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2023
Xangô e-Racing
Sumário:
0. Introdução - 4
2. Pneus - 10
2.1 Geração de força em um pneu - 11
2.1.1 Adesão e histerese - 12
2.2 Sensibilidade do pneu - 12
2.3 Sip Ratio - 13
2.4 Temperatura e pressão dos pneus - 14
2.4.1 Temperatura - 14
2.4.2 Pressão - 15
2.5 Camber, caster e toe - 16
2.5.1 Camber - 16
2.5.1.1 Camber thrust - 17
2.5.2 Caster - 18
2.5.2.1 Mechanical trail e pneumatic trail - 18
2.5.3 Toe - 19
3. Braços de suspensão - 20
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4. Molas e amortecedores - 23
4.1 Amortecimento - 24
4.2 Molas - 24
4.3 Massa suspensa e não suspensa - 25
4.4 Rigidez à rolagem - 25
5. Geometria de direção - 26
5.1 Ackerman - 27
6. Considerações finais - 28
7. Referências - 28
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Xangô e-Racing
0. Introdução
Este resumo tem por objetivo conceituar os principais aspectos teóricos relacionados
aos sistemas de suspensão e direção em veículos de corrida, com enfoque no projeto de um
Fórmula SAE elétrico. Também é finalidade deste documento servir de objeto de estudo para
os membros da Xangô e-Racing, no presente e no futuro.
O projeto de ambos os sistemas é consideravelmente denso e com uma quantidade
elevada de variáveis, tornando imprescindível um embasamento teórico amplo, todavia boa
parte dos materiais de estudo são de difícil acesso e/ou compreensão. Sendo assim, a ideia
deste documento é facilitar o estudo inicial de ambos os sistemas por meio de um compilado
dos tópicos mais importantes relacionados à suspensão e direção.
É válido pontuar que a confecção deste material só foi possível graças ao suporte das
equipes de Fórmula SAE: Tesla UFMG, EESC-USP Tupã e Unicamp E-Racing.
Os objetos de estudo analisados e resumidos neste documento foram: Race Car
Design- Derek Seward; DINÂMICA VEICULAR - Relatório Conceitual(Tesla-UFMG);
Formula Student 101- Claude Rouelle; MILLIKEN, William - Race Car Vehicle Dynamics.
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Xangô e-Racing
Apesar de certas simplificações pontuais em alguns casos, por via de regra um carro
será tratado como um corpo extenso, o que significa que a maioria das forças que atuam nele
serão interpretadas como momentos em torno de um dado eixo. Isso não é diferente para a
força lateral, a sua presença gera momentos em vários eixos, dentre eles está o momento de
Yaw, que atua em torno do eixo Z (vertical) do veículo.
Esse é o momento que garante que o veículo gire na pista. Pelo fato de seu eixo de
rotação estar posicionado no centro de massa, o que acontecerá é que os pneus traseiros em
meio a uma curva terão momentos opostos em relação aos dianteiros, quase como se cada um
tentasse girar o carro em em sentidos contrários. O momento que vai sobressair é aquele que
tiver a maior força e a maior distância em relação ao eixo de rotação.
Entendendo a relação entre essas duas grandezas (força lateral X momento), é possível
sintetizar alguns comportamentos comuns em pista. Todo pneu possui um limite de aderência
lateral, ou seja, produz uma força lateral máxima. Se for exigido mais do que esse limite, a
força produzida cai e o pneu passa a deslizar completamente. Se, por algum motivo, essa
situação ocorrer apenas com os pneus traseiros, o veículo irá lançar a traseira para fora da
curva (imagem abaixo), já que a inércia deixará de ser resistida pelas forças laterais dos pneus
traseiros.
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Xangô e-Racing
Por definição, um veículo que possui boa estabilidade direcional tem boa capacidade
de retornar para sua condição de equilíbrio quando é desestabilizado, ou seja, quando há
incidência de sobre-esterçamento. Nesse aspecto, as dimensões principais do veículo são
determinantes: quanto maiores a distância entre-eixos e a bitola, maior a estabilidade, devido
ao maior momento polar de inércia. Além disso, a posição do centro de massa do veículo
também influencia diretamente: quanto mais deslocado para trás o centro de massa estiver,
maior será a tendência sobre-esterçante. Diversos outros fatores também influenciam na
estabilidade direcional e serão, em parte, cobertos neste resumo.
Além de boa estabilidade direcional, o veículo também deve apresentar uma boa
dirigibilidade, ou seja, as respostas aos comandos do volante devem ser rápidas, precisas e
com pouca incidência de sub-esterçamento. Note que são conceitos quase que opostos mas
que em um carro bem projetado conversam entre si, elevado momento de inércia, nesse caso,
passa a ser desvantajoso, uma vez que isso aumenta a resistência veículo a mudar de
trajetória.
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Inércia é a propriedade de todo e qualquer corpo que faz com que ele tenda a
permanecer com sua velocidade constante, seja ela nula ou não, exceto se alguma força atua
sobre ele. Esse fenômeno atuará em um carro em movimento nas frenagens, curvas e
acelerações e é ele quem define a diferença entre um modelo estático e idealizado do veículo
e o modelo dinâmico e por vezes imprevisível em meio a uma corrida.
Quando o veículo sofre uma aceleração (que nesse caso é um sinônimo de força), seja
longitudinal (aceleração/frenagem) ou lateral (curva), sua massa oferece uma resistência
natural a acompanhá-la, em razão da inércia. O resultado disso é que, no caso de a frenagem,
por exemplo, com o deslocamento do centro de massa para frente, as rodas traseiras perdem
parte da carga vertical que é obtida pelo peso, enquanto as dianteiras ganham, gerando um
ganho na capacidade de geração de forças na dianteira. A mesma ideia se aplica para para
acelerações ou curvas. Uma maneira prática de imaginar isso é que esse fenômeno sempre
atua no sentido contrário da força que está sendo aplicada, então se a curva é pra direita esse
ganho de carga virá nos pneus do lado esquerdo, todo esse processo é denominado
transferência de carga.
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Além da rolagem, há ainda mais um momento associado à transferência de carga,
sendo esse denominado pitch. Diferentemente dos outros dois, esse está relacionado à forças
longitudinais (aceleração/frenagem) e ocorre em torno do eixo Y (lateral). Sua influência é
muito simples de ser notada até mesmo em um carro de rua, é justamente a inclinação para
frente (dive) que um veículo tem em uma freada ou para trás (squat) no contexto de uma
arrancada ou retomada.
Todos esses efeitos ocorrem em função de alguns parâmetros fixos, como o peso, as
dimensões do veículo e a geometria da suspensão, e alguns outros variáveis como a posição
do centro de massa, intensidade das forças envolvidas e carga aerodinâmica. Um bom projeto
de suspensão tem que definir bem quais são esses parâmetros fixos e também deve ser capaz
de prever como será o comportamento dessas variáveis em meio a uma curva, por exemplo.
Como o grande objetivo de suspensão e de direção é aumentar as menores velocidades e
diminuir o tempo gasto nelas, no próximo tópico entenderemos como definimos esses
parâmetros estáticos para garantir o melhor desempenho dos pneus nessas situações.
2. Pneus
A parte mais importante de um carro, sem dúvida, são os pneus. São eles a única parte
que toca o solo, logo, são eles os responsáveis por imprimir no veículo as forças que o fazem
acelerar, frear e virar. Basicamente todos os principais sistemas de um veículo trabalham em
função dos pneus. Logo, é primordial entender como é o processo de geração de forças em
um pneu para garantir um bom projeto.
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Um pneu gera forças por meio da deformação da sua banda de contato (contact patch)
em uma certa direção desejada, essa deformação vai ocorrer pois há entre a borracha e o solo
interações intermoleculares que vão resistir ao esterçamento das rodas, por isso há a
deformação. A intensidade dessa interação pode ser definida como o grip, um pneu com mais
grip é mais capaz de gerar forças, então essa é uma característica que, em geral, sempre
vamos buscar aumentar em nosso projeto. Uma das maneiras de medir a magnitude dessa
deformação é o ângulo que há entre a direção de movimento do pneu e a direção para qual ele
aponta, essa angulação é chamada de slip angle (ângulo de deriva).
Como dito anteriormente, é comum imaginar que a interação que há entre a banda de
contato e o solo é simplesmente o atrito, mas isso está incorreto. Se isso fosse verdade, não
haveria nenhum sentido os carros de fórmula 1 utilizarem pneus extremamente largos, pois
note que na equação Força de atrito = µ × Carga normal a área de contato não tem nenhuma
relação com o atrito, mas veremos a seguir que ela é um dos fatores mais importantes para a
geração de forças. A foto abaixo ilustra o quão grande os pneus de um carro de fórmula
realmente são:
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Até então, as relações entre carga e força gerada foram descritas como proporcionais,
e de fato são, todavia essa relação não é linear e com o tempo o incremento de grip em função
do aumento da carga vertical vai se tornando cada vez menor, essa característica é inerente a
qualquer composto e é chamada de sensibilidade do pneu. Cada pneu terá sua curva de Grip X
Carga vertical, mas em algum momento essa atingirá o seu ápice e desse ponto em diante é
notória uma queda drástica do grip, quando o pneu passa de seu limite dizemos que ele está
saturado.
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A sensibilidade do pneu é a grande inimiga da transferência de carga, isso porque essa
natureza não linear faz com que a transferência de carga vertical de um pneu para o outro
sempre gere alguma perda de força. Por exemplo, supondo que nosso pneu tenha uma curva
idêntica à imagem abaixo, que estamos analisando somente o eixo dianteiro e que cada pneu
está sujeito à uma carga vertical de 4000 N:
Note que com 4000 N de carga vertical cada pneu gera algo próximo de 6000 N, o que
totaliza 12000 N de força lateral. Agora se imaginarmos uma situação de curva em que há
transferência de exatos 2000 N de um pneu para o outro, um ficará com 2000 N enquanto o
outro com 6000 N, gerando, respectivamente, algo próximo de 3500N e 5500 N, totalizando
9000 N. Note que mesmo neste exemplo simplificado já foi possível observar uma perda de
3000 N de força lateral. O mesmo exemplo também poderia ser aplicado para a transferência
entre os eixos traseiro e dianteiro.
Enquanto o slip angle está relacionado a forças e deslizamentos laterais, o slip ratio
traz a mesma relação, porém, no sentido longitudinal. O slip ratio nada mais é que a diferença
entre a velocidade de rotação da roda e sua velocidade de translação. Desse modo, se um
veículo que viaja a 100 km/h alcança um slip ratio de 20% durante a frenagem, significa que,
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na verdade, a roda está girando a 80 km/h nesse dado instante. É oportuno mencionar que slip
angle e slip ratio também acontecem conjuntamente. É o que se sucede quando um veículo
freia/acelera e vira ao mesmo tempo, como em entradas e saídas de curvas. A partir da
combinação desses dois parâmetros é que conseguimos determinar qual é o limite de
aderência do nosso pneu. O cálculo do slip ratio em porcentagem pode ser realizado de
acordo com a seguinte equação:
Ambos esses parâmetros são extremamente importantes para o desgaste e o grip dos
pneus de corrida, porém o grande problema é que eles variam ao longo de uma corrida e isso
pode ter consequências drásticas no desempenho final.
2.4.1 Temperatura
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2.4.2 Pressão
Todavia, o aumento de pressão, por diminuir a deformação, gera uma redução na área
de contato, que não só prejudica o desempenho dinâmico do carro mas também induz um
aumento de pressão na banda de contato que aumenta o desgaste, além de fornecer uma
menor adesão na pista. De maneira análoga, diminuir demais a pressão aumenta
consideravelmente a resistência ao rolamento e também induz um desgaste considerável,
podendo até gerar também uma diminuição na área da banda de contato.
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Na maioria das vezes, o caso ideal é, portanto, o meio termo nos valores de pressão,
isso vai garantir o melhor equilíbrio entre resistência à rolagem, desgaste e área de contato. O
problema é que o aumento de temperatura do pneu também pode induzir um aumento de
pressão, tal qual a queda de temperatura acarreta numa perda de pressão. Um ajuste ideal deve
levar em conta todos esses fatores para garantir que o carro permaneça o maior tempo
possível nas condições ideais de desgaste, temperatura e pressão, visando sempre o melhor
desempenho.
O último tópico com relação aos pneus são essas três angulações; camber, caster e toe.
Em um carro de rua, quando se faz o popular “alinhamento” o que de fato acontece é o ajuste
desses três fatores. Esses são parâmetros que quando analisados estaticamente fazem pouco
sentido, mas que tem função de corrigir certos comportamentos do veículo em meio a uma
curva.
2.5.1 Camber
O camber é o ângulo presente entre a direção que aponta o eixo de simetria do pneu
com uma linha vertical imaginária quando se olha o pneu de frente, sendo positivo quando
topo do pneu aponta para fora da carroceria e negativo quando aponta para dentro.
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A ideia por trás de um ajuste de camber é que, quando ocorre a rolagem, as rodas
internas à curva tendem a perder ângulo de camber e as de fora tendem a ganhar camber, esse
fenômeno é conhecido como camber gain. Esse cenário é o pior possível, já que veremos a
seguir que o ideal é que o topo das rodas aponte em direção ao centro da curva, e nesse caso
ambas as rodas apontam para fora. Para corrigir isso, é aplicado um camber negativo nas
rodas, para que quando o camber gain ocorra a roda mais externa à curva tenha seu camber
neutralizado. O nosso foco acaba sendo na roda externa, pois como há a transferência de
carga ela é quem tem maior grip, e no processo a roda interna é sacrificada, de modo que seu
camber que já era negativo fica mais negativo ainda.
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simplesmente passa a perder área de contato com o solo e a força gerada pelo camber thrust
não consegue compensar essa perda.
2.5.2 Caster
O caster é o ângulo formado entre o kingpin (pino mestre) e uma linha vertical
imaginária que passa pelo centro da roda quando visto lateralmente. Pino mestre é o eixo em
torno do qual a roda esterça. Devido a essa inclinação, há variação de cambagem quando a
roda é esterçada, de modo que quando ela é esterçada para dentro há ganho de cambagem
negativa e, para fora, ganho de cambagem positiva. E esse efeito é extremamente vantajoso
tanto para curvas quanto para retas: como o cáster (positivo) provoca inclinação negativa na
roda externa à curva e positiva na interna, a rolagem de ambas as rodas é compensada e,
ainda, pode ser gerado em ambas camber thrust favorável.
Ainda nessa vista, se interpretarmos o prolongamento do eixo do pino mestre com o
solo e pegarmos a distância desse ponto até a reta vertical que passa pelo centro do pneu,
encontraremos o mechanical trail. Juntamente com o pneumatic trail, o mechanical trail
compõe o braço de alavanca que gera o torque auto-alinhante quando há força lateral atuando.
Voltaremos a falar agora da outra deformação lateral que ocorre na banda de contato,
que é medida em slip angle. Tal deformação elástica, que ocorre exclusivamente em razão da
atuação da força lateral, altera a forma da banda de contato e a sua distribuição de pressão.
Com isso, tem-se que o centro de pressão da banda de contato é cada vez mais deslocado para
trás à medida que o slip angle cresce. Surge, então, uma distância, chamada de pneumatic
trail, entre esse centro de pressão e o centro geométrico do pneu.
Uma vez que as forças laterais geradas pelo pneu atuam no centro de pressão, essa
distância se torna um braço de momento, que age em torno do centro de pivotamento do pneu.
Como esse momento tende a restabelecer o alinhamento da roda quando há, ele é chamado de
torque auto-alinhante. É por efeito desse fenômeno que a direção “conserta sozinha” quando
liberamos as mãos do volante em uma saída de curva. No entanto, o pneumatic trail produz
apenas parte do torque auto-alinhante total do veículo, o torque auto alinhante total é dado
pela soma deste com o mechanical trail.
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O pneumatic trail não é um parâmetro constante, pois o centro de pressão do pneu
varia em função do slip angle, se aproximando cada vez mais do centro geométrico do pneu, o
que reduz gradativamente o braço do momento e reduz a intensidade do torque auto-alinhante.
Essa redução é crucial para que o piloto saiba quando está se aproximando do limite dos
pneus. Todavia, como o mechanical trail é constante esse feedback pode acabar sendo menos
claro para o piloto, uma vez que a redução do torque auto-alinhante não será mais gradual e
isso se traduz como uma perda abrupta do controle do veículo.
2.5.3 Toe
Por fim, se as rodas apontam para direções diferentes e simétricas entre si quando o
volante está alinhado é porque elas possuem algum valor de convergência (toe). Se ambas
apontam para dentro, a convergência é dita positiva (toe in). Se apontam para fora, é dita
negativa, ou é chamada de divergência (toe out).
Novamente, a presença dessas angulações afeta diretamente a dirigibilidade e a
estabilidade do veículo. O toe, assim como a cambagem, varia da condição estática para a
dinâmica. Desse modo, mesmo se o veículo utilizar valores nulos de toe estática, podem
surgir valores não nulos quando forças longitudinais foram aplicadas/geradas nos pneus e/ou
quando o curso da suspensão variar. Para compensar isso, uma opção é empregar valores
estáticos não nulos de toe. O efeito colateral mais evidente de valores não nulos de
convergência é o maior desgaste dos pneus, devido à maior geração de calor e arrasto (porém,
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até isso pode ser uma estratégia para se aquecerem mais rapidamente os pneus em dias mais
frios). Além disso, o maior arrasto também prejudica o ganho de velocidade em retas.
3. Braços de suspensão
Em uma pista de corrida existem diversas irregularidades ao longo do traçado, que por
sua vez podem provocar uma movimentação vertical tanto ascendente quanto descendente das
rodas e relação ao chassi, sendo esses, respectivamente, bump e rebound.
A importância dessas movimentações, no contexto da geometria dos braços, está
associada ao ganho de camber. No momento em que ocorre o bump há uma perda de camber,
no rebound o oposto ocorre, a intensidade dessa dinâmica depende justamente da geometria
dos braços de suspensão e da posição do instant centre.
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O instant centre é um ponto obtido a partir do prolongamento das linhas dos braços
superiores e inferiores, de maneira que em situações de bump e rebound as rodas vão
rotacionar ao redor desse ponto. O nome “instant” se dá pois esse ponto não é fixo, conforme
momentos como o da rolagem atuam no carro a sua posição pode variar consideravelmente,
ou seja, aquele ponto só estará naquela posição naquele instante em específico que está sendo
analisado.
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3.2 Anti-geometrias
Quando fazemos uma análise lateral dos braços de suspensão se torna evidente que
existem alguns tipos de geometrias duplo A que garantem certas propriedades em relação aos
momentos que atuam no carro, especialmente se analisarmos o pitch que ocorre na ação de
forças longitudinais. É importante frisar que qualquer alternativa geométrica que vise
minimizar a intensidade dos momentos roll e pitch é ineficaz em anular os efeitos da
transferência de carga. Esta, por sua vez, dependerá somente da altura do centro de massa e da
magnitude das forças envolvidas, não podendo ser evitada, já que é impossível existir um
carro com uma altura nula. A única coisa que podemos fazer em relação à transferência de
carga é minimizar ao máximo seus efeitos negativos e moldar o projeto em torno da sua
existência.
3.2.1 Anti-dive
Como o nome sugere, é uma geometria que visa minimizar o dive, o declínio da
dianteira que ocorre durante a frenagem. Para isso os braços precisam estar sujeitos a uma
inclinação, de modo que intersecção do prolongamento de suas linhas formará o instant centre
lateral, que é análogo ao instant centre comum só que agora analisando em um outro eixo. A
ideia é que a altura desse ponto em relação ao solo crie um momento que se opõe ao momento
do dive, fazendo com que não exista nenhuma inclinação aparente na frenagem. Esse é o caso
de uma geometria 100% anti-dive, essa porcentagem varia de acordo com a posição vertical
desse instant centre lateral.
Apesar de parecer totalmente vantajoso uma geometria 100% anti-dive na verdade tem
sérias implicações na performance e na resposta do veículo, isso porque ela induz o fenômeno
de tyre tramp, que é uma vibração exagerada no ato da frenagem, que acaba por afetar
diretamente o grip em um momento crucial que é a entrada de uma curva. O mais comum é a
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adoção de valores bem mais modestos de anti-dive, algo em torno dos 20% para evitar esse
tipo de problema.
3.2.2 Anti-lift/Anti-squat
Segue exatamente a mesma lógica, mas nesse caso é para o lift e para o squat, o
movimento crescente da traseira quando há a frenagem e o movimento decrescente da mesma
quando há aceleração, respectivamente. A aplicação desses tipos de geometria tem função não
somente de evitar que a frente ou a traseira do carro toque o solo, mas também de garantir um
fluxo de ar mais estável ao longo do assoalho, uma vez que essas variações bruscas na altura
do carro podem acarretar em uma perda drástica de carga aerodinâmica, o que representará
uma perda considerável de grip.
4. Molas e amortecedores
Molas e amortecedores equipam os carros por três motivos principais: tornar o contato
dos pneus com o solo o mais contínuo possível, reduzir forças de impulso no chassi e ditar o
comportamento permanente e transiente do veículo em curvas. A mola, por meio de uma pré
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carga, exercerá uma certa pressão no pneu que sempre atuará no sentido de manter o pneu em
contato com o solo. Além disso, ela também absorve a energia dos impactos que a roda
recebe ao passar por ressaltos da pista, convertendo a energia cinética do impacto em energia
potencial elástica. Observa-se que acaba de ser definido um sistema massa-mola, que oscila.
A oscilação do chassi é prejudicial tanto ao conforto, quanto ao comportamento dinâmico do
veículo. Ela gera flutuação das cargas verticais aplicadas sobre pneus, podendo resultar em
um comportamento dinâmico inconstante devido às perdas intermitentes de aderência.
Além disso, a liberação da energia contida na mola impulsiona o chassi para cima, o
que pode ocasionar descolamento total do pneu em relação ao solo se a energia armazenada
for muito grande. Eis que entram em cena os amortecedores, que atuam dissipando essa
energia, convertendo-a em calor, estabilizando o chassi.
4.1 Amortecimento
4.2 Molas
No que diz respeito às molas, quanto menor é a sua rigidez, ou seja, quanto mais
macias são as molas, maior é a capacidade do veículo de ler o solo, pois o chassi estará sujeito
a menores impulsos verticais (desde que os amortecedores sejam adequados), além de que
maior será o curso efetivo da suspensão, melhorando a capacidade do pneu de alcançar
depressões.
No entanto, sabemos que carros de corrida possuem suspensões duras, com elevada
rigidez de mola, sendo que, contraditoriamente, são justamente eles os veículos que mais
precisam manter os pneus em contato com o solo. Isso se justifica porque molas rígidas
reduzem a rolagem do chassi, mantendo a suspensão em geometria mais adequada;
possibilitam menor altura de rodagem, logo, menor altura doCG, já que o curso da suspensão
é reduzido; promovem maior eficiência aerodinâmica de veículos com difusor, uma vez que a
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altura de rodagem é mantida praticamente constante, possibilitando geração adequada de
downforce pela base do carro; impede que veículos de elevada downforce toquem o chão
quando sob alta carga aerodinâmica; além disso, pistas de corrida geralmente são terrenos
regulares, logo, as rodas recebem menos impactos e variam menos de altura e, por
consequência, dependem menos de suspensões macias.
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dinâmico do carro: o eixo que resiste mais à rolagem transfere mais carga. Isso é
relativamente fácil de entender. Para resistir à rolagem o eixo deve reagir, fazendo força
contrária ao movimento de rolagem. Quando isso ocorre, a normal do pneu envolvido nessa
reação é aumentada. Está aí a transferência de carga. Desse modo, se considerarmos um carro
com rigidez à rolagem nula (abstração) no eixo dianteiro eixo traseiro com rigidez à rolagem
padrão, toda a reação para conter a rolagem total do carroserá feita somente pela traseira e,
por isso, toda a transferência lateral de carga ocorrerá somente na traseira. É justamente por
isso que ao determinar a geometria dos braços de suspensão nós não pensamos em ter zero
rolagem, pois isso tornaria impossível realizar esse tipo de ajuste que é fundamental para a
dinâmica do carro.
Outro ponto a evidenciar é a rigidez torcional do chassi. Quando o chassi não tem boa
rigidez torcional, ele acaba funcionando como uma mola de torção em série como sistemas de
suspensão dianteiro e traseiro, anestesiando o efeito das configurações de setup que visam
alterar a distribuição de rigidez à rolagem entre os eixos.
5. Geometria de direção
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Desconsiderando o silp angle, é necessário que cada uma das rodas dianteiras aponte
exatamente na direção de sua trajetória para que nenhuma delas deslize. Concluímos, então,
que a roda dianteira interna deverá ter maior ângulo de esterçamento que a externa, já que seu
raio de trajetória é menor. Esse é o princípio da geometria de Ackermann.
5.1 Ackerman
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6. Considerações finais
7. Referências
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