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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ESPECIALIZAÇÃO EM MANIPULAÇÃO MAGISTRAL ALOPÁTICA

ADJUVANTES FARMACÊUTICOS UTILIZADOS EM FARMÁCIAS MAGISTRAIS


SEGUNDO O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BIOFARMACÊUTICO

Débora Ramos Gonçalves de Lima

ARARAQUARA, 2016
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ESPECIALIZAÇÃO EM MANIPULAÇÃO MAGISTRAL ALOPÁTICA

ADJUVANTES FARMACÊUTICOS UTILIZADOS EM FARMÁCIAS MAGISTRAIS


SEGUNDO O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BIOFARMACÊUTICO

Débora Ramos Gonçalves de Lima

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para a
conclusão do curso de Especialização em
Manipulação Magistral Alopática.

Orientadora: Profª. Dra. Bruna Galdorfini


Chiari Andréo

ARARAQUARA, 2016
DECLARAÇÃO

Eu, Débora Ramos Gonçalves de Lima, declaro ser a autora do texto apresentado
Trabalho de Conclusão de Curso, no programa de pós-graduação lato sensu em Manipulação
Magistral Alopática com o título “Adjuvantes farmacêuticos utilizados em farmácias
magistrais segundo o Sistema de Classificação Biofarmacêutico”.

Afirmo, também, ter seguido as normas do ABNT referentes às citações textuais que
utilizei e das quais eu não sou a autora, dessa forma, creditando a autoria a seus verdadeiros
autores.

Através dessa declaração dou ciência de minha responsabilidade sobre o texto


apresentado e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais, no tocante
aos direitos autorais e originalidade do texto.

Araraquara, ___ de _______ de ______.

_____________________________________

Débora Ramos Gonçalves de Lima


DÉBORA RAMOS GONÇALVES DE LIMA

ADJUVANTES FARMACÊUTICOS UTILIZADOS EM FARMÁCIAS


MAGISTTRAIS SEGUNDO O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO
BIOFARMACÊUTICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


exigência parcial para a finalização do Curso de
Especialização em Manipulação Magistral
Alopática pelo Centro Universitário de Araraquara
– Uniara.

Orientadora: Profª. Dra. Bruna Galdorfini


Chiari Andréo

Data da defesa/entrega: ___/___/____

MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA:

Presidente e Orientador:

Membro Titular:

Membro Titular:

Média______ Data: ___/___/____

Centro Universitário de Araraquara


Araraquara- SP
Dedico o que conquistei neste tempo...

Aos profissionais que se empenham para garantir o direito à saúde,

ajudando a humanidade para uma melhoria na qualidade de vida.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram para a construção desse sonho.

À minha mãe Lídia, que sempre me incentivou nessa trajetória com seus conselhos.

À meu pai Antônio, que deseja meu sucesso.

À meu esposo Rui, que não deixou que eu desanimasse nos momentos de dificuldade.

Aos meus avós maternos José e Leni, que me apoiaram a buscar o crescimento profissional.

À minha visavó materna Maria Lopes, pelos presentes ‘especiais’.

À minha avó paterna Maria José (in memória), que nunca ficou um dia sem rezar por mim.

Agradeço a todos meus familiares por me proporcionar momentos de alegria e por


compreenderem meus atrasos e ausências em aniversários e datas comemorativas.

Às novas amizades conquistadas e as antigas que foram mantidas, que mesmo com encontros
esporádicos, tornaram parte da minha família.

À Profª. Dra. Bruna Galdorfini Chiari Andréo, pelas sugestões e contribuições para
elaboração deste projeto.

Ao Programa de Pós-Graduação do Centro Universitário de Araraquara, pela oportunidade,


possibilitando minha capacitação.

Agradeço a DEUS, acima de tudo por este presente maravilhoso de concluir mais essa etapa.
"O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo.

Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos,

no mínimo fará coisas admiráveis."

(José de Alencar)
RESUMO
LIMA, D. R. G. de. Adjuvantes farmacêuticos utilizados em farmácias magistrais
segundo o Sistema de Classificação Biofarmacêutico. Centro Universitário de Araraquara,
São Paulo, 35p., 2016.

O setor farmacêutico pertence ao mercado brasileiro de medicamentos no qual as farmácias


magistrais representam parte significativa desse mercado da área da saúde, com objetivo de
oferecer serviços de qualidade. O argumento de que os excipientes tem papel como
preenchimento e diluição são dissipados há muito tempo, porém atualmente utiliza-se a
análise das características físico-químicas da substância, observando inclusive, a forma
farmacêutica e a forma de liberação do fármaco. O Sistema de Classificação Biofarmacêutico
(SCB) foi elaborado com o objetivo de organizar os fármacos conforme sua solubilidade e
permeabilidade, e agrupá-los em quatro classes. A preparação do excipiente padrão a ser
utilizado na manipulação de cápsulas é proveniente da pesagem de diversos adjuvantes em
pós, constituintes de um produto final. Considerando a importância desse assunto, este
trabalho se dedicou a revisar a literatura disponível acerca do tema, oferecendo uma nova
fonte de estudo aos profissionais da área. O objetivo do presente trabalho foi identificar os
diversos adjuvantes farmacêuticos utilizados em farmácias magistrais para manipulação de
cápsulas e adequá-los aos princípios ativos, com base no Sistema de Classificação
Biofarmacêutico (SCB), visando à obtenção de resultados positivos de biodisponibilidade,
que assegurem o efeito desejado do fármaco. As conclusões dos diversos autores sobre a
padronização de excipientes apresenta algo em comum, ao que se refere à importância da
observância do farmacêutico. Para qualquer área da ciência a evolução é inevitável, e a
criação de novos excipientes provavelmente será sempre alvo de atualizações. Pesquisas que
objetivam fornecer sugestões de manipulações de excipientes padronizados ainda são
necessárias para se conquistar total qualidade de serviços e produtos em farmácias magistrais.

Palavras Chave: Excipientes; Cápsulas; Biodisponibilidade; Excipiente-padrão.


ABSTRACT

LIMA, D. R. G. de. Pharmaceutical adjuvants used in compounding pharmacies


according to the Biopharmaceutical Classification System. Centro Universitário de
Araraquara, São Paulo, 35p., 2016.

The pharmaceutical field belongs to Brazilian medicines market, in which the compounding
pharmacies represent a significant part of the health care market, with the aim to provide
quality services. The argument that the excipients work in filling and dilution it’s not used for
a long time, but, currently, it uses the analysis of the physicochemical characteristics of the
substance by observing, including, the pharmaceutical form and the drug delivery form. The
Biopharmaceutical Classification System (SCB) was developed with the purpose of
organizing medicines according to their solubility and permeability, and group then into four
groups. The preparation of the standard excipient to be used in the process of compounding
capsules is derived from the weighing of different adjuvants powders, final product
constituents. In view of the importance of this subject, this research wants to review the
available literature on the subject, providing a new source of studies for professionals in this
field. The objective of this study was to identify the various pharmaceutical adjuvants used in
compounding pharmacies for the process of compounding capsules and tailor them to the
active ingredients, based on Biopharmaceutical Classification System (SCB), in order to
obtain positive results bioavailability, to ensure the desired drug effect. The conclusion of
several authors about the standardization of the excipients have something in common in that
they refer to the importance of observance of the pharmacist. For any area of science, the
evolution is inevitable and the creation of new excipients will probably always subject of
updates. Researches that aim at providing suggestions for handling standardized excipients
are still needed to achieve total quality services and products in compounding pharmacies.

Key words: Excipients. Capsules. Bioavailability. Standardized excipient.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12

2. OBJETIVO .................................................................................................................14

3. METODOLOGIA ......................................................................................................15

4. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................16

4.1 Excipientes farmacêutica.......................................................................................16

4.2 Sistema de classificação biofarmacêutico ..............................................................18

4.3 A influência dos excipientes na biodisponibilidade, segurança e eficácia de


medicamentos manipulados ...............................................................................................23

4.4 Pré-seleção dos excipientes.....................................................................................24

4.5 Apresentação de fórmulas de excipientes-padrões..................................................25

4.5.1 Fármacos de classe I e III........................................................................26

4.5.2 Fármacos de classe II e IV........................................................................28

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................31

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação de fármacos de acordo com o SCB ..................................................18

Tabela 2 - Modelo de cálculo para a composição do excipiente padrão..................................26

Tabela 3 - Fórmula para os fármacos de Baixa dosagem da classe I e III...............................27

Tabela 4 - Fórmula para os fármacos de Moderada dosagem da classe I e III........................27

Tabela 5 - Fórmula para os fármacos de Alta dosagem da classe I e III..................................28

Tabela 6 - Fórmula para os fármacos de Baixa dosagem da classe II e IV..............................29

Tabela 7- Fórmula para os fármacos de Moderada dosagem da classe II e IV........................29

Tabela 8 – Fórmula para os fármacos de Alta dosagem da classe II e IV...............................29


LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Fármacos pertencentes à classe I do SCB..............................................................19

Quadro 2- Fármacos pertencentes à classe II do SCB.............................................................20

Quadro 3- Fármacos pertencentes à classe III do SCB ...........................................................21

Quadro 4- Fármacos pertencentes à classe IV do SCB...........................................................22

Quadro 5- Classificação dos excipientes pré-selecionados.....................................................24


1 INTRODUÇÃO

A atividade farmacêutica originou-se na produção artesanal de medicamentos e, em


seguida, evoluiu para fase industrial. O setor farmacêutico pertence ao mercado brasileiro de
medicamentos no qual as farmácias magistrais representam parte significativa desse mercado
da área da saúde, com objetivo de oferecer serviços de qualidade. Nas últimas décadas houve
uma retomada expressiva na atividade de manipulação fazendo o setor ser constituído por
mais de 5 mil estabelecimentos, onde 90% das farmácias magistrais correspondem a micro
empresas e desempenham papel importante por melhorar a economia das cidades onde se
localizam (ALVES et al., 2009; BONFILIO et al., 2010; ZUNINO, 2007).

Em busca persistente de qualidade dos serviços prestados e dos produtos manipulados,


atualmente as farmácias magistrais passaram por diversas mudanças, inclusive nas legislações
(ZUNINO, 2007). A mais recente foi a Lei 13.021, de 8 de agosto de 2014 que transforma
farmácias em estabelecimentos de saúde, onde estas lojas não são mais apenas comerciais,
mas também local para prestação de serviços à saúde, como por exemplo, prestação de
assistência farmacêutica (BRASIL, 2014).

A observância da qualidade de produtos manipulados é cada vez mais preocupante,


fato que contribui para que as autoridades sanitárias se tornem ainda mais exigentes. As
indústrias farmacêuticas possuem mais recursos financeiros se comparado com os
estabelecimentos magistrais, e esse fato traz a tona a principal discussão sobre a qualidade, e
faz surgir questionamentos sobre produtos manipulados comparando-os com os produtos
industrializados, principalmente, no que se refere ao padrão de qualidade (BONFILIO et al.,
2010).

A técnica mais habitual de administração de medicamentos é a via oral, e as cápsulas


são consideradas as formas farmacêuticas sólidas mais flexíveis, quando comparadas aos
comprimidos e drágeas, que também fazem parte desta classe. A versatilidade das cápsulas é
observada no fato de que elas são passíveis de manipulação em escala magistral favorecendo
para que a particularidade específica de dosagem da formulação do paciente possa ser
atendida (LAMOLHA et al., 2014).

12
As farmácias magistrais buscam garantir que os seus produtos apresentem melhoria da
qualidade e por isso há uma reflexão de que é indispensável realizar análise de controle de
qualidade do produto acabado como, peso médio das cápsulas, assim como observância de
descrição, aspectos e características organolépticas das matérias-primas (LACERDA &
LIONZO, 2011).

Uma forma de garantir o desempenho terapêutico de medicamentos é realizar estudos


de biodisponibilidade e bioequivalência dos produtos farmacêuticos. Esses testes são
utilizados como padrões para comprovar que produtos de referência apresentam mesmo perfil
de concentração plasmática pelo tempo, possibilitando a aprovação do medicamento teste
como genérico. Apesar do teste de bioequivalência ser bem difundido nas últimas décadas,
um novo método baseado nas propriedades biofarmacêuticas vem sendo aplicado a um
significativo número de medicamentos, denominado Sistema de Classificação Farmacêutico
(SCB), embasado nas características essenciais que regulam a absorção de fármacos
(BONAMICI, 2009).

Considerando a importância desse assunto, este trabalho se dedicou a revisar a


literatura disponível acerca do tema, oferecendo uma nova fonte de estudo aos profissionais
da área.

13
2 OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho foi identificar os diversos adjuvantes farmacêuticos


utilizados em farmácias magistrais para manipulação de cápsulas e adequá-los aos princípios
ativos, com base no Sistema de Classificação Biofarmacêutico (SCB), que os classifica
segundo sua solubilidade em água e permeabilidade gastrointestinal, visando à obtenção de
resultados positivos de biodisponibilidade, que assegurem o efeito desejado do fármaco.

14
3 METODOLOGIA

O desenvolvimento deste trabalho foi baseado em uma revisão da literatura científica


disponível acerca do tema em questão.

Inicialmente, realizou-se levantamento em literatura nacional para leitura e análise da


documentação bibliográfica para a identificação dos excipientes de maneira geral. Foram
utilizados artigos publicados em periódicos relacionados à saúde, farmácia magistral,
literaturas clássicas de farmácia, dissertações de mestrado, artigos técnicos e pesquisas em
entidades coletivas, como a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A consulta
bibliográfica para a coleta de informação foi realizada de novembro de 2015 a maio de 2016.

Após aprofundamento e comparação do material analisado foi elaborado um modelo


de excipiente padrão para cada classe de medicamentos de acordo com o SCB.

15
4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 Excipientes farmacêuticos

Excipientes não apresentam ação terapêutica, contudo, um erro grave é considerá-los


como substâncias inativas, pois são utilizados para garantir estabilidade e desempenho
adequado de formulações. Mesmo reconhecendo que ainda são necessários mais estudos no
Brasil que analisem a presença de adjuvantes farmacêuticos nos medicamentos
comercializados no país, essas matérias-primas são importantes para preservação de
características organolépticas dos medicamentos e suas propriedades físico-químicas
(BALBANI et al., 2006; SILVA et al., 2008).
O argumento de que os excipientes tem apenas função de preenchimento e diluição da
formulação é dissipado há muito tempo, porém atualmente utiliza-se a análise das
características físico-químicas da substância, observando, inclusive, a forma farmacêutica e a
forma de liberação do fármaco (CUNHA, 2015).
A inclusão de adjuvantes na formulação é aplicada para diminuir os diversos fatores
que podem interferir na solubilidade e permeabilidade dos fármacos, afetando a
biodisponibilidade desses. No grupo dos adjuvantes farmacêuticos existem vários
componentes inclusive com variadas funções, no qual a escolha adequada se dará através da
observância das características dos fármacos, dos adjuvantes e a estabilidade que os mesmos
promovem nas formulações (MIRANDA et al., 2013).
Além disso, verificam-se quais os requisitos necessários para a mesma, como
mascaramento de cor, odor e sabor, melhoria de fluxo dos pós, redução ou retenção de
umidade, entre outros.
Dentre os diferentes excipientes farmacêuticos algumas de suas diversas funções são
estabilizar, diluir, espessar, solubilizar, conservar e outras. Esses adjuvantes não medicinais
são manipulados, normalmente, em uma formulação combinada junto com os fármacos a ser
administrados (SILVA et al., 2008).
Os diluentes são excipientes com a função de ceder volume à forma farmacêutica.
Tratam-se de matérias-primas capazes de permitir o preenchimento das cápsulas com o
volume adequado. Exemplos são: celulose microcristalina e lactose monoidratada. Os
lubrificantes são adjuvantes utilizados para evitar fixação dos pós nas paredes de tabuleiros de
16
encapsulamentos. Caracterizam-se como substâncias que ajudam na vazão dos pós facilitando
o preenchimento das cápsulas. Exemplos são: estearato de magnésio e talco. Os agentes
molhantes são inertes que diminuem a tensão superficial e interfacial. Também se denominam
como tensoativos e são capazes de melhorar a dissolução do fármaco quando a cápsula se
desfaz no fluido gastrintestinal. Exemplos são: lauril sulfato de sódio e polissorbato 80. Os
deslizantes são utilizados para melhorar a propriedade de fluxo das formulações de forma
farmacêutica sólida. Exemplo é o dióxido de silício coloidal. Os desintegrantes são
adicionados as formulações devido à sua ágil habilidade de desintegrar, desagregar e dissolver
a formulação. Exemplo é o glicolato sódico de amido (CHIARI, 2016; ANVISA, 2016).
A escolha dos excipientes de acordo com a necessidade da formulação e/ou
particularidades do fármaco é uma atitude que ainda não é bem executada por grande parte
das farmácias e dos profissionais. Muitas farmácias ainda utilizam apenas um excipiente, dois
ou no máximo três, como excipiente padrão para todas as outras manipulações de cápsulas,
indiferente a classe do fármaco (LOPES JUNIOR, p.18, 2013).
Evitar equívocos na manipulação é fundamental para uma execução da atividade
magistral de forma mais segura e, favorece para a produção de medicamentos manipulados de
qualidade. Para isso, aplica-se cada vez mais a técnica de padronização dos excipientes para
manipulação de cápsulas em farmácias magistrais, gerando excelentes respostas terapêuticas
pelos usuários de medicamentos manipulados (LACERDA & LIONZO, 2011; LAMOLHA et
al., 2014).
Como benefício e diminuindo a obrigatoriedade de manter no estoque das farmácias
magistrais cada substância integrante do excipiente padrão, foi lançado no mercado magistral
nacional excipientes pré-formulados como produto para que possam ser adicionados aos
fármacos, atendendo o método do SCB. A escolha do farmacêutico responsável pela farmácia
magistral de optar por um produto pronto para uso ao invés de manipular o próprio excipiente
padrão pode ser feita com tranquilidade, uma vez que, em testes de perfis de dissolução não
foram encontradas diferenças significativas, ou seja, ambos apresentam as mesmas
características de dissolução (LAMOLHA et al., 2014).
A preparação do excipiente padrão a ser utilizado na manipulação de cápsulas é
proveniente da pesagem de diversos adjuvantes em pós, constituintes de um produto final. A
escolha correta dos excipientes que irão integrar o excipiente padrão é um dos desafios mais

17
comuns, e a decisão errônea pode influenciar na obtenção da eficácia terapêutica
(LAMOLHA et al., 2014; BONFILIO et al., 2010).
Para tomar a decisão pertinente e atender a necessidade do paciente é primordial a
observância do farmacêutico para que a composição da formulação de interesse seja adequada
aos fármacos e suas individualidades (LOPES JUNIOR, p.23, 2013).
A padronização dos excipientes utilizados na manipulação de cápsulas com base na
literatura científica foi a técnica adotada por algumas farmácias magistrais para atender a
aplicabilidade das Boas Práticas de Manipulação das últimas legislações (LAMOLHA et al.,
2014).
O método de diluição geométrica é o mais adequado para o processo de cápsulas. A
etapa de homogeneização dos adjuvantes com o fármaco pode ser feita com trituração em gral
e posterior tamisação, procedimento que objetiva oferecer uniformidade de conteúdo antes
mesmo do encapsulamento (LACERDA & LIONZO, 2011).

4.2 Sistema de classificação biofarmacêutico

Amidon e colaboradores, em 1995, criaram o Sistema de Classificação


Biofarmacêutico (SCB) que foi elaborado com o objetivo de prever o comportamento
farmacocinético in vivo de medicamentos, organizá-los conforme sua solubilidade e
permeabilidade, e agrupá-los em quatro classes de acordo com Tabela 1 (BONAMICI, 2009;
LACERDA & LIONZO, 2011).

Tabela 1: Classificação de fármacos de acordo com o SCB


CLASSE SOLUBILIDADE PERMEABILIDADE CARACTERÍSTICA
I Alta Alta Anfifílico
II Baixa Alta Lipofílico
III Alta Baixa Hidrofílico
IV Baixa Baixa Hidrofóbico
Fonte: Adaptado de BONAMICI (2009), CUNHA (2015).

18
Classe I: apresentam alta solubilidade e permeabilidade. Alguns dos fármacos
pertencentes a esta classe estão elencados no Quadro 1.

Quadro 1: Fármacos pertencentes à classe I do SCB


FÁRMACO CLASSIFICAÇÃO TERAPÊUTICA
Acetazolamida Diurético e Anticonvulsivante
Alopurinol Antigotoso
Amoxicilina triiidratada Antibiótico
Azatioprina Imunossupressor
Carbocisteína Expectorante
Diazepam Ansiolítico
Doxiciclina cloridrato Antibiótico
Eritromicina Antibiótico
Gliclazida Antidiabético e Hipoglicemiante
Glipizida Antidiabético
Paracetamol Analgésico e Antitérmico
Propiltiouracila Antitireoidiano
Sulfadiazina Antibiótico
Sulfametoxanol Antibiótico
Teofilina Broncodilatador
Fonte: Adaptado ANVISA (2001); MIRANDA et al. (2013),
FUNED (2009), UNA-SUS (2011).

19
Classe II: têm baixa solubilidade e alta permeabilidade. Alguns dos fármacos
pertencentes a esta classe estão listados no Quadro 2.

Quadro 2: Fármacos pertencentes a classe II do SCB


FÁRMACO CLASSIFICAÇÃO TERAPÊUTICA
Albendazol Anti-helmíntico
Carvedilol Anti-hipertensivo
Cetoprofeno Antiinflamatório e Anti-reumático
Cloroquina Antimalárico
Dapsona Hansenostático
Dexametasona Glicocorticóides
Espironolactona Diurético e Anti-hipertensivo
Fenitoína sódica Anticonvulsivante
Itraconazol Antifúngico
Lamotrigina Anticonvulsivante
Loratadina Antialérgico e Anti-histamínicos
Lorazepam Ansiolítico
Lovastatina Antilipidêmico e Redutores de colesterol
Nifedipina Antianginosos e Vasodilatadores
Nimesulida Antiinflamatório e Anti-reumático
Nitrofurantoína Antibiótico
Fonte: Adaptado ANVISA (2001); MIRANDA et al. (2013),
FUNED (2009), UNA-SUS (2011).

20
Classe III: possuem alta solubilidade e baixa permeabilidade. Alguns dos fármacos
pertencentes a esta classe estão catalogados no Quadro 3.

Quadro 3: Fármacos pertencentes a classe III do SCB


FÁRMACO CLASSIFICAÇÃO TERAPÊUTICA
Acetilcisteína Mucolítico
Aciclovir Antirretroviral
Atenolol Anti-hipertensivo
Captopril Anti-hipertensivo
Cimetidina Antiulceroso
Ciprofloxacina
cloridrato Antibiótico
Cloranfenicol Antibiótico
Codeína fosfato Analgésisco
Ranitidina cloridrato Antiulceroso
Salbutamol (Albuterol) Antiasmpático e Broncodilatador
Lamivudina Anti-retroviral
Lisonopril desidratado Anti-hipertensivo
Losartana potássica Anti-hipertensivo
Metoclopramida
cloridrato Antiemético
Metildopa Anti-hipertensivo
Fonte: Adaptado ANVISA (2001); MIRANDA et al. (2013),
FUNED (2009), UNA-SUS (2011).

21
Classe IV: são de baixa solubilidade e permeabilidade. Alguns dos fármacos
pertencentes a esta classe estão especificados no Quadro 4.

Quadro 4: Fármacos pertencentes a classe IV do SCB


FÁRMACO CLASSIFICAÇÃO TERAPÊUTICA
Alprazolam Ansiolítico
Amitriptilina Antidepressivo
Anlodipina bezilato Anti-hipertensivo e Antianginoso
Azitromicina Antibiótico
Digoxina Antiarrítmico
Diltiazem cloridrato Antianginoso e Vasodilatador
Enalapril maleato Anti-hipertensivo
Fluoxetina cloridrato Antidepressivo
Furosemida Diurético
Isoniazida Antituberculoso
Lorazepam Ansiolítico
Metoprolol tartarato Anti-hipertensivo e Antianginoso
Prednisona Corticosteroide
Propranolol cloridrato Anti-hipertensivo Antianginoso
Ramipril Anti-hipertensivo
Ritonavir Antirretroviral
Sertralina cloridrato Antidepressivo
Verapamil cloridrato Antianginosos e Vasodilatadores
Fonte: Adaptado ANVISA (2001); MIRANDA et al. (2013),
FUNED (2009), UNA-SUS (2011).

O SCB considera a solubilidade e a permeabilidade como importantes fatores que


influenciam a velocidade e extensão de absorção de fármacos (BONAMICI, 2009). Se a dose
mais alta de uma substância for solúvel em 250mL de meio aquoso, em faixa de pH 1,0-7,5,
considera-se de alta solubilidade. Quando a dose administrada atingir ≥90% da extensão de
absorção, o fármaco é considerado de alta permeabilidade (LACERDA & LIONZO, 2011).
22
O SCB tem a finalidade de ser considerado um método que restringe a exposição de
voluntários sadios, diminui custos e tempo necessário para produção de um produto. Para as
substâncias que são descobertas recentemente a classificação das mesmas através do SCB, se
regulamentado, é uma técnica em que se evita elevados gastos financeiro e tempo oneroso
(BONAMICI, 2009).
Visando atender as legislações sanitárias na observância das BPM's, tomou-se como
base aspectos físico-químicos citados no SCB, no qual elaborou-se um grupo de excipientes
para cada classe farmacêutica, como sugestão de formulações de excipientes padrões de forma
que possa orientar os farmacêuticos magistrais à realidade atual.

4.3 A influência dos excipientes na biodisponibilidade, segurança e eficácia


de medicamentos manipulados

Percebe-se uma importante influência positiva dos excipientes quando se tem por
interesse interferir na velocidade de liberação do fármaco, pois os adjuvantes farmacêuticos
são capazes de contribuir para a liberação do ingrediente ativo, afetando sua
biodisponibilidade, retardando ou promovendo o efeito desejado (LACERDA & LIONZO,
2011).
A solubilidade em água e a permeabilidade gastrintestinal do fármaco são aspectos
essenciais de medicamentos administrados por via oral para uma adequada liberação da forma
farmacêutica. Para a absorção do ativo é necessária sua liberação e dissolução, pois para que
ele possa ser absorvido será necessário estar na forma de solução aquosa para atravessar as
membranas celulares, de forma que atinja a circulação sistêmica. A classificação do fármaco
como “fracamente solúvel” se dará quando a sua velocidade de dissolução for mais lenta que
o tempo de trânsito intestinal (BONAMICI, 2009; LACERDA & LIONZO, 2011).
Os ensaios de bioequivalência (BE) objetivam comprovar que os fármacos aos serem
administrados na mesma dose molar e condições experimentais, não apresentam significativas
diferenças na velocidade e quantidade de absorção do fármaco. Algumas agências
regulatórias, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) verificam a possibilidade de
isentar a necessidade de aplicar testes de BE para fármacos de liberação imediata na forma
farmacêutica sólida, no qual somente os testes in vitro já seriam suficientes para garantir
intercambialidade com o de referência (PARAISO, 2012).

23
4.4 Pré-seleção dos excipientes

Uma pesquisa foi realizada sobre os adjuvantes farmacotécnicos mais utilizados em


farmácias magistrais e, os excipientes pré-selecionados para completar o volume das cápsulas
foram escolhidos para garantir simplicidade no processo de manipulação, homogeneidade
durante o preenchimento e melhoria na estabilidade da formulação (DUTRA, 2012).
Alguns excipientes mais utilizados foram pré-selecionados, conforme Quadro 5.

Quadro 5 – Classificação dos excipientes pré-selecionados


EXCIPIENTES CLASSE
Amido Pré-gelatinizado Diluente
Lactose Monoidratada Diluente
Manitol Diluente
Celulose Microcristalina Diluente
Dióxido de Silício Coloidal Deslizante
Glicolato Sódico de Amido Desintegrante
Lauril Sulfato de Sódio Agente molhante
Talco Lubrificante

Diluentes
O amido pré-gelatinizado apresenta-se na forma de um pó branco ou cremoso pálido,
quase inodoro, sabor discretamente característico e é higroscópico (FIGUEIRÓ, 2016).
A lactose monoidratada apresenta-se na forma de pó ou partículas cristalinas brancas
ou quase brancas, é inodora, apresenta sabor levemente adocicado, absorve odor e não é
higroscópica (FIGUEIRÓ, 2016).
O manitol é um pó cristalino ou grânulos de cor branca, inodoro, apresenta sabor doce
e não apresenta higroscopia (FIGUEIRÓ, 2016).
A celulose microcristalina está na forma de pó cristalino branco formado por
partículas porosas, é inodora, insípida e apresenta ligeira higroscopicidade (LOPES JUNIOR,
p.19, 2013; FIGUEIRÓ, 2016).

24
Deslizante
O dióxido de silício coloidal está na forma de pó fino e branco, não apresenta odor, é
insípido e é higroscópico (FIGUEIRÓ, 2016).

Desintegrante
O glicolato sódico de amido apresenta-se na forma de um pó branco ou quase branco,
sem sabor e cheiro, é ligeiramente higroscópico (FERREIRA, 2006; CUNHA, 2015).

Agente molhante
O lauril sulfato de sódio tem como características ser um pó ou grânulos de coloração
branca ou amarelo pálido, sabor amargo, odor característico gorduroso e
(PHARMANOSTRA. 2011).

Lubrificante
O talco está na forma de um pó cristalino muito fino, branco ou branco acinzentado,
não é higroscópico (FIGUEIRÓ, 2016).

4.5 Apresentação de fórmulas de excipientes-padrões

Foram escolhidos os excipientes mais adequados a cada classe do SCB, a fim de


melhorar a permeabilidade e solubilidade dos fármacos, a partir dos adjuvantes pré-
selecionados.
Para a elaboração do excipiente-padrão foi considerada a classificação de dose
seguinte: baixa dosagem, menor ou igual a 50mg; moderada dosagem, acima de 50mg a
100mg; alta dosagem, acima de 100mg a 1000mg (CUNHA, 2015).
O cálculo para composição do excipiente padrão foi exposto conforme Tabela 2.

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Tabela 2: Modelo de cálculo para a composição do excipiente padrão
CLASSIFICAÇÃO EXCIPIENTES %
Amido Pré-gelatinizado
Diluente Lactose Monoidratada 25 - 75
Manitol
Diluente Celulose Microcristalina 25 – 75
Deslizante Dióxido de Silício Coloidal 0,2 ou 1
Desintegrante Glicolato Sódico de Amido 5 ou 10
Lauril Sulfato de Sódio Agente molhante 1 ou 5
Lubrificante Talco 2

4.5.1 Fármacos de classe I e III

Os ativos da classe I expressam alta solubilidade e permeabilidade. Quando


administrados em formas farmacêuticas de liberação imediata se dissolvem ligeiramente,
também são transportados velozmente pela parede do intestino. Os fármacos da classe III
apresentam alta solubilidade e baixa permeabilidade. Exprimem solubilidade adequada,
porém o ciclo problemático no curso da absorção é a permeação do fármaco através da
membrana intestinal (MIRANDA et al., 2013).
A elaboração da fórmula padrão para os fármacos pertencentes às classes I e III foi
mais focalizada em adicionar adjuvantes que favoreçam a classe III, que apresenta como
limitação a permeabilidade de fármacos, uma vez que os ativos farmacêuticos pertencentes á
classe I apresentam poucos problemas com a biodisponibilidade.
O amido pré-gelatinizado, a lactose monoidratada e o manitol foram selecionados,
pois são diluentes com ausência de relatos de toxicidade, irritações e incompatibilidades. O
amido pré-gelatinizado apresenta escassa propriedade de fluxo e é coesivo, por isso a
necessidade de associação com outros diluentes. A opção pela celulose foi devido a sua
versatilidade de função na formulação, pois pode ser utilizada como diluente, desagregante,
lubrificante adsorvente. Por apresentar excelentes características de fluxo irá facilitar o
preenchimento das cápsulas e, mesmo não sendo solúvel em água é capaz de auxiliar a
desagregação da forma farmacêutica sem interferir em sua solubilidade. Com o objetivo de

26
reduzir higroscopia foi incluído o dióxido de silício coloidal que melhora a estabilidade do
fármaco evitando absorção da umidade. O adjuvante se apresenta em partículas bastante
pequenas favorecendo o bom fluxo dos pós, o que contribui também para uniformidade de
distribuição dos componentes da fórmula manipulada. O talco foi escolhido por ser um ótimo
lubrificante e simplificar o fluxo dos pós, por atuar como secante ajudando na estabilidade da
formulação.
A fórmula para excipiente padrão para os fármacos das classes I e III do SCB está
representada nas Tabelas 3, 4 e 5, de acordo com a classificação de dose.

Tabela 3: Fórmula para os fármacos de Baixa dosagem da classe I e III


CLASSIFICAÇÃO EXCIPIENTES %
Amido Pré-gelatinizado
Diluente Lactose Monoidratada 75
Manitol
Diluente Celulose Microcristalina 25
Deslizante Dióxido de Silício Coloidal 1
Lubrificante Talco 2
Fonte: Adaptado CUNHA, 2015.

Tabela 4: Fórmula para os fármacos de moderada dosagem da classe I e III


CLASSIFICAÇÃO EXCIPIENTES %
Amido Pré-gelatinizado
Diluente Lactose Monoidratada 50
Manitol
Diluente Celulose Microcristalina 50
Deslizante Dióxido de Silício Coloidal 1
Lubrificante Talco 2
Fonte: Adaptado CUNHA, 2015.

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Tabela 5: Fórmula para os fármacos de alta dosagem da classe I e III
CLASSIFICAÇÃO EXCIPIENTES %
Amido Pré-gelatinizado
Diluente Lactose Monoidratada 25
Manitol
Diluente Celulose Microcristalina 75
Deslizante Dióxido de Silício Coloidal 1
Lubrificante Talco 2
Fonte: Adaptado CUNHA, 2015.

4.5.2 Fármacos de classe II e IV

Os fármacos da classe II apresentam baixa solubilidade e alta permeabilidade. Estudos


em tecnologia farmacêutica têm focado neste grupo, principalmente, devido às dificuldades de
dissolução, pois a fase que controla a agilidade da absorção oral é a velocidade de dissolução
que não é rápida o suficiente para promover absorção completa. Os ativos da classe IV são de
baixa solubilidade e permeabilidade. Raramente solúveis e permeáveis. Apresentam baixa
biodisponibilidade (MIRANDA et al., 2013).
A elaboração da fórmula padrão para os fármacos pertencentes às classes II e IV foi
através da observância de excipientes que contribuam tanto para a solubilidade quanto para a
permeabilidade dos fármacos, uma vez que os ativos farmacêuticos pertences a estas classes
apresentam alguma das características desprivilegiadas, ou até mesmo a duas.
A fórmula para excipiente padrão para os fármacos das classes II e IV do SCB está
representada nas tabelas 6, 7 e 8, de acordo com a classificação de dose.

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Tabela 6: Fórmula para os fármacos de baixa dosagem da classe II ou IV
CLASSIFICAÇÃO EXCIPIENTES %
Diluente Amido Pré-gelatinizado
Lactose Monoidratada 75
Manitol
Diluente Celulose Microcristalina 25
Deslizante Dióxido de Silício Coloidal 0,2
Agente molhante Lauril Sulfato de Sódio 1
Desintegrante Glicolato Sódico de Amido 5
Fonte: Adaptado CUNHA, 2015.

Tabela 7: Fórmula para os fármacos de moderada dosagem da classe II ou IV


CLASSIFICAÇÃO EXCIPIENTES %
Amido Pré-gelatinizado
Diluente Lactose Monoidratada 50
Manitol
Diluente Celulose Microcristalina 50
Deslizante Dióxido de Silício Coloidal 0,2
Agente molhante Lauril Sulfato de Sódio 2
Desintegrante Glicolato Sódico de Amido 10
Fonte: Adaptado CUNHA, 2015.

Tabela 8: Fórmula para os fármacos de alta dosagem da classe II ou IV


CLASSIFICAÇÃO EXCIPIENTES %
Amido Pré-gelatinizado
Diluente Lactose Monoidratada 25
Manitol
Diluente Celulose Microcristalina 75
Deslizante Dióxido de Silício Coloidal 0,2
Agente molhante Lauril Sulfato de Sódio 2
Desintegrante Glicolato Sódico de Amido 10
Fonte: Adaptado CUNHA, 2015.
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A seleção do amido pré-gelatinizado foi de devido ele ser amplamente utilizado sem
relatos de incompatibilidades. A lactose monoidratada foi escolhida por ser diluente que
apresenta boa propriedade de fluxo. O manitol foi selecionado por ser solúvel e auxiliar na
desintegração. A escolha da celulose microcristalina como diluente foi devido a sua ação
como lubrificante, no qual não será necessário acrescentar outros adjuvantes lubrificantes a
fórmula padrão. O dióxido de silício coloidal foi selecionado como agente dessecante e
deslizante. O lauril sulfato de sódio foi selecionado como agente molhante por ter
solubilidade em água e assim aumentar solubilidade de formulação, por diminuir tensão
superficial e melhorar molhabilidade, contribuindo para a permeabilidade. O amido glicolato
de sódio foi o desintegrante de escolha, pois o mesmo facilita a dissolução do fármaco.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As conclusões dos diversos autores sobre a padronização de excipientes apresenta algo
em comum, ao que se refere à importância da observância do farmacêutico. Esse profissional
deve estar constantemente atento às novas possibilidades a fim de oferecer medicamentos que
representem melhores respostas terapêuticas aos usuários, pois a manipulação magistral de
medicamentos deve ser encarada sistematicamente, mediante o uso criterioso de excipientes
padronizados, podendo-se levar em conta, por exemplo, a Classificação Biofarmacêutica da
substância ativa.
Para qualquer área da ciência a evolução é inevitável, e a criação de novos excipientes
provavelmente será sempre alvo de atualizações. As pesquisas que objetivam fornecer
sugestões de manipulações de excipientes padronizados ainda são necessárias para se
conquistar total qualidade de serviços e produtos em farmácias magistrais.

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REFERÊNCIAS

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