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Marcos, desde que começou a paquerar com 16 anos nunca ficara solteiro.
Sempre "emendava" um relacionamento em outro e, em geral, traia sua
namorada do momento com a próxima namorada. Os poucos amigos de Marcos
estão todos comprometidos e ele não tem com quem sair caso fique sozinho.
Marcos se diz muito tímido para fazer amigos, apesar de ter uma excelente
fluência verbal e conseguir falar sobre diversos assuntos. Marcos não parece ter
problemas para conseguir parceiras, uma vez que sempre manteve casos fora
do relacionamento. Entretanto, relatou que, desde criança, se achou inferior aos
outros. Achava-se feio, sem graça, muito magro, cabeio ruim, etc. Toda situação
de conquista o fazia se sentir melhor. Relatava que, se alguém queria ficar com
ele, então só aí, ele sentia que tinha valor. E, de fato, no início da adolescência,
suas investidas amorosas não foram bem-sucedidas.
Apesar de não relatar sentir culpa pelas traições, queria mais liberdade para viver
esses casos: "Eu pegaria muito mais mulher se não estivesse encoleirado".
Algumas das mulheres que conheceu ao trair sua namorada eram muito
interessantes, e ele as perdeu por estar namorando. Para conseguir manter sua
infidelidade, Marcos inventa todo tipo de desculpa para sair sozinho. Costuma
deixar sua namorada em casa cedo para sair com outras mulheres depois. É
obsessivo com o celular, nunca o deixa "dando sopa" para que Paula não
comece a mexer no aparelho. Além disso, está sempre apagando as chamadas
e as mensagens do celular. Só leva suas amantes para locais onde não possa
ser identificado por ninguém.
Marcos também relata que gostaria de passar mais tempo com seus amigos,
mas como Paula exige muito sua presença, ele não consegue vê-los com a
frequência que gostaria. Marcos relata que adora encontrar seus amigos e contar
seus casos de infidelidade. Seus amigos riem muito das suas histórias e
chamam-no de "canalha, calhorda, garanhão, pegador, com mel, etc.". Quando
confrontado em relação às consequências em curto e em longo prazo de seus
comportamentos, Marcos começa a chorar, dizendo que é "um monstro mesmo".
Fica repetindo isso até que a terapeuta mude de assunto.
Marcos explica sua infidelidade dizendo que se sente um homem melhor ao trair.
Aprendeu a admirar homens assim. Seu pai traia sua mãe com frequência e
contava seus casos para os filhos homens dizendo: "Eu sei que é errado, mas
homem é assim mesmo. Se pintar uma gostosa você vai dar para trás?". Marcos
e seus irmãos gargalhavam quando o pai contava essas histórias. Marcos
também fala com um sorriso maroto que trai porque sua namorada briga demais
com ele, é como se fosse uma forma de se vingar de sua agressividade. Outra
razão apontada por Marcos foi a de que "precisava experimentar outras pessoas"
para testar o seu amor por Paula: "Só chifro para eu ver se é dela mesmo que
eu gosto". Apesar da conivência com o pai, Marcos tem uma forte relação de
afeto com a mãe, que parece muito com a namorada do ponto de vista
comportamental: controladora, possessiva e agressiva. Relatou trocar “amor" por
"mãe" e "mãe" por "amor" com muita frequência. Apresenta um padrão
comportamental de submissão com a mãe e com a namorada, sendo agressivo
de tempos em tempos.
REFERÊNCIA: