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FACULDADE METROPOLITANA DE CAMAÇARI

JOANILDO SILVA SANTOS BARBOSA

Wellington Xavier dos santos

Paulo Ricardo Souza Guimarães


6• Semestre de Psicologia

ATIVIDADE PROCESSUAL DA DISCIPLINA TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS II

PRODUÇÃO DE RESUMO DO FILME


Camaçari/BA

2022

JOANILDO SILVA SANTOS BARBOSA

Wellington Xavier dos santos


Paulo Ricardo Souza Guimarães

ATIVIDADE PROCESSUAL DA DISCIPLINA TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS II

Comportamento apresentado como


requisito parcial à aprovação na disciplina
Técnicas Psicoterápicas II Psicologia da
Faculdade Metropolitana de Camaçari
(FAMEC)

Docente: Erica S. Torres de Sobral


Camaçari/BA

2022

Na última terça-feira dia 13 do mês de setembro do ano em curso, nós alunos


do curso de psicologia da FAMEC, sobre orientação da professora Erica na sala
13A, assistimos ao filme “Somos todos iguais”, uma obra primorosa que ao
mesmo tempo que mostra a vida financeiramente tranquila de um casal de
meia idade, também escancara a dura realidade de uma população inteira em
situação de rua e vulnerabilidade social, esses dois mundos se encontram meio
que por acaso, ou por obra divina, não se sabe ao certo. O sofrimento é parte
cogente da condição contratual de estar e respirar nesse planeta. Na obra
cinematográfica em questão, estavam dois mundos que colidiram em um
cenário dantesco, onde criaturas humanas por muito pouco não perdem sua
humanidade, era no abrigo onde as refeições eram servidas a população de rua,
a senhora Deborah Hall (Renee Zellweger) servia as refeições com atenção,
zelo e cuidado, fazendo o possível para conhecer um a um daqueles que
estavam ali, perguntando os nomes ao servi-los, seu marido Ron (Greg Kinnear),
um negociante de arte reconhecido mundialmente também estava no local,
mesmo que a contragosto a princípio. Com o passar dos dias aparece um novo
personagem nessa história, Denver (Djimon Hounsou), um perigoso mendigo
com um passado de sofrimento e exploração, o qual tinha aparecido em
sonhos para aquela mulher, o que fez com que ela insistisse que seu marido
estabelecesse contato com aquele senhor, assim ele o fez. Nasce ali uma bela
amizade entre eles, o casal passa a abrigar o então morador em situação de
rua e estabelecer uma relação de afeto e cuidado para com ele, mas é difícil
saber quem mais se beneficia dessa relação, pois todos estão felizes, percebe-
se que a convivência é saudável para ambos, alegra e revigora a relação do
casal, que sai de sua orbita e vê outras perspectivas, o que parece ter sido um
ótimo remédio para o convívio dos dois. A relação de Ron com seu pai também
não era boa, era uma relação de conflito e pouquíssimo afeto, pois seu pai que
era visivelmente dominado pelo álcool, se mostrava insensível a uma infinidade
de coisas, mas como o sofrimento humano é condição natural de todos, não
seria ele poupado, carregava consigo também seu fardo, seu quinhão de
sofrimento e dor. Com o tempo a senhora Deborah é recolhida ao mundo dos
mortos, mas deixa uma história de amor fraterno e exemplo aos vivos que
ficaram. É sem dúvida uma obra que vale a pena ver e refletir, como seria
possível ver um homem em situação de rua, submetido a servidão forçada
pelos brancos de sua época, ter tamanha sabedoria? Ele possuía um saber e
pureza que não se vê no campus universitário. Isso me faz lembrar de um
professor de Ontologia que tive, meu querido Evero Mendes que dizia: “ Você
encontrará a sabedoria nas palavras de dona Maria, na ponta de rua, uma
mulher negra que criou seus filhos, nela está a sabedoria, nos livros você
encontrará informações, só isso. ” De fato, aquele homem de pele negra,
errante pela terra, que viveu as consequências da diáspora de seus
antepassados, era sábio em cada palavra. Nessa obra os princípios do
humanismo, fenomenologia e Existencialismo estão persentes em cada cena, a
tratativa do casal de afortunados para com os vitimados pela pobreza e
desassistência do estado, percebemos que o princípio que rege a conduta
deles é humanista, o ser humano está acima de qualquer questão material,
preservar a condição humana, e sua dignidade era o que esse casal pretendia,
ver o ser humano como a Epifania de Deus, como ser cristão sem ver Deus em
cada rosto que sofre? Na ação deles percebe-se o imperativo categórico de
Kant, ser porque não é possível ser diferente, essa é uma condição primordial
da natureza, ser bom e generoso sem desejar recompensa. Também é possível
perceber que na conduta do casal para com Denver, eles deixaram que Denver
se manifestasse, como que um exercício fenomenológico, sem cobranças ou
imposições, ele teve seu tempo respeitado, podendo ser e mostrar o que
fenômeno por trás daquela capa de agressividade e repulsa, e quando se sentiu
à vontade, relatou as atrocidades sofridas por ele, homem negro, pobre e sem
família. Estava aí a explicação para um comportamento arredio e grosseiro, ele
não sabia ser diferente, mas estava nessa nova relação se reconstruindo, se
reconhecendo e se reconectando com outros seres humanos, a nossa
humanidade brota nas relações e na convivência. A condição de existência é
uma caminhada de passo a passo, onde temos a oportunidade de reconhecer o
que a vida e outras pessoas fizeram conosco, mas de não ficarmos estáticos,
mas sim de nessa existência, reconhecendo os impactos dos eventos sobre
nós, no exercício da vontade e liberdade, assumimos o protagonismo de nossa
existência.

O existencialismo traz consigo a concepção do ser enquanto construção, fruto


das suas interações com o mundo e aquilo que se obter a partir disso, a forma
como cada um ressignifica suas vivências, crenças e aprendizados e se torna,
de uma forma mutável e em constante evolução. Grande parte do ser, vai além
daquilo que se pensa e sente, tem a ver com a ligação entre ser, pensar e agir, e
no filme podemos construir uma reflexão interessante sobre esse ponto.
Podemos observar pessoas ricas fazendo doações, discursos e construindo
uma imagem sobre si de uma pessoa generosa e bondosa, porém, esse
comportamento é só um disfarce, recursos utilizados como máscaras para
vender uma ideia que na realidade não existe. A realidade é cruel, podemos ver
em alguns trechos do filme que alguns desses bem feitores se sentem
superiores, utilizando a condição financeira ou cor da pele como meios de
distinção, e a ajuda financeira não serve como ajuda ou ato de bom grado, mas
como uma forma de reafirmar seu poder.

não podemos ver aonde cada estrela cadente vai parar, ou cair, mas Deus pode. Essa é
uma das lições desse belo filme apresento. Além de um perpasse sobre os pressupostos
filosóficos em existencialismo, humanismo e fenomenologia.
Denver conta a sua história, ele nos passa a sabedoria de um homem sofrido, diferente,
sábio sem saber ler nem escrever, retratando assim a ganância daquele tipo de patrão que
ainda mantinha seus funcionários na escravidão na década de 40, Denver um homem
negro, que achava que era livre, trabalhava na lavoura a troco de gastar o mísero dinheiro
recebido na mercearia do patrão. A história baseada em fatos reais é esclarecedora,
dolorosa, nos faz refletir; será que estamos doando o nosso melhor?
O mais incrível é perceber que todos buscam o mesmo propósito, “ser melhor”. Debbie é
uma mulher religiosa, dedicada às ações sociais, ela é um exemplo de ser humano, e seu
marido Ron não consegue ser tão bom quanto a sua esposa. Debbie consegue fazer do
seu marido um homem muito melhor do que ele poderia imaginar. Mas a trama vai além
do casal, retrata a hipocrisia do homem rico que faz doação mas não tem o mínimo
interesse em saber para quem está doando seu precioso dinheiro. A esmola não é apenas
a doação, porque junto com o dinheiro que se doa tem que existir amor. Porque quem irá
receber a doação precisa também de afeto, e amor.
Analisando todos os personagens fica fácil de perceber que, plantar requer paciência, toda
jornada tem seu valor, que muitas vezes basta apenas uma sementinha bem plantada no
lugar certo para vermos a esperança brotar, e por mais simples que parece, doar é
complexo, mas quando doamos com amor que brota do coração isso trás conforto para as
pessoas que receberam, pessoas essas que não tem moradia nem emprego. E não é uma
doação que irá mudar a vida dessas pessoas, e sim uma doação sem fim, a diferença
entre doar e “se doar”.
Denver relata na sua história, a tristeza de um homem que não acredita nas pessoas
brancas.
E seu descrédito trás consigo um passado cruel, mas a sua sabedoria junto com o amor de
um homem sofrido, trás também o conforto para Debbie que fica feliz em poder ajudar e
confiar no Denver, uma linda troca de amor, que faz com que eles terminem de uma forma
incrivelmente cheia de amor e gentileza.
“Somos todos iguais” é magnífico.

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