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DAN
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Linhas de Instrução Gerais para todas as graduações:
1. TYAKUSŌ (VESTUÁRIO) – o examinando deve ter boa apresentação, e para isso é
importante que seu uniforme – keiko-gi e hakama – tenha caimento adequado e esteja
em boas condições:
– Roupa limpa, e sem odor desagradável! Keiko-gi e hakama não devem apresentar
manchas, rasgos, ou desbotado excessivo (não há problema em utilizar uniformes
tingidos e/ou reparados, se preservada a estética do traje);
– A gola do keiko-gi deve estar bem justa ao pescoço, sem folgas; as mangas do keiko-
gi devem cobrir os cotovelos (conforme revisão dos Regulamentos de Competição e
Arbitragem, vigente a partir de 01.04.2019: Regras subsidiárias, Artigo 3, item 2: “As
mangas do keiko-gi devem ter comprimento suficiente para cobrir os cotovelos”), indo
até metade dos antebraços, de forma que, ao calçar as luvas, pouca ou nenhuma área
descoberta dos braços apareça;
– O cós da hakama deve estar à altura da cintura;
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– As costas do keiko-gi devem estar “esticadas” (sem dobras horizontais ou verticais ao
longo das costas), evidenciando a coluna ereta;
– O koshi-ita (placa do quadril) da hakama deve estar justo às costas, evidenciando a
postura ereta;
– A bainha da hakama deve cobrir os tornozelos, sendo adequado que a parte de trás
esteja um pouco mais alta que a frente (de modo a deixar vem livres os calcanhares);
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– As cores usuais de keiko-gi e hakama são azul-escuro ou branco (eventualmente,
preto). Embora não haja proibição de uniformes de outras cores, não é bem visto. É
aceitável também usar keiko-gi de cor diferente da hakama (por exemplo¸ keiko-
gi branco e hakama azul), observado o descrito acima;
– Não é permitido usar keiko-gi e/ou hakama com personalizações (o próprio nome
e/ou o nome ou emblema do Dōjō pintados ou bordados) que identifiquem o
examinando. Convém que o keiko-gi e hakama a usar no exame não tenham nenhuma
inscrição visível. Caso contrário, será necessário ocultá-la com fita adesiva (o que é
deselegante!).
– Não é adequado o uso de adornos (anéis, brincos, colares, piercings, etc) quando
praticando Kendō, pois podem comprometer a segurança da prática (caso golpes do
oponente atinjam o objeto) e também se recomenda evitar o uso de outras roupas
(camisetas, bermudas) por baixo do keko-gi e da hakama.
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2. SHINAI – é obrigação de todo praticante (!) e mais ainda do examinando certificar-se
que seu shinai esteja em perfeitas condições antes de iniciar qualquer prática , para a
segurança de todos e para evitar interrupções dos combates:
– O shinai deve atender as especificações de tamanho e peso para a faixa etária e
gênero do praticante. Como observação, é preciso mencionar que o uso de nitō (duas
espadas) em exames de graduação é permitido somente para 4º dan em diante.
– Conforme revisão dos Regulamentos de Competição e Arbitragem, vigente a partir
de 01.04.2019: Regras subsidiárias artigo 2: “O shinai, descrito no Artigo ‘3’, será como
segue:
Shōtō ~ 54.5cm
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Altura correta do Do.
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4.3 Kote
– Os cordames do kote (kote-himo) devem estar ajustados à largura do braço e pulso,
de forma a dar liberdade de movimentos porém ser que a luva fique folgada em
excesso, e sem que as pontas do cordame fiquem sobressaindo;
– As palmas do kote não devem estar furadas ou rasgadas, a ponto de atrapalhar a
empunhadura do shinai; o acolchoado do punho (kobushi) não deve apresentar furos
ou rasgos, e deve proteger adequadamente as mãos dos impactos do shinai.
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4.4 Tare
– Os laços do tare (tare-himo) devem ser atados firmemente debaixo da “aba” maior
do centro (Ōdare) para que não desatem, e as pontas do nó ocultas debaixo das abas
menores (kotare);
– Pela regra atual, ao iniciar a prática com shinai, as pontas das espadas devem estar
separadas, de cerca de 30 cm (observado que os praticantes estão colocados nas
marcas de início). Porém, quando usando bokutō ou espada de metal, aí sim as pontas
das espadas se cruzarão já em sonkyo, tocando lâmina com lâmina na região
de yokote (a lateral da ponta da espada).
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6. KAMAE – depois dos fundamentos de reihō do Kendō, a primeira coisa a ser
ensinada ao novato em qualquer Dōjō será como segurar a espada e assumir atitude
de combate, kamae! Portanto, mostrar o kamae correto também é fundamental para
o examinando em qualquer grau! E a base de todas as variações de kamae é tyūdan-
no-kamae! Tanto é assim que nos exames até 3º Dan não é admitido que o
examinando use outro kamae que não tyūdan-no-kamae (bem como só é permitido o
uso de Nitō nos exames a partir de 4º Dan)! Assim, é essencial que o examinando
demonstre tyūdan-no-kamae com os fundamentos corretos:
– A ponta da espada nivelada à altura da garganta do oponente, e mirando no meio de
seus olhos (tanto que o nome antigo deste kamae era seigan-no-kamae: literalmente,
“direto aos olhos”);
– A mão esquerda, segurando na ponta do tsuka, à altura do baixo-ventre (mais ou
menos à altura do umbigo…), a de cerca de “um punho” de distância;
– A mão direita, segurando à frente, com a segunda falange do dedo indicador
encostando no tsuba;
– Ambas as mãos segurando o shinai com os dedos mínimos e anelar mais apertados e
os dedos médio e indicador pouco mais frouxos, em uma pegada diagonal no tsuka da
espada;
– A base dos polegares deve estar alinhada à costura do tsuka-gawa (por sinal, quando
se faz força excessiva na pegada da espada, o tsuka-gawa acaba por entortar…!);
-As palmas de ambas as mãos devem voltar para baixo, não sendo visíveis de cima, e o
pulsos de ambas as mãos em curvatura como num “L”;
– Todo o corpo relaxado e estendido, exceto o baixo ventre, que deve se manter
contraído! O peso do corpo projetado para a frente do pé direito, à frente, levando o
pé esquerdo, recuado, à peculiar posição do calcanhar erguido;
– Os pés paralelos e voltados para o oponente, na direção do deslocamento. O pé
esquerdo, recuado da distância de um pé, de forma que o dedão esquerdo estará
emparelhado ao calcanhar direito;
– Os pés afastados da distância de dois punhos, até a largura natural dos quadris;
– O pescoço e a coluna eretos, o queixo pra dentro, e o olhar para frente, no oponente
– nem para baixo nem para cima!
– A atitude de kamae, seja ela qual for, deve ter por intenção “golpear o oponente”!
Portanto, a tradução usual como “guarda” não é a melhor, por denotar um sentido de
postura “defensiva”. Ao contrário, o kamae deve ter por finalidade a ofensiva ao
oponente! E esse sentimento de ofensiva (‘seme’) deve transparecer
do kamae adotado, ou este será mera “pose para fotografia” …
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7. KIAI (KAKE-GOE) – é dito que o golpe para ser válido (‘yūkō-datotsu’) deve
apresentar correta e suficientemente os três aspectos técnicos de “espírito, espada e
corpo em uníssono” (‘ki-ken-tai no itti’). O espírito é expresso pela voz! Portanto, é
fundamental que o examinando vocalize com energia ao início da prática e/ou
combate, usando sua projeção de voz (‘hassei’, ou ‘kake-goe’) para expressar sua
energia (‘kiai’). Tanto assim que o termo ‘kiai’ muitas vezes é confundido com “grito”!
No Kendō, grita-se ao início do combate para intimidar ou mesmo desafiar o oponente;
grita-se no exato instante do golpe desferido, usualmente vocalizando o nome do alvo
golpeado (‘men, ‘kote’, ‘dō’, ‘tsuki’ (*[1])); e, às vezes, grita-se quando em confronto a
curta distância com o oponente, como na situação de ‘tsuba-zeriai’ (o “clinche”, em
que ambos disputam com suas espadas cruzadas tsuba com tsuba). Há que se ter o
cuidado de vocalizar termos neutros, que não tenham conotação ofensiva ou
desrespeitosa. Contudo, a voz deve expressar “energia” e determinação para o
combate! Com um kiai vigoroso, virá uma técnica vigorosa! Da mesma forma, vocalizar
de forma contida, com pouco volume de voz ou inconstante, sinaliza um espírito
hesitante e fraco, distante do ideal para conseguir yūkō-datotsu! Isso merece muita
atenção!
– O kake-goe deve ser “gutural”, procurando “tirar a voz do abdômen”, não da
garganta! O timbre do grito pode ser o que for natural para o praticante (mais agudo,
ou mais grave, tanto faz), mas a voz deve expressar “energia” (ki-haku);
– Ao golpear e passar do oponente, é adequado sustentar kake-goe por alguns
segundos sem decair a voz de imediato – como expressão de Zanshin (!) –, até que se
retome kamae ainda a distância do oponente;
– No caso do kiri-kaeshi, não é adequado vocalizar com “oscilação do timbre” (alto-
baixo, alto-baixo…) durante a rotina de golpes a sayū-men. Convém manter
o kiai elevado do primeiro ao último golpe da prática, e especialmente longo no último
golpe a shōmen!
[1] ‘Tsuki’ significa literalmente “estocada” (consiste em uma estocada perfurante à
garganta) enquanto nos demais golpes vocaliza-se qual o alvo golpeado!
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8. ZANSHIN – o conceito de Zanshin é muitas vezes confundido com os movimentos
executados após desferido um golpe, tenha sido bem sucedido ou não. Esta é uma
visão estreita, que reduz Zanshin a maneiras de retomar kamae com intenção
“defensiva”, para evitar um contra-ataque do oponente… Especialmente no caso de
técnicas de golpe em recuo (‘hiki-waza’) há imaginários de que se deve “fazer Zanhsin”
de formas pré-concebidas… No entanto, Zanshin não deveria ser entendido de forma
tão superficial! Zanshin (literalmente: “restar espírito”), é em verdade o estado de
prontidão, de busca de yūkō-datotsu a todo instante! Ao golpear o oponente e
passar/recuar distanciando-se dele, o “espírito que deve restar” é o de
retomar kamae não para apenas evitar o ataque do oponente, mas para poder golpear
de novo! Se a espada no pós golpe deve ficar assim ou assado, se é pra avançar 3, 4 ou
sei-lá quantos passos, isso é de menor monta! O que importa é, antes de tudo, o
estado de alerta do espírito!
– Como um critério simples de expressão adequada de zanshin, é suficiente lembrar
que não se deve perder o contato visual (me-tsuke) no oponente em momento algum!
Ao desferir um golpe e passar, o momento de virar-se e
retomar tyūdan-no-kamae será naquele instante em que não há mais contato visual, e
é necessário voltar-se para o oponente;
– Outro erro comum do zanshin é avançar com o shinai recuado acima da própria
cabeça após ter golpeado men… Isso acontece devido ao rebote do impacto da espada
no alvo. Mas não é adequado, pois descaracteriza o sentimento de “corte” que deve
haver em todo o golpe! E também, se os braços estiverem erguidos acima da própria
cabeça, o praticante ficará vulnerável à reação mais rude do oponente, que pode
aplicar tai-atari (“esbarrão corpo-a-corpo”) mais alto que o normal e acabar por
derrubá-lo! Um bom critério para evitar isso é controlar o rebote do shinai mantendo
o kensen para frente e em seu campo visual, evitando que a mão esquerda erga além
da altura do peito do oponente.
– Ao recuar após desferir golpes em hiki-waza, o momento de
retomar tyūdan-no-kamae será quando a distância entre os dois não permitir desferir
novo golpe de onde a espada está (é usual trazer a espada para cima
em jōdan-no-kamae ou para o lado esquerdo, como na posição de katsugi-waza,
aproveitando o rebote da espada nos golpes a men ou kote, respectivamente…). Não é
adequado afastar-se do oponente dando as costas ou de lado, mesmo que para
movimentar-se mais rápido! Tal maneirismo é meramente “fugir ao combate”,
aproveitando-se da regra atual que não prevê como válidos golpes desferidos às costas
do oponente ou pelos lados a mais de 45º graus do centro… Embora vejamos isso ser
feito até em campeonatos de alto nível, definitivamente não é algo que se deva imitar.
E em exames de graduação, não é algo admissível.
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Sempre também podemos fazer contrapontos aos ensinamentos do Kendō, a postura
exigida no treino e na competição, com a nossa postura no dia a dia, na vida cotidiana!
Obter graduação de Kendō é certamente uma realização que exige esforço, dedicação,
perseverança, e até sacrifícios (pois o tempo e recursos empenhados nos árduos
treinos de Kendō são o tempo e recursos que não serão disponíveis para outras coisas
em nossas vidas! Temos que estar cientes disso, e dar prioridade àquilo que é
realmente importante!). Portanto, todo o trabalho de preparação para o êxito, na
aprovação em um exame de graduação de Kendō, deve ser replicado em nossas vidas
cotidianas! Mesmo os eventuais insucessos, os exames em que não logramos êxito,
também são um aprendizado importante! Pois a vida humana não é feita só de
alegrias! Temos que estar preparados para lidar também com a frustração, e disso tirar
forças para renovar nossos esforços aquilo que não estava adequado, que não estava
suficiente, e perseverar! Até somar suficiente mérito para alcançar o que se deseja!
Kendō é, antes de tudo, educação! Disciplina para a vida! Enfrentar os problemas de
frente, sem fugir deles, é uma atitude importante na vida também.
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Postado em 21 de Novembro de 2019.