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Condução de veículos

Pesados e
Acondicionamento da Carga
1. Leis da física

Quando um veículo se desloca, está sujeito a certas força que se manifestam


particularmente numa aceleração, numa travagem, ao descrever uma curva e ainda
quando o pavimento não é regular (lombas, buracos, desníveis). Elas aumentam
consideravelmente num choque provocado por um acidente.

Não só o veículo está sujeito a essas forças, mas igualmente a carga que ele
transporta. É assim necessário conhece-las bem para as poder dominar.

O Centro de Gravidade

O Centro de gravidade de um corpo é o ponto imaginário onde actua a força de


gravidade que corresponde ao centro geométrico desse corpo no caso da sua
constituição ser homogénea.

Quando o veículo está vazio esse ponto é determinado pelas suas características de
construção

A carga do veículo altera o centro de gravidade. Um veículo cujo centro de gravidade


se encontra muito alto (ex. veículos com caixa isotérmica, camião cisterna, betoneiras,
ect.), podem tombar ao realizar uma curva apertada ou numa rotunda se a velocidade
não for adequada.

No decorrer da condução, o centro de gravidade do veículo está constantemente em


movimento. É lhe atribuído o nome de Centro de gravidade dinâmico.
Inércia ao arranque

Ao arrancar a carga teria tendência a ficar no


mesmo lugar: Transferência da carga a
retaguarda

Inércia a travagem

Neta situação, a carga tem tendência a manter


a velocidade que tinha antes da travagem:
Transferência de massa para a frente.

Quanto maior for o peso da carga, maior terá


que ser o esforço aplicado na travagem e maior serão as forças aplicadas na carga.

Energia Cinética

Energia acumulada por um corpo quando ganha velocidade. Se multiplicar por 2 a


massa de um objectos em movimento, a inércia será igualmente multiplicada por 2.
Num entanto se multiplicar a velocidade por 2 de um objecto, a inércia acumulada
multiplica-se por 4.

Choque a 80 Km/h
Força centrifuga

Força que se manifesta quando se realizam mudanças de direcção. Tende a empurrar


o veículo e a sua carga para o lado exterior da curva.

A força centrifuga, aumenta proporcionalmente


relativamente a massa conforme a curva se vai
tornando mais apertada. Pelo contrário, quando a
velocidade é multiplicada por 2, a força centrifuga
multiplica-se por 4.

Movimentação da carga na vertical

Em condições normais, o veículo provoca


oscilações verticais derivado do (mau) estado
do pavimento. A carga perde o contacto com
carroçaria do veículo.

Baldear

O baldear lateral de um líquido dentro de um veículo cisterna provoca ao veículo um


movimento oscilatório.

O baldear longitudinal produz-se numa travagem ou aceleração e manifesta-se por


movimentos oscilatórios repetidos de traz para a frente.
Consequências das leis da física sobre a carga

Uma carga pesada, colocada sobre o veículo pode parecer impossível de movimentar.
Esta teoria só é valida quando o veículo está parado e que é um homem que tenta
movimenta-la sem a ajuda de uma máquina. Na realidade quanto maior for uma carga,
maior será a sua inércia quando a carga se movimentar relativamente a sua colocação
sobre o veiculo.

Por consequência, se a carga não estiver devidamente acondicionada e presa, terá


tendência a movimenta-se em todas as direcções quando o veículo der inicio a sua
marcha.

Como tal é necessário que a carga se torne parte integrante do veículo.

Transferência de carga

Para que a carga se torne parte integrante do veículo, é necessário contrariar a


transferência de massas desta, da seguinte forma:

● 100 % da carga tem que estar segura


de forma a não se movimentar para a frente

●100 % da carga deve estar segura à


carroçaria do veículo

● Lateralmente a carga deve estar presa


de uma forma repartida 50% a direita 50 %
a esquerda

Posição e distribuição das cargas pela caixa de carga

A posição e distribuição da carga pela caixa de carga nos veículos automóveis, é


extremamente importante não só para a conservação do veículo como também por
uma questão de segurança.
Existem cargas que não necessitam de quaisquer outros cuidados que não sejam os de
a distribuir uniformemente pela caixa de carga e bem amarra-la, sem esquecer de não
exceder a capacidade de carga do veículo.
Quando se trata de cargas com várias dimensões e pesos e de diferentes graus de
fragilidade, a distribuição e acomodação das cargas torna-se um trabalho mais
delicado.
Nestes casos, há necessidade de acomodar as cargas atendendo à distribuição dos
pesos, procurando fazer com que os objectos mais pesados fiquem no fundo mas
distribuídos pela caixa para que, no final da distribuição de todas as cargas, o centro
de gravidade das cargas coincida aproximadamente com o centro de gravidade da
caixa de carga.
Este trabalho deve ser realizado por pessoal especializado e conhecedor (o condutor)
dos seus princípios básicos e dos efeitos de uma carga deficientemente colocada.
A distribuição da carga deve ser feita de forma racional e de modo que, tanto quanto
possível, o seu peso fique uniformemente distribuído por toda a caixa de carga do
veículo.

As cargas sólidas individuais cujo seu


peso perfaz a carga máxima do
veículo, devem ser colocadas a meio
da caixa de carga (quer no seu
comprimento, quer na sua largura),
para que o seu centro de gravidade
coincida com o centro de gravidade da
caixa de carga.

Quando o veículo é carregado


com a carga total encostada a
cabine, a direcção fica
extremamente pesada e os
pneus da frente ficam
sobrecarregados, e correm o
risco de rebentarem.

Quando o veiculo e carregado


desta forma (carga total toda
puxada a retaguarda da caixa de
carga), as rodas da frente ficam
com menos aderência e a direcção
fica solta, podendo levar ao
despiste do veiculo por falta de
precisão da direcção. Os pneus
traseiros correm o risco de rebentar.

Quando o veículo é carregado desta forma (carga toda


encostada a um dos lados), o condutor tem
dificuldades em controlar o veículo e os pneus desse
lado podem rebentar.
2. O veiculo

Perigos do trânsito, resvalamento, as suas causas e sua neutralização.

Os resvalamentos são a causa de um grande número de acidentes de trânsito que


umas vezes são provocados por deficiência da condução e outras vezes, embora estas
sejam em menor número, teremos de admitir que sejam provocados por deficiências
mecânicas.

As causas mecânicas que podem provocar resvalamento poderão ser as seguintes:

- Quando na travagem, uma das rodas prende mais do que a outra, a roda
derrapa e o veículo resvala normalmente para o lado da roda que prende.
- Quando a profundidade do rasto (sulcos) dos pneus está gasto, os pneus
perdem as propriedades nomeadamente aderência, e o veículo pode resvalar.
- Quando a direcção do veículo está desalinhada ou quando existem excessivas
folgas na direcção, o deficiente contacto das rodas com o pavimento pode
provocar o resvalamento do veículo.
- A vibração das rodas provocadas pela má calibragem destas últimas,
provocam um desequilíbrio dinâmico associado à velocidade pode levar o
veículo a resvalar.

Para evitar estas deficiências mecânicas, torna-se necessário que o veículo mantenha
todos estes órgãos em perfeitas condições de conservação e funcionamento e, sempre
que o condutor detecte qualquer ocasional deficiente, deve procurar diligenciar para
que esta seja resolvida.
A incorrecta forma de conduzir pode também ser a causa de resvalamento.
A velocidade e forma de conduzir causadoras de resvalamento variam com o tipo de
veiculo, dado que uns são muito mais estáveis do que outros, mas principalmente
variam com o estado do pavimento como se procura descrever em cada caso, os
perigos e a forma correcta de conduzir.

Pavimento Molhado

Quando se circula em pavimento, a aderência das rodas ao pavimento diminui e


qualquer pequena variação de direcção ou de velocidade do veículo, é suficiente para
provocar o seu resvalamento.

Nestas condições, o condutor


quando circula em pavimento
molhado, deverá evitar variações
bruscas de direcção, isto é,
deverá circular a velocidade
moderada de acordo com as
características das condições do
pavimento para evitar as
derrapagens provocadas por
travagens inesperadas por
curvas com um raio de curvatura
imprópria para a velocidade do
veículo.
Sempre que a traseira do veículo entra em derrapagem lateral, o condutor deve voltar
a direcção para o mesmo lado que a traseira está a derrapar, até que o veículo fique
equilibrado.

Em pavimento irregular

Quando se circula em pavimentos


irregulares, isto é, em vias com
pavimento esburacado e em mau
estado de conservação, o
condutor será forçado a reduzir a
velocidade para que o veículo
não dê bruscos solavancos e o
condutor possa escolher a
passagem, desviando-se quanto
possível dos buracos mais
acentuados.

Estas vias normalmente estão sinalizadas com o respectivo sinal de perigo para alertar
os condutores da necessidade de reduzir a velocidade.

Quando os veículos circulam com frequência em vias com o pavimento irregular, os


seus órgãos de direcção e de suspensão sofrem esforços anormais pelo que
necessitam de uma mais cuidada inspecção e manutenção.

Comportamento do reboque ou semi-reboque em travagem

Sempre que num conjunto de veículo constituído por tractor e reboque ou semi-
reboque, um dos veículos trava primeiro que o outro, vai provocar o desequilíbrio do
conjunto.

Assim, quando o veículo tractor trava primeiro, este é empurrado para a frente pelo
reboque, e quando é o reboque que trava em primeiro lugar é o tractor que é puxado
para trás, o que provoca o desequilíbrio do conjunto.

Quando o tractor trava


primeiro, o impulso que o
reboque exerce sobre a
sua traseira faz com que
esta se desloque
lateralmente, por meio
de derrapagem,
deslocamento que é
acompanhado igualmente
pela frente do veículo
rebocado, provocando o efeito tesoura.

Esse desequilíbrio resulta da carga de cada um dos veículos, da velocidade a que o


conjunto de veículo se desloca e o grau de aderência das rodas ao piso.

Este fenómeno ocorre por norma, quando com o piso está molhado e escorregadio, o
conjunto descreve uma curva, na qual o condutor exerce uma travagem.

Para contrariar este fenómeno de derrapagem e endireitar o conjunto, o condutor deve


assim que possa e tenha calma e destreza para tal, acelerar o veículo e voltar a
direcção no sentido do deslocamento da traseira do tractor.

Quando é o reboque que trava primeiro que o veiculo tractor, o desequilíbrio não é
tão acentuado como no caso anterior, excepto quando se processa a uma velocidade
anormal (demasiado rápida), em curva em que a direcção do veiculo tractor pode ser
perigosamente afectada.

3. Bases legais e Responsabilidades

Conforme pode verificar neste estrato do Código da Estrada em vigor em Portugal,


o condutor tem responsabilidades as quais não deve dar uma importância menos.

Artigo 135.º do Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro

Responsabilidade pelas infracções

1 - São responsáveis pelas contra-ordenações rodoviárias os agentes que


pratiquem os factos constitutivos das mesmas, designados em cada diploma legal,
sem prejuízo das excepções e presunções expressamente previstas naqueles
diplomas.

2 - As pessoas colectivas ou equiparadas são responsáveis nos termos da lei geral.


3 - A responsabilidade pelas infracções previstas no Código da Estrada e legislação
complementar recai no:

a) Condutor do veículo, relativamente às infracções que respeitem ao


exercício da condução;
b) Titular do documento de identificação do veículo relativamente às
infracções que respeitem às condições de admissão do veículo ao trânsito
nas vias públicas, bem como pelas infracções referidas na alínea anterior
quando não for possível identificar o condutor;
c)…
Quanto a colocação da carga no veículo, mais uma vez o Código da Estrada é bem
específico.

Artigo 56.º do Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro

Transporte de carga

1 - A carga e a descarga devem ser feitas pela retaguarda ou pelo lado da faixa de
rodagem junto de cujo limite o veículo esteja parado ou estacionado.

2 - É proibido o trânsito de veículos ou animais carregados por tal forma que


possam constituir perigo ou embaraço para os outros utentes da via ou danificar os
pavimentos, instalações, obras de arte e imóveis marginais.

3 - Na disposição da carga deve prover-se a que:

a) Fique devidamente assegurado o equilíbrio do veículo, parado ou em


marcha;
b) Não possa vir a cair sobre a via ou a oscilar por forma que torne
perigoso ou incómodo o seu transporte ou provoque a projecção de detritos
na via pública;
c) Não reduza a visibilidade do condutor;
d) Não arraste pelo pavimento;
e) Não seja excedida a capacidade dos animais;
f) Não seja excedida a altura de 4 m a contar do solo;
g)…
h) …
i) Tratando-se de transporte de mercadorias a granel, aquela não exceda a
altura definida pelo bordo superior dos taipais ou dispositivos análogos.

4 -….

5 - Quem infringir o disposto nos nºs 1 e 2 é sancionado com coima de € 60 a €


300.

6 -Quem infringir o disposto no n.º 3 é sancionado com coima de € 120 a € 600, se


sanção mais grave não for aplicável, podendo ser determinada a imobilização do
veículo ou a sua deslocação para local apropriado, até que a situação se encontre
regularizada.

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