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CIRCULAR TÉCNICA

Nº55 / 2022

Julho de 2022

Panorama da qualidade de fibra


Publicação de
difusão científi-
ca e tecnológica
editada pelo Instituto

das variedades comerciais


Mato-grossense do
Algodão (IMAmt) e
dirigida a profissio-
nais envolvidos com
o cultivo e beneficia-
mento do algodão. e pré-comerciais de algodão para
o Mato Grosso- Safras 2019 a 2021
Diretor executivo
Álvaro Salles

Contato
www.imamt.com.br Jean- Louis Belot1; Rodrigo C. Franzon1; Patrícia M.C. A. Vilela1; Diego Lopes1 e a
Email
equipe dos ATR do IMAmt
publicacoesimamt@
imamt.org.br

Tiragem 1. Introdução de mercado (DM). As 20 principais va-


2000 exemplares
O objetivo desta Circular Técnica é apre- riedades são apresentadas na Tabela 1.
sentar informações de que o IMAmt dis- Porém, é importante notar que, na safra
põe atualmente sobre o potencial de 2021/2022, apenas 10 variedades ocupa-
qualidade de fibra das principais varieda- ram 85% da área plantada do estado.
des de algodão e a incidência das condi- Para a safra 2021/2022, a área plantada
ções de cultivo sobre suas principais ca- em MT foi estimada em 1.180.466,00 hec-
racterísticas, a fim de ajudar o produtor tares. O Brasil é atualmente o segundo
na escolha de cultivares. maior exportador mundial de fibra, com
Em 2022, estão sendo propostas aos mercado interno de menos de 700.000
produtores de Mato Grosso mais de 45 toneladas de fibra; assim o país deve pro-
variedades de algodão, entre variedades duzir uma fibra que atenda, além das in-
comerciais e materiais em fase de pré- dústrias nacionais, as indústrias têxteis
-lançamento ou em desenvolvimento internacionais de países compradores

Tabela 1. Estimativa de ocupação de mercado de vinte variedades no Mato Grosso, safra


2021/2022 (Fonte: AMPA, 2022).

Rank Variedades Porcentagem Rank Variedades Porcentagem

1 TMG 44B2RF 28.611 11 FM 974GLT 2.479


2 FM 985GLTP 14.392 12 TMG 91WS3 2.037
3 FM 944GL 10.041 13 FM 970GLTP RM 1.640
4 IMA 5801B2RF 8.102 14 FM 906GLT 1.479
5 TMG 47B2RF 6.065 15 TMG 21GLTP 1.272
6 TMG 31B3RF 4.119 16 TMG 50WS3 1.072
7 FM 911GLTP 3.829 17 TMG 22GLTP 0.957
1
Pesquisadores e 8 IMA 2106GL 3.633 18 FM 912GLTP RM 0.946
técnicos IMAmt.
Contato e-mail:
9 TMG 81WS 3.317 19 TMG 61RF 0.933
jeanbelot@imamt. 10 FM 978GLTP RM 2.866 20 TMG 30B3RF 0.724
org.br
de nossa fibra, principalmente de países indústrias de fiação de anel, que preci-
asiáticos como China e Vietnã, entre ou- sam de uma fibra cujos parâmetros aten-
tros. Os compradores são principalmente dam as seguintes prioridades:

Fiação de anel (Ring spinning) Prioridade

Fiação de anel (Ring


Prioridade
spinning)
Comprimento 1

Comprimento 1

Resistência 2
resistência 2

Finura intrínseca 3
Finura intrínseca 3

Além de atender essas prioridades, a para o funcionamento das fiações ou para a


fibra não pode apresentar contaminantes qualidade do fio (resistência do fio, proprie-
(açúcares pegajosos, plásticos, casca de dades durante o tingimento etc.), e conse-
caule ou neps de caroço - Seed Coat Frag- quentemente também sobre a valorização
ments). E, acima de tudo, o algodão preci- financeira da fibra.
sa ter um baixo conteúdo em fibras curtas, Precisamos lembrar, sempre, que as fibras
definidas como fibras de menos de ½ po- de uma amostra de algodão vêm de uma
legada de comprimento. As fibras curtas “população” muito ampla de fibras produzi-
são oriundas de fibras longas e imaturas das em plantas e capulhos com histórico de
que podem quebrar durante os proces- desenvolvimento muito diferente entre si, e
sos de beneficiamento. Algodão com alto consequentemente essas fibras podem ter
conteúdo em fibras curtas irá proporcionar também características bem diferentes. Com
à indústria têxtil altas taxas de perdas de isso, é normal que haja certo nível de variabi-
matéria prima e problemas de qualidade lidade dentro de uma amostra.
do fio produzido.
A qualidade da fibra apresenta alto 2. Material e Métodos
determinismo genético (algumas caracte-
rísticas são definidas em função da escolha Laboratórios de análise utilizados
da cultivar), porém com forte incidência Para as análises de fibra relatadas nessa CT,
também do ambiente de produção, prin- foram utilizados laboratórios HVI de classi-
cipalmente para algumas características ficação comercial do Brasil, como o labora-
derivadas da maturidade. A maturidade da tório da UNICOTTON em Primavera do Les-
fibra é relacionada ao depósito de celulose te-MT e da AGOPA em Goiânia-GO, além do
nas paredes secundárias das células que laboratório de referência da ABRAPA- SBRHVI
formam essa fibra (Figura 1). A quantidade em Brasília-DF.
de celulose e a sua qualidade física irão inci- Como parte de um projeto IBA/ABRAPA,
dir sobre características muito importantes realizamos análises de qualidade de fibra de
Figura 1. Fibras em corte transversal com níveis diferentes de maturidade e que podem
ser encontradas na mesma amostra de algodão. (Foto: Cirad)

diversas amostras com HVI (High Volume Instrument) e de fibra (RF%) apresentam sementes pequenas e/ou
AFIS (Advanced Fiber Information System) e com proto- com casca muito frágil, podendo gerar níveis significa-
colos de análises para amostras de pesquisa, no labora- tivos de contaminação.
tório de pesquisa da FBRI da TTU em Lubbock, no Texas, Em trabalho de pesquisa realizado anteriormente
nos Estados Unidos. pela TTU e o IMAmt, em 2019, foi elaborado um mode-
lo de predição da qualidade do fio cardado com anel
Parâmetros usados de 28 Ne, a partir das características da fibra analisada
As análises por HVI fornecem os principais parâmetros por HVI e AFIS. Esse modelo foi validado, mostrando ex-
que caracterizam a qualidade da fibra: comprimento e celente valor de predição para os parâmetros de resis-
uniformidade de distribuição (LEN em mm, e UN em tência e de irregularidade do fio. Usamos esse modelo
%); alongamento à ruptura e resistência (EL em % e STR em alguns trabalhos apresentados aqui para mostrar a
em gf/tex) e o micronaire (conjunto de finura e de ma- diferença que as variedades podem ter sobre a quali-
turidade). Certas características da fibra são “estimadas” dade do fio que será produzido pelas indústrias.
pelas HVI, e estas estimativas às vezes não são muito
confiáveis, como é o caso da maturidade (MAT-Matu- Dados apresentados
ridade) ou do conteúdo em fibras curtas (SFI-Índice de
Fibras Curtas). (a) Ensaios comparativos de variedades em peque-
Esses parâmetros estimados pela HVI são avaliados nas parcelas
de forma mais correta por outros instrumentos, como Usamos fibra produzida em diversos ensaios com-
o AFIS, dando acesso a parâmetros de finura intrínseca parativos de variedades, conduzidos em várias lo-
da fibra, índice de maturidade, conteúdo em fibras cur- calidades de Mato Grosso. Esses ensaios são con-
tas, neps de fibra e neps de casca. É interessante ana- duzidos em parcelas de 4 linhas de 7 metros, e 4
lisar a quantidade de neps de fibra junto com o índice repetições, sendo que a fibra analisada é obtida a
de maturidade, sendo que uma fibra imatura irá gerar partir de amostras padrão de capulhos colhidos no
mais neps de fibra. A quantidade de neps de casca é um terço médio da planta, as quais foram descaroça-
índice muito interessante, porque ele é correlacionado das em descaroçadores de 10 serras de 12 polega-
com a fragilidade da casca das sementes. Percebemos das a uma rotação de 350 rpm, dentro do laborató-
que, atualmente, várias variedades de alto rendimento rio de beneficiamento do IMAmt (Figura 2-A).
A B C

Figura 2. Em trabalho especial, realizamos a co- 3. Resultados e comentários


Diversos tipos lheita total das parcelas desses ensaios e Para comentar esses resultados, sempre
de desca- o algodão em caroço foi descaroçado em é bom ter em mente os limites inferiores
roçadores descaroçador de tipo industrial (equipa- abaixo dos quais existirá deságios no mo-
usados nes- mento Lummus da Escola de Beneficiamen- mento da comercialização. Para o mercado
ses estudos. to do IMAmt em Rondonópolis) com serras interno, o padrão de referência para comer-
A-10 serras
de 12 polegadas e rotação de 700 rpm, de cialização é o tipo 41-4 (fonte: BBM); para o
de labora-
tório; B- 20
modo parecido com o que acontece nas al- mercado internacional, esse padrão é o tipo
serras; C-30 godoeiras (Figura 2-C). 31-4 (fonte: ANEA). Em relação aos parâme-
serras de alta tros HVI, os valores de referência são:
rotação. (b) Amostras de algodão em caroço
de talhões — Comprimento (LEN): superior a
O IMAmt organiza, a cada ano, a colheita 1’3/32’’, ou seja, aproximadamente
de amostras de algodão em caroço (3-4 kg) 27.8mm
de talhões de produtores colhidos meca- — Resistência (STR): entre 27-29.9 gf/
nicamente. Estas amostras são tiradas dos tex
fardões ou dos rolinhos e devidamente — Micronaire (IM): entre 3.5-4.9
identificadas em relação à data de plantio
e variedade. O trabalho é realizado pelos 3.1. Importância da genética (variedade)
ATRs do IMAmt, que tomam como amostra na definição da qualidade da fibra
cerca de 20% dos talhões de Mato Grosso. Na tabela 2, apresentamos os resultados ob-
Essas amostras são descaroçadas no tidos em ensaios comparativos de cultivares,
mesmo descaroçador de 20 serras (serras conduzidos na safra de 2020/2021, e analisa-
de 12 polegadas, 380rpm) do IMAmt em dos no laboratório da AGOPA. Esses resultados
Primavera do Leste (Figura 2-B) e a fibra é comparam a qualidade de fibra de frutos do
analisada no mesmo laboratório da UNI- terço médio das plantas, que são os capu-
COTTON. Essa mesma metodologia já é lhos que normalmente produzem fibra de
utilizada há 10 anos, permitindo a com- melhor qualidade dentro da planta.
paração da qualidade da fibra entre safras Esta tabela apresenta resultados de dois
e variedades. conjuntos diferentes de ensaios. No pri-
Além de poder avaliar diferenças en- meiro, se trata da média de 5 ensaios, e o
tre variedades a partir da colheita total da segundo, de 2 ensaios. As médias são um
planta, e não de uma amostra padrão como pouco diferentes devido as diferenças nos
em ensaios de pesquisa, essas amostras ambientes onde os ensaios foram conduzi-
permitem que se conheça a variabilidade dos. Esses dados permitem que se tenha,
de qualidade de fibra para cada varieda- a priori, uma ideia acerca do potencial de
de em função do ambiente edafoclimático. qualidade das variedades.
Tabela 2. Resultados de rendimento de fibra (RF%) e qualidade HVI de ensaios comparativos de cultivares.
Colheita de amostras do terço médio da planta. Safra 2020/2021.

5 ensaios conduzidos em PVA, CV, SOR, CNP e SAP - Safra 2020/2021


Materiais RF% LEN UN STR EL MIC Rd +b SFI
DP 1637B2RF 45.04 30.4 83.6 31.3 6.7 4.5 83.0 7.9 7.5
DP 1734B2RF 44.94 30.4 83.9 31.4 6.7 4.5 83.0 8.0 7.5
DP 1746B2RF 45.33 30.9 85.0 30.9 7.2 4.2 82.2 8.5 6.7
FM 906GLT 41.36 29.4 83.0 29.3 6.8 4.1 82.0 8.1 8.6
FM 911GLTP 42.09 29.8 84.6 32.3 6.7 4.2 82.4 8.1 7.1
FM 940GLT 44.33 28.9 83.4 29.1 7.5 4.1 82.6 8.4 8.0
FM 944GL 42.01 29.9 84.1 31.5 6.8 4.2 82.2 7.8 7.3
FM 954GLT 42.74 31.3 84.0 31.6 6.5 4.0 83.2 7.9 7.1
FM 974GLT 46.09 31.2 84.5 32.3 6.9 4.1 83.4 7.9 6.7
FM 985GLTP 42.35 30.6 82.7 29.3 6.5 4.2 83.2 8.0 8.6
FM 975WS 42.93 29.3 83.6 30.2 7.2 4.1 82.5 8.3 7.7
IMA 2106GL 42.72 30.3 83.6 30.8 7.0 4.1 82.6 8.0 7.4
IMA 5801B2RF 39.65 30.3 84.7 31.1 6.6 4.4 82.0 8.4 6.9
IMA 8001WS 45.16 29.5 84.9 31.9 6.6 4.3 82.5 8.5 6.8
IMA 243B2RF 43.80 30.6 84.3 30.0 6.6 4.2 83.2 8.1 7.1
TMG 44B2RF 43.25 30.3 83.5 29.8 6.5 4.2 83.4 8.0 7.8
TMG 47B2RF 44.09 30.3 83.5 29.8 6.3 3.9 83.1 8.1 8.1
TMG 61RF 48.01 30.0 84.4 32.1 7.5 4.4 82.1 8.3 7.0
TMG 50WS3 43.59 30.1 85.0 29.8 7.0 4.3 81.7 8.5 6.9
TMG 91WS3 41.86 29.0 84.4 31.7 7.2 4.5 81.3 8.4 7.1

2 ensaios conduzidos em PVA e CV - Safra 2020/2021


Materiais RF% LEN UN STR EL MIC Rd +b SFI
IMA 5801B2RF 38.10 29.6 82.6 29.5 7.0 4.1 79.6 7.8 8.1
TMG 44B2RF 42.72 29.1 81.8 28.0 7.0 4.1 79.3 7.5 8.9
TMG 30B3RF 41.58 29.6 82.2 29.0 7.0 3.6 79.2 7.6 8.6
TMG 31B3RF 43.92 29.5 83.0 29.4 6.9 3.8 78.9 7.6 7.7
FM 912GLTP RM 40.25 30.7 82.7 29.6 7.0 3.5 80.5 7.5 7.7
FM 970GLTP RM 41.75 29.1 82.5 30.0 6.9 4.1 77.6 8.1 8.3
FM 974GLT 45.60 30.0 82.8 30.9 7.3 3.9 80.4 7.4 7.7
FM 978GLTP RM 44.11 29.0 82.9 29.1 7.3 3.7 77.8 8.0 7.9
FM 985GLTP 42.42 29.2 81.1 28.3 7.0 4.3 78.9 7.5 9.3
DP 1857B3RF 44.47 28.6 81.4 29.5 7.7 4.2 78.9 7.7 8.9
DP 1866B3RF 41.45 29.4 81.3 29.2 7.5 4.0 79.4 7.9 9.0
BRS 500B2RF 39.52 28.3 81.6 29.6 7.6 4.3 76.7 8.5 8.8
PVA: Primavera do Leste; CV: Campo Verde; SOR: Sorriso; CNP: Campo Novo do Parecis; SAP: Sapezal; RF: rendimento de fibra (%); LEN: compri-
mento (mm); UN: uniformidade (%); STR: resistência da fibra (gf/tex); EL: alongamento na ruptura (%); MIC: índice micronaire; Rd: reflectân-
cia; +b: índice de amarelo; SFI: índice de fibras curtas (%).
Os valores dos parâmetros de HVI apre- em relação às melhores como FM 974GLT, FM
sentados na Tabela 2 são todos acima dos 954GLT, FM 912GLTP ou DP 1746B2RF.
valores mínimos exigidos, o que era espe- Para a resistência de fibra, as varieda-
rado, já que se trata da melhor fibra obtida des mais problemáticas são potencialmen-
na planta. Porém, existe grande variabilida- te as variedades FM 906GLT, FM 940GLT e
de entre as variedades, estando algumas FM 985GLTP, com resistência significativa-
delas muito próximas dos valores inferiores mente menores que a apresentada pelas
aceitos para que não haja deságio, pelo me- variedades FM 911GLTP, FM 974GLT, IMA
nos para algumas características. Quando 8001WS, TMG 91WS3 ou TMG 61RF.
isso acontece, é possível que a variedade, Para alguns ensaios da safra 2019/2020,
quando cultivada, venha a apresentar uma de 5 localidades (PVA, CV, SOR, CNP e SAP),
porcentagem significativa de fardos de ta- a colheita total das plantas foi realizada,
lhões com HVI abaixo do mínimo. e descaroçada com descaroçador de alta
É o caso das variedades FM 940GLT, BRS rotação (Lummus). A fibra foi analisada com
500B2RF, TMG 91WS3 e DP 1857B3RF para a HVI e AFIS na TTU/USA. As médias dos prin-
característica de comprimento, que é inferior cipais parâmetros são apresentadas nas Ta-
ao das demais variedades, principalmente belas 3, 4 e 5 a seguir.

Tabela 3. Resultados de qualidade HVI de 5 ensaios (PVA, CV, SOR, CNP e SAP) comparativos de cultivares.
Colheita total das plantas. Safra 2019/2020. Laboratório FBRI/TTU-Texas.

Variedade LEN UN STR EL MIC Rd +b

DP 1746B2RF 29.98 81.96 29.64 6.55 4.24 79.53 11.75


FM 906GLT 28.36 80.20 27.17 6.09 4.15 80.42 10.90
FM 944GL 29.04 81.39 29.61 6.19 4.27 80.88 10.50
FM 954GLT 29.44 80.68 29.22 5.93 4.20 80.69 10.98
FM 975WS 28.23 80.35 28.85 6.24 4.26 80.13 11.31
FM 985GLTP 28.91 79.53 27.59 5.98 4.31 80.92 10.95
IMA 5801B2RF 29.25 81.89 28.80 6.01 4.44 80.37 11.09
IMA 8001WS 28.94 82.36 30.04 5.97 4.33 80.63 11.12
TMG 81WS 27.20 81.15 28.14 6.30 4.63 79.66 11.23
TMG 44B2RF 29.43 81.32 28.91 5.83 4.12 81.29 10.57
TMG 47B2RF 28.87 80.53 27.80 5.64 4.12 80.65 11.06
PVA: Primavera do Leste; CV: Campo Verde; SOR: Sorriso; CNP: Campo Novo do Parecis; SAP: Sapezal; LEN: com-
primento (mm); UN: uniformidade (%); STR: resistência da fibra (gf/tex); EL: alongamento na ruptura (%); MIC: índice
micronaire; Rd: reflectância; +b: índice de amarelo.
Tabela 4. Resultados de qualidade AFIS de 5 ensaios (PVA, CV, SOR, CNP e SAP) comparativos de cultivares.
Colheita total das plantas. Safra 2019/2020. Laboratório FBRI/TTU-Texas.

Mat
Variedade Neps SFC (w) SFC (n) SCN Size SCN Fine IFC [%]
Ratio
DP 1746B2RF 302.3 10.04 27.49 877.9 21.30 158.4 7.060 0.852
FM 906GLT 361.1 13.67 33.93 876.5 24.55 151.8 6.895 0.845
FM 944GL 293.9 10.65 28.57 886.1 18.60 152.3 6.565 0.868
FM 954GLT 318.8 11.86 31.11 906.6 20.30 151.1 6.610 0.865
FM 975WS 304.1 12.03 30.64 891.4 22.00 156.1 6.920 0.855
FM 985GLTP 357.0 13.31 33.41 866.3 23.60 154.1 6.655 0.859
IMA 5801B2RF 268.5 10.56 28.83 896.1 19.90 160.1 6.670 0.860
IMA 8001WS 280.2 9.11 25.26 870.2 21.85 155.1 6.635 0.871
TMG 81WS 287.6 9.90 26.34 873.4 25.50 165.3 6.700 0.867
TMG 44B2RF 310.7 10.19 27.78 882.9 23.45 151.5 7.395 0.844
TMG 47B2RF 311.7 11.02 29.12 911.0 21.35 155.1 6.895 0.856
PVA: Primavera do Leste; CV: Campo Verde; SOR: Sorriso; CNP: Campo Novo do Parecis; SAP: Sapezal; Neps: número de Neps por g;
SFC(w): conteúdo em fibras curtas (em % do peso); SFC(n): conteúdo em fibras curtas (em % do número de fibras); SCN Size: tamanho médio
dos Neps de casca em micron; SCN: número de Neps de casca por grama; Fine: finura intrínseca em mtex; IFC (%): conteúdo em fibras imaturas,
em %; Mat Ratio: maturidade.

Tabela 5. Estimativa de comportamento em fiação de anel de 5 ensaios (PVA, CV, SOR, CNP e SAP)
comparativos de cultivares, colheita total das plantas, usando um modelo preditivo em função de resultados
[HVI+AFIS] da fibra. Safra 2019/2020.

Variedade Força Elong CVm% Log(Fin.) Log(Gros) Log(Neps) Pil. Log(Irreg.)

DP 1746B2RF 423.5 5.55 15.24 0.85 2.22 2.22 6.46 2.53


FM 906GLT 346.2 5.03 16.38 1.24 2.45 2.42 7.15 2.75
FM 944GL 392.7 5.09 15.44 0.87 2.27 2.27 6.59 2.58
FM 954GLT 374.2 4.99 15.84 1.00 2.36 2.35 6.77 2.66
FM 975WS 359.4 5.03 16.04 1.17 2.36 2.33 7.01 2.66
FM 985GLTP 331.0 4.83 16.62 1.30 2.50 2.46 7.19 2.79
IMA 5801B2RF 384.7 5.20 15.55 1.01 2.29 2.28 6.51 2.60
IMA 8001WS 424.8 5.26 14.80 0.65 2.14 2.14 6.38 2.45
TMG 81WS 366.2 5.07 15.76 1.10 2.29 2.26 6.85 2.59
TMG 44B2RF 407.3 5.35 15.44 0.92 2.28 2.28 6.59 2.59
TMG 47B2RF 361.6 4.98 15.99 1.13 2.37 2.34 6.88 2.67
PVA: Primavera do Leste; CV: Campo Verde; SOR: Sorriso; CNP: Campo Novo do Parecis; SAP: Sapezal; Força: força para ruptura do fio; Elong: alon-
gamento para ruptura; CVm%: coeficiente de variação de massa; Log (Fin.): valor log. do número de pontos finos; Log(Gros.): valor log. do número
de pontos grossos; Log(Neps): valor log. do número de Neps; Pil.: pilosidade do fio; Log(Irreg.): valor log. do índice de irregularidade do fio.
Apesar de se tratar de duas safras di- de comprimento HVI que é proble-
ferentes, os dados das Tabelas 3 e 4 são mático, mas o alto conteúdo em
interessantes de se comparar com os da- fibras curtas (SFI de 8.6; SFC(w) de
dos do primeiro conjunto de ensaios da 13.67 e SFC(n) de 33.93), alta forma-
Tabela 2, porque em 2019/2020 se tratam ção de neps de fibra (361.3) e neps
de resultados da colheita total da planta, de casca (SCN de 24.55). O resulta-
descaroçada com descaroçador de alta do é um péssimo comportamento
rotação, então são resultados mais pró- dessa fibra em fiação de anel, para
ximos do que pode acontecer quando a quase todos os parâmetros de resis-
variedade é cultivada comercialmente. tência do fio ou de regularidade.
O perfil da TMG 81WS é bem conheci- — FM 985GLTP: apresenta também
do, com comprimento de fibra no limite características muito problemá-
inferior e micronaire elevado. Esse alto ticas, visível já na qualidade dos
micronaire é o resultado de uma fibra frutos do terço médio da planta
relativamente grossa (finura intrínseca (UN de 82.7; resistência de 29.3 e
no AFIS de 165.3) e de boa maturidade SFI de 8.6), mas principalmente
(MR de 0.867), porém com um compor- na colheita total da planta, sendo
tamento em fiação razoável (só com um uma variedade tardia, com muito
índice de pilosidade um pouco elevado, ponteiro. É provável que a quali-
de 6.85). dade desse ponteiro abundante
A TMG 47B2RF, no terço médio da seja responsável pelos proble-
planta, não apresentou problemas de mas de qualidade da colheita to-
HVI. Com a colheita total, a resistência tal. O primeiro indicador é o va-
da fibra ficou próxima do limite inferior lor muito baixo da uniformidade
(27.8g/tex). Isso pode ser explicado pelo (UN de 79.53) e resistência (STR
fato desta variedade ser uma variedade de 27.59g/tex). As análises AFIS
de “ponteiro”, com muitos frutos produ- mostraram elevados conteúdos de
zidos no final do ciclo da planta, talvez fibras curtas (SFC(w) de 13.31; SF-
com maturidade inferior. Outro problema C(n) de 33.41) e de neps (357 neps
detectado, é a formação de neps de casca por g). Os parâmetros de estima-
de tamanho grande, traduzindo uma cer- tiva de comportamento em fiação
ta fragilidade da casca da semente, com de anel são os piores dentre as va-
possibilidade de rompimento durante o riedades comparadas, tanto para
beneficiamento. Porém, a fibra dessa va- a resistência do fio como para os
riedade apresenta um comportamento parâmetros de regularidade.
em fiação razoável (só com um índice de
pilosidade um pouco elevado, de 6.88). Finalmente, duas variedades apre-
Dois materiais apresentaram compor- sentam excelente comportamento em
tamento muito abaixo do esperado, a FM fiação, IMA 8001WS e DP 1746B2RF. As
906GLT, variedade precoce, e a variedade demais variedades apresentam caracte-
de ciclo longo FM 985GLTP, as duas de rísticas intermediárias, tanto para HVI
boa caixa produtiva. como para comportamento em fiação.

— FM 906GLT: quando se trata de 3.2. Importância do ambiente na defi-


HVI da colheita total, esta varieda- nição da qualidade da fibra, e da inte-
de mostra valores de comprimen- ração com as variedades
to de fibra e resistência relativa- No item 3.1, mostramos a existência de dife-
mente baixos. Não é tanto o valor renças muito importantes de qualidade de
fibra entre variedades, e dentro da mesma variedade, razão principalmente do fenômeno “La Niña” no
diferenças de qualidade entre os frutos do terço médio oceano pacífico. Como resultado, devido a poucas
da planta e a totalidade dos frutos colhidos juntos. Essa chuvas entre setembro e novembro de 2020 no
variabilidade de qualidade intra-planta explica uma Centro-oeste do Brasil, o plantio da soja de 1ª sa-
parte da variabilidade de qualidade de uma variedade fra atrasou mais de um mês. Como consequência, o
quando cultivada em diversas condições. Outra parte plantio do algodão de segunda safra também atra-
vem das condições de crescimento das plantas. sou quase 1 mês, sendo muitas lavouras plantadas
Dentro das regiões algodoeiras do estado de já no mês de fevereiro, o que não é recomendado.
Mato Grosso, as condições edafoclimáticas são mui- E como a estação de chuvas terminou “normalmen-
to variáveis, em termo de: te” em meados de abril de 2021, muitos plantios de
fevereiro foram submetidos a estresses hídricos de
— Tipo de solos (textura de solo arenoso a argiloso) final de ciclo, reduzindo produtividade e qualidade
— Nível de fertilidade (solos com histórico re- de fibra, devido à falta de maturidade.
cente ou muito antigo de cultura algodoeira) Para as quatro principais variedades plantadas
— Sistema de cultivo (safra ou segunda safra, em MT, os gráficos 1 a 3 mostram a evolução das
plantio direto ou convencional etc.) médias e distribuição do micronaire, comprimento
— Altitude e temperaturas (regiões baixas de fibra e índice de fibras curtas.
como Rondonópolis ou Vale do Araguaia, ou Esses dados dos gráficos de 1 a 3 mostram clara-
mais altas como Campo Verde, Primavera do mente o efeito dessas condições de estresse hídri-
Leste ou Alto Garças), sem falar de regime co de final de ciclo sobre todos esses parâmetros. O
pluviométrico muito diferente. Micronaire da IMA 5801B2RF parece ter sofrido mais
que as demais variedades em relação à redução des-
Agora tentaremos mostrar as diferenças de com- se índice, porém todas elas foram afetadas.
portamento das variedades em relação a diversos am- O reflexo sobre uma redução de comprimento
bientes de produção. Algumas variedades vão mos- da fibra foi também significativo, porém, aparente-
trar grande ou pequena amplitude de variação em mente, a FM 944GL teve menos impacto em relação
relação aos ambientes de produção. Em função disso, a essa característica.
podemos avaliar o risco de as variedades produzirem A respeito do índice de fibras curtas, os valores
ou não uma porcentagem significativa de fardos com absolutos do gráfico não parecem tão elevados
qualidade abaixo do nível mínimo, a partir do qual (muitos valores abaixo de 10%). Esses valores, po-
terá deságios na comercialização. rém, não representam a realidade dos fardos indus-
Para isso, usaremos conjuntos de dados prove- triais produzidos em MT, porque essas amostras fo-
nientes de amostras de algodão em caroço colhi- ram descaroçadas em um descaroçador de 20 serras
das mecanicamente nas fazendas, e descaroçadas com baixa rotação (380rpm). Com certeza, a fibra
nos mesmos equipamentos do IMAmt. Temos re- produzida pelos mesmos talhões amostrados e com
sultados de fibra das safras 2019 e 2020, analisadas descaroçadores industriais tiveram esses valores
com HVI na ABRAPA e HVI e AFIS na TTU, e da safra significativamente elevados. No entanto, o que nos
2021 analisadas com HVI na UNICOTTON. interessa aqui é o valor comparativo entre as safras
e entre as variedades.
1. Efeito das condições climáticas gerais das sa- Para todas as variedades, o índice de fibras curtas
fras estudadas aumentou significativamente em 2020/2021, com a
Vale lembrar que as condições climáticas das safras FM 985GLTP apresentando os maiores índices e a FM
2018/2019 e 2019/2020 não apresentaram muito 944GL tendo a melhor fibra entre as 4 observadas. No-
desvios em relação às médias interanuais, para a ta-se ainda a grande amplitude de SFI para TMG 44B2RF
maioria das regiões algodoeiras do estado. e FM 985GLTP, e em menor grau para IMA 5801B2RF,
Porém, a safra 2020/2021 foi bem atípica, em com valores superiores a 11% de fibras curtas.
Gráficos 1 a 3.
Média e
amplitude de
dispersão dos
resultados de
Micronaire,
Comprimento
e SFI para as
4 principais
variedades
cultivadas
em Mato
Grosso. Safras
2019 a 2021.
Laboratório
HVI da
UNICOTTON.
Para cada variedade, uma redução do micronaire FM 911GLTP, IMA 8001WS e TMG 61RF. Com a
está diretamente ligada a uma redução da maturi- ressalva de que as variedades TMG 61RF e DP
dade da fibra. Uma fibra menos madura apresenta 1746B2RF apresentam também níveis de neps
menor resistência individual à tração e terá tendên- de casca elevados (SCN entre 17.6 e 16.2 por
cia a quebrar durante o descaroçamento, gerando grama de fibra), ocasionado pela maior fragili-
fibras curtas. Então, esse conjunto de dados mostra dade de casca e, provavelmente, necessitando
claramente o que aconteceu durante a safra de 2021 maiores cuidados durante o beneficiamento.
para a qualidade da fibra produzida no estado, já A variedade FM 911GLTP apresenta excelen-
que essas 4 variedades ocupavam, já em 2021, mais te perfil HVI e AFIS, à exceção da maturidade
de 60% da área algodoeira. inferior (IFC de 5.85%), talvez em decorrência
Antecipando a incidência das condições cli- do seu posicionamento, por ser uma varieda-
máticas da safra 2021/2022, podemos dizer que de precoce, ponto a se verificar. Na safra atual
as condições não foram muito diferentes da safra 2021/22, essas variedades de alta qualidade de
2020/2021 em relação ao desenvolvimento das fibra representam menos de 5% da área algo-
plantas. O plantio foi realizado na data certa, prin- doeira de MT.
cipalmente em janeiro, porém houve um corte das — Variedades com qualidade de fibra média
chuvas muito cedo, no início de abril, gerando es- a baixa, com potencial de problemas sérios
tresse hídrico de final de ciclo em muitas situações, para algumas características HVI ou AFIS, e
com fator agravante de menor enraizamento devi- talvez péssimo comportamento em fiação
do a excesso de chuvas em fevereiro/março e baixas de anel: FM 983GLT (que felizmente não está
temperaturas em maio. Portanto, podemos esperar mais no mercado), FM 985GLTP, FM 906GLT,
uma qualidade geral da fibra de 2022 inferior ou TMG 47B2RF e TMG 81WS. Esses dados con-
igual a da safra 2021. firmam os comentários realizados sobre as
variedades FM 985GLTP e FM 906GLT no item
2. Efeito das condições edafoclimáticas de cada talhão 3-1. A fibra da TMG 81WS é uma fibra grossa
Apresentamos a seguir os resultados das médias das (Finura de 169 mtex) e madura (explicando
características HVI e AFIS dessas amostras colhidas provavelmente o seu alto micronaire) e de
em talhões. Mas é preciso lembrar que essas mé- comprimento médio, porém com baixo con-
dias não são estritamente comparativas, porque teúdo em fibras curtas (SFC(w): 11.2%). O fio
tratam de amostras colhidas em talhões totalmente poderia carecer de resistência, porém sem
diferentes, e em número diferente, dependendo da problemas de regularimetria.
cultivar. Contudo, essas médias permitem confirmar
certas tendências observadas no item 3.1. A TMG 47B2RF, tratando aqui de colheita total e não
de colheita do terço médio da planta, confirma a nossa
2.1.Primeiramente, são apresentados resultados suspeita que a imaturidade dos capulhos do ponteiro
das safras 2019 e 2020, nas Tabelas 6 a 8. afeta significativamente a qualidade da fibra. A ima-
No conjunto de dados dessas safras 2019 e turidade da fibra aumenta muito o número de neps
2020, a média do micronaire é de 4.22; algumas va- de fibra (neps de imaturidade), o conteúdo em fibras
riedades chamam a atenção: curtas (SFC(w): 13.2%), que finalmente afeta negativa-
mente todos os parâmetros estimados de qualidade
— Variedades com qualidade de fibra boa ou de fio de anel (resistência e regularimetria). Na safra
excelente para muitas características HVI e/ de 2021/2022, essas variedades com fibra podendo ser
ou AFIS, e com excelente previsão de com- problemática em certas condições de cultivo repre-
portamento em fiação de anel: DP 1746B2RF, sentam mais de 25,3% da área plantada em MT.
Tabela 6. Média dos resultados HVI da ABRAPA-SBRHVI e TTU-Texas para as amostras de talhões comerciais,
descaroçados com 20 serras. Número variável de amostras para cada variedade. Safras 2018/2019 e 2019/2020.

Laboratório Laboratório ABRAPA Laboratório FBRI/TTU-Texas


Num.

RF%

LEN

LEN
MIC

MIC
STR

STR
UN

UN
SFI

RD
Variedade

+b
EL

EL
DP 1746B2RF 20 45.52 30.3 83.3 30.4 7.2 4.25 8.10 29.9 83.4 30.7 6.5 4.24 71.27 9.97

FM 906GLT 20 41.80 29.4 81.6 28.0 6.8 4.09 9.55 29.0 81.7 28.6 6.1 4.07 72.34 9.77

FM 911GLTP 4 40.94 30.2 84.5 31.3 6.6 4.29 7.25 29.6 84.1 31.5 6.1 4.30 73.60 9.08

FM 940GLT 15 44.88 28.9 82.2 28.3 7.5 4.28 9.18 28.5 82.3 29.1 6.7 4.30 71.32 10.48

FM 944GL 40 42.32 29.8 82.4 30.0 6.9 4.21 8.57 29.3 82.4 30.3 6.2 4.21 72.09 9.32

FM 954GLT 30 43.48 30.5 81.9 29.5 6.6 4.18 8.67 30.1 82.2 30.2 6.0 4.15 71.46 9.72

FM 974GLT 8 46.58 29.5 81.1 28.9 7.2 3.98 9.85 29.4 81.8 30.0 6.5 3.99 74.15 9.20

FM 983GLT 30 43.24 29.4 80.6 28.6 6.5 4.32 10.65 29.0 80.7 28.9 5.8 4.35 71.79 9.29

FM 985GLTP 40 42.45 29.8 80.5 27.7 6.7 4.11 10.69 29.5 81.1 28.5 5.9 4.11 72.02 9.32

IMA 2106GL 20 43.28 30.2 82.2 29.1 7.1 4.09 8.65 29.7 82.3 30.0 6.4 4.06 72.14 9.66

IMA 5801B2RF 40 40.34 29.8 83.1 29.2 6.7 4.39 8.22 29.4 83.0 29.8 6.0 4.39 71.65 9.75

IMA 8001 WS 10 43.46 29.3 83.5 30.2 6.7 4.17 8.02 29.1 83.2 30.3 6.1 4.17 73.93 9.78

TMG 44B2RF 40 43.27 29.8 81.8 29.0 6.5 4.12 9.39 29.5 82.2 29.6 5.9 4.08 72.91 9.71

TMG 47B2RF 30 43.75 29.6 81.6 28.0 6.5 4.11 10.02 29.3 81.7 28.5 5.8 4.11 71.52 9.76

TMG 50WS3 6 43.90 28.8 82.9 28.4 6.9 4.66 8.83 28.7 83.2 29.1 6.2 4.56 73.45 9.55

TMG 61RF 7 48.41 30.0 83.2 30.8 7.2 4.10 7.94 29.8 83.2 31.5 6.8 4.16 72.81 9.76

TMG 81WS 40 42.46 28.2 82.3 29.2 6.9 4.54 9.18 28.1 82.6 29.5 6.2 4.55 70.73 9.48

Num.: número de amostras; RF: rendimento de fibra (%); LEN: comprimento (mm); UN: uniformidade (%);
STR: resistência da fibra (gf/tex); EL: alongamento na ruptura (%); MIC: índice micronaire; Rd: reflectância;
+b: índice de amarelo.
Tabela 7. Média dos resultados AFIS da TTU-Texas, para as amostras de talhões comerciais, descaroçados
com 20 serras. Número variável de amostras para cada variedade. Safras 2018/2019 e 2019/ 2020.

Variedade Num. Neps SFC (w) SFC (n) SCN Size SCN Fin. IFC [%] Mat Ratio
DP 1746B2RF 20 188.85 11.9 32.1 933 16.2 163.3 5.10 0.90
FM 906GLT 20 213.6 13.9 35.0 936 14.0 156.1 5.24 0.89
FM 911GLTP 4 145.0 11.7 32.3 888 10.0 154.5 5.85 0.89
FM 940GLT 15 218.4 12.0 31.5 945 16.5 157.7 5.49 0.89
FM 944GL 40 185.3 12.6 33.0 911 12.9 157.4 4.98 0.90
FM 954GLT 30 191.2 12.9 33.8 896 14.1 155.1 5.12 0.90
FM 974GLT 8 198.8 13.4 34.3 913 12.1 150.9 5.41 0.89
FM 983GLT 30 190.1 15.1 37.1 919 15.2 162.2 4.74 0.92
FM 985GLTP 40 219.4 15.2 37.7 926 15.7 156.7 5.22 0.90
IMA 2106GL 20 182.6 12.4 32.4 890 14.1 159.7 4.99 0.90
IMA 5801B2RF 40 149.2 11.6 31.6 851 11.7 165.6 4.95 0.91
IMA 8001 WS 10 141.6 9.9 27.6 957 11.0 158.5 4.89 0.91
TMG 44B2RF 40 191.8 12.6 33.0 947 13.8 158.3 5.34 0.89
TMG 47B2RF 30 206.5 13.2 33.9 929 15.6 159.1 5.25 0.89
TMG 50WS3 6 140.2 11.8 31.8 939 13.8 169.5 5.37 0.89
TMG 61RF 7 163.1 10.8 29.8 920 17.6 155.7 5.74 0.89
TMG 81WS 40 150.9 11.2 29.9 910 13.2 169.5 4.79 0.92
Neps: número de Neps por g; SFC(w): conteúdo em fibras curtas (em % do peso); SFC(n): conteúdo em fibras curtas (em % do número de fibras);
SCN Size: tamanho médio dos Neps de casca em micron; SCN: número de Neps de casca por grama; Fine: finura intrínseca em mtex;
IFC (%): conteúdo em fibras imaturas, em %; Mat Ratio: maturidade.

Tabela 8. Média dos resultados de previsão da qualidade do fio de anel (modelagem em função de
HVI+AFIS), para as amostras de talhões comerciais, descaroçados com 20 serras. Número variável de
amostras para cada variedade. Safras 2018/2019 e 2019/2020.

Variedade Num. Força Elong CVm% Log(Fin.) Log(Gros.) Log(Neps) Pil. Log(Irreg.)
DP 1746B2RF 20 378.4 4.78 15.55 0.94 2.36 2.42 6.0 2.70
FM 906GLT 20 325.1 4.46 16.34 1.27 2.50 2.52 6.6 2.83
FM 911GLTP 4 400.7 4.92 15.12 0.83 2.30 2.36 5.8 2.64
FM 940GLT 15 363.3 4.77 15.77 1.06 2.38 2.41 6.4 2.70
FM 944GL 40 348.2 4.47 15.91 1.07 2.43 2.48 6.3 2.76
FM 954GLT 30 350.2 4.48 15.92 1.07 2.44 2.49 6.3 2.78
FM 974GLT 8 347.4 4.59 15.97 1.12 2.44 2.46 6.4 2.76
FM 983GLT 30 264.1 3.86 17.06 1.52 2.65 2.66 6.8 2.97
FM 985GLTP 40 293.1 4.19 16.84 1.43 2.62 2.64 6.7 2.94
IMA 2106GL 20 348.4 4.56 15.93 1.11 2.43 2.47 6.3 2.76
IMA 5801B2RF 40 343.4 4.47 15.87 1.11 2.42 2.46 6.1 2.75
IMA 8001 WS 10 377.4 4.57 15.13 0.84 2.26 2.29 6.0 2.58
TMG 44B2RF 40 344.6 4.53 16.02 1.14 2.44 2.48 6.4 2.77
TMG 47B2RF 30 320.8 4.37 16.41 1.29 2.52 2.55 6.6 2.85
TMG 50WS3 6 335.4 4.65 15.94 1.23 2.41 2.43 6.2 2.74
TMG 61RF 7 408.6 4.98 15.13 0.85 2.27 2.34 6.0 2.61
TMG 81WS 40 325.8 4.30 16.05 1.18 2.43 2.46 6.3 2.76
Força: força para ruptura do fio; Elong: alongamento para ruptura; CVm%: coeficiente de variação de massa; Log(Fin.): valor log. do número de
pontos finos; Log(Gros.): valor log. do número de pontos grossos; Log(Neps): valor log. do número de Neps; Pil.: pilosidade do fio; Log(Irreg.): valor
log. do índice de irregularidade do fio.
— Variedades com qualidade de fi- tabelas anteriores é de 3.86, evidenciando a
bra média ou boa. Nessa categoria consequência da seca de final de ciclo sobre
estão todas as demais variedades a imaturidade da fibra.
presentes nesse conjunto de dados Parte dessas amostras de fibra foi en-
das safras 2019 e 2020, tais como caminhada para análise HVI/AFIS do FBRI/
FM 944GL, IMA 2106GL, FM 974GLT, TTU, no segundo ano do projeto IBA “Fibras
IMA 5801B2RF, TMG 44B2RF e TMG Curtas”, porém iremos receber os resultados
50WS3. Em certa medida, podemos só no final de 2022.
colocar também a FM 940GLT nes- Nessas condições de cultura com cli-
sa categoria. Trata-se de uma varie- ma mais seco, muitos parâmetros HVI das
dade que tem atualmente pouca variedades sobre as quais comentamos
expressão no mercado. Além de anteriormente se confirmaram, à exceção
ser conhecida por seu potencial de do micronaire menor. A qualidade de fi-
gerar altos níveis de neps de casca, bra da TMG 50WS3 mostrou-se significa-
essa variedade apresenta a carac- tivamente melhor, talvez devido a uma
terística de ter um comportamento melhor amostragem de talhões desta va-
relativamente bom em termos de riedade (24 talhões).
fiação, apesar de não apresentar Das variedades não presentes nas safras
2019 e 2020, tomando como referência a
características HVI muito boas. É o
exemplo perfeito de uma fibra que TMG 44B2RF, temos as variedades seguintes:
tem comprimento HVI relativamen-
te baixo, porém boa distribuição de — FM 912GLTP RM (poucas amostras),
comprimento com médio a baixo variedade precoce, com RF% inferior
conteúdo em fibras curtas. Os parâ- ao das variedades TMG 44B2RF e FM
metros previstos de regularimetria 911GLTP, com o micronaire mais bai-
do fio produzido com essa varie- xo de todas as cultivares em obser-
dade são bons. As variedades FM vação, porém bom complexo LEN/
944GL, IMA 2106GL, IMA 5801B2RF UN e STR/EL.
e TMG 44B2RF, nessas duas safras — FM 942TLP (poucas amostras)
com clima regular, apresentam HVI/ com RF% no mesmo nível da TMG
AFIS e previsão em fiação de bom 44B2RF, e boa fibra.
nível, sem problemas particulares. A — FM 970GLTP RM, com RF% no mes-
TMG 50WS3 parece apresentar um mo nível da FM 911GLTP, e boa fibra.
comprimento LEN-HVI menor, com — FM 978GLTP RM (poucas amostras),
micronaire elevado. Esse alto micro- com RF% superior ao da variedade
naire é explicado, assim como para TMG 44B2RF e boa fibra.
a TMG 81WS, por uma fibra grossa — TMG 21GLTP e TMG 22GLTP (poucas
(Fin. de 169.5 mtex), porém com um amostras), a primeira com fibra apa-
comportamento em fiação normal. rentemente excelente e a segunda
A FM 974GLT, com HVI sem maiores com o comprimento um pouco bai-
problemas, parece ter uma fibra fina xo, a confirmar.
(Fin. de 150.9 mTex) e relativamente — TMG 30B3RF e TMG 31B3RF, com
imatura (IFC de 5.41%), o que explica RF% respectivamente equivalen-
seu micronaire de menor valor entre te e superior ao da variedade TMG
as variedades observadas. 44B2RF, e boa fibra.
— TMG 91WS3 com micronaire menor
2.2. No conjunto de dados da safra que o registrado para TMG 81WS,
2020/21 apresentados na Tabela 9, a média e um comprimento melhorado de
do micronaire das mesmas variedades das 1mm.
Tabela 9. Média dos resultados HVI da UNICOTTON para as amostras de talhões comerciais, descaroçados
com 20 serras. Número variável de amostra para cada variedade. Safra 2020/2021.

Num
Variedade RF% LEN UN STR EL MIC RD +B SFI
Am.
DP 1746B2RF 6 43.9 30.86 82.4 30.4 7.7 3.98 72.5 8.9 7.27
FM 906GLT 44 42.5 29.02 81.3 29.4 7.1 3.60 75.5 9.6 9.14
FM 911GLTP 46 42.2 29.77 83.0 32.4 6.8 3.58 75.7 9.6 7.52
FM 912GLTP RM 9 41.4 30.71 83.4 31.8 7.0 3.25 75.5 9.9 7.14
FM 942TLP 5 43.4 30.18 82.0 31.6 7.0 3.49 77.0 9.5 7.61
FM 944GL 47 41.7 30.18 82.6 31.7 7.1 3.75 74.4 9.0 7.31
FM 954GLT 7 44.2 30.32 81.3 30.9 6.6 3.38 75.6 9.0 8.60
FM 970GLTP RM 17 42.1 30.05 82.0 30.9 6.7 3.62 74.7 9.3 8.07
FM 974GLT 27 45.7 30.37 82.3 31.4 7.2 3.82 75.8 8.8 7.68
FM 978GLTP RM 6 44.0 29.72 82.0 30.3 7.4 3.73 75.1 9.3 8.28
FM 985GLTP 88 42.2 30.00 80.9 29.6 6.8 3.89 75.0 9.1 8.94
IMA 2106GL 18 42.8 29.83 82.0 31.0 7.0 3.78 75.4 9.2 7.51
IMA 5801B2RF 84 39.8 29.58 82.3 30.1 6.9 3.73 74.6 9.4 8.07
IMA 8001 WS 7 44.6 30.34 84.6 33.8 7.1 4.17 74.5 9.1 6.24
TMG 21GLTP 4 41.1 30.83 81.9 32.7 6.9 3.77 75.4 9.5 7.89
TMG 22GLTP 6 42.0 29.17 82.1 31.4 6.7 3.77 74.8 9.1 7.77
TMG 30B3RF 23 43.0 30.43 82.4 30.4 6.6 3.46 76.3 9.4 7.99
TMG 31B3RF 31 44.6 30.05 82.6 30.3 6.7 3.62 76.2 9.7 7.87
TMG 44B2RF 162 43.6 29.65 81.6 30.4 6.7 3.84 75.7 9.4 8.63
TMG 47B2RF 27 43.3 29.49 81.2 29.3 6.4 3.99 75.4 9.0 8.87
TMG 50WS3 24 43.8 29.32 82.3 29.7 7.5 3.83 74.3 10.0 8.61
TMG 61RF 10 49.5 29.43 82.1 30.7 7.3 4.08 74.8 9.8 7.44
TMG 81WS 21 41.8 28.39 81.9 30.7 7.5 4.43 73.1 8.6 7.87
TMG 91WS3 12 40.6 29.39 83.4 32.3 7.6 4.14 71.9 8.6 7.09

Num.Am.: número de amostras; RF: rendimento de fibra (%); LEN: comprimento (mm); UN: uniformidade (%); STR: resistência da fibra (gf/tex);
EL: alongamento na ruptura (%); MIC: índice micronaire; Rd: reflectância; +b: índice de amarelo.

De modo geral, as novas variedades em pré-lança- 2.3. Trataremos agora de prestar mais atenção à
mento dessas duas empresas parecem ter melhorado a amplitude de variação de cada característica para
qualidade da fibra. Ainda assim, precisaremos de mais cada variedade, com ajuda dos gráficos do tipo
safras e das análises AFIS para que possamos conhecer BoxPlot.
melhor essas variedades do ponto de vista da sua qua- A primeira série de gráficos (Gráficos 4 a 9) trata dos
lidade de fibra. resultados das safras 2019 e 2020, com clima “normal”.
Gráficos 4 a 6.
Amplitude de
dispersão dos
resultados de
LEN, STR e SFI
para diversas
variedades
cultivadas
em Mato
Grosso. Safra
2018/2019 e
2019/2020.
Laboratório
SBRHVI da
ABRAPA.
Gráficos 7 a 9. Amplitude de dispersão dos resultados de Neps, SFC(w) e SCF para diversas variedades
cultivadas em Mato Grosso. Safra 2018/2019 e 2019/2020. Laboratório AFIS da FBRI-TTU.
Esses gráficos de dispersão foram organi- podem apresentar alguns defeitos
zados com um número variável de localidades em certas condições de cultivo. É o
por variedade (números apresentados na Ta- caso das FM 944GL e IMA 2106GL
bela 8). Para HVI, observamos as distribuições (SFI) e da FM 954GLT, com pouca es-
de LEN, STR e SFI, e para AFIS observamos as tabilidade principalmente para SFI.
distribuições de Neps, SFC e Neps de casca. Os resultados obtidos para a varieda-
Portanto, devido a um número reduzido de IMA 2106GL surpreenderam, com
de localidades (menos de 10), os resultados re- ampla variabilidade em SCN (possivel-
lativos a FM 911GLTP, FM 974GLT, TMG 50WS3 mente com maior fragilidade de casca
e TMG 61RF devem ser considerados com cau- em certos ambientes). As variedades
tela. Mesmo assim, é possível constatar que a FM 944GL e FM 954GLT não apresen-
fibra das variedades FM 911GLTP e TMG 61RF taram muita estabilidade para os 3 cri-
é muito boa, com muita estabilidade em rela- térios AFIS, conforme os gráficos de 7
ção às condições de cultura, com característi- a 9. A cultivar IMA 5801B2RF pode ter
cas HVI bem acima dos mínimos requeridos. STR reduzido e SFI aumentado em al-
Entretanto, duas ressalvas importantes devem guns ambientes, da mesma forma que
ser feitas em relação ao conteúdo em fibras a TMG 44B2RF pode também apre-
curtas da FM 911GLTP, que pode oscilar muito, sentar altos valores de SFI. No AFIS, a
e ao Neps de cascas sempre elevado para a va- TMG 44B2RF apresentou amplitude
riedade TMG 61RF. Já a variedade FM 974GLT de variação para geração de Neps de
apresentou fibra de maior flutuação com o imaturidade e para conteúdo em fi-
ambiente para as características HVI. bras curtas em níveis maiores do que
Para as demais variedades desse conjun- os registrados para IMA 5801B2RF.
to de dados, temos maior número de am- — Variedades apontadas como tendo
bientes, então maior confiabilidade. fibra no limite inferior confirma-
ram que, em muitas condições,
— A IMA 8001WS confirma a estabili- certos parâmetros podem ficar mui-
dade da sua excelente qualidade to abaixo dos limites inferiores. É o
de fibra HVI e AFIS com os ambientes caso de TMG 81WS (LEN), FM 906GLT
de produção. A cultivar DP 1746B2RF (SFI e STR), FM 983GLT (SFI e STR), FM
tem boa estabilidade de LEN e STR, 985GLTP (SFI e STR) e TMG 47B2RF
porém pode oscilar um pouco em re- (SFI e STR).
lação a fibras curtas e Neps. Em alguns
ambientes, esses índices podem ficar Uma segunda série de gráficos (de 10 a 12)
mais altos do que o desejado. trata dos resultados da safra 2020/21, com cli-
— Algumas variedades que apresen- ma caracterizados por seca de final de ciclo,
tam fibra boa em relação às médias, situação até drástica em certos locais.
Gráficos 10 a 12. Amplitude de dispersão dos resultados de LEN, STR e SFI para diversas variedades
cultivadas em Mato Grosso. Safra 2020/2021. Laboratório HVI da UNICOTTON.
Para a elaboração desses dados, tivemos — A TMG 50WS3, em várias situações,
acesso a poucas localidades para as varie- apresenta problemas nesses 3 pa-
dades DP 1746B2RF, FM 912GLTP RM, FM râmetros HVI, tendo a maior ampli-
942TLP, FM 978GLTP RM, IMA 8001WS, TMG tude de variação para SFI.
21GLTP e TMG 22GLTP. Portanto, os gráficos
de BoxPlot aqui apresentados devem ser Das variedades bem representadas nes-
considerados com cautela. sas 3 safras, confirmou-se o seguinte em re-
Ainda assim, é possível apontar algumas lação ao perfil de estabilidade de qualidade:
tendências para os materiais novos, a se-
rem confirmadas ou não na próxima safra: — A IMA 8001WS teve confirmada a es-
tabilidade da sua excelente quali-
— FM 978GLTP RM e TMG 21GLTP, duas dade de fibra HVI e AFIS com os am-
cultivares com pouca flutuação nos bientes de produção. DP 1746B2RF
3 parâmetros HVI em função dos tem boa estabilidade de LEN e STR,
ambientes de cultivo e com valores porém podendo oscilar um pouco
bem melhores que os valores críti- em relação a fibras curtas e Neps.
cos, por isso consideradas como va- — Algumas variedades que apresen-
riedades de fibra boa. tam fibra boa em relação às médias
— TMG 22GLTP, com LEN média, STR podem apresentar problemas em
boa, porém com muita variabilida- certas condições de cultivo.
de, e finalmente SFI também variá-
vel, e potencialmente com proble- Nessa safra de estresse hídrico, a TMG
mas, porém com resultados ainda a 44B2RF apresentou níveis relativamente
serem confirmados. baixos de LEN e STR, porém com alta varia-
— FM 912GLTP RM e FM 942TLP apre- bilidade, e muitas amostras tiveram níveis
sentam fibra boa, com certa varia- abaixo dos requeridos, principalmente para
ção em função do ambiente, porém SFI. É o caso também da IMA 5801B2RF, que
com resultados sempre acima dos apresentou muitas situações com LEN, STR
níveis críticos. e SFI abaixo dos limites devido à falta de
maturidade. As cultivares FM 944GL e IMA
Das variedades com pouca prevalência 2106GL geralmente têm fibra boa, com cer-
nas safras 2019 e 2020, porém bem repre- ta variabilidade entre talhões, com alguns
sentadas neste conjunto de talhões de valores próximos dos limites inferiores. A
2021, confirmou-se o seguinte: FM 954GLT não mostrou nessa safra 2021
muita variabilidade.
— TMG 61RF tem excelente fibra e boa Quatro cultivares não apareceram nos
estabilidade de qualidade em to- levantamentos das safras 2019 e 2020,
dos os ambientes. Se não fosse pela porém estiveram presentes em 2021.
sua fragilidade de casca, poderia A TMG 91WS3 se mostrou significativa-
ser considerada no mesmo nível de mente melhor do que a TMG 81WS e mais
qualidade da IMA 8001WS. estável nessa safra 2021, com níveis aci-
— FM 911GLTP, com boa fibra, porém ma dos limites inferiores. A FM 970GLTP
alta variabilidade de STR e até de RM apresentou médias de valores HVI
SFI em função dos ambientes. até bons, porém com muita variabilidade
— FM 974GLT teve confirmada sua va- com os ambientes de cultivo, tanto para
riabilidade relativamente alta de LEN como para STR, com a possibilidade
STR e principalmente de SFI, apesar de essa cultivar produzir uma certa por-
de ter valores médios de HVI relati- centagem de fardos abaixo dos valores
vamente bons. limites inferiores.
A TMG 30B3RF apresenta parâmetros HVI razoáveis, — Variedades problemáticas em certas condições,
porém a TMG 31B3RF parece ser mais problemática, como TMG 81WS (pelo comprimento da fibra), e
com muita variabilidade sobre os parâmetros de LEN ainda mais problemáticas, como FM 906GLT e
e STR, além de certas localidades apresentarem altos FM 985GLTP, com altos índices de fibras curtas
níveis de fibras curtas. A qualidade de fibra da TMG (SFI). A TMG 47B2RF não apresentou muita varia-
31B3RF parece ter flutuação importante em função das ção nos 3 parâmetros HVI, porém ela se aproxima
condições climáticas. dos limites inferiores principalmente para SFI.

Resumo sobre a qualidade de fibra de algumas variedades sobre as quais temos informações referentes às sa-
fras de 2019, 2020 e 2021, tantos de análises HVI como AFIS para o algodão produzido em ensaios comparativos
de cultivares em pequenas parcelas, ou algodão vindo de colheita total de talhões das mais diversas localidades
de MT, como no perfil seguinte:

— Fibra de excelente qualidade, influenciada ou não pelas condições de cultivo:


As melhores seriam as IMA 8001WS, TMG 61RF, DP 1746B2RF, porém de pouca expressão no mercado. As
últimas 2 podem, em certas ocasiões, apresentar níveis elevados de SCF. A FM 911GLTP apresenta caracte-
rísticas HVI muito boas também, porém, com IM podendo flutuar drasticamente em ambientes de estresse.
— Fibra boa ou muito boa, com certa influência do ambiente, ou não:
Nessa categoria colocamos variedades ainda pouco estudadas em nossos dispositivos, porém com qualida-
de de fibra promissora, estando entre elas FM 978GLTP RM, TMG 21GLTP (boa HVI com pouca variabilidade),
FM 912GLTP RM e FM 942TLP (boa HVI com maior flutuação dos parâmetros). Porém precisamos de mais
dados para confirmar ou não o perfil de qualidade dessas variedades.
— Fibra até boa, porém com alguma probabilidade de problemas com o ambiente:
Este é o caso da FM 970GLTP RM (médias HVI boas, porém muita oscilação devido ao ambiente), ou de va-
riedades mais antigas no mercado como FM 944GL e IMA 2106GL, com boa HVI, porém com possibilidade
de apresentar níveis relativamente altos de fibras curtas em condições de estresse. Este é também o caso da
variedade FM 954GLT com alta variabilidade do SFI.
A FM 974GLT geralmente apresenta boa HVI, com fibra fina, porém micronaire muito baixo em certas con-
dições, e muita flutuação com o ambiente. Com qualidade inferior, a TMG 21GLTP e a TMG 22GLTP apresen-
tam LEN médio, e muito maior variabilidade com o ambiente.
As duas variedades TMG 30B3RF e TMG 31B3RF apresentam perfis HVI até bons. Porém, em 2021, com
situação de estresse, elas apresentam alta variabilidade para STR e SFI, principalmente a TMG 31B3RF. Deve-
mos prestar muita atenção à questão dos Neps de fibra e SCF.
— Fibra média/boa, muito influenciada pelo ambiente:
Este é o caso das variedades TMG 44B2RF e IMA 5801B2RF, muito cultivadas em MT. Ambas apresentam
bom comportamento em fiação de anel. As médias gerais de HVI desses materiais são até boas, porém po-
dem flutuar muito de talhão para talhão. Em situações de estresse, LEN e SFI podem variar muito e ultrapas-
sar os níveis mínimos para desconto.
TMG 50WS3, no conjunto de dados desta Circular Técnica, mostrou ter uma fibra de finura elevada (fibra
grossa), podendo explicar, em certas condições, valores elevados de MIC. O seu comprimento não parece
muito elevado, e STR e SFI apresentam flutuações muito elevadas em função do ambiente.
— Fibra de qualidade média, com certos defeitos:
O perfil HVI médio da TMG 47B2RF muitas vezes apresenta STR baixo e altos índices fibras curtas, o que se
explica pelo fato de sempre existir certa porcentagem de dados abaixo dos valores mínimos. Isso explica,
em partes, por se tratar de uma variedade com muitos frutos do ponteiro, às vezes imaturos.
A TMG 81WS apresenta fibra grossa, com MIC elevado e LEN no limite inferior. A TMG 91WS3 apresenta fibra
melhor, com LEN e MIC melhorados. Nos poucos testes onde aparecem, DP 1857BRF teve LEN baixo e DP
1866B3RF apresentou UN baixa e alto SFI, informações a verificar.
— Fibra média a baixa, podendo ser problemática:
Duas variedades expressivas nas áreas algodoeiras de MT apresentam defeitos em qualidade de fibra: FM
986GLTP e FM 906GLT. A primeira, de ciclo tardio, devido principalmente à sua carga de ponteiro imatu-
ro, apresenta UN e STR possivelmente baixos, e níveis elevados de fibras curtas. A variedade precoce FM
906GLT tem HVI baixo para LEN e STR e também SFI muito elevados.
4. Considerações finais — Melhorar o perfil do solo, visando au-
Na busca da consolidação da posição de mentar o enraizamento das plantas,
Mato Grosso como primeiro produtor de o teor em matéria orgânica e, final-
fibra do Brasil, e da posição do Brasil como mente, a reserva útil em água do solo.
um dos principais exportadores mundiais — Respeitar cuidadosamente as datas de
de fibra, os produtores do estado precisam plantio recomendadas em cada região,
melhorar cada vez mais a qualidade da fi- baseadas nos históricos climáticos.
bra. As condições edafoclimáticas sempre — Realizar um corte fisiológico das
terão papel importante na qualidade. Po- plantas (“cut-out”) no momento cer-
rém, o produtor deve receber as informa- to, a fim de favorecer a boa formação
ções adequadas a fim de poder escolher as dos frutos já em desenvolvimento, e
variedades com melhor potencial de qua- de não se produzir uma quantida-
lidade e que terão maior probabilidade de exagerada de frutos imaturos no
de produzir uma fibra de qualidade, mesmo ponteiro da planta.
em ambientes de estresse.
Assim, a escolha da variedade pelo pro- A partir de uma qualidade de algodão
dutor é a primeira etapa na definição da em caroço definida a campo, quando o pro-
qualidade de fibra a ser produzida na fa- duto chegar na indústria algodoeira, mui-
zenda. Algumas características são bem tos cuidados devem ser tomados durante
definidas por esta escolha (comprimento as operações de beneficiamento (pré-lim-
da fibra, resistência), enquanto outras nem peza, descaroçamento, limpeza da fibra) a
tanto (todas ligadas à maturidade da fibra), fim de preservar as fibras ao máximo pos-
e dependerão em certa medida do desen- sível, principalmente para não gerar altos
volvimento das plantas. conteúdos de fibras curtas!
Como mitigar os efeitos do ambiente na Finalmente, tratando-se da qualidade
qualidade da fibra? A resposta pode se re- de fibra, não se considera unicamente
sumir na seguinte recomendação: sempre sua qualidade intrínseca (HVI e AFIS), mas
visar melhorar a maturidade da fibra! Me- também o “tipo” comercial, o grau de fo-
lhorando a maturidade, as características lhas e a ausência de contaminação. Uma
intrínsecas de HVI irão melhorar, se aproxi- contaminação que deve ser evitada é a re-
mando do potencial da variedade. Algumas lativa à presença de Neps (de imaturida-
variedades foram apontadas como poten- de e/ou de casca), que pode estar ligada à
cialmente aptas a produzir uma fibra boa escolha da variedade, dado que algumas
ou, ao contrário, uma fibra problemática variedades são muito mais sensíveis que
para a indústria, ainda mais em situação de outras, com fragilidade de casca acentua-
condições climáticas problemáticas (estres- da. Trabalhos de pesquisa estão sendo
se hídrico ou de baixa temperatura). conduzidos pelo IMAmt para desenvolver
Sempre irá existir risco climático (seca de metodologias a fim de poder caracterizar
final de ciclo, frio, etc.) na produção algo- as variedades rapidamente, sem a neces-
doeira. As principais medidas para mitigar sidade de se utilizar análises AFIS e desca-
os efeitos das variabilidades climáticas são: roçamento de alta rotação.
5. Referências bibliográficas

Consultar o “Manual de qualidade da fibra da AMPA”. Jean Louis Belot (Edt Técnico). AMPA,
Cuiabá-MT. 2018. 343 pp.
REALIZAÇÃO

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