma parede por um
discretas. Para distribuições contínuas, só é necessário se preocupar prego em três situações:
com formas geométricas que sejam minimamente simétricas, pois dessa
forma o centro de gravidade coincidirá com o centro geométrico do corpo, I. Prego fixado no centro de gravidade.
e é o que vem a ser cobrado nos vestibulares. Para uma placa retangular II Prego fixado na linha de ação do peso, acima do centro de gravidade.
homogênea, por exemplo, o centro de gravidade será o ponto de encontro III. Prego fixado na linha de ação do peso, abaixo do centro de gravidade.
das diagonais. Em um triângulo qualquer homogêneo, o centro de gravidade Que tipo de equilíbrio será experimentado em cada uma das situações?
é o encontro das medianas (baricentro: bari = peso). Para figuras formadas
por mais de uma figura que tenham os centros de gravidades conhecidos,
o centro de gravidade resultante será a média dos centros de gravidade
das figuras, ponderada por suas áreas. Um exemplo é o trapézio retângulo,
formado por um retângulo e um triângulo.
01 (ENEM) Um portão está fixo em um muro por duas dobradiças A e B,
Pensando, agora, no exemplo do prato apoiado sobre a mesa, conforme mostra a figura, sendo P o peso do portão.
mostrado no início do capítulo, pode-se deduzir, naturalmente, que seu
centro de gravidade se localiza no centro da circunferência do prato,
considerando-o homogêneo. O prato só cairá, de fato, da mesa, quando
seu centro de gravidade atravessar a beirada dele. Enquanto o centro de A
gravidade ainda estava apoiado na mesa, o prato permanecia em equilíbrio
de rotação. Isso acontece porque, quando o centro de gravidade não
pertence mais à superfície de apoio, a linha de ação do peso resultante
do prato não passará mais por essa superfície de apoio, provocando,
então, momento em relação a qualquer um dos pontos dela, fazendo-o
B
tombar da mesa, ou seja, para corpos rígidos apoiados e submetidos
exclusivamente às forças peso e às reações do apoio, as linhas de ação
de suas forças peso, isto é, as retas verticais que passem pelo centro de
gravidade, devem passar pelo ponto ou superfície de apoio do corpo, para
que estes permaneçam em equilíbrio de rotação.

222 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

Caso um garoto se dependure no portão pela extremidade livre e supondo 04 (AFA) Na figura, os fios são ideais, o corpo tem massa M e a aceleração
que as reações máximas suportadas pelas dobradiças sejam iguais: da gravidade no local tem módulo g. A intensidade da tração no fio AB
e a intensidade da força F que mantém o sistema em equilíbrio, valem,
(A) é mais provável que a dobradiça A arrebente primeiro que a B. respectivamente:
(B) é mais provável que a dobradiça B arrebente primeiro que a A.
(C) seguramente as dobradiças A e B arrebentarão simultaneamente.
(D) nenhuma delas sofrerá qualquer esforço. A
(E) o portão quebraria ao meio, ou nada sofreria.
F
02 (AFA) Uma esfera metálica de peso P está presa a uma das
extremidades de um fio de massa desprezível, cuja extremidade oposta está
ligada a um suporte fixo. Sabendo-se que o sistema está em equilíbrio, em B
uma posição na qual o fio forma com a vertical um ângulo θ, equilíbrio este
conseguido pela ação de uma força horizontal F aplicada à esfera, pode-se
afirmar que o módulo de tal força é:

θ F
(A) Mg cos θ; Mg sen θ.
Mg
(B) ; Mg sen θ.
cos θ
(C) Mg sen θ; Mg cos θ.
Mg
(D) ; Mg tan θ.
cos θ
(A) P tan θ.
(B) P/tan θ. 05 (EFOMM) Seja o sistema abaixo:
(C) P cos θ.
(D) P/cos θ.
T1 60° 45°
03 (AFA) Um corpo é sustentado por duas cordas inextensíveis, conforme
a figura. Sabendo-se que a intensidade da tração na corda AB é de 80 N, T2
a intensidade da tração na corda BC será:
m = 23,2 Kg
A
A razão entre as trações T1 e T2 é, aproximadamente:

(A) 1,2.
(B) 1,4.
30° (C) 1,6.
C (D) 1,8.
(E) 1,9.
B
06 (AFA) Na figura abaixo, as polias e os fios são ideais. Se o sistema
está em equilíbrio, a razão m1/m2 é:

(A) 60 N.
(B) 40 N.

(C) 40 3 N. 30°
(D) 60 3 N.
m1
m2

IME-ITA – Vol. 2 223


FÍSICA I
Assunto 4

3 09 (UERJ) Em uma sessão de fisioterapia, a perna de um paciente


(A) . acidentado é submetida a uma força de tração que depende do ângulo α,
4 como indica a figura. O ângulo α varia deslocando-se a roldana R sobre
1 a horizontal. Se, para um mesmo peso P, o fisioterapeuta muda α de 60°
(B) .
4 para 45°, o valor da tração na perna fica multiplicado por:
3
(C) .
2
1
(D) .
2
(E) N.R.A.
R
α
07 Na figura a seguir, considere ideais a barra, os fios e as polias, e
despreze o atrito na ar ticulação O. Sabendo que o corpo A pesa 4.000 N,
 α
calcule a intensidade da força vertical F que equilibra o sistema.

30 cm 20 cm
P
(A) 3.
0
(B) 2.

3
A (C) .
2

2
08 (ITA) Um brinquedo que as mamães utilizam para enfeitar quartos (D) .
de crianças é conhecido como “móbile”. Considere o “móbile” de luas 2
esquematizado na figura a seguir. As luas estão presas por meio de fios de
massas desprezíveis a três barras horizontais, também de massas desprezíveis. 10 A figura representa uma esfera homogênea em equilíbrio, sustentada
O conjunto todo está em equilíbrio e suspenso em um único ponto A. Se a por um fio e apoiada em uma parede vertical, nas condições geométricas
massa da lua 4 é 10 g, então a massa em quilograma da lua 1 é: ilustradas.

A
L 2L

L 2L

L 2L
1
2

3 4

(A) 180. a. Indique as forças atuantes na esfera.


(B) 80. b. Desenhe a situação de equilíbrio, se a parede fosse perfeitamente lisa.
(C) 0,36.
(D) 0,18.
(E) 0,9.

224 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

11 A figura representa uma escada homogênea, em equilíbrio, apoiada 14 (AFA) Uma prancha de comprimento 4 m e de massa 2 kg está apoiada
em uma parede vertical muito lisa. Trace o vetor que determina a direção nos pontos A e B, conforme a figura. Um bloco de massa igual a 10 kg é
e o sentido da força que a escada recebe do chão. colocado sobre a prancha à distância x = 1 m da extremidade da direita e
o sistema permanece em repouso. Nessas condições, o módulo da força
que a prancha exerce sobre o apoio no ponto B é, em newtons:

x
B

10 kg
A B

(A) 340.
(B) 100.
(C) 85.
(D) 35.

12 Uma barra homogênea de comprimento L e peso P encontra-se apoiada 15 (EFOMM) Uma viga de concreto, de 2,4 m de comprimento, apoia-se em
na parede vertical lisa e no chão horizontal áspero formando um ângulo θ duas colunas A e B. Supondo sua distribuição de massa homogênea e que, a
como mostra a figura abaixo. O coeficiente de atrito estático mínimo (µe) 1 m do apoio da coluna A é posicionada uma massa teste de 180 kg, calcule
entre a barra e o chão deve ser: as reações nos apoios A e B.

2,4 m
1m

cos θ
(A) .
2sen θ
massa
cos θ de teste
(B) . A B
sen θ
cos θ Considere:
(C) .
L sen θ • g = 10 m/s2;
• as reações devem ser calculadas em newtons;
sen θ • massa da viga = 240 kg.
(D) .
2cos θ
sen θ 16 (EFOMM) No diagrama de forças abaixo aplicadas, a força F = 200 N
(E) . promove o equilíbrio de rotação. Pode-se afirmar que a força F está
L cos θ
localizada a:

13 (ITA) Uma barra homogênea de peso P tem uma extremidade apoiada 400 N
em um assoalho horizontal e a outra em uma parede vertical. O coeficiente F = 200 N
250 N
de atrito com relação ao assoalho e o coeficiente de atrito com relação à
parede são iguais a µ. Quando a inclinação da barra com relação à vertical
é de 45°, a barra encontra-se na iminência de deslizar. Qual o valor de µ? 2m 2m

(A) 0,5 m da extremidade direita.


(B) 1,5 m da extremidade direita.
(C) 0,5 m da extremidade esquerda.
(D) 1,5 m da extremidade esquerda.

IME-ITA – Vol. 2 225


FÍSICA I
Assunto 4

17 A figura mostra uma barra homogênea de 2,0 m, cujo peso é de 1.000 N, A barra possui massa m e comprimento L0, a mola possui comprimento
disposta horizontalmente e apoiada em uma das extremidades, sobre um natural L0 e a distância entre as articulações é de 2 L0 .
dinamômetro. Qual a leitura no dinamômetro (graduado em newtons) Esse sistema (barra-mola) está sujeito à ação da gravidade, cujo módulo
sabendo que uma pessoa de peso igual a 500 N está sobre a barra, a 40 cm da aceleração é g e nessas condições, a constante elástica da mola vale:
do dinamômetro?
mgL0 −1
(A) .
4( 3 − 1)
dinamômetro −1
(B) mgL0 .

18 Na figura, uma barra rígida e homogênea de peso igual a 100 N (C) 2 mgL0 −1.
e comprimento igual a 10 m articula-se sem atrito em O. A 8 m de O
suspende-se uma mg
 carga de peso igual a 200 N. Calcule a intensidade da (D) .
força vertical F que equilibra o sistema. 6 −2

F 21 Na figura, temos uma barra homogênea de espessura e largura
uniformes, em forma de L, articulada sem atrito em A. A parte vertical da
barra tem 1 m de comprimento, enquanto a parte horizontal mede 3 m.
Sendo de 120 N o peso total da barra, calcule a intensidade da força
horizontal F, que mantém a barra em equilíbrio.
carga

19 (AFA) Uma viga homogênea é suspensa horizontalmente por dois fios A


verticais como mostra a figura abaixo.


F

A B
22 Na figura, temos uma roda de peso igual a 100 3 kgf e raio r igual a 2
m, que deve ser erguida do plano horizontal (1) para o plano horizontal (2).
Calcule a intensidade da força horizontal, aplicada no centro de gravidade
da roda, capaz de erguê-la, sabendo que o centro de gravidade da roda
L/6 L/4
coincide com seu centro geométrico.
L
- roda
A razão entre as trações nos fios A e B vale:
1
(A) . (2)
2
2
(B) . (1) h=1m
3
3
(C) .
4
5
(D) .
6
01 (AFA) A figura abaixo apresenta dois corpos de massa m suspensos
por fios ideais que passam por roldanas também ideais. Um terceiro corpo,
20 (AFA)A figura abaixo mostra um sistema em equilíbrio estático, também de massa m, é suspenso no ponto médio M do fio e baixado até
formado por uma barra homogênea e uma mola ideal que estão ligadas a posição de equilíbrio.
através de uma de suas extremidades e livremente articuladas às paredes.
d d
2 L0

M M

m
m m

m m

226 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

O afastamento do ponto M em relação à sua posição inicial é de: 04 Na figura, (I) e (II) são duas rampas planas perfeitamente lisas que
se interceptam em uma reta horizontal, que passa por A e é perpendicular
3 ao plano do papel. Nas rampas, apoia-se um prisma reto, hexagonal,
(A) d. regular e homogêneo, de peso igual a 100 N. Sabendo que sen α = 3/5 e
2
cos α= 4/5, determine as intensidades das forças aplicadas pelo prisma
3 sobre as rampas.
(B) d.
3
(II)
(C) 3 d.
4
(I)
3
(D) d.
6

02 Na figura, temos duas paredes ver ticais, um fio ideal de 5 m α


β
de comprimento preso aos pontos A e B das paredes, uma polia ideal e
um corpo C suspenso ao eixo da polia, de 400 N de peso.
A
3m
05 (EFOMM) Uma barra cilíndrica, rígida e homogênea, de massa m, está
B em equilíbrio estático apoiada por suas extremidades sobre dois planos
inclinados que formam com a horizontal ângulos respectivamente iguais
a θ1 e θ2, tal que θ1 > θ2, conforme mostra a figura abaixo. Supondo
A irrelevantes os possíveis atritos e sabendo que a barra está em um plano
perpendicular a ambos os planos inclinados, calcula-se que a força normal
que o plano mais íngreme exerce sobre a barra seja dada por:

C
Determine:
θ2 θ1
a. a tração no fio;
b. se a tração no fio depende do desnível entre A e B.

π sen θ1
03 Na figura abaixo, α + β = . Considere que a corrente abaixo possui (A) mg.
2 sen( θ1 + θ2 )
14 kg de massa, e seu extremo direito (B) suporta uma tensão de módulo sen θ2
igual a 100 N. Qual a tensão experimentada pela extremidade esquerda (A)? (B) mg.
sen( θ1 + θ2 )
B cos θ1
(C) mg.
cos( θ1 + θ2 )

β cos θ2
(D) mg.
A cos( θ1 + θ2 )
g tan θ2
(E) mg.
α tan( θ1 + θ2 )

IME-ITA – Vol. 2 227


FÍSICA I
Assunto 4

06 Um cubo de massa M está apoiado contra uma parede vertical 08 (IME) Considerando a figura, determine a expressão, em função do
sem atrito, fazendo um ângulo q com o piso, conforme figura. Calcule o peso W, da força vertical exercida pelo solo sobre a barra AD.
coeficiente de atrito estático mínimo m entre o cubo e o piso, que garanta
o equilíbrio do cubo.
D

45°
30°

A C

90°

09 (MACKENZIE-SP) Uma tábua rígida homogênea é colocada sobre um


θ cilindro fixo, em seu ponto médio, ficando em equilíbrio e na iminência de
escorregar, como mostra a figura. Determine o coeficiente de atrito estático
entre a tábua e o cilindro.
cot θ − 1
(A) m = .
2
tan θ −1
(B) m = .
2
(C) 45°.
senθ −1
(D) m = .
2
cos θ −1 60°
(E) m = .
2

07 (EFOMM) No convés de um navio, um marinheiro apoia uma caixa


de massa 20 kg sobre um plano inclinado de 60º, aplicando uma força 10 (ITA) Um corpo de massa m é colocado no prato A de uma balança de
F de módulo igual a 100 N paralela à superfície do plano, como mostra braços desiguais e equilibrado por uma massa p colocada no prato B.
a figura. Nessas condições, ele observa que a caixa está na iminência de Esvaziada a balança, o corpo de massa m é colocado no prato B e equilibrado
descer o plano inclinado. Para que a caixa fique na iminência de subir o plano por uma massa q colocada no prato A. O valor da massa m é:
inclinado, ele deve alterar o módulo da força F para:
(A) pq.

(B) pq .
p+q
(C) .
F 2
p+q
60° (D) .
2

Dados: g = 10m/s2 ; sen 60° = 0,85. pq
(E) .
p+q
(A) 100 N.
(B) 140 N.
(C) 180 N.
(D) 200 N
(E) 240 N.

228 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

11 Uma escada de 5 m de comprimento e massa M está apoiada em 14 Uma barra ACB, prismática, delgada, homogênea, em cotovelo a 90°
um solo rugoso horizontal e contra uma parede vertical lisa. A distância é suspensa pelo vértice do ângulo e apresenta-se em equilíbrio, conforme
máxima a que seu pé pode estar da parede sem escorregar é igual a 4 m. o esquema anexo. (AC = 2a; CB = 2b; BCH ˆ = θ.).
Quando seu pé está a apenas 3 m da parede, qual é:

a. a massa máxima que pode ser colocada em qualquer lugar da escada C


sem causar escorregamento?
b. a máxima distância ao longo da escada que um homem de massa H
2a θ
5 M pode caminhar sem o risco de cair?

12 Uma viga de peso desprezível é apoiada por suas extremidades A e


B, sendo que um homem de peso P anda sobre ela.
A 2b
homem

B
A B
X Vale a condição:
L
(A) =b a tan θ.
(B) =b a cot θ.
A intensidade RA da reação do apoio A é dada pelo gráfico a seguir, em
que x é a distância de A ao homem: (C)
= b a tan θ .
(D)
= b a cot θ .
RA(N)

15 A figura a seguir apresenta um perfil metálico AB, com dimensões


560 AC = 0,20 m e CB = 0,18 m, apoiado em C por meio de um pino sem atrito.
Admitindo-se desprezível o peso do perfil AB, o valor da força vertical F,
em newtons, para que o sistema fique em equilíbrio na situação da figura é:

140 Dados: sen (15) = 0,26; cos (15) = 0,97.

F
0 2 8 R (M)

Calcule, então: 175,0 N


a. o peso P do homem; B
b. o comprimento L da viga.
216,0 N
13 (ITA) Para que a haste AB homogênea, de peso P, permaneça em equilíbrio,
suportada pelo fio BC, qual deve ser a intensidade da força de atrito em A?

C A 75°
L 15°
C
B 90°

L
A

IME-ITA – Vol. 2 229


FÍSICA I
Assunto 4

16 (IME) Três molas, a, b e c, têm comprimento natural La = 0,5, PM = QM = 5,0 cm; CM = 2,0 cm; Â = 120°; sen 30° = 0,50;
Lb = 0,6 m e Lc = 0,7 m, e constante elástica Ka = 10 N / m, Kb = 15 N / m cos 30° = 0,87 e g = 10 m/s2.
e Kc = 18 N / m, respectivamente. Elas são ligadas entre si e estiradas entre
duas paredes distantes 2,0 metros uma da outra, onde as extremidades (A) 12 g.
estão fixadas, conforme figura abaixo. Qual o comprimento de cada uma (B) 30 g.
das molas estiradas, em equilíbrio? (C) 6,0 g.
(D) 10 g.
(E) 24 g.

a b c 19 (ITA) Considere um bloco de base d e altura h em repouso sobre um


plano inclinado de ângulo θ. Suponha que o coeficiente de atrito estático
2,0 m seja suficientemente grande para que o bloco não deslize pelo plano.

17 Um fardo de feno, de 30 kg, é arrastado ao longo de uma superfície


horizontal com velocidade constante sob ação de uma força F. O coeficiente
de atrito cinético é igual a 0,25. Dessa forma: h

0,25 m
d


F

0,50 m θ
cg h
O valor máximo da altura h para que a base d permaneça em contato
com o plano é:

a. Calcule o módulo de F.
d
b. Calcule o valor de h para o qual o fardo está na iminência de tombar. (A) .
c. Supondo que se mantenha a mesma força F, só que agora não tem α
atrito, dessa forma, determine a posição que deve ser aplicada a força d
de modo a não tombar. (B) .
sen α

18 Uma pessoa tem um passarinho de brinquedo que pode ser equilibrado d


(C) .
pela ação de uma força normal utilizando-se apenas um ponto de apoio sen2α
M, localizado no bico do passarinho, conforme a figura 1. Esse equilíbrio
(D) d cot α.
é alcançado em função da colocação de massas pontuais adequadas nos
pontos P e Q. Sabe-se que a massa do passarinho antes da colocação d cot α
das massas em P e Q é 30 g e seu centro de massa nesta situação é (E) .
sen α
representado, na figura 2, pelo ponto C. Além disso, o passarinho é simétrico
em relação ao eixo que contém os pontos M e C. Sendo assim, para o 20 Dois blocos idênticos de comprimento L = 24 cm são colocados sobre
equilíbrio ser alcançado, o valor de cada uma das massas colocadas nos uma mesa, como mostra a figura a seguir. Determine o máximo valor de
pontos P e Q é: x, em cm, para que os blocos fiquem em equilíbrio, sem tombarem.

P Q L
Â
1
M
2

X L/2
C

figura 1 figura 2

Dados:

230 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

21 Na figura abaixo, apresentam-se três esferas soldadas em barras


rígidas de massa desprezível. Qual a medida do ângulo? (A) M2 = 3 M1 .
2
(B) M2 = 3 M1.
m
g M1
b (C) M2 = .
2
2m M1
(D) M2 = .
0 3
b
(E) M2 = 2 M1.
θ
b 24 (EFOMM) Uma haste homogênea de peso P repousa em equilíbrio,
3m
apoiada em uma parede e nos degraus de uma escada, conforme ilustra
a figura abaixo. A haste forma um ângulo θ com a reta perpendicular à
parede. A distância entre a escada e a parede é L. A haste toca a escada
nos pontos A e B da figura.
22 (ITA) Um semidisco de espessura e e massa = 2 kg está apoiado
haste
sobre um plano horizontal, mantendo-se na posição indicada em virtude
da aplicação de uma força F no ponto Q. O centro de gravidade G é tal B
que OG = 0,1 m, sendo O o centro do disco que originou o semidisco; o escada
raio do disco é r = 0,47 e o ângulo θ = 30°. O valor de F nesse caso é: parede A
L
θ
L

F L

g Utilizando as informações contidas acima, determine o peso P da haste,


30°
admitindo que FA é a força que a escada faz na haste no ponto A e FB é a
força que a escada faz na haste no ponto B.

2
(A) P
= ( FA + FB ).
(g = 9,8 m/s2) 3cos θ

(A) 19,6 N. 2
(B) P
= ( FA + 2 FB ).
(B) 7,2 N. 3cos θ
(C) 1,2 N. 3
(D) 2,4 N. (C) P
= ( FA + FB ).
2cos θ
(E) 2,9 N.
2
=(D) P (2 FA + FB ).
23 (ITA) Uma das extremidades de uma corda de peso desprezível está 3cos θ
atada a uma massa M1 que repousa sobre um cilindro fixo, liso, de eixo 3
horizontal. A outra extremidade está atada a uma outra massa M2 como = (E) P ( FA + 2 FB ).
2cos θ
mostra a figura. O ângulo indicado na figura vale 60°. Para que haja
equilíbrio na situação indicada, deve-se ter:
25 A figura indica, em corte, um prisma e um cubo homogêneos, de pesos
iguais a 6,0 N e 5,5 N, respectivamente, sobre o travessão horizontal de uma
balança em equilíbrio. O cubo é suspenso por um cabo de massa desprezível,
M1 60° que, passando por uma polia ideal, sustenta um contrapeso A.
Calcule o peso de A e a tração no cabo.

20 cm
A

45 cm 70 cm 40 cm
M2
15 cm

IME-ITA – Vol. 2 231


FÍSICA I
Assunto 4

26 A figura mostra uma estrutura em equilíbrio, formada por uma barra


BD, dois cabos AD e DE, e uma viga horizontal CF. A barra é fixada em
B. Os cabos, de seção transversal circular de 5 mm de diâmetro, são
inextensíveis e fixados nos pontos A, D e E. A viga de material uniforme e 01 (IME) Ao teto de uma sala deseja-se prender 3 molas iguais que
homogêneo é apoiada em C e sustentada pelo cabo DE. Ao ser colocado deverão equilibrar, na horizontal, uma haste rígida, delgada e de peso
um bloco de 100 kg de massa na extremidade F da viga, determine: desprezível, bem como uma viga pesada, homogênea e uniforme, de tal
modo que a haste suporte, em seu ponto médio, a viga. Os pontos de
Dados: aceleração da gravidade: 10 m/s2; densidades lineares de massa:
fixação, no teto, devem formar um triângulo isósceles de ângulo diferente
=m1 30kg /=m, m 2 20kg / me
= m3 10kg / m; use:= 20 4,5 C. Determine a distância x do ponto D, a partir da extremidade livre, em
que a viga deve ser apoiada. O comprimento da viga é L.
D
B
o
2,0 m cab
cabo
ra

A
bar

2,0 m
A
B
X
2,0 m bloco
viga E
C
C µ1 µ2 µ3 F
D

2,0 m 2,0 m 3,0 m 1,5 m 1,5 m 3,0 m

a. a força no trecho ED do cabo;


b. as reações horizontais e vertical no apoio C da viga;
02 (IME) Quatro barras homogêneas AB, BC, CD e DE, de peso P cada
c. as reações horizontal e vertical no apoio B da barra.
uma, estão articuladas entre si como indica a figura. Sustentam-se, com
as mãos, os extremos A e E de forma que estejam sobre uma mesma
27 A figura abaixo mostra uma estrutura em equilíbrio, formada por uma
reta horizontal e que, ao estabelecer-se o equilíbrio, a ação efetuada nos
barra vertical AC e um cabo CD, de pesos desprezíveis, e por uma barra
extremos, sobre cada um, tenha um componente horizontal igual a 2P.
horizontal BD. A barra vertical é fixada em A e apoia a barra horizontal BD.
Admite-se que as barras AB e ED possam girar livremente ao redor dos
O cabo de seção transversal de 100 mm2 de área é inextensível e está preso
extremos fixos A e E e que não haja atrito nas articulações. Calcule o
nos pontos C e D. A barra horizontal é composta por dois materiais de
ângulo α que a barra DE forma com a horizontal.
densidades lineares de massa m1 e m2. Diante do exposto, a força normal
por unidade de área, em MPa, no cabo CD, é: A E
Dados:
aceleração da gravidade: 10 m/s2; α
densidades lineares de massa: µ1 = 600 kg/m e µ2 = 800 kg/m. B
D
C
C

03 Uma vara de massa de 6 kg e comprimento 0,8 m é colocada sobre as


superfícies planas sem atrito, que formam ângulo reto, conforme mostra a
1,5 m

ca
bo figura. Determine a posição de equilíbrio e as forças de reações em função
do ângulo α.
B barra horizontal D
µ1 µ2
barra vertical

1,0 m 1,0 m

φ
2,0 m

α
A

232 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

04 Uma barra homogênea BD de comprimento L e massa M se apoia 07 (ITA) Considere um semicilindro de peso P e raio R sobre um plano
nos pontos B e C indicados no diagrama abaixo. Nessas condições, qual horizontal não liso, mostrado em corte na figura. Uma barra homogênea de
a reação no ponto B, para uma configuração de equilíbrio? comprimento L e peso Q está articulada no ponto O. A barra está apoiada
na superfície lisa do semicilindro, formando um ângulo α com a vertical.
Quanto vale o coeficiente de atrito mínimo entre o semicilindro e o plano
D horizontal para que o sistema todo permaneça em equilíbrio?

O
θ
C L α

B h

a
cos α
m= .
(A)  2h R 
05 A figura indica uma superfície semicircular lisa de raio R em que cos α + 2 P  − 
repousa uma barra homogênea de comprimento L. Nessas condições,  LQ cos2α LQ sen α 
quanto vale o ângulo θ para a condição de equilíbrio da referida barra?
cos α
m= .
(B)  2h 2R 
cos α + P  − 
 LQ sen2α LQ cos α 
L
θ cos α
m= .
horizontal (C)  2h R 
R sen α + 2 P  − 
 LQ sen2α LQ cos α 
sen α
m= .
(D)  2h 2R 
sen α + 2 P  − 
 LQ cos α LQ cos α 
sen α
06 A figura abaixo apresenta uma barra homogênea de 6 kg e 2 m de m= .
(E)  2h 2R 
comprimento, apoiada sobre uma polia em repouso. Qual é o módulo da cos α + P  − 
reação em P?  LQ sen α LQ cos α 
08 (EN) Observe a figura a seguir.

b b 0
R/4
A

6 kg 37 °
P

IME-ITA – Vol. 2 233


FÍSICA I
Assunto 4

Na figura anterior, temos um disco de raio R = 0,1m e espessura R/3 com um 11 (ITA) Na figura abaixo, temos um cilindro de massa desprezível de raio r
buraco circular de raio R/4. A distância entre o centro do disco e o centro do que pode girar sem atrito em torno do eixo que passa pelo centro O. Nos
buraco é R/2. A massa específica do material do disco é p = 9,6 · 103 kg/m3. pontos P1 e P2 estão fixados dois fios de massa também desprezível.
Qual o módulo, em newtons, da força que, aplicada ao ponto A, garante o Para que haja equilíbrio nas condições do esquema, a relação entre as
equilíbrio estático do disco na configuração representada anteriormente? massas m1 e m2 é :

Dados: g = 10 m/s2 ; π = 3.
P2
(A) 1,2.
(B) 2,4. 0
(C) 3,0.
(D) 3,6. 30°
(E) 4,0.
P1

09 (ITA) Um toro de madeira cilíndrico de peso P e de 1 m de diâmetro


deve ser erguido por cima de um obstáculo de 0,25 m de altura. Um cabo
é enrolado ao redor do toro e puxado horizontalmente como mostra a
figura. O canto do obstáculo em A é áspero, assim como a superfície do
toro. Nessas condições, a tração T requerida no cabo e a reação em A, no
instante em que o toro deixa de ter contato com o solo, valem quanto?
m2

T m1

(A) m1 = m2 .

(B) 3 m1 = 2 3 m2 .
A (C) 3 m2 = 2 3 m1.

(D) m1 = 3 m2 .
B (E) m2 = 2 3 m2 .

12 (ITA)A figura mostra um tubo cilíndrico de raio R apoiado em uma


10 A esfera homogênea abaixo possui 49 kg de massa e se mantém em superfície horizontal, em cujo interior encontram-se em repouso duas bolas
repouso no esquema abaixo. Assim, determine, a massa do bloco: idênticas, de raio r = 3R/4 e peso P cada uma. Determine o peso mínimo
Pc do cilindro para que o sistema permaneça em equilíbrio.

37°

37°

234 IME-ITA – Vol. 2


Estática dos sólidos FÍSICA I
Assunto 4

13 (ITA) Um cilindro de raio R está em equilíbrio, apoiado em um 15 (IME) Na figura abaixo, o coeficiente de atrito entre o peso P e a cunha
plano inclinado, áspero, de forma que seu eixo é horizontal. O cilindro é é µ1 e, entre a cunha e o bloco inferior é µ2. Desprezando o peso da cunha,
formado de duas metades unidas pela seção longitudinal, das quais uma e considerando que não há atrito na parede vertical, determine a expressão
tem densidade d1 e a outra densidade d2 < d1. São dados o ângulo α de da força F necessária para levantar o peso P, forçando a cunha para a
4R direita.
inclinação do plano inclinado e a distância h = do centro de massa

de cada metade à seção longitudinal. Qual a relação entre o ângulo β de
inclinação da seção longitudinal de separação sobre o horizonte e α, d1 , P
d2 e h?

h
θ
h

16 (ITA) Um atleta mantém-se suspenso em equilíbrio, forçando as


mãos contra duas paredes verticais, perpendiculares entre si, dispondo
seu corpo simetricamente em relação ao canto e mantendo seus braços
β horizontalmente alinhados, como mostra a figura. Sendo m a massa do
α corpo do atleta e µ o coeficiente de atrito estático interveniente, assinale
a opção correta que indica o módulo mínimo da força exercida pelo atleta
14 (ITA) Considere um bloco cúbico de lado d e massa m em repouso em cada parede:
sobre um plano inclinado de ângulo α, que impede o movimento de um
cilindro de diâmetro d e massa m idêntica à do bloco, como mostra a figura.
Suponha que o coeficiente de atrito estático entre o bloco não deslize pelo
plano e que o coeficiente de atrito estático entre o cilindro e o bloco seja
desprezível. O valor máximo do ângulo α do plano inclinado, para que a
base do bloco permaneça em contato com o plano, é tal que:

α
90°

1
(A) sen α = .
2
(B) tan α =1.
(C) tan α =2. 1
mg  m 2 − 1  2
(D) tan α =3. (A)   .
(E) cot α =2. 2  m2 + 1
1
mg  m 2 + 1  2
(B)   .
2  m2 − 1 

mg  m 2 − 1 
(C)  .
2  m2 + 1

mg  m 2 + 1 
(D)  .
2  m2 − 1 
(E) n.d.a.

IME-ITA – Vol. 2 235


FÍSICA I
Assunto 4

236 IME-ITA – Vol. 2


FÍSICA II ASSUNTO

Termodinâmica
3
1. Definição de gás ideal ou perfeito Em que:
• Variação da quantidade de movimento: ∆Q = 2 mv x
F
• Pressão: p = ⇒ F = pA
A
• Tempo para a molécula percorrer o caminho de ida e volta ao longo
2x
da direção x: ∆t =
vx
Substituindo:
2x
2 mv x = pA ⇒ mv 2x = p ( Ax ) ⇒
vx
m
mv 2x =pV ⇒ p = v 2x ⇒ p = ρv 2x
V
Devido ao movimento caótico das moléculas, assume-se distribuição

uniforme das velocidades, isto é: v x2 = v y2 = v z2 ⇒ v x2 = . Portanto:
3
1
p= ρv ²
3
A teoria cinética dos gases aceita o fato de as leis da Mecânica
Newtoniana serem aplicadas ao movimento molecular e supõe as seguintes
hipóteses para um modelo microscópico de gás denominado ideal: 3. Energia interna de um gás (U)
A energia interna de um gás é dada pela soma das energias cinéticas de
• Uma porção de gás perfeito é constituída por um grande número de suas moléculas, uma vez que são desprezadas interações intermoleculares e
moléculas em movimento caótico (todas as direções são igualmente gravitacionais. Utilizando a definição de energia cinética e a pressão, tem-se:
prováveis);
• As moléculas não exercem força umas sobre as outras, somente mv ² ρVv ²  1  3  3
Ec ===  3 ρv ²  2 V  = pV
durante as colisões; 2 2    2
• As colisões entre as moléculas ou entre elas e as paredes do recipiente Pela equação de Clapeyron, conclui-se:
que contém o gás são perfeitamente elásticas (conservam energia e
3
quantidade de movimento) e de duração desprezível; U = nRT (gás monoatômico)
• Entre colisões sucessivas, o movimento das moléculas é retilíneo e 2
uniforme. Isto equivale a desprezar as forças de interação gravitacional Ao deduzir tal expressão, considera-se que a energia cinética consiste
e intermoleculares; mv²
na soma de termos da forma . Implicitamente, leva-se em conta que
• As moléculas são consideradas pontos materiais; isto é, suas dimensões 2
são desprezíveis se comparadas aos espaços intermoleculares e à esta resulta somente de translações, entretanto muitas moléculas também
distância que percorrem entre colisões sucessivas. possuem energias associadas à rotação. Tal expressão não está errada,
mas é um caso particular, no qual é correto desconsiderar as rotações, por
ser um caso de moléculas monoatômicas. Para poliatômicas, a geometria
2. Pressão de um gás permite que haja rotações, alterando o resultado.
pressão 5
U = nRT (gás diatômico)
2
U = 3nRT (gás poliatômico)

3 5
As constantes , , 3 são resultado dessas mudanças na
2 2
colisões possibilidade de movimento. Em outras palavras, os graus de liberdade do
sistema influenciam sua energia interna. O teorema da equipartição afirma
que a energia de cada molécula de um gás é a soma das energias geradas
Dado um gás em um recipiente, a pressão existente nas paredes
pelos graus de liberdade, cada um contribuindo com uma parcela na forma
decorrerá dos choques sucessivos das moléculas em movimento caótico.
Nesse sentido, é intuitivo que se consiga relacionar matematicamente 1
kT . Com isso, conclui-se que cada grau de liberdade contribui com uma
pressão e velocidade. 2
1
Considere um paralelepípedo no qual há certa quantidade de gás. parcela da forma nRT para a energia interna. Para os monoatômicos, há
Nele serão analisados dois choques consecutivos em paredes paralelas, 2
três translações; para os diatômicos, três translações e duas rotações, uma
portanto será possível equacionar o movimento para a direção x.
vez que é desprezada a rotação em torno do eixo que contém os átomos
I = F ∆t ⇒ ∆Q = F ∆t e; para os poliatômicos, três translações e três rotações.

IME-ITA – Vol. 2 237


FÍSICA II
Assunto 3

4. Velocidade média das moléculas Na Mecânica, trabalho realizado é definido por uma força resultante do
produto do módulo de F pelo deslocamento. Esse produto escalar serve
Igualando as expressões de energia cinética: apenas para garantir que a direção da força é igual à do deslocamento.
 

1 2 3 =τ F ⋅ dS
=Ec = mv nRT
2 2
em que n é o número de mols do gás, dado por n = m/M: No caso de um gás, será mais comumente usado o conceito de força
quando associada à pressão aplicada nas paredes do recipiente no qual o
1 2 3m gás encontra-se confinado:
mv = RT
2 2M F
Como P = , pode-se escrever que
A
Obtemos então:
v=
3 RT
M
= τ =

( pA)dS

p( =
AdS ) ⇒τ
dV
∫ pdV
Dessa forma, continuamente será registrado que o trabalho exercido
5. Energia cinética média por molécula ou sofrido por um gás será:

ec =
E
= c
3 nRT 3 nRT 3 R
= = T ∫
τ = pdV
N 2N 2 nN A 2 N A
Uma importante interpretação dessa equação consiste em afirmar que
Pode-se obter também a energia cinética média de cada molécula, a área de um gráfico resulta, matematicamente, no módulo do trabalho
dividindo a energia cinética total da molécula pelo número de moléculas do gás.
N = n · NA P

R
em que o quociente é denominado constante de Boltzmann (k)
NA
k = 1,38 · 10–23 J/K V

Assim, a energia cinética por molécula será:


Obs.: A área fornece o módulo do trabalho. Entretanto, ainda é necessário
3
ec = kT (gás monoatômico) saber se este é positivo ou negativo. Para isso, é necessário observar a
2 variação de volume.
Analogamente:
5
ec = kT (gás diatômico) • Trabalho realizado pelo gás, expansão: ∆V > 0 ⇒ τ > 0
2
ec = 3 kT (gás poliatômico) • Trabalho realizado sobre o gás, contração: ∆V < 0 ⇒ τ< 0

6. Variação da energia interna (DU) 8. Primeira lei da termodinâmica


A energia interna de um gás é função apenas do seu número de A primeira lei da termodinâmica consiste em uma análise quantitativa
3 do balanço de energia de um gás, dada uma transformação qualquer
mols e temperatura. Para um gás monoatômico: U = nRT . Aplicando
2 realizada por ele. A energia associada a seu estado, ou seja, sua energia
uma variação: interna, vai variar de acordo com a energia que recebe ou cede ao meio,
3 denominada calor. Subtraindo-se dele a energia gasta para a realização
∆U= nR∆T (monoatômicos) do processo, definida como trabalho, resta o saldo energético do gás.
2
Analogamente: ∆U= Q − τ
5
∆U= nR∆T (diatômicos)
2
9. Transformações
∆U= 3 nR∆T (poliatômicos)
As transformações mais comuns para um gás são: isobáricas,
Obs.: A energia interna depende diretamente da variação de temperatura, isovolumétricas, isotérmicas e adiabáticas, as quais serão analisadas
portanto: Ti = TF ⇒ ∆T = 0. Isso implica dizer que a variação da energia individualmente a seguir.
interna independe do tipo de transformação.
Obs.: Nas demonstrações seguintes, será feito uso recorrentemente da 1a
7. Trabalho (τ) da Lei Termodinâmica: ∆U= Q − τ

• •
9.1 Isobárica

•  • Transformação gasosa à pressão constante.
• F
nRT
p = constante =
V
x

238 IME-ITA – Vol. 2


Termodinâmica FÍSICA II
Assunto 3

I. Calor IV. Gráficos (PV, PT)


=
Q ncP ∆T
P P
cp: calor molar à pressão constante. No SI: [=
CP ] J/mol ⋅ K

Obs.: Também é possível escrever essa equação em função da massa,
Q mcP ∆T . Nesse caso, no SI: [ C=
isto é:= P ] J/kg ⋅ K .

II. Trabalho
V2
τ=

V1
pdV , como a pressão é constante, pode sair da integral, V T

V2 9.3 Isotérmica
restando: τ = p
∫V1
dV = p(V2 − V1) = p∆V
• Transformação gasosa à temperatura constante.
Pela equação de Clapeyron: p∆V= nR∆Τ: pV
=T = constante
nR
τ= nR∆T I. Variação da energia interna
Como é sabido, para qualquer processo em que TI = TF :
III. Variação da energia interna ∆U =0
∆U= Q − τ
Substituindo pelas relações encontradas acima, obtém-se que: II. Trabalho
∆U= ncP ∆T − nR∆T , o termo n∆T é comum aos dois fatores, logo: V2


∆U = n∆T ( cP − R )
τ=

V1
pdV , vale que: pV = nRT . Nesse caso, = = constante .
pV nRT

IV. Gráfico (PV) nRT


Repare que substituir p = é interessante, dado que o numerador
V
P é uma constante e o denominador é a variável a ser integrada. No final,
dx
o resultado é uma conhecida:
x ∫
= ln x

V2 nRT V2 dV
P0 =τ
∫V1
=
V ∫
dV nRT= nRT (ln V2 − ln V1)
V1 V

V 
τ nRT ⋅ ln  2 
=
 V1 
V III. Calor
Nos processos isotérmicos, por definição, TI = TF . Desse modo, a
9.2 Isovolumétrica variação de temperatura é nula. Consequentemente, pela 1a Lei da
• Transformação gasosa a volume constante. V
Termodinâmica: ∆U = Q − τ ⇒ ∆U = 0. Logo: Q = τ = nRT ⋅ ln 2 .
nRT V1
= V = constante
P IV. Gráfico (PV)
I. Calor
=
Q ncV ∆T P

[CV ] J/mol ⋅ K.
cv: calor específico molar a volume constante. No SI: =

Obs.: Essa equação também pode ser escrita em função da massa, isto
Q mcV ∆T . Nesse caso, no SI: [ C=
é:= V ] J/kg ⋅ K .

II. Trabalho


τ = pdV
V
Para um processo isovolumétrico, não há variação de volume, portanto:
dV = 0. 9.4 Adiabática
τ =0 • Transformação gasosa na qual a troca de calor é nula.
III. Variação da energia interna
Pela 1a Lei e com as relações encontradas anteriormente, resulta: I. Calor
Pela definição: Q = 0
∆U = Q − 0 = ncV ∆T . Logo: ∆U = ncV ∆T

IME-ITA – Vol. 2 239
FÍSICA II
Assunto 3

II. Trabalho
Para chegar ao resultado pretendido, será utilizada uma importante
11. Variação da energia interna em um
relação que será demonstrada ao final deste módulo: PVY = constante processo qualquer
V2 V2 k V2 dV
pV γ = k , então:
= τ =
V1 ∫
pdV
∫ =
V1 V
γ
dV k

V1 V
γ , novamente
Suponha um processo termodinâmico qualquer AB. Como a variação
da energia interna não depende do processo, podemos imaginar, por
x 1− n
há uma integral simples de ser resolvida: x − n dx =
V2  1−γ 1−γ 
∫ 1− n
. Assim: exemplo, um caminho ACB composto por uma isotérmica (AC) e uma
isovolumétrica (CB), como mostra a figura abaixo:
V − V1
k
V1 ∫
V −γ dV = k  2

 1 − γ
 .
 P
γ
Agora pode-se substituir = k p= 1V1 p2V2 γ . Assim:
 p2V2 − p1V1   nR(T2 − T1)  nR∆T
= τ =  =  .
 1− γ   1− γ  1− γ A
B
III. Variação da energia interna
TB
Como nas transformações adiabáticas Q = 0, tem-se: ∆U = − τ
TA V
C
IV. Gráfico (PV)
P
nRt ∆UAB = ∆UAC + ∆UCB = 0 + (QCB – τCB) = 0 + (n · Cv · ∆T – 0) = n · Cv · ∆T
p=
V
Logo, em qualquer processo termodinâmico a variação da energia
isoterma interna poderá ser dada por:

pVγ ∆U= ncV ∆T


adiabática

V Obs.: Aqui será demonstrada a relação usada no cálculo do trabalho na


γ
transformação adiabática. Para provar que pV = k , o ponto de partida
Obs.: A curva que representa uma transformação isotérmica em um gráfico será a definição de tal transformação, isto é: Q = 0. Utilizando a 1a Lei
P × V, cuja temperatura é sempre a mesma, é conhecida como isoterma. da Termodinâmica e da variação de energia interna de um processo
qualquer, ter-se-á:
10. Relação de Mayer dU = dQ − d τ ⇒ ncV dT =
0
− pdV

Seja ACB um processo termodinâmico composto por uma isobárica e Como p não interessa, será trocado por: nRT .
por uma isovolumétrica. Como os estados A e B pertencem a uma mesma V
isoterma →∆UACB = 0. nRT  dT   dV 
ncV dT = − dV ⇒ cV   = −  R  
V   T 
∆UACB = ∆UAC + ∆UCB constante constante  V 

É conveniente que dois lados sejam integrados:


Pela primeira lei da termodinâmica: 0 = (QAC – τAC) + (QCB – τCB) T2 dT V2 dV T  V 
0 = (n · Cp · ∆TAC – n · R · ∆TAC) + (n · Cv · ∆TCB – 0) cV

T1 T
=
−R
V1 V ∫⇒ cV ln  2  =
 T1 
− R ln  2 
 V1 
Como ∆TAC = –∆TCB → n · Cp · ∆TAC – n · R · ∆TAC = – n · Cv · ∆TAC
Nesse momento, é impor tante pensar no que se quer provar.
Importante observar que T não faz parte da relação desejada. É necessário
Eliminando os fatores comuns: Cp – R = –Cv, obtém-se: pV
fazer a troca: T = .
nR
pV  V 
CP – C V = R cV ln  2 2  = − R ln  2 
p V
 11  V1 
Por simplificações, obtém-se:
P
p  V  V 
cV ln  2  + cV ln  2  =
− R ln  2  ⇒
p
 1 V
 1  V1 
C p  V  p 
A cV ln  2  = −( R + cV )  2  ⇒ cV ln  2  = −cP ⇒

 p1  cP  V1   p1 
cV − cP
p  V 
In  2 =
 ln  2  ⇒ p1= V1γ p2V2 γ
T p
 1 V
 1
B V
pV γ = constante

240 IME-ITA – Vol. 2


Termodinâmica FÍSICA II
Assunto 3

Solução: Letra B.
Muita atenção sempre nas unidades!
Neste problema a temperatura é dada em Celsius, porém, como
01 (UFG-2007) Na figura abaixo são mostradas transformações utilizaremos a equação de Clapeyron na forma de transformações gasosas
termodinâmicas realizadas sobre um gás de número de mols constante
PV PV
que obedece à lei geral dos gases ideais. 1 1
= 2 2 , devemos transformar sempre para escala absoluta. Assim,
n1T1 n2T2
V teremos a seguinte relação:
I P1 P P 393
 2  2   1, 297  129, 7%.
III 303 393 P1 303
Logo, o aumento percentual foi de aproximadamente 30%.
II

T 03 Um gás ideal sofre uma expansão adiabática. Podemos afirmar que:

(A) a temperatura e o volume aumentam.


As transformações I, II e III são, respectivamente:
(B) a pressão e a temperatura aumentam.
(A) adiabática, isobárica e isotérmica. (C) a temperatura e a energia interna aumentam.
(B) isobárica, adiabática e isotérmica. (D) a temperatura e o calor são constantes.
(C) isotérmica, isobárica e adiabática. (E) a energia interna e a pressão diminuem.
(D) adiabática, isotérmica e isobárica.
(E) isotérmica, adiabática e isobárica. Solução: Letra E.
Do ponto de vista da primeira lei da termodinâmica temos:
Solução: Letra A. ∆U = Q – τ → ∆U = 0 – τ.
Comece pelo gráfico mais fácil, que nesse caso é o de número III. Por Como se trata de uma expansão (volume aumenta), sabemos que o trabalho
ser uma linha vertical, nota-se que a temperatura não varia, somente o é positivo. Assim a variação de energia interna (que representa a variação
volume. Logo, é ISOTÉRMICO. de temperatura) será negativa (∆U=– τ).
Depois o gráfico II é também bastante utilizado. Nele vemos que existe Concluímos que a temperatura diminui.
uma relação linear (y=a · x) entre o volume e a temperatura. Pela equação Como em uma adiabática sabemos que P · Vγ=c.
de Clapeyron podemos identificar esta relação: Logo, se o volume aumenta a pressão tem que diminuir.
n R Resumindo:
P V  n  R  T  V  T
P – Volume → aumenta
– Temperatura e energia interna → diminuem
Nesse caso, trata-se de uma transformação ISOBÁRICA. – Pressão → diminui

Olhe só! Neste momento já temos a resposta! 04

Analisando, ainda assim, o gráfico I, vemos que a relação não é linear. Isso
P0
significa que tanto volume como temperatura e pressão estarão variando. R
T0 g=10 m/s²
Não resta outra opção a não ser a transformação ADIABÁTICA. Podemos y3
P3
obter essa relação (hiperbólica) partindo da relação entre P e V na adiabática: H=6 m
Q Q
Q R
P · Vγ=c y1
P2
y2
0,5 m P1

Para que relacionemos apenas V e T para demonstrar aquela relação,


Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3
substituiremos P através da equação de Clapeyron:
n·R·T Na figura 1 estão representados um tubo vertical, com a extremidade superior
P·V  n· R·T P  P · V  c
V aberta, e dois cilindros maciços Q e R. A altura do tubo é H = 6,0 m e a
n·R·T área de sua secção transversal interna é S = 0,010 m2. Os cilindros Q e
· V   c  V  1 · T  c ' R têm massa M = 50 kg e altura h = 0,5 m, cada um. Eles se encaixam
V
perfeitamente no tubo, podendo nele escorregar sem atrito, mantendo
02 Nos manuais de utilização de um automóvel, recomenda-se que uma vedação perfeita. Inicialmente, o cilindro Q é inserido no tubo. Após
os pneus sejam calibrados a cada 15 dias e à temperatura ambiente, ele ter atingido a posição de equilíbrio y1, indicada na figura 2, o cilindro R
apresentando, inclusive, sugestão de intervalos de pressão para cada é inserido no tubo. Os dois cilindros se deslocam então para as posições
carga. Em uma região com temperatura ambiente de 30°C, os pneus de equilíbrio indicadas na figura 3. A parede do tubo é tão boa condutora
atingem 120°C após duas horas de viagem. Considerando o ar como de calor que durante todo o processo a temperatura dentro do tubo pode
um gás ideal e desprezando a variação de volume do pneu, o aumento ser considerada constante e igual à temperatura ambiente T0. Sendo a
percentual de pressão será da ordem de: pressão atmosférica P0 = 105Pa (1 Pa = 1 N/m2), nas condições do
experimento, determine:
(A) 20%.
(B) 30%. a. a altura de equilíbrio inicial y1 do cilindro Q.
(C) 40%. b. a pressão P2 do gás aprisionado pelo cilindro Q e a altura de equilíbrio
(D) 200%. final y2 do cilindro Q, na situação da figura 3.
(E) 300%. c. a distância y3 entre os dois cilindros, na situação da figura 3.

IME-ITA – Vol. 2 241


FÍSICA II
Assunto 3

Solução: c. Pela equação de Clapeyron:


a. Equilíbrio do cilindro Q: pV = nRT
Mg  Fatm  F1ar  p1ar S  Lembrando que:
50 · 10  105 · 0, 01 n = 100 moles
p1ar   1, 5 · 105 Pa
0, 01 R= 8,31 J/mol · K
Transformação gasosa: E pela leitura do gráfico:
p1V1  p2V2  p = 300.000 N/m²
5 5
10 · 0, 01 · 6  1, 5 · 10 · 0, 01 · y1  y1  4 m V = 1 m³
b. Equilíbrio dos cilindros Q e R: Aplicando na fórmula:
2 Mg  Fatm  F2 ar  P2 ar S  3  105  1  100  8, 31 T
100 · 10  105 · 0, 01 3  105
P2 ar   2 · 105 Pa T  361 K
0, 01 831
c. Cálculo de y2:
06 Um certo gás, cuja massa vale 140 g, ocupa um volume de 41 litros,
p1V1  p2V2  105 · 0, 01 · 6  2 · 105 · 0, 01 · y 2  sobre pressão de 2,9 atmosferas, à temperatura de 17°C. O número de
y2  3 m Avogadro vale 6,02 · 1023 e a constante universal dos gases perfeitos é
R = 0,082 atm L/mol · K. Nestas condições, qual é, aproximadamente, o
Transformação gasosa: número de moléculas contidas no gás? E a massa molar?
p1V1  p2V2 
Solução:
105 · 0, 01 · (6  3  0, 5)  5 · 105 · 0, 01 · y 3  y 3  0, 5 m PV 2, 9 · 41
PV  nRT  n  
RT 0, 082 · (17  273)
05 O gráfico abaixo ilustra uma transformação: 100 moles de gás n  5 mols
ideal monoatômico recebem do meio exterior uma quantidade de calor de N  n · N A  5 · 6, 02 · 1023  3 · 1024 moléculas
1.800.000 J.
Dado: R = 8,32 J/mol · K. m m 140
n M   28 g
M n 5

07 Certa quantidade de oxigênio tem massa específica de 0,07 g/cm3 sob


pressão de 700 mmHg. Determine a pressão desse oxigênio para que a
sua massa específica aumente para 0,09 g/cm3 à mesma temperatura.
6 · 105 B
Solução:
A Por se tratar de uma transformação gasosa, temos:
3 · 105
PV PV
1 1
= 2 2
V n1T1 n2T2
Para fazer com que essa expressão contemple a densidade, devemos
fazer duas substituições:
Determine:
a. o trabalho realizado pelo gás. n = m/M e d = m/V
b. a variação da energia interna do gás. PV PV PV PV
1 1
 2 2  11  2 2
c. a temperatura do gás no estado A. m1 m2 m T m 2T2
T1 T2 1 1
M M
Solução: P1 P P P
a. O trabalho realizado pelo gás é dado pela área do trapézio sob a curva  2  1  2
m1 m2 d T d 2T2
do gráfico; logo: T1 T2 1 1
V1 V2
(3  105  6  105 )  ( 2  1)
 Substituindo pelos dados do problema:
2
(9  105 )  1 700 P 700  0, 09
  4, 5  105 J  2  P2 
2 0, 07T 0, 09T 0, 07
b. Pela primeira lei da termodinâmica, temos que: P2 = 900 mmHg
Q = τ + ∆U
Então, substituindo os valores, temos: 08 Um gás monoatômico (M = 10 g) está a uma temperatura de 400 K
18 ⋅ 105 = 4, 5 ⋅ 105 + ∆U em um recipiente de 3 L. Ao receber calor de uma fonte térmica, sofre
uma expansão isobárica e tem sua temperatura aumentada em 30%. Sendo
∆U = 18 ⋅ 105 − 4, 5 ⋅ 105
a massa do gás de 0,3 g e seu calor específico a pressão constante de
∆U = 13, 5 ⋅ 105 J 2.050 J/kg °C, calcule:

242 IME-ITA – Vol. 2


Termodinâmica FÍSICA II
Assunto 3

a. o volume final do gás. (D) ambos apresentam mesma temperatura.


b. a pressão do gás. (E) ambos apresentam mesmo volume.
c. o trabalho realizado.
d. o calor recebido pelo gás. 04 Se aumentarmos a temperatura do gás contido em um recipiente
e. a variação de energia interna. fechado e isolado:

Dado: R = 0,082 atm · L/mol · K (A) a energia cinética média das partículas aumentará.
(B) a pressão aumentará e a energia cinética média das partículas
Solução: diminuirá.
PV P V V V 3 V2 (C) a energia cinética média não se alterará e a pressão aumentará.
a. 1 1  2 2  1  2  
T1 T2 T1 T2 400 400 · 1, 3 (D) a energia cinética média e a pressão permanecerão constantes.
(E) nada do que foi dito ocorrerá.
=V2 3=
· 1, 3 3, 9 L
0, 3 05 Considere uma mistura de gases H2 e N2 em equilíbrio térmico. Sobre
· 0, 082 · 400
n·R·T a energia cinética média e sobre a velocidade média das moléculas de
b. P · V  n · R · T  P   10
V 3 cada gás, pode-se concluir que:

P = 0, 328 atm
(A) as moléculas de N2 e H2 têm a mesma energia cinética média e a
c. τ = P · ∆V = 0,328 · (3,9 – 3) = 0,2952 atm · L mesma velocidade média.
(B) ambas têm a mesma velocidade média, mas as moléculas de N2 têm
d. Q = m · c · ∆T = 0,3 · 10–3 · 2,05 · 103 · (520 – 400) maior energia cinética média.
Q = 73, 8 J (C) ambas têm a mesma velocidade média, mas as moléculas de H2 têm
3 3 maior energia cinética média.
e. ∆U
U  n·R· ∆TT  · 0, 03 · 0, 082 ·  520 – 400 
2 2 (D) ambas têm a mesma energia cinética média, mas as moléculas de N2
têm maior velocidade média.
DU = 0,4428 · L
(E) ambas têm a mesma energia cinética média, mas as moléculas de H2
têm maior velocidade média.
Obs.: Para transformar a unidade de energia de [atm · L] para [J], devemos
multiplicar por 100. Assim, teremos: 06 Sejam o recipiente (1) contendo 1 moI de H2 (massa molecular
τ = 29,52 J M = 2) e o recipiente (2) contendo 1 moI de He (massa atômica M = 4)
∆U = 44,28 J ocupando o mesmo volume, ambos mantidos a mesma pressão. Assinale
Note que o calor é a soma do trabalho realizado e da variação de energia a alternativa correta:
interna.
(A) A temperatura do gás no recipiente 1 é menor que a temperatura do
gás no recipiente 2.
(B) A temperatura do gás no recipiente 1 é maior que a temperatura do
gás no recipiente 2.
01 Um gás é mantido sob pressão constante. Se a temperatura e o volume (C) A energia cinética média por molécula do recipiente 1 é maior que a
aumentam: do recipiente 2.
(D) O valor médio da velocidade das moléculas no recipiente 1 é menor
I. o número de choques por cm2 de parede deve aumentar. que o valor médio da velocidade das moléculas no recipiente 2.
II. a distância média entre as moléculas aumenta. (E) O valor médio da velocidade das moléculas no recipiente 1 é maior
III. a energia cinética média das moléculas não sofre alteração. que o valor médio da velocidade das moléculas no recipiente 2.

Quais são as afirmativas verdadeiras (V) e quais são as falsas (F)? 07 (EN) Considere certa amostra de um gás ideal na temperatura T kelvin
cujas moléculas, de massa M, possuem velocidade média V m/s. Em uma
02 Em relação à teoria cinética dos gases, indique quais afirmativas são amostra de outro gás também ideal, mas na temperatura 2T kelvin e com
verdadeiras e falsas. moléculas de massa M/4, a velocidade média das moléculas é V’ m/s. A
razão V’/V vale:
I. As moléculas de um gás se movem em uma direção preferencial.
II. Os choques entre as moléculas ou entre as moléculas e as paredes (A) 1/2.
são considerados elásticos. (B) 2.
III. As moléculas de gases ideais têm sempre o mesmo grau de liberdade (C) 4.
em seus movimentos. (D) 2 2.
(E) 2 / 2.
03 As moléculas de hidrogênio, em um recipiente, têm a mesma
velocidade quadrática média que as moléculas de nitrogênio, de outro 08 A primeira coluna descreve uma transformação sofrida pelo gás; a
recipiente. É correto afirmar, comparando-se os dois gases, que: segunda contém a denominação utilizada para indicar essa transformação.

(A) o nitrogênio apresenta maior temperatura. A. O gás realiza trabalho e sua energia interna não varia.
(B) o nitrogênio apresenta menor pressão. B. O gás tem sua energia interna aumentada e não troca trabalho com o
(C) ambos apresentam mesma pressão. meio externo.

IME-ITA – Vol. 2 243


FÍSICA II
Assunto 3

C. O gás não troca calor com o meio externo, mas sua temperatura 11 O gráfico a seguir representa a pressão em função do volume para 1
aumenta. mol de um gás perfeito. O gás vai do estado A para o estado B, segundo
D. O gás recebe trabalho e sua energia interna não varia. a transformação indicada no gráfico. Assinale a opção correta:

1. Compressão isotérmica. P
2. Compressão adiabática.
3. Aquecimento isométrico.
A
4. Expansão isotérmica. 4a

Em qual das alternativas as associações estão corretas?

(A) A–1, B–2, C–3 e D–4.


(B) A–4, B–2, C–1 e D–3.
(C) A–4, B–3, C–2 e D–1. B
(D) A–3, B–1, C–4 e D–2. a
(E) A–2, B–4, C–1 e D–4.

09 Quanto aos processos sofridos por gases ideais entre dois estados,
0 b 4b V
julgue os itens a seguir:
(A) A transformação indicada é isotérmica.
(A) Em um processo isotérmico, há troca de calor com o meio exterior.
(B) A área assinalada na figura mede a variação de energia interna do gás.
(B) Em um processo adiabático, não há transferência de calor para o meio
(C) Na transformação de A para B o gás recebe um calor Q, realiza um
exterior.
trabalho W, de modo que |Q|=|W|.
(C) Um processo adiabático é um processo lento, em que a variação de
(D) A transformação de A para B é adiabática porque não houve acréscimo
energia do gás é igual ao trabalho realizado por este.
de energia interna do gás.
(D) Um processo isotérmico é um processo lento, no qual há variação de
(E) A área assinalada na figura não pode ser usada para se medir o calor
energia interna do gás.
recebido pelo gás.
(E) Em um processo isotérmico, a energia cinética média das moléculas
é a mesma nos estados final e inicial. 12 (EN) Analise o gráfico a seguir.
(F) Em um processo isotérmico de compressão de um gás, a pressão
exercida sobre as paredes do recipiente que contém o gás aumentará. P
(G) Em um processo adiabático, a variação de energia do gás é nula. A C
(H) A temperatura do gás no estado final depende do processo seguido
e da natureza do gás.

10 No gráfico P × V são mostrados quatro pontos (A, B, C, D) e duas


isotermas. Analise as afirmativas e assinale quais são verdadeiras e quais
são falsas.
B
P V

O gráfico acima representa um gás ideal descrevendo um ciclo


A B ABC em um diagrama P×V. Esse ciclo consiste em uma transformação
isotérmica seguida de uma transformação isocórica e uma isobárica. Em
um diagrama V×T, qual gráfico pode representar o mesmo ciclo ABC?

(A) V
D B C
T2

C T1
V

I. Se o gás passa do estado A para B, a variação de energia interna será A


positiva.
II. Quando o gás vai de A para B, ou de C para D, a variação de energia T
interna é a mesma.
III. Se o gás vai de C para B, ou de D para A, a razão entre as variações
de energia interna valem –1.

244 IME-ITA – Vol. 2


Termodinâmica FÍSICA II
Assunto 3

(B) V 14 (AFA) No interior de um cilindro, encontram-se 30 cm3 de um gás


perfeito, sob pressão de 3 atm e temperatura de 50º C. Inicialmente,
A C
o gás sofre expansão isotérmica e seu volume passa a ser 70 cm3.
A seguir, sofre transformação isocórica e a pressão torna-se 2,5 atm. No
final, a temperatura do gás, em ºC, vale:

(A) 323.
(B) 355.
(C) 430.
B
(D) 628.

T 15 Calor é fornecido a um gás monoatômico ideal, de modo que esse


(C) V realiza uma expansão isobárica. Qual percentual do calor se destina para
aumento da energia interna?
C B

(A) 50%.
(B) 40%.
(C) 60%.
(D) 30%.
(E) 20%.
A 16 Um gás perfeito ocupa o volume de 8 litros sob pressão de 2 atm.
Após uma transformação adiabática, o volume do gás passou para 2 litros.
T Sendo o expoente de Poisson igual a 1,5, a nova pressão do gás será:
(D) V
(A) 8 atm.
C B
(B) 16 atm.
(C) 32 atm.
(D) 64 atm.
(E) n.r.a.

17 Um mol de gás ideal sofre a transformação ABC indicada no diagrama


pressão × volume da figura:
A Dado: R (constante dos gases) = 0,082 atm · L/mol·K = 8,3 J/mol · K.

T p (atm)

(E) V
B C A B
3,0

A C
isoterma

T
0 8,0 10,0 V (L)
13 Um tubo fechado nas extremidades tem um pistão móvel em seu
interior, que o divide em duas regiões. A secção transversal do tubo é a. Qual a temperatura do gás no estado A?
constante. Na região A existe 1 mol de hidrogênio a 300 K, enquanto que b. Qual é o trabalho realizado pelo gás na expansão AB?
na região B existem 2 mols de nitrogênio a 600 K. Determine a posição c. Qual é a temperatura do gás no estado C?
de equilíbrio do pistão.
18 (AFA) Uma amostra de n mols de gás ideal sofre as transformações AB
(isovolumétrica), BC (isobárica) e CD (isotérmica) conforme representação
A B no diagrama pressão (p) × volume (V), mostrado a seguir.

 = 100 cm Sabendo-se que a temperatura do gás no estado A é 27°C, pode-se afirmar


que a temperatura dele, em °C, no estado D é:

IME-ITA – Vol. 2 245


FÍSICA II
Assunto 3

p (atm) 02 Na figura, temos uma bomba de bicicleta, com que se pretende


encher uma câmara de ar de volume V. A e B são válvulas que impedem
B C a passagem do ar em sentido inverso. A operação se faz isotermicamente
4,0
e o volume da bomba descomprimida (à pressão atmosférica P0) é V0.
Inicialmente, a câmara está completamente vazia. Após N compressões
D da bomba, a pressão da câmara será:
2,0
A

0 4,0 8,0 V (litros)


V
(A) 108. V0 B
A
(B) 327.
(C) 628.
(D) 927.
03 Um barômetro de mercúrio, com escala graduada em mmHg, fornece
19 A massa de 2,0 g de ar, inicialmente a 17°C e 1,64 atm, é aquecida a leituras erradas da pressão atmosférica, pelo fato de conter um pouco de ar
pressão constante até que seu volume inicial seja triplicado. Determine: na parte superior do tubo. Em um local onde o valor da pressão ar na parte
superior do tubo. Em um local onde o valor da pressão é de 759 mmHg,
a. O trabalho realizado. o barômetro indica 754 mmHg; em outro local onde o valor real é de
b. O calor cedido ao ar. 744 mmHg, ele indica 742 mmHg. Considere que o ar e o mercúrio estão
c. A variação de energia interna do ar. sempre em equilíbrio térmico e que as medições foram feitas à mesma
temperatura (aproximadamente a 20°C). Qual é, em mm, o valor do
Dados: comprimento L do tubo? (Despreze a pressão de vapor do mercúrio na
• R = 0,082 atm · L/gmol; K; parte superior do tubo.)
• Cp = 0,24 kcal/kg · °C;
• MM do ar = 29;
• 1 cal = 4,0 J;
• 1 kgf = 10 N. Ar

L
20 Um reservatório indeformável contém um gás perfeito na temperatura
de 27°C e à pressão de 12 atmosferas. A pressão máxima admissível no
reservatório é de 15 atmosferas.
Hg
Dados:
• Coeficiente de Poisson do gás: 1,4;
• Constante Universal dos gases perfeitos: R = 2,0 cal/mol·K;
• Massa molecular do gás: 37 g/mol.

A quantidade máxima de calor que pode então ser fornecida a cada grama 04 (ITA) Na figura, uma pipeta cilíndrica de 25 cm de altura, com ambas
de gás, em calorias, é aproximadamente: as extremidades abertas, tem 20 cm mergulhados em um recipiente com
mercúrio. Com sua extremidade superior tapada, em seguida a pipeta é
(A) 10. retirada lentamente do recipiente.
(B) 8.
(C) 6.
Ar
(D) 4.
(E) 2.

25 cm
20 cm

01 Um recipiente contém água (densidade de 103 Kg/m3) a 27°C com


superfície submetida a uma pressão de 1 atm. Na superfície do líquido Hg
flutua um balão dilatável, de volume interno 1 L, cheio de um gás suposto
perfeito. Qual a profundidade a que deve ser levado o balão para que seu
Considerando uma pressão atmosférica de 75 cm Hg, calcule a altura da
volume interno passe a 0,8 L, considerando que não há diferença de
coluna de mercúrio remanescente no interior da pipeta.
temperatura entre a superfície do líquido e o ponto considerado?
Dados: 1 atm = 105 Pa; g = 10 m/s2.

246 IME-ITA – Vol. 2


Termodinâmica FÍSICA II
Assunto 3

05 O tubo, em forma de U, mostrado na figura, possui uma de suas 07 Dentro de um cilindro fechado, retira-se todo o ar, isto é: um ambiente
colunas aberta para a atmosfera e a outra contém um gás. Entre o gás com vácuo é gerado. Nesta situação, o êmbolo que está dentro do cilindro
e a atmosfera, existe mercúrio líquido. Inicialmente, o gás ocupa um encontra-se em equilíbrio junto ao fundo. Abaixo do êmbolo, injeta-se certa
comprimento de 18 cm e a coluna de mercúrio encontra-se 76 cm acima quantidade de gás, de modo que o equilíbrio do pistão passa a ocorrer
do gás. Qual será a altura que deverá ser preenchida com mercúrio a fim a uma altura de h = 5 cm de base. Qual altura atingirá o êmbolo se a
de que o volume do gás se reduza a 2/3 do inicial. A pressão atmosférica temperatura do gás for quadriplicada?
vale 76 cmHg.

Hg g k

76 cm Ar
h
18 cm

08 Um mol de gás perfeito está contido em um cilindro de secção S


fechado por um pistão móvel, ligado a uma mola de constante elástica k.
Inicialmente, o gás está na pressão atmosférica P0 e temperatura T0, e o
06 (EN) Analise as figuras a seguir. comprimento do trecho do cilindro ocupado pelo gás é L0, com a mola
não estando deformada. O sistema gás-mola é aquecido e o pistão se
desloca de uma distância x. Denotando a constante de gás por R, a nova
temperatura do gás é:

∆H = 2,0 cm

L0 x
H=10 cm
T 2T
09 Uma haste de 1 m de comprimento e coeficiente de dilatação térmica
linear = 19 · 10-6 (°C) é aquecida de 10°C até 110°C. De acordo com a
Instante t Instante t’ > t figura, a haste possui uma extremidade fixa e outra ligada a um êmbolo,
cuja área da seção reta é A = 0,04 m2. Sabendo que o cilindro possui
uma válvula que mantém a pressão constante com o valor p = 105 N/m2,
determine o trabalho realizado pela haste.

As figuras acima mostram dois instantes diferentes, t e t’, de um mesmo


sistema, imerso no ar ao nível do mar. O sistema é constituído por um
cilindro, cuja área da base é de 3,0 cm², contendo um gás ideal comprimido
por um pistão móvel de massa desprezível. No instante t, a base do cilindro
está em contato com uma chama que mantém o gás a uma temperatura
T. No instante t’, a base do cilindro está em contato com uma chama
mais intensa que mantém o gás a uma temperatura 2T, e sobre o pistão
encontra-se uma massa M que promove um deslocamento do pistão de
2,0 cm para baixo. Qual o valor da massa M, em kg?

Dados: g = 10m/s²; P0 = 105 Pa

(A) 0,2. 10 A figura a seguir representa um cilindro com êmbolo móvel de massa
(B) 1,2. m = 200 kg e área S = 100 cm², que contém inicialmente 2,4 litros de um
(C) 2,2. gás ideal à temperatura de 27°C. Aquece-se o sistema até a temperatura
(D) 3,2. estabilizar em 127°C. A pressão atmosférica é igual a 105 N/m².
(E) 4,2.

IME-ITA – Vol. 2 247


FÍSICA II
Assunto 3

comprimindo adiabaticamente o gás A. Ao fim do processo, estando o


gás B na temperatura de 522 K e volume 20% maior que o volume inicial,
a temperatura, em °C, do gás A será de:

(A) 249.
(B) 147.
(C) 87.
(D) 75.
(E) 27.

13 (EN) Considere um gás monoatômico ideal no interior de um cilindro


dotado de um êmbolo, de massa desprezível, que pode deslizar livremente.
Quando submetido a uma certa expansão isobárica, o volume do gás
aumenta de 2,0 · 10-3 m3 para 8,00 · 10-3 m3. Sabendo-se que, durante
o processo de expansão, a energia interna do gás sofre uma variação de
a. Qual o volume final do gás? 0,360 kJ, pode-se afirmar que o valor da pressão, em kPa, é de:
b. Qual o trabalho mecânico realizado?
(A) 4,00.
11 (EN) Um recipiente cilíndrico de seção reta transversal A = 20,0 cm² (B) 10,0.
é vedado por um êmbolo de peso 52,0 N que pode deslizar livremente (C) 12,0.
sem atrito. O cilindro contém uma amostra de 3,00 litros de gás ideal na (D) 40,0.
temperatura inicial de 300 K. Separadamente com o cilindro nas posições (E) 120.
vertical e horizontal, o gás é aquecido isobaricamente da temperatura
inicial até a temperatura de 400 K, como mostram as figuras 1 e 2, 14 No cilindro apresentado, há um mol de nitrogênio à temperatura de
respectivamente. A diferença entre os trabalhos realizados pelo gás nas 100°C. Preso ao êmbolo de massa desprezível, existe um peso de massa
posições vertical e horizontal, WV – WH, em joules, é igual a: M=100 kg, equilibrado por meio de fios e roldanas ideais. Se o cilindro
for resfriado até 0°C, quanto se elevará o bloco? Considere a pressão
Dados: atmosférica igual a 105 Pa.
• Pressão atmosférica patm = 1,00 · 105 N/m2.
• g = 10,0 m/s².

(A) 8,00.
g
(B) 10,0. M
(C) 15,0.
(D) 18,0.
(E) 26,0.

12 (EN) Analise as figuras abaixo.


15
TB (K)
A

522

parede TB êmbolo


móvel

êmbolo
B chave 300
R V H gás
gás
1,2 V0
V0

V (m3)

figura I figura II
Em um cilindro vertical têm-se dois mols de um gás ideal. Este está
O recipiente da figura I possui as paredes externas e a parede móvel separado da atmosfera por meio de um êmbolo unido a um ponto fixo
interna compostas de isolante térmico. Inicialmente, os compartimentos por uma mola de rigidez k. A temperatura inicial T1, o êmbolo se encontra
de mesmo volume possuem, cada um, um mol de certo gás ideal a uma altura h do fundo do recipiente. A que temperatura o gás tem que
monoatômico na temperatura de 300 K. Então, por meio da fonte externa estar para que o êmbolo se eleve a altura H?
de calor, o gás do compartimento B (gás B) se expande lentamente

248 IME-ITA – Vol. 2


Termodinâmica FÍSICA II
Assunto 3

Dados: a. o trabalho realizado contra a atmosfera durante o processo.


• temperatura inicial: T1 = 25°C; b. o volume do cilindro.
• H = 35 cm;
• h = 25 cm; Dados:
• constante dos gases ideiais: R = 8,31 J/mol · K; • pressão atmosférica: 1 kgf/cm2;
• constante elástica da mola: k = 200 N/mm; • pressão inicial do cilindro: 125 kgf/cm2;
• considere o êmbolo como sendo ideal, isto é, massa nula. • p = 3,1.

(A) 838,38°C. 18 Um gás ideal realiza o processo representado no gráfico a seguir.


(B) 565,38 K.
(C) 1049,68°F. P (atm)
(D) 1084,05°C. isoterma
(E) 1357,05°F.
a b
16 Um recipiente cilíndrico contém 1,5 L (litro) de água à temperatura de 2
40°C. Uma tampa, colocada sobre a superfície da água, veda o líquido e
pode se deslocar verticalmente sem atrito. Um aquecedor elétrico E, de c
1.800 W, fornece calor à água. O sistema está isolado termicamente de
V (cm3)
forma que o calor fornecido à água não se transfere ao recipiente. Devido
ao peso da tampa e à pressão atmosférica externa, a pressão sobre a 0 20 30 60
superfície da água permanece com o valor Po = 1,00 · 105 Pa. Ligando-se
o aquecedor, a água esquenta até atingir, depois de um intervalo de tempo Dado que a energia interna no estado a é 20 J, indique se as seguintes
tA, a temperatura de ebulição (100°C). A seguir a água passa a evaporar, proposições são verdadeiras (V) ou falsas (F).
preenchendo a região entre a superfície da água e a tampa, até que, depois
de mais um intervalo de tempo tB, o aquecedor é desligado. Neste processo, I. Se o calor utilizado no processo ab é 12 J, então a energia interna de
0,27 mol de água passou ao estado de vapor. b é 30 J.
II. Se o calor utilizado no processo abc é 20 J, então no processo ab o
gás recebe 18,6 J de calor.
tampa
III. No processo abc, o calor utilizado é maior que o trabalho do gás no
mesmo processo.

(A) V – V – F.
(B) V – V – V.
Po (C) F – V – V.
g (D) V – F – V.
E
(E) F – F – F.
água
19 Dois mols de um gás monoatômico realizam os processos
representados pelo diagrama P × V a seguir.
Dados:
p
• 1Pa = 1 pascal = 1 N/m2;
2 3
• massa de 1 mol de água: 18 gramas; p2
• massa específica da água: 1,0 kg/L;
• calor específico da água: 4.000 J/(°C · kg).
p1 1
Na temperatura de 100°C e à pressão de 1,00 · 105 Pa, 1 mol de vapor
de água ocupa 30 L e o calor de vaporização da água vale 40.000 J/mol.
Determine:
0 V 2V
a. o intervalo de tempo tA, em segundos, necessário para levar a água
até a ebulição. Sabe-se que: T1 = 27°C; p2 = 2p1; V3 = 2V2. Determine a variação de
b. o intervalo de tempo tB, em segundos, necessário para evaporar energia interna de 1 para 3.
0,27 mol de água. Dado: R = 8,31 J/mol · K.
c. o trabalho W, em joules, realizado pelo vapor de água durante o
processo de ebulição. 20 (EN) Um reservatório fechado contém certa quantidade de um gás
ideal à pressão inicial P = 1,00 x 105 N/m². Em um primeiro processo,
17 Um balão esférico de raio 3 metros deve ser inflado com um gás esse gás é lentamente aquecido de T até uma temperatura T processo,
ideal proveniente de um cilindro. Admitindo que o processo ocorra um pequeno orifício é aberto na parede do reservatório e deixa-se escapar
isotermicamente, que o balão esteja inicialmente vazio e que a pressão ¼ do gás, mantendo-se, porém, a temperatura constante. (T2 = T1, ver
final do conjunto cilindro-balão seja a atmosférica, determine: gráfico). Sabendo do segundo processo, a pressão do gás no interior do
reservatório é de P N/m², o valor de T2, em:

IME-ITA – Vol. 2 249


FÍSICA II
Assunto 3

P (×105 N/m2) P

P1
P2 b

1,0
a c
P1
0,9

V1 V
27 T1 T (ºC)

(A) ( p1 − p2 ) V1.
(A) 103.
(B) 100.
p2
(C) 97,0. (B) p2 V1 ln .
(D) 90,0. p1
(E) 87,0.
 p 
(C) V1  p1 − p2 + p2 ln 2  .
21 Um mol de um gás ideal é submetido ao processo apresentado na  p1 
figura abaixo, passando o gás do estado A ao estado B. Calcule a variação
de energia interna (U = UB – UA) do gás e a razão r = Q/W, em que Q e 3 p 
(D) V1  ( p1 − p2 ) + p2 ln 2  .
W são respectivamente o calor absorvido e o trabalho realizado pelo gás.  2 p1 

volume p −p p 
(E) V1  1 2 + p2 ln 2  .
B 2 p1 
3V0 

24 Uma amostra de n moles de um gás ideal pode passar do estado a


para o estado b por meio de dois processos (1 e 2) reversíveis indicados
na figura.
A
V0 p

T0 3T0 temp. absoluta 3p


0
2 2

22 No ciclo termodinâmico se transfere 1 kJ de calor no processo A → B. a


p0 b
Se o trabalho no ciclo é 0,6 kJ, determine a pressão no estado C. 1
V

B
4 V
V0 5V0

C A quantidade de calor transferida para o gás no processo 1 é


2 Qa→b = 10p0V0. A variação de energia interna entre a e b e o calor transferido
A
no processo 2 são dados, respectivamente, por:
T (A) 5p0V0 e 11p0V0 .
(A) 50 kPa. (B) 5 p0V0 e 13 p0V0 .
(B) 100 kPa. (C) 6p0V0 e 11p0V0 .
(C) 200 kPa.
(D) 300 kPa. (D) 5 p V
0 0
( p0V0 ) .
e 25 / 2
(E) 400 kPa. (E) 6p0V0 e 25/2 ( p0V0 ) .

23 O ciclo de uma máquina térmica é mostrado a seguir. A substância de


trabalho da máquina é 1 mol de um gás ideal monoatômico. A evolução
bc é isotérmica, ca é isobárica e ab é isométrica. O trabalho executado
pelo sistema em um ciclo é expresso por:

250 IME-ITA – Vol. 2


Termodinâmica FÍSICA II
Assunto 3

25 Um sistema adiabático é constituído por um reservatório esférico de p (atm)


parede fina contendo um gás ideal. Inicialmente o volume do reservatório
é igual a 10 m³ e o sistema está a 400 K e, a 100 kPa. Admita que as 4
partes constituintes do sistema estejam sempre em equilíbrio térmico e
que a massa do reservatório seja o dobro da massa do gás. Determine a
pressão no interior do sistema após este receber uma quantidade de calor
igual a 375 kJ.

Dados:
• calor específico do reservatório: 1 J/ kg K; 1
• calor específico a volume constante do gás: 1 J/ kg K;
• constante universal dos gases: 8,31 kJ/kmol K; 1 4 V (L)
• massa molecular do gás: 83,1 kg/kmol;
• coeficiente de dilatação linear do material do reservatório: 10–3 K–1;
• pressão externa ao sistema: 100 kPa. 02 O recipiente cilíndrico mostrado abaixo possui dois pistões internos. O
pistão da esquerda está encostado em uma mola fixa à parede esquerda
26 Um mol de um gás ideal realiza dois processos, indo do estado 1 do recipiente. Essa parede possui um orifício que a expõe à atmosfera.
para 2, posteriormente de 2 para 3, conforme apresenta o diagrama P×V. O volume de ar entre os pistões é de 2.000 cm³ e sua pressão inicial é
Sabendo que o trabalho realizado entre 1 e 3 vale W e que P2 = aP3, igual à atmosférica (105 N/m²). Nessas condições, o pistão da direita é
determine a temperatura do estado 1. lentamente pressionado para esquerda mantendo constante a temperatura
interna, até sua superfície de dentro chegar à posição que anteriormente
W era ocupada pelo pistão da esquerda. Qual será o volume de ar confinado
(A) . ao final do experimento?
aR
W Dados:
(B) .
a −1 • área da seção: 100 cm²;
Ra • constante elástica da mola: 1.000 N/m;
(C) .
W • 5 ≅ 2, 24 .
W
(D) .
R ( a − 1)
(E) ( R − 1) aW .

27 Um recipiente fechado contém n mols de um gás ideal. O gás se


expande em um processo no qual a temperatura varia com o volume da
seguinte forma: T = kV2, em que k representa uma constante. Se o gás 03 Um cilindro está dividido em duas partes iguais por um êmbolo termo-
passa de um volume V1 para V2, com V2 > V1, calcule o trabalho associado isolante ligado a cada fundo do cilindro por meio de duas molas idênticas.
ao processo e se o calor é absorvido ou cedido pelo gás. No início, o nitrogênio, que está na parte esquerda do cilindro, e o hélio, que
está na parte direita, estão à mesma temperatura T. Quando o nitrogênio é
aquecido até uma temperatura T1, ocupa 3/4 do cilindro. Determine para
(
(A) kRn V22 − V12 , cedido.) qual temperatura T2 o nitrogênio ocupará 7/8 do cilindro sabendo que a
temperatura do hélio é constante T.
(B) kRn ( V 2
2
+ V12 ), absorvido.
kRn 2
(C)
2
( )
V2 − V12 , absorvido.

( )
(D) kRn V22 − V12 , absorvido.
kRn 2
(E)
2
(
V2 − V12 , cedido.)

(A) (7T1+ 3T)/8.


(B) (T1+ T)/4.
(C) (3T1+ 4T)/7.
01 Um gás ideal monoatômico realiza uma transformação descrita pelo (D) (3T1+ 5T)/8.
diagrama a seguir. Qual o volume do gás, em litros, quando a temperatura (E) 7(T1+ T)/4.
for máxima?

IME-ITA – Vol. 2 251


FÍSICA II
Assunto 3

04 A figura mostra um recipiente, com êmbolo, contendo um volume


inicial Vi de gás ideal, inicialmente sob uma pressão Pi igual à pressão
atmosférica, P(at). Uma mola não deformada é fixada no êmbolo e em um mola
anteparo fixo. Em seguida, de algum modo é fornecida ao gás uma certa
quantidade de calor Q. Sabendo que a energia interna do gás é U = (3/2)PV,
a constante da mola é k e a área da seção transversal do recipiente é A, êmbolo
determine a variação do comprimento da mola em função dos parâmetros gás
intervenientes. Despreze os atritos e considere o êmbolo sem massa, bem
como sendo adiabáticas as paredes que confinam o gás.

07 Um cilindro de base cuja área vale 1 dm² permanece deitado sobre


sua superfície lateral e é dividido em duas partes, cujos volumes são de
0,8 L e 4,2 L, devido à ação de um pistão que atua sem atrito. A pressão
em cada uma das partes é de 0,02 N/cm². As massas do cilindro e do
pistão são, respectivamente, iguais a 0,8 kg e 0,2 kg. O cilindro é, então,
Pat
empurrado para esquerda sob ação de uma força constante e igual a 2,5 N.
Nessas circunstâncias, qual será o deslocamento do êmbolo em relação
ao cilindro até a nova posição de equilíbrio? Assuma que a temperatura
permanece constante.
Pi Vi
8 cm 42 cm

1 dm2

05 (ITA) Uma parte de um cilindro está preenchida com um mol de um


gás ideal monoatômico a uma pressão P0 e temperatura T0. Um êmbolo 08
de massa desprezível separa o gás da outra seção do cilindro, na qual
há vácuo e uma mola em seu comprimento natural presa ao êmbolo
e à parede oposta do cilindro, como mostra a figura (a). O sistema
está termicamente isolado e o êmbolo, inicialmente fixo, é então solto,
gás ideal
deslocando-se vagarosamente até passar pela posição de equilíbrio, em
que a sua aceleração é nula e o volume ocupado pelo gás é o dobro do
original, conforme mostra a figura (b). Desprezando os atritos, determine a
temperatura do gás na posição de equilíbrio em função da sua temperatura
inicial.
D

(a) Um experimento é montado para medir a temperatura de um gás em


determinadas situações. Para isso, o gás é confinado em um cilindro,
conforme apresenta a figura. A separação do gás com a atmosfera é
dada através de uma lente plano-convexa. Para realizar as medidas do
experimento, um anteparo é colocado a uma distância fixa D do fundo do
recipiente. Assim que o sistema é montado, observa-se uma imagem real
(b) nítida sobre o anteparo. A partir disso, o gás recebe calor e passa a se
expandir, de modo que uma segunda imagem real e nítida se forma sobre
o anteparo. O dado tomado no experimento é a área da imagem formada
sobre o anteparo.
06 A figura a seguir ilustra um dispositivo contendo 3,42 kg de gás
argônio (considerado um gás monoatômico ideal) e um êmbolo de massa Dados:
desprezível ligado a uma mola inicialmente indeformada de constante • raio da face convexa da lente: R = 10 cm;
elástica 10 kN/m. Sabendo que o gás sofre uma dilatação adiabática e que • índice de refração da lente: n(L) = 1,5;
sua temperatura diminui de 300°C, determine o deslocamento do êmbolo. • índice de refração do ar e do gás: n(gás) = n(ar) = 1;
• área da primeira imagem formada sobre o anteparo: A1 = 160 cm²;
Dados: • área da segunda imagem formada sobre o anteparo: A2 = 10 cm²;
• constante universal dos gases (R) = 8,32 J/mol · K; • temperatura inicial do gás: 300 K;
• molécula – grama do argônio = 40 g. • pressão atmosférica local: 105 Pa.

252 IME-ITA – Vol. 2


Termodinâmica FÍSICA II
Assunto 3

Considerando a lente delgada, calcule: Dados:


• altura do cilindro: H = 10 m;
a. a área transversal do êmbolo (considere que essa pode ser aproximada • área de seção reta do cilindro: A = 0,1 m2;
para uma circunferência). • volume inicial do ar: V0 = 0,3 m3;
b. o deslocamento do êmbolo entre a primeira e a segunda medida. • temperatura inicial do ar: T0 = 27°C;
c. a temperatura final do gás. • pressão atmosférica local: P0 = 1.105 Pa;
d. o trabalho realizado pelo gás. • densidade da água a Ta: d = 1 g/cm3;
• aceleração da gravidade: g = 10 m/s2;
09 A figura abaixo representa um sistema, inicialmente em equilíbrio • constante universal dos gases perfeitos: R = 8,31 J/mol · K;
térmico e mecânico, constituído por um cilindro horizontal com uma de • calor específico do ar a volume constante: cV = 0,287 kJ/kg · K;
suas extremidades fechada e a outra aberta para a atmosfera. Um êmbolo • massa molar do ar: M = 28,8 g/mol.
confina um gás ideal dentro do cilindro. A partir de t = 0 é fornecido calor
ao gás ideal, fazendo com que a pressão nesse gás aumente linearmente Considerações:
no tempo, movimentando o êmbolo. Ao final de 10 s, o volume ocupado • o ar é modelado como um gás ideal;
pelo gás é o dobro do seu volume inicial, e sua pressão é o dobro da • os calores específicos do ar permanecem constantes;
pressão atmosférica. Determine a quantidade de calor fornecida ao gás • a água não é aquecida nem troca de calor com o gás, mantendo-se a 20°C;
até o instante de 10 s. • um gás ideal realiza a transformação representada pela curva abaixo.

11 A figura mostra duas esferas de raios r e 2r incialmente eletrizadas com


cargas +2Q e +Q, respectivamente. Elas estão conectadas através de um fio
êmbolo
condutor que contém uma resistência R e uma chave ch inicialmente aberta.
gás ideal
O recipiente cilíndrico contém n mols de um gás ideal monoatômico a uma
pressão P separado da atmosfera por meio de um êmbolo que se encontra
perfeitamente adaptado ao cilindro e livre para subir ou descer sem atrito.

cilindro
+Q
Consideração: +2Q
2r r
• Não existe atrito entre o cilindro e o êmbolo.
ch
R
Dados:
• a pressão atmosférica é 100 kPa;
• a área da seção transversal do cilindro é 0,04 m²;
Sabendo que a área da seção transversal do cilindro vale A e a constante
• o volume inicial do gás ideal é 0,008 m³;;
eletrostática do meio vale K, determine o deslocamento vertical sofrido
• a massa do êmbolo é 0,5 kg;
pelo êmbolo quando a chave ch é fechada.
• o calor específico a pressão constante do gás ideal é 1 kJ / kg · K;
• o calor específico a volume constante do gás ideal é 0,6 kJ / kg · K;
• a temperatura inicial do gás ideal é 200 K. cP
12 No método de Rüchhardt para medir γ= do ar, usa-se um grande
10 Um cilindro aberto contém um pistão de massa desprezível, que é livre
cV
para se movimentar e que se encontra, inicialmente, submerso em água frasco com um gargalo cilíndrico estreito de raio a, aberto para a atmosfera
à temperatura Ta. Uma certa quantidade de ar encontra-se sob o pistão. (p0= pressão atmosférica), no qual se ajusta uma bolinha metálica de raio a
Considere as seguintes situações: e massa m. Na posição de equilíbrio O da bolinha, o volume de ar abaixo dela
no frasco é V (fig.). Ao deslocar a bolinha, ela passa a oscilar em torno de seu
Po ponto de equilíbrio. Calcule o período associado a esse movimento.
2a
H2O
O
m
p0

ar

a. O ar é aquecido de forma que o pistão se eleva, derramando a água


para fora do cilindro. Determine a quantidade total de calor transferido
para o ar quando toda a água tiver sido derramada.
b. O cilindro é isolado termicamente (paredes adiabáticas) e um resistor V
é colocado dentro do volume de ar, dissipando uma potência elétrica
de 10 W durante certo tempo, causando o deslocamento do pistão
até toda a água ser derramada. Determine o tempo necessário para
que isso ocorra.

IME-ITA – Vol. 2 253


FÍSICA II
Assunto 3

13 Um recipiente fechado contém certa quantidade de gás diatômico 15 Um cilindro fechado em um dos lados é girado em um plano horizontal
confinado, à pressão p1 e temperatura T1. O gás recebe calor até atingir a com velocidade angular constante w em torno de um eixo vertical que passa
temperatura T2 e, nesse processo, 20% das moléculas são quebradas em pela sua extremidade aberta. A pressão do ar externo é P0, a temperatura
átomos. Determine: T e a massa molecular do ar vale M. Encontre a pressão do ar em função
da sua distância r ao eixo de rotação, assumindo que a massa molecular
a. a pressão final do gás. independe de r.
b. a razão entre as energias internas final e inicial do gás.

14 Uma massa de gás ideal é submetida ao processo cíclico representado


na figura, em que as transformações 2 → 3 e 4 → 1 são isotérmicas.
Sabendo os valores V1 e V2 = V4 = V, mostre que p1 = p3 e determine o
volume V4.

1 3

0 V2 = V 4 V

254 IME-ITA – Vol. 2


ASSUNTO
FÍSICA II
Máquinas térmicas 4
1. Segunda lei da termodinâmica me
nto
haste
pistão cilindro

i
roda
(primeira forma)

mov
A segunda lei da termodinâmica pode ser enunciada de várias formas; caldeira
uma que nos é conveniente nesta primeira abordagem é: correia água
“O calor só pode passar espontaneamente de um corpo para outro vapor
de temperatura mais baixa que o primeiro. É impossível de se converter calor
eletricidade
totalmente calor em outra forma de energia.”
combustível
Por exemplo, para operarmos uma máquina térmica (que são gerador
máquinas que se utilizam da transferência de calor para produzir trabalho), Exemplo real de uma máquina térmica
precisamos de duas fontes: uma quente e uma fria. Parte do calor que Disponível em:<gemb-arhte.blogspot.com.br>.
sai da fonte quente vai para a fonte fria, e outra parte é convertida em
trabalho útil. 2.1 Refrigeradores
Um refrigerador é uma máquina que, operando entre duas fontes, uma
2. Máquinas térmicas quente e uma fria, retira calor da fonte fria e o entrega à fonte quente. É
claro que esse processo não é espontâneo; logo, para efetuá-lo, a máquina
Estudemos as máquinas térmicas tendo em mente as leis da térmica precisa receber trabalho. Observe o esquema geral:
Termodinâmica. Para isso, façamos um esquema geral:
trabalho
Qq Qf 
fonte máquina fonte
quente térmica fria fonte Qf máquina Qq fonte
fria térmica quente
τ
O refrigerador opera recebendo um trabalho τ de uma fonte externa, de
Trabalho modo que isso a possibilite retirar calor Qf de uma fonte fria e entregá-lo à
fonte quente, por meio de um processo não espontâneo. Pela conservação
Perceba que, para que a máquina térmica execute um trabalho τ, é de energia, o calor total Qq que chega à fonte quente é dado por:
necessário ligá-la a duas fontes de calor: uma fonte quente e uma fonte
fria. Espontaneamente, o calor tende a se transferir da fonte quente para Qq = τ + Qf
a fonte fria, pelo segundo princípio da termodinâmica. A máquina térmica
No caso de refrigeradores, não definimos para eles um rendimento,
“rouba” parte desse calor e o converte em trabalho, de modo que parte
e sim algo semelhante chamado “eficiência” (e). A eficiência de um
do calor Qq fornecido pela fonte quente chega à fonte fria como Qf, e
refrigerador é entendida como a fração de calor Qf retirada da fonte fria
a outra parte se transforma em trabalho útil τ. É claro que, pela lei da
por trabalho cedido ao refrigerador:
conservação da energia:
Qf Qf 1
e  
  Qq  Qf  Qq  Qf Qq
1
Qf

Também podemos pensar no rendimento η dessa máquina térmica. Observe que, diferentemente do rendimento, a eficiência não tem a
Por definição, seu rendimento calcula qual a fração de calor provindo da restrição de estar compreendida entre 0 e 1. Por essa razão, não pode ser
fonte quente Qq que efetivamente se torna trabalho útil τ, ou: expresso em porcentagem. Quanto maior o calor retirado da fonte fria e quanto
menor o trabalho necessário para isso, maior será a eficiência do refrigerador.
 Qq  Qf Q
   1 f evaporador
Qq Qq Qq válvula de
expansão válvula de
evaporador condensador
expansão
Lembre-se de que rendimento é uma grandeza adimensional, a qual FRIO QUENTE
baixa alta
deve ser expressa como um número entre 0 e 1, ou em porcentagem. pressão pressão condensador

As principais máquinas térmicas reais usam como substância de


trabalho vapor-d’água e, como fonte de calor, o calor provindo de uma interior do
refrigerador
combustão de madeira, carvão ou de reações nucleares.
compressor
(a)
compressor
(b)

Exemplo real de um refrigerador


Disponível em:<www.fisica.ufmg.br>.

IME-ITA – Vol. 2 255


FÍSICA II
Assunto 4

2.2 Ciclo de Carnot Porém, para o caso específico de um ciclo de Carnot, é possível
demonstrarmos que o rendimento também pode ser escrito como:
Antigamente, acreditava-se na possibilidade de se criar máquinas
térmicas com rendimento de 100%, isto é, uma máquina que poderia Tq  Tf Tf
 1
converter integralmente em trabalho o calor retirado de uma fonte quente. Tq Tq
O jovem engenheiro francês Nicolas Carnot demonstrou a impossibilidade
dessa ambição ao demonstrar dois fatos:
Em que Tq é a temperatura absoluta da fonte quente (no diagrama
I. Fixadas duas fontes (uma quente e uma fria), existe um ciclo que, anterior, T1) e Tf é a temperatura absoluta da fonte fria (no diagrama anterior,
operado entre tais fontes, proporciona a máxima extração de trabalho T2). A demonstração dessa expressão encontra-se no próximo item.
possível do fluxo de calor. Há, ainda, o Teorema de Carnot, que enuncia:
II. É impossível que o ciclo supracitado tenha rendimento de 100%.
“O rendimento de uma máquina térmica que funcione segundo um
ciclo de Carnot é máximo.”
Uma máquina térmica de rendimento máximo usa como substância
de trabalho um fluido que, trabalhando entre duas fontes de calor – uma Observe que ele afirma que, fixadas duas fontes de calor (uma quente
quente e uma fria – opera em ciclos. Cada ciclo é composto por duas e uma fria), a máquina térmica que pode extrair o máximo de trabalho do
transformações isotérmicas e duas transformações adiabáticas, unidas processo é aquela que opera em um ciclo de Carnot.
entre si. Observe o diagrama de Clapeyron, que mostra um desses ciclos Observe ainda que esse rendimento não pode ser de 100%, pois
– denominado ciclo de Carnot: η = 1 conduz a um Tf = 0 no ciclo de Carnot – o que é impossível pela
Segunda lei da termodinâmica, que afirma que, para haver produção de
adiabáticas trabalho e transferência de calor, a fonte fria deve continuamente receber
calor.
p No caso de refrigeradores, também temos uma nova expressão para
A sua eficiência máxima:
1 1
e 
Qq Tq
T1 1  1
Qf Tf
B

isotermas
T2
C
D
01 Uma máquina térmica trabalha entre as temperaturas de 300 K e 600 K.
Em cada ciclo, a máquina retira 221 J de calor da fonte quente e rejeita
V 170 J de calor para a fonte fria. O rendimento da máquina e o rendimento
máximo, em porcentagem, que ela poderia ter com as temperaturas entre
Repare que as isotermas são hipérboles, pois há uma relação de as quais opera são, respectivamente:
proporcionalidade inversa entre pressão e volume; contudo, as adiabáticas
são mais inclinadas, pois, pela equação de Poisson (lembre-se: em uma (A) 44 e 56.
transformação adiabática, p · V γ = constante), a variável de estado (B) 23 e 50.
“volume” está elevada a γ, fator maior do que 1; e na equação de Boyle (C) 50 e 77.
(p · V = constante) está elevada a 1. (D) 23 e 77.

No gráfico, temos: Solução: Letra B.


• A → B: expansão isotérmica a temperatura Tq (recebe calor da fonte Qf  170
quente); Rendimento real: e  1   1  0, 23  23% .
Qq 221
• B → C: expansão adiabática, de Tq a Tf;
• C → D: compressão isotérmica a temperatura Tf, com Tf < Tq (cede Tf 300
Rendimento máximo: e  1   1  0, 5  50% .
calor à fonte fria); Tq 600
• D → A: compressão adiabática, de Tf a Tq.
Atenção aos sinais
Assim como uma máquina térmica qualquer, durante a evolução cíclica, Caso você queira usar os valores em módulo, é necessário fazer um ajuste
o sistema recebeu um calor Qq de uma fonte quente, forneceu um calor nas seguintes fórmulas.
Qf à fonte fria e realizou um trabalho τ, que é numericamente igual à área Relação entre calor e temperatura de Carnot:
do ciclo, com τ = Qq – Qf. Qq T Qq Tq
  q passa a ser =
Já sabemos que, em um ciclo de uma máquina térmica qualquer, o Qf Tf Qf Tf
rendimento é dado por:
Trabalho total de um ciclo: τ = Qq + Qf passa a ser τ = Qq – Qf
Q Q
 Qq  Qf Q Rendimento de máquina térmica: e  1  f passa a ser e  1  f
   1 f Qq Qq
Qq Qq Qq
1 1
Rendimento de refrigerador: e  passa a ser e 
Qq Qq
1 1
Qf Qf
256 IME-ITA – Vol. 2
Máquinas térmicas FÍSICA II
Assunto 4

02 Uma geladeira industrial consome 20 MJ em um dia para manter em 2.3 Demonstração da fórmula de
–23°C a temperatura interior e o ambiente externo é muito quente (em
média 77°C). Sabe-se que, em média, a quantidade de calor lançada para rendimento carnotiano
esse ambiente externo é de, aproximadamente, 50% maior que a energia • Entre A e B, no gráfico P × V anterior, é válida a expressão de
necessária para a geladeira operar. transformação isotérmica:

Determine: VB
Qq  τ ab  nRTq In
VA
a. O calor recebido pela fonte quente.
b. A eficiência desse refrigerador. • Entre C e D, no gráfico P × V anterior, é válida a expressão de
c. A eficiência máxima desse refrigerador para as condições do problema. transformação isotérmica:

VD
Solução: Qf =τ cd =nRTf In
a. τ = –20 MJ VC
QQ= 1,5 · 20 = –30 MJ
Dividindo as equações acima, temos:
Logo
τ = QQ + Qf → –20 = –30 + Qf ⇒ Qf = 10 MJ.
VB
1 1 In
b. e     0, 5 (Não pode colocar em %). Qq Tq VA
Qq  30 = . (equação 1)
1 1 Qf Tf In VD
Qf 10 VC
1
c. e    2, 5.
350
 1 • Entre B e C, no gráfico P × V anterior, é válida a expressão de
250
transformação adiabática:
03 Imagine uma máquina de Carnot que opera entre as temperaturas nRTq nRT
TA = 800 K e TB = 300 K. A máquina realiza 2.200 J de trabalho em cada PBVBγ =PCVCγ → VBγ = f VCγ → TqVBγ −1 =Tf VCγ −1
VB VC
ciclo, o qual leva 0,25 s.

a. Qual a eficiência dessa máquina? • Entre D e A, no gráfico P × V anterior, é válida a expressão de


b. Qual é a potência média dessa máquina? transformação adiabática:
c. Quanta energia QA é extraída sob a forma de calor do reservatório de
alta temperatura em cada ciclo? nRTq nRT
PAVAγ =PDVDγ → VAγ = f VDγ → TqVAγ −1 =Tf VDγ −1
VA VD
Solução:
Tf 300 Dividindo as equações anteriores, temos:
a.   1   1  0, 625  62, 5%.
Tq 800 VA VD
= (equação 2)
 2.200 VB VC
b. P    8.800 W.
∆t 0, 25
Combinando as equações (1) e (2):
Qq 800Tq 3
c.    Qf   Qq
Qf Tf 300 8 Qq TQ
= −
3 Qf TF
  Qq  Qf  2.200  Qq  Qq  Qq  3.520 J.
8

04 Um inventor alega ter construído uma máquina que possui uma 3. Processos reversíveis
eficiência de 75% quando operada entre as temperaturas dos pontos de e irreversíveis
ebulição e congelamento da água. Isso é possível?
Denomina-se processo reversível aquele em que o sistema passa
por estágios (‘caminho’) de equilíbrio intermediário. O processo pode ser
Solução:
revertido, passando pelos mesmos estágios de equilíbrio, retornando às
Atenção: Não esqueça que a unidade de temperatura deve sempre ser Kelvin.
condições iniciais sem a interferência externa.
T 273
O rendimento máximo é dado por   1  f  1   26, 8%. Do ponto de vista dos gases ideais, em outras palavras, podemos
Tq 373
dizer que os processos reversíveis são aqueles em que é possível traçar
Logo, não é possível. o gráfico (P × V ou P × T ou V × T).
Na verdade, na natureza, todos os processos são irreversíveis. Os
processos reversíveis são uma simplificação teórica (modelos teóricos).
Exemplo de um processo reversível (aproximadamente):
Compressão lenta (processo quasi-estático) de um gás de modo que,
em cada instante, o sistema permaneça em equilíbrio termodinâmico.

IME-ITA – Vol. 2 257


FÍSICA II
Assunto 4

A compressão muito lenta (isotérmica) de um gás, através de um êmbolo


de seringa, é praticamente um processo reversível, pois ao largar-se o
5. Entropia em processos reversíveis
êmbolo após a compressão, volta à posição inicial. A energia fornecida ao Podemos aproximar um ciclo reversível para infinitos ciclos de Carnot
gás sob a forma de trabalho, quando este é comprimido, é então libertada ao dividirmos esse ciclo em diversas famílias de isotermas e adiabáticas:
para os arredores quando o gás se expande.
Exemplo de um processo irreversível: P
Expansão livre de um gás. A expansão livre é um processo em
que um sistema físico – geralmente um gás ideal – tem seu volume
instantaneamente aumentado, ou tem seu volume aumentado de forma
que este aumento no volume não se dê em virtude da pressão que ele
exerce sobre as fronteiras móveis do sistema, pressão que, durante a
expansão, reduz-se a zero. Não há, pois, dispêndio de energia (nem calor
nem trabalho) por parte do sistema para se realizar tal expansão.

3.1 Entropia
Em 1865, Rudolf Clausius utilizou o conceito para explicar como as
leis da natureza podem atuar em um sistema isolado tornando-o sempre
mais desorganizado. V
Este conceito levou à definição da entropia, que seria a medida da
desordem de um sistema. O conceito poderia explicar mais uma diferença Dividindo em ciclos de Carnot infinitos e somando esses percursos,
entre os processos reversíveis e irreversíveis, além de indicar o sentido temos o ciclo original (para os que têm noção de cálculo integral,
natural (espontâneo) dos processos, como um simples objeto caindo, realizamos uma soma de Riemann).
uma pedra de gelo derretendo, a expansão de um gás, envelhecimento
Tendo em vista que, em um ciclo de Carnot:
dos seres vivos, etc.
Q1 Q2
=
4. Introdução à entropia T1 T2
A primeira lei da termodinâmica diz respeito à conservação da energia
em um processo. Porém, ela não diz nada a respeito da possibilidade de Ao incluirmos um sinal negativo do calor cedido, temos:
esse processo ocorrer naturalmente (espontaneamente).
Por exemplo, embora a energia se conserve em um modelo imaginário Q1 Q2
+ = 0
em que uma poça-d’água se congele formando um cubo de gelo à T1 T2
temperatura ambiente, isso não ocorre espontaneamente. O ambiente não
retirará energia da poça para que a água se congele nesse modelo. Da
mesma forma, sabemos que é impossível um processo espontâneo em No ciclo acima, temos, então:
que parte da energia cinética das moléculas do chão sejam transferidas
para uma pedra sobre ele, de modo que a pedra atinja uma altura e que Q
∑ =
0
a nova energia potencial gravitacional da pedra, em sua altura limite, seja T
igual à energia cinética por ela recebida – embora tal processo seja, pelos
olhos da primeira lei, possível. Como são infinitos ciclos diferenciais e estamos somando uma área
A segunda lei da termodinâmica é uma resposta para a previsão de fechada:
espontaneidade de um processo. Associada a essa lei, define-se uma dQ
grandeza termodinâmica útil chamada entropia. Na verdade, a todas as leis
da termodinâmica associam-se “grandezas úteis”. À lei zero foi associada
∫ T
=0

a grandeza temperatura, e à primeira, a grandeza energia.


Antes de definirmos entropia e reenunciarmos a segunda lei do ponto Uma variável de estado é aquela que possui integral de linha nula em
de vista dessa nova variável, algumas definições mais primitivas fazem-se um percurso fechado simplesmente conexo. A variável de estado dQ/T foi
necessárias: chamada de entropia e é usualmente denotada pela letra S. Logo:

• Uma transformação é dita reversível quando ela pode se realizar no dQ


dS =
sentido inverso por meio de uma variação diferencial do ambiente T
(por exemplo, ao variar-se infinitesimalmente a altura do pistão de um
cilindro de gás, ocorre uma transformação adiabática reversível).
Entre dois estados quaisquer do ciclo, a variação da entropia é dada
• Se uma transformação não é reversível, ela é denominada irreversível.
por:

Na prática, todas as transformações e processos são irreversíveis, b b dQ


mas podemos aproximar alguns deles a modelos reversíveis. ∆=
S ∫ a
=
dS ∫ a T

258 IME-ITA – Vol. 2


Máquinas térmicas FÍSICA II
Assunto 4

Note ainda que, pelo fato de a variação de entropia entre dois estados
não depender do caminho do processo, podemos calcular a variação de
entropia em um processo irreversível como se esta fosse uma variação
01 Um bloco de gelo com massa de 240 g derrete reversivelmente. A reversível com os mesmos estados inicial e final.
temperatura permaneceu 0°C durante todo o processo. Para processos irreversíveis, a entropia sempre aumenta e sua
Dado: Lfusão = 327,6 J/g. propriedade central é conhecida como postulado da entropia que pode
ser enunciado como:
a. Qual a variação de entropia do gelo? “Se um processo irreversível ocorrer em um sistema fechado, a
Como a temperatura permanece constante nesse processo, a variável T entropia S dos sistemas sempre aumenta, ela nunca diminui”.
na fórmula da variação de entropia pode “sair” da integral, de modo
Como a entropia não depende do processo (‘caminho’), se
que, em geral, para processos isotérmicos:
B B conhecemos os estados inicial e final de um processo irreversível podemos
dQ 1 Q calcular a variação de entropia procurando um processo reversível que
∆=S ∫ = ∫ =
dQ
T T T passe pelos mesmos estados.
A A

No caso descrito:
Q mL 240 ⋅ 327,6
∆S = = = = 288 J/K
T T 273
b. Qual a variação de entropia do meio externo?
Como o processo é reversível, a variação de entropia do meio 01 Um gás ideal está contido no recipiente A. No recipiente B é mantido
corresponde ao negativo da variação de entropia do gelo, de modo vácuo. As paredes dos recipientes são isolantes. Calcule a variação de
que a soma das duas se anulem. Logo: ∆Smeio = –288 J / K. entropia do gás quando a válvula é aberta e o gás passa rapidamente a
ocupar os dois recipientes.
Nota: Quando ocorre uma transformação reversível em um sistema isolado,
a entropia não aumenta nem diminui. expansão livre
A B A B

6. Entropia em processos irreversíveis válvula válvula


VA VB VA VB
A probabilidade de se retirar um ás de ouro em um baralho normal é
igual à de se retirar um dois de paus (1/52).
Porém, se atribuirmos o valor de 10 pontos ao ás de ouro e 0 ponto
às demais cartas em um jogo, a probabilidade de se sacar uma carta Como se trata de uma expansão livre (sem resistência), apesar de haver
de 10 pontos (ás de ouro) é de apenas 1/52, enquanto que a de se variação de volume, o gás não realiza trabalho.
sacar uma carta de 0 ponto (todas as demais) é de 51/52. Em física
probabilística, chamamos de macroestado um conjunto de eventos de =τ ∫=
p . dV 0
iguais probabilidades chamados de microestados. No caso, o ás de ouro
possui um saque de 1 microestado em um macroestado de probabilidades O processo é adiabático, pois as paredes dos recipientes são isolantes.
equipartido em 52 pedaços. As cartas de 0 pontos constituem em 51 Q=0
microestados.
Pela primeira lei da termodinâmica:
Podemos interpretar a entropia como a medida do grau de desordem ΔU = Q – τ = 0 → Tfinal = Tinicial
de um sistema. Ela é proporcional à probabilidade de um evento (no de
microestados). É por isso que o calor passa do corpo mais quente para o Apesar de não conhecermos as etapas desse processo, sabemos muito
mais frio, pois o modelo de energia equipartida (ou seja, distribuída entre bem o seu estado final e inicial.
corpos e não concentrada em um único) possui um número maior de
Estado inicial: P
microestados. É o Princípio da Equipartição de Energia.
• Pressão: P1 P1 a
Há uma fórmula (que não demonstraremos devido ao nível pretendido
• Volume: VA
nesta apostila) que relaciona a entropia de um processo com o evento b
• Temperatura: T1 P2 T1
estudado. Ei-la:
S = k · ln w Estado final: VA VA + VB V
Em que: • Pressão: P2
• Volume: VA + VB
k: constante de Boltzmann Temperatura: T1
w: probabilidade de o evento ocorrer
O processo isotérmico a – b representado na figura anterior será o escolhido
Como o número de microestados nos leva a uma medida de desordem para calcular a variação de entropia:
do universo, conclui-se que todo sistema natural evolui para um estado V +V
nRT ln A B
de maior desordem. Por isso, a segunda lei da termodinâmica pode ser dQ 1 1 τ VA V +V
∆S= ∫ =
T∫
dQ= ∫ d τ= = = nR ln A B
reenunciada em uma outra forma também muito conhecida e útil, que T T T T VA
veremos no próximo item.

IME-ITA – Vol. 2 259


FÍSICA II
Assunto 4

Boltzmann definiu a entropia de forma geral e inequívoca em


termos mecânicos, a partir da teoria cinética dos gases. No túmulo de
Boltzmann, no Cemitério Central de Viena, encontra-se gravada a equação
correspondente às suas ideias: 01 O segundo princípio da Termodinâmica pode ser enunciado da seguinte
forma:
S = k log W = – k log p
“É impossível construir uma máquina térmica operando em ciclos,
Em que
cujo único efeito seja retirar calor de uma fonte e convertê-lo integralmente
S – entropia; em trabalho.”
W – uma medida do caos do sistema, que significa a quantidade de
microestados iguais dentro de um macroestado; Por extensão, esse princípio nos leva a concluir que:
p – probabilidade de ocorrer o microestado (p = 1/W);
(A) sempre se pode construir máquinas térmicas cujo rendimento seja
k – constante de Boltzmann.
100%.
(B) qualquer máquina térmica necessita apenas de uma fonte quente.
Ou seja, a fórmula de Boltzmann relaciona entropia e caos (desordem).
(C) calor e trabalho não são grandezas homogêneas.
Sua teoria foi definitivamente aceita pouco depois de sua morte, quando
(D) qualquer máquina térmica retira calor de uma fonte quente e rejeita
medidas de J. Perrin, em 1908, mostraram o movimento dos átomos e
parte desse calor para uma fonte fria.
moléculas.
(E) somente com uma fonte fria, mantida sempre a 0° C, seria possível a
uma certa máquina térmica converter integralmente calor em trabalho.

02 O gráfico representa um ciclo de Carnot, para o caso de um gás ideal.


01 Suponha que 1,0 mol de gás nitrogênio está confinado no lado p
esquerdo do recipiente da figura abaixo. Você abre a válvula e o volume
do gás dobra. Qual é a variação de entropia do gás para este processo A
irreversível? Trate o gás como sendo ideal e o recipiente como adiabático.
Dados: R = 8,3 J/mol · K
B

gás vazio C
o V

Assinale, dentre as seguintes, a proposição falsa:


Solução:
(A) De A até B, a transformação é isotérmica e o gás recebe calor do meio
estado inicial do gás estado final do gás
externo.
N=1 N=1 (B) De C até D, a transformação é isotérmica e o gás rejeita calor para o
Vo V = 2 Vo meio externo.
To T = To (C) De B até C, a transformação é adiabática e o gás realiza trabalho contra
Po P = Po /2 o meio externo.
(D) De D até A, a transformação é adiabática e o gás realiza trabalho contra
Por se tratar de um caso conhecido de expansão livre, podemos calcular o meio externo.
a variação de entropia desse processo claramente irreversível usando um (E) Durante o ciclo, o trabalho realizado pelo gás sobre o meio externo é
processo reversível isotérmico: maior que o trabalho realizado pelo meio externo sobre o gás.
V
n  R  Tln
Q  Vo V 03 Sobre as leis da termodinâmica, assinale (V) para as proposições
∆S     n  R  ln  1 8, 3  ln2  5, 8 J /K
T T T Vo verdadeiras e (F) para as falsas.

( ) A primeira lei expressa a conservação da energia.


7. Segunda lei da termodinâmica ( ) A primeira lei garante que não há fluxo de calor entre dois corpos à
mesma temperatura.
(segunda forma) ( ) A segunda lei implica que o calor não pode fluir espontaneamente de
um corpo frio para um corpo quente
“Todo sistema físico evolui espontaneamente para situações de ( ) A segunda lei implica que é impossível a conversão total de qualquer
máxima entropia.” quantidade de calor em energia mecânica, em qualquer máquina
Por exemplo, se atirarmos tijolos aleatoriamente no chão, a cíclica.
probabilidade maior é de formar-se uma pilha desorganizada, e não um ( ) A segunda lei implica que dois gases, uma vez misturados, têm grande
muro perfeito (embora possível, é improvável). probabilidade de voltar a separar-se espontaneamente.

260 IME-ITA – Vol. 2


Máquinas térmicas FÍSICA II
Assunto 4

04 (AFA) Considere um gás ideal que pode ser submetido a duas 07 O que podemos afirmar sobre a substância de trabalho no ciclo de
transformações cíclicas reversíveis e não simultâneas, 1 e 2, como Carnot?
mostrado no diagrama PV abaixo.
(A) Sua entropia é constante ao longo de cada etapa isotérmica.
P (B) Sua entropia é constante ao longo de cada etapa adiabática.
adiabática (C) Sua entropia é proporcional ao inverso da temperatura ao longo de
A cada etapa adiabática.
(D) Sua variação de entropia no ciclo é positiva.
(E) Sua variação de entropia nas etapas adiabáticas é positiva.
adiabática
D B
1
T1 = 500 K 08 (EN) Analise as afirmativas abaixo referentes à entropia.
C T2 = 400 K I. Em um dia úmido, o vapor de água se condensa sobre uma superfície
E
F T3 = 300 K fria. Na condensação, a entropia da água diminui.
2 II. Em um processo adiabático reversível, a entropia do sistema se
H G T = 1.000 K mantém constante.
4

III. A entropia de um sistema nunca pode diminuir.


V IV. A entropia do universo nunca pode diminuir.

Assinale a opção que contém apenas afirmativas corretas.


Na transformação 1, o gás recebe uma quantidade de calor Q1 de uma fonte
quente à temperatura T1 e cede a quantidade de calor Q2 para a fonte fria (A) I e II.
à temperatura T2. Enquanto que, na transformação 2, as quantidades de (B) II e III.
calor recebida, Q’1, e cedida, Q’2, são trocadas respectivamente com duas (C) III e IV.
fontes às temperaturas T3 e T4. Nessas condições, é correto afirmar que: (D) I, II e III.
(E) I, II e IV.
(A) a variação da entropia nas transformações BC, DA, FG e HE é não
nula. 09 Suponha que um litro de água esteja em ebulição em uma chaleira. Em
(B) nas transformações AB e EF, a variação da entropia é negativa, seguida todo o seu conteúdo é despejado em um lago com temperatura
enquanto que, nas transformações CD e GH, é positiva. abaixo da temperatura de ebulição. O que podemos afirmar sobre a variação
5 de entropia nesses processos?
(C) na transformação 1, a variação da entropia é não nula e Q1 = Q2 .
4
(D) na transformação 2, a variação da entropia é nula e Q1’ = 3Q2’. (A) A entropia da água despejada diminui enquanto que a entropia do lago
aumenta e a entropia do universo aumenta.
05 Indique se as seguintes proposições são verdadeiras (V) ou falsas (F). (B) A entropia do universo permanece a mesma.
(C) A entropia da água despejada aumenta, a entropia do lago diminui e
I. A primeira lei da termodinâmica fala que o calor flui espontaneamente a entropia do universo diminui.
de um corpo quente a outro frio. (D) Não há variação de entropia em nenhum dos três subsistemas: água
II. A segunda lei da termodinâmica indica a direção dos processos. despejada, lago e universo.
III. A primeira lei da termodinâmica é aplicada a processos irreversíveis. (E) A entropia do lago diminui, a entropia da água despejada aumenta, e
a entropia do universo aumenta.
(A) F – V – F.
(B) V – V – V. 10 (EN) Analise as afirmativas abaixo.
(C) F – F – V.
(D) F – V – V. I. Quando a temperatura do ar se eleva em um processo aproximadamente
(E) V – F – F. adiabático, verificamos que a pressão aumenta.
II. Para um gás ideal, as moléculas não exercem ação mútua, a não ser
06 Em relação à máquina térmica indique quantas das seguintes durante as eventuais colisões que devem ser perfeitamente elásticas.
afirmativas estão corretas. III. A energia interna, ou seja, o calor de uma amostra de gás ideal é a
soma das energias cinéticas de todas as moléculas que o constitui.
I. Recebe calor e o armazena como energia interna. IV. Em uma transformação isotérmica, uma amostra de gás não sofre
II. Recebe trabalho e o converte em calor. alterações na sua energia interna.
III. Recebe energia térmica e a converte em energia mecânica. V. O ciclo de Carnot idealiza o funcionamento de uma máquina térmica
IV. Ao final de cada ciclo a energia interna não se altera. onde seu rendimento é o maior possível, ou seja, 100%.
V. Dispositivo que recebe qualquer tipo de energia e a transforma.
As afirmativas corretas são, somente:
(A) 1.
(B) 2. (A) I, II e IV.
(C) 3. (B) II, III e IV.
(D) 4. (C) III, IV e V.
(E) 5. (D) I, II e V.
(E) I, III e V.

IME-ITA – Vol. 2 261


FÍSICA II
Assunto 4

11 (AFA) Com relação às máquinas térmicas e à segunda lei da 14 Uma máquina térmica opera segundo o ciclo de Carnot entre as
termodinâmica, analise as proposições a seguir. temperaturas de 477°C e 27°C, recebendo 2.000 J de calor da fonte quente.
O calor rejeitado para a fonte fria, o trabalho realizado e o rendimento, são,
I. Máquinas térmicas são dispositivos usados para converter energia respectivamente:
mecânica em energia térmica com consequente realização de trabalho.
II. O enunciado da segunda lei da termodinâmica, proposto por Clausius, (A) 1.200 J, 800 J e 60%.
afirma que o calor não passa espontaneamente de um corpo frio para (B) 1.200 J, 800 J e 40%.
um corpo mais quente, a não ser forçado por um agente externo como (C) 800 J, 1.200 J e 60%.
é o caso do refrigerador. (D) 800 J, 1.200 J e 40%.
III. É possível construir uma máquina térmica que, operando em (E) n.r.a.
transformações cíclicas, tenha como único efeito transformar
completamente em trabalho a energia térmica de uma fonte quente. 15 Um refrigerador absorve 5 kJ de um reservatório frio e rejeita 8 kJ.
IV. Nenhuma máquina térmica operando entre duas temperaturas fixadas
pode ter rendimento maior que a máquina ideal de Carnot, operando a. Calcule o rendimento desse refrigerador.
entre essas mesmas temperaturas. b. O refrigerador é reversível e pode operar como máquina térmica
(Qq = 8 kJ e Qf = 5 kJ). Qual a sua eficiência?
São corretas apenas:
16 (EN) Uma máquina de Carnot, operando inicialmente com rendimento
(A) I e II.
igual a 40%, produz um trabalho de 10 joules por ciclo. Mantendo-se
(B) II e III.
constante a temperatura inicial da fonte quente, reduziu-se a temperatura
(C) I, III e IV .
da fonte fria de modo que o rendimento passou para 60%. Com isso, o
(D) II e IV.
módulo da variação percentual ocorrida no calor transferido à fonte fria,
por ciclo é de:
12 Um engenheiro propôs à sua empresa construir uma máquina térmica
onde um gás ideal monoatômico sofre os processos indicados no diagrama
(A) 67%.
da figura: (1 → 2): processo isotérmico, (2 → 3): processo adiabático,
(B) 60%.
(3 → 1): processo adiabático. A proposta foi rejeitada. Quais das afirmativas
(C) 40%.
abaixo são justificativas corretas para essa rejeição?
(D) 33%.
I. Esta máquina não funciona pois viola a segunda lei da termodinâmica. (E) 25%.
II. Esta máquina não interessa pois tem uma eficiência muito baixa.
III. O ciclo é inconsistente. Uma das etapas indicadas não pode ocorrer. 17 Uma máquina térmica recebe vapor de água aquecido, a 270°C, e
IV. Esta máquina não funciona pois viola a primeira lei da termodinâmica. descarrega vapor condensado, a 50°C. A eficiência é 30% e 200 kW é
a potência útil da máquina. Qual a quantidade de calor que a máquina
P descarrega na sua vizinhança em 1 hora?
1
18 Uma geladeira retira, por segundo, 1.000 kcal do congelador, enviando
para o ambiente 1.200 kcal. Considere 1 kcal = 4,2 kJ. Qual a potência
2 do compressor da geladeira?

19 (EN) Uma máquina térmica, funcionando entre as temperaturas de


300 K e 600 K fornece uma potência útil, PU, a partir de uma potência
3 recebida, P R. O rendimento dessa máquina corresponde a 4/5 do
rendimento máximo previsto pela máquina de Carnot. Sabendo que a
V potência recebida é de 1.200 W, a potência útil, em watt, é:

(A) I e III. (A) 300.


(B) I e IV. (B) 480.
(C) I. (C) 500.
(D) IV. (D) 600.
(E) II e IV. (E) 960.
13 Um motor que opera entre duas fontes recebe 500 J de sua fonte
20 (AFA) Dispõe-se de duas máquinas térmicas de Carnot. A máquina 1
quente e realiza um trabalho igual a 400 J a cada ciclo. Determine:
trabalha entre as temperaturas de 227°C e 527°C, enquanto a máquina 2
a. Rendimento. opera entre 227 K e 527 K. Analise as afirmativas a seguir e responda ao
b. Calor rejeitado para fonte fria. que se pede.
c. A temperatura da fonte fria, supondo que este opera em um ciclo tal
que seu rendimento seja o máximo teórico admissível e sabendo que I. A máquina 2 tem maior rendimento que a máquina 1.
a fonte quente encontra-se a 500 K. II. Se a máquina 1 realizar um trabalho de 2.000 J terá retirado 6.000 J
de calor da fonte quente.

262 IME-ITA – Vol. 2


Máquinas térmicas FÍSICA II
Assunto 4

III. Se a máquina 2 retirar 4.000 J de calor da fonte quente vai liberar Dados: R = 8,30 J/mol · K; ln 2 = 0,700; ln 3 = 1,10; ln 4 = 1,40
aproximadamente 1.720 J de calor para a fonte fria.
IV. Para uma mesma quantidade de calor retirada da fonte quente pelas (A) 2,05.
duas máquinas, a máquina 2 rejeita mais calor para a fonte fria. (B) 2,23.
(C) 2,40.
São corretas apenas: (D) 2,45.
(E) 2,49.
(A) I e II.
(B) I e III. 04 Uma máquina de Carnot trabalha entre as temperaturas de
(C) II e IV. T1 = 400 K e T2 = 150 K. Essa máquina alimenta um refrigerador de Carnot
(D) III e IV. que opera entre as temperaturas T3 = 325 K e T4 = 225 K.
Q
Qual a razão 3 ?
Q1

T1
01 Um inventor afirmou ter construído uma máquina térmica cujo
desempenho atinge 90% daquele de uma máquina de Carnot. Sua máquina, T3
Q1
que trabalha entre as temperaturas de 27°C e 327°C, recebe, durante certo
período, 1,2 · 104 cal e fornece, simultaneamente, um trabalho útil de 1 · Q3
104 J.

a. A afirmação do inventor é verdadeira? Justifique. W


Dado: 1 cal = 4,186 J. Q4
b. Se o trabalho útil da máquina térmica do item anterior fosse exercido Q2
sobre o êmbolo móvel de uma ampola contendo um gás ideal, à T4
pressão de 200 Pa, qual seria a variação de volume sofrida pelo gás, T2 refrigerador
caso a transformação fosse isobárica?
máquina térmica
02 (AFA) O diagrama abaixo representa um ciclo realizado por um sistema
termodinâmico constituído por n mols de um gás ideal. 05 (AFA) Uma máquina térmica funciona fazendo com que 5 mols de um
gás ideal percorra o ciclo ABCDA representado na figura.
p (105 N/m2)
p (105 N/m2)

A B
2,0 B C
2,0

1,0
D C
1,0
A D
0,2 0,4 0,6 V (L)

Sabendo-se que em cada segundo o sistema realiza 40 ciclos iguais a 0,2 0,4 V (m3)
este, é correto afirmar que a(o):
Sabendo-se que a temperatura em A é 227°C, que os calores específicos
(A) potência desse sistema é de 1.600 W. molares do gás, o volume constante e a pressão constante, valem,
(B) trabalho realizado em cada ciclo é –40 J. respectivamente, 2/3 R e 5/2 R e que R vale aproximadamente 8 J/mol · K,
(C) quantidade de calor trocada pelo gás com o ambiente em cada ciclo o rendimento dessa máquina, em porcentagem, está mais próximo de:
é nula.
(D) temperatura do gás é menor no ponto C. (A) 12.
(B) 15.
03 (EN) Uma máquina térmica, que tem como substância de trabalho (C) 18.
2,00 mols de um gás ideal monoatômico, descreve o ciclo de Carnot. Na (D) 21.
sua expansão isotérmica, o gás recebe 4.648 J de calor e verifica-se que
o seu volume aumenta de 0,200 m³ para 0,400 m³. Sabendo-se que o 06 Uma máquina térmica opera com um mol de um gás monoatômico
rendimento da máquina é de 25%, o trabalho (em kJ) realizado pelo gás ideal. O gás realiza o ciclo ABCA, representado no plano PV, conforme
na expansão adiabática é: mostra a figura.

IME-ITA – Vol. 2 263


FÍSICA II
Assunto 4

Considerando que a transformação BC é adiabática, calcule: (A) 50%.


(B) 87%.
P (Pa)
(C) 100%.
B (D) 115%.
3200 (E) 10%.

09 Uma certa massa de gás ideal desenvolve o ciclo indicado na figura:

p (atm)
C
80 B
A 2

1 8 V (m3) C
1
A
a. a eficiência da máquina;
b. a variação da entropia na transformação BC.
0 5 10 V (L)
07 Sabendo que o ciclo mostrado é realizado por um gás ideal e que
durante o processo 1 – 2 – 3 o gás recebe um calor de 1.500 J. Determine:
a. Qual será a eficiência deste dispositivo?
a. o trabalho realizado pelo gás, ao percorrer o ciclo uma vez.
b. Se esse ciclo fosse percorrido em sentido inverso, isto é, 4 – 3 – 2 – 1 – 4,
b. a potência desenvolvida, sabendo-se que a duração de cada ciclo é
qual eficiência teria?
de 0,5 s.
p (Pa) c. o ponto em que a energia do sistema é máxima e em que é mínima.
2 3
250 Dados: 1 atm = 105 N/m2; 1 L = 1 dm3 = 10–3 m3.

10 Um gás ideal descreve o ciclo apresentado na curva P · T dada. Calcule


o trabalho do gás ao longo do ciclo.
100
1 4 Dados:
• Pressão em 1: p1 = 200 Pa.
• Volume em 1: V1 = 0,5 m3.
0 7 12 V (m3)
• Pressão em 2: p2 = 700 Pa.
• Volume em 3: V3 = 3,5 m3.
08 Define-se a eficiência de um refrigerador (eR) como sendo a razão
entre a quantidade de calor que ele retira da fonte fria (|Qƒ|) e o trabalho p (Pa) 3
2
mecânico recebido (t), a cada ciclo. Para determinado refrigerador,
considera-se que seu fluido de trabalho seja um gás monoatômico ideal.
Um mol desse gás expande-se adiabaticamente, retira isometricamente
calor do conteúdo do refrigerador e rejeita calor isotermicamente para 1
a fonte quente, descrevendo um ciclo representado no diagrama P × V 4
seguinte. Se a temperatura no estado A é de 400 K, qual é a eficiência
desse refrigerador? Considere Ln(2) = 0,7.
0 T (K)
P
A (A) 600 J.
P0
(B) 1.800 J.
(C) 750 J.
(D) 2.100 J.
(E) 1.500 J.
B
11 Uma máquina térmica opera em um ciclo termodinâmico entre um
reservatório e um ambiente cujas temperaturas são respectivamente 627°C
e 27°C. A máquina rejeita 1.500 J/s para o ambiente e o seu rendimento
C é metade daquele referente ao máximo teórico admissível associado.
O fabricante afirma que, nas condições descritas acima, a máquina é
V capaz de fornecer 2 HP de potência. Com base na análise termodinâmica,
V0 8V0
verifique a veracidade dessa afirmativa.

Dado: 1 HP = 0,746 kW.

264 IME-ITA – Vol. 2


Máquinas térmicas FÍSICA II
Assunto 4

12 Dois ciclos de potência de Carnot são montados em série. Um dos 19 Fornece-se calor a 0,5 kg de gelo a 0°C até que toda a massa derreta.
ciclos rejeita calor para um reservatório a temperatura T enquanto o outro
recebe calor do reservatório a temperatura T. Sabe-se que TL < T < TH. a. Qual a variação na entropia da água?
Determine T quando: b. Sendo a fonte de calor um corpo de massa muito grande a temperatura
de 20°C, qual a variação na entropia deste corpo?
a. o trabalho líquido dos dois ciclos é igual. c. Qual a variação total na entropia do sistema água-fonte de calor?
b. as eficiências térmicas dos dois ciclos são iguais. (Considere Lfusão= 80 cal/g; 1 cal = 4,2 J.)

13 Considere um ciclo de Carnot cuja taxa de compressão (razão entre 20 Um mol de um gás monoatômico ideal tem sua temperatura elevada
o volume máximo e o mínimo) seja 16. Esse ciclo é descrito por um gás de 300 K para 400 K, com volume mantido constante. Qual a variação de
ideal monoatômico e possui rendimento 75%. Qual é a variação percentual entropia?
de volume desse gás durante a fase de expansão isotérmica no decorrer
do ciclo? 21 Considera-se nula a entropia da água quando na fase líquida a 0°C e
sob pressão atmosférica.
(A) 50%.
(B) 200%. a. Qual a quantidade de calor que deve ser fornecida para elevar a
(C) 300%. temperatura de 1 kg de água de 0°C a 100°C?
(D) 100%. b. Qual a entropia de 1 kg de água a 100°C?
(E) 400%. c. Mistura-se 1 kg de água a 0°C com 1 kg de água a 100°C. Determine
a temperatura de equilíbrio.
14 Um pesquisador afirma que é possível desenvolver um processo d. Calcule a entropia da mistura após o equilíbrio.
termodinâmico isobárico que converte em trabalho até 50% de calor
necessário para a expansão de um gás. Admitindo que o gás seja o ar, 22
determine se esse processo é termodinamicamente admissível. Considere T (K)
válida a hipótese de gás ideal e que o ar possa ser interpretado como
diatômico.
A
400
15 Calor pode ser removido da água a 0,0°C e pressão atmosférica sem
que a água congele, se o processo for feito com o mínimo possível de
perturbação sobre a água. Suponha que uma gota-d’água é resfriada
desta maneira até que sua temperatura seja a do ar circundante, que é B
–5,0°C. A gota subitamente se congela e transfere calor para o ar até ficar 200
novamente a –5,0°C. Qual é a variação de entropia por grama de água
durante o congelamento e a transferência de calor?

16 Suponha que a mesma quantidade de calor, por exemplo, 260 J, é 5 20 S


transferida por condução de um reservatório a 400 K para outro a:
Dois mols de um gás ideal monoatômico passam por um processo de A
a. 100 K. até B como descrito no diagrama temperatura × entropia. Qual o trabalho,
b. 200 K. em Joules, realizado no processo?

Calcule a variação de entropia em cada caso. J atm  L


Dados: R  8, 3  0, 082 .
mol mol  K
17 Uma amostra de 600 g de água está inicialmente na forma de gelo a
–20°C. Qual a variação de entropia da amostra se a temperatura aumenta
para 40°C? (A) 11.560.
(B) 4.500.
Dados: (C) 9.480.
• ln 253 ≅ 5,53. (D) 1.560.
• ln 273 ≅ 5,61. (E) 480.
• ln 313 ≅ 5,75.
• 1 cal = 4,2 J.

18 Um cubo de cobre de 600 g a 80°C é colocado em 70 g de água a


10°C, em um recipiente isolado termicamente. Considere o calor sensível
do cobre igual a 0,092 cal/g · °C.

a. Qual a temperatura de equilíbrio?


b. Qual a variação de entropia para o cobre?
c. Qual a variação de entropia para a água?
d. Qual a variação de entropia do universo?

IME-ITA – Vol. 2 265


FÍSICA II
Assunto 4

23 (ITA) Uma máquina térmica opera segundo o ciclo JKLMJ mostrado P


no diagrama T-S da figura. 2

T (K) 1
J K
T2

4 3
T1
M L V

05 Com a instalação do gasoduto Brasil-Bolívia, a quota de participação do


S1 S2 S (J/K) gás natural na geração de energia elétrica no Brasil será significativamente
ampliada. Ao se queimar 1,0 kg de gás natural obtêm-se 5,0 · 107 J
Pode-se afirmar que: de calor, parte do qual pode ser convertida em trabalho em uma usina
termoelétrica. Considere uma usina queimando 7.200 quilogramas de gás
(A) O processo JK corresponde a uma compressão isotérmica. natural por hora, a uma temperatura de 1.227°C. O calor não aproveitado
(B) O t r a b a l h o r e a l i z a d o p e l a m á q u i n a e m u m c i c l o é na produção de trabalho é cedido para um rio de vazão 5.000 L/s, cujas
W = (T2 – T1)/(S2 – S1). T2 águas estão inicialmente a 27°C. A maior eficiência teórica da conversão
(C) O rendimento da máquina é dado por η = 1 – . de calor em trabalho é dada por: n = 1 – (Tmin / Tmáx), sendo Tmin e Tmáx
T1 as temperaturas absolutas das fontes fria e quente, respectivamente,
(D) Durante o processo LM uma quantidade de calor QLM=T1(S2 – S1) é ambas expressas em Kelvin. Considere o calor específico da água
absorvida pelo sistema. c = 4.000 J/kg · °C.
(E) Outra máquina térmica que opere entre T2 e T1 poderia eventualmente
possuir um rendimento maior que a dessa. a. Determine a potência gerada por uma usina cuja eficiência é metade
da máxima teórica.
b. Determine o aumento de temperatura da água do rio ao passar pela
usina.

06 (IME) Ao analisar o funcionamento de uma geladeira de 200 W, um


01 Mostre que, em um ciclo de Carnot, o produto do maior e do menor inventor percebe que a serpentina de refrigeração se encontra a uma
volume é igual ao produto dos volumes intermediários. temperatura maior que a ambiente e decide utilizar este fato para gerar energia.
Ele afirma ser possível construir um dispositivo que opere em um ciclo
02 Duas máquinas térmicas – M1 reversível e M2 não reversível – retiram termodinâmico e que produza 0,1 hp. Com base nas leis da Termodinâmica,
energia na forma de calor de uma fonte, à temperatura T1, e entregam discuta a validade da afirmação do inventor. Considere que as temperaturas
uma parte dessa energia em forma de calor, à temperatura T2. Se Q1 é a da serpentina e do ambiente valem, respectivamente, 30°C e 27°C. Suponha
quantidade de calor retirada por M1 e Q2 a retirada por M2, e chamando também que a temperatura no interior da geladeira seja igual a 7°C.
de W1 e W2 as energias mecânicas fornecidas, respectivamente, pelas Dado: 1 hp = 0,75 kW
máquinas M1 e M2, tem-se necessariamente que:
07 O ciclo Diesel, representado na figura abaixo, corresponde ao que
(A) W2 /(Q2 – W2) ≤ W1/(Q1 – W1). ocorre em um motor Diesel de quatro tempos: o trecho AB representa
(B) W2 /(Q2 – W2) ≤ (T1 – T2)/T1. a compressão adiabática da mistura de ar e vapor de óleo Diesel;
(C) W2 > W1. BC representa o aquecimento à pressão constante, permitindo que o
(D) W1 /(Q1 – W1) = (T1 – T2)/T1. combustível injetado se inflame sem necessidade de uma centelha de
(E) Q1 > Q2. ignição; CD é a expansão adiabática dos gases aquecidos movendo o pistão
e DA simboliza a queda de pressão associada à exaustão dos gases da
03 Mostre que a eficiência de uma máquina de Carnot e o coeficiente combustão. A mistura é tratada como um gás ideal de coeficiente adiabático
de rendimento K de um refrigerador de Carnot estão relacionados por γ. Considerando que TA, TB, TC e TD representam as temperaturas,
respectivamente, nos pontos A, B, C e D, mostre que o rendimento do
K=
(1 - e) . ciclo Diesel é dado por:
e pressão

04 No diagrama P-V a seguir, estão esquematizados dois ciclos. O B C


rendimento térmico do ciclo 1 → 2 → 4 → 1 é η1, enquanto que o
rendimento do ciclo 2 → 3 → 4 → 2 é η2. Calcule o valor do rendimento
térmico do ciclo 1 → 2 → 3 → 4 → 1, em função de η1 e η2. Os
processos 4 → 1 e 2 → 3 são representados por isocóricas, o processo D
3 → 4 é representado por uma isóbara e os processos 1 → 2 e 4 → 2
têm dependência linear entre pressão e volume. O fluido operante é um
gás ideal.
A
0 volume

266 IME-ITA – Vol. 2


Máquinas térmicas FÍSICA II
Assunto 4

08 No ciclo de Otto do motor a gasolina, AB e CD são duas adiabáticas. AB P


representa a compressão rápida (adiabática) da mistura de ar com vapor B T=T1
de gasolina, de um volume inicial V0 para V0/r (r é a taxa de compressão);
BC representa o aquecimento a volume constante devido à ignição; CD é a C
expansão adiabática dos gases aquecidos, movendo o pistão; DA simboliza
a queda de pressão associada à exaustão dos gases da combustão a T=T3
volume constante. A mistura é tratada como um gás ideal de coeficiente D
adiabático γ.
E
Mostre que o rendimento do ciclo é dado por:
γ 1
T T  1
η  1 D A  1   A
TC  TB r
F
T=T2
09 O ciclo de Joule, representado na figura abaixo, em que AB e CD são
0 V1 rV1 V2 rV2 V
adiabáticas, é uma idealização do que ocorre em uma turbina a gás: BC e
DA representam, respectivamente, aquecimento e resfriamento a pressão
constante;é a taxa de compressão. Mostre que o rendimento do ciclo de 12 Um industrial deseja lançar no mercado uma máquina térmica que
Joule é dado por: opere entre dois reservatórios térmicos cujas temperaturas permanecem
constantes, com rendimento térmico de, no mínimo, 40% do máximo
P teoricamente admissível. Ele adquire os direitos de um engenheiro que
depositou uma patente de uma máquina térmica operando em um ciclo
B C
rP0 termodinâmico composto por quatro processos descritos a seguir:

Processo 1 – 2: compressão adiabática;


Processo 2 – 3: expansão isobárica;
Processo 3 – 4: expansão adiabática;
Processo 4 – 1: isocórico.

P0 O engenheiro afirma que o rendimento desejado é obtido para um ciclo


A D
operando segundo as condições abaixo:
V
0 • Temperatura no ponto 1: T1 = 300 K.
• Volume no ponto 1: V1 = 32 V2.
• Volume no ponto 3: V3 = 2 V2.
10 (IME) Em visita a uma instalação fabril, um engenheiro observa o
funcionamento de uma máquina térmica que produz trabalho e opera em Ao ser questionado sobre o assunto, o engenheiro argumenta que os testes
um ciclo termodinâmico, extraindo energia de um reservatório térmico não foram conduzidos de forma correta e mantém sua afirmação original.
a 1.000 K e rejeitando calor para um segundo reservatório a 600 K. Supondo que a substância de trabalho que percorre o ciclo 1-2-3-4-1 seja
Os dados de operação da máquina indicam que seu índice de desempenho um gás ideal diatômico e com base em uma análise termodinâmica do
é 80%. Ele afirma que é possível racionalizar a operação acoplando uma problema, verifique se o rendimento desejado pode ser atingido.
segunda máquina térmica ao reservatório de menor temperatura e fazendo Dado: 1,155 = 2.
com que esta rejeite calor para o ambiente, que se encontra a 300 K.
Ao ser informado de que apenas 60% do calor rejeitado pela primeira 13 Uma determinada máquina de Carnot opera entre dois reservatórios
máquina pode ser efetivamente aproveitado, o engenheiro argumenta que estão às temperaturas TM e T0, em que TM > T0. O trabalho realizado por
que, sob estas condições, a segunda máquina pode disponibilizar uma essa máquina é usado por uma bomba de calor que opera segundo o ciclo
quantidade de trabalho igual a 30% da primeira máquina. Admite-se que de Carnot inverso, entre os reservatórios de temperaturas TM e T0, em que
o índice de desempenho de segunda máquina, que também opera em um TM < T0 . Sabendo que o calor total cedido ao reservatório de temperatura T0
ciclo termodinâmico, é metade do da primeira máquina. Por meio de uma é 5 vezes maior que o calor absorvido do reservatório à temperatura TM,
análise termodinâmica do problema, verifique se o valor de 30% está correto. determine o valor de T0.

Observação: o índice de desempenho de uma máquina térmica é a TM Tm


razão entre o seu rendimento real e o rendimento máximo teoricamente
admissível.
QM Qm
11 Um cientista buscou aprimorar o conhecido ciclo de Carnot. Para
isso, construiu uma máquina térmica que operava segundo o ciclo W
1 2
termodinâmico apresentado a seguir. Na figura, as três transformações
isotérmicas são: T1 (BC), T3 (DE) e T2 (FA); já as adiabáticas são: AB, CD
e EF. As taxas de expansão isotérmica VC/VB e VE/VD, são ambas iguais a r.
Q1 Q2
Como Carnot era muito mais famosos, sua proposta acabou sendo aceita e
seu ciclo é até hoje conhecido como sendo o mais próximo da idealidade.
Verifique se a proposta do cientista realmente seria melhor. Justifique por
T0
meio de cálculos que representem a situação física apresentada.

IME-ITA – Vol. 2 267


FÍSICA II
Assunto 4

Dados: a. Identifique cada processo representado no gráfico.


Tm = 200 K b. Qual o trabalho realizado pelo sistema e o calor trocado por ele em
TM = 600 K cada etapa em termos de S0, U0, R e n.
c. Diga se o ciclo representa um motor ou refrigerador determinando,
14 Um gás monoatômico ideal percorre o ciclo abaixo. Sabendo que então, sua eficiência.
o volume no estado 3 é E vezes maior do que no estado 1, calcule o
rendimento do ciclo. Observação: E corresponde ao número de Euler. 16 Considere dois recipientes com volumes V1 e V2 , adiabaticamente
isolados. Em cada um, encontra-se a mesma massa do mesmo gás, à
V mesma pressão, mas a temperaturas diferentes: T1 e T2 , respectivamente.
3 2 Estabelecendo o contato entre os dois recipientes, determine a variação
de entropia até o sistema chegar ao equilíbrio.

T1 T2
1

15 A figura mostra um processo cíclico, sofrido por n moles de um gás 17 Há um copo de água em contato com o ambiente, e ambos se
ideal monoatômico, representado no plano (S, U) em que U é a energia encontram a uma temperatura T0.
interna do sistema, e S a sua entropia. A respeito desse sistema, responda
às seguintes questões: a. Mostre que não é natural ver a água do copo variar sua temperatura
e resolver se manter em equilíbrio a uma temperatura diferente de T0.
U b. Dois corpos em contato térmico se encontram isolados do resto do
universo. Eles possuem massas e calores específicos m1, c1 e m2, c2,
c b com os índices (1, 2) se referindo a cada corpo. Se ambos estão na
3U0
mesma temperatura T0, mostre que não é esperado que eles troquem
calor e se equilibrem (termicamente) em temperaturas diferentes.

d
U0 a

S0 2S0 S

268 IME-ITA – Vol. 2


FÍSICA III ASSUNTO

Eletrização e lei de Coulomb


3
1. Introdução Cargas elétricas e símbolos de algumas partículas elementares

Neste capítulo, vamos apresentar o conceito de carga elétrica (positiva Nome Carga elétrica Símbolo
e negativa), descobrindo sua origem por meio de uma análise microscópica
e estendendo até uma visão macro sobre a carga de um corpo qualquer. próton +1,6 · 10 –19
C +e p+
A partir daí, poderemos distinguir os estados de eletrização de elétron –1,6 · 10–19 C –e e–
um corpo (neutro ou eletrizado), analisando os princípios da atração e antipróton –1,6 · 10–19 C –e p–
repulsão dos corpos e da conservação total da carga. Por meio da lei
pósitron +1,6 · 10 –19
C +e e+
de Coulomb, será possível medir a força de atração ou repulsão de duas
cargas puntiformes.
Assim, dizemos que um corpo está eletrizado quando há um
Além disso, vamos caracterizar e diferenciar corpos condutores de
desequilíbrio entre seu número de prótons e de elétrons. Se um corpo tiver
isolantes, permitindo, assim, entender o motivo pelo qual usamos borracha
o mesmo número de prótons e elétrons, será considerado não eletrizado
para encapar um fio metálico ou o porquê de a parte externa do soquete
ou neutro.
para lâmpada ser feita de cerâmica e a interna, de metal.
Por fim, vamos apresentar os diversos processos de eletrização (atrito,
contato e indução), o que possibilitará o entendimento de um eletroscópio 3. Princípios da eletrostática
de folhas ou da experiência de uma caneta, que assim que atritada com
os fios de cabelo, atrai pequenos pedaços de papel.
3.1 Lei de Du Fay – Princípios da atração e
repulsão
2. Carga elétrica Corpos eletrizados com carga elétrica de mesmo sinal se repelem, e
É uma propriedade eletromagnética que certas partículas elementares os com sinais opostos se atraem.
possuem. Tal propriedade está diretamente relacionada com o poder de
atração e repulsão dessas partículas. Essa cargas podem ser positivas q1 q2
ou negativas. F F
+ +
Sabemos que a matéria é constituída basicamente de elétrons, prótons
e nêutrons. Os nêutrons possuem carga elétrica nula e os prótons e elétrons
possuem carga elétrica elementar, representada por e, respectivamente F F
– –
positiva e negativa. A determinação da carga elementar foi feita pelo físico
Robert Milikan, que analisou o comportamento de gotículas de água
eletrizadas submetidas à ação simultânea das forças gravitacional e elétrica. F F
+ –

Carga do próton → qp = 1,6 · 10–19 C


Carga do elétron → qe = –1,6 · 10–19 C 3.2 Princípio da conservação das cargas
elétricas
Obs.: Carga elétrica elementar: menor carga possível. Em um sistema eletricamente isolado, a soma algébrica das cargas
elétricas positivas e negativas é constante, ou seja, não há aumento ou
Quantidade de carga elétrica: símbolo → Q redução da carga elétrica de um sistema fechado.
Unidade NO SI: (C); Coulomb
∑Q inicial =∑ Qfinal
A quantidade de carga elétrica de um corpo será dada pela diferença
entre o número de prótons (np) e elétrons (ne) multiplicada pela carga Ex.: Dois corpos A e B que trocaram cargas elétricas:
elementar e (1,6 · 10–19 C). Portanto, a carga elétrica de um corpo é sempre
um múltiplo inteiro da carga elementar.
Antes Depois

A B A B
Q = (np – ne) · e
QA QB Q A’ QB’

Q A + Q B = Q A ’ + Q B’

IME-ITA – Vol. 2 269


FÍSICA III
Assunto 3

4. Lei de Coulomb 5. Condutores e isolantes


As forças de interação entre duas partículas eletrizadas possuem
intensidades iguais diretamente proporcionais ao produto do módulo 5.1 Condutores
das cargas de cada partícula e inversamente proporcionais ao quadrado São materiais que permitem facilmente o movimento de partículas
da distância entre elas. A direção das forças é determinada pela reta que portadoras de cargas elétricas.
une as cargas e o sentido obedecerá o primeiro princípio da eletrostática.
Ex.: metais, grafite, gases ionizados e soluções eletrolíticas.
A força de interação ainda dependerá do meio, segundo a seguinte
expressão: – +
– – + +
 k . Q1 . Q2 – – + +
F =
d2
– – + +
Em que: – – + +
k → constante eletrostática do meio
– – + +
Q1 e Q2 → carga de cada partícula – +
d → distância entre as partículas
Nos condutores eletrizados, as cargas elétricas em excesso se
A constante k depende do meio em que as cargas elétricas se localizam na superfície externa do corpo, pois tais cargas em excesso
encontram, e é definida no SI por: possuem o mesmo sinal e se repelem, ficando assim o mais distante
umas das outras (na superfície do condutor).

k=
1 5.2 Isolantes (dielétricos)
4 πε
São materiais nos quais os portadores de cargas elétricas não
apresentam grande mobilidade.
Em que:
ε → constante de permissividade absoluta do meio Ex.: ar, água, borracha, vidro, plástico, madeira.
para o vácuo: ε0 = 8,85 ∙ 10–12 C2N–1m–2
++++++
logo, k0 = 9,0 ∙ 109 Nm2C–2 +
+ carga isolada na região
+ em que foi gerada
Obs.: A permissividade relativa é a razão entre a permissividade de um +
++++++
meio e o vácuo; por exemplo:

εPORCELANA = 5,31 ∙ 10–11 C2N–1m–2 → permissividade absoluta da Nos isolantes eletrizados, os portadores de cargas em excesso ficam
porcelana concentrados na região onde foram gerados.

εR = 6,0 → permissividade relativa da porcelana


6. Eletrização
Podemos agora obter outra expressão, não muito comum, para a lei A eletrização significa dar carga elétrica a um corpo neutro. Assim,
de Coulomb: se um corpo neutro tem seus elétrons livres retirados, ele passa a ser um
corpo eletrizado positivamente (falta de elétrons). Da mesma forma, se
 1 Q1 . Q2 um corpo neutro recebe elétrons livres, ele se torna um corpo eletrizado
F = negativamente (excesso de elétrons).
4 πε d 2
Existem três maneiras distintas de se eletrizar um corpo neutro: por
ATENÇÃO: Deve-se ficar muito atento às unidades na ocasião de aplicar atrito, por contato ou por indução eletrostática.
a lei de Coulomb, principalmente quanto à unidade da distância (d), que
Nm2
deve estar em metros, quando o valor da constante for K = 9 · 109 2 .
C

270 IME-ITA – Vol. 2


Eletrização e lei de Coulomb FÍSICA III
Assunto 3

6.1 Por atrito Considere um corpo A eletrizado negativamente e um corpo B neutro.

Frequentemente, ao atritarmos (esfregarmos) um corpo em outro, os –


dois corpos que, inicialmente, não apresentavam manifestações elétricas, – –
passam a apresentá-las. Você já deve ter observado isso quando penteia
– –
os cabelos e depois o pente passa a atraí-los, ou quando tira uma blusa
de lã, após usá-la o dia todo, e verifica que ela atrai seus pelos. – A – B
Ao atritarmos um corpo em outro, estamos forçando um movimento – –
migratório de elétrons de um corpo para outro. Após esse movimento das
cargas elétricas, um dos corpos ficará com excesso de elétrons (carregado – –

negativamente) e o outro com falta de elétrons (carregado positivamente).
Para se determinar qual corpo vai adquirir carga positiva ou negativa, Após o contato entre os corpos, parte dos elétrons livres de A migram
devemos consultar a série triboelétrica, construída empiricamente pelos para B, deixando-o eletrizado negativamente.
físicos. Na figura a seguir, o corpo posicionado mais abaixo tem maior
tendência a se tornar negativo após o atrito. –
– –
Ex.:
– –
– – – –
vidro – A – – – B
Série triboelétrica
lã – –
pele de coelho
neutro
neutra vidro – –

– mica

lã –

seda –
– –
vidro + + âmbar –
++
++ – –
A – B
++ – lã – –
ebonite – –






Se o sistema estiver isolado eletricamente, a quantidade de carga
adquirida por ambos os corpos deve obedecer ao princípio da conservação O mesmo processo ocorre quando o corpo A estiver carregado
das cargas elétricas. positivamente.
No início, como Qvidro = 0 e Qlã = 0, a carga total é zero. Após a
eletrização, a carga total também deve ser nula, portanto: +
+ +
Q’vidro + Q’lã = 0 → |Q’vidro| = |Q’lã| + +
+ A + B
Ou seja, as cargas têm o mesmo módulo, mas com sinais contrários.
+ +
6.2 Por contato + +
+
Quando dois ou mais corpos são colocados em contato, estando
um deles ao menos eletrizado, observa-se uma redistribuição de cargas Nesse caso, elétrons migram do corpo B para o corpo A. Como o corpo
elétricas, obedecendo ao princípio de conservação das cargas elétricas. B perdeu elétrons e estava neutro, eletriza-se positivamente.
A proporção de cargas em cada corpo vai depender da forma, das
dimensões e do meio. Esse item será estudado no capítulo de condutores +
elétricos, no qual será introduzido o conceito de capacidade eletrostática + +
ou capacitância.
+ +
– – – –
A – – B
+ +
+ +
+ +
+

IME-ITA – Vol. 2 271


FÍSICA III
Assunto 3

+ Se o corpo estiver carregado negativamente, os elétrons em excesso


+ escoam para a terra até neutralizá-lo.
+
+ +

+ – –
A + B
+ + – –
+ elétrons
+
+ – –
+ –
– –
Por enquanto, vamos resolver problemas para o caso particular de – –

condutores idênticos em contato, obedecendo ao segundo princípio da
eletrostática (conservação total de cargas). Nesse caso, tais corpos
adquirem a mesma carga final após o equilíbrio. 6.4 Por indução eletrostática
As cargas elétricas de um condutor são redistribuídas devido à

Qfinal =
∑Q início
aproximação (sem contato) de outro corpo carregado. Consegue-se com
n o de corpos em contato esse processo que a carga final do condutor a ser eletrizado seja induzido
de sinal oposto àquela do corpo carregado (indutor). O processo é feito
do seguinte modo:
Ex.:
I. Aproxima-se o corpo carregado do condutor neutro.

A B após o A B
contato

Q neutro Q Q
2 2

após o
A B A B
contato

As cargas elétricas se redistribuem por atração (primeiro princípio


Q1 Q2 Q1 + Q2 Q1 + Q2 da eletrostática).
2 2
início II. “Descarrega-se”1 o corpo induzido por meio de um condutor ligado à
terra2.
6.3 Fio terra
A terra é um grande condutor com dimensões muito superiores a
qualquer corpo. Assim, em um sistema isolado, quando ligamos um corpo
eletrizado à Terra, esta vai descarregá-lo até que ele fique neutro novamente.
Portanto, se o corpo estiver carregado positivamente, a terra cede
elétrons para o corpo até neutralizá-lo.

+ III. O corpo fica finalmente carregado com carga oposta.


+ + elétrons
+ +
+
+ –
+ +
+ +
+
Obs.: Se aproximássemos uma carga negativa de uma carga neutra,
aconteceria exatamente a mesma coisa, ou seja, a carga neutra seria
atraída pela carga negativa. Resumindo, pode-se dizer que, devido à
indução eletrostática, partículas carregadas de qualquer espécie também
são capazes de atrair partículas neutras.

272 IME-ITA – Vol. 2


Eletrização e lei de Coulomb FÍSICA III
Assunto 3

6.5 Eletroscópio de folhas


Um eletroscópio é formado por duas folhas metálicas ligadas a um
cabo e a uma esfera de metal. Quando um corpo A carregado se aproxima 01 (MACKENZIE-SP) Três pequenas esferas de cobre, idênticas, são
da esfera, induz a mesma carga nas lâminas, que se repelem. utilizadas em uma experiência de eletrostática. A primeira, denominada A, está
+
inicialmente eletrizada com carga QA = +2,40 nC; a segunda, denominada
+ + B, não está eletrizada, e a terceira, denominada C, está inicialmente eletrizada
+ A +
com carga QC = –4,80 nC. Em dado instante, são colocadas em contato
++ –– –
– –
– – entre si as esferas A e B. Após atingido o equilíbrio eletrostático, A e B são
separadas uma da outra e, então, são postas em contato as esferas B e C.
Ao se atingir o equilíbrio eletrostático entre B e C, qual a situação da carga
e a quantidade de cargas da esfera C?

+ + Solução:
+ +
+ + Como temos três esferas idênticas, as cargas das esferas após o contato
serão iguais e terão o valor da média aritmética das cargas iniciais. Dessa
forma, teremos:

7. Atração entre corpos 1o contato (esferas A e B)


Q  QB ( 2, 40 nC)  0
eletrizados e corpos neutros Q= A
2
 Q' A = Q ' B =
2
 1, 20 nC.

Vimos anteriormente que corpos com cargas opostas se atraem e corpos


com cargas de mesmo sinal se repelem. E se, por exemplo, aproximarmos 2o contato (esferas B e C)
um corpo carregado de um corpo neutro? Se utilizássemos a lei de Coulomb, Q'  QC ( 1, 20 nC)  ( 4, 80 nC)
a resposta natural seria zero! Afinal, uma das cargas é nula. Porém, nesse Q= B  Q" B = Q'C =  1, 80 nC.
2 2
caso, a situação física é um pouco mais complicada. Veja, a seguir, o que
ocorre quando aproximamos um corpo positivo de um corpo neutro:
Portanto, a esfera C perdeu, após o contato com B, uma carga elétrica
igual a:
I. Devido à indução, os elétrons se redistribuem no corpo neutro e ele
∆QC = (–4,80 nC) – (–1,80 nC) ⇒ ∆QC = –3,00 nC
acaba tendo a seguinte configuração:
∆QC = –n · e ⇒ –3,00 · 10–9 = n · (–1,60) · 10–19
n = 1,875 · 1010 elétrons cedidos.

02 Em um experimento realizado em sala de aula, um professor de Física


mostrou duas pequenas esferas metálicas idênticas, suspensas por fios
isolantes, em uma situação de atração.

1
Descarregar, nesse caso, significa anular a carga elétrica daquela região. No exemplo, essa
descarga é feita pelo envio de elétrons da Terra para o corpo.
2
Ligação terra (aterramento) – será explicado no capítulo sobre potencial elétrico.

II. Note que a “região negativa” do corpo neutro está mais próxima do
corpo positivo do que a “região positiva” do corpo neutro. Como a
distância é menor, a força de atração é maior entre as cargas de sinais Na tentativa de explicar esse fenômeno, cinco alunos fizeram os seguintes
opostos do que a força de repulsão entre as cargas de sinais iguais. comentários:

Maria – uma das esferas pode estar eletrizada positivamente e a outra,


negativamente.
repulsão José – uma esfera pode estar eletrizada positivamente e a outra, neutra.
atração Roberto – o que estamos observando é simplesmente uma atração
gravitacional entre as esferas.
Marisa – essas esferas só podem estar funcionando como ímãs.

III. Com isso, uma carga positiva acaba atraindo um corpo neutro, devido
à indução.

IME-ITA – Vol. 2 273


FÍSICA III
Assunto 3

Celine – uma esfera pode estar eletrizada negativamente e a outra, neutra. (B) (E)
F F
Fizeram comentários corretos os alunos:

(A) Marisa, Celine e Roberto. F F


(B) Roberto, Maria e José. F
F
(C) Celine, José e Maria.
2 2
(D) José, Roberto e Maria.
(E) Marisa e Roberto. 0 12 d (mm) 0 12 d (mm)
(C)
Solução: Letra C. F
A atração entre as esferas pode ocorrer quando elas estão eletrizadas com 2F
cargas elétricas de sinais opostos ou quando uma delas estiver eletrizada e
a outra estiver neutra. Neste último caso, a esfera neutra sofre separação
de alguns de cargas positivas e negativas (indução). F

03 (UEL-PR) A força de repulsão entre duas cargas elétricas puntiformes, 0 12 d (mm)


que estão a 20 cm uma da outra, é 0,030 N. Essa força aumentará para
0,060 N se a distância entre as cargas for alterada para:
Solução: Letra A.
Pela lei de Coulomb:
(A) 5,0 cm. (D) 28 cm.
(B) 10 cm. (E) 40 cm. k  Q1  Q2
F .
(C) 14 cm. d2
Quando dobrarmos a distância, teremos:
Solução: Letra C.
k  Q1  Q2 k  Q1  Q2 F
A força de repulsão entre duas cargas puntiformes é dada pela expressão F'    .
 2d 
2
4d 2 4
 k · Q1 · Q2
da lei de Coulomb: F = . Podemos observar que, pela lei de Coulomb, a força elétrica é inversamente
d2 proporcional ao quadrado da distância entre as cargas. Assim, essa função
k · Q1 · Q2 é representada graficamente por uma hipérbole cúbica.
Na situação 1, temos: 0, 030 = .
202
05 (MACKENZIE-SP) Um corpúsculo fixo em A, eletrizado com carga
k · Q1 · Q2 elétrica qA = 5 µC, equilibra no vácuo o corpúsculo B eletrizado com carga
Na situação 2, temos: 0, 060 = .
x2 qB = –4 µC, como mostra a figura. Se g = 10 m/s2 e k = 9 · 109 N · m2 · C–2,
x2 1 determine a massa do corpúsculo B.
Dividindo as 2 equações, temos:   x  10 2 cm  14 cm. A
202 2
04 (MACKENZIE-SP) Dois pequenos corpos, idênticos, estão eletrizados
com cargas de 1,00 nC cada um. Quando estão à distância de 1,00 mm
30 cm
um do outro, a intensidade da força de interação eletrostática entre eles
é F. Fazendo-se variar a distância entre esses corpos, a intensidade da força
de interação eletrostática também varia. O gráfico que melhor representa
B
a intensidade dessa força, em função da distância entre os corpos, é:
Solução:
O corpúsculo B está sujeito a duas forças: força peso e força elétrica de
(A) (D)
F F atração do corpo A. Por se tratar de uma situação de equilíbrio, temos:
k  QA  QB 9  109  5  10-6  4  10-6
P  fe  m  g =  m  10 =  m = 0,2 kg.
F F d 2
0,32
F F
4 2 06 Duas cargas puntiformes q1 = +2 µC e q2 = – 6 µC estão fixas e
0 12 d (mm) 0 1 4 d (mm) separadas por uma distância de 600 mm no vácuo. Uma terceira carga
q3 = 3 µC é colocada no ponto médio do segmento que une as cargas.
Qual o módulo da força elétrica que atua sobre a carga q3?
Dado: constante eletrostática do vácuo K = 9 · 109 N · m2/C2

274 IME-ITA – Vol. 2


Eletrização e lei de Coulomb FÍSICA III
Assunto 3

RA
F23  A 
RA F CA
+ + –  
F13 F CA F BA

q1 q3 q2 F BA

(A) 1,2 N. (D) 1,2 · 10–3 N  RA
(B) 2,4 N. (E) 3,6 · 10–3 N.  RC  
RC  F CA  RB
(C) 3,6 N.    
F BC RB
F BC  F BA  F ABR B
   
Solução: Letra B. RC F AC F AB
F AC  F CBF AB
A carga 3 é colocada no ponto médio entre as cargas 1 e 2, portanto a  
F BC F CB
distância entre 1 e 3 e 2 e 3 será de 300 mm = 3 · 10–1 m. Considere a  C B F CB
carga 1 localizada à esquerda e a carga 2, à direita. A força que 1 exerce em F AC
3 está para a direita (repulsão entre cargas de mesmo sinal) e a força que Pela segunda lei de Newton, o sentido da aceleração será igual ao da força
a carga 2 exerce na carga 3 está para a direita também. A força resultante resultante em cada partícula.
sobre a partícula 3 está para a direita.
08 (UFG-GO) Em uma experiência rudimentar para se medir a carga
FR  F13  F23 eletrostática de pequenas bolinhas de plástico carregadas positivamente,
pendura-se a bolinha, cuja carga se quer medir, em um fio de seda de 5 cm
k  q1  q3 9  109  2  106  3  106
F13    0,66 N. de comprimento e massa desprezível. Aproxima-se, ao longo da vertical,
d13 2
(3  101)2 uma outra bolinha com carga de valor conhecido Q = 10 nC, até que as
k  q2  q3 9  109  6  106  3  106 duas ocupem a mesma linha horizontal, como mostra a figura a seguir.
F23    1, 8 N. Sabendo-se que a distância medida da carga Q até o ponto de fixação do
d23 2
(3  101)2
fio de seda é de 4 cm e que a massa da bolinha é de 0,4 g, qual será o
Logo: FR  2, 4 N. valor da carga desconhecida?
Dados: k = 9 · 109 Nm2/C2; g = 10 m/s2; L = 5 cm; d = 4 cm;
07 (FUVEST-SP) Três pequenas esferas carregadas com cargas de
m = 0,4 g; Q = 10 nC
mesmo módulo, sendo A positiva e B e C negativas, estão presas nos
vértices de um triângulo equilátero. No instante em que elas são soltas
simultaneamente, a direção e o sentido de suas acelerações serão mais
bem representados pelo esquema: L
d

(A) A (D)
A
Q q, m

Solução:
C B C B A bolinha está sujeita a três forças: peso, tração e força elétrica. Para que se
tenha uma situação de equilíbrio, essa força elétrica deverá ser necessariamente
de repulsão. Portanto, o sinal da carga desconhecida é positivo.
(B) A (E) A Representando as três forças citadas acima e decompondo a tração nas
direções horizontal e vertical, verificamos que:
Tx = Fe (I) e Ty = P (II)
Chamaremos de θ o ângulo formado entre a vertical e o fio.
C B C B Assim, Tx = T · sen θ e Ty = T · cos θ
(C) A Fe
Dividindo a equação II pela equação I: tan θ =(III)
P
Aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo da figura, obtemos a
distância x entre as duas cargas:
L2 = x2 + d2 ⇒ x = 3 cm.
C B
Portanto, na equação III, temos:
Solução: Letra B.
Representando as forças de interação eletrostática entre as partículas
eletrizadas, teremos:

IME-ITA – Vol. 2 275


FÍSICA III
Assunto 3

k Q  q uma da outra. Uma terceira carga, q0, é colocada no ponto médio entre as
x m  g  x3 (0,4  10 3 )  10  (3  10 2 )3 duas primeiras, como ilustra a figura A. Nessa situação, o módulo da força
 x2 q  =  eletrostática resultante sobre a carga q0 vale FA. A carga q0 é, então, afastada
d m g k  Q  d (9  109 )  (10  10 9 )  (4  10 2 )
dessa posição ao longo da mediatriz entre as duas outras até atingir o ponto P,
q  3  10 8 C  30 nC. onde é fixada, como ilustra a figura B. Agora, as três cargas estão nos vértices
de um triângulo equilátero. Nessa situação, o módulo da força eletrostática
09 (UNICAMP-SP) Uma pequena esfera isolante, de massa igual a 5 · 10–2 kg resultante sobre a carga q0 vale FB. Calcule a razão FA / FB.
e carregada com uma carga positiva de 5 · 10–7 C, está presa ao teto por um fio
de seda. Uma segunda esfera com carga negativa de –5 ∙ 10–7 C, movendo-se Figura A q0
na direção vertical, é aproximada da primeira. q d/2 d/2 –q
Considere K = 9 ∙ 109 N m2/C2 e g = 10 m/s2.
Figura B p q0

d d

q –q
q1 = +5 ∙ 10–7 C d

Solução:
Na posição inicial, independentemente do seu sinal, a carga s sofrerá duas
q2 = –5 ∙ 10–7 C forças elétricas de mesmo sentido.
movimento
k  q  q0 k  q  q0 k   q  q0 k  q  q0
a. Calcule a força eletrostática entre as duas esferas quando a distância F1  2
 4 2
e F2  2
 4
d d d d2
entre os seus centros é de 0,5 m. 2 2
b. Para uma distância de 5 ∙ 10–2 m entre os centros, o fio de seda se    
rompe. Determine a tração máxima suportada pelo fio.
k  q  q0
Assim, FA  F1  F2  FA  8 .
Solução: d2
a. Lei de Coulomb Na posição final, novamente independente do seu sinal, a carga q0 sofrerá
k · q1 · q2 9 · 109 · 5 · 107 · 5 · 107 duas forças elétricas que formarão um ângulo de 120°.
FE    9 · 103 N
d122 (5 · 101)2
FB 2  F12  F22  2  F 1 F 2  cos 120
b.
Da mesma forma que aconteceu no primeiro caso, perceberemos que F1
e F2 terão o mesmo módulo, uma vez que as cargas que influenciam q0
k  q  q0
têm o mesmo módulo e estão à mesma distância de q0. F1  F2 
 d2
T
T = P + FE Obtendo a resultante:
 1 k  q  q0
FB 2  F12  F12  2  F 1  F 1      F12  FB  F1 
  2 d2
 P
Fe

Portanto, FA = 8 .
k  q1  q2 9 7
9  10  5  10  5  10 7
FB
T  mg   (5  102  10) 
d122 (5  102 )2
T  1, 4 N.

10 (UFRJ) Duas cargas, q e –q, são mantidas fixas a uma distância d

276 IME-ITA – Vol. 2


Eletrização e lei de Coulomb FÍSICA III
Assunto 3

V. Não é uma boa ideia usar chuteiras dotadas de cravos de metal no


solado, em um dia tempestuoso.
VI. Um bom condutor de eletricidade é também um bom condutor de calor.
01 (UNESP-SP) De acordo com o modelo atômico atual, os prótons e VII. Enquanto um chassi de carro é conduzido através de uma câmara de
nêutrons não são mais considerados partículas elementares. Eles seriam pintura, uma névoa de tinta é borrifada ao redor do mesmo. Para o carro
formados de três partículas ainda menores, os quarks. Admite-se a ficar pintado uniformemente, uma rápida descarga elétrica é dada no
existência de 12 quarks na natureza, mas só dois tipos formam os prótons chassi, e como consequência, a névoa é atraída para ele e pronto, o
e nêutrons, o quark up (u), de carga elétrica positiva, igual a 2/3 do valor carro fica rapidamente pintado de maneira uniforme.
da carga do elétron, e o quark down (d), de carga elétrica negativa, igual
a 1/3 do valor da carga do elétron. A partir dessas informações, assinale Pode-se afirmar que:
a alternativa que apresenta corretamente a composição do próton e do
nêutron, respectivamente: (A) duas delas estão corretas.
(B) três delas estão corretas.
(A) d, d, d; u, u, u. (C) quatro delas estão corretas.
(B) d, d, u; u, u, d. (D) cinco delas estão corretas.
(C) d, u, u; u, d, d. (E) todas estão corretas.
(D) u, u, u; d, d, d.
(E) d, d, d; d, d, d. 05 Uma relação R é dita transitiva se:
R R R
02 (CESGRANRIO-RJ) Um pedaço de cobre eletricamente isolado contém A  → B e B  → C, então A  →C
2 · 1022 elétrons livres, sendo a carga de cada um igual a 1,6 · 10–19 C.
Para que o metal adquira uma carga de 3,2 · 10–9 C, será preciso remover, Assim, por exemplo, a relação “equilíbrio térmico” entre sistemas físicos
desses elétrons livres, um em cada: é transitiva, uma vez que, de acordo com a lei zero da termodinâmica, se
um sistema A está em equilíbrio térmico com outro sistema B e se B está
(A) 104. em equilíbrio térmico com um terceiro sistema C, então o sistema A está
(B) 108. em equilíbrio térmico com o sistema C.
(C) 1012.
(D) 1016. Verifique se as seguintes relações entre corpos carregados são transitivas:
(E) 1020.
• repulsão elétrica;
03 Após atritarmos um bastão de âmbar com um pedaço de lã, medimos • atração elétrica.
o valor da carga adquirida por aquele. Um possível valor para esta medida,
em coulombs, é: Justifique sua resposta.

(A) +8 · 10–12. 06 (UNICAMP-SP) Considere o sistema de cargas na figura. As cargas


(B) –7,2 · 10–9. +Q estão fixas e a carga –q pode mover-se somente sobre o eixo x:
(C) +5,4 · 10–6.
(D) –4,8 · 10–3. y
(E) 2,7. +Q
d –q
04 Sobre os conceitos básicos da eletrostática, considere as afirmativas
abaixo: 0 a x
d
I. Em alguns pedágios rodoviários existe um fino arame metálico fixado +Q
verticalmente no piso da rodovia, que entra em contato com os carros
antes que eles alcancem a guarita do funcionário do pedágio, cuja
finalidade é neutralizar a parte metálica do carro. Solta-se a carga –q, inicialmente em repouso, em x = a.
II. Os pneus dos caminhões que transpor tam gasolina e outros
fluidos inflamáveis são fabricados de modo que sejam bons a. Em que ponto(s) do eixo x a velocidade de –q é máxima?
condutores elétricos. b. Em que ponto(s) do eixo x a velocidade de –q é nula?
III. Um eletroscópio carregado tem suas folhas metálicas carregadas, que
acabam se fechando com o decorrer do tempo. Em grandes altitudes,
elas se fecham mais rápido, em função da presença dos raios cósmicos.
IV. Se os elétrons fossem positivos e os prótons negativos, a lei de Coulomb
seria escrita da mesma maneira.

IME-ITA – Vol. 2 277


FÍSICA III
Assunto 3

07 Na figura abaixo, estão representadas duas partículas de massas m1 11 Pequenas esferas, carregadas com cargas elétricas negativas de
e m2, carregadas, respectivamente, com cargas q1 e q2 e suspensas de mesmo módulo Q, estão dispostas sobre um anel isolante e circular, como
um mesmo ponto por fios de iguais comprimentos e massas desprezíveis. indicado na figura I. A intensidade da força elétrica que age sobre uma
A figura está em escala. carga de prova negativa, colocada no centro do anel (ponto P), é F1. Se
forem acrescentadas sobre o anel três outras cargas de mesmo módulo Q,
mas positivas, como na figura II, a intensidade da força elétrica no ponto
P passará a ser:

I II
m2 – –
– – – –
q2
θ θ θ θ
m1 – – – –
P P
q1 + +
+

Pode-se concluir que: (A) zero. (D) F1.


(B) (1/2)F1. (E) 2F1.
(A) q1q2 < 0 e m1 < m2. (C) (3/4)F1.
(B) q1q2 > 0 e |q1| < |q2|.
(C) q1q2 < 0 e m1|q1| > m2|q2|. 12 Duas esferas idênticas têm massa m e carga q. Quando largadas em
(D) q1q2 > 0 e |q1| > |q2|. uma superfície esférica de raio R perfeitamente lisa e não condutora, as
(E) q1q2 > 0 e m1 > m2. esferas se movem, e ao atingirem o equilíbrio, estão separadas por uma
distância R de acordo com a figura abaixo.
08 Duas esferas, A e B, idênticas e igualmente carregadas, repelem-se Dados: k - constante eletrostática no vácuo; g - aceleração da gravidade.
com uma força de 2 · 105 N. Uma esfera C, idêntica a A e B, porém
descarregada, é posta em contato com A e depois colocada no ponto Determine a carga q em cada esfera.
médio entre A e B. Determine, em N, a força resultante na esfera C.

(A) 1 · 105.
(B) 2 · 105. R R
(C) 3 · 105.
(D) 4 · 105. m m
(E) 5 · 105. R

09 A figura a seguir mostra três esferas iguais: A e B, fixas sobre


um plano horizontal e carregadas eletricamente com qA = –12 nC e 1/2
qB = +7 nC e C, que pode deslizar sem atrito sobre o plano, carregada  mg 
(A) q  R   .
com qC = +2 nC. k 6
1/2
 mg 
A C B (B) q  2 R   .
k 6
1/2
 2 mg 
(C) q  R   .
–12 nC +2 nC +7 nC k 6
1/2
 mg 
Não há troca de carga elétrica entre as esferas e o plano. (D) q  2 R   .
Estando solta, a esfera C dirige-se de encontro à esfera A, com a qual k 3
1/2
interage eletricamente, retornando de encontro à B, e assim por diante, até  mg 
que o sistema atinge o equilíbrio, com as esferas não mais se tocando. (E) q  R   .
k 3
Nesse momento, as cargas A, B e C, em nC, serão, respectivamente:
13 Um professor de Física tomou uma pequena esfera metálica e
(A) –1, –1 e –1. eletrizou-a com uma carga elétrica q. Em seguida, tomou outras n (n é par)
(B) –2, –1/2 e –1/2. esferas neutras, idênticas à primeira, e provocou um contato simultâneo
(C) +2, –1 e +2. da primeira com metade das esferas neutras. Depois, colocou a primeira
(D) –3, zero e +3. esfera em contatos sucessivos com as demais, que ainda estavam neutras.
(E) –3/2, zero e –3/2. Qual a carga final da primeira esfera?

10 Duas esferas iguais, eletrizadas, atraem-se com determinada força F


quando separadas pela distância r. Em seguida são postas em contato e
depois recolocadas à mesma distância r, repelindo-se, agora, com uma
força F/4. Determine a relação q/q’ entre as cargas iniciais das esferas.

278 IME-ITA – Vol. 2


Eletrização e lei de Coulomb FÍSICA III
Assunto 3

14 Uma esfera A, condutora, carregada com uma carga de +16 μC, Fy [N]
foi colocada em contato simultâneo com outras m esferas condutoras
neutras. Em seguida, a esfera A realizou contatos simultâneos com outras
n esferas condutoras neutras. Todas as esferas do problema são idênticas. 0
Sabendo-se que m + n = 5 e que a última esfera a ser contatada ficou
com uma carga igual a +1 μC, determine m e n.

15 Duas esferas puntiformes metálicas de mesmo tamanho estão


carregadas com cargas +3Q e –Q e estão localizadas no vácuo a uma
distância d. A força entre elas tem módulo F. Se as esferas são colocadas
em contato e recolocadas a uma distância d/2 no etanol a nova força
encontrada tem modulo F’, de modo que F’/F = 4/75. A constante dielétrica
do etanol é igual a: π/2 θ1 [rad] π

(A) 5. Fy [N]
(B) 10.
(C) 15.
(D) 20. 0
(E) 25.

01 Um cientista realizou a seguinte experiência: (1) Eletrizou uma pequena


esfera condutora A com uma carga Q; (2) Tomou uma esfera neutra idêntica
à primeira e provocou um contato entre elas; (3) Tomou duas esferas neutras
idênticas a A e provocou um contato simultâneo entre elas e A; (4) Tomou
três esferas neutras idênticas a A e provocou um contato simultâneo entre
elas e A; e assim por diante. Sabe-se que o número total de esferas na π/2 θ1 [rad] π
experiência é 56. Determine a razão entre a carga final de A e Q.

(A) 1/9! (A) As três cargas possuem módulos iguais, q2 é positiva e está fixa em
(B) 1/10! uma coordenada θ2 = 3π/2.
(C) 1/11! (B) As cargas q1 e q2 possuem módulos diferentes, q2 é positiva e está
(D) 1/12! fixa em uma coordenada θ2 = 5π/3.
(E) 1/13! (C) As cargas q1 e q2 possuem módulos diferentes, q2 é positiva e está
fixa em uma coordenada θ2 = 3π/2.
02 Três cargas elétricas possuem a seguinte configuração: A carga q0 (D) As cargas q1 e q2 possuem módulos diferentes, q2 é negativa e está
é negativa e está fixa na origem. A carga q1 é positiva, movimenta-se fixa em uma coordenada θ2 = 3π/2.
lentamente ao longo do arco de círculo de raio R e sua posição angular varia (E) As cargas q1 e q2 possuem módulos iguais, q2 é negativa e está fixa
de q1 = 0 a q1 = π [radianos]. A carga q2 está sobre o arco inferior e tem em uma coordenada θ2 = 5π/3.
posição fixa dada pela coordenada angular q2. O sistema de coordenadas
angulares é o mesmo para as cargas q1 e q2 e suas posições angulares 04 Sobre a superfície lateral de um cone de plástico, uma partícula de
são definidas por q1 e q2, respectivamente (ver figura). As componentes massa 20 g e eletrizada com carga q = 4 μC sobe lentamente desde um
Fx e Fy da força elétrica resultante atuando na carga q0 são mostradas nos ponto A qualquer da circunferência da base ao ponto B, vértice do cone,
gráficos abaixo. Com base nestas informações, qual das alternativas abaixo percorrendo um caminho aleatório. Calcule o valor máximo da força elétrica
é verdadeira? entre q e Q = 6 μC, fixa no centro da base do cone reto de raio r = 15 cm.
O ângulo de abertura do cone é de 74°.
y

q1
R
θ1 x
q
0

IME-ITA – Vol. 2 279


FÍSICA III
Assunto 3

B (D) a carga +q será atraída para a casca esférica descrevendo uma


trajetória retilínea, de tal forma que a reta descrita será a de menor
tamanho possível.
74° (E) a carga +q dirigir-se-á para o centro da esfera.

06 Uma partícula de massa m e carga positiva +q é colocada no centro


do segmento da reta que une duas cargas fixas, cada uma de valor +Q,
afastadas uma da outra de 2d (figura 1). Se o movimento da partícula
ficar restrito à direção desse segmento de reta, é possível mostrar que,
para pequenos deslocamentos, ela descreve um movimento harmônico
Q r
simples. Qual a pulsação ω1 desse MHS? E se essa partícula for substituída
A por outra, também de massa m, mas de carga –q, movimentando-se no
plano perpendicular ao segmento de reta que une as cargas fixas (figura 2),
Dado: sen(37°) = 3/5. qual a pulsação ω2 desse movimento harmônico, também considerando
pequenas oscilações?
(A) 5 N.
(B) 9 N. +Q +Q
+q
(C) 12 N.
+ Figura 1
(D) 15 N. d d
(E) 18 N.

05 Suponha que a forma válida da Lei de Coulomb é a seguinte:


+Q +Q
 k q q' –q
=
Fele , (0 < a < 2) – Figura 2
ra d d

Considere uma carga positiva no interior de uma esfera oca de vidro, 07 Na figura, vemos uma haste vertical rígida de comprimento L. Preso a
de centro C, carregada uniformemente com carga negativa, conforme a sua extremidade superior temos um pêndulo elétrico composto por um fio
figura abaixo. de comprimento L e uma partícula de massa m. Nas extremidades da haste
e do fio existem duas partículas A e B que se repelem. Uma escala graduada
marcada na superfície desse dispositivo permite medir o ângulo α que o
fio forma com a vertical. Logicamente, quanto maior o ângulo α, maior a
carga elétrica das partículas. Esse aparelho é denominado eletrômetro e
+q visa a medir cargas elétricas a partir do ângulo α. Admita que ambas as
partículas A e B têm cargas elétricas idênticas Q. Se a gravidade local vale
C g e a permissividade elétrica do vácuo vale ε, determine a carga elétrica Q.

α
L
L
B
Podemos afirmar que:
A
(A) a carga +q descreverá um movimento circular uniforme em torno do
ponto C, cujo raio é igual à distância da carga +q ao centro C da esfera.
α α
(B) a carga +q descreverá um movimento cuja trajetória será uma hélice (A) 4 L sen   2πemgsen   .
cilíndrica até atingir a casca esférica. 2 2
(C) a carga +q continuará na posição de equilíbrio mostrada na figura.
α α
(B) 4 L cos   2πemgcos   .
2 2

280 IME-ITA – Vol. 2


Eletrização e lei de Coulomb FÍSICA III
Assunto 3

q
α α
(C) 4 L sen   2πemgcos   .
2 2

Q θ Q
α α
(D) 4 L cos   2πemgsen   .
2
  2

α α q
(E) 2Lsen   2πemgcos   .
2 2
(A) 30°.
(B) 37°.
08 (IME/CG) Uma carga de massa m localizada no ponto B desloca-se (C) 45°.
momentaneamente com velocidade v para baixo, sem efeito da gravidade, (D) 53°.
sofrendo apenas a interação elétrica com as cargas fixadas nos pontos A (E) 60°.
e C, como mostra a figura. Em função de Q1, Q2, d, v e m, calcule, para a
carga no ponto B: 11 Na figura, três cargas puntiformes podem mover-se vinculadas (sem
atrito) a um aro circular apoiado em um plano horizontal. Duas das cargas
a. o módulo de sua aceleração centrípeta instantânea. têm o mesmo valor q1, e a terceira tem valor q2. Para que as partículas
b. o módulo de sua aceleração tangencial instantânea. permaneçam em equilíbrio como mostrado, deve-se satisfazer a relação:
c. o raio de curvatura instantâneo da sua trajetória.

A B q1
v, m, +Q2
–Q1
5d q2
α
+Q1

C 12d
q1
09 A figura mostra uma carga elétrica de carga q > 0, suspensa por um
fio isolante. Ela está a uma altura h acima do centro de um anel eletrizado
uniformemente com uma carga Q < 0 e de raio R. Sabendo que o anel
está em equilíbrio, determine sua massa. A aceleração da gravidade no
q12 2 (1 − cos α )
3

meio em questão é g. (A) = .


q22 cos2 α

q1 2 (1 − cos α )
3

(B) = .
g q2 cos2 α
q
q12 2 (1 − sen α )
3

(C) = .
q22 sen2 α

q1 2 (1 − sen α )
3
Q
(D) = .
q2 sen2 α
10 Quatro cargas positivas q, Q, q, Q estão ligadas por quatro fios, cada
q12 2 (1 − tan α )
3
um com comprimento L. Sabe-se que Q2 = 8q2. Determine o ângulo θ.
(E) = .
q22 tan2 α

12 Sobre uma placa horizontal de vidro coloca-se um aro circular de


material isolante. Em pontos A e B, diametralmente opostos, fixam-se
com cera corpúsculos eletrizados com cargas q1 e q2 respectivamente.

IME-ITA – Vol. 2 281


FÍSICA III
Assunto 3

Em um ponto qualquer do círculo envolvido pelo aro abandona-se uma Y


pequena esfera eletrizada. Sabendo-se que as três cargas mencionadas
são homônimas, e que a terceira estaciona-se em um ponto C do aro, tal
P1(+Q)
que CÂB = q, determine a razão q1/q2.

(A) sec3 q.
(B) sec2 q.
(C) tan3 q.
(D) tan2 q. P2(+Q) X
(E) cot3 q.

13 Quatro cargas q, Q, q e Q de mesmo sinal estão unidas mediante cinco


fios (não condutores) de comprimento l da maneira mostrada na figura
(Q > q). Determine a força no fio que une as cargas Q. Quatro cargas q, Q,
q e Q de mesmo sinal estão unidas mediante cinco fios (não condutores)
de comprimento l da maneira mostrada na figura (Q > q). Determine a
força no fio que une as cargas Q. Considere a constante eletrostática do
No ponto central da elipse, encontra-se um objeto P2, também com carga
meio igual a K.
+Q. Considere a constante eletrostática do meio igual a K. Determine,
em função do tempo:
Q
a. as equações das componentes de velocidade vx e vy de P1 segundo
q q os eixos X e Y respectivamente;
b. as componentes da força elétrica Fx e Fy em P1 provocada pela interação
entre as cargas de P1 e P2;
c. a equação da componente tangencial da força elétrica em P1 provocada
Q pela interação entre as cargas de P1 e P2.

14 Três partículas de massas 1 g e cargas q cada são suspensas por 17 Um anel de madeira de raio 0,1 3 m se encontra sobre uma mesa
um ponto comum por fios isolantes de comprimentos iguais a 1 m. As horizontal isolante e tem, incrustradas nele, três partículas de carga
partículas, então, permanecem em equilíbrio nos vértices de um triângulo Q = 10 μC. Determine o módulo da força de tração no anel de AA’.
equilátero de lado igual a 1 m, cujo plano em que está contido é horizontal.
Determine o valor do módulo de q. Q+

(A) 10 nC.
(B) 10 µC.
(C) 10 nC. 60°
(D) 10 mC.
(E) 1 nC.
A A’
15 Um pequeno corpo está eletrizado com uma carga +Q. Ele é, então,
dividido em duas partes, de modo que as cargas dessas duas partes
continuam positivas. Determine a carga resultante de cada uma das partes, 60° 60°
de modo que, quando separadas a uma determinada distância, a repulsão
entre elas seja máxima. Q+ Q+

16 (IME-CG) Um objeto P1 com carga +Q move-se sobre um trilho elíptico,


sendo as coordenadas de sua posição dadas pelas seguintes equações:

x = acos(ωt) (A) 5 N.
y = bsen(ωt) (B) 5 3 N.
(C) 10 N.
(D) 15 3 N.
(E) 20 3 N.

282 IME-ITA – Vol. 2


Eletrização e lei de Coulomb FÍSICA III
Assunto 3

18 Uma molécula linear polar pode ser modelada por um dipolo elétrico 20 Uma partícula A com carga elétrica +Q encontra-se fixa ao ponto
de cargas +q e –q dispostas a uma distância microscópica L uma da mais baixo de um aro circular de raio R localizado em um plano vertical.
outra. Admita que uma molécula dessas esteja a uma grande distância d Outra partícula B de carga +Q e massa m encontra-se livre para se mover
de uma carga puntiforme +Q. Sendo K a constante eletrostática do meio, apoiada internamente sobre a superfície lisa desse aro. Sabendo que a
determine a força elétrica resultante agindo sobre essa molécula. Admita gravidade local vale g e a constante eletrostática do meio vale K, determine:
d >> L.

L
– +q
– + + +Q
q
d R

2 KQqL
(A) .
d3 B

KQqL
(B) .
2d 3 A
3 KQqL
(C) . a. a distância entre as partículas A e B na posição de equilíbrio estático
d3 de B.
KQqL b. a força de contato que o aro circular exerce na partícula B nessa
(D) . posição.
3d 3
21 (ITA) Considere um tubo horizontal cilíndrico de comprimento λ,
4 KQqL
(E) . no interior do qual encontram-se respectivamente fixadas em cada
d3 extremidade de sua geratriz inferior as cargas q1 e q2, positivamente
carregadas. Nessa mesma geratriz, em uma posição entre as cargas,
19 Duas cargas puntiformes de mesmo módulo +q encontram-se fixas encontra-se uma pequena esfera em condição de equilíbrio, também
aos pontos A e B da figura abaixo, contida em um plano vertical. Uma positivamente carregada. Assinale a opção com as respostas corretas na
terceira carga –q encontra-se livre para se deslocar ao longo do segmento ordem das seguintes perguntas:
de reta horizontal perfeitamente liso. Verifica-se que essa terceira carga
fica em equilíbrio ao atingir o ponto C tal que o ângulo ACB é reto. Assim, I. Essa posição de equilíbrio é estável?
assinale a opção que apresenta a relação correta entre as distâncias a, b II. Essa posição de equilíbrio seria estável se não houvesse o tubo?
e c na figura: III. Se a esfera fosse negativamente carregada e não houvesse o tubo,
ela estaria em equilíbrio estável?
A +q
(A) Não. Sim. Não.
+q B
(B) Não. Sim. Sim.
(C) Sim. Não. Não.
(D) Sim. Não. Sim.
a (E) Sim. Sim. Não.
b
22 (ITA) Uma carga q ocupa o centro de um hexágono regular de lado d
–q C tendo em cada vértice uma carga idêntica q. Estando todas as sete cargas
interligadas por fios inextensíveis, determine as tensões em cada um deles.
C
23 (IME) Uma partícula A, de carga positiva +Q, está presa a um veículo
(A) a + b = (a + b)c.
2 2 em movimento, cujas coordenadas de sua posição XA e YA, em metros,
(B) a3 + b3 = abc. estão descritas abaixo em função do tempo t, em segundos.
(C) a3 + b3 = 3abc.
(D) ab = (a + b)c. A ( t ) 3 2t + 2 2
X=
(E) 2ab = (a + b)c. YA ( t ) = t 2 + t − 11

IME-ITA – Vol. 2 283


FÍSICA III
Assunto 3

A força elétrica provocada pela interação entre a partícula A e uma partícula


B, de mesma carga, fixada no ponto de coordenadas (XB, YB) = (0,1),
será ortogonal à trajetória do veículo quando o instante t > 0 for igual a:
01 Um condutor descarregado é carregado por contatos repetidos com
(A) 1 s. uma placa. A placa, após cada contato com o condutor, é carregada com
(B) 1/2 s. carga Q de uma fonte externa. Encontre a máxima carga que terá o condutor,
(C) 3/4 s. sabendo que a carga que o condutor adquire após o primeiro contato é q:
(D) 5/8 s.
(E) 1/8 s. (A) Q²/(Q – q).
(B) Qq/(Q – q).
24 Dada a configuração de cargas abaixo, determine a força elétrica (C) q²/(Q – q).
resultante em uma carga Q indicada na figura, sabendo que o lado do (D) Qq/(2Q – q).
cubo vale a. (E) Qq/(Q – 2q).

+q Q 02 Um anel fino de raio R está eletrizado uniformemente com uma carga


elétrica Q. Se no centro de tal anel é colocada uma partícula eletrizada
com uma carga q << Q, determine a variação entre as duas situações
+q da força com que o anel tende a se alargar:
+q
KQq
(A) .
πR 2
–q
–q KQq
(B) .
2πR 2
–q –q
KQq
(C) .
4 πR 2
25 Duas esferas condutoras iguais, de massa m e carga q, estão
penduradas por um fio de seda de comprimento L, como na figura. Na KQq
posição inicial de equilíbrio, a distância entre as partículas vale X0. A seguir, (D) .
descarrega-se uma das esferas, o que faz com que a nova posição de 8πR 2
equilíbrio estabelecida depois de um certo tempo seja X1. Novamente,
KQq
descarrega-se uma das esferas, de modo que a nova posição de equilíbrio (E) .
seja X2. Determine quanto valerá a distância XN de equilíbrio entre as cargas 16πR 2
depois de realizarem-se N operações de descarga de uma das esferas, em
função dos parâmetros do problema, da aceleração da gravidade g e da 03 Um anel metálico se rompe devido à ação das forças elétricas quando
constante eletrostática do meio K. Considere o ângulo α muito pequeno. a carga total que possui é Q. Se um outro anel de mesmo tamanho do
anterior é construído com material com resistência mecânica 10 vezes
maior, com que carga esse novo anel se romperá?

04 Uma pequena partícula carregada está no interior de uma esfera


isolante perfeitamente lisa. O raio da esfera é R, a massa da partícula
L α L carregada é m e sua carga é q. Qual carga deve ter um outro objeto, fixo
α
no fundo da esfera, para que seja capaz de manter a partícula carregada
no extremo superior da esfera em equilíbrio estável? Diz-se que um
corpo se encontra em equilíbrio estável quando, ao sofrer um pequeno
deslocamento da sua posição de equilíbrio, a ela retorna logo depois. A
constante eletrostática do meio é igual a K.
q q

Xn 05 Duas cargas positivas iguais estão separadas por uma distância 2a.
Uma carga de prova puntiforme é colocada em um plano equidistante das
duas primeiras, perpendicular ao segmento de reta que as une. Calcule o
raio r da circunferência nesse plano, centrada no ponto médio do segmento,
que contém os pontos nos quais a força na carga de prova é máxima.

284 IME-ITA – Vol. 2


Eletrização e lei de Coulomb FÍSICA III
Assunto 3

06 (AFA) Três cargas elétricas puntiformes qA, qB e qC estão fixas, Uma carga positiva está presa a um espelho plano. O espelho aproxima-se,
respectivamente, nos vértices A, B e C de um triângulo isósceles, como sem rotação, com velocidade constante paralela ao eixo x, de uma carga
indica a figura abaixo. negativa, pendurada no teto por um fio inextensível. No instante ilustrado
na figura, a carga negativa se move no sentido oposto ao da carga
B positiva, com a mesma velocidade escalar do espelho. Determine, para
esse instante:

Dados:
• ângulo entre o eixo x e o espelho: α;
• ângulo entre o eixo x e o segmento de reta formado pelas cargas: β;
• diferença entre as coordenadas y das cargas: d;
• comprimento do fio: L;
• velocidade escalar do espelho: v;
a a
• módulo das cargas elétricas: Q;
C • massa da carga negativa: m;
A
• constante elétrica do meio: K.
Considerando FA o módulo da força elétrica de interação entre as cargas
a. as componentes x e y do vetor velocidade da imagem da carga negativa
qA e qC; FB o módulo da força elétrica de interação entre as cargas qB e qC
refletida no espelho.
e sabendo-se que a força resultante sobre a carga qC é perpendicular ao
b. as acelerações tangencial e centrípeta da carga negativa.
lado AB e aponta para dentro do triângulo, pode-se afirmar, certamente,
c. as componentes x e y do vetor aceleração da imagem da carga negativa
que a relação entre os valores das cargas elétricas é:
refletida no espelho.

q A + qB 08 Observe a figura abaixo em que uma carga –q encontra-se fixa na


(A) < 0. origem de um sistema cartesiano xy. A uma distância d da referida carga
qC
encontra-se um fio, cuja área de secção transversal é desprezível. Este
q A + qB fio encontra-se carregado com uma carga +Q uniformemente distribuída
(B) > 0. no seu comprimento L.
qC

qA F
(C) 0 < <4 A.
qB FB
L
qA FB –q
++++++++++++++
(D) 0 < < . x
qB FA
+Q
d
07 (IME) Gráfico da função 1/x2 entre x = 1 e x = 5
1
0,9
y 0,8
L
0,7
x
v 0,6

– Q,m 0,5
d
+Q β 0,4
0,3
v 0,2
α
0,1
0
1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
x1 x x2

IME-ITA – Vol. 2 285


FÍSICA III
Assunto 3

1 10 Considere um anel carregado positivamente de forma homogênea.


A figura acima representa o gráfico da função f ( x ) = 2 , cuja área Uma carga negativa (–q, m) está restrita a se mover somente ao longo
x −x x
hachurada entre os pontos x1 e x2 vale 2 1 . Assim, de acordo com os do eixo que passa pelo centro do anel de carga Q e raio a. Sabendo-se
x1 x 2 que se a carga –q é liberada em uma posição x << a, ela descreverá um
dados e supondo a permissividade elétrica do meio igual a ε0, determine M.H.S., cujo período é:
a força eletrostática resultante sobre a carga –q devido à ação do fio de
comprimento L.

09 Observe a figura abaixo, em que as cargas 1 e 2, respectivamente iguais


a +q e –q estão fixas e a haste h, isolante, possui em suas extremidades a
cargas iguais a +q e –q. Considere que as quatro cargas estão sob uma
mesma reta, que só agem forças elétricas e que o conjunto haste +
cargas tem massa igual a m. Nessas condições, a haste é movimentada –q x
de uma distância x horizontalmente, mantendo-se o alinhamento entre as
cargas. Se a permissividade elétrica do meio é ε e x << d, o período do
movimento oscilatório adquirido pela haste é igual a:

d d

1 h 2 (A)
π 4 πe0 ma3
.
+q +q –q –q 4 qQ
l (B)
π 4 πe0 ma3
.
2 qQ
mπed 3 ( d + l ) mπed 3 ( d + l )
3 3

(A) π . (D) 2π . (C)


(
q 2 3d 2 l + 3dl 2 + l 3 ) (
q 2 3d 2 l + 3dl 2 + l 3 ) π
4 πe0 ma3
.
qQ

mπed 3 ( d − l )
3
mπed 3 (D)
(B) 2π . (E) 2π . 4 πe0 ma3
q2 2
( 2
q 3d l + 3dl + l 2 3
) 2π
qQ
.

(E)
mπed 3 4 πe0 ma3
(C) π . 4π .
q2 qQ

286 IME-ITA – Vol. 2


FÍSICA III ASSUNTO

Campo elétrico
4
1. Introdução 2.2 Campo elétrico produzido
Neste capítulo, estudaremos o conceito e a representação das linhas por várias cargas puntiformes
de campo elétrico, detalhando os diversos casos para a sua geração. O campo elétrico será dado pela soma vetorial dos campos elétricos
Iniciaremos estudando o campo elétrico gerado por cargas puntiformes gerados por cada carga puntiforme.
e depois falaremos os casos mais complexos, nos quais introduziremos 
o conceito de superfície gaussiana para evitar o uso de cálculo integral E1
nas deduções das fórmulas.
 
Por fim, veremos a relação que existe entre campo elétrico e força E2 ER    
elétrica, estudada no capítulo anterior. Concluiremos que há uma analogia Q•  ER = E + E2 + E3
1
E3
com a relação entre campo e força gravitacionais.
Repare que neste exemplo, pela
Q2• orientação dos vetores, podemos concluir
2. Campo elétrico que a carga Q1 é positiva, enquanto as

Q3 cargas Q2 e Q3 são negativas.
O campo elétrico é uma propriedade física relativa a pontos do espaço
que estão sob a influência de uma carga elétrica fonte, tal que uma carga
de prova, ao ser colocada em um desses pontos, fica sujeita a uma força
de atração ou de repulsão em relação à carga elétrica que gerou o campo
3. Linhas de força
(carga fonte). O campo elétrico em um determinado ponto do espaço será Também conhecidas como linhas de campo, são linhas imaginárias
representado por meio de um vetor (grandeza vetorial). orientadas que auxiliam na visualização dos campos elétricos de uma certa

Símbolo → E região. A tangente a uma linha de força em um dado ponto nos dá a direção

Unidade no SI: [N/C] (Newton/Coulomb) ou [V/m] (Volt/metro) e o sentido do vetor campo elétrico E nesse ponto.

2.1 Campo elétrico gerado Ex.:


por uma partícula carregada
O vetor campo elétrico terá a direção da reta que liga o ponto do
espaço à carga geradora do campo. Por sua vez, o módulo do campo
elétrico será dado por: + –
 k· Q
E = 2
d

O sentido do vetor campo elétrico dependerá do sinal da carga fonte. carga fonte positiva carga fonte negativa

2.1.1 Partícula com carga positiva


O vetor tem sentido de afastamento da carga fonte.

E (vetor campo elétrico) +Q –Q
ponto qualquer no espaço
par tícula com carga Q

d
+

dipolo elétrico
A quantidade de linhas que partem ou chegam a uma determinada
2.1.2 Partícula com carga negativa carga fonte está diretamente relacionada ao módulo dessa carga, ou seja,
O sentido do vetor aponta para a carga fonte. quanto maior o número de linhas maior será o módulo da carga da partícula.
(vetor campo elétrico) ponto qualquer Além disso, quanto mais concentradas as linhas de força estiverem, maior
 no espaço será a intensidade do campo naquela região.
partícula com carga – Q E

_ d
A B C
• • •

EB > E C > E A
IME-ITA – Vol. 2 287
FÍSICA III
Assunto 4

4. Fluxo do campo elétrico e 



dφ = E ⋅ ndA
lei de Gauss
Até agora, neste assunto, discutimos apenas a geração de campo
elétrico por parte de cargas puntiformes. Como vimos, o campo elétrico Em outras palavras, o fluxo infinitesimal em um certo ponto da
em um dado ponto, gerado por diversas cargas puntiformes, é a soma superfície é o produto escalar do campo elétrico que atravessa a superfície
vetorial dos campos elétricos gerados por cada uma delas. naquele ponto pelo vetor normal à área infinitesimal naquele ponto,
O que acontece, porém, se necessitarmos calcular o campo elétrico multiplicado pela própria área infinitesimal.

gerado por uma distribuição contínua de cargas? Pense, por exemplo,  é, muitas vezes, escrito como dA.
Obs.: O vetor ndA
em uma esfera isolante, uniformemente carregada. Como sabemos, um
corpo isolante possui carga elétrica distribuída ao longo de seu volume. Como esse fluxo infinitesimal é definido por um produto escalar,
Se quiséssemos calcular o campo elétrico gerado por essa distribuição de sabemos que o seu sinal dependerá do cosseno do ângulo entre os
cargas em um ponto no interior dessa esfera, a fórmula do campo elétrico dois vetores, o que é mostrado na figura para três pontos diferentes da
gerado por cargas puntiformes não seria suficiente, dado que uma esfera superfície. Em (1), o resultado é negativo, já que o ângulo é obtuso; em
possui infinitos pontos e logo, no caso, essa esfera carregada possuiria (2), nulo, já que os vetores são perpendiculares; e em (3), positivo, já
infinitas cargas puntiformes. que o ângulo é agudo.
Aprenderemos, então, nesta seção, o conceito da lei de Gauss. Ela Então, para calcularmos o fluxo total do campo elétrico por meio de
funcionará como ferramenta importante no cálculo do campo elétrico todos os pontos dessa superfície, necessitamos somar todos os fluxos
gerado por certas distribuições contínuas de carga. No entanto, para a infinitesimais. Como a superfície é contínua, teremos uma soma de infinitos
entendermos de forma completa, precisamos abordar primeiro a teoria do fluxos, o que significa que teremos de calcular uma integral. Logo, o fluxo
fluxo de um campo elétrico. do campo elétrico pela tal superfície fechada será dado por:

4.1 Fluxo de um campo elétrico 



=
φ ∫ E ⋅ ndA
A

Essa simbologia de integral, diferente da que estamos acostumados a


ver, indica apenas que tal integral está sendo calculada ao longo de todos os
1
pontos de uma superfície fechada de área A, que é o caso do nosso estudo.
3
Vamos analisar o caso de uma região do espaço na qual está presente
um campo elétrico uniforme. Queremos calcular o fluxo desse campo
elétrico em uma superfície cilíndrica fechada, cujo eixo é paralelo a tal
2 campo elétrico. Veja a figura abaixo:


dA 
θ E
n̂dA
  
  θ b E
E dA E
n̂dA θ E
θ a c 
 dA
E 2
3 1
n̂dA
Podemos dividir tal superfície em três partes: as suas duas bases
(“tampas”) e a superfície lateral do cilindro. Logo, o fluxo total será dado
Veja a figura acima. Ela mostra uma certa região do espaço alterada
 por:
pela presença de um campo elétrico E . Nessa região do espaço, há uma
superfície fechada atravessada por esse campo elétrico. Cada ponto total  base da direita  área lateral  base da esquerda
dessa superfície possui um vetor unitário normal à superfície (ou seja,
perpendicular a ela), que denominaremos n . Cada ponto representa uma
quantidade de área infinitesimal dessa superfície, que chamaremos de dA. O que pode ser reescrito da seguinte maneira:
 (perceba que    
Dessa forma, para cada ponto, podemos definir o vetor ndA
o módulo desse vetor passa a ser dA, já que n é unitário, ou seja, possui

∫ E ⋅=
A
ndA ∫
base da direita
( E ⋅ ndA

)+ ∫
área lateral
( E ⋅ ndA

)+ ∫
base da esquerda
( E ⋅ ndA

)

módulo igual a 1). O campo elétrico E atravessa cada área infinitesimal dA
dessa superfície. Dessa forma, podemos associar um fluxo infinitesimal do Trocamos o símbolo da integral pelo fato de as partes da superfície
campo elétrico (que denominaremos dφ ) a cada ponto dessa superfície. não serem mais fechadas.
Esse fluxo infinitesimal é definido por: Perceba que, em toda a superfície lateral, o fluxo do campo elétrico é

nulo, já que todos os vetores dA serão perpendiculares ao campo. Logo:

288 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4


área lateral
(E ⋅=

ndA ) ∫ ( EdA ⋅ cos =
área lateral
90° ) cos 90° ⋅ ∫ (=
EdA)
área lateral
0
Em outras palavras, o fluxo do campo elétrico por meio de qualquer
superfície fechada que engloba uma certa distribuição de cargas geradoras
desse campo depende somente da carga dessa distribuição, interna à
superfície. Ou seja, o fluxo do campo elétrico gerado por essa carga por
Veja que retiramos o cos 90° da integral, por ser uma constante. Esse meio de qualquer superfície que a englobe será sempre o mesmo.
artifício será muito útil neste assunto.
 Mas de que forma isso é útil para nós? Parece que, pelo fato de o
Na base da direita, o fluxo é paralelo a todos os vetores dA, com o fluxo ter em sua fórmula uma integral, não é conveniente utilizarmos esse
mesmo sentido. Logo, o ângulo entre o vetor campo e os vetores das recurso. Porém, ao calcularmos o fluxo do campo elétrico uniforme na
áreas é sempre 0°. Dessa forma: seção anterior, vimos que, de fato, não resolvemos nenhuma integral,
 dadas as condições do problema. Pelo fato de o campo elétrico pelas

∫ E ⋅ ndA
= ( ) ( EdA cos 0°)
∫= ∫ ( EdA) superfícies que consideramos ser constante tanto em módulo quanto

base da direita base da direita base da direita
em direção relativa a todos os vetores dA de cada superfície, pudemos
retirá-lo da integral, restando apenas a integral dos infinitesimais dA de
Como o campo elétrico é constante, podemos retirá-lo da integral. área, cujo resultado é sempre a área total da superfície.
Logo: Então, para calcular o campo elétrico de certa distribuição de cargas
a certa distância dela, utilizando a lei de Gauss, podemos considerar
∫ ( EdA)= E⋅ ∫ ( dA) uma superfície fechada que a englobe e satisfaça esses requisitos. Tais
base da direita base da direita
superfícies serão chamadas de superfícies gaussianas, pelo fato de
serem convenientemente utilizadas para cálculos de campos elétricos. 
A integral resultante significa, geometricamente, a soma de todos as Na maioria dos casos, essas superfícies gaussianas terão vetores dA
áreas infinitesimais da base da direita. Portanto, o seu resultado deve ser paralelos ao campo gerado pelas cargas em todos os seus pontos, o que
a área A total da base da direita. Logo: 
implica que o ângulo entre o vetor campo e o vetor dA sempre será 0°.
 Dessa forma, para essas superfícies, poderemos reescrever a lei de Gauss

base da direita
( E ⋅ ndA

)=
E. ∫
base da direita
( dA) =
E⋅ A da seguinte forma:

 Qint Qint Q
=
Para a base

da esquerda, o ângulo entre o campo elétrico e todos ∫ E ⋅ ndA
A å0
→ ∫ EdA cos0=
A
°
å 0
→ E ∫ dA
A
= int
å0
os vetores dA é 180°. Dessa forma, o cálculo do fluxo nessa base é feito
analogamente ao cálculo para a base da direita, trocando a constante
O que implica, finalmente:
cos 0° por cos 180°, o que resultaria em um sinal de “–”, propriamente
retirado da integral. Como as duas bases têm a mesma área, temos: Qint Q
EA = → E = int
 ε0 Aε 0

base da esquerda
( 
E ⋅ ndA )
=− E ⋅ A
em que A é a área da superfície gaussiana considerada.
Logo, o fluxo total pela superfície considerada é: 1
Substituindo, ainda, ε 0 = , teremos:
4k π
� = EA + 0 − EA = 0
φtotal

Então, para uma superfície cilíndrica fechada atravessada por um 4 k πQint


E=
campo elétrico uniforme paralelo ao seu eixo, o fluxo desse campo será A
nulo.
Isso acontecerá para qualquer superfície fechada que não contiver Vamos, agora, estudar algumas aplicações importantes da lei de
nem fontes de campo elétrico nem sumidouros de campo elétrico, sendo Gauss.
atravessadas por qualquer campo elétrico gerado externamente a ela.
Devemos seguir alguns passos, recorrentes em todas as aplicações,
Agora, em posse do conhecimento do fluxo de um campo elétrico para que possamos calcular de maneira fácil campos elétricos gerados
por meio de uma superfície fechada, podemos discutir e aplicar a lei de por distribuições contínuas de carga.
Gauss para cálculo de campos elétricos de certas distribuições de carga.
1o passo: Escolha da superfície gaussiana conveniente. A superfície
4.2 A lei de Gauss gaussiana a ser escolhida deve conter o ponto no qual se deseja calcular
Considere uma superfície fechada qualquer A, em uma dada região o campo elétrico e possuir simetria em relação à distribuição de cargas,
do espaço. Dentro dessa superfície, há uma distribuição qualquer de para que, ao longo dela,

o campo elétrico tenha módulo e direção com 
cargas, com carga total Qint. Essa distribuição de cargas gera linhas de relação aos vetores dA (de preferência campo paralelo aos vetores dA ).
campo elétrico que atravessam essa superfície, proporcionando um fluxo A simetria, na maioria dos casos, é facilmente perceptível.
de campo elétrico por ela. A lei de Gauss afirma que:
2o passo: Determinação da área da gaussiana escolhida. As gaussianas
 escolhidas sempre estarão a uma distância r genérica do centro da
= Qint
=
φ ∫ E ⋅ ndA e0
distribuição de cargas, já que contêm o ponto no qual se deseja calcular
A o campo elétrico. Com o parâmetro r e outros parâmetros intervenientes,
é possível determinar a área A da superfície gaussiana escolhida.

IME-ITA – Vol. 2 289


FÍSICA III
Assunto 4

3o passo: Determinação da carga interna à gaussiana escolhida. Temos 1o passo: Determinação da superfície gaussiana conveniente.
de calcular a carga interna (Qint) à gaussiana escolhida. Nem sempre ela Perceba que, dividindo o fio em várias cargas infinitesimais, cada carga
é toda a carga disponível e apresentada no problema. infinitesimal terá gaussiana esférica, de raio r, como já vimos. Como as
cargas são infinitesimais, as distâncias entre elas também são, de modo
4 o passo: Determinação do campo elétrico. Com a fórmula que, para uma carga e as suas vizinhas, as superfícies gaussianas de cada
apresentada, tendo calculado Qint e A, podemos determinar o campo uma delas se confudem. Logo, esferas consecutivas têm como interseção
elétrico no ponto desejado. o círculo que corta cada esfera pelo seu centro, ou seja, um círculo de
raio r. Juntando todos os círculos, teremos uma superfície gaussiana
4.2.1 Carga elétrica puntiforme cilíndrica, de raio r, de altura infinita, o que nos mostra que o campo elétrico
Já conhecemos o valor do campo elétrico gerado por uma carga a uma distância r dessa linha deve ser perpendicular à área lateral dessa
puntiforme a uma distância r dela, como visto na seção 2.1. Desejamos casca cilíndrica, e igual em todos os pontos dela, como mostra a figura.
obter o mesmo resultado, aplicando agora a lei de Gauss, a fim de testar
sua validade.
r
1o passo: Escolha da superfície gaussiana conveniente. λ
É natural que o campo elétrico a uma distância r da carga puntiforme,
em qualquer direção relativa à posição da carga puntiforme, tenha o mesmo
valor, o que nos induz a pensar em uma simetria esférica. Logo, a gaussiana
escolhida deve ser uma superfície esférica centrada na carga, de raio r.


P
r 2o passo: Determinação da área da gaussiana escolhida.
Como a gaussiana é infinita, devemos nos restringir a um pedaço de
Q linha de tamanho , para que seja possível algum cálculo, como mostra a
figura anterior. A área dessa gaussiana é a área lateral da casca cilíndrica
considerada. As bases não precisam ser consideradas, já que não são
atravessadas por nenhuma linha de campo. Logo:

A = Ab ⋅ h = 2πr 

2o passo: Determinação da área da gaussiana escolhida. 3o passo: Determinação da carga interna à gaussiana escolhida.
A gaussiana escolhida é uma esfera de raio r. Logo, a sua área é: A carga interna será a carga referente a um tamanho ℓ de linha. Como
o fio tem densidade linear de carga λ:
A = 4 πr 2
Qint = λ
3o passo: Determinação da carga interna à gaussiana escolhida.
É, obviamente, a carga elétrica puntiforme em questão. Logo: 4o passo: Determinação do campo elétrico.
Aplicando a fórmula:
Qint = Q
4 k πQint 4 k πλ 2k λ
=E →
= E →
= E
4o passo: Determinação do campo elétrico. A 2πr  r
Aplicando a fórmula:
Veja a expressão não depende de ℓ. Tal dependência nunca poderia
4 k πQint 4 k πQ kQ acontecer, já que a linha é infinita.
=
E →=
E →=
E
A 4 πr 2 r2
4.2.3 Placa infinita fina condutora uniformemente
que é, de fato, o campo elétrico gerado por uma carga puntiforme. carregada
A distribuição de cargas em questão é uma placa infinita, fina
4.2.2 Linha infinita com densidade linear de carga condutora, com carga uniformemente distribuída. Como a placa é
uniforme condutora, a carga fica uniformemente distribuída nas duas faces da placa.
A densidade superficial de cargas em cada face (carga/área) é σ. Queremos
A distribuição de cargas em questão é uma linha reta infinita, com carga
calcular o campo elétrico a uma distância r da placa, em qualquer direção.
uniformemente distribuída ao longo dela. A densidade linear de cargas na
linha (carga/comprimento) é λ. Queremos calcular o campo elétrico a uma
distância r do fio, em qualquer direção. 1o passo: Determinação da superfície gaussiana conveniente.
É natural que a superfície gaussiana conveniente sejam dois planos
paralelos à placa, ambos à distância r da placa, já que essa é a única
forma de se obter simetria em relação a ela. Da mesma forma que para

290 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4

a linha infinita, devemos escolher uma área finita da gaussiana, para que 4.2.4 Casca esférica fina ou esfera maciça
cálculos sejam possíveis. Dessa forma, vamos escolher círculos de raio condutora de carga Q e raio R
R nessas gaussianas.
+ Em ambos os casos, a carga está distribuída uniformemente na
+ superfície. Logo, dentro das duas distribuições, não há carga nenhuma.
+ +
+ R
1o passo: Determinação da superfície gaussiana conveniente.
+
+ P Obviamente, assim como para a carga puntiforme, a gaussiana
+ + conveniente será uma uma superfície esférica concêntrica à distribuição
+ de cargas, de raio r.
+ ++
+
σ + 2o passo: Determinação da área da gaussiana escolhida.
+
Como é uma superfície esférica de raio r, a área da gaussiana será
+
sempre:
A= 4 πr 2
2o passo: Determinação da área da gaussiana escolhida.
Como existem duas gaussianas, a área total furada pelo campo da
3o passo: Determinação da carga interna à gaussiana escolhida.
gaussiana restrita aos círculos de raio R é:
As três regiões de nosso interesse são a região interna, a superfície
A= 2πR 2 e a região externa. Vamos dividir nossa análise em três.

3o passo: Determinação da carga interna à gaussiana escolhida. I. Região interna (r < R)


A carga interna será a carga restrita a dois círculos pertencentes à Como a região interna não possui carga, nela, nenhuma gaussiana
placa (um de cada lado da placa), de mesmo raio da gaussiana. Logo: conterá carga. Logo:
Qint = 0
Qint = σ ⋅ 2πR 2
Q
4 passo: Determinação do campo elétrico.
o

Aplicando a fórmula: R

4 k πQint 4 k πσ2πR 2
E= →E= → E = 4 k πσ r
A 2πR 2
P
ou:
σ
E=
e0

II. Superfície (r = R)
Se estivéssemos pensando em um plano infinito, sem espessura, ele É consideração universal (boa aproximação) que metade da carga da
teria apenas uma face, com densidade σ. Dessa forma, a carga interna superfície esteja interna à superfície e metade da carga seja externa. Logo,
seria a metade, o que resultaria em: para uma gaussiana na superfície:

σ Q
E= Qint =
2e0 2

Q P (R = r)
Também podemos considerar que, em vez de distribuições de cargas
infinitas, podemos considerar as expressões calculadas para campos R
gerados pelas mesmas distribuições, porém finitas, em pontos muito
próximos delas. As aproximações consideradas nos levariam aos mesmos
resultados.
Perceba que o campo elétrico, nesse caso, não depende da distância
r à placa. Ou seja, é constante.
Essa última expressão é utilizada para cálculo do campo elétrico no
interior de um capacitor plano de placas paralelas, aliada à consideração
de distribuição finita, em pontos próximos. Tal assunto ainda veremos ao
longo do curso.

IME-ITA – Vol. 2 291


FÍSICA III
Assunto 4

III. Região externa (r > R) 3o passo: Determinação da carga interna à gaussiana escolhida.
A gaussiana, agora, englobará toda a distribuição de cargas. Logo, As três regiões de nosso interesse são a região interna, a superfície
sua carga interna é a carga total da distribuição: e a região externa. Vamos dividir nossa análise em três.

Qint = Q I. Região interna (r < R)


Como a esfera é isolante, haverá carga interna à superfície gaussiana.
Q
4 3
P O volume da gaussiana será V= πr .
r
3
Logo, a carga interna será:
4 r3
R
Qint = ρ ⋅ πr 3 = Q 3
3 R

4o passo: Determinação do campo elétrico. r


Como a carga interna difere em cada região, é natural que o campo P
seja diferente em cada região. Aplicando a fórmula:

I. Região interna (r < R):

4 k πQint 4kπ ⋅ 0
=E →
= E →=E 0
A 4 πR 2 II. Superfície (r = R)
A carga interna será a carga total da esfera (não há carga na superfície
II. Superfície (r = R): externa). Logo:
4
4 k πQint 4kπ ⋅ Q 2 kQ Qint = ρ ⋅ πR 3 = Q
=E →
= E →
= E 3
A 4 πR 2 2R 2

Q P (R = r)
III. Região externa (r > R):
R
4 k πQint 4kπ ⋅ Q kQ
=E →
= E 2

= E
A 4 πR R2

Nesse caso, a esfera condutora ou casca esférica podem ser


consideradas equivalentes a uma carga puntiforme igual às suas cargas,
localizada em seu centro.

4.2.5 Esfera maciça isolante de carga Q


uniformemente distribuída e raio R III. Região externa (r > R)
Q A gaussiana, nesse caso, também englobará toda a distribuição de
A esfera possuirá uma distribuição volumétrica de carga ρ = 4 , cargas. Logo, sua carga interna é a carga total da distribuição:
πR 3
3
já que é um corpo isolante. Qint = Q

Q
1o passo: Determinação da superfície gaussiana conveniente.
P
Obviamente, assim como para a carga puntiforme, a gaussiana r
conveniente será uma superfície esférica concêntrica à esfera, de raio r.

2o passo: Determinação da área da gaussiana escolhida. R


Como é uma superfície esférica de raio r, a área da gaussiana será
sempre:
A= 4 πr 2

292 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4

4o passo: Determinação do campo elétrico. Considere agora que, eventualmente, retiramos a carga positiva da
Como a carga interna difere em cada região, é natural que o campo região. Logo, o novo campo elétrico resultante passa a ser apenas o campo
também varie em diferentes regiões. Aplicando a fórmula: elétrico gerado pelas carga negativas, certo?
Matematicamente falando, poderíamos obter esse campo resultante

I. Região interna (r < R): ( )
adicionando à configuração original um vetor oposto − E1 ao vetor campo
4 k πQint 4kπ r 3 kQ ρ
E= → E= Q → E= =
r r elétrico gerado pela carga positiva, que o “cancelaria”, gerando o efeito
A 4 πr 2 R 3 R3 3e 0 esperado, como mostra a figura:

Ou seja, dentro da esfera isolante, o campo elétrico varia linearmente E1


–E1
com a distância ao centro da esfera.
E2
II. Superfície (r = R): ER
Q1
4 k πQint 4 k πQ kQ E3
= E →=
E →=
E
A 4 πR 2 R2 ER
1

Q2
Nesse caso, a esfera isolante pode ser considerada equivalente a uma
carga puntiforme igual à sua carga, localizada em seu centro.
Q3
III. Região externa (r > R):
= 4 k πQint 4kπ ⋅ Q kQ Fisicamente falando, esse vetor poderia ser originado por uma carga
E →
= E →
= E
A 4 πr 2
r2 negativa –Q1 colocada adjacente à carga positiva Q1. Ou seja, a carga
total no ponto em que elas se encontram seria nula. Em outras palavras,
a ausência da carga Q1 causa o mesmo efeito da configuração original
     
Nesse caso, a esfera condutora ou casca esférica pode ser considerada
equivalente a uma carga puntiforme igual às suas cargas, localizada em (
menos a carga Q1: E2 + E3 = E1 + E2 + E3 − E1. )
seu centro. É notório que esse esforço todo não precisa ser realizado caso
estejamos tratando apenas de cargas puntiformes, devido à facilidade
Perceba que, se fizermos r = R na expressão do campo para a região
com que trabalhamos com elas.
interna, obteremos a expressão deduzida para o campo na superfície.
A mesma coisa acontece se repetirmos o procedimento com a expressão Entretanto, esse princípio se torna muito útil quando estamos nos
deduzida para o campo na região externa. Isso deveria acontecer, pois referindo a distribuições contínuas de carga, como vimos na seção 4.
o campo elétrico, para uma distribuição contínua de cargas ao longo Uma das maiores aplicações desse princípio é o exemplo a seguir,
da distância r, que é o caso da esfera isolante, não pode apresentar que tomaremos como suporte para explicação.
descontinuidade, já que a própria distribuição não apresenta. Ou seja, seu Suponha que tenhamos uma esfera isolante, de raio R, uniformemente
gráfico não pode ter saltos. carregada com uma densidade volumétrica de cargas +ρ. Uma cavidade
esférica de diâmetro menor que R é aberta na esfera, com centro a uma
distância a do centro da esfera, como mostra a figura a seguir. Queremos
5. Princípio da superposição determinar campo elétrico em um ponto genérico no interior dessa cavidade.
Agora, aprenderemos uma nova ferramenta para resolução de
problemas para os quais a lei de Gauss não é suficiente.
O princípio da superposição afirma, de maneira simples, que o campo
elétrico presente em uma determinada região do espaço é a soma das
contribuições de campo elétrico presentes naquela região do espaço.
Parece que já sabíamos disso, certo? Conseguimos calcular facilmente
o campo elétrico em um ponto pertencente a uma região do espaço próximo
do qual estão algumas cargas puntiformes usando esse princípio. Basta a
somarmos vetorialmente as contribuições de campo elétrico de cada
carga puntiforme.
No entanto, o que está implícito nesse princípio e, portanto, passa
despercebido por nós, é o fato de que esse princípio também considera
contribuições “negativas” de campo elétrico.
Mas o que seriam essas contribuições “negativas”? Pelo princípio da superposição, o campo elétrico em um ponto no

Suponha que tenhamos três cargas puntiformes, uma positiva (Q1) e interior da cavidade – E – é o mesmo que o campo elétrico gerado pela

duas negativas (Q2 e Q3), como mostrado na seção 2.2. Em um dado ponto esfera no mesmo ponto, caso a esfera fosse inteiramente preenchida – E1
próximo a elas, um campo elétrico resultante é gerado devido à presença –, menos a contribuição de campo das cargas pertencentes ao volume da

delas. Esse campo elétrico é a soma vetorial dos campos elétricos gerados carga esférica – E2 . Dessa forma:
por cada uma das cargas.
  
E= E1 − E2

IME-ITA – Vol. 2 293


FÍSICA III
Assunto 4

Sabemos, pela lei de Gauss, como mostrado na seção 4.2.5, que: Concluímos, com isso, que o vetor campo elétrico no interior da

cavidade é constante (tem sempre a direção e sentido do vetor a que
 ρ
E1 = d liga o centro da esfera ao centro da cavidade, e seu módulo é constante
3e 0 ρ
e igual a E = a).
3e 0
em que d é a distância do ponto genérico da cavidade ao centro da
esfera. 6. Blindagem eletrostática
Na figura a seguir, montamos um sistema de coordenadas, com origem
no centro da esfera, representando a cavidade e o ponto considerado.
(gaiola de Faraday)
Michael Faraday (1791-1867) construiu uma gaiola metálica que era
z mantida sobre suportes isolantes e eletrizada negativamente. Mesmo
quando Faraday entrava na gaiola, ele não sofria choque, pois o campo
elétrico dentro dela era nulo. Faraday demonstrou que os condutores
carregados eletrizam-se apenas na sua superfície externa.

d
r
a y

Considerando d o vetor unitário na direção que liga o centro da esfera


ao ponto, temos:

 ρ 
E1 = dd
3e 0


d  ρ 
Tendo d = : E1 = d
d 3e 0
O princípio da gaiola de Faraday é bastante usado na proteção de
aparelhos eletrônicos contra interferências externas.
Considerando que o ponto apontado esteja a uma distância r do centro Automóveis e aviões também se comportam como uma gaiola de
da cavidade, e que r seja o vetor unitário que liga o centro da cavidade Faraday. Em um dia chuvoso, o melhor lugar para ter proteção contra os
ao ponto, temos, analogamente: raios (exceto os prédios) é dentro de um carro.

 ρ  ρ 
A
=E2 = rr r
3e 0 3e 0

 r
com r = .
r
a
Logo:
   ρ  ρ  ρ  
E = E1 − E2 =
3e 0
d−
3e 0
r=
3e 0
(
d−r )
Da geometria, temos:
      A
d = a+ r →d −r = a

Logo:
 ρ  ρ
=
E a →=
E a
3e 0 3e 0 b

Na figura (a) acima, uma pequena esfera é atraída por um condutor


eletrizado negativamente.

294 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4

Na figura (b), inserimos a pequena esfera dentro de uma gaiola de Solução: Letra A.
Faraday e mesmo com o condutor eletrizado negativamente, a esfera não Como a carga é positiva, a força elétrica sobre ela tem a mesma direção
sofre ação da força eletrostática devido à blindagem exercida pela gaiola e o sentido do campo elétrico, ou seja, vertical para cima.
de Faraday.
02 Duas cargas elétricas de módulos iguais, q, porém de sinais contrários,

geram no ponto O um campo elétrico resultante E. Qual o vetor que melhor
7. Força elétrica representa esse campo elétrico?

Vimos que uma carga puntiforme Q é capaz de gerar campo elétrico  E2
em qualquer ponto ao seu redor. Se em um ponto P qualquer do espaço E1 
colocarmos uma outra carga puntiforme q, sobre este atuará uma força E3
elétrica de atração ou de repulsão, dependendo do sinal das cargas 
envolvidas. Dessa forma, temos: + E4
q
 k. Q  k. Q . q 0
EP = 2 Fe = 
d d2 E5

E (campo elétrico pela


carga q no ponto p)

carga de prova q + Fe (força elétrica


P – q
sobre a carga q)
carga fonte q Solução:
d 
A carga positiva gera um campo “para fora” da carga ( E +), ou seja, para
+ 
a direita, e a carga negativa gera um campo “para dentro” da carga ( E _),
ou seja, para baixo.

Portanto, observamos que existe uma relação de fato entre o campo Como as cargas e as distâncias são iguais em módulo, os vetores E + e

e a força elétrica. Assim, quando uma partícula eletrizada for abandonada E – têm o mesmo módulo. 
em um ponto em que há influência de um campo elétrico, ela sofrerá uma Portanto, o vetor resultante é o E 5.
força elétrica dada por: v 
+ E (+)
  q
Fe = q · E

Por se tratar de um produto entre um vetor e um escalar, a força e o  


E (–) E5
campo elétrico possuem sempre mesma direção e o sentido será contrário
somente quando a carga for negativa.

E
– q
E
Fe
03 (UFRJ) Em dois vértices opostos de um quadrado de lado a estão
fixas duas cargas puntiformes de valores Q e Q’. Essas cargas geram, em
outro vértice P do quadrado, um campo elétrico E, cuja direção e sentido
Fe estão especificados na figura a seguir:
Q P
Obs.: Nota-se uma semelhança clara entre o campo elétrico e o campo
gravitacional, mas nesse último, a força gravitacional que atua em uma 60°
 

massa de prova terá sempre natureza atrativa Fg  m  g .  a
E

Q’
a
01 (PUC-Rio) Uma carga positiva encontra-se em uma região do espaço
em que há um campo elétrico dirigido verticalmente para cima. Podemos Indique os sinais das cargas Q e Q’ e calcule o valor da razão Q/Q’.
afirmar que a força elétrica sobre ela é:
Solução:
(A) para cima. Sabemos que o vetor campo elétrico gerado pela carga Q no ponto
(B) para baixo. P tem direção horizontal, enquanto o campo gerado pela carga Q’ é
(C) horizontal para a direita. vertical, embora não se possa dizer imediatamente seus sentidos.
(D) horizontal para a esquerda. Dessa forma, se fizermos a decomposição do vetor campo elétrico
(E) nula. resultante de P nas direções horizontal e vertical, concluímos que:

IME-ITA – Vol. 2 295


FÍSICA III
Assunto 4
 Solução:
• a componente horizontal deE aponta para a carga Q. Logo, Q é negativa;
• a componente vertical de E aponta para a carga Q’. Logo, Q’ é negativa. Para que o campo elétrico resultante no ponto A seja nulo, os campos
elétricos gerados pelas duas cargas puntiformes devem ter sentidos
opostos e módulos iguais.
k. Q
E1 = = E · cos 60° (I)
a2   k . Q1 k . Q2 4q q d
E1 = E2 ⇒ 2
= 2
⇒ 2 = 2⇒ 1=2
k. Q ' d1 d2 d1 d2 d2
E 2= = E · sen 60° (II)
a2
06
Dividindo as duas equações acima, temos:
y (cm)
Q Q 3
= cot 60º ⇒ = A C
Q' Q' 3 20

04 (PUC-RS) Duas cargas elétricas de valores +Q e +4Q estão fixas


nas posições 3 e 12 sobre um eixo, como indica a figura. B
+Q +4Q 0 40 × (cm)

No vácuo (K0 = 9 ∙ 109 N m2/C2), colocam-se as cargas QA = 48 ∙ 10–6 C e


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 x (m)
QB = 16 ∙ 10–6 C, respectivamente, nos pontos A e B representados acima.
O campo elétrico no ponto C tem módulo igual a:
O campo elétrico resultante dessas cargas será nulo na posição:
(A) 60 ∙ 105 N/C. (D) 45 ∙ 105 N/C.
(A) 3. (D) 6.
(B) 55 ∙ 105 N/C. (E) 40 ∙ 105 N/C.
(B) 4. (E) 7.
(C) 50 ∙ 105 N/C.
(C) 5.
Solução: Letra D.
Solução: Letra D.
 
y (cm) EB E
As cargas positivas geram um campo “para fora”, como na figura abaixo:

(x – 3) (12 – x) 20 
0 3 P 12 A C EA
 
+Q E (+4Q) E (+Q) +4Q x (m)
B
Para o campo elétrico ser nulo, os módulos dos campos elétricos criados 0 40 × (cm)
por essas duas cargas devem ser iguais.
Temos que:
  
E Q  E4 Q E  E A  EB
k· Q k · 4Q E 2  EA2  EB2

( x  3)2 (12  x )2
x  6 m. k  QA 9  109  48  106
EA    27  105 N/C
d 2
A ( 40  102 )2
05 Sabendo-se que o vetor campo elétrico no ponto A é nulo, determine k  QB 9  109  16  106
a relação entre d1 e d2. EB    36  105 N/C
d 2
B ( 20  102 )2

4q A q Logo, E = 45 ∙ 105 N/C.

07 (PUC-SP) Em uma certa região da Terra, nas proximidades da


superfície, a aceleração da gravidade vale 10 m/s2, e o campo eletrostático
do planeta vale 100 N/C, orientado verticalmente para baixo. Determine o
d1 d2 sinal e o valor da carga elétrica que uma bolinha de gude, de massa igual
a 50 g, deveria ter para permanecer suspensa em repouso, acima do solo.

296 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4

a. a distribuição de cargas sobre a casca condutora.


b. o campo elétrico nos pontos fora da casca condutora.
c. o campo elétrico na região entre o cilindro e a casca.
d. o campo elétrico dentro do cilindro.

Solução:
a. As cargas elétricas do cilindro (+q) ficam distribuídas em sua
Considere o campo elétrico praticamente uniforme no local e despreze superfície externa, uma vez que se trata de um material condutor. Tais
qualquer outra força atuando sobre a bolinha. cargas induzirão as cargas da casca cilíndrica.

Solução: Dessa forma, uma quantidade de carga –q será induzida, ficando assim
A primeira força que atua na partícula é a força peso, na vertical para baixo. na parte interna da casca, enquanto o restante das cargas da casca
Para que a bolinha fique em equilíbrio, a força eletrostática gerada pelo (–q também) ficarão distribuídas na parte externa.
campo elétrico da Terra deve estar na vertical para cima e ter o mesmo
módulo da força peso. b. Usando a lei de Gauss para um ponto fora da casca e distando r do
Fe  P  q · E  m · g centro do sistema, temos:
q · 100  50 · 103 · 10 E · ASG = 4 · π · k · |QINT|
3
q  5 · 10 C
A superfície gaussiana, neste problema, será um cilindro de raio r e
comprimento L.
Como o campo elétrico da Terra está orientado para baixo e a força
eletrostática deve estar para cima, a carga é negativa. 2· k ·q
E · (2 · π · r · L) = 4 · π · k · |–q| ⇒ E = ⇒ E =
Logo, q = –5 ∙ 10–3 C. q r·L
= (apontando para o centro).
2 · π · e0 · r · L
08 (UFPE) Uma gota de óleo, de massa m = 1 mg e carga q = 2 · 10–7 C,
é solta em uma região de campo elétrico uniforme E, conforme mostra c. Usando a lei de Gauss para um ponto na região pedida e distando r
a figura a seguir. Mesmo sob o efeito da gravidade, a gota move-se para do centro do sistema, temos:
cima, com uma aceleração de 1 m/s2. Determine o módulo do campo E · Asg = 4 · π · k · |QINT |
elétrico. Considere g = 10 m/s2. 2· k ·q
E · (2 · π · r · L) = 4 · π · k · |+q| ⇒ E = ⇒E=
r·L
q
= (dirigido para fora).
2 · π · e0 · r · L
d. Usando a lei de Gauss para um ponto dentro do cilindro e distando r
do centro do sistema, temos:

E · ASG = 4 · π · k · |QINT|
E Como a carga interna à superfície gaussiana é nula, temos E = 0.
Solução:
Por possuir carga positiva, a gota sofrerá, além da força peso dirigida para
baixo, uma força elétrica no mesmo sentido do campo elétrico. Como o 10 (ITA) Em uma impressora a jato de tinta, gotas de certo tamanho são
seu movimento é acelerado, temos: ejetadas de um pulverizador em movimento, passam por uma unidade
eletrostática em que perdem alguns elétrons, adquirindo uma carga q, e, a
FRes = FE – P
seguir, se deslocam no espaço entre placas planas paralelas eletricamente
m · a = |q| · E – m · g ⇒
carregadas, pouco antes da impressão. Considere gotas de raio igual a
10 mm lançadas com velocidade de módulo v = 20 m/s entre placas
m · ( a + g) 1· 10−6 · (1 + 10)
=E = ⇒ E = 55 N/C. de comprimento igual a 2,0 cm, no interior das quais existe um campo
q 2 · 10−7 elétrico vertical uniforme, cujo módulo é E = 8,0 · 104 N/C (veja a figura).
Considerando que a densidade da gota seja de 1.000 kg/m3 e sabendo que
09 Um cilindro condutor muito longo (comprimento L), carregando uma esta sofre um desvio de 0,30 mm ao atingir o final do percurso, determine
carga total Q1 = +q, é envolvido por uma casca cilíndrica condutora o módulo da sua carga elétrica. Considere π = 3.
(também de comprimento L) com carga total Q2 = –2q, como é mostrado
em seção transversal na figura. Use a lei de Gauss para determinar:

E
v
0,30 mm

R1
R2
Q1 2,0 cm
Q2

IME-ITA – Vol. 2 297


FÍSICA III
Assunto 4

Solução: 04 (ITA) Três cargas, q1 e q2, iguais e positivas, e q3, estão dispostas
Notamos que a gota sofre um desvio para baixo graças à existência de conforme a figura:
um campo elétrico uniforme. Assim, como a força elétrica tem o mesmo
sentido do campo, conclui-se que a gota tem carga elétrica positiva. Y

Além disso, desconsiderando o efeito gravitacional sobre a gota, a única 8 +q2


força sofrida por ela será a força elétrica. Portanto, na direção horizontal
temos movimento uniforme:
2 · 10−2
= x v x · t ⇒= t = 1· 10−3 s +q1
20 4
Na direção vertical, temos uma situação de queda livre:

a · t2 2 · (0,3 · 10−3 ) +q3


=
y ⇒=
a = 6 · 102 m s2
2 (1· 10−3 )2
0 3 5 6 x
Ainda na vertical, sabemos que: FRES = FE
4 Calcule a relação entre q3 e q1, para que o campo elétrico na origem do
(1· 103 ) · · π · (10 · 10−6 )3 · 6 · 102 sistema seja paralelo a y.
d ·V · a 3
m·=a q · E ⇒ q= =
E 8 · 104
(A) –5/4.
⇒ q = 3 · 10–14 C
(B) 4/5.
(C) 4/3.
(D) –3/4.
(E) –3/2.

01 (MACKENZIE-SP) A intensidade do campo elétrico em um ponto 05 Nos vértices de um triângulo retângulo isósceles, inscrito em uma
situado a 3,0 mm de uma carga elétrica puntiforme Q igual a 2,7 μC no circunferência de raio R, são colocadas três cargas pontuais, como mostra
vácuo (K = 9,0 · 109 N · m2/C2) é: a figura a seguir.

(A) 2,7 · 103 N/C. +Q


(B) 8,1 · 103 N/C.
(C) 2,7 · 106 N/C.
(D) 8,1 · 106 N/C.
(E) 2,7 · 109 N/C. R

02 Uma par tícula com massa de 5,0 · 10 –7 g e carga elétrica de –Q O +Q


+8,0 · 10–10 C é lançada em um campo elétrico uniforme de intensidade
E = 5,0 N/C. Qual a aceleração que esse campo determina na partícula?

03 Nos vértices agudos de um triângulo retângulo, são colocadas duas


partículas eletrizadas, A e B, com cargas QA = –7,2 μC e QB = –9,6 μC.
A situação descrita é representada na figura a seguir, em que encontramos Determine a posição e o valor de uma quarta carga positiva, em termos
os dados complementares. Determine: de Q, que deverá ser colocada sobre a linha da circunferência para que o
campo elétrico no centro dela seja nulo.
Dado: constante eletrostática do meio = 1010 (SI)
06 Quando um campo elétrico passa de um meio para outro, este em
C geral muda de direção e intensidade de acordo com uma espécie de
“lei de Snell”. Em analogia, a permissividade elétrica do meio corresponde
ao índice de refração, enquanto o seno do ângulo de incidência e de refração
é substituído pelas componentes perpendiculares dos campos elétricos à
3,0 m 4,0 m
fronteira de separação dos meios. Levando isso em consideração e que,

na situação mostrada na figura, ε2 = 5ε1, o módulo de E2 , em função de

QA QB E1 = E1 e de θ, é igual a:
– –
A B

a. a intensidade do campo elétrico resultante em C;


b. o módulo da força resultante que esse campo aplicaria em uma carga
de prova de +2 μC, se esta fosse colocada no ponto C.

298 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4

2    
=(D) E mv0 d  e  mL +   .
  2 


E1
2    
=(E) E mv0 d  e  mL −   .
  2 
q

08 Um elétron se move livremente ao longo de um tubo metálico com


2q
área de seção transversal variando, conforme mostrado na figura. Explique
e1 e2 a mudança da intensidade da velocidade do ponto A para o ponto B.



E2

E1 sen θ
(A) .
5sen2θ

5 E1 cos θ
(B) .
sen2θ 09 No interior de uma esfera metálica oca, isolada, de raio interno
60 cm e externo 80 cm e eletrizada com carga Q = +8 μC, é colocada,
E1 cos θ concentricamente a ela, outra esfera condutora, de 20 cm de raio, eletrizada
(C) .
5cos2θ com carga q = –4 μC. Determine o módulo do campo elétrico:
5 E sen θ a. em um ponto A distante 40 cm do centro das esferas;
(D) 1

.
cos2θ b. em um ponto B distante 70 cm do centro das esferas;
c. em um ponto C, externo à esfera maior, distante 100 cm do centro
5 E1 cos θ das esferas.
(E) .
cos2θ
10 Na figura abaixo, uma pequena esfera, não condutora, de massa
07 (ITA) Duas placas planas e paralelas de comprimento ℓ estão m = 1,0 mg e carga q = 2,0 · 10–8 C uniformemente distribuída, está
carregadas e servem como controladoras de elétrons em um tubo de suspensa de um fio isolante, que faz um ângulo θ = 30°C com uma
raios catódicos. A distância das placas até a tela do tubo é L. Um feixe de chapa não condutora, vertical, uniformemente carregada. Supondo a
elétrons de massa m penetra entre as placas com uma velocidade v0, como chapa suficientemente extensa, calcule a densidade superficial de carga
mostra a figura. Qual é o campo elétrico entre as placas se o deslocamento da chapa.
do feixe da tela do tubo é igual a d?
+
l L +
+
+
+
V0
+
θ
+ + + + +
d
+
+

2    
=(A) E mv0 d  e  L −   . +
  2 
+
2     +
=
(B) E mv0  e  L +   .
  2 

2    
=(C) E mv0 d  e  L +   .
  2 

IME-ITA – Vol. 2 299


FÍSICA III
Assunto 4

11 (ITA) Um fio de densidade linear de carga positiva atravessa três (A) 0.3
superfícies fechadas A, B e C, de formas respectivamente cilíndrica, 0.2
esférica e cúbica, como mostra a figura. Sabe-se que A tem comprimento 0.2
L = diâmetro de B = comprimento de um lado de C e que o raio da base 0

x
de A é a metade do raio da esfera B. –0.1
–0.2
A B c –0.3
λ 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
t

(B) 0.3
0.2
L
0.2
0

x
Sobre o fluxo do campo elétrico, através de cada superfície fechada, –0.1
pode-se concluir que: –0.2
–0.3
(A) φ A =φ B =φC . 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
t
(B) φ A > φ B > φC .
(C) φ A < φ B < φC . (C) 0.3
0.2
(D) φ A 2 =φ B =φC .
0.2
(E) φ A =2φ B =φC . 0

x
–0.1
12 (ITA) Uma carga pontual P é mostrada na figura adiante com duas –0.2
superfícies gaussianas A e B, de raios a e b = 2a, respectivamente. Sobre –0.3
o fluxo elétrico que passa pelas superfícies de áreas A e B, pode-se concluir 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
t
que:
(D) 0.3
0.2
A=4πb 2

0.2
b
0
x

a –0.1
P –0.2
–0.3
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
t
B=4πb2
(E) 0.3
0.2
(A) o fluxo elétrico que atravessa a área B é duas vezes maior que o fluxo
que passa pela área A. 0.2

(B) o fluxo elétrico que atravessa a área B é a metade do fluxo que passa 0
x

–0.1
pela área A.
–0.2
(C) o fluxo elétrico que atravessa a área B é um quarto do fluxo que passa
–0.3
pela área A. 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
(D) o fluxo elétrico que atravessa a área B é quatro vezes maior que o fluxo t

que passa pela área A.


(E) o fluxo elétrico que atravessa a área B é igual ao fluxo que atravessa 14 (IME)
a área A.

13 (ITA) Uma partícula carregada negativamente está se movendo na


direção +x quando entra em um campo elétrico uniforme atuando nessa
mesma direção e sentido. Considerando que sua posição em t = 0 s é
x = 0 m, qual gráfico representa melhor a posição da partícula como
função do tempo durante o primeiro segundo?
E

300 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4

A figura acima apresenta um pêndulo simples constituído por um corpo 02 (CESGRANRIO) Um sistema tridimensional de coordenadas
de massa 4 g e carga +50 μC e um fio inextensível de 1 m. Esse sistema ortogonais, graduadas em metros, encontra-se em um meio cuja constante

se encontra sob a ação de um campo elétrico E de 128 kN/C, indicado eletrostática é 1,3 · 109 Nm2/C2. Nesse meio, há apenas três cargas
na figura. Considerando que o pêndulo oscile com amplitude pequena e positivas puntiformes, Q1, Q2 e Q3, todas com carga igual a 1,44 · 10–4 C.
que o campo gravitacional seja desprezível, o período de oscilação, em Essas cargas estão fixas, respectivamente, nos pontos (0, b, c), (a, 0, c)
segundos, é: e (a, b, 0). Os números a, b e c (c < a < b) são as raízes da equação
x3 – 19x2 + 96x – 144 = 0. O vetor campo elétrico resultante no ponto
π (a, b, c) é paralelo ao vetor:
(A) .
20
(A) (1, 5, 9).
π
(B) . (B) (5, 19, 16).
10 (C) (5, 12, 13).
π (D) (9, 16, 1).
(C) .
5 (E) (9, 1, 16).

(D) .
5 03 A figura mostra as linhas de força para o sistema isolado por duas
cargas pontuais q1 e q2. Medidos em unidades de 10–19 Coulombs, dois

(E) . possíveis valores para q1 e q2 são, respectivamente:
5

15 Uma casca esférica isolante, de raio interno R1 e raio externo R2,


conforme mostra a figura, é eletrizada uniformemente. O gráfico que melhor
representa a variação da intensidade do vetor campo elétrico E ao longo
de uma direção radial r é:
q1 q2

R2
R1

(A) E (A) 2 e –1.


(B) 4 e –2.
r (C) –32 e 8.
(D) 64 e –8.
(B) E
(E) 96 e –24.
r
04 Dois fios mutuamente perpendiculares com densidades lineares de
(C) E carga λ1 e λ2 estão representados na figura abaixo. Entre várias linhas de
r força que representam os campos elétricos, há a linha π que passa pelo
ponto de interseção dos fios. Determine o valor do ângulo α em função
(D) E de λ1 e λ2.
r
π
(E) E

r
λ1

α
x
λ2
01 (UFC) Duas partículas carregadas, uma com massa M e carga +Q
e a outra com massa m e carga –q, são colocadas em uma região onde
existe um campo elétrico constante e uniforme E. Depois que as partículas
são soltas, observa-se que a distância L entre elas permanece constante.
Sendo K a constante eletrostática do meio, ache uma expressão para a
distância L em função de K, E, q, Q, m e M.

IME-ITA – Vol. 2 301


FÍSICA III
Assunto 4

05 As linhas de força numa certa seção de um campo têm o formato de Figura 2


arcos de círculos com centro no ponto O. Com relação à intensidade do
+Q
campo elétrico, podemos afirmar que:
acima da
D placa

D
abaixo da
placa
–Q

figura 3
O
+Q
(A) é inversamente proporcional à distância ao ponto O.
D D
(B) é inversamente proporcional ao quadrado da distância ao ponto O. o A
(C) é inversamente proporcional ao cubo da distância ao ponto O.
(D) é diretamente proporcional ao quadrado da distância ao ponto O.
(E) não varia com a distância ao ponto O.

06 Uma esfera de massa m e carga +q está suspensa por um fio


delgado, isolante, de comprimento l, dentro de um capacitor plano, com a. Determine a intensidade da força F, em N, que age sobre a carga +Q,
as placas formando um ângulo β com a horizontal. Determine o período devida às cargas induzidas na placa.
das pequenas oscilações e o ângulo α que o fio forma com a vertical no b. Determine a intensidade do campo elétrico E0, em V/m, que as cargas
equilíbrio. Considere g a aceleração da gravidade e E o módulo do campo negativas induzidas na placa criam no ponto onde se encontra a
elétrico uniforme entre as placas do capacitor. carga +Q.
c. Represente, no diagrama da figura 3, no ponto A, os vetores campo
elétrico E+ e E–, causados, respectivamente, pela carga +Q e pelas
cargas induzidas na placa, bem como o campo resultante, EA. O ponto
+
A está a uma distância D do ponto O da figura e muito próximo à placa,
mas acima dela.
α d. Determine a intensidade do campo elétrico resultante EA, em V/m, no
ponto A.

β 09 Um corpo de massa m e carga q está suspenso por um fio de


– comprimento l. A uma distância h abaixo do mesmo encontra-se uma lâmina
metálica infinita. Determine o período das pequenas oscilações desse corpo,
considerando que a permissividade elétrica do meio é igual a ε0.

07 Três cargas positivas iguais a q localizam-se nos vértices de um


triângulo equilátero. Os lados do triângulo são iguais a a. Encontre a l
intensidade do campo no vértice de um tetraedro regular que tenha como
base esse triângulo. A constante eletrostática do meio vale K.
m
08 (FUVEST-SP) Uma pequena esfera, com carga elétrica positiva
Q = 1,5 · 10–9 C, está a uma altura D = 0,05 m acima da superfície h
de uma grande placa condutora, ligada à Terra, induzindo sobre essa
superfície cargas negativas, como na figura 1. O conjunto dessas cargas
estabelece um campo elétrico que é idêntico, apenas na parte do espaço
10 Considere o dipolo elétrico abaixo. Mostre que o módulo do campo
acima da placa, ao campo gerado por uma carga +Q e uma carga –Q,
elétrico no ponto P a uma distância r do centro dipolo é dado por:
como se fosse uma “imagem” de Q que estivesse colocada na posição
representada na figura 2. P

figura 1
+Q r

D D
θ
o A
–q +q
l

302 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4

14 (ITA) Uma esfera condutora de raio R possui no seu interior duas


p cavidades esféricas, de raio a e b, respectivamente, conforme mostra a
=E 4cos2 θ + sen2 θ
4 πe0 r 3 figura. No centro de uma cavidade há uma carga puntual qa e no centro
da outra, uma carga também puntual qb, cada qual distando do centro da
Dados: esfera condutora de x e y, respectivamente. É correto afirmar que:
p = ql
ε0: permissividade elétrica do meio
r >> l
qa qb
11 Considere a distribuição de cargas elétricas representada na figura θ
a b
formada por três esferas pequenas e outra maior. A densidade de carga x y
elétrica nas várias regiões do espaço está indicada na figura, sendo p uma
constante. O raio da esfera maior é R e o de cada uma das esferas menores
é R’. Determine o campo elétrico no centro da esfera maior e no centro de
cada uma das esferas menores. A permissividade elétrica do meio é ε0.

(A) a força entre as cargas qae qb é k0qaqb/(x2 + y2 – 2xy cosq).


p (B) a força entre as cargas qa e qb é nula.
R (C) não é possível determinar a força entre as cargas, pois não há dados
2p
suficientes.
(D) se nas proximidades do condutor houvesse uma terceira carga, qc,
p esta não sentiria força alguma.
p R’ (E) se nas proximidades do condutor houvesse uma terceira carga, qc, a
força entre qa e qb seria alterada.
2p 15 (SARAEVA) Uma carga puntiforme q foi colocada simetricamente a
2p
uma distância a, sobre um plano quadrangular α de aresta 2a. Determine
p o fluxo elétrico sobre esse plano.
q
a
12 Duas partículas com cargas q = +10 μC cada são abandonadas
como mostra a figura. A distância que as separa quando a velocidade de
uma delas começa a diminuir é igual a: a 2a
2a
E = 104 N/C
16 Uma partícula de massa m dotada de carga elétrica q > 0 está
sujeita à ação conjunta da gravidade g e de um campo elétrico horizontal
de módulo E. Ela é projetada com velocidade v no plano dos campos,
+q +q formando um ângulo θ com a horizontal. Supondo que o campo elétrico
30 cm esteja no mesmo sentido da componente horizontal da velocidade inicial
da partícula, determine:

a. o alcance (distância horizontal percorrida).


b. o valor de θ que torna o alcance máximo.
(A) 1 m
(B) 1,3 m 17 (IME)
(C) 2 m fonte de luz
(D) 3 m
(E) 3,3 m v
E
13 Uma esfera isolante está eletrizada uniformemente em todo o seu
volume com 800 pC. É extraída, então, da esfera uma porção concêntrica d
cujo raio é a metade do raio da esfera. Considerando K = 9 · 109 (SI), a
variação da força elétrica sobre uma partícula fixa a uma distância de 3 2v
m do centro da esfera é igual a:
+q,m
(A) 1 pN d
(B) 10 pN
(C) 100 pN
(D) 0,1 pN
(E) 0,01 pN anteparo x
x=0

IME-ITA – Vol. 2 303


FÍSICA III
Assunto 4

A figura apresenta uma fonte de luz e um objeto com carga +q e massa m 20 (IME)
que penetram numa região sujeita a um campo elétrico E uniforme e sem
a influência da força da gravidade. No instante t = 0, suas velocidades + + + ++ + ++ + + + ++ + + ++ + + + + +
horizontais iniciais são v e 2v, respectivamente. Determine:

(A) o instante t em que o objeto se choca com o anteparo.


(B) a equação da posição da sombra do objeto no anteparo em função +Q m
Z
do tempo. Y
(C) a velocidade máxima da sombra do objeto no anteparo.
(D) a equação da velocidade da sombra do objeto no anteparo em função
do tempo caso o campo elétrico esteja agindo horizontalmente da X
esquerda para a direita.

18 (IME) Uma partícula de carga q e massa m está sujeita a dois campos – – – – – – – – – – – – – – – – – – –


elétricos ortogonais Ex(t) e Ey(t), dados pelas seguintes equações:
Um capacitor de placas paralelas carregado gera um campo elétrico
Ex(t) = 5 sen(2t) constante em seu interior. Num instante inicial, uma partícula de massa m
Ey(t) = 12 cos(2t) e carga +Q, localizada no interior do capacitor, é liberada com velocidade
nula. Neste mesmo instante, o capacitor começa a girar com velocidade
Sabe-se que a trajetória da partícula constitui uma elipse. A velocidade angular constante ω em torno do eixo z. Enquanto estiver no interior do
escalar máxima atingida pela partícula é: capacitor e antes de colidir com uma das placas, a trajetória da carga
será uma:
5 q 13 q
(A) . (D) . Obs.: Desconsidere as ações dos campos magnético e gravitacional.
2 m 2 m

q (A) superposição de um movimento circular uniforme com um movimento


q
(B) 5 . (E) 13 . uniforme no eixo Y.
m m
(B) superposição de um movimento circular uniforme com um movimento
q uniforme no eixo X.
(C) 6 . (C) elipse, não se constituindo uma circunferência.
m
(D) circunferência.
(E) parábola.
19 (IME) Uma partícula de carga +Q e massa m move-se pelo espaço
presa a um carrinho. Esse movimento é regido pelas seguintes equações
21 Em uma esfera isolante de raio R e densidade volumétrica de carga
de posição nos três eixos, para k, ω1 e ω2 constantes:
p foi feita uma cavidade esférica de diâmetro R que tangencia a esfera
k k isolante. Dentro dessa cavidade, é inserido um relógio de pêndulo carregado
(t )
x= sen ( w1t ) − sen ( w2t ) eletricamente, o que faz com que adiante dois segundos a cada segundo.
w1 w2
Sabe-se que a massa do pêndulo do relógio é m, a gravidade local é g e
k k a permissividade elétrica no interior da cavidade é ε. Qual a carga elétrica
(t )
y= cos ( w1t ) + cos ( w2t )
w1 w2 da esfera?
4k  w + w2 
z (t ) = sen  1 t 22 Na figura, um corpúsculo eletrizado, de massa de 300 g e carga –2μC,
w1 + w2  2  é abandonado do repouso no ponto A, sobre uma superfície lisa de um
hemisfério fixo do solo, numa região sujeita a um campo elétrico uniforme
Durante todo o movimento, um campo elétrico atua na partícula, o que E de intensidade 106 N/C, e sujeita a um campo gravitacional uniforme,
provoca uma força que tende a arrancá-la do carrinho. de intensidade 10 m/s2. O corpo começa então a deslizar e perde contato
com o hemisfério:
Dado: coordenadas nos três eixos do campo elétrico: (0, 0, E).
A
E (horizontal)
Portanto:
g = 10 m/s
2
a. mostre que a partícula se move com velocidade escalar constante; C B
b. determine os instantes em que a força provocada pelo campo elétrico
na partícula é ortogonal à sua trajetória;
c. determine as equações dos vetores aceleração tangencial e aceleração θ α
normal decompostos nos três eixos;

d. supondo que em t x = a partícula se solte do carrinho,
w1 + w2
determine as acelerações normal e tangencial da par tícula (A) no ponto B, com senα = 12/13.
imediatamente após tx. (B) no ponto B, com senα = 5/13.
(C) no ponto B, com senα = 3/5.
(D) no ponto C, com senθ = 3/5.
(E) no ponto C, com senθ = 5/13.

304 IME-ITA – Vol. 2


Campo elétrico FÍSICA III
Assunto 4

Dados:
• módulo do campo elétrico do plano XY: E;
• massa do elétron: m;
01 Considere dois anéis de raio r e carregados com a mesma densidade • carga do elétron: –q;
linear de carga λ, dispostos coaxialmente, com uma distância 2d entre os • velocidade escalar do canhão e velocidade de saída do feixe: v.
mesmos. No ponto médio entre os centros dos dois anéis, coloca-se uma
carga positiva +q com uma massa m, permanecendo em equilíbrio. Nessa 03 Determine o período das pequenas oscilações de uma molécula polar
condição, a posição da carga +q é alterada de uma distância x << d ao em um campo elétrico homogêneo, cuja intensidade é E. A molécula polar
longo da reta que passa pelos centros. Sendo a constante eletrostática K, pode ser apresentada como um haltere de comprimento λ, nos extremos
mostre que o movimento da carga é harmônico simples. Se d = r, calcule do qual se encontram massas pontuais iguais m, portadoras de carga +q
o período desse MHS. e –q correspondentemente.

02 (IME) 04 Uma lâmina metálica retangular, com lados a e b, tem espessura que
pode ser considerada desprezível com relação a a e b. A uma distância d
Y do centro da lâmina, em uma reta perpendicular à lâmina que passa por
ele, coloca-se uma carga pontual +Q. A distância d também é muito menor
–q, m que a e b. O sistema encontra-se no vácuo. Considere, nessa questão, a
permissividade elétrica do vácuo igual a ε0.
v
v a. Considerando-se a placa inicialmente descarregada e valendo-se do
método da carga-imagem, determine a força que as cargas induzidas
na placa realizam sobre a carga +Q.
b. Carregando-se, agora, a placa com uma carga +q, e sabendo que
o efeito das cargas de indução explicitado no item a coexiste com a
E carga +q, determine o valor mínimo da razão Q/q para que a carga
+Q seja atraída pela lâmina, em função dos dados do problema.
(0,0) X
05 Prove que é impossível produzir um campo elétrico no qual todas
as linhas de força devem ser linhas retas paralelas, com a densidade
situação 1 aumentando constantemente na direção perpendicular às linhas de força,
como mostra a figura abaixo.
Y

v
v
–q, m

E
06 Duas esferas de raios R com densidades uniformes +ρ e –ρ,
respectivamente, estão localizadas de tal forma que existe
 uma interseção
(0,0) X
parcial entre elas, como mostrado na figura. Seja d o vetor ligando os
centros das esferas e d o seu módulo. Considerando a permissividade
elétrica do meio igual a ε0, determine o campo elétrico na região em comum.
Situação 2

Um canhão movimenta-se com velocidade constante ao longo do eixo


Y de um sistema de coordenadas e dispara continuamente um feixe de
elétrons com vetor velocidade inicial constante e paralelo ao eixo X. Ao
deixar o canhão, o feixe de elétrons passa a sofrer exclusivamente a ação

do campo elétrico indicado nas duas situações das figuras. d

a. Na situação 1, sabendo que, em t = 0, o canhão está em y = y0, +


determine a equação da curva de y em função de x e t do feixe de
elétrons que é observada momentaneamente no instante t, resultante
do disparo contínuo de elétrons.
b. Na situação 1, determine a máxima coordenada y da curva observada
no instante t.
c. Repita o item “a” para o campo elétrico em conformidade com a situação
2, determinando a equação da curva de x em função de y e t.

IME-ITA – Vol. 2 305


FÍSICA III
Assunto 4

07 Determine a intensidade do campo elétrico de um segmento esférico 2 2R


de raio r, carregado uniformemente, no centro da esfera de raio R, da
qual foi cortado. A densidade superficial de carga é σ e a permissividade
elétrica do meio é ε0.

R Q 2R
r

E
r

Q
(A) .
e0
08 Duas cargas puntiformes +q e –q estão separadas por uma distância Q
2l. No ponto médio do segmento de reta que une as duas cargas e (B) .
perpendicularmente a ele, existe um círculo de raio R. Determine o fluxo 2e0
elétrico através desse círculo. Considere a permissividade elétrica do meio Q
(C) .
igual a ε0. 3e 0
Q
(D) .
4e0
R
Q
(E) .
5e 0
+q –q
l l
10 Considere uma semicircunferência de raio R com carga ao longo de seu
comprimento. No centro dessa semicircunferência, uma carga puntiforme
q com massa m está em equilíbrio sujeita apenas à força elétrica e ao seu
09 Uma carga puntiforme +q está localizada no ponto médio do eixo de peso. Qual o valor da densidade linear de carga da semicircunferência?
um cilindro de altura h = 2R e raio da base r = 2 2 R. Considerando a Considere a gravidade g e a permissividade elétrica do meio ε0.
permissividade elétrica do meio igual a ε0, determine o fluxo elétrico através
da superfície lateral desse cilindro.

306 IME-ITA – Vol. 2


FÍSICA IV ASSUNTO

Lentes
3
1. Definição Nomenclatura:
A → ponto antiprincipal objeto.
Qualquer meio homogêneo limitado por duas superfícies esféricas A’→ ponto antiprincipal imagem.
ou uma esférica e outra plana. F → foco objeto.
F’ → foco imagem.
2. Classificação C → centro óptico.
= ' C f → distância focal.
FC F=
Borda fina Borda espessa
3.2 Raios particulares
Biconvexa Bicôncava convergente

Plano-convexa Plano-côncava

Côncavo-convexa Convexo-côncava A F C F’ A’

nL > nmeio Convergente Divergente


nL < nmeio Divergente Convergente

Obs.: A lente é chamada de côncavo-convexa quando o raio da face


côncava é maior que o da face convexa. divergente

raio da face côncava

raio da face convexa A F C F’ A’

3. Lentes delgadas
Lentes esféricas cuja espessura é pequena comparada com os raios
de curvatura:
3.3 Eixo secundário e plano focal
convergente
eixo secundário
divergente F’’

3.1 Elementos
convergente divergente
F F’
F’’ → foco secundário

A F C F’ A’ A’ F’ C F A
plano focal

IME-ITA – Vol. 2 307


FÍSICA IV
Assunto 3

3.4 Construção e classificação de imagens Obs. 1: Existe uma analogia entre lentes convergentes e espelhos côncavos
e entre lentes divergentes e espelhos convexos (analise-as).
3.4.1 Lentes convergentes Obs. 2: Imagens projetadas em anteparos sempre são reais.
Obs. 3: Mantendo-se a distância entre o objeto e um anteparo e alterando-se
a posição da lente, as abcissas do objeto e da imagem se permutam para
obter uma imagem nítida (princípio da reversibilidade).

A F C F’ A’ A F C F’ A’ 4.2 Aumento angular


Define-se por aumento angular (M) a razão entre as tangentes dos
ângulos (pequenos) θ e θo:
real – invertida – menor real – invertida – igual tan θ θ
M= ≅
tan θo θo

o θo o θ

A F C F’ A’ A F C F’ A’

4.3 Vergência da lente


real – invertida – maior imprópria Unidade SI de vergência: [di] = [m]– 1; dioptrias

Lente divergente 1
V=
f
o
4.4 Equação de Halley ou
dos “fabricantes de lentes”
A F C F’ A’ A’ F’ C F A
1  n2  1 1 
= − 1
 + 
f  n1  R1 R2 
virtual – direita – maior virtual – direita – menor
Em que:
4. A matemática das lentes n2
= n2.1 → índice de refração da lente em relação ao meio externo.
n1
D G
p’ R2 e R1 → raios de curvatura das faces
o face convexa → R > 0
E’
face côncava → R < 0
A E F C A’
F’ face plana → R → ∞
i
p 4.5 Associação de lentes
A distância entre as lentes é curta.
D’
f1 f2
Equação dos Aumento linear
pontos conjugados: transversal:
1 1 1 i − p'
= + A= =
f p p' o p O I I’

4.1 Referencial gaussiano


convergente divergente p p’
n
i, o Veq = ∑ Vi
p1’ i =1

1 1 1
C C I. = +
p A F F’ A’ p’ p A’ F’ F A p’ f1 p ' p1 '

A imagem real conjugada pela 1a lente será um objeto virtual para a


convergente → f > 0 divergente → f < 0 2 lente; isto significa que p1’= – p2.
a

308 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

1 1 1 1 1 • Ponto próximo: é o ponto objeto para o qual a vista conjuga imagem


II. = + = + nítida com máximo esforço de acomodação. Os músculos ciliares
f2 p2 p ' − p '1 p '
encontram-se contraídos e o cristalino assume mínima distância
focal.
Somando as equações (I) e (II), tem-se: Olho emetrope
1 1 1 1 1 1 1 1 Foco
+ = + + + = +
f1 f2 p p1 ' − p '1 p ' p p '
Objeto (PP)
1 1 1 Imagem
+ = = Veq
f1 f2 feq

5. Óptica da visão
Obs.: Para efeito de cálculo, usa-se ppto próximo = 25 cm
cristalino
músculos
5.2.1 Correção de defeitos visuais
ciliares retina

íris

córnea
olho humano

pupila

nervos
ópticos

5.1 Representação esquemática do olho


Miopia → Alongamento do globo ocular (dificuldade para ver ao longe).
cristalino (lente convergente – biconvexa)
• O míope sem óculos, e portanto, não enxergando corretamente
parte útil da retina
Olho emetrope Olho míope
eixo óptico
Objeto no infinito (PR) Foco
p’
Imagem
músculos ciliares (altera o foco do cristalino) “borrada”

pupila
(controla a entrada de luz)

5.2 Acomodação visual • O míope sem óculos e enxergando seu ponto remoto (a maior distância
que ele enxerga nitidamente)
Processo de ajuste da distância do sistema óptico do globo ocular à
visão nítida de objetos diferentemente afastados. Olho emetrope Olho míope
Foco
• Ponto remoto: é o ponto objeto para o qual a vista conjuga imagem Objeto (PR)
nítida sem nenhum esforço de acomodação. Os músculos ciliares Imagem
encontram-se relaxados e o cristalino assume máxima distância focal. “nítida”

Olho emetrope

Objeto no infinito (PR) Foco d fmáx


p’
Imagem
Correção: lentes divergentes

Obs.: Deve-se interpretar que o objeto está muito longe quando se diz que
ele está no infinito. Porém, para efeito de cálculo, usa-se ppto remoto=∞.

IME-ITA – Vol. 2 309


FÍSICA IV
Assunto 3

• O míope com óculos e enxergando seu ponto remoto no infinito 1 1 1


Sem óculos: = +
fmin dHIP p '
Olho emetrope Olho míope
1 1 1 1
Foco Com óculos: + = +
Objeto no infinito (PR) fmin flente ppp p '
Imagem 1 1 1
Subtraindo as duas equações: = Vlente
= −
“nítida” flente ppp d
Presbiopia → Enrijecimento do músculo ciliar (dificuldade para
longe e perto).
Correção: lentes bifocais.
1 1 1
Sem óculos: = + Astigmatismo → Assimetria do globo ocular.
fmáx d p '
Correção: lentes cilíndricas (plano-convexa ou plano-côncava).
1 1 1 1
Com óculos: + =+ Estrabismo → Incapacidade de dirigir simultaneamente os eixos
fmáx flente ∞ p' oculares.
1 1 Correção: lentes prismáticas.
Subtraindo as duas equações: = Vlente = −
flente d
Obs.: Olho emetrope: visão normal.
Hipermetropia → Encurtamento do globo ocular (dificuldade para perto).

• O hipermetrope sem óculos e, portanto, não enxergando corretamente 6. Instrumentos ópticos


Destinam-se a melhorar as condições de visão dos objetos. São de
Olho hipermetrope Olho emetrope três tipos:

Objeto (PP) • Instrumentos de projeção: máquina fotográfica, projetor de slides;


F Imagem • instrumentos de aumento: projetor, lupa, microscópio composto;
“borrada” • instrumentos de aproximação: luneta, telescópio refrator e reflexor.

6.1 Projetor de slides


Uma lente convergente que produz uma imagem real, maior e invertida.
Objeto entre o foco e ponto antiprincipal. Quanto mais próximo do foco,
• O hipermetrope sem óculos e enxergando seu ponto próximo maior será a imagem projetada.
(a menor distância que ele enxerga nitidamente)

Olho hipermetrope Olho emetrope tela

F2
F Imagem
“nítida”
F1

d fmáx slide
p’ Esquema de funcionamento do mecanismo projetor de slides
e da formação de imagens
Correção: lentes convergentes
Tela de projeção
• O hipermetrope com óculos e enxergando seu ponto próximo
i
o
Olho hipermetrope Olho emetrope F F’
p p’
F Imagem
“nítida”
6.1.1 Aumento linear transversal
i − p'
fmáx A= =
d o p
p’

310 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

6.2 Lupa ou microscópio simples 6.3 Microscópio composto

©urfinguss/iStock
Duas lentes convergentes dispostas
Uma lente convergente que produz uma imagem virtual, maior e direita. coaxialmente, sendo a objetiva com distância
O objeto deve estar entre o foco e o centro óptico. Quanto mais próximo focal da ordem de milímetros. O objeto deve
do foco, maior será a ampliação. ser posicionado depois do foco, como mostra
o esquema a seguir. A imagem final conjugada
será invertida, virtual e maior.
6.2.1 Aumento linear transversal

i Objetiva Ocular
L
o F’
F o Focu
p
p’ Fobj F’obj i1 F’ocu

i2
i − p'
A= =
o p

6.2.2 Aumento angular 6.3.1 Aumento linear transversal


• Visão sem a lente i
A obj = 1
θo o i
o A micro= 2 → A micro = A obj ⋅ A ocu
i2 o
A ocu=
ppp i1

o 6.3.2 Aumento angular


tan θo =
ppp i L
=Aobj 1= (podendo-se usar a aproximação Aobj )
o fobj
• Visão com a lente
A lente ocular, como se pode ver, funciona como uma lupa. Assim,
nas condições de conforto, pode-se chegar a:
i
25
θ F’ A ocu =
o f lupa
F
p L 25
p’ A micro = ⋅
fobj f lupa

o
tan θ =
p 6.4 Luneta astronômica ou telescópio
de refração
Assim, o aumento angular será: Duas lentes convergentes dispostas coaxialmente, sendo a objetiva,
o diferentemente do microscópio, com distância focal maior que a ocular.
tan θ p ppp
M= = = A imagem final conjugada será invertida, virtual e maior.
tan θo o p
ppp
Os pontos focais coincidem
Obs.: Para o cálculo do aumento angular em condição de “conforto” para Objetiva Ocular
o observador, normalmente utiliza-se ppp=25 cm (distância mínima de
visão distinta) e deseja-se enxergar com o olho relaxado, isto é, p’≅∞
e p ≅ flupa. Assim, tem-se uma nova expressão para o aumento angular: F’obj
θo
Focu i θ
25 θo 1 F’ocu
M =
flupa
i2

IME-ITA – Vol. 2 311


FÍSICA IV
Assunto 3

6.4.1 Aumento angular 6.6.1 Aumento angular


i1
tan θ f fobj i1
A tele = = ocu = fobj
tan θo i1 focu tan θ f
A luneta = = ocu =
fobj tan θo i1 focu
fobj
6.5 Telescópio refletor
Galileu Galilei (1564-1642)
Físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano
Galileu Galilei desenvolveu os
01 O fato de uma lente ser convergente ou divergente depende:
primeiros estudos sistemáticos do
movimento uniformemente acelerado
(A) apenas da forma da lente.
e do movimento do pêndulo. Descobriu
(B) apenas do meio no qual ela se encontra.
a lei dos corpos e enunciou o princípio
(C) do material de que é feita a lente e da forma da lente.
da inércia e o conceito de referencial
(D) da forma da lente, do material de que é feita a lente e do meio no qual
inercial, ideias precursoras da mecâ-
ela se encontra.
nica newtoniana. Galileu melhorou
(E) n.r.a.
significativamente o telescópio refrator
e com ele descobriu as manchas
Solução: Letra D.
solares, as montanhas da Lua, as
As lentes, para serem classificadas como convergentes ou divergentes,
fases de Vênus, quatro dos satélites de
devem atender às características ilustradas na tabela abaixo:
Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas
da Via Láctea. Essas descober tas
contribuíram decisivamente na nlente > nmeio nlente < nmeio
defesa do heliocentrismo. Contudo, Borda fina convergente divergente
a principal contribuição de Galileu
foi para o método científico, pois a Borda espessa divergente convergente
ciência assentava em uma metodologia
aristotélica. 02 (MACKENZIE) Considerando uma lente biconvexa cujas faces possuem
o mesmo raio de curvatura, podemos afirmar que:
O físico desenvolveu ainda vários
instrumentos como a balança hidrostática, um tipo de compasso
(A) o raio de curvatura das faces é sempre igual ao dobro da distância focal.
geométrico que permitia medir ângulos e áreas, o termômetro de Galileu
(B) o raio de curvatura é sempre igual à metade do recíproco de sua
e o precursor do relógio de pêndulo. O método empírico, defendido por
vergência.
Galileu, constitui um corte com o método aristotélico, mais abstrato,
(C) ela é sempre convergente, qualquer que seja o meio envolvente.
utilizado nessa época. Devido a isso, Galileu é considerado o “pai da ciência
(D) ela só é convergente se o índice de refração do meio envolvente for
moderna”.
maior que o do material da lente.
(E) ela só é convergente se o índice de refração do material da lente for
6.6 Luneta terrestre maior que o do meio envolvente.
A luneta terrestre é semelhante à astronômica, só
que a imagem final obtida é direita. É constituída por Solução: Letra E.
uma objetiva convergente e uma ocular divergente. Use a tabela anterior e saiba que a lente biconvexa é de borda fina.
A figura ao lado mostra a luneta terrestre construída
por Galileu, em 1609. 03 (ITA) Um objeto tem altura ho = 20 cm e está localizado a uma distância
do = 30 cm de uma lente. Esse objeto produz uma imagem virtual de altura
hi = 4,0 cm. A distância da imagem à lente, a distância focal e o tipo da
lente são, respectivamente:

(A) 6,0 cm; 7,5 cm; convergente.


i2
Objetiva Ocular (B) 1,7 cm; 30 cm; divergente.
(C) 6,0 cm; –7,5 cm; divergente.
(D) 6,0 cm; 5,0 cm; divergente.
F’obj (E) 1,7 cm; –5,0 cm; convergente.
θo F’ocu θ
θo θ θ Focu Solução: Letra C.
i1 Muito cuidado com este tipo de problema. Deve-se investigar o sinal dos
dados do enunciado. Nesse caso, quando o enunciado diz que a imagem
tem 4 cm de altura, isto significa que i=±4.
Como é dito que a imagem é virtual, sabemos, então, que é também
direita. Logo i=+4.

312 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

Aplicando a equação de ampliação, temos: 06 (PUC-SP) O olho humano pode ser entendido como um sistema
i − p' 4 − p' óptico composto basicamente por duas lentes: córnea (A) e cristalino (B).
= → = → p′ = −6 cm (o sinal negativo para p’ confirma
o p 20 30 Ambas devem ser transparentes e possuir superfícies lisas e regulares
que a imagem é virtual). para permitirem a formação de imagens nítidas. Podemos classificar as
lentes naturais de nossos olhos, A e B, respectivamente, como sendo:
Aplicando, agora, a equação dos pontos conjugados, temos:
(A) convergente e convergente.
1 1 1 1 1 1 −4
= + → = + = → f = −7, 5 cm (B) convergente e divergente.
f p p' f 30 −6 30 (C) divergente e divergente.
(D) divergente e convergente.
O foco negativo indica que a lente é divergente. (E) divergente e plana.

04 (UFOP) Uma lente esférica de vidro, delgada, convexo-côncava, Solução: Letra A.


tem o raio da superfície côncava igual a 5,0 cm e o da convexa igual a Tanto a córnea (foco fixo) como o cristalino (foco variável) são lentes do
20 cm. Sendo o índice de refração do vidro, em relação ao ar, n = 1,5, tipo biconvexas (bordo fino). Como elas são mais refringentes que o meio
para uma dada luz monocromática, a convergência dessa lente é igual a: que as envolve, são classificadas como convergentes.

(A) –15 di. 07 (UNITAU) A figura mostra a formação de imagem, em um olho, de um


(B) –7,5 di. ponto P distante 1,0 m dele. (A figura não está em escala). O cristalino,
(C) –0,075 di. nessa situação, está abaulado ao máximo. Considerando que na visão
(D) 7,5 di. normal enxerga-se com nitidez desde 20 cm de distância até o infinito,
(E) 15 di. que lente deve ser usada para corrigir a visão desse olho, se for o caso?

Solução: Letra B. (A) Uma lente divergente de –1,0 di (dioptria).


Utilizaremos, para esse problema, a equação dos fabricantes de lentes: (B) Uma lente divergente de –2,0 di. P
(C) Uma lente convergente de 1,0 di.
1 n  1 1 
V =  =  lente − 1  +  (D) Uma lente convergente de 4,0 di.
1,0m
f  nmeio   R1 R2  (E) Não é preciso lente; o olho é emetrope.
Lembre-se que para efeito de cálculo de vergência, a unidade do foco
Solução: Letra D.
e dos raios deve ser expressa em metros.
Quando o cristalino está abaulado ao máximo, isto significa que o músculo
Em que:
ciliar está também com seu máximo esforço. O ponto P trata-se de um
Rconvexo = +20 cm = +0, 2 m
ponto próximo (dificuldade de visão para perto).
Rcôncavo = −5 cm = −0, 05 m 1 1 1
A equação de visão sem lente corretiva é: = +
nlente folho 1 p '
= 1, 5
nmeio 1 1 1
Com a lente corretiva, temos: + Vlente = +
 1 1  folho 0, 2 p '
Substituindo: V = (1, 5 − 1)  + = 0, 5 ⋅ ( 5 − 20 ) = −7, 5 di.
 +0, 20 −0, 05  1 1
Subtraindo as duas equações, temos: Vlente = − = 4 di
0, 2 1
05 (UFPA) Dispõe-se de duas lentes delgadas convergentes de distância
focal f1 e f2. Justapondo-se as duas lentes, é possível obter um sistema 08 Um míope enxerga, perfeitamente, objetos compreendidos entre 15 cm
de distância focal: e 50 cm. Para enxergar objetos mais afastados, deverá usar lentes com
distância focal (em módulo) de:
(A) maior que f1 e f2.
(B) menor que f1 e f2. (A) 5,0 cm.
(C) entre f1 e f2. (B) 25 cm.
(D) igual a f1. (C) 50 cm.
(E) igual a f2. (D) 1,0 m.
(E) 2,0 m.
Solução: Letra B.
Em uma associação de lentes, temos: Solução: Letra C.
1 1 1 f +f ff O problema do míope é para longe. O ponto remoto deve ser corrigido de
= + = 1 2 → feq = 12 p = 50 cm para p = ∞.
feq f1 f2 f12
f f1 + f2
1 1 1
A equação de visão sem lente corretiva é: = +
feq folho 50 p '
f2
Se fizermos = < 1 → feq < f1ou feq < f2 . 1 1 1 1
f1 f1 + f2 Com a lente corretiva, temos: + = +
folho flente ∞ p '
1 1
Subtraindo as duas equações, temos: =0− → flente = −50 cm.
flente 50

IME-ITA – Vol. 2 313


FÍSICA IV
Assunto 3

09 (UFF) Uma lente convergente de pequena distância focal pode ser 11 Um pesquisador emetrope utilizará um microscópio composto para
usada como lupa, ou lente de aumento, auxiliando, por exemplo, pessoas suas experiências. Determine as possíveis ampliações de um microscópio
com deficiências visuais a lerem textos impressos em caracteres pequenos. cujo canhão mede 240 mm e possui as seguintes opções de objetivas
Supondo que o objeto esteja à esquerda da lente, é correto afirmar que, para e oculares:
produzir uma imagem maior que o objeto, este deve ser:
Objetiva Ocular
– colocado sobre o foco e a imagem será real; 20 mm 100 mm
– posicionado entre a lente e o foco e a imagem será real;
– posicionado em um ponto à esquerda muito afastado da lente e a 10 mm 50 mm
imagem será virtual; 5 mm
– posicionado em um ponto à esquerda do foco, mas próximo deste, e
a imagem será virtual; Dado: Ponto próximo de olho emétrope: 25 cm.
– posicionado entre a lente e o foco e a imagem será virtual. Solução:
Utilizaremos a fórmula da ampliação de microscópio composto
Solução: Letra E. (demonstrada anteriormente) assumindo que:
Trata-se de um instrumento óptico simples, a lupa. O objeto é sempre
posicionado entre o foco e o centro óptico da lente. A imagem conjugada L 25 240 mm 25 cm
é virtual, direita e maior. A micro = ⋅ = ⋅
fobj flupa fobj flupa
10 Em um projetor de slides no qual a posição de um dispositivo é de Atenção para as unidades. O resultado deve ser adimensional. Assim,
100 mm, deseja-se obter uma imagem 20 vezes maior. Para isso, dispomos as unidades dos numeradores devem ser iguais às dos denominadores.
de quatro lentes – L1, L2, L3 e L4 – que podem ser utilizadas individualmente Da forma como está acima, a distância focal da objetiva deve ser
ou em conjunto. As suas distâncias focais são, respectivamente, 10 m, utilizada em mm e a da ocular, em cm.
20 m, 50 m e 200 m. Escolha a forma correta de uso das lentes no projetor. A tabela abaixo dará todas as possibilidades de aumento para esse
microscópio.
Solução:
Sabemos que a imagem de um projetor de slides é invertida como mostra Objetiva Ocular Ampliação
a figura abaixo:
Tela 240 mm 25 cm
20 mm A micro = ⋅ = 25
20 mm 12 cm
F2

F1 240 mm 25 cm
10 mm 12 cm A micro= ⋅ = 50
10 mm 12 cm
slide
240 mm 25 cm
5 mm A micro = ⋅ = 100
Aplicando a equação de ampliação temos: 5 mm 12 cm
i − p' −20o − p'
= → = → p′ = +2000 mm (o sinal positivo para p’ 240 mm 25 cm
o p o 100 20 mm A micro = ⋅ = 75
20 mm 4 cm
confirma que a imagem é real)
Aplicando agora a equação dos pontos conjugados para calcular a 240 mm 25 cm
vergência necessária, temos: 10 mm 4 cm A micro= ⋅ = 150
10 mm 4 cm
1 1 1 1 21
V = + →V = + = → V = 0,105 di 240 mm 25 cm
p p' 10 200 200 A micro = ⋅ = 300
5 mm
5 mm 4 cm
Verificando as vergências das lentes disponíveis, poderemos tomar
a decisão de escolha:
1 1 12 O esquema a seguir mostra a formação da imagem em uma luneta
L1: V1 = → V1 = = 0,1 di astronômica.
f1 10 observador
Fobj
1 1 objeto muito distante
L2: V2 = → V2 = = 0, 05 di Foc
f2 20 ocular
1 1 objetivo
L3: V3 = → V3 = = 0, 02 di
f3 50
1 1
L4: V4 = → V4 = = 0, 005 di i1
f4 200
Vemos claramente que devemos utilizar as lentes L1 e L2 em associação
(justapostas) para atingir a vergência necessária. i2
Foc
Em uma certa luneta, as distâncias focais da objetiva e da ocular são de
60 cm e 30 cm, respectivamente, e a distância entre elas é de 80 cm.

314 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

Determine, nessa luneta, a distância entre a imagem final formada de um 02 O arranjo experimental da figura é composto por uma lente biconvexa
astro distante e a ocular. de vidro e um espelho plano. A montagem é feita no interior de uma sala
Solução: de aula pelo professor de óptica, que dispõe o espelho perpendicularmente
Como o objeto está distante, sua imagem converge para o foco da objetiva ao eixo principal da lente:
e assim p’= 60 cm (distância da objetiva até i1)
Para a ocular p=80 – 60 = 20 cm
1 1 1 1 1 1
Então temos: = + → = +
focu p p ' 30 20 p '
p’= –60 cm (a nova imagem i2 é virtual e está a 60 cm da ocular)

Fobj observador
objeto muito distante
Foc ocular
objetivo

Lente Espelho
i1
De um ponto P, situado sobre o eixo principal e distante 30 cm do centro
óptico da lente, provém luz que se refrata através da lente, incide no
60 cm
i2 espelho, reflete-se e volta a atravessar a lente, convergindo novamente
Foc para o ponto P, independente da distância entre a lente e o espelho.
60 cm 20 cm
a. Classifique a lente como convergente ou divergente.
b. Obtenha o valor absoluto de sua distância focal.

03 Em um laboratório de óptica, Oscar precisa aumentar o diâmetro do


01 As figuras seguintes representam a refração da luz através de seis feixe de luz de um laser. Para isso, ele prepara um arranjo experimental
lentes esféricas delgadas: com duas lentes convergentes, dispostas de maneira que fiquem paralelas,
com o eixo de uma coincidindo com o eixo da outra. Ao ligar-se o laser,
I. IV. o feixe de luz é alinhado ao eixo do arranjo.

Esse arranjo está representado neste diagrama:


Eixo Eixo
óptico lente lente
óptico

Lente
Lente

II. V. d

Eixo
óptico Eixo
óptico

Lente
Lente Nesse diagrama, as duas linhas horizontais com setas representam dois
raios de luz do feixe. O diâmetro do feixe é indicado pela letra d. A linha
tracejada horizontal representa o eixo das duas lentes.
III. VI. O feixe de luz, que incide nesse arranjo, atravessa-o e sai dele alargado,
na mesma direção de incidência.

Eixo Considerando essas informações,


Eixo
óptico
óptico a. Trace no diagrama, até a região à direita da segunda lente, a continuação
dos dois raios de luz e indique a posição dos dois focos de cada uma
Lente
Lente das lentes.
b. Determine o diâmetro do feixe de luz à direita da segunda lente em
função de d e das distâncias focais f1 e f2 das lentes.
Que lentes apresentam comportamento convergente?

IME-ITA – Vol. 2 315


FÍSICA IV
Assunto 3

04 A figura ilustra uma experiência realizada com o fim de determinar a A figura representa esquematicamente uma câmera fotográfica digital.
distância focal de uma lente divergente. Um feixe de raios paralelos incide A lente objetiva L tem distância focal constante e foi montada dentro de
sobre a lente. Três deles, após atravessarem essa lente, passam pelos um suporte S, indicado na figura, que pode mover-se para a esquerda,
orifícios O1, O2 e O3 existentes em um anteparo fosco à sua frente, indo afastando a objetiva do CCD ou para a direita, aproximando-a dele. Na
encontrar um segundo anteparo nos pontos P1, P2 e P3. situação representada, a objetiva focaliza com nitidez a imagem do objeto
O sobre a superfície do CCD.

s
o
L CCD
d1
O1 O2 O3

S
d2

P1 P2 P3 Considere a equação dos pontos conjugados para lentes esféricas, em que


f é a distância focal da lente, p a coordenada do objeto e p’ a coordenada
da imagem. Se o objeto se aproximar da câmera sobre o eixo óptico da
Dados: O1O3 = 4,0 cm; PP
1 3 = 6,0 cm; d1 = 15,0 cm, d2 = 15,0 cm. lente e a câmera for mantida em repouso em relação ao solo, supondo
que a imagem permaneça real, ela tende a mover-se para a:
Quanto vale, em centímetros, o módulo da distância focal da lente em
questão? (A) esquerda e não será possível mantê-la sobre o CCD.
(B) esquerda e será possível mantê-la sobre o CCD movendo-se a objetiva
05 A figura mostra dois raios luminosos que incidem sobre uma lente, para a esquerda.
formando um ângulo de 30° com a normal a ela e emergindo paralelos. (C) esquerda e será possível mantê-la sobre o CCD movendo-se a objetiva
A distância entre os pontos A e B em que os raios atingem a lente é de para a direita.
20 cm. (D) direita e será possível mantê-la sobre o CCD movendo-se a objetiva
para a esquerda.
(E) direita e será possível mantê-la sobre o CCD movendo-se a objetiva
para a direita.
30°
08 (EFOMM-2017) Um estudante decidiu fotografar um poste de 2,7 m
de altura em uma praça pública. A distância focal da lente de sua câmera
20 m é de 8,0 cm e ele deseja que a altura da imagem em sua fotografia tenha
4,0 cm. A que distância do poste o estudante deve se posicionar?

30° (A) –540 cm.


(B) –548 cm.
(C) 532 cm.
(D) 542 cm.
(E) 548 cm.
Determine a distância focal da lente.
09 A objetiva de uma máquina fotográfica tem distância focal 100 mm e
06 (EsPCEx-2012) Um objeto é colocado sobre o eixo principal de uma
possui um dispositivo que permite seu avanço e retrocesso. A máquina é
lente esférica delgada convergente a 70 cm de distância do centro óptico.
utilizada para tirar duas fotos: uma de um objeto no infinito e outra de um
A lente possui uma distância focal igual a 80 cm. Baseado nas informações
objeto distante 30 cm da objetiva. O deslocamento da objetiva, de uma
anteriores, podemos afirmar que a imagem formada por esta lente é:
foto para outra, em mm, foi de:
(A) real, invertida e menor que o objeto. (A) 50.
(B) virtual, direita e menor que o objeto. (B) 100.
(C) real, direita e maior que o objeto. (C) 150.
(D) virtual, direita e maior que o objeto. (D) 200.
(E) real, invertida e maior que o objeto. (E) 250.

07 Nas câmeras fotográficas digitais, os filmes são substituídos por 10 (ITA) Numa certa experiência mediram-se a distância p entre um objeto
sensores digitais, como um CCD (sigla em inglês para Dispositivo de e uma lente e a distância p’ entre a lente e a sua imagem real, em vários
Carga Acoplada). Uma lente esférica convergente (L), denominada objetiva, pontos. O resultado dessas medições é apresentado no gráfico a seguir:
projeta uma imagem nítida, real e invertida do objeto que se quer fotografar
sobre o CCD, que lê e armazena eletronicamente essa imagem.

316 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

1 14 (ITA) As duas faces de uma lente delgada biconvexa têm um raio de


(102 cm−1) curvatura igual a 1,00 m. O índice de refração da lente para luz vermelha
P'
é 1,60 e, para luz violeta, 1,64. Sabendo que a lente está imersa no ar,
cujo índice de refração é 1,00, calcule a distância entre os focos de luz
10,0
vermelha e de luz violeta, em centímetros.
8,0 15 Considere um sistema composto por duas lentes circulares esféricas
delgadas de 6,0 cm de diâmetro, dispostas coaxialmente, como indica
6,0 a figura. L1 é uma lente convergente de distância focal f1 = 5,0 cm e
L2 é uma lente divergente de distância focal f2 = 4,0 cm. No ponto P1,
4,0 à esquerda do sistema, é colocado um objeto luminoso puntiforme a
5,0 cm de L1. À direita de L2, a uma distância d = 24 cm, é colocado um
2,0 anteparo A, perpendicular ao eixo do sistema.
L1 L2
0,0
2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 1 2
(10 cm−1) P1
P
A

Examinando cuidadosamente o gráfico, determine a distância focal da lente.

11 Uma pequena lâmpada é colocada a 1,0 m de distância de uma parede. 5,0 cm 24 cm


Determine a distância a partir da parede em que deve ser colocada uma
lente de distância focal de 22,0 cm para produzir na parede uma imagem Assim, temos que:
nítida e ampliada da lâmpada.
(A) sobre o anteparo A forma-se uma imagem real puntiforme de P1.
(B) sobre o anteparo A aparece uma região iluminada circular de diâmetro
12 A figura ilustra um dispositivo que contém uma lente convergente (L),
igual a 12 cm.
de distância focal igual a 10 cm. Na extremidade do dispositivo está alojado
(C) sobre o anteparo aparece uma região iluminada circular de diâmetro
um tubo, que pode mover-se para dentro ou para fora de uma câmara.
igual a 6,0 cm.
Ao se formar uma imagem nítida no fundo da câmara, o objeto luminoso
(D) o anteparo fica iluminado uniformemente em uma região muito grande.
(O) encontra-se a 60 cm da lente.
(E) sobre o anteparo aparece uma região iluminada circular de diâmetro
igual a 42 cm.
Câmara
Tubo
o L 16 Duas lentes esféricas delgadas com raios de curvatura iguais, uma
bicôncava e outra biconvexa, de distâncias focais respectivamente iguais a
5 cm 10 cm 80 cm e 50 cm, imersas no ar (nar = 1), foram associadas, colocando-se
uma justaposta a outra, formando uma única lente. A respeito da nova
lente formada, pode-se dizer que é:
Para isso, foi necessário:
(A) convergente com f = +0,3 m.
(A) aprofundar o tubo 4 cm. (B) convergente com f = +1,3 m.
(B) aprofundar o tubo 3 cm. (C) divergente com f = –0,3 m.
(C) aprofundar o tubo 5 cm. (D) convergente com f = +0,3 m.
(D) movimentar o tubo 1 cm para fora. (E) divergente com f = –1,3 m.
(E) n.r.a.
17 (EsPCEx-2016) Um estudante foi ao oftalmologista, reclamando
13 Um sistema de lentes produz a imagem real de um objeto, conforme a que, de perto, não enxergava bem. Depois de realizar o exame, o médico
figura. Calcule a distância focal e localize a posição de uma lente delgada explicou que tal fato acontecia porque o ponto próximo da vista do rapaz
que produza o mesmo efeito. estava a uma distância superior a 25 cm e que ele, para corrigir o problema,
deveria usar óculos com “lentes de 2,0 graus“, isto é, lentes possuindo
Objeto vergência de 2,0 dioptrias.

Do exposto acima, pode-se concluir que o estudante deve usar lentes:


4 cm
(A) divergentes com 40 cm de distância focal.
100 cm (B) divergentes com 50 cm de distância focal.
1 cm (C) divergentes com 25 cm de distância focal.
Imagem (D) convergentes com 50 cm de distância focal.
(E) convergentes com 25 cm de distância focal.

1 IME-ITA – Vol. 2 317


FÍSICA IV
Assunto 3

18 Uma pessoa míope possui óculos com lentes divergentes de vergência O objetivo de se usar duas lentes dispostas dessa maneira é que a lente
igual a –4 di. O ponto próximo emetrope é, em média, 25 cm. Podemos ocular ampliará a imagem de um objeto que a lente objetiva já deixou maior,
afirmar que o comprimento do campo visual e a distância máxima de visão conseguindo, assim, aumentos bem significativos. Imagine uma estrutura
nítida dessa pessoa valem respectiva e corretamente, em cm: vegetal esférica de diâmetro 4 mm sendo colocada a 1 cm da lente objetiva.
A imagem final observada tem diâmetro 0,4 m e se encontra a 0,5 m da
(A) 25,0 e infinito. lente ocular. Sendo a distância entre as duas lentes 30 cm, determine a
(B) 12,4 e 80,0. ampliação da imagem realizada apenas pela lente objetiva.
(C) 12,5 e 25,0.
(D) 30,0 e 25,0.
(E) 25,0 e 45,0.

19 (AFA-2012) A figura 1 abaixo ilustra o que um observador visualiza 01 Uma lente delgada conjuga uma imagem de altura h a um objeto
quando este coloca uma lente delgada côncavo-convexa a uma distância (segmento de reta que intercepta perpendicularmente o eixo óptico principal
d sobre uma folha de papel onde está escrita a palavra lente. da lente). No gráfico, o valor absoluto de h está representado em função
da distância d entre o objeto e a lente:

LENT
TEfigura 1
h(cm)
50

40

LENTTE
30

20
figura 2

Justapondo-se uma outra lente delgada à primeira, mantendo esta 10


associação à mesma distância d da folha, o observador passa a enxergar,
da mesma posição, uma nova imagem, duas vezes menor, como mostra 0
a figura 2. 0 10 20 30 40 50 60 d(cm)
Considerando que o observador e as lentes estão imersos em ar, são feitas
as seguintes afirmativas.
Qual a vergência da lente?
I. A primeira lente é convergente.
II. A segunda lente pode ser uma lente plano-côncava. 02 Numa experiência de Óptica, você observa a imagem de um objeto
III. Quando as duas lentes estão justapostas, a distância focal da lente formada por uma lente sobre um anteparo de vidro fosco. As posições
equivalente é menor do que a distância focal da primeira lente. relativas do objeto, da lente, do anteparo e do observador são mostradas
na figura. Essa figura representa também o objeto: é um disco dividido
São corretas apenas: em quatro quadrantes, cada um caracterizado por um símbolo diferente.
O centro do disco está sobre o eixo óptico da lente e o diâmetro PQ é
(A) I e II apenas. vertical, com P embaixo e Q em cima. O diâmetro RS é horizontal, com R
(B) I e III apenas. à esquerda e S à direita do observador.
(C) II e III apenas.
(D) I, II e III.
Q
20 Um microscópio composto é formado por duas lentes não justapostas
que recebem, respectivamente, as denominações de lentes objetiva e
Lente Observador
ocular. A figura abaixo mostra uma imagem de raios X desse aparelho. P
Objeto
Q Anteparo

R S

318 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

A imagem observada é: registrada a imagem pelo filme é de 120 mm. A que distância à frente da
lente deve se localizar um objeto para que sua foto fique perfeitamente
(A) (D) focalizada?

05 Um projetor de slides encontra-se a 4,1 m da tela de projeção. Um


slide de 35 mm de altura tem sua imagem projetada na tela com 1,4 m
de altura. Qual a distância focal da lente do instrumento?
(B) (E)
06 Uma lente L é colocada sob uma lâmpada fluorescente AB cujo
comprimento é de 120 cm. A imagem é focalizada na superfície de uma
mesa a 36 cm da lente. A lente situa-se a 180 cm da lâmpada e o seu
eixo principal é perpendicular à face cilíndrica da lâmpada e à superfície
(C) plana da mesa.
lâmpada fluorescente

A B
60 cm 60 cm
03 (AFA-2014) Um pequeno objeto plano e luminoso pode ser utilizado em 180 cm
três arranjos ópticos distintos (I, II e III), imersos em ar, como apresentado
na figura a seguir.
L lente
36 cm

tampo da mesa
(I) (II) (III)
A figura acima ilustra a situação. Pede-se:
No arranjo I, o objeto é colocado sobre um plano no qual se apoiam dois a. a distância focal da lente;
espelhos planos ortogonais entre si. Nos arranjos II e III, respectivamente, b. o comprimento da imagem da lâmpada e a sua representação
o objeto é disposto de forma perpendicular ao eixo óptico de um espelho geométrica. Utilize os símbolos A’ e B’ para indicar as extremidades
esférico côncavo gaussiano e de uma lente convergente delgada. Dessa da imagem da lâmpada.
maneira, o plano do objeto se encontra paralelo aos planos focais desses
dois dispositivos. Considere que as distâncias do objeto ao vértice do 07 Um objeto se move em direção a um espelho côncavo de raio de
espelho esférico e ao centro óptico da lente sejam maiores do que as curvatura R = 15 cm ao longo do seu eixo principal com velocidade
distâncias focais do espelho côncavo e da lente. constante igual a 9 cm/s. Encontre a velocidade da imagem formada pelo
espelho quando o objeto estiver a uma distância de 30 cm do vértice
Nessas condições, das imagens abaixo, a que não pode ser conjugada do espelho.
por nenhum dos três arranjos ópticos é:
(A) 1 cm/s.
(A) (B) 2 cm/s.
(C) 3 cm/s.
(D) 4 cm/s.
(E) 5 cm/s.

(B) 08 Para realizar a medida do coeficiente de dilatação linear de um objeto,


cujo material é desconhecido, montou-se o arranjo experimental ilustrado
na figura a seguir, na qual, d = 3,0 cm e D = 150,0 cm.

(C) Lente convergente

(D) Objeto

d D

04 Um estudante construiu uma caixa retangular provida de uma lente


biconvexa de distância focal f = 50,0 mm e pretende usá-la como máquina
fotográfica. A distância entre a lente e a parte posterior da caixa onde será Fonte térmica
Tela

IME-ITA – Vol. 2 319


FÍSICA IV
Assunto 3

O objeto tem um comprimento inicial de 4,0 cm. Após ser submetido a Um delgado objeto luminoso de 40 cm de altura está colocado com sua
uma variação de temperatura de 250°C, sua imagem projetada na tela base sobre o eixo das lentes e a uma distância d > 2f1 da primeira lente.
aumentou 1,0 cm. Com base no exposto, calcule o valor do coeficiente O tamanho da imagem final, vista pelo observador O, será então:
de dilatação linear do objeto.
(A) 40 cm. (D) 4 cm.
09 Um estudante possui uma lente côncavo-convexa de vidro (nv = 3/2), d 2d
(B) . (E) .
cujas faces têm raios de curvatura 10 cm e 5,0 cm. Sabendo que a lente 10 5
é utilizada no ar (nar = 1) e posteriormente na água (nA = 4/3), responda:
(C) 20 cm.
a. Do ar para a água os focos principais aproximam-se ou afastam-se
13 Uma lente convergente que obedece às condições de convergência de
do centro óptico?
Gauss possui distância focal igual a 20 cm e está a 50 cm de um espelho
b. Qual é a variação da distância focal da lente?
plano vertical. Uma fonte de luz vertical está a 30 cm da lente, entre a
mesma e o espelho plano. Podemos afirmar que o número de imagens
10 (AFA-2017) Considere uma lente esférica delgada, S, de bordas
formadas e a mínima distância entre duas delas valem, respectivamente:
finas, feita de material de índice de refração n maior do que o índice de
refração do ar. Com esta lente podem-se realizar dois experimentos. No espelho
primeiro, a lente é imersa em um meio ideal, de índice de refração n1, e lente
o seu comportamento óptico, quando um feixe de luz paralelo passa por convergente
ela, é o mesmo de uma lente côncavo-convexa de índice de refração n objeto
imersa no ar. No segundo, a lente S é imersa em outro meio ideal, de índice
de refração n2, e o seu comportamento óptico é o mesmo de uma lente
convexo-côncava de índice de refração n imersa no ar.

Nessas condições, são feitas as seguintes afirmativas:


(A) 2 e 60 cm.
I. n2 > n > n1.
(B) 3 e 32 cm.
II. a lente S, quando imersa no ar, pode ser uma lente plano-côncava.
(C) 2 e 130 cm.
III. a razão entre as vergências da lente S nos dois experimentos não pode
(D) 2 e 28 cm.
ser 1.
(E) 3 e 98 cm.
IV. as distâncias focais da lente S, nos dois experimentos, são sempre
as mesmas.
14 Um objeto A está situado a 5 cm de uma lente convergente L1, cuja
distância focal é de 4 cm. Uma segunda lente convergente, idêntica à
São corretas, apenas:
anterior, é colocada a 2 cm de distância da imagem A’. A figura ilustra a
situação descrita:
(A) I e II.
(B) II e III.
L1 L2
(C) I e III.
(D) II e IV. Luz
A
11 Um estudante de Física dispõe de uma lente biconvexa de índice de
refração n = 1,6 e faces de raios de curvatura iguais a 10 cm. Com essa
A’
lente o mesmo deseja construir um projetor de diapositivos de forma que
a película fique a 10 cm dela. Adote nar = 1,0. A que distância da lente
deve ser projetada a imagem da película?

12 Duas lentes convergentes, L1 e L2, com distâncias focais 100 cm e a. A que distância de L1 encontra-se L2?
20 cm, respectivamente, estão dispostas coaxialmente, conforme ilustra b. Qual a amplificação do sistema L1 L2?
a figura, sendo a distância entre elas igual à soma das distâncias focais.
15 Um sistema óptico é formado por duas lentes positivas, I e lI, de
distâncias focais iguais a 10 cm e 15 cm, com eixos ópticos coincidentes
e separadas por 60 cm. Determine a localização da imagem final de um
objeto AB colocado a 20 cm da lente I e a ampliação total do sistema.

F1 ≡ F2 O
B

I II
d f1 f2

320 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

16 Considere um objeto AB colocado sobre o eixo óptico de uma lente Sabendo que para o objeto O o microscópio fornece a imagem final i2,
delgada biconvexa de raio de curvatura R, composta por dois meios calcule o módulo do aumento linear transversal fornecido pelo instrumento.
transparentes com índices de refração n1 = 2 e n2 = 4, como mostra a
figura abaixo. 19 Neste ano o mundo todo comemora os 400 anos das primeiras
observações astronômicas realizadas por Galileu Galilei. Popularizam-se
A esquemas de montagens caseiras de lunetas utilizando materiais de baixo
n1 custo, tais como, por exemplo, tubos de PVC, uma lente convergente
n2 (objetiva) e uma lente divergente ou convergente (ocular).
3R Na escolha das lentes a serem utilizadas na montagem da luneta,
B geralmente, não são relevantes as suas distâncias focais, f1 e f2 (medidas
em metros), mas sim as suas potências de refração (vergência), cuja
A imagem final da lente será: unidade de medida é a dioptria (“grau”). A vergência V de uma lente
convergente ou divergente é dada pelo inverso da distância focal.
(A) A Na montagem da luneta, a distância entre as duas lentes é igual à soma
B”
n1 B’ das distâncias focais dessas lentes e o aumento no tamanho da imagem
n2 observada com a luneta é dado pela razão entre as distâncias focais das
A’ A” lentes objetiva e ocular.
B
(B) A
n1
n2 A’
B
(C) A B’
n1 B”
n2
A’ A”
B

(D) A
n1 A’
n2
B

17 A lente dos óculos de um garoto hipermetrope possui 3,2 graus, isto


é, possui vergência igual a +3,2 di. Podemos afirmar que o ponto próximo
De posse dessas informações e desejando construir uma luneta, um
desse hipermetrope e a amplitude de acomodação visual sem os óculos
estudante adquiriu tubos de PVC, uma lente objetiva convergente de
valem, respectiva e corretamente:
1,50 grau e uma lente ocular divergente com distância focal de 3 cm.
(A) 125 cm e 20% da acomodação visual média humana.
a. Calcule a que distância máxima da lente objetiva ele deverá fixar a
(B) 240 cm e 80% da acomodação visual média humana.
ocular. A imagem formada será direta ou invertida?
(C) 26 cm e 35% da acomodação visual média humana.
b. Empolgado com essa montagem, o estudante deseja construir uma
(D) 36 cm e 3,0 di.
luneta com o triplo da capacidade de ampliação da imagem. Mantendo-
(E) 240 cm e 0,8 di.
se fixa a objetiva em 1,50 grau, calcule qual será o valor da vergência
da ocular e o tamanho máximo da luneta.
18 A figura a seguir representa esquematicamente um microscópio
óptico constituído por dois sistemas convergentes de lentes, dispostos
20 A invenção do microscópio óptico foi responsável pelo advento da
coaxialmente: um é a objetiva, com distância focal de 15 mm, e o outro é
Citologia, já que as células são geralmente pequenas demais para serem
a ocular, com distância focal de 9,0 cm.
vistas a olho nu, o qual tem poder de resolução de apenas 100 µm. Com
o poder de resolução do microscópio óptico podemos ampliar um objeto
L = 30 cm Ocular até cerca de 1.500 vezes, dependendo dos aumentos proporcionados
pela objetiva e pela ocular. Utilizando-se um microscópio óptico com
objetivas de aumentos de 3X, 10X, 40X e 100X e ocular com aumento de
Objetiva
10X, calcule qual o menor aumento que já permite a visualização de um
F1 F2 espermatozoide humano cujo diâmetro da cabeça mede cerca de 8 µm.
0
F1 O1 O2 F2
11
21 (IME) A imagem nítida de um objeto é obtida em uma tela devido a uma
16 mm lente convergente de distância focal f. A altura da imagem é A1. Mantendo
constante a distância D entre o objeto e a tela, quando deslocamos a lente
12
encontramos uma outra imagem nítida de altura A2. Determine:

a. As distâncias entre o objeto e a lente nas duas posições mencionadas;


b. A altura do objeto.

IME-ITA – Vol. 2 321


FÍSICA IV
Assunto 3

22 (IME) Quando uma fonte brilhante de luz é colocada a 30 cm de uma Para que um objeto no infinito, cujos raios luminosos são oblíquos ao
lente, há uma imagem a 7,5 cm da mesma. Há também uma imagem eixo óptico do espelho esférico, apresente uma imagem final focada nas
invertida fraca a 6 cm da frente da lente, devida à reflexão em sua superfície condições usuais de observação (objeto da ocular no seu plano focal),
frontal. Quando a lente é invertida, a imagem invertida fraca está a 10 cm o valor de b deve ser:
da frente da lente. Determine:
(A) fL + fE – a.
a. a distância focal da lente. (B) fE – fL – a.
b. os raios de curvatura da lente.
ff
c. o índice de refração do material da lente. (C) L E .
a
23 (IME-2013) afE
(D) .
fL
objeto lente convergente tela afE
(E) fL + .
fL
25 (ITA) Um objeto em forma de um segmento de reta de comprimento 
está situado ao longo do eixo óptico de uma lente convergente de distância
r focal f. O centro do segmento se encontra a uma distância a da lente e
esta produz uma imagem real de todos os pontos do objeto. Quanto vale
o aumento linear β do objeto?
eixo principal

X f2
(A) β = 2
.

a − 
2

L 2

Um objeto puntiforme encontra-se a uma distância L de sua imagem, f2


localizada em uma tela, como mostra a figura acima. Faz-se o objeto (B) β = 2 .
executar um movimento circular uniforme de raio r ( r  L ) com centro no 
f2 − 
eixo principal e em um plano paralelo à lente. A distância focal da lente é 2
3L / 16 e a distância entre o objeto e a lente é x. A razão entre as velocidades
escalares das imagens para os possíveis valores de x para os quais se
f2
forma uma imagem na posição da tela é: (C) β = 2 .

(A) 1. (a − f ) 2 
− 
2
(B) 3.
(C) 6.
(D) 9. f2
(D) β = 2 .
(E) 12.
( 
a + f ) − 
2

2
24 (IME-2012)
f2
objeto no infinito (E) β = 2
.
(a + f )
Espelho de Gauss
2 
+ 
2
b

a
01 O índice de refração absoluto de um meio gasoso homogêneo é 1,02.
Um raio luminoso, proveniente do meio gasoso, incide na superfície de
A figura apresenta o esquema de um telescópio refletor composto de:
separação entre o meio gasoso e o meio líquido, também homogêneo,
– um espelho esférico de Gauss com distância focal fE; cujo índice de refração absoluto é 1,67, conforme mostrado na figura
– um espelho plano inclinado 45° em relação ao eixo principal do espelho abaixo. Posteriormente a isso, uma lente com distância focal positiva,
esférico e disposto a uma distância a do vértice do espelho esférico, construída com material cujo índice de refração absoluto é 1,54,
sendo a < fE; é colocada, completamente imersa, no meio líquido.
– uma lente ocular delgada convergente com distância focal fL, disposta
a uma distância b do eixo do espelho esférico.

322 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

03 (IME-2010)
meio gasoso
Vácuo
normal Vácuo n

p f
líquido

A figura apresenta, esquematicamente, uma lente convergente de distância


focal f posicionada no plano de transição entre o vácuo e um material de
Com base nessas informações, identifique como verdadeiras (V) ou falsas índice de refração n. O fator de ampliação (tamanho da imagem dividido
(F) as seguintes afirmativas: pelo tamanho do objeto) de um objeto muito pequeno (se comparado com
as dimensões da lente) colocado a uma distância p da lente é:
( ) Se a lente for colocada no meio gasoso, ela será denominada
“convergente”. f nf
(A) . (D) .
( ) Quando a lente foi colocada no meio líquido, a sua distância focal |p − f| | p − nf |
passou a ser negativa. f f
( ) Em qualquer um dos meios, a distância focal da lente não se altera. (B) . (E) .
n| p − f | | np − f |
( ) O raio luminoso, ao penetrar no meio líquido, afasta-se da normal.
nf
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para (C) .
|p − f|
baixo.

(A) V – F – V – F. 04 (IME-2016)
Tela de
(B) F – V – F – V. Projeção
(C) V – F – V – V. Lâmpada
(D) F – F – V – V. Filme
C
(E) V – V – F – F.

02 Uma régua muito longa, com divisões em milímetros, é colocada no


plano focal de uma lente delgada convergente cuja distância focal é 20 cm,
A B
conforme ilustra a figura. A lente é circular e tem diâmetro de 2,0 cm.

A figura acima apresenta um desenho esquemático de um projetor de


imagens, onde A é um espelho e B e C são lentes. Com relação aos
elementos do aparelho e à imagem formada, pode-se afirmar que:

(A) o espelho convexo A, colocado atrás da lâmpada, tem por finalidade


aumentar a intensidade da luz que incide no objeto (filme).
(B) o filamento da lâmpada deve situar-se no plano focal do espelho A,
para que sua imagem real se forme nesse mesmo plano.
(C) a imagem projetada na tela é virtual, invertida e maior.
(D) a lente delgada C é convergente de borda delgada, possuindo índice
de refração menor que o meio.
(E) as lentes plano-convexas B poderiam ser substituídas por lentes de
Fresnel, menos espessas, mais leves, proporcionando menor perda
da energia luminosa.

Quantas divisões verá, através da lente, um observador cuja pupila está a 05 Enche-se uma fina esfera, feita de vidro transparente, com um líquido,
10 cm do centro óptico dela? até completar-se exatamente a metade de seu volume. O resto do volume
da esfera contém ar (índice de refração nar = 1). Uma fonte de luz gera um
(A) 20.
cone de finos raios luminosos que interceptam a esfera, formando uma
(B) 40.
circunferência de diâmetro d. Os raios emergem da esfera, formando um novo
(C) 60.
cone que intercepta a esfera em outra circunferência de diâmetro D. Na figura,
(D) 80.
mostram-se dois raios incidentes SO e TO, nos limites da interseção do cone
(E) 120.
com o plano da figura, bem como os correspondentes raios emergentes OS’
e OT’. O ponto O é o centro da esfera. Despreze qualquer efeito de refração
na passagem dos raios de luz através do vidro da esfera.

IME-ITA – Vol. 2 323


FÍSICA IV
Assunto 3

D 08 Um sistema óptico esboçado na figura consiste numa lente convergente


T’ S’ de distância focal f e num espelho plano que contém o foco F2 da lente. Um
pequeno objeto AB encontra-se a uma distância 2f da lente, como indica
a figura. Os raios luminosos provenientes de AB e refletidos pelo espelho
não atingem a lente novamente. Refaça a figura e construa a imagem de
AB produzida pelo sistema óptico.
O
P Q B

A F1 45° F2

d 2f

S T 09 Uma lente fina biconvexa de índice de refração 3/2 é colocada em


cima de um espelho horizontal como mostra a figura. O espaço entre a
a. Explique por que os feixes incidentes, tais como SO ou TO, não sofrem lente e o espelho é preenchido por água, índice de refração 4/3. Então é
desvio no trajeto do ar para o líquido. observado que ao se colocar um objeto 15 cm acima da lente, a posição
b. Se d = 20 e D = 28 cm, determine o índice de refração nlíq do líquido do objeto coincide com a da imagem. Repetindo o experimento com outro
em relação ao ar. líquido, e agora colocando o objeto a 25 cm acima da lente, novamente a
c. À medida que se aumenta o ângulo do cone de raios incidentes, posição do objeto e da imagem são coincidentes. Determine o índice de
verifica-se que o ângulo do cone emergente tende a 90°, ou seja, OS’ refração do novo líquido.
tende a OQ e OT’ tende a OP. Sabendo que esse limite ocorre quando
d se torna dlím = 30cm, determine o raio da esfera.

06 (ITA-2010) A figura mostra uma barra LM de 10 2 cm de comprimento,


formando um ângulo de 45° com a horizontal, tendo o seu centro situado
a x = 30,0 cm de uma lente divergente, com distância focal igual a
20,0 cm, e a y = 10,0 cm acima do eixo óptico da mesma. Determine o
comprimento da imagem da barra e faça um desenho esquemático para (A) 1.
mostrar a orientação da imagem. (B) 1,2.
(C) 1,4.
(D) 1,6.
(E) 1,8.
M
45° 10 Um tubo de diâmetro muito pequeno contém em seu interior um líquido
L de índice de refração n. A superfície livre do líquido é uma superfície
y esférica convexa de raio R. Qual o comprimento mínimo do tubo para que
um feixe de raios luminosos paralelos à geratriz do tubo forme imagem
no interior do líquido?
x

(A)
( n − 1) R .
n

R
(B) .
n −1
07 (ITA) Situa-se um objeto a uma distância p diante de uma lente
convergente de distância focal f, de modo a obter uma imagem real a uma nR
(C) .
distância p’ da lente. Considerando a condição de mínima distância entre n −1
imagem e objeto, então é correto afirmar que:
nR
(D) .
(A) p3 + fpp’ + p’3 = 5f3. n +1
(B) p3 + fpp’ + p’3 = 10f3. (E) nR.
(C) p3 + fpp’ + p’3 = 20f3.
(D) p3 + fpp’ + p’3 = 25f3.
(E) p3 + fpp’ + p’3 = 30f3.

324 IME-ITA – Vol. 2


Lentes FÍSICA IV
Assunto 3

11 Com uma lente convergente se obtém imagens de duas fontes pontuais 13 Duas lentes convergentes cujas distâncias focais são f1 e f2 estão
A e B. A fonte A se encontra no eixo óptico a uma distância da lente igual situadas no mesmo eixo. Com este sistema de lentes obtém-se a imagem
ao dobro da distância focal; a fonte B está deslocada do eixo, a uma de um objeto, sendo que o tamanho da imagem não depende da distância
distância pequena, de forma que a reta que une as duas fontes forma, entre o objeto e o sistema de lentes. Descubra a distância  entre as lentes.
com o eixo óptico, um ângulo φ = 30°. Sobre qual ângulo a tela plana
deve ser colocada para obter-se simultaneamente sobre ela as imagens 14 Um observador olha a imagem de seu olho em um espelho plano,
nítidas de ambas as fontes. situado a uma distância de a = 20 cm. Se no caminho dos raios coloca-se
uma lente convergente muito perto do espelho, o tamanho angular aumenta
L 1,5 vezes*. Neste caso, a imagem segue sendo virtual. Qual é a distância
P
focal da lente?
B
A *Chamamos de aumento angular a relação entre as tangentes dos ângulos que formam entre
ϕ os raios que saem e entram no sistema óptico com o eixo deste.
ψ
15 Por meio de uma lente convergente de distância focal f, obtém-se uma
imagem real tridimensional de um cubo transparente cuja aresta vale .
2f
A imagem da face do cubo mais próxima da lente encontra-se a uma
distância de 2f desta. Calcule o volume da imagem obtida.
12 De uma lâmina de vidro plana obtêm-se três lentes. A distância focal
das lentes 1 e 2 juntas é f12 < 0; a distância focal entre as lentes 2 e 3,
também juntas, é f23 < 0. Supondo que as lentes são delgadas, descubra
a distância focal de cada uma das lentes.

1 3

IME-ITA – Vol. 2 325


FÍSICA IV ASSUNTO

Relatividade restrita
4
1. Introdução No eixo x, o referencial R’ se deslocou vt em um intervalo de tempo t.

A teoria da relatividade pode ser dividida em duas partes: a relatividade Y


restrita (ou especial) e a relatividade geral.
A teoria da relatividade restrita foi proposta por Albert Einstein, em Y’ v
1905, e trata do estudo da mecânica em referenciais inerciais, ou seja,
referenciais que estão em repouso ou em movimento retilíneo uniforme R R’ P
em relação a um outro referencial.
A teoria da relatividade geral foi proposta em 1915, também por y’= y X’
O O’
Einstein, e vale para referenciais não-inerciais, isto é, referenciais que
z’= z X
estão acelerados em relação a um outro referencial.
vt z’ x’
Estudaremos apenas a teoria da relatividade restrita.
x
Z
2. Relatividade clássica
Montando s = s0 + vt para R’, considerando que em t = 0, O coincide
A relatividade, na mecânica clássica, pode ser facilmente entendida com O’.
com o seguinte exemplo:
s0 = 0; s = OO’ = x – x’
Suponha que dois carros (1 e 2) se movimentem com velocidades
x – x’ = 0 + vt
constantes (em relação a um observador no solo) de 60 km/h e 40 km/h,
respectivamente, um em direção ao outro. Para um observador no carro x’ = x – vt
1, a velocidade relativa entre o seu carro e o carro 2 é de

vrel = 60 + 40 = 100 km/h, Considere agora um evento qualquer. Esse evento, de acordo com
Galileu, acontecerá no mesmo instante (t = t’) para ambos os referenciais
ou seja, seria a mesma situação física do carro 1 estar em repouso e o (relógio fixo no referencial R e outro relógio fixo no referencial R’).
carro 2 aproximar-se dele com a velocidade de 100 km/h, ou o carro 2 As relações abaixo resumem as transformações galilelianas:
estar em repouso e o carro 1 aproximar-se dele com essa velocidade.
Para velocidades próximas à da luz, esse método clássico de
composição de velocidades leva a resultados errados. x’ = x – vt
y’ = y
z’ = z
3. Relatividade galileana t’ = t
Considere um referencial R (em repouso), referencial no solo.
Um ponto P está localizado em uma região do espaço e pode ser definido
pelas coordenadas cartesianas x, y e z. Galileu também postulou que as leis da mecânica são iguais tanto
para o referencial R quanto para o referencial R’, ou seja, fisicamente, os
dois referenciais são equivalentes.
Y
Uma outra maneira de interpretar essa ideia, é que, segundo Galileu,
não seria possível realizar um experimento dentro de um navio, por
exemplo, para determinar se ele está em repouso ou em movimento
retilíneo uniforme.

R P
4. Experiência de Michelson-Morley
y Os gregos não acreditavam no vácuo e, por isso, supunham que
O
todo o espaço entre os planetas e as estrelas deveria ser preenchido por
X uma substância invisível denominada éter. Acreditava-se também que,
z
x através do éter, as ondas eletromagnéticas se propagavam no espaço
da mesma forma que as ondas mecânicas, que necessitam de um meio
Z para se propagarem.
Para tentar comprovar a existência do éter, Albert Michelson e Edward
Considere agora um referencial R’ com velocidade constante (v) no eixo x
Morley, realizaram uma série de experimentos com a luz, conhecida como
se afastando da origem O do referencial R. Para esse referencial inercial,
experimento de Michelson-Morley.
as coordenadas y’ e z’ são iguais, respectivamente, às coordenadas y e z
do referencial R (y’ = y; z’= z).

326 IME-ITA – Vol. 2


Relatividade restrita FÍSICA IV
Assunto 4

O experimento consistia na produção de um feixe de luz que, ao Dessa forma, precisamos modificar as equações das transformações
atravessar um espelho semirrefletor, dividia-se em dois feixes, que de Galileu:
deveriam percorrer a mesma distância. Por meio de um detector eram
analisados os padrões de interferência desses feixes.
x’ = γ (x – vt)
espelho E2 y’ = y
fonte de luz

z’ = z
c2 – v2  v⋅x
c2 – v2 t' = γt − 2 

espelho E1
c–v  c 
velocidade
da luz c espelho c+v
semirrefletor em que γ é o fator de Lorentz:

velocidade da Terra v observador 1


γ=
v2
Como a Terra gira, se o éter existisse, deveria haver um movimento 1−
relativo do éter em relação à Terra, e esse movimento provocaria um atraso c2
em um dos feixes, alterando os padrões de interferência.
O experimento foi reproduzido diversas vezes, em diferentes condições,
e, para a surpresa de Michelson e Morley, o intervalo de tempo entre a 6. Contração do comprimento
chegada dos dois feixes era nula e o éter não produzia qualquer efeito na
luz, portanto, não deveria existir. Considere um objeto com velocidade próxima à da luz. O observador
O abandono da crença na existência do éter modificou o conceito S2, que se movimenta em um referencial com a mesma velocidade do
da Física clássica que defendia um sistema de referencial universal e objeto, vê o comprimento original do objeto (∆x – comprimento próprio).
estacionário em relação ao éter. Para um observador S1 em repouso, porém, ele enxerga o objeto com
um comprimento (∆x’) menor que o comprimento original (∆x’ < ∆x).
Esse fenômeno é conhecido como contração do comprimento e pode ser
5. Relatividade de Einstein calculado pela seguinte expressão:
Einstein, em 1905, mesmo ano que explicou o efeito fotoelétrico (pelo ∆x
qual recebeu o Prêmio Nobel), publicou a teoria da relatividade restrita com ∆x ' =
γ
os seguintes postulados:

A contração do movimento só ocorre na direção do movimento.


5.1 As leis da Física são iguais para todos os
referenciais inerciais
Como não existe referencial absoluto, as leis físicas (mecânicas,
eletromagnéticas, etc.) são as mesmas para qualquer referencial e não
importa se o observador está em repouso ou movimento em relação a ∆x
um fenômeno. 2
S2 x1 x2

5.2 A velocidade da luz é a mesma para Observador em movimento. Em seu referencial, ele observa o objeto
qualquer referencial inercial com o comprimento próprio, medido no referencial em repouso (t).

Esse postulado é contrário ao senso comum. Se um observador está


v
em repouso, um feixe de luz passaria por ele com a velocidade limite (no
vácuo) de aproximadamente 3 · 108 m/s. Se o observador se movimenta na ∆x’
mesma direção e sentido da luz com velocidade de 1 · 108 m/s, deveria ver a
luz passando por ele com uma velocidade de 3 · 108 – 1 · 108 = 2 · 108 m/s.
S1 x1 x2
Caso o observador se movimente com a mesma velocidade, porém, indo
de encontro ao feixe de luz, a velocidade desta seria de 3 · 108 + 1 · 108 Observador em repouso. Em seu referencial, ele observa o objeto com
= 4 · 108 m/s. um comprimento menor que aquele medido no referencial em repouso (t’).
No entanto, em ambos os casos, a velocidade da luz vista pelo
observador continua sendo de 3 · 108 m/s.
Mesmo que pudéssemos viajar em uma nave a 299.999 km/s
7. Dilatação do tempo
(vluz = 300.000 km/s) não veríamos um feixe de luz, na mesma direção e Considere um experimento que ocorre dentro de um trem em
sentido do nosso movimento, passando pela nossa nave a 1 km/s, mas movimento com velocidade v e é observado por Maria (em repouso, dentro
sim a 300.000 km/s! Isso desafia o senso comum. do trem) e por João (fora do trem, em repouso). Uma lâmpada localizada

IME-ITA – Vol. 2 327


FÍSICA IV
Assunto 4

no chão do trem emite um feixe luminoso. Um raio de luz vertical sobe e L = c · t’


é refletido por um espelho localizado no teto do trem. Maria observa uma Como D = ct
trajetória retilínea para esse raio. x = vt’
João, porém, observa a trajetória como duas linhas retas na diagonal
de acordo com a figura a seguir. substituindo em (III), temos:

trem trem trem trem (ct’)2 = (ct)2 + (vt’)2


B B1
C espelho C espelho C espelho
espelho E C
Maria C Portanto,
D L
D D
Maria Maria Maria
C C C C 1
fonte fonte fonte fonte t' = t
V v2
1−
c2

João
trajetória da luz Trajetória da luz observada por João. em que t é chamado de tempo próprio.
observada por Maria A luz não sofre influência da
velocidade v do trem. Para velocidades v muito pequenas comparadas com a da luz (c),
∆t tem-se a razão

∆t0 ∆t0 v2
≈0
c2
Maria e
t’ = t
Para Maria, a luz percorre uma distância 2D e o tempo entre a emissão
e a recepção do raio de luz (v = c) é: Para velocidades próximas à da luz, o tempo para o observador em
movimento será menor do que para o observador em repouso.
∆s 2D 2D
v= →c= →t = (I)
∆t t c
8. Composição de velocidades
Maria precisa de apenas um relógio para marcar o tempo t. Considere uma pessoa em movimento (velocidade v’ no referencial
Para João, a luz percorre uma distância 2L e o tempo entre a emissão em movimento) na mesma direção e sentido de um trem com velocidade
e a recepção do raio de luz (v = c pelo segundo postulado da teoria da constante v. Para um observador em repouso fora do trem, a velocidade
relatividade restrita) é: da pessoa (vo) seria, pela mecânica clássica,

2L v0 = v’ + v (I)
t' = (II)
c
espelho Mas, para velocidades próximas à da luz, essa velocidade não pode
M
ser calculada com essa simplicidade clássica. A expressão correta para
a determinação da velocidade v0 é

v '+ v
L D L v0 =
v 'v
1+ 2
c

evento 1 evento 2
B B Em situações do cotidiano, em que v’ e v são muito menores que a da
emissor/receptor emissor/receptor
luz, tem-se a razão
∆t
v 'v
≈0
c1 c2 c2

e a expressão da velocidade v0 é a mesma de (I), em conformidade com


o resultado da mecânica clássica.
Utilizando o teorema de Pitágoras,

L2 = D2 + x2 (III)

em que x é a metade da distância percorrida pelo trem (vtrem = v).

328 IME-ITA – Vol. 2


Relatividade restrita FÍSICA IV
Assunto 4

9. Massa e energia 11. Resumo das fórmulas


Todo corpo em repouso em relação a um referencial tem uma massa Para ajudar na memorização das fórmulas relativísticas, use o fator
denominada massa de repouso (m0). de Lorentz γ.
Se o corpo se movimenta com velocidade v em relação ao mesmo γ= 1
referencial, sua massa m será v2
1− 2
c

m0
m= • Comprimento
v2
1− 2 ∆x
c ∆x ' = γ

O aumento da massa significa que, quando o corpo se aproxima da • Tempo


velocidade da luz, é mais difícil aumentar a sua velocidade. Portanto,
t’ = γt
fisicamente, o aumento da massa significa um aumento da inércia do corpo.
Einstein estabeleceu que todo corpo possui energia denominada
energia de repouso, dada pela equação • Massa

m = γm0
E = mc 2

• Energia

E = γm0c²
10. Energia e quantidade de movimento
Considere-se um corpo de massa m se movimentando com velocidade • Quantidade de movimento
v em relação a um referencial inercial. A energia (E) e a quantidade de
movimento (Q) desse corpo é dada por
Q = γm0v

m0 c2
E=
v2
1−
c2
01 A meia-vida de uma certa partícula fundamental, quando estacionária
em relação à Terra, é de 2,2 μs. Quando emitida por um raio cósmico em
alta velocidade, passa a ser de 16 μs, também no referencial da Terra.
m0v
Q= Determine a velocidade de tal raio cósmico.
v2
1−
c2 02 Com que velocidade um foguete deve se deslocar em relação à Terra
para que o tempo no foguete se retarde até metade de seu valor para
observadores na Terra?
Combinando as duas expressões, temos
03 Certo pai é 20 anos mais velho que sua filha. Ele deseja viajar em
velocidade constante por dois anos até determinado ponto no espaço,
E = Q2 · c2 + (m0 · c2)2 levando mais dois anos, com a mesma velocidade, para retornar à Terra.
Ele se baseará num relógio presente na nave que utilizará para realizar a
viagem. Feita a experiência, ao voltar à Terra, percebeu que estava 20 anos
Para os fótons que não possuem massa (m0 = 0), a expressão acima mais novo que sua filha. Com que velocidade viajou?
se reduz para
04 Uma nave passa por Marte a uma velocidade de 0,985 c em relação
àquele planeta. Quando a nave está passando pela vertical de um ponto
E=Q·c na superfície, um pulso de luz muito forte é emitido e logo em seguida
desligado. Para um observador localizado em Marte, o pulso durou
75 μs. Quanto tempo durou o pulso para o piloto da nave?
Portanto, os fótons possuem energia e quantidade de movimento.

IME-ITA – Vol. 2 329


FÍSICA IV
Assunto 4

05 Um referencial S’ passa pelo referencial S com uma velocidade relativa 10 Uma partícula instável se forma na parte superior da atmosfera terrestre
v ao longo de seus eixos x’ e x. Um observador fixo em ’ começa a medir e se desloca verticalmente de cima para baixo com velocidade 0,9954 c
um intervalo de tempo em seu relógio de pulso. Outro observador, fixo em em relação à Terra. Um cientista em repouso na superfície da Terra verifica
S, mede o intervalo de tempo ∆t, correspondente ao intervalo de tempo que essa partícula é gerada a uma altura de 45 km.
medido pelo outro observador. O gráfico a seguir mostra a relação ∆t ×
β, no qual β é o parâmetro de velocidade interveniente: a. Para o cientista, quanto tempo a partícula levará para se deslocar 45
km até a Terra?
∆ta b. No referencial da partícula, qual é a distância entre ela e a superfície
da Terra, no momento em que foi criada?
c. No referencial da partícula, qual é o intervalo de tempo desde o
momento em que é gerada até o instante em que atinge a superfície
terrestre? Determine esse tempo duas vezes, uma usando a fórmula
∆t (s)

da dilatação do tempo, e outra, o resultado encontrado no item b,


verificando que os resultados coincidem.

11 Uma barra se move com velocidade constante v ao longo do eixo x


de um referencial S, paralelo ao comprimento da barra. Um observador
0 0,4 0,8 no referencial S mede o comprimento L da barra. O gráfico a seguir nos
β mostra a relação L × β, em que β = v/c. No gráfico, La = 1 m. Quanto
vale L quando v = 0,95 c?
O valor de ∆ta mostrado no gráfico é de 14 s. Quanto vale ∆t quando
v = 0,98 c? La

06 Uma partícula instável de alta energia penetra um detector de um


laboratório e deixa um rastro de 1,05 mm antes de decair. Sua velocidade

L (m)
relativa ao detector é de 0,92 c. Quanto tempo ela teria durado antes de
decair caso estivesse em repouso em relação ao detector? Tudo é medido
do referencial do laboratório.

07 Suponha que você está pilotando uma nave, e uma outra nave passa
por você com velocidade de 0,8 c em relação a você. Nesse instante, você 0 0,4 0,8
e o piloto da outra nave passam a cronometrar o tempo a partir do zero. β

a. No instante em que a outra nave está a 1,2 · 108 m de você, qual é a 12 Uma partícula se move ao longo do eixo x’ de um referencial S’ com
leitura indicada no cronômetro do piloto da outra nave? velocidade 0,4 c. O referencial S’ se move com velocidade 0,6 c em
b. Quando o piloto da outra nave mede o tempo indicado no item anterior, relação ao referencial S. Qual é a velocidade da partícula com relação ao
qual é a distância que ele mede entre a sua nave e a dele? referencial S?
c. Quando o piloto da outra nave mede o tempo indicado no item a, qual
é o intervalo de tempo que você verifica no seu cronômetro? 13 Um observador em um sistema S’ move-se da esquerda para a direita
d. Se o piloto da outra nave fosse perguntado sobre o tempo que você (no sentido +x) com u = 0,6 c, afastando-se de um observador em
marcou, quanto ele responderia? repouso no sistema S. O observador no sistema S’ mede a velocidade v’
de uma partícula que se afasta dela da esquerda para a direita. Qual é a
08 Uma espaçonave tem comprimento de repouso igual a 130 m. velocidade v que o observador no sistema S mede para a velocidade da
Ela se locomove com uma velocidade de 0,74 c em relação a uma estação partícula quando:
espacial.
a. v’ = 0,4 c?
a. Qual é o comprimento da espaçonave medido por um observador b. v’ = 0,9 c?
parado na estação? c. v’ = 0,99 c?
b. Qual o intervalo de tempo que um relógio presente na estação medirá
entre as passagens da parte da frente e da parte de trás da nave? 14 O astronauta A passa pelo astronauta B com velocidade relativa igual a
0,8 c. A e B sincronizam o instante zero de seus respectivos cronômetros
09 Um astronauta parte da Terra, com velocidade 0,99 c, em direção à quando A está passando exatamente por B. Quando o cronômetro de A
estrela Vega, distante 26 anos-luz. indica 5 s, ele liga uma fonte luminosa muito forte.

a. Quanto tempo haverá passado na Terra quando o astronauta chegar a. Determine a posição x e o instante t medidos pelo referencial B para
a Vega? o evento ocorrido, considerando a origem do referencial de posição
b. Assim que o astronauta chega na estrela, ele emite um sinal de A sua própria espaçonave.
eletromagnético indicando que chegou. Quanto tempo haverá passado b. Calcule o intervalo de tempo entre os dois eventos (instante em que
na Terra desde a partida do astronauta até a recepção desse sinal? A passa por B e o instante em que a luz se acende), conforme medido
c. Quão mais velhas as pessoas na Terra estarão, para o astronauta, pelo astronauta B, usando a dilatação do tempo. Compare com o valor
quando ele chegar a Vega? de t achado no item a.

330 IME-ITA – Vol. 2


Relatividade restrita FÍSICA IV
Assunto 4

c. Multiplique o intervalo de tempo encontrado pela velocidade do 07 Com que velocidade você deve se aproximar de um sinal de trânsito
astronauta A em relação ao astronauta B, ambas medidas por B, para vermelho (λ = 675 nm) para que ele aparente uma cor amarela (λ = 575 nm)?
calcular a distância que A se deslocou, medida pelo astronauta B. Se você usou isso como desculpa para não pagar a multa pelo avanço
Compare com o valor de x achado no item a. do sinal vermelho, quanto você teria de pagar de multa pelo excesso de
velocidade? Suponha uma multa de R$1,00 para cada km/h de excesso
15 Duas partículas são produzidas em um acelerador de partículas de de velocidade acima da velocidade máxima permitida de 90 km/h.
alta energia e se afastam em sentidos opostos. A velocidade de uma das
partículas, medida no laboratório, é igual a 0,65 c, e a velocidade relativa 08 Que trabalho deve ser realizado para aumentar a velocidade de um
entre as duas é de 0,95 c. Qual é a velocidade da outra partícula, medida elétron do repouso até:
no laboratório?
a. 0,5 c?
b. 0,99 c?
c. 0,999 c?
Dado: Considere que a energia de repouso do elétron é 511 keV.
01 Duas partículas geradas em um acelerador de partículas de alta energia
se aproximam frontalmente com uma velocidade relativa igual a 0,952 c 09 Uma partícula de massa m se move em alta velocidade ao longo de
medida no laboratório. Qual é o módulo da velocidade com que uma se uma linha reta sob a ação de uma força F dirigida ao longo da mesma
aproxima da outra? linha reta.

02 Em uma experiência, duas partículas em um acelerador de partículas a. Determine a aceleração da partícula.


se aproximam uma da outra, em sentidos opostos, com uma velocidade b. Caso a força F seja perpendicular à velocidade do corpo, determine
relativa de 0,890 c. Ambas as partículas se movem com a mesma sua aceleração.
velocidade em relação ao laboratório. Qual é essa velocidade?
10 Um próton, de massa de repouso igual a 1,67 · 10–27, apresenta uma
03 Múons são partículas subatômicas instáveis que decaem e se energia total igual a quatro vezes sua energia de repouso. Determine:
transformam em elétrons após 2,2 μs, medidos num referencial em
repouso em relação a eles. Eles são gerados quando raios cósmicos a. a energia cinética do próton.
atingem as camadas superiores da atmosfera terrestre, a cerca de 10 b. o módulo do momento linear do próton.
km da superfície da Terra. Imagine múons liberados a uma velocidade de c. a velocidade do próton.
0,99 c em relação à superfície da Terra e que esses múons podem ser
detectados na superfície terrestre. Explique o porquê, fundamentando seus 11 Qual trabalho deve ser realizado para quebrar um núcleo de 12 c (de
pensamentos de acordo com a teoria da relatividade restrita. massa 11,99671 u) em três núcleos de 4 He (de massa 4,00151 u cada)?

04 Um avião, cujo comprimento medido por um observador dentro dele 12 Em que porcentagem sua massa de repouso aumenta quando você
é de 40 m, move-se com velocidade constante de 630 m/s em relação sobe 30 m até o topo de um edifício de dez andares?
à Terra.
13 Em quantos gramas a massa de uma mola de 12 g com uma constante
a. Por qual fração do seu comprimento de repouso o seu comprimento de 200 N/cm varia quando você a comprime em 6 cm?
é reduzido para um observador na Terra?
b. Quanto tempo levaria, de acordo com os relógios da Terra, para que 14 Numa colisão altamente energética entre uma partícula oriunda de
o relógio do avião atrasasse 1 μs? um raio cósmico e uma partícula próxima à atmosfera terrestre, 120 km
Obs.: Considere (1+ x ) ≈ (1+ nx ), para x << 1.
n
acima do nível do mar, um píon é criado. O píon tem uma energia total de
1,35 · 105 MeV e viaja verticalmente para baixo. No referencial do píon,
05 Suponha que um corredor muito veloz, com velocidade 0,6 c, ele decai 35 ns após sua criação. A que altitude acima do nível do mar,
segurando uma vara muito longa, esteja correndo em direção a um celeiro medida no referencial da Terra, o decaimento ocorre? A energia de repouso
aberto em ambas as extremidades. O comprimento da vara (no sistema do píon é de 139,6 MeV.
de repouso da vara) é 6 m e o comprimento do celeiro (no sistema de
repouso do celeiro) é 5 m. No sistema de referência do celeiro, a vara 15 Um comprimido de aspirina tem massa 320 mg. Por quantos
sofre contração de comprimento e pode se encaixar totalmente dentro quilômetros a energia equivalente a essa massa consegue fazer um
do celeiro. Porém, no sistema de referência do corredor, o celeiro sofre carro movido a gasolina andar? Considere que o carro faz uma média de
contração, logo, a vara nunca poderá se encaixar completamente dentro 12,75 km/L e que o calor de combustão da gasolina é de 3,65 · 107 J/L.
do celeiro. Explique como se resolve esse paradoxo.
16 Enquanto você lê essa página, um próton oriundo de um raio cósmico
06 Imagine que uma espaçonave inimiga está perseguindo sua passa rasante à página, com velocidade relativa v e energia total de 14,24 nJ,
espaçonave com velocidade, medida em relação a você, igual a 0,4 c. da esquerda para a direita, ao longo de sua largura. De acordo com suas
A espaçonave inimiga dispara um míssil para atingir a sua com uma medidas, a largura da página é de 21 cm.
velocidade, em relação à espaçonave inimiga, de 0,7 c.
a. Qual é a largura da página medida no referencial do próton?
a. Qual é a velocidade do míssil em relação à sua espaçonave? b. Quanto tempo durou a passagem do próton no referencial dele?
b. Se você mediu uma distância de 8 · 106 km entre você e a espaçonave c. Quanto tempo durou o movimento do próton no seu referencial?
inimiga no instante em que o míssil foi disparado, qual será o tempo
que o míssil levará para atingi-lo?

IME-ITA – Vol. 2 331


FÍSICA IV
Assunto 4

17 Quando uma partícula encontra sua antipartícula, elas se aniquilam, 02 Dois prótons, cada um com massa M = 1,67 · 1027 kg, se movem
e sua massa é convertida em energia luminosa. Os EUA consomem com velocidade de módulos iguais e sentidos opostos. Depois da colisão
aproximadamente 1 · 1020 J de energia por ano. eles continuam a existir, porém, ocorre a produção de um píon neutro com
massa m = 2,40 · 1028 kg. Sabendo que os prótons e o píon permanecem
a. Se toda essa energia viesse de um reator antimatéria futurista, que em repouso após a colisão, calcule a velocidade inicial dos prótons.
massa de matéria e antimatéria seria consumida anualmente? A energia é conservada na colisão.
b. Se esse combustível tivesse a densidade do ferro (7,86 g/cm³) e
estivesse empilhado em tijolos formando um cubo, qual seria a aresta 03 Um aluno, que se move com uma velocidade 0, 9 c em relação ao
desse cubo? professor parado, realiza uma prova cuja duração deve ser de duas horas,
medida pelo relógio de pulso do professor. O professor começa a contagem
18 (ITA-2013) Considere as seguintes relações fundamentais da dinâmica do tempo quando o aluno passa por ele. Posteriormente, quando do término
relativística de uma partícula: a massa relativística m = m0 γ, o momentum da prova no seu referencial, emite um sinal luminoso. O estudante para de
relativístico p = m0γv e a energia relativística E = m0γc2, em que m0 é a escrever quando o sinal o alcança. Quanto tempo o aluno teve para fazer
1 a prova?
massa de repouso da partícula e γ = é o fator de Lorentz.
1− v 2
04 Uma elipse de semieixo a > b, está em repouso no referencial S.
c2
Calcule a velocidade v do referencial S’, para que ele, ao observar a elipse,
Demonstre que E – p c = (m0c ) e, com base nessa relação, discuta
2 2 2 2 2
veja uma circunferência.
a afirmação: “Toda partícula com massa de repouso nula viaja com a
velocidade da luz c”.
05 Se uma partícula de massa de repouso m0 é acelerada, a partir do
repouso, por uma força dependente do tempo e dada por F(t) = 2bt, (t > 0 ),
19 (ITA-2015) Um múon de meia-vida de 1,5 µs é criado a uma altura de
calcule a equação que dá v com função do tempo. Tome o limite de v
1 km da superfície da Terra devido à colisão de um raio cósmico com um
quando t → ∞.
núcleo e se desloca diretamente para o chão. Qual deve ser a magnitude
mínima da velocidade do múon para que ele tenha 50% de probabilidade
06 Uma par tícula de carga q e massa de repouso m penetra
de chegar ao chão?
perpendicularmente um campo magnético B com uma velocidade v
(A) 6,7 · 107 m/s. muito grande, comparável à da luz. Determine se o período do movimento
(B) 1,2 · 108 m/s. subsequente é dependente ou não do valor de v.
(C) 1,8 · 108 m/s.
(D) 2,0 · 108 m/s. 07 Uma partícula de poeira de 0,1 μg é acelerada a partir do repouso até
(E) 2,7 · 108 m/s. uma velocidade de 0,9 c por uma força constante de 1 · 106 N.

20 (ITA-2016) Enquanto em repouso relativo a uma estrela, um astronauta a. Se a forma clássica da lei de Newton for usada, que distância a partícula
vê a luz dela como predominantemente vermelha, de comprimento de onda percorrerá?
próximo a 600 nm. Acelerando sua nave na direção da estrela, a luz será b. Usando o tratamento relativístico, que distância o objeto percorrerá?
vista como predominantemente violeta, de comprimento de onda próximo c. Qual das duas distâncias é maior? Por quê?
a 400 nm, ocasião em que a razão da velocidade da nave em relação à da
luz será de: 08 Quasares são núcleos de galáxias ativas nos estágios mais primórdios
de sua formação. Um quasar típico emite energia a uma taxa de 1041 W.
A que taxa a massa do quasar é reduzida para suprir essa quantidade de
(A) 1 . (D) 5 .
3 9 energia? Expresse sua resposta em unidades de massa solar (u.m.s.) por
ano, sendo 1 u.m.s = 2 · 1030 kg (massa do Sol).
(B) 2 . (E) 5
.
3 13 09 Uma partícula de massa m tem velocidade c/2 em relação a um
referencial em repouso S. A partícula colide com uma outra partícula
(C) 4 .
9 idêntica a ela, em repouso em relação a S. Relativo a S, qual é a velocidade
do referencial S’ no qual o momento linear total dessas partículas é zero?
Esse referencial é chamado de centro de momento linear.

10 Um instrutor de beisebol usa um radar para medir a velocidade de


uma bola de beisebol. Esse dispositivo envia ondas eletromagnéticas
01 As coordenadas espaço-tempo de dois eventos medidos em um
com frequência f0 e, a seguir, mede o deslocamento ∆f da frequência das
referencial S são
ondas eletromagnéticas refletidas pela bola de beisebol em movimento.
Sabendo que a fração da variação da frequência produzida por uma certa
( x1; y1; z1; t1 ) = ( 6 ⋅ 104 m; 0; 0; 2 ⋅ 10−4 s) bola de beisebol em movimento é ∆f/f0 = 2,86 · 10–7, qual é a velocidade
( x 2 ; y 2 ; z2 ; t 2 ) = (12 ⋅ 104 m; 0; 0; 1⋅ 10−4 s) da bola de beisebol, em km/h?

Qual deve ser a velocidade de um referencial S’ para que esses eventos


aconteçam simultaneamente no mesmo referencial?

332 IME-ITA – Vol. 2

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