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MONITORAMENTO DOS
PROCESSOS MAGISTRAIS
ANFARMAG – 2006
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Monitoramento dos Processos Magistrais
INTRODUÇÃO
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Monitoramento dos Processos Magistrais
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Monitoramento dos Processos Magistrais
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Monitoramento dos Processos Magistrais
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Monitoramento dos Processos Magistrais
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Monitoramento dos Processos Magistrais
2 CONCEITOS
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Monitoramento dos Processos Magistrais
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Monitoramento dos Processos Magistrais
J. Locke 1632-1704
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Antes de sermos tomados pelo ódio devemos fazer uma reflexão das
causas que conduzem pesquisadores de reconhecida excelência, de
instituições públicas altamente reconhecidas, com larga experiência em saúde
pública, mas com nenhum conhecimento dos processos magistrais, a tecer
comentários de tamanha gravidade e de enorme impacto sócio–econômico na
sociedade brasileira. Façamos uma breve reflexão através dos exemplos
abaixo.
Em setembro de 2003, foi registrado um caso de óbito de uma criança
de doze anos em Brasília – Distrito Federal que utilizou medicamento
manipulado contendo em sua formulação associação de zinco, aminoácidos e
clonidina, sendo este último fármaco com indicação para o estímulo do
crescimento em crianças de baixa estatura. O laudo de análise do produto em
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dosagem ou fármacos potentes. Aqui, surge outra pergunta: Por quê aconteceu
novamente? Resposta: porque a colchicina não estava contemplada na RDC
354. Estes fatos motivaram a inclusão da colchicina na RDC 354. E isto
corrobora o estudo de Leap et al. que demonstra que uma das causas de erros
medicamentos é o baixo conhecimento sobre o fármaco.
Problemas com desvio da qualidade em produtos manipulados não são
exclusividade de nosso país. No Texas – Estados Unidos da América, uma
criança de 05 anos recebeu uma dose de clonidina de 50 mg. Neste caso foi
solicitado o preparo de uma suspensão oral de 0,05mg/5 mL. A análise do
produto revelou uma concentração de 9,78 mg/mL ou seja, 978 vezes a
concentração descrita no rótulo (ROMANO, 2001; BERTOLLO, 2006).
Na Espanha uma mulher de 42 anos deu entrada no hospital
apresentando um quadro de dor abdominal, náuseas, vômitos, febre de até
400C, mal-estar generalizado entre outros sintomas. Foi feita uma dosagem de
T3 cuja concentração sérica estava no patamar de 575,22 nmol/l. Constratando
com valores de referência entre 1,1 e 2,9 nmol/l. O paciente evoluiu para alta
hospitalar. Acredita-se que o paciente tenha ingerido cápsulas contendo 5 mg
de T3 e não 25 mcg como prescrito (MAGLIA, 2003; BERTOLLO, 2006).
Novamente podemos perguntar: qual é o real problema neste caso?
Resposta: hiperdosagem. A segunda pergunta que devemos fazer é qual a
causa deste problema? Resposta: ausência de diluição geométrica de
fármacos de baixa dosagem ou fármacos potentes. Podemos refletir:
*os erros citados acima são graves? Sim, pois envolveram óbitos ou com
alta possibilidade de lesar os pacientes.
*são difíceis de serem solucionados? Não, pois envolvem
conhecimentos básicos de farmacotécnica.
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diferentes tipos. Cada processo, por sua vez, pode desempenhar funções
específicas. (CAMPOS, 1992; GONÇALVES, 2000)
Humphrey (2006) define processos como um conjunto definido de
passos para a realização de uma tarefa. Um processo definido, é aquele que é
descrito suficientemente em detalhes de forma que possa ser consistentemente
usado.
Cada processo pode ter um ou mais resultados (efeitos, fins). Para que
se possa gerenciar de fato cada processo é necessário medir (avaliar os seus
efeitos). Os itens de controle de um processo são índices numéricos
estabelecidos sobre os efeitos de cada processo para medir sua qualidade
(CAMPOS, 1992).
O significa controlar? Porque controlar? Conformidade aos padrões dos
compêndios como base única para julgar a qualidade de uma forma final de
dosagem pode conduzir a conclusão errônea. A qualidade dos medicamentos
não pode ser garantida simplesmente por sua análise. A qualidade dos
medicamentos só pode ser garantida por um controle muito rigoroso durante
todas as etapas de sua produção. A qualidade dos medicamentos se fabrica
antes de ser controlada (PINTO, 2000; BOTET, 2006).
Partindo de um exemplo da aviação citado pelo professor Falconi
(CAMPOS, 1992) vamos contextualizar a gestão de processos para a farmácia
magistral.
Imagine uma nova farmácia magistral. Um item fundamental a ser feito
é o planejamento do processo magistral, que inclui as várias metas e vários
procedimentos-padrões de manipulação.
Vários medicamentos são produzidos diariamente sem dificuldades
cumprindo os procedimentos-padrões. No entanto, certo dia um paciente é
internado por hiperdosagem de Alprazolan. Ocorreu um desastre. Foi
localizado um problema.
Normalmente, quando ocorre um problema desta natureza devemos
procurar qual foi a causa que provocou a hiperdosagem (resultado indesejável,
não-conformidade). Partir de um resultado e procurar uma causa entre várias é
conduzir uma análise de processo.
Concluída a análise do processo e localizado a causa fundamental (a
raiz do problema, neste caso o uso do fármaco puro, a matéria prima, ou
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instituir a liderança;
afastar o medo;
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CLIENTES VENDA
AVALIAÇÃO TECNICA
MEDIÇÃO E Receita médica
MONITORAMENTO ou Pedido
Necessidade de PRODUÇÃO
compra
CONTROLE DE DISPOSITIVOS DE
MEDIÇÃO E MONITORAMENTO
SEMI-SOLIDOS FORMAS
E LÍQUIDOS SÓLIDOS MOLDADAS
AQUISIÇÃO
FORNECEDORE Pesagem Pesagem Pesagem
INSPEÇÃO E Qualificação Diluição Diluição
MONITORAMENTO
EM Dissolução / Trituração/ FUSÃO
MATERIAS-PRIMAS Matérias-primas Dispersão Tamisação
E EMBALAGENS
e Insumos
Disper. Dissol.
Envase Envase (pó)
ARMAZENAMENTO E Encapsulação
Modelagem
PRESERVAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO
E
RASTREABILIDADE
Recebimento Distribuiçã Conferência Conferência Conferência
INSPEÇÃO E
MONITORAMENTO
Fracionamento
EM
PRODUTOS
Produto Acabado
Armazenamento
CONTROLE DE NÃO
DISPENSAÇÃO
CONFORMIDADES E
RECLAMAÇÃO DE CLIENTES ATENÇÃO FARMACÊUTICA
racionalidade da prescrição;
propriedades físico-químicas dos fármacos e possíveis
incompatibilidades;
risco toxicológico;
dose correta
conhecimento do paciente e as prováveis incompatibilidades
paciente-fármaco ou paciente-excipiente;
via de administração;
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segregada do fármaco diluído, advém deste fato: RDC N0 354, ítem 4.1.3.
Armazenamento - em local distinto, de acesso restrito, sob guarda do
farmacêutico, com especificação de cuidados especiais de armazenamento
que garantam a manutenção das suas especificações e integridade.
Por outro lado, erros magistrais não fatais podem ocorrer e talvez sejam
mais comuns que imaginemos. Estes são provavelmente provocadas pela
similaridade dos nomes dos fármacos, como por exemplo: cloridrato de
sibutramina em lugar de cloridrato de sertralina; itraconazol no lugar de
lanzoprazol; medazepan no lugar de midazolan; digitoxina no lugar de digoxina;
cloroquina no lugar de hidroxicloroquina, etc.
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b) pH;
c) peso médio;
d) friabilidade;
e) dureza;
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f) desintegração;
h) densidade;
i) volume;
j) viscosidade;
l) pureza microbiológica
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1 2 0 ,0
1 1 0 ,0
Peso/mg
1 0 0 ,0
9 0 ,0
8 0 ,0
7 0 ,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Un idade P esada
P e s o In di vi du a l Li m i te Ex te rn o In fe ri o r Li m i te In te rn o In fe ri o r
P e s o Mé di o Li m i te In te rn o S u pe ri o r Li m i te Ex te rn o S u pe ri o r
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Monitoramento dos Processos Magistrais
12 0,0
11 0,0
Peso/mg
10 0,0
9 0,0
8 0,0
7 0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Unidade P esada
Pe s o In di vi du al Li m i te Ex te rn o In fe ri o r Li m i te In te rn o In fe ri or
Pe s o Mé di o Li m i te In te rn o S u pe ri o r Li m i te Exte rn o S u pe ri or
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O Método Estatístico
Figura 1
Exemplos de conjunto universo: todas as formulações da farmácia, as
formas farmacêuticas sólidas de uso oral, formas farmacêuticas líquidas de uso
oral, etc.
Todo este conjunto de dados pode ser processado, fornecendo
informações que descrevem a realidade que nos cerca. A coleta de dados é
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P A R T IÇ Ã O
Figura 2
O Método Estatístico consiste nas seguintes etapas:
a) os elementos são homogeneizados e sorteados conduzindo a uma
Amostra;
UNIVERSO
AMOSTRAGEM
AMOSTRA
Figura 3
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ESTATÍSTICAS
Figura 4
Média aritmética – de uma forma geral pode ser definida como o total
das observações dividido pelo número de observações. Contudo, apesar de ser
a mais usada pode resultar em falseamento do resultado final. Considere os
exemplos abaixo. O primeiro um pequeno conjunto e o segundo conjunto um
pouco maior. (LEITE, 2002)
X=
X 1 X 2 X 3 ... Xn
n
4, 5, 6, 7, 8 Média = 6
2, 4, 6, 8, 10 Média = 6
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Monitoramento dos Processos Magistrais
Formulação 2 (Processo 2)
151 154 150
153 202 257 Peso Médio = 204,33
259 256 257
s
( Xi X )2
n 1
4, 5, 6, 7, 8 Média = 6
Desvio Padrão (DP) = 1,58
2, 4, 6, 8, 10 Média = 6
Desvio Padrão (DP) = 3,16
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Formulação 2 (Processo 2)
151 154 150
153 202 257
259 256 257
Peso Médio = 204,33 Desvio Padrão (DP) = 52,65
Assim, percebemos que o peso médio sozinho tem pouco valor. Lógico
que os limites inferiores e superiores estabelecidos pelas farmacopéias são
fundamentais, mas não mostra a variação e a extensão dos desvios em relação
à média, trabalhamos então com o Desvio Padrão.
Se observarmos os mesmos dados citados no primeiro exemplo e
aplicarmos o conceito de Desvio Padrão observaremos que o primeiro
conjunto varia s1 = 1,58 enquanto s2 = 3,16, mas a média é igual. No segundo
exemplo a variação é s1 = 3,08 na primeira formulação, enquanto na segunda
formulação é de s2 = 52,65, também neste caso o peso médio é igual.
Outro conceito importante em estatística é o Coeficiente de variação
(CV), também chamado de estimativa do Desvio Padrão Relativo. Este
indicador e muito utilizado para expressar a relação percentual da estimativa do
desvio padrão com a média dos valores obtidos:
s
C. V. = 100%
X
4, 5, 6, 7, 8 Média = 6
Desvio Padrão (DP) = 1,58 Coeficiente de Variação (CV) =
26,33%
2, 4, 6, 8, 10 Média = 6
Desvio Padrão (DP) = 3,16 Coeficiente de Variação (CV) =
52,66%
Aqui fica bastante claro que há uma enorme diferença entre um conjunto
e outro e esta diferença foi medida. O primeiro tem uma variação de 26,33% e
outro tem uma variação que é o dobro que é de 52,66%.
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Formulação 1 (Processo 1)
201 204 200
203 202 207
209 206 207
Peso Médio = 204,33 Desvio Padrão (DP)= 3,08
Coeficiente de Variação (CV) = 1,5%
Formulação 2 (Processo 2)
151 154 150
153 202 257
259 256 257
Peso Médio = 204,33 Desvio Padrão (DP) = 52,65
Coeficiente de Variação (CV) = 25,76%
É natural fazermos uma pergunta: nas duas formulações acima, qual foi o
melhor processo? É límpido que a resposta é a formulação 1 ou processo 1
com um Coeficiente de Variação igual a 1,5%. Assim, o CV é um fator
de definição da variabilidade que implicará em todos os processos produtivos.
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processo que poderia ser classificado como ruim, em uma amostragem correta
poderá ser classificado como bom. Isto pode se tornar particularmente grave se
o coeficiente de variação for usado como indicador de desempenho do
manipulador podendo gerar desmotivação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BESSA, V.C.; NERY, M.B.; TERCI, D.C., São Paulo em Perspectiva Vol. 17, no
3-4, pgs 3-16, 2003.
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www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/sti/publicacoes/
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COHEN, M.R., Potassium clhoride injection mix-up. Am. J. Hosp. Pharm.; 47:
2457-58, 1993.
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MASLOW, A.H., Motivation and Personality, 2 ed., Harpr & Row Publishers,
1970.
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