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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PGPP – MESTRADO PROFISSIONAL EM PROJETO E PATRIMÔNIO

SANDRO LUIZ GONET IZAIAS

PROJETO: A ILHA DO SOL E AS RUÍNAS DA RESIDÊNCIA DE LUZ DEL


FUEGO

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ


Setembro I 2022
LISTA DE FIGURAS:

Figura 1 – Ilustração da Luz del Fuego - Fonte:https://www.jornaldaki.com.br/post/2018/08/12/o-caso-da-ilha-a-vida-e-a-


morte-de-luz-del-fuego-por-erick-bernardes/ acesso 09/10/22 .................................................................................5
Figura 2 – Zonas Hidrográficas (imagem: ZEE-RJ-R14 – relatório de Zoneamento e Diretrizes – 2013 – p54 acesso
10/09/22). ....................................................................................................................................................6
Figura 3 - Mapa baía de Guanabara – Fonte https://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-22.734390&lon=-
43.217468&z=10&m=w&show=/9541532/pt/Ba%C3%ADa-de-Guanabara – acesso 10/09/22 ........................................6
Figura 4 - As ruínas da residência de Luz del Fuego (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-do-
sol-a-morada-de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22) .................................................................................................7
Figura 5 As ruínas da residência de Luz del Fuego (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-do-sol-
a-morada-de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22) ......................................................................................................7
Figura 6 - As ruínas da residência de Luz del Fuego (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-do-
sol-a-morada-de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22) .................................................................................................7
Figura 7 - Transporte hidroviário da Baía de Guanabara ........................................................................................8
Figura 8 – Baía de Guanabara com indicação das Paisagens Culturais assinaladas e áreas de proteção ambiental Fonte:
https://www.modelarametropole.com.br/wp-content/uploads/2018/08/ResumoPT..compressed-1.pdf acesso 13/09/2022 .....9
Figura 9 - Paredes pichadas – estado atual das ruínas (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-
do-sol-a-morada-de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22) .......................................................................................... 11
Figura 10 - Gravuras originais – estado atual das ruínas (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-
do-sol-a-morada-de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22) .......................................................................................... 11
SUMÁRIO

TEMA ............................................................................................................................ 4
OBJETO DE INTERVENÇÃO ............................................................................................. 4
Contexto Histórico .............................................................................................................................................. 4
Localização .......................................................................................................................................................... 5
Problemáticas da Baía de Guanabara .................................................................................................................. 8
Proposta ............................................................................................................................................................... 9
JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 10
OBJETIVOS ................................................................................................................. 12
Objetivo Geral ...................................................................................................................................................... 12
Objetivos Específicos ............................................................................................................................................ 12
REFLEXÕES A PARTIR DA BIBLIOGRAFIA ....................................................................... 12
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 12
CRONOGRAMA ............................................................................................................ 13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 14
TEMA

A proposta de projeto dá continuidade ao trabalho de conclusão de curso apresentado em


dezembro de 2021 na UNIAN (Centro Universitário Anhanguera em Niterói). Na ocasião, foi apresentada
uma discussão sobre possibilidades de uso e requalificação de estruturas descomissionadas
(plataformas fixas e semissubmersíveis offshore). Este trabalho foi enriquecido por seu posicionamento
na Baía de Guanabara, colocando-a em um ponto central do debate e gerando a necessidade de uma
ampliação da discussão sobre seus espaços e lugares, bem como de seus usos e de sua construção
como paisagem cultural.
O estudo se centra na Baía de Guanabara, mais precisamente a Ilha do Sol, pertencente ao
arquipélago de Paquetá. Essa ilhota tem uma importância histórica e social por muitos desconhecidas.
Sua proprietária era Dora Vivacqua, mas conhecida como Luz del Fuego, uma mulher muito além do seu
tempo, que, enquanto ativista, defendia causas relacionadas ao empoderamento feminino, o naturalismo
e o meio-ambiente. Vale ressaltar, inclusive, que o motivo do seu assassinato foi uma resposta brutal ao
seu engajamento na proteção da Baía de Guanabara.
Ao avaliar a importância histórica, tanto do local como da sua proprietária, surgiu a proposta da
criação de um Centro Cultural em Homenagem à Luz del Fuego. O projeto de restauração/requalificação
das ruínas na Ilha visa ao resgate da memória e relevância que Luz tem no que tange suas lutas e
ativismo, bem como de reposicionar a ilha na paisagem da Baía de Guanabara, conferindo-lhe um uso
adequado à sua relevância cultural. Em tempos em que o revisionismo histórico está cada vez mais
pujante, valorizar locais e sua história e não permitir que sejam apagadas tornou-se um ato de resistência.

OBJETO DE INTERVENÇÃO

Contexto Histórico

Nascida na década de 30 do século passado, filha da Aristocracia Capixaba, Dora mostrava


desde criança toda a sua rebeldia e inovação ao desfilar pelas praias com peças íntimas e lenços
cobrindo os seios. Ao mudar-se juntamente com a sua família para Minas Gerais, teve contato com um
serpentário, que aflorou na jovem Dora uma paixão por cobras. Seu comportamento controverso e
considerado subversivo para os padrões da época a levaram a ser internada em hospícios por duas
vezes, além das severas repreensões e de todo assédio que sofria, o que a fez fugir para o Rio de Janeiro
com 21 anos (BELLO).
Algum tempo depois, influenciada por uma imagem de uma sacerdotisa da Macedônia envolta
em cobras, Dora decide comprar duas jiboias diretamente da Amazônia – Cornélio e Castorina – iniciando
a sua trajetória mais rica e glamourosa. Ainda como “Luz Divina e suas incríveis serpentes”, Dora se
apresentava em circos, teatros no Brasil e no mundo, tendo seu pseudônimo “Luz del Fuego” como uma
sugestão de um palhaço com quem trabalhara, nome que fora retirado de uma marca de batom argentino.
Já nos anos 40, Luz del Fuego inicia sua trajetória ativista, lutando por causas ambientais, pelos
direitos femininos e por seus ideais naturalistas. Foi lançado, então, o Partido Naturalista Brasileiro
(PNB), que não conseguiu obter registro, muito por conta da interferência de políticos conservadores da
época. No mesmo período, graças a sua influência, conseguiu, junto ao ministro da Marinha, Renato
Guilhobel, a concessão da Ilha Tapuama de Dentro, na Baía de Guanabara. A Ilha passa então a se
chamar “Ilha do Sol” e vira um recanto naturista, o primeiro do Brasil, onde só eram permitidas práticas
saudáveis, sem sexo e “libertinagem” (BELLO).

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Figura 1 – Ilustração da Luz del Fuego - Fonte:https://www.jornaldaki.com.br/post/2018/08/12/o-caso-da-ilha-a-vida-e-a-morte-de-luz-del-
fuego-por-erick-bernardes/ acesso 09/10/22

A Ilha do Sol passou a ser um espaço símbolo do movimento naturista do Brasil, que recebia
vários artistas, como estrelas do cinema americano, por exemplo. Porém, a partir dos anos 60, em
especial após 64, o recanto da Ilha do Sol e toda a sua ideologia foi fortemente combatida e o espaço
entrou em decadência.
Dora, a Luz del Fuego, nunca abandonou seu refúgio e usou o local como seu lar, juntamente
com seu caseiro e seus animais de estimação. Mais tarde, sua postura denunciante de uma exímia
ecologista acabou por fazer com que quisessem silenciá-la, e a artista acabou sendo morta por
pescadores, juntamente com seu vigia.
Hoje o local possui apenas as ruínas do que um dia fora o palco de uma das celebridades mais
controversas do Brasil.

Localização

A residência de Luz del Fuego está localizada na Ilha do Sol, uma ilhota pertencente ao
arquipélago de Paquetá, que se encontra no interior da Baía de Guanabara, na Região Hidrográfica da
Baía de Guanabara, que, de acordo com a resolução CERHI-RJ nº107/2013, pertence a RHV (Região
Hidrográfica V).
A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara está inserida na Região Metropolitana
do Rio de Janeiro, a segunda maior do Brasil. Nela é produzida a maior parte dos bens e
prestada a maior parte dos serviços do Estado do Rio de Janeiro, caracterizando-se como o
segundo maior polo industrial do Brasil, nos quais se destacam a indústria do petróleo, naval,
metalúrgica, petroquímica, de bebidas, entre outras.
(Fonte:https://storymaps.arcgis.com/stories/ae5de262391d418f a07e9bcdb624222f acesso
10/09/22)

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Figura 2 – Zonas Hidrográficas (imagem: ZEE-RJ-R14 – relatório de Zoneamento e Diretrizes – 2013 – p54 acesso 10/09/22).

Figura 3 - Mapa baía de Guanabara – Fonte https://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-22.734390&lon=-


43.217468&z=10&m=w&show=/9541532/pt/Ba%C3%ADa-de-Guanabara – acesso 10/09/22

O complexo de ilhas no interior da Baía é um local de apelo turístico e cultural do Rio de Janeiro.
O seu grande acervo arquitetônico (uma amostra do Rio Antigo), seus vários patrimônios naturais e
imateriais integram a Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC), de acordo com o Decreto “N” nº
17.555, de 18 de maio de 1999).

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Figura 4 - As ruínas da residência de Luz del Fuego (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-do-sol-a-morada-
de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22)

Figura 5 As ruínas da residência de Luz del Fuego (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-do-sol-a-morada-de-


luz-del-fuego/ acesso 10/09/22)

Figura 6 - As ruínas da residência de Luz del Fuego (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-do-sol-a-morada-


de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22)

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O acesso ao local é totalmente marítimo, realizado por duas linhas hidroviárias, atualmente
concessão da CCR barcas, que tem partidas regulares das Estações de Cocotá (Ilha do Governador-RJ)
e Praça XV (Rio de Janeiro-RJ).

Figura 7 - Transporte hidroviário da Baía de Guanabara


Fonte:https://inea.maps.arcgis.com/apps/MapSeries/index.html?appid=c360615c39dd43e087e7083c73401731 acesso 10/09/22

Problemáticas da Baía de Guanabara

Banhando grande parte da região metropolitana, a baía tem inúmeros problemas, sejam eles
sanitários, de ecossistemas em degradação ou segurança, que dependem de políticas públicas voltadas
para a região e uma enorme cooperação entre entes federativos, iniciativa privada e movimentos
populares. A recuperação da Baía é fonte de vários estudos e publicações, mas a grande realidade é
que muito pouco foi feito, mesmo com promessas de recuperação ainda no período de preparação para
as Olimpíadas de 2016. (ALENCAR, 2016)
A Baía de Guanabara e sua bacia hidrográfica sofrem com os sistemas de coleta e tratamento
de esgotos. Em muitos trechos, por exemplo, o esgoto in natura despejado é fruto de construções
desenfreadas de residências e estabelecimentos nas encostas, sendo muitas das vezes construções
irregulares, com um sistema de esgoto inadequado e sem nenhuma fiscalização (ALENCAR, 2016). Além
disso, a falta de políticas públicas voltadas para educação ambiental da população, a ingerência quanto
a aplicabilidade das leis ambientais já existentes no que se refere à poluição industrial, esgotos
domésticos e gestão de resíduos sólidos são os maiores responsáveis pela degradação da Baía e de
todo o seu ecossistema - manguezais, fauna e flora (ALENCAR, 2016).
Se não bastasse os problemas com esgoto, a Baia de Guanabara sofre com a poluição Oriunda
dos Complexos Industriais instalados em trechos das costas da área metropolitana e nas ilhas
pertencentes ao arquipélago de Paquetá. O despejo de produtos químicos sem a devida fiscalização de
órgãos competentes, o excesso de linhas de gasodutos e tubulações que dificultam o trafego de
embarcações, além do risco constante de explosões ou vazamentos, como o ocorrido em 2014,
assombram, principalmente, as bases comunitárias nos arredores da Baía e pescadores (PĘDŁOWSKI,
2021).
Outra questão é a violência que a cerca. A Baía e suas ilhotas tornaram-se a rota do crime
metropolitano, servindo como esconderijo para armas e drogas, depósito e rota de fuga (DE LIMA, 2018).
A falta de fiscalização facilita o amplo tráfego entre as várias comunidades espalhadas por toda a região.

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Proposta

Como primeira grande cidade a ser reconhecida como patrimônio misto, composto de Paisagem
cultural e natural integradas no território, o Rio de Janeiro tornou-se em 2012 um patrimônio mundial
Titulado pela UNESCO. Tal feito se dá pelo equilíbrio apresentado entre as construções humanas e as
belezas naturais em trechos da cidade, muitos com reconhecimento internacional, que a integram criando
uma singular harmonia entre homem, natureza e história (IPHAN, 2014).
Baseado neste reconhecimento, ressalta-se a importância da Baía de Guanabara na constituição
desta paisagem. Uma ilha de notável história, mas também de pouco reconhecimento, é a ilha do sol.
Um símbolo da resistência ambiental, social e um marco de transformações da sociedade carioca no
século XX.

Figura 8 – Baía de Guanabara com indicação das Paisagens Culturais assinaladas e áreas de proteção ambiental Fonte:
https://www.modelarametropole.com.br/wp-content/uploads/2018/08/ResumoPT..compressed-1.pdf acesso 13/09/2022

A ilha possui os atributos necessários para se tornar uma parte da paisagem cultural1 carioca,
uma vez que proporciona revisitar a história através das ruinas ao mesmo tempo em que admite uma
conexão com seu entorno, a Baía de Guanabara. Pode ser lida com um dos diversos pontos onde a
cultura, o modo de viver, a pesca, o suporte geobiofísico e a paisagem imprime uma série de conflitos
sócio ambientais e reforçam a necessidade de preservação deste frágil ecossistema.
As ruínas seriam uma espécie de memorial vivo, algo que precisa ser preservado, intocável.
Toda nova estrutura anexa seria uma contribuição para preservar a memória e o ativismo ambiental da

1
“[...] paisagem cultural traz a marca das diferentes temporalidades da relação dos grupos sociais com a
natureza, aparecendo, assim, como produto de uma construção que é social e histórica e que se dá a partir de um
suporte material, a natureza. A natureza é matéria-prima a partir da qual as sociedades produzem a sua realidade
imediata, através de acréscimos e transformações a essa base material” (apud SCIFONI, 2014)
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Luz del Fuego, como defendido Camillo Boito (1836-1914) “é necessário que os complementos, se
indispensáveis, e as adições, se não podem ser evitadas, demonstrem não ser obras antigas, mas obras
de hoje[...]” (apud CAMARA, PAIVA, & E SILVA, 2020). Outros critérios a serem respeitados são as
volumetrias e alturas presentes na ilha, uma vez que o projeto não poderá se impor a Ilha e suas ruínas.
Para a Baía, a intenção é servir de suporte para produzir juntamente com as entidades presentes,
materiais com o intuito de desenvolver práticas que visem a manutenção dos aspectos culturais locais,
de conscientização e de preservação do bioma, através da implementação de alguns objetivos de
desenvolvimento sustentável (ODS), principalmente as ODS 14 e 17.
A ODS 14 trata especificamente de praticas que valorizem a vida na água como: a pesca
sustentável, fomento de pesquisas e desenvolvimento tecnológico marinho; inceptivo para transferências
de tecnologias entre outras práticas. Já a 17 visa fortalecer os meios de implementação através de
parcerias globais para o desenvolvimento sustentável (IBGE, 2022).

JUSTIFICATIVA
A opção pelas ruínas na Ilha do Sol tem como intuito chamar a atenção de iniciativas
públicas/privadas para o potencial turístico da Baía e a possibilidade de um circuito cultural que envolva
os arquipélagos da Baía de Guanabara. Essas ações favorecem e amplificam as discussões sobre o
interior da Baía, principalmente no que diz respeito a política pública de segurança e saneamento no
entorno desta, problemas que degradam toda a sua biodiversidade. A proposição de revitalização do que
hoje são as ruínas da residência de Luz del Fuego segue os preceitos do art.9 da carta de Veneza, in
verbis::
Art. 9: O restauro é um tipo de operação altamente especializado. O seu objetivo é
a preservação dos valores estéticos e históricos do monumento, devendo ser baseado no
respeito pelos materiais originais e pela documentação autêntica. Qualquer operação desse
tipo deve terminar no ponto em que as conjecturas comecem; qualquer trabalho adicional que
seja necessário efetuar deverá ser distinto da composição arquitetônica original e apresentar
marcas que o reportem claramente ao tempo presente. O restauro deve ser sempre precedido
e acompanhado por um estudo arqueológico e histórico do monumento. (carta de Veneza –
1964 – P2)

A ilha e as ruínas que lá se encontram são uma amostra do descaso com um patrimônio cultural.
A sede do primeiro clube naturalista brasileiro (reconhecido pela Federação Internacional de Naturalismo
(INF-FNI), que chegou a ser incluído no roteiro turístico carioca na década de 1950, recebendo inúmeras
personalidades nacionais e internacionais, teve um fim trágico, assim como a sua proprietária, Luz del
Fuego. Desde a sua morte, pouco foi feito no local. Atualmente, as ruínas estão em péssimo estado de
conservação e carecem de verificação estrutural para avaliar quais intervenções serão necessárias para,

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na medida do possível, manter o máximo das estruturas existentes, assim como algumas gravuras que
não foram danificadas e devem permanecer intactas.

Figura 9 - Paredes pichadas – estado atual das ruínas (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-do-sol-a-


morada-de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22)

Figura 10 - Gravuras originais – estado atual das ruínas (Imagem: https://engolidoresdeluz.wordpress.com/2017/11/26/ilha-do-sol-a-


morada-de-luz-del-fuego/ acesso 10/09/22)

Para garantir a autenticidade, medições deverão ocorrer in loco, uma vez que não foram
encontrados documentos relacionados à propriedade e de fato existe pouco material de pesquisa
disponível.
Enfim, a revitalização desse espaço vai muito além de uma questão estética; é um
resgate da história, é trazer à tona a importância e a relevância desse patrimônio há muito esquecido.

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OBJETIVOS

Objetivo Geral

Propor a Requalificação das ruínas da antiga residência de Dora Vivacqua e a criação de um


Centro Cultural, conectado a ilha culturalmente com o arquipélago e com a cidade.
Objetivos Específicos

1. Buscar soluções para fomentar o ecoturismo na Baía de Guanabara e no arquipélago de Paquetá;


2. Propor a inclusão da ilha em entidades e órgãos de pesquisa socioambiental

REFLEXÕES A PARTIR DA BIBLIOGRAFIA


Em “O campo do Patrimônio Cultural: uma revisão de premissas”, Meneses defende que: “os
valores culturais (os valores em geral) não são criados pelo poder público, mas pela sociedade. O
patrimônio é antes de mais nada um fato social [...]” (MENESES, 2012). Este projeto tem por premissa a
valorização da Ilha e o resgate de sua importância, em oposição aos interesses de órgãos públicos com
o local. Os valores afetivos defendidos nessa mesma publicação corroboram com a narrativa de exaltar
a memória e reforçar a relevância cultural da Ilha: “Não são propriamente históricos, já que se trata de
formulação de autoimagem e reforço de identidade. São afetivos, pois constam de vinculações subjetivas
que se estabelecem com certos bens, [...]” (MENESES, 2012), assim como os valores formais justificam
a integração natureza x homem presentes tanto no cotidiano dos pescadores e moradores de
comunidades tradicionais quanto na possibilidade que o projeto apresenta de permitir a contemplação
da baía e todo seu entorno.

“[...]A estética diz respeito a essa ponte fundamental que os sentidos fornecem para
nos possibilitar sair de dentro de nós, construir e intercambiar significados para agir sobre o
mundo. Trata-se, no caso do efeito da presença, nos objetivos de atributos capazes de aguçar
a percepção, de levar a uma apreensão mais profunda, de induzir a produção e a transmissão
mais amplas de sentidos – alimentados pela memória, convenções e outras experiencias –
qualificando minha consciência e meu agir. [...]’ (MENESES, 2012).

A ideia é fazer o mínimo de intervenção possível, pois entendo que, assim como descreve Choay,
em “Alegoria do Patrimônio”, conservar as criações humanas existentes estabelece uma sensação de
pertencimento para a comunidade local, além de oferecer aos turistas a oportunidade de conhecer a
história por trás das ruínas, de maneira que as inovações propostas não se sobreponham ao patrimônio.

“Esta orientação traduz a vontade de preservar, juntamente com o seu apoio espacial
original, modos de vida e uma visão de mundo diferentes e julgadas incompatíveis com a
urbanização [...] Mas, a apreciação estética participa também secundariamente, dessa
vontade de conservação e talvez a integre ela própria numa perspectiva de turismo artístico.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto tem como fundamento central o resgate e a valorização de um local específico: a ilha
do Sol. Também é uma oportunidade para debater e propor a inserção do arquipélago como parte da
paisagem cultural carioca, além de aprofundar as discussões sobre políticas publicas voltadas para
causas ambientais e preservação, além de fomentar discussões mais aprofundadas para o
desenvolvimento sustentável da metrópole.
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CRONOGRAMA

Cumprimento de créditos por meio de


disciplinas e atividades complementares
Pesquisa e revisão bibliográfica

Leitura e fichamento

Desenvolvimento do Capítulo 1

Formatação da pesquisa de campo

Desenvolvimento do Capítulo 2

Execução da pesquisa de campo


Análise da pesquisa de campo e
desenvolvimento do Capítulo 3
Desenvolvimento da introdução, conclusão,
formatações e revisões
Revisão final

Defesa final

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, Emanuel. 2016. Baía de Guanabada descaso e resistência. Rio de Jeneiro: Fundação Heinrich
Boll : Mórula editorial, 2016.
BELLO, Tati. Luz del Fuego 100 anos 1917-2017. [Online] [Citado em: 13 de Setembro de 2022.]
https://luzdelfuego100anos.blogspot.com/.
CAMARA, Pedro Silveira, PAIVA, Gabriela dos Santos e E SILVA, Sofia Carderelli Rosa. 2020.
vitruvius.com.br. resenhasonline - Camillo Boito, o teórico moderado do restauro. [Online] fevereiro de 2020.
https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/19.218/7636.
CHOAY, Françoise. 2001. A alegoria do patrimônio. São Paulo : Editora UNESP, 2001.
DE LIMA, Ludmilla / GALDO, Galdo. 2018. ilhas da baía de guanabara são usadas como rotas do tráfico de
armas droga. O GLOBO. 28 de outubro de 2018, pp. https://oglobo.globo.com/rio/ilhas-da-baia-de-guanabara-
sao-usadas-como-rotas-do-trafico-de-armas-drogas-23191898#ixzz6pfIEFEz2.
IBGE. 2022. https://odsbrasil.gov.br/objetivo/objetivo?n=17. Objetivos de desenvolvimento sustentavel.
[Online] IBGE, 2022. [Citado em: 13 de setembro de 2022.] https://odsbrasil.gov.br/objetivo/objetivo?n=17.
IPHAN. 1964. Carta de Veneza de Maio de 1964. http://portal.iphan.gov.br. [Online] 1964. [Citado em: 14 de
setembro de 2022.] http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf.
IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional. 2014. IPHAN - Instituto do Patrimônio
Histórico e Artistico Nacional. Rio de Janeiro, Paisagens Cariocas Entre A Montanha e O Mar. [Online] 2014.
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/45/.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. 2012. "O campo do Patrimônio cultural: uma revisão de premissas".
In: IPHAN. I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural: Sistema Nacional de Patrimônio Cultural: desafios,
estratégias e experiências para uma nova gestão, Ouro Preto/MG : IPHAN p. 25-39 (anais; v2, t1), 2012.
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Texto%204%20-%20MENESES.pdf Último
acesso em: 13/09/2022.
PĘDŁOWSKI, Marcos. 2021. https://blogdopedlowski.com/2021/11/11/baia-da-guanabara-de-area-
paradisiaca-a-latrina-quimica-da-industria-do-petroleo-e-gas/. blog do Pedlowski - Baía da Guanabara: de área
paradisíaca à latrina da indústria do petróleo e gás. [Online] 11 de novembro de 2021. [Citado em: 13 de
setembro de 2022.] https://blogdopedlowski.com/2021/11/11/baia-da-guanabara-de-area-paradisiaca-a-latrina-
quimica-da-industria-do-petroleo-e-gas/.
SCIFONI, Simone. 2014. http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/82/paisagem-
cultural2. Dicionário do Patrimônio Cultural. [Online] 2014.
http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/82/paisagem-cultural2.

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