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Direito Agrário

Data: 16/08/2011
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Assuntos tratados:
1º Horário.
 Introdução/ Dispositivos Constitucionais
2º Horário.
 Justa Indenização/ Desmembramento, Fracionamento e Fraude/ Falecimento
do Proprietário - Princípio da Saisine e Desapropriação/ Promitente
Comprador/ Invasão de Propriedade Rural

1º Horário

1. Introdução
O assunto preponderante no direito agrário diz respeito ao capítulo da
constituição que trata da matéria (arts. 184 a 191 da CRFB).
O direito agrário tem toda a sua conformação na Lei 4.132/54. Ela trata da
desapropriação por interesse social e da usucapião pro labore. O foco desta aula,
todavia, será na desapropriação por reforma agrária.
O direito agrário é um conjunto de normas de direito público e privado que
visam adequar o imóvel à função social.
Um Município ou um Estado, para pacificar uma região em face de um conflito
fundiário, pode promover a desapropriação mediante justa e prévia indenização em
dinheiro. Logo, todos os entes federativos têm competência para promover
desapropriação por interesse social, desde que haja justa e prévia indenização em
dinheiro.
Porém, se a terra não está cumprindo com sua função social, só quem tem
competência para a desapropriação sanção é a União, caso em que a indenização não
será em dinheiro, mas em título da dívida agrária.
Nesse sentido, cabe observar os informativos 259 e 241 do STJ e 626 do STF. No
informativo 626 do STF, a Corte entendeu que o INCRA tem competência para
promover desapropriação por interesse social para pacificar conflitos fundiários, desde
que haja prévia e justa indenização em dinheiro.
A desapropriação para fins de reforma agrária é uma espécie de
desapropriação por interesse social, de competência exclusiva da União, promovida
através do INCRA (autarquia federal, criada por lei). Ressalte-se que o pagamento pela
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terra nua se dará em títulos da dívida agrária, sendo pago em dinheiro somente as
benfeitorias úteis e necessárias.
Compete privativamente à União legislar sobre direito agrário e
desapropriação.
Art. 2, CRFB -. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;

Existem duas espécies de desapropriação:


a. Por Necessidade ou Utilidade Pública;
b. Por Interesse Social.
Qualquer uma dessas espécies compete à União.
Existe a competência para legislar; declarar e executar.
A competência para legislar é privativa da União.
A competência para declarar através de decreto expropriatório é dos entes
federativos, salvo se houver lei autorizando autarquias (pessoas jurídicas de direito
público da Administração Indireta). Cabe destacar que existem duas autarquias
federais que tem competência para declarar a desapropriação: a ANEEL e o DENIT.
A competência para promover a desapropriação, para executá-la (ex: avaliar,
tentar chegar em acordo ou ajuizar ação judicial), a princípio, é do próprio ente
federativo, todavia, se previsto no edital, concessionários, delegatárias, empresas
públicas e sociedades de economia mista também o podem.
No caso exclusivo de Reforma Agrária, a competência para declarar é exclusiva
da União; no caso da desapropriação urbanística, a competência para declarar é
exclusiva do Município.
A desapropriação para fins de Reforma Agrária apresenta duas leis que a
regulamentam:
a. Lei 8.629/93  trata sobre direito material, ou seja, de conceitos e processo
administrativo de vistoria, de avaliação de produtividade e de avaliação do valor.
b. LC 76/93  trata do direito processual, ou seja, do processo judicial de rito
sumário para fins de reforma agrária.
Na Constituição, a matéria está versada nos arts. 184 a 191.

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Cabe destacar que o §4º do art. 225, da CRFB não impede a desapropriação
para fins de Reforma Agrária.
Art. 225, § 4º, CRFB - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

Mesmo que haja limitação ou restrição ambiental, será possível a realização da


desapropriação para fins de Reforma Agrária, devendo os assentados respeitar as
restrições estabelecidas. Se os assentados desrespeitarem o meio ambiente, os títulos
de propriedade serão declarados nulos, visto que eles estão sujeitos à condição
resolúvel. Vide STF RTJ 164/158.

2. Dispositivos Constitucionais
Art. 184, CRFB - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de
reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial,
de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária,
assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma
agrária no exercício.
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Compete à Justiça Estadual dirimir conflitos fundiários. Nesse sentido, o art.


126 da CRFB.
Art. 126, CRFB - Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a
criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões
agrárias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz
far-se-á presente no local do litígio.

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Porém, se o INCRA intervier, a competência será deslocada para a Justiça


Federal. Logo, questão relativa à invasão de terrenos privados compete à Justiça
Estadual, salvo se o INCRA intervier.
A Lei 8.629/93 diz que compete à União a promoção da desapropriação para
fins de Reforma Agrária.
O art. 184 da CRFB trata especificamente da desapropriação para fins de
Reforma Agrária. Ela exige o prévio decreto do Presidente da República. Logo, ela se
inicia com uma fase administrativa e tem natureza de desapropriação sanção, tendo
em vista que se opera para imóveis rurais que não estejam cumprindo a função social.
Dessa forma, pode-se dividir o procedimento nas seguintes etapas:
1ª Parte  O INCRA, através de denúncias dos sem terras ou de imagens de
satélites, descobre a existência de propriedades improdutivas. Ele, então, em apreço
ao contraditório, notifica o proprietário e realiza um laudo atestando que a
propriedade não está cumprindo a sua função social. Após o contraditório e a ampla
defesa, o INCRA promove um relatório final que será encaminhado ao Presidente da
República, o qual expedirá um decreto expropriatório.
2ª Parte  Após o decreto expropriatório do Presidente da República, o INCRA
retorna à Fazenda para avaliar o imóvel. Tem-se nesse momento um processo
administrativo de avaliação do imóvel rural. Se houver acordo quanto ao valor a ser
pago (terra nua em títulos da dívida agrária, e benfeitorias úteis e necessárias em
dinheiro), o processo termina aqui; caso contrário, passa-se à 3ª parte.
3ª Parte  Ajuizamento de Ação de Desapropriação para fins de Reforma
Agrária. O autor é o INCRA (expropriante) e o Réu será o fazendeiro, proprietário do
imóvel que não está cumprindo sua função social (expropriado).
Nessa ação só se discute o valor e eventuais vícios processuais, pois o Réu não
pode discutir nem produtividade, nem domínio, nem desvio de finalidade. Estas
últimas questões terão que ser objeto de ação autônoma.
O decreto expropriatório é requisito necessário à propositura da ação de
desapropriação pelo INCRA.
Art. 5°, §2º, lei 8.629/93 - O decreto que declarar o imóvel como de interesse
social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor ação de
desapropriação.

O art. 184 da CRFB trouxe o conceito de imóvel rural. Para fins de reforma
agrária o critério adotado foi o da destinação, e não o critério da localização
topográfica.

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Art. 4°, Lei 8.629/93 - Para os efeitos desta lei, conceituam-se:


I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua
localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária,
extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial;

Destaque-se que o critério da localização topográfica foi adotado para a


usucapião pro labore constitucional, o que se evidencia pelo uso da expressão “zona
rural” presente no art. 191 da CRFB.
Art. 191, CRFB - Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em
zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

A desapropriação sanção se dá quando o imóvel não cumpre a sua função


social. No Brasil há duas espécies de desapropriação sanção, quais sejam:
a. Desapropriação Urbanística Sancionatória (para imóveis urbanos - art. 9º do
Estatuto da Cidade – Lei 10.257/01 - e art. 182, §4º, III da CRFB);
Art. 9º, Lei 10.257/01 - Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de
até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e
sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos,
independentemente do estado civil.
§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor
mais de uma vez.
§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a
posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da
sucessão.
Art. 182, § 4º, CRFB - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei
específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: (...)
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez
anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais.

O imóvel urbano não cumpre a sua função social quando não está adequado ao
Plano Diretor do Município.

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b. Desapropriação para Fins de Reforma Agrária (arts. 6º e 9º da Lei 8.629 e


art. 186 da CRFB). O imóvel rural não cumpre a sua função social quando descumpre
um dos requisitos constantes no art. 186 da CRFB. A sanção aplicada pelo constituinte
àquele que não cumpre a função social é a indenização em “papel” (título da dívida
agrária - TDA; ou título da dívida pública - TDP).
Art. 6º, Lei 8.629/93 - Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada
econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra
e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal
competente.
§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá
ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual
entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel.
§ 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior a
100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática:
I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto
pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do
Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea;
II - para a exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais
(UA) do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente do
Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea;
III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo,
dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina
o grau de eficiência na exploração.
§ 3º Considera-se efetivamente utilizadas:
I - as áreas plantadas com produtos vegetais;
II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o índice de lotação
por zona de pecuária, fixado pelo Poder Executivo;
III - as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os
índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo,
para cada Microrregião Homogênea, e a legislação ambiental;
IV - as áreas de exploração de florestas nativas, de acordo com plano de
exploração e nas condições estabelecidas pelo órgão federal competente;
V - as áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de pastagens
ou de culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e devidamente
comprovadas, mediante documentação e Anotação de Responsabilidade Técnica.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

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§ 4º No caso de consórcio ou intercalação de culturas, considera-se


efetivamente utilizada a área total do consórcio ou intercalação.
§ 5º No caso de mais de um cultivo no ano, com um ou mais produtos, no
mesmo espaço, considera-se efetivamente utilizada a maior área usada no ano
considerado.
§ 6º Para os produtos que não tenham índices de rendimentos fixados,
adotar-se-á a área utilizada com esses produtos, com resultado do cálculo previsto
no inciso I do § 2º deste artigo.
§ 7º Não perderá a qualificação de propriedade produtiva o imóvel que, por
razões de força maior, caso fortuito ou de renovação de pastagens tecnicamente
conduzida, devidamente comprovados pelo órgão competente, deixar de
apresentar, no ano respectivo, os graus de eficiência na exploração, exigidos para
a espécie.
§ 8º São garantidos os incentivos fiscais referentes ao Imposto Territorial
Rural relacionados com os graus de utilização e de eficiência na exploração,
conforme o disposto no art. 49 da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.
Art. 9º, Lei 8.629/93 - A função social é cumprida quando a propriedade rural
atende, simultaneamente, segundo graus e critérios estabelecidos nesta lei, os
seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do
meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores.
§ 1º Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus
de utilização da terra e de eficiência na exploração especificados nos §§ 1º a 7º do
art. 6º desta lei.
§ 2º Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis
quando a exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a
manter o potencial produtivo da propriedade.
§ 3º Considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das
características próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais,
na medida adequada à manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da
saúde e qualidade de vida das comunidades vizinhas.
§ 4º A observância das disposições que regulam as relações de trabalho
implica tanto o respeito às leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho,

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como às disposições que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria


rurais.
§ 5º A exploração que favorece o bem-estar dos proprietários e trabalhadores
rurais é a que objetiva o atendimento das necessidades básicas dos que trabalham
a terra, observa as normas de segurança do trabalho e não provoca conflitos e
tensões sociais no imóvel.
§ 6º (Vetado.)
Art. 186, CRFB - A função social é cumprida quando a propriedade rural
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em
lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do
meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores.

O art. 186 da CRFB trata, então, dos requisitos simultâneos que devem ser
atendidos, quais sejam: produtividade; adequação às leis do meio ambiente;
adequação às normas trabalhistas; e dignidade ligada ao trabalhador.
O processo administrativo prévio é essencial para se viabilizar o contraditório, a
ampla defesa e a motivação, já que há a possibilidade de aplicação de sanção.
Cabe salientar que a exigência de prévia indenização não afasta a possibilidade
de o INCRA se imitir previamente na posse; nem significa que a desapropriação só se
efetivará após a conversão dos títulos em dinheiro (resgate), visto que esses títulos
têm natureza de títulos de crédito (a União pode assumir o domínio da propriedade
com a mera entrega dos títulos). Assim, antes da entrega dos títulos e do pagamento
dos precatórios relativos à porção indenizada em dinheiro, o INCRA pode se imitir na
posse.
A indenização por títulos da dívida agrária está prevista no art. 184 da CRFB.
Art. 184, CRFB - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

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Se o INCRA avaliou a terra nua e as benfeitorias aquém do preço justo, o juiz


determinará a complementação da indenização, seja pela expedição de mais títulos de
dívida agrária, seja pela expedição de precatórios. Ressalte-se que essas verbas não
têm natureza alimentícia, não se enquadrando no art. 100, §1º da CRFB.
Art. 100, § 1º, CRFB - Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles
decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas
complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por
invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial
transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais
débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Os títulos da dívida agrária são títulos pro soluto, títulos de crédito; equiparam-
se a bens moveis, e como tal, circulam no comércio. A União se desobriga com a
tradição, ou seja, com a entrega dos títulos ou sua complementação e com o
pagamento do precatório ou sua complementação.
O proprietário pode ceder os títulos a terceiros, ou ir ao banco e reverter o
título em dinheiro, mas neste caso terá que pagar deságio.
Entende-se por justa indenização aquela que torna indene o proprietário, ou
seja, que não lhe causa nenhum prejuízo.
A indenização se dá da seguinte forma:
a. Títulos da Dívida Agrária (art. 5º, Lei 8.629/93)  terra nua e benfeitoria
voluptuária.
Art. 5º, Lei 8.629/93 - A desapropriação por interesse social, aplicável ao imóvel
rural que não cumpra sua função social, importa prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária.

b. Dinheiro  benfeitorias úteis e necessária.


Art. 5º, §1º, Lei 8.629/93 - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas
em dinheiro.

A indenização em dinheiro inclui a cobertura vegetal, objeto de autorização de


exploração comercial (extrativismo).
Se a propriedade contiver plantações, estas serão indenizadas em dinheiro,
visto que equiparadas a benfeitorias.
Os animais semoventes, normalmente, são retirados da propriedade, mas
podem ser indenizados em dinheiro também.

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As benfeitorias voluptuárias são indenizadas através de TDA (Títulos da Dívida


Agrária).
Benfeitoria realizada após a declaração de indenização, sendo necessária não
exigirá autorização; se for útil, exigirá autorização; e, se for voluptuária, não será
indenizada.
Art. 96, CC - As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso
habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se
deteriore.

Segundo informativo 241 do STJ, na troca dos títulos por dinheiro, incide
atualização monetária, mas não incide imposto de renda, em razão de sua natureza
indenizatória.
O art. 184 da CRFB deve ser combinado com o art. 182, §4º, III da CRFB.
Art. 184, CRFB - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até
dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais.

Só quem tem competência para desapropriar para fins de reforma urbanística é


o Município, e a indenização se dará por títulos da dívida pública.
Tem-se TDA na desapropriação sanção para fins de reforma agrária feita pela
União e TDP (Títulos da Dívida Pública) na desapropriação urbanística feita pelo
Município. Os TDA’s são resgatáveis em até 20 anos; e os TDP’s são resgatáveis em até
10 anos. Os primeiros podem ser convertidos em dinheiro a partir do 2º ano e os
últimos a partir do 1º ano.
O INCRA não é agência reguladora, mas autarquia federal comum.
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Art. 184, § 3º, CRFB - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento


contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.

O processo judicial tem que ser rápido, por isso que se criou uma lei com rito
sumário. Outro problema enfrentado é a avaliação e os riscos de corrupção, para não
haver pagamento de valores exorbitantes.
Esse rito sumário é diferente daquele previsto no art. 282 do CPC, que pode ser
aplicado subsidiariamente.
Art. 22, LC 76/93 - Aplica-se subsidiariamente ao procedimento de que trata esta
Lei Complementar, no que for compatível, o Código de Processo Civil.

Deve-se combinar o art. 5º, §§3º e 5º da Lei 8.629/93 com o §4º do art. 184.
Art. 184, § 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida
agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de
reforma agrária no exercício.
Art. 5º, Lei 8.629/93 - Os títulos da dívida agrária, que conterão cláusula
assecuratória de preservação de seu valor real, serão resgatáveis a partir do
segundo ano de sua emissão, em percentual proporcional ao prazo, observados os
seguintes critérios:
I - do segundo ao quinto ano, quando emitidos para indenização de imóveis
com área inferior a 40 (quarenta) módulos fiscais;
II - do segundo ao décimo ano, quando emitidos para indenização de imóvel
com área acima de 40 (quarenta) até 70 (setenta) módulos fiscais;
III - do segundo ao décimo quinto ano, quando emitidos para indenização de
imóvel com área acima de 70 (setenta) até 150 (cento e cinqüenta) módulos
fiscais;
IV - do segundo ao vigésimo ano, quando emitidos para indenização de imóvel
com área superior a 150 (cento e cinqüenta) módulos fiscais.
I - do segundo ao décimo quinto ano, quando emitidos para indenização de
imóvel com área de até setenta módulos fiscais; (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.183-56, de 2001)
II - do segundo ao décimo oitavo ano, quando emitidos para indenização de
imóvel com área acima de setenta e até cento e cinqüenta módulos fiscais; e
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
III - do segundo ao vigésimo ano, quando emitidos para indenização de imóvel
com área superior a cento e cinqüenta módulos fiscais. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

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Data: 16/08/2011
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§ 5o Os prazos previstos no § 4o, quando iguais ou superiores a dez anos,


poderão ser reduzidos em cinco anos, desde que o proprietário concorde em
receber o pagamento do valor das benfeitorias úteis e necessárias integralmente
em TDA. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

O art. 184, §5º criou uma imunidade, que foi repetida no art. 26 da Lei
8.629/93.
Art. 184, § 5º, CRFB - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as
operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma
agrária.
Art. 26, Lei 8.629/93 - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais,
inclusive do Distrito Federal, as operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária, bem como a transferência ao
beneficiário do programa.

Se o proprietário fizer cessão de direitos para terceiros, estes não se


beneficiarão dessas imunidades, visto que essa imunidade visa proteger o proprietário
e não se estende a terceiros. Vide informativos 164; 175 e 184 do STF.
Ressalte-se que essa imunidade se estende ao proprietário e não só aos sem-
terras beneficiários.
Art. 185, CRFB - São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu
proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva
e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos à sua função social.

Pequena e média propriedade rural é aquela cujo conceito está previsto nos
incisos II e III do art. 4º da Lei 8.629. Ainda que a pequena e média propriedade rural
sejam improdutivas não serão objetos de desapropriação para fins de reforma agrária.
Art. 4º, Lei 8.629/93 - Para os efeitos desta lei, conceituam-se:
II - Pequena Propriedade - o imóvel rural:
a) de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais;
b) (Vetado)
c) (Vetado)
III - Média Propriedade - o imóvel rural:
a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais;
b) (Vetado)
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Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma


agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não
possua outra propriedade rural.

Também não é objeto de desapropriação para fins de reforma agrária a


propriedade produtiva. Entende-se por produtiva a propriedade que atende ao grau
de utilização da terra (GUT) e ao grau de eficiência de exploração (GEE). A soma
desses fatores é simultânea.
Tais graus serão fixados por normas, sendo que a competência para a edição
destas normas foi legalmente delegada ao INCRA. A cada ano o INCRA tem aumentado
esses graus na tentativa de reprimir a expansão das propriedades improdutivas. Em
defesa, os proprietários de terras alegam que essa delegação é ilegal. Contudo, o STF
já se posicionou no sentido de que esses índices dependem do avanço da tecnologia
rural, tratando-se de matéria essencialmente periódica, logo, não precisam ser objeto
de lei, a qual se relaciona com a ideia de permanência.
O conceito de propriedade produtiva está no art. 6º da Lei 8.629.
Art. 6º, Lei 8.629/93 - Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada
econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra
e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal
competente.
§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá
ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual
entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel.
§ 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior
a 100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática:
I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto
pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do
Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea;
II - para a exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais
(UA) do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente do
Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea;
III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo,
dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina
o grau de eficiência na exploração.
§ 3º Considera-se efetivamente utilizadas:
I - as áreas plantadas com produtos vegetais;
II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o índice de lotação
por zona de pecuária, fixado pelo Poder Executivo;
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III - as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os


índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo,
para cada Microrregião Homogênea, e a legislação ambiental;
IV - as áreas de exploração de florestas nativas, de acordo com plano de
exploração e nas condições estabelecidas pelo órgão federal competente;
V - as áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de pastagens
ou de culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e devidamente
comprovadas, mediante documentação e Anotação de Responsabilidade Técnica.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

§ 4º No caso de consórcio ou intercalação de culturas, considera-se


efetivamente utilizada a área total do consórcio ou intercalação.
§ 5º No caso de mais de um cultivo no ano, com um ou mais produtos, no
mesmo espaço, considera-se efetivamente utilizada a maior área usada no ano
considerado.
§ 6º Para os produtos que não tenham índices de rendimentos fixados,
adotar-se-á a área utilizada com esses produtos, com resultado do cálculo previsto
no inciso I do § 2º deste artigo.
§ 7º Não perderá a qualificação de propriedade produtiva o imóvel que, por
razões de força maior, caso fortuito ou de renovação de pastagens tecnicamente
conduzida, devidamente comprovados pelo órgão competente, deixar de
apresentar, no ano respectivo, os graus de eficiência na exploração, exigidos para
a espécie.
§ 8º São garantidos os incentivos fiscais referentes ao Imposto Territorial
Rural relacionados com os graus de utilização e de eficiência na exploração,
conforme o disposto no art. 49 da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.

O GUT deve ser igual ou superior a 80%, sobre a área aproveitável (não inclui a
área de proteção ambiental; áreas inaproveitáveis pela topografia, etc.); e o GEE deve
ser igual ou superior a 100%.
Logo, deve-se combinar o art. 185, II da CRFB com o art. 6º da Lei 8.629.
A propriedade será improdutiva quando não atender ao GUT ou ao GEE.
Latifúndio é a grande propriedade, e poderá ser objeto de desapropriação por
reforma agrária se for improdutiva, ou se desrespeitar regramentos ambientais ou
trabalhistas.
O art. 186 da CRFB deve ser combinado com os arts. 6º e 9º da lei 8.629.
Art. 188, CRFB - A destinação de terras públicas e devolutas será
compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma
agrária.
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§ 1º - A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com


área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda
que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso
Nacional.
§ 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as
concessões de terras públicas para fins de reforma agrária.

Terras Públicas é espécie de bens públicos. Se a terra pública estiver afetada


será bem de uso especial; se não tiver uso, será bem dominical.
Há imóveis, no Brasil, que não têm identificação de proprietário, os quais são
denominados de terras devolutas. Trata-se de espécie de bem dominical. O processo
administrativo judicial que visa declarar que a terra é devoluta é denominado processo
discriminatório. Não deve ser confundido com processo demarcatório, o qual visa
identificar uma terra indígena.
Como regra geral, as terras devolutas pertencem aos estados; sendo da União
aquelas, indispensáveis, por exemplo, à segurança das fronteiras; do meio ambiente;
etc.
Art. 20, CRFB - São bens da União:
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações
e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei;
Art. 26, CRFB - Incluem-se entre os bens dos Estados:
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União

Segundo o art. 188 da CRFB, as terras devolutas da União devem ser afetadas,
preferencialmente, à política agrícola, ou seja, para fins de reforma agrária.
Conforme dispõe o §1º do art. 188 da CRFB, a alienação ou concessão de terra
pública com área superior a 2.500 hectares depende de decreto legislativo prévio.
Deve-se combinar esse parágrafo com a Lei 11.284/06, que trata de concessão
de floresta pública. Segundo dispõe esta lei, a União, através de licitação, pode
permitir a concessão de florestas públicas (Ex: uso das florestas para exploração de
madeira, desde que haja replantio).
Houve ajuizamento de ADI, no sentido de que essa concessão não seria possível
em razão de veto do presidente à época. Entendeu-se que ela era possível, por tratar-
se de direito pessoal, e não de concessão de direito real de uso ou de alienação. Dessa
forma, ela não exige autorização prévia do Congresso Nacional para tanto.

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2º Horário
A tese da AGU é de que a concessão prevista no §1º do art. 188 da CRFB é de
natureza real, diferente da natureza pessoal da concessão das florestas públicas, a qual
dispensa decreto legislativo.
Art. 189, CRFB - Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma
agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo
prazo de dez anos.
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos
e condições previstos em lei.

Durante os primeiros 10 anos, o INCRA promove a concessão de uso, a qual se


impõe sob condição resolutiva. Se as condições impostas pelo INCRA não forem
observadas, essa concessão de uso será anulada.
Ex: O beneficiário não pode arrendar parte da propriedade. Observado que o
beneficiário procedeu ao arrendamento vedado, o INCRA proporá ação de
reintegração de posse com pedido de anulação da concessão de uso.
Visa-se evitar fraudes ou a comercialização ou uso compartilhado dos títulos.
O termo “independentemente do estado civil” constante no parágrafo único do
art. 188 da CRFB se dá em razão da união estável (art. 226, §3º da CRFB).
Art. 226, § 3º, CRFB - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar
sua conversão em casamento. (Regulamento)

Dispõe o art. 190 da CRFB:


Art. 190, CRFB - A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de
propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos
que dependerão de autorização do Congresso Nacional.

A lei indicada pelo art. 190 da CRFB que limita a aquisição de propriedade por
estrangeiros é a lei 5.709/51.
Art. 191, CRFB - Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou
urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de
terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

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Data: 16/08/2011
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O menor período para usucapião no Brasil é de cinco anos. O art. 191, caput da
CRFB trata da usucapião constitucional pro labore. O critério utilizado é o topográfico.
Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

3. Justa Indenização
A justa indenização abrange várias parcelas:
a. Valor do Bem  será pago à luz do mercado.
A terra nua será paga em títulos da dívida agrária e as benfeitorias úteis e
necessárias são pagas em dinheiro.
Art. 12, Lei 8.629/93 - Considera-se justa a indenização que reflita o preço atual de
mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais,
matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos:
(Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
I - localização do imóvel; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de
2001)
II - aptidão agrícola; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
III - dimensão do imóvel; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de
2001)
IV - área ocupada e ancianidade das posses; (Incluído dada Medida Provisória
nº 2.183-56, de 2001)
V - funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias.
(Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 1o Verificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, proceder-
se-á à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro,
obtendo-se o preço da terra a ser indenizado em TDA. (Redação dada Medida
Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 2o Integram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e
qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar,
em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel. (Redação dada Medida
Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 3o O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com
registro de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, respondendo o
subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou
fraude na identificação das informações. (Incluído dada Medida Provisória nº
2.183-56, de 2001)

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Para Carvalhinho, a lei pode sancionar duplamente o proprietário, de modo que


além de indenizá-lo com título da dívida pública, poderá fixar como base de cálculo o
valor do bem de acordo com o disposto no IPTU, e não com o valor de mercado. Trata-
se de posição minoritária.
Os lucros cessantes eventuais, atualmente, pela tese da AGU, estão
equiparados aos juros compensatórios. Para Carvalhinho e Maria Sylvia eles são
devidos e estão inclusos no valor do bem.
b. Juros Moratórios  têm como fato gerador o descumprimento de uma
obrigação.
O prazo a quo dos juros moratórios, havendo complementação da Fazenda
Pública, para o STJ, era do trânsito em julgado, conforme disposto na Súmula 70.
Súmula 70 do STJ - Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta,
contam-se desde o trânsito em julgado da sentença.

O STF, em contrapartida, entendeu que, por força do art. 100, eles devem ser
contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao que deveria ser pago o
precatório, conforme dispõe a Súmula Vinculante 17.
Súmula Vinculante 17 - Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100
da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam
pagos.

Essa súmula se aplica para ações indenizatórias, incluindo-se, portanto, a ação


de desapropriação.
O índice dos juros compensatórios está previsto no art. 1º, da Lei 9.494 (0,5%).
Art. 1º, Lei 9.494 - Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do
Código de Processo Civil o disposto nos arts. 5º e seu parágrafo único e 7º da Lei
nº 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei nº 5.021, de 9 de
junho de 1966, e nos arts. 1º, 3º e 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992.

Há quem diga que esse dispositivo é inconstitucional, pois coloca montante


abaixo do índice pago pelo cidadão quando deixa de pagar tributos.
c. Juros Compensatórios  podem ser cumulados com os juros moratórios, os
quais tem previsão civil. Isso não implicará em anatocismo, pois tem fundamentos
diferentes. Os juros compensatórios não têm previsão legal.
Súmula 12 STJ - Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e
moratórios.
Súmula 102 do STJ - A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios,
nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei

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Para o MPF e para AGU, os juros compensatórios não são cabíveis se a


propriedade for improdutiva.
Diferente expõe a súmula 618 do STF, já que os juros compensatórios decorrem
da frustração do proprietário pela perda antecipada da posse, antes da indenização
prévia.
Súmula 618 do STF - Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros
compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano.

A frustração da expectativa de renda do proprietário com a perda antecipada


da posse é o fato gerador dos juros compensatórios que se trata de construção
jurisprudencial.
Na ADI 2.332-2, o STF decidiu, com efeitos ex nunc, que da edição da MP até a
decisão da ADI, deve-se aplicar os juros no valor de 6% ao ano, e que a partir da
decisão da ADI, voltar-se-ia a cobrar os juros de 12%.
Súmula 408 do STJ – Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios
incidentes após a Medida Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados
em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da
Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal.

d. Avaliação Monetária é a recomposição do valor fixado pelo juiz até o


trânsito em julgado. Pode se operar quantas vezes quanto forem necessárias, desde
que transcorrido o período de 12 meses. Irá ocorrer até a expedição do precatório.
e. Despesas Processuais (Custas + Perícias)  Ficam a cargo do sucumbente.
Se o juiz fixar valor de indenização além do pago na via administrativa, o sucumbente
será o INCRA, caso contrário será o proprietário. O desmonte da propriedade rural é
atribuição do INCRA.
f. Honorários Advocatícios Seriam de 0,5 a 5%, havendo o teto de 151 mil
reais.
Art. 27, §§1º e 3º do DL 3.365/41 - § 1º - A sentença que fixar o valor da
indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o
desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e
cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do
Código de Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00
(cento e cinqüenta e um mil reais). (Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56,
de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
§ 3º O disposto no § 1o deste artigo se aplica: (Incluído pela Medida Provisória nº
2.183-56, de 2001)

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I - ao procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo de


desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária;
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
II - às ações de indenização por apossamento administrativo ou
desapropriação indireta. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

A base de cálculo é a diferença entre o valor da oferta inicial e o valor fixado


pela justiça.
A OAB ajuizou ADI contra os limites impostos pela lei. O STF entendeu que o
limite de 0,5 a 5% é constitucional, mas o teto é inconstitucional.
Sobre o tema, cabe destacar as seguintes súmulas:
Súmula 378 do STF - Na indenização por desapropriação incluem-se honorários do
advogado do expropriado.
Súmula 131 do STJ - Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba
advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios,
devidamente corrigidas
Súmula 141 do STJ - Os honorários de advogado em desapropriação direta são
calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas
monetariamente.

Em regra, o MP não é obrigado a intervir como custos legis nas ações de


desapropriação, salvo no caso da LC 96/93.
Art. 18, §2º, LC 96/93 - O Ministério Público Federal intervirá, obrigatoriamente,
após a manifestação das partes, antes de cada decisão manifestada no processo,
em qualquer instância.

Somente nos casos de desapropriação para fins de reforma agrária é que o MP


é obrigado a intervir. Isso porque, nos demais casos de desapropriação, o objeto de
discussão é, tão somente, a justa indenização, que é interesse público secundário,
pessoal, ao passo que o MP só é obrigado a intervir se houver direito público
indisponível, primário (art. 127, CRFB).
Art. 127, CRFB - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

O MPF tem competência para intervir nos casos em que o litígio versar sobre
aditivo de contrato administrativo, causando graves prejuízos ao mercado, desde que
demonstre a existência de culpa grave ou dolo causando graves prejuízos ao erário. O
MP terá que realizar fiscalização a distância, podendo agir de forma supletiva, pois não
pode presumir que todo advogado público é corrupto.
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

No informativo 618, o STF disse que os Lucros Cessantes, a princípio, podem ser
incluídos no valor de indenização do bem.
No informativo 300, o STJ entendeu que os juros compensatórios dispensam
produtividade.
No informativo 241, o STJ entendeu que não incide IR em nenhuma espécie de
desapropriação, pois a verba tem natureza indenizatória.
O informativo 218 do STJ trata da súmula vinculante 17.

4. Desmembramento; Fracionamento e Fraude


Vide Informativos 431 e 617 do STF.
A propriedade somente poderá ser considerada fracionada e desmembrada
com a inscrição no registro de imóveis. Se antes da notificação ao proprietário o
imóvel já estiver em nome de terceiros, não haverá fraude; contudo, se após a
notificação, o proprietário pretender desmembrar a propriedade, haverá fraude.
Art. 2º, §4º, lei 8.629/93 - Não será considerada, para os fins desta Lei, qualquer
modificação, quanto ao domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel,
introduzida ou ocorrida até seis meses após a data da comunicação para
levantamento de dados e informações de que tratam os §§ 2o e 3o. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

Deve-se entender a notificação como uma comunicação cartoral, formal, e não


qualquer comunicação.
Normalmente, o imóvel é doado com cláusula de reserva de usufruto vitalício
para os doadores.
Logo, a doação com cláusula de reserva em favor do doador sobrevivente não
providenciada a individualização das glebas após o falecimento do usufrutuário
sobrevivente e não averbada individualmente antes da notificação, não será
considerada para medição da propriedade.
Assim, é obrigatório providenciar a individualização das glebas no registro de
imóveis. Caso contrário, não produzirá nenhum efeito para fins de avaliação de
produtividade.

5. Falecimento do Proprietário - Princípio da Saisine e Desapropriação


A tese do Ministro Gilmar Mendes é a de que se deve aplicar o art. 46, §6º do
Estatuto da Terra (Lei 4.504/64), o qual prevê a divisão tácita da propriedade entre os
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herdeiros, logo, não será possível a desapropriação para fins de reforma agrária e pelo
princípio da saisine, cada herdeiro pagará individualmente o ITR. Trata-se de tese
ultrapassada.
Art. 46, § 6º, Estatuto da Terra - No caso de imóvel rural em comum por força de
herança, as partes ideais, para os fins desta Lei, serão consideradas como se
divisão houvesse, devendo ser cadastrada a área que, na partilha, tocaria a cada
herdeiro e admitidos os demais dados médios verificados na área total do imóvel
rural.

A tese majoritária, do Ministro Eros Graus, foi no sentido de que o Estatuto da


Terra, que trata da divisão tácita é aplicável, tão somente, para fins tributários, de
modo que, para fins de desapropriação, deve-se aplicar a lei civil, a lei de registros
públicos e a Lei 8.629/93, de modo que, antes da certificação da divisão no registro
público, a individualização não será considerada.
Nesse sentido, os arts. 1.784 e 1.791 do CC tratam do princípio da saisine. Pelo
parágrafo único do art. 1791 do CC, a propriedade permanece indivisível, a herança se
transfere em um todo unitário, sendo regulada como se fosse um condomínio.
Percebe-se que o formal de partilha não é instrumento hábil para divisão do bem,
sendo necessário registro do bem, que ainda depende de registro do imóvel
individualmente por cada herdeiro.
Art. 1.784, CC - Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários.
Art. 1.791, CC – A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários
sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e
posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao
condomínio.
Art. 252, Lei 6.015/73 - registro, enquanto não cancelado, produz todos os efeitos
legais ainda que, por outra maneira, se prove que o título está desfeito, anulado,
extinto ou rescindido. (Renumerado do art. 257 com nova redação pela Lei nº
6.216, de 1975)

Enquanto não houver matrícula e registro próprios da divisão, fruto de doação


ou falecimento, a propriedade será considerada una.

6. Promitente Comprador
O promitente comprador de imóvel rural tem legitimidade para propor MS para
anular o decreto expropriatório, ao argumento de que a propriedade é produtiva,

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desde que a escritura de compra e venda esteja registrada no Cartório de Imóveis.


Vide informativos 407 e 408 do STF.
Enunciado 253 do CJF - 253 – Art. 1.417: O promitente comprador, titular de
direito real (art. 1.417), tem a faculdade de reivindicar de terceiro o imóvel
prometido à venda.
Art. 1.225, CC - Art. 1.225. São direitos reais:
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
Art. 1.417, CC - Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou
arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à
aquisição do imóvel.

7. Invasão de Propriedade Rural


A invasão está prevista na súmula 354 do STJ.
Súmula 354 do STJ - A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo
expropriatório para fins de reforma agrária.
Art. 2º, Lei 8.629/63 - § 6o O imóvel rural de domínio público ou particular objeto
de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de
caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos
seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e
deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra
com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas
vedações. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 7o Será excluído do Programa de Reforma Agrária do Governo Federal
quem, já estando beneficiado com lote em Projeto de Assentamento, ou sendo
pretendente desse benefício na condição de inscrito em processo de
cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à terra, for efetivamente
identificado como participante direto ou indireto em conflito fundiário que se
caracterize por invasão ou esbulho de imóvel rural de domínio público ou privado
em fase de processo administrativo de vistoria ou avaliação para fins de reforma
agrária, ou que esteja sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias
de imissão de posse ao ente expropriante; e bem assim quem for efetivamente
identificado como participante de invasão de prédio público, de atos de ameaça,
seqüestro ou manutenção de servidores públicos e outros cidadãos em cárcere
privado, ou de quaisquer outros atos de violência real ou pessoal praticados em
tais situações. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 8o A entidade, a organização, a pessoa jurídica, o movimento ou a
sociedade de fato que, de qualquer forma, direta ou indiretamente, auxiliar,
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colaborar, incentivar, incitar, induzir ou participar de invasão de imóveis rurais ou


de bens públicos, ou em conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo, não
receberá, a qualquer título, recursos públicos. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.183-56, de 2001)
§ 9o Se, na hipótese do § 8o, a transferência ou repasse dos recursos públicos
já tiverem sido autorizados, assistirá ao Poder Público o direito de retenção, bem
assim o de rescisão do contrato, convênio ou instrumento similar. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

O STF se dividiu em duas correntes sobre o tema.


Par uma corrente, a suspensão prevista nos parágrafos do art. 2º da Lei 8.629
dependeria do momento da invasão e da área invadida. Assim, se a invasão se desse
após a constatação de improdutividade no processo administrativo não haveria
problema, pois a invasão em nada influenciaria na produtividade da terra. Essa tese é
minoritária. Para ela, importante é se aferir se a invasão gerou a improdutividade do
bem. Se a invasão não tiver nexo causal com a produtividade, a suspensão será
afastada. Vide informativo 429 (Princípio da Proporcionalidade).
A tese vencedora, contudo, foi a de que, independentemente da área e do
momento, se houver a invasão, haverá a suspensão, em razão da legalidade e do
Estado de Direito. Pela tese vencedora, se houver invasão, haverá força maior.
Art. 6º, §7º, Lei 8.629/93 - Não perderá a qualificação de propriedade produtiva
o imóvel que, por razões de força maior, caso fortuito ou de renovação de
pastagens tecnicamente conduzida, devidamente comprovados pelo órgão
competente, deixar de apresentar, no ano respectivo, os graus de eficiência na
exploração, exigidos para a espécie.

A ADI 2.213 visou declarar inconstitucional a suspensão prevista nos §§6º ao 8º,
do art. 2º da Lei 8.629. Contudo, o STF, no informativo 262 entendeu que os
dispositivos são constitucionais.
Para provas do MPF deve-se ler o Informativo 192 do STJ.
O proprietário pode alegar força maior para justificar a improdutividade do
imóvel, o que impedirá a desapropriação. Destaque-se que a invasão da propriedade
por sem terra pode ser enquadrada no conceito de força maior para impedir
desapropriação.
Imagine-se que o poder público não cumpre determinação judicial de
reintegração de posse. Neste caso, a União não pode cobrar ITR relativo a essa
propriedade. Eventual cobrança ofenderia o Princípio da Razoabilidade e da Boa Fé
Objetiva, pois o proprietário está tolhido de exercer os direitos dominiais, já que o
Estado não está garantindo o exercício do referido direito. Destaque-se que, ainda que
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a omissão decorra de outro ente, a União não poderá cobrar tributo, pois o Estado é
uno.
O proprietário tem o prazo de cinco anos para desconstituir eventual
lançamento desse tributo. Vide informativo 387 do STJ.
Pelo informativo 618 do STF, o imóvel invadido não poderá ser vistoriado pelo
INCRA, pois assim visa-se impedir invasões futuras e conflitos no campo, além de
garantir o Estado de Direito, pois a Reforma Agrária tem que ser feita dentro da lei,
independente do momento e da área.

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