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Ambiental
Data: 21/07/2011
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Assuntos tratados:
1º Horário.
Licenciamento Ambiental / Natureza Jurídica / Licença vs. Autorização / Atos do
licenciamento Ambiental / LP (Licença-Prévia) / Estudos Ambientais / LI
(Licença-Instalação) / LO (Licença-Operação) / Natureza da Licença / Prazos
2º Horário.
Atribuição para o Licenciamento / Duplo Licenciamento / Crimes Ambientais /
Diferenças entre a legislação ambiental (Lei 9.605/98) e a legislação comum (CP
ou Juizado) / Dosimetria da Pena / Circunstâncias Atenuantes e Agravantes
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
1. Natureza Jurídica
O licenciamento está definido no art. 1º, I da Resolução 237, ele tem natureza
de procedimento administrativo, porque na verdade se trata de um conjunto de atos
administrativos concatenados para o fim de obter licença.
Resolução 237, Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes
definições:
I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação
de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais ,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais
e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
ambiental, quem tem esse poder fiscalizatório são os órgãos integrantes do SISNAMA.
Estes órgãos estão definidos no art. 6º da Lei 6.928/81:
CRFB, Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Paulo de Bessa Antunes tem uma posição muito particular sobre a natureza
jurídica do licenciamento ambiental. Ele concorda com Édis Milaré ao falar que tal
deve ocorrer em consonância com o art. 5º, LIV da CRFB, ou seja, que a pessoa só pode
sofrer restrições com o devido processo legal. O art. 170 da CRFB traz o princípio da
livre iniciativa, que é a liberdade que o particular tem para obtenção de lucro. O que
Paulo de Bessa Antunes faz é permear os arts. 170 e 5º, LIV, indicando o atr. 225 da
CRFB. Para ele, só se pode condicionar a obtenção de lucro do empresário através do
devido processo legal.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
Resumidamente:
Licença Autorização
Estável Precário
Declaratório Constitutivo
Por isso que agora se deve fazer a análise dos Estudos Ambientais.
Estudos Ambientais
O art. 225 §1º, IV da CRFB exige que se façam os estudos ambientais, vale
observar que o licenciamento ambiental e os estudos ambientais devem ser públicos
(art. 93, IX e X da CRFB).
Art. 225, § 1º, CRFB - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento)
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
2.2. LI (Licença-Instalação)
Depois que o projeto é considerado viável, concede-se a LI. Com a LI, permite-
se o início das obras de implantação do projeto.
Aqui há uma controvérsia entre Paulo de Bessa Antunes e Paulo Affonso Leme
Machado.
Paulo Affonso Leme Machado diz que a constituição trata do EPIA (estudo
prévio de impacto ambiental), então o EPIA, se o estudo é prévio, antes de se fazer a
LP, dever-se-ia fazer os estudos ambientais; e no EIA deve-se fazer o projeto. E a LP
homologaria o projeto básico. No projeto básico contarão as fases da obra e a
localização.
Paulo de Bessa Antunes discorda, entendendo que na LP se vai analisar a
viabilidade do projeto. A LP exige condicionantes, que devem ser demonstradas no
EIA. Para ele, pode-se protocolar pedido de LP sem estudo de impacto ambiental. As
condicionantes vão depender de local para local, caso tenha que se mexer em recursos
minerais, hídricos, etc. Posteriormente, já havendo as condicionantes, deve-se fazer
estudo ambiental que responda a todas essas condicionantes. Posteriormente, com o
preenchimento das condicionantes, o Poder Público daria a LI, quando já se podem
fazer as obras de instalação.
As obras de instalação devem observar todas as fases do projeto.
2.3. LO (Licença-Operação)
Com a LO, há início das atividades produtivas.
3. Natureza da Licença
O Poder Público pode modificar, suspender ou cancelar uma licença, podendo-
se alterar as condicionantes.
vigora o princípio da prevenção, tendo em vista que o dano ao meio ambiente pode
ser irreversível.
Mas, Paulo Affonso Leme Machado entende que o regulamento deve ser feito
por lei e quem o faz é a resolução, havendo outro equívoco.
4. Prazos
O art. 18 da Resolução 237 fala dos prazos:
a. LP até 5 anos.
b. LI até 6 anos.
c. LO 4 a 10 anos.
O prazo da LO é variável porque irá observar o valor do investimento feito pelo
empresário, bem como as peculiaridades de cada projeto.
O art. 9º da Resolução 237 traz as licenças ambientais específicas, exigíveis
quando o CONAMA entender que se trata de atividade específica. É o caso, por
exemplo, dos postos de gasolina, em que o perigo está no subsolo, utiliza-se
substância inflamável e se instala próximo aos centros urbanos.
Art. 9º - O CONAMA definirá, quando necessário, licenças ambientais específicas,
observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou
empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com
as etapas de planejamento, implantação e operação.
O art. 18 §4º fala na renovação da licença operação, aquela que tem prazo de 4
a 10 anos. Para observar o princípio da livre iniciativa e da liberdade de empresa,
pode-se protocolar o pedido de renovação 120 dias antes da expiração. Se a decisão
administrativa demorar para ser proferida, pode-se desenvolver a atividade, cabendo
inclusive recurso.
§ 4º - A renovação da Licença de Operação(LO) de uma atividade ou
empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e
vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença,
ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão
ambiental competente
2º Horário
Em regra, cabe ao órgão estadual. Porém, o art. 4º da Resolução diz que cabe,
excepcionalmente, à União (IBAMA) licenciar quando tiver significativo impacto
ambiental:
a. Licenciamento ambiental em bases militares, pois envolve segurança
nacional;
b. Licenciamento em terras indígenas;
c. Atividades nucleares;
d. Atividades entre dois ou mais países;
e. Atividade potencialmente poluidora, cujo impacto ambiental gere
consequências em mais de um Estado;
f. licenciamento feito em plataforma continental;
g. Mar territorial;
h. Zona econômica exclusiva;
i. Exploração de recursos minerais
j. Exploração de recursos hídricos
Nesse sentido:
Resolução 237, Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o
Pode-se ainda ter outros casos em que se faz necessário o licenciamento pela
União que não esses estejam elencados na resolução, como no caso dos postos de
gasolina.
No art. 6º da Resolução 237, trata-se do licenciamento pelo município. Tal se dá
quando o impacto for local.
Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes
da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento
ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e
daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.
Paulo Affonso Leme Machado fala que, com base no art. 23 da CRFB, as normas
de cooperação ente União, estados, DF e município devem ocorrer através de lei
complementar. Ele entende que o art. 10 da Lei 6.938 teve aquela recepção
qualificada, ou seja, que a lei, embora tivesse natureza de lei ordinária, foi
recepcionada com status de lei complementar. Diante disso, o autor entende que os
Duplo Licenciamento
A princípio, não é possível que, para uma mesma atividade potencialmente
poluidora, seja exigido o licenciamento tanto pela União quanto pelos estados e
municípios, afinal o art. 7º da Resolução fala em apenas uma esfera, à União compete
o significativo impacto, município o de interesse local e a regra é do estado.
Paulo Affonso Leme Machado entende que só um órgão ambiental deve
licenciar, isso conforme o impacto ambiental.
Porém, o STJ já admitiu a possibilidade do duplo licenciamento. No caso, se
tratava de atividade de impacto ambiental que extrapolava os limites de um estado,
mas não se enquadrava naquelas hipóteses de impacto significativo de atribuição da
União. Além disso, havia possibilidade de consequências para as terras indígenas,
embora não se desse precisamente em terras indígenas. Assim, a princípio, caberia ao
estado licenciar. O STJ entendeu que tanto o estado como a União deveriam licenciar,
fundamentando isso no princípio da cautela, representativo do princípio da prevenção
e da precaução.
O que não pode é o triplo licenciamento, ou seja, não se pode exigir que
também o município licencie o que geraria cerceamento à livre iniciativa.
CRIMES AMBIENTAIS
Já falamos em aula que os crimes ambientais podem ser realizados tanto por
pessoa física como jurídica, sendo que o fundamento está no art. 225 §3º da CRFB.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Para isso, deve haver litisconsórcio passivo necessário, denúncia geral (é aquela
que se define o fato, mas só individualiza a conduta das pessoas ao longo do processo,
não cabendo a denúncia genérica), dupla imputação (pelo mesmo fato respondem PJ e
PF, não havendo concurso de pessoas), configurando denúncia abusiva colocar todos
os que estão no contrato social (deve-se definir na denúncia que a PF tem poder de
gestão).
A Súmula 91 do STJ está cancelada, porque dizia que qualquer crime contra a
fauna seria de competência da Justiça Federal. Deve-se verificar se há ofensa a bem
jurídico tutelado de âmbito federal (art. 109, IV da CRFB) ou não, pois só assim a
competência será da Justiça Federal, até porque a competência federal não é a regra,
mas exceção.
Súmula 91 do STJ Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes
praticados contra a fauna.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar
e da Justiça Eleitoral;
O art. 7, inciso I da Lei 9.605/98 diz que cabe substituição de pena quando a
pena for inferior a 4 anos. Porém, o CP fala que cabe quando a pena não for superior a
4 anos (art. 44, I do CP).
Lei 9.605/98, Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e
substituem as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior
a quatro anos;
CP, Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as
privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não
for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a
pena aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
a. Se o juiz perceber que a pessoa física fez todo o possível para reparar o dano,
o juiz extingue o processo;
b. Se o juiz perceber que a pessoa física não fez todo o possível para reparar o
dano, o juiz manda o processo para o MP oferecer denúncia.
Obs: Infração de menor potencial ofensivo é para crimes cuja pena máxima não
seja superior a 2 anos e caberá sursis processual quando a pena mínima não for
superior a 1 ano.
O legislador errou quando disse que “As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099,
de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo
definidos nesta Lei”, pois para isso ocorrer ter-se-ia que ter um crime com pena
mínima de 1 e pena máxima de 2. Por isso que se entende que o crime não precisa ser
de menor potencial ofensivo para que se aplique o sursis processual.
2. Dosimetria da Pena
Outra diferença está definida no art. 6º da Lei 9.605.
Para que o juiz faça a dosimetria da pena, conforme art. 59 do CP, que trata das
circunstâncias judiciais, deve-se analisar a gravidade, o motivo e as consequências, o
que é igual tanto na Lei 9.605 como no CP.
Lei 9.605, Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade
competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de
interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
CP, Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social,
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c. Comunicação prévia
d. Colaboração do réu com os agentes fiscais.
As circunstâncias agravantes estão previstas no art. 15 da Lei 9.605.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o
meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do
Poder Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;