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Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
20 pag.
Cultura do Algodoeiro
Cultura do Algodoeiro
Origem e Histórico
O algodoeiro já era conhecido 8 mil anos A. C. e tecidos de algodão eram
encontrados na Índia 3 mil anos A. C. A Índia é tida como centro de origem do
algodoeiro, apesar de outras espécies originadas em outras regiões (múmias íncas eram
envolvidas em algodão). O algodoeiro americano teria tido sua origem no México e no
Peru. Foi constatado o cultivo dessa planta pelos indígenas (que transformavam o
algodão em fios e tecidos) na época do descobrimento do Brasil.
Histórico no Brasil
Em 1576, relatos informavam que as camas dos índios eram redes de fios de
algodão. Os indígenas também usavam o caroço esmagado e cozido para fazer mingau
e com o sumo das folhas curavam feridas. Os primeiros colonos chegados ao Brasil, logo
passaram a cultivar e utilizar o algodão nativo. Os jesuítas do padre Anchieta
introduziram e desenvolveram a cultura do algodão (confecção de suas roupas e vestir
os índios). Nessa época o algodão tinha pequena expressão no comércio mundial. A lã e
o linho dominavam como tecidos. A cultura era feita em pequenas “roças” em volta das
habitações, e o artesanato têxtil era trabalho de mulheres (índias e escravas). Foi só
pelos meados do século XVIII com a revolução industrial, que o algodão foi
transformado na principal fibra têxtil e no mais importante produto das Américas.
No Brasil, o Maranhão foi o primeiro grande produtor (em 1760 exportava 130
sacas de algodão para a Europa e em 1830 chegou a 78.300 sacas). Todo o Nordeste se
tornou a grande região algodoeira dos país. No século XIX os EUA surgiu como o
grande produtor. A produção brasileira entrou em rápida decadência (outras culturas
concorriam com a do algodão. O café monopolizava, em SP, a atenção dos agricultores).
Histórico no Brasil. Porém, com a Guerra Civil nos EUA (1860), diminui a exportação à
Europa, ocasionando novo surto algodoeiro no Brasil (durou + ou -10 anos). Este surto
contribuiu para fundamentar o progresso da cotonicultura brasileira, especialmente em
São Paulo. O algodão herbáceo(anual) foi introduzido no País(antes só se cultivava o
arbóreo) e pela primeira vez, SP se destaca como produtor desta fibra. Porém, com a
restauração da produção dos EUA, a cultura em SP regrediu consideravelmente, mas
não se extinguiu. Somente durante a I Guerra Mundial, que coincidiu com a geada de
1918 que devastou os cafezais, o algodão teve outro surto em SP, que atingiu a
produção recorde de 50 mil toneladas de plumas. A indústria têxtil também já tomava
vulto e o aproveitamento industrial do caroço de algodão começou a se desenvolver.
No início do século XX, desperta o interesse da pesquisa agronômica (a cultura
ficava importante e o atraso tecnológico era grande). Em 1918 houve no Rio de Janeiro a
Conferência do Algodão. Em 1924 começam os trabalhos de melhoramento genético e
de experimentação relativa à técnica do cultivo algodoeiro. A crise do café de 1929
abalou profundamente a economia brasileira, especialmente em SP. O algodão
substituiu o café. Nos anos 30 SP se firmou como grande produtor ao lado do Paraná.
Os agricultores puderam contar com sementes selecionadas e, de 1934 em diante,toda a
lavoura de SP era de variedades paulistas. A boa qualidades das fibras aumentam a
exportação até chegar ao clímax em 1944, com 463.000 toneladas. Surto de pragas
associada ao clima derruba a cultura. Diminui a área em SP e a produtividade passa a
ser mais importante. No Brasil, desde que passou a ter importância econômica, o algodão
sempre figurou entre as atividades que trazem divisas para o País. Mesmo não cultivado
de modo generalizado em todo o território, até 1980, estava classificado entre as 7
primeiras culturas de maior valor da produção.
Referências
http://criareplantar.com.br/agricultura/algodao/algodao.php?tipoConteudo=texto&idConte
udo=1211
Importância Econômica
Atualmente cerca de 81 países cultivam o algodoeiro, economicamente, liderados
pela China, E.U.A. Índia, entre outros. Por sua grande resistência à seca constitui-se em
uma das poucas opções para cultivo em regiões semi-áridas (fixa o homem ao campo,
gera emprego e renda no meio rural e meio urbano). É atividade de grande importância
social e econômica.
Morfologia da planta
Caule
O algodoeiro é uma planta ereta, anual ou perene. A raiz principal cônica, pivotante,
profunda, e com pequeno número de raízes secundárias grossas e superficiais. O caule
herbáceo ou lenhoso, tem altura variável e é dotado de ramos vegetativos (4 a 5
intraxilares, na parte de baixo), e ramos frutíferos (extraxilares, na parte superior).
As folhas são pecioladas, geralmente cordiformes, de consistência coriácea ou
não e inteiras ou recortadas (3 a 9 lóbulos).
As flores são hermafroditas, axilares, isoladas ou não, cor creme nas recém-
abertas (que passa a rósea e purpúreo) com ou sem mancha purpúrea na base interna.
Ellas se abrem a cada 3-6 dias entre 9-10 horas da manhã.
Fibra/Fio de Algodão:
Fecundada a flor do algodoeiro a fibra de algodão desenvolve-se na epiderme
(parede mais externa) da semente. Cada fibra é formada por uma célula simples dessa
epiderme que se alonga (1mm./dia) até o seu tamanho final (segundo a cultivar e as
condições edafoclimáticas). Cada semente (G. hirsutum) pode conter de 7.000g. a 15.000
fibras individuais. O crescimento pode variar de 50 a 75 dias (da fecundação à abertura
das maçãs). Da sua superfície à parte mais interna a fibra pode conter cêras, gomas,
óleos, cutícula, celulose, proteínas, glicose, ácidos málico, cítrico, outros. Para produzir o
fio de algodão a fibra deve apresentar comprimento necessário, uniformidade, resistência,
finura, pureza (limpeza).
Comprimento: fibras inferiores (abaixo de 22mm.), fibras curtas (22-28mm.), fibras médias
(28-34mm.), e fibras longas (acima de 34mm.).
O G. hirsutum produz fibras médias e curtas e o G. barbadense fibras médias e
longas
Semeadura - Emergência
Objetivo a atingir: Estabelecer um estande adequado no mínimo tempo possível.
Cuidados no manejo: Usar sementes de boa qualidade; Semear na época indicada (com
temperatura e umidade adequadas); Uniformidade na profundidade das sementes.
A semente é ovalada, um tanto ponteaguda, de coloração castanho escuro. Possui
um tegumento que envolve o embrião e dois cotilédones dobrados. A epiderme do
tegumento é coberta com as fibras. O embrião possui a radícula, o hipocótilo e um
pequeno epicótilo. As sementes atingem seu tamanho máximo cerca de 3 semanas após
a fertilização, mas não ficam maduras antes da abertura das maçãs (capulhos).
A velocidade de emergência depende fundamentalmente da temperatura,
normalmente de 5 a 10 dias.
Embebição da semente: se o solo não estiver muito seco, a temperatura tem maior
efeito na velocidade de embebição que a própria água. Pode provocar desuniformidade
na emergência (devido ao diferente vigor das sementes). Emissão da radícula: também
depende muito da temperatura. Independente da umidade o tempo diminui com o
aumento da temperatura sendo mais rápido a 32°C. Crescimento do hipocótilo: também
depende da temperatura mas sofre influência muito grande da umidade do solo.Ex: a –10
bar e semeado a 5 cm de profundidade não haverá emergência (comprimento
máximo do hipocótilo = 3,0 cm) .Temperaturas médias < 21 °C ou > 34 °C não ocorre
emergência da planta. Sementes mais vigorosas vencem o stress e o estande fica
desuniforme.
1ª flor ao 1° capulho
Objetivo a atingir: Fixação do maior número possível de maçãs.
Cuidados no manejo: Maximizar o controle de pragas e doenças; Acompanhamento da
queda de estruturas reprodutivas e do crescimento da planta em altura.
Diversos eventos ocorrem com grande intensidade na planta. Competição entre
crescimento vegetativo e reprodutivo se acentua. Planta continua a crescer linearmente. É
atingida a altura máxima e a máxima interseção de luz (fechamento da copa). Nesta fase
uma folha tem vida média de 65 dias. O pico da fotossíntese ocorre 20 dias após a
abertura das folhas. A máxima fotossíntese da folha ocorre quando o fruto está no início
de seu desenvolvimento, o que pode limitar o fluxo de carboidratos para o fruto,
principalmente quando existe mais de 1 fruto por ramo. Isto explica porque os frutos na
primeira posição do ramo são mais desenvolvidos que os demais. A necessidade de água
passa de 4 mm para mais de 8 mm/dia. (acompanha o desenvolvimento da área foliar) No
total precisa de 700 mm em todo o ciclo. No Brasil quanto mais água = mais nuvens =
menos luz = acaba não permitindo altas produtividades. Nesse caso a falta de luz é mais
limitante que a própria disponibilidade de água.
QUEDA DAS ESTRUTURAS REPRODUTIVAS: A queda ou abcissão de botões florais, e
de maçãs jovens é fenômeno natural no algodão (condições adversas: tempo nublado,
temp. muito alta ou baixa, def. Nutrientes, crescimento vegetativo, acentuam a queda).
Até 60% de queda é normal. A queda é regulada pelo balanço entre açucares no tecido e
teor de etileno. Qualquer fator que resulte em queda da fotossíntese, ou aumento no
gasto metabólico, resultará em queda de estruturas reprodutivas. A planta é muito
sensível à falta de luminosidade. A altura máxima da planta não deve ultrapassar 1,5
vezes o espaçamento da cultura (evitar o autosombreamento excessivo) Altas
temperaturas abalam o equilíbrio entre o crescimento vegetativo e o crescimento
reprodutivo, em favor do vegetativo. Plantas muito vigorosas, com rápido crescimento
podem significar plantas pouco produtivas.Temperaturas acima de 30ºC diminuem a
fotossíntese e aumentam a fotorespiração o que diminui a fotossíntese líquida. Nesta fase
algumas maçãs já estão na maturação. Na segunda metade da fase, qualquer estresse
que diminua a fotossíntese, além do prejuízo da queda causa aumento na % de fibras
imaturas.
1° capulho à colheita
Objetivo a atingir: Consolidar a produção; Preparar uma colheita rápida e limpa.
Cuidados no manejo: Acompanhamento da maturação das maçãs; Aplicação de
maturadores e/ou desfolhantes.
A fase final começa com a abertura do 1º capulho e termina com a aplicação de
desfolhantes e/ou maturadores. Dura de 4 a 6 semanas, dependendo da produtividade,
do suprimento de água, nutrientes e da temperatura. A maturação das maçãs depende
fundamentalmente da temperatura.
•Temperaturas de 30ºC = 40 dias para maçãs maduras.
•Temperaturas de 26ºC = 50 dias para maçãs maduras.
•Temperaturas de 23ºC = 60 dias para maçãs maduras.
Temperaturas mais baixas favorecem a formação de maçãs mais pesadas.
A atividade do sistema radicular está em declínio. A fotossíntese é diminuída. O principal
processo na planta é a translocação. Estresse causa prejuízo na qualidade da fibra.
Baixas temperaturas poderão resultar em muitas fibras imaturas e má abertura dos
capulhos. A exigência em água cai rapidamente. O ideal após a abertura dos capulhos é
não chover mais, para preservar a qualidade das fibras. O microclima muito úmido
apodrece os capulhos e maçãs da parte inferior da planta, justamente as mais
desenvolvidas.
Fibras
Cada fibra tem origem de uma extensão de uma única célula da epiderme. Já são
visíveis como uma protuberância das células epidermais, desde a antese. A fibra possui 2
fases de desenvolvimento: Elongação e Engrossamento. Atingem o comprimento máximo
aos 25 dias após fertilização, com uma taxa de crescimento máxima aos 10-15 dias. O
engrossamento começa aos 16 dias e continua até que a maçã esteja madura, e ocorre
por deposição sucessiva de camadas de celulose de maneira espiralada ao redor do
miolo da fibra. O grau de engrossamento e o ângulo da espiral afeta a resistencia e
maturidade das fibras. Com a abertura das maçãs a fibra ainda é uma célula viva, mas se
desidrata rápidamente ficando trançada. Além das fibras longas a maiorias das cultivares
comerciais (menos a G. barbadense) possuem fibras muito curtas, brancas ou coloridas,
tipo uma penugem na semente, chamada de “linter”.
A qualidade da fibra passa pelos fatores: Comprimento; Maturidade; Resistência e
Finura. A qualidade é fator genético da cultivar, mas sofre influencia das condições do
clima e do manejo. Ex: As maçãs que maturam no final do ciclo, quando as temperaturas
são mais baixas, requerem um período maior para se desenvolver e normalmente
produzem menos fibras e de baixa qualidade.
O algodoeiro, por ser uma planta de crescimento indeterminado, possui uma das
mais complexas morfologias entre as plantas cultivadas. Ademais, as diversas cultivares
de algodoeiro apresentam diferentes ciclos, ou seja, podem ser precoces ou tardias
(algumas fecham seu ciclo produtivo em 130 dias, enquanto outras podem fazê-lo em
mais de 170 dias). Essas características impossibilitavam a confecção de uma escala
única para todas as condições de plantio ao redor do mundo. Uma escala de
desenvolvimento do algodoeiro foi gerada no IAPAR. A Escala do Algodão. começa a ser
difundida junto às universidades e aos órgãos de assistência técnica e de extensão rural,
para utilização no manejo da cultura, sem custo para o produtor. O trabalho tem o mérito
de unificar e universalizar a linguagem para identificação de cada uma das fases do
algodoeiro.
Implantação da lavoura
Clima : O algodoeiro é uma planta de clima tropical; algumas cultivares podem
desenvolver-se em regiões de temperatura amena. A planta também se desenvolve em
regiões semi-áridas.
Água : Exige umidade no solo para germinação da semente, para o início do
desenvolvimento e para o período que vai da formação dos primeiros botões florais ao
início da abertura dos frutos (35 a 120 dias do ciclo de vida); O déficit hídrico e o excesso
de umidade no período compreendido entre 60 e 100 dias após a emergência (DAE),
podem induzir a queda das estruturas frutíferas e comprometer a produção, pois
aproximadamente, 80% das estruturas responsáveis pela produção do algodoeiro são
Cultivares
As principais características exigidas pelos produtores de algodoeiro, para uma
cultivar a ser utilizada nos cerrados são: produtividade elevada (200 a 300 arrobas/ha);
alto rendimento de fibras (38 a 41%); ciclo normal a longo (150 a 180 dias de ciclo);
características tecnológicas modernas medidas em HVI (high volume instrument)
incluindo: finura de 3,9 a 4,2 I.M ; resistência acima de 28 gf/tex ; maturidade acima de
82% ; teor de fibras curtas inferior a 7% ; comprimento de fibras acima de 28,5 mm ;
número de neps na fibra inferior a 250 ; fiabilidade acima de 2.200 ; alongamento em
torno de 7% . As características extrínsecas devem ser correspondentes aos tipos 4,5 a
6,0 com refletância (Rd) acima de 70% e grau de amarelecimento (+b) menor que 10,0 e
com índice de caramelização ou açúcar inferior a 0,40%. São exigidas também:
resistência múltipla às principais doenças causadas por vírus (doença azul , vermelhão e
mosaico comum), bactérias (bacteriose ou mancha angular), fungos (ramulose, mancha
branca, causada por ramulária areola, pintas pretas causadas por Alternaria ou
stemphylium, fusariose, verticilose, cercosporiose, antarcnose, tombamento, podridão das
maçãs) e nematóides das galhas e reniforme. A resistência a pragas sugadoras e
transmissoras de viroses como pulgões e mosca branca é altamente desejável.
As cultivares devem apresentar boas respostas a aplicação de insumos modernos,
incluindo fertilizantes químicos, inseticidas, herbicidas, fungicidas, reguladores de
crescimento e desfolhantes. É exigida boa adaptação a colheita mecanizada, devendo as
plantas apresentarem a inserção do primeiro ramo frutífero acima de 20 cm do solo; porte
ereto, mesmo quando fixarem todo seu potencial produtivo; capulhos bem aderidos as
cápsulas e que não caiam mesmo após fortes chuvas e ventos. Devem ser tolerantes aos
veranicos prolongados, que ocorrem normalmente nos cerrados de Goiás, Bahia,
Maranhão e Piauí; devendo apresentar sistema radicular vigoroso e profundo; possuírem
alta capacidade de fixação de capulhos nas plantas, inclusive até nos ponteiros; e
suportarem espaçamentos estreitos e altas densidades de plantas/metro linear de sulco.
Ciclo Precoce:
EMBRAPA - BRS Araçá;
EPAMIG- EPAMIG PRECOCE 1(Região de Guanambi);
Ciclo Médio:
BAYER- Sicala 40;
COODETEC - CD 406, CD 407, CD 408;
D&PL- NuOPAL, Delta Opal, Delta Penta, Sure Grow 821;
EMBRAPA- BRS Rubi, BRS Safira, BRS Verde, BRS 187, BRS 200, BRS 201;
EPAMIG - EPMG Redenção;
SYNGENTA- Makina;
Ciclo Tardio:
BAYER - FiberMax 977, FM 993;
EMBRAPA -BRS Camaçari, BRS Acácia, BRS Aroeira, BRS Cedro, BRS Ipê, BRS
Jatobá,BRS Sucupira, CNPA ITA 90;
D&PL- Acala 90, DP 90 B;
COODETEC- CD 409;
SYNGENTA - Fabrika, INTASP 41368.
Pragas do algodoeiro
As pragas constituem-se um dos fatores limitantes para sua exploração, caso não
sejam tomadas medidas eficientes de controle. Dentre as pragas que atacam o algodão
cultivado no cerrado, destacam-se As brocas (Eutinobothrus brasiliensis e Conotrachellus
denieri),. lagarta rosca (Agrotis spp.), os pulgões (Aphis gossypii e Myzus persicae), tripes
(Frankliniella spp.) o percevejo de renda (Gargaphia torresi), o curuquerê (Alabama
argillacea) o bicudo (Anthonomus grandis) a lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) as
lagartas do gênero Spodoptera (S.frugiperda e S. eridania) a lagarta rosada (Pectinophora
gossypiella) os ácaros (Tetranychus urticae e Polyphagotarsonemus latus), os
percevejos (Horcias nobilellus e Dysdercus spp.) a mosca branca (Bemisia tabaci).
Doenças do Algodoeiro
Principais doenças do algodoeiro no cerrado. Tombamento, Ramulose, Mancha
angular, Mancha branca ou mancha de ramulária, Manchas de alternária e estefilium,
Murcha de fusarium, Doença Azul.
Doença Azul: É uma doença de natureza virótica cujo agente causal ainda não foi
descrito, caracteriza-se por induzir o encurtamento dos entrenós, o que acarreta redução
do porte das plantas. As folhas apresentam palidez das nervuras, curvatura das bordas
para baixo e rugosidade. A doença tem como vetor o pulgão Aphis gossypii. Os sintomas
desenvolvem-se ente nove e 28 dias após a inoculação. O controle da doença é feito
com cultivares resistentes e com o controle do vetor através da pulverização com
inseticidas. As principais cultivares resistentes são: BRS Aroeira e BRS Sucupira. As
cultivares BRS Ipê e CNPA Ita 90 apresentam suscetibilidade a esta virose.
COLHEITA
Por exigir atenção constante ao longo do seu desenvolvimento (mão-de-obra e
capital) maiores cuidados com o algodoeiro devem ser alocados à colheita e
armazenamento. Como a destinação principal do algodão é a indústria têxtil a qualidade
da fibra é de fundamental importância e também depende da colheita.
A qualidade final da semente e da fibra do algodoeiro depende da tecnologia de
pré-colheita, colheita e pós-colheita. Os métodos empregados nas duas últimas fases são
fundamentais para a qualidade; deles também depende o tempo de armazenamento,
importante fator no que se refere à comercialização do produto.
A ocorrência de sujeira – notadamente fios de sisal, ráfia, náilon e plásticos, penas
de aves (já no armazenamento) - contamina o algodão, deprecia sua qualidade e induz
mau conceito junto a consumidores. O algodão deve ser colhido em sacos de algodão; no
ato da colheita separar o algodão mais limpo do produto sujo. A colheita, iniciada em até
130 dias de ciclo, pode ser manual ou mecânica.
Colheita manual: Própria para algodoais em áreas pequenas com exploração quase
familiar. Deve-se evitar o que se chama "rapa" isto é, colheita misturando o algodão
baixeiro com o algodão do ponteiro da planta o que produz tipos 6 e 7 (inferiores). Um
apanhador (colhedor) pode colher 3 a 6 arrobas/dia. A colheita deve ser iniciada quando
60% dos capulhos estiverem abertos. Deve-se conscientizar os apanhadores acerca da
importância da colheita. A medida que o algodão é colhido deve ser entregue à usinas de
beneficiamento (evita-se riscos de incêndio, fermentação, contaminação). Existem alguns
cuidados que devem ser observados na colheita manual tais como:
–iniciar a colheita quando 60% dos capulhos estiverem abertos, realizando quantas
colheitas forem viáveis;
–evitar colher capulhos com carimãs, plantas daninhas, maçãs verdes e outros produtos
estranhos;
–não usar sacaria e amarrações de plásticos, juta e sisal, dentre outros, para evitar
contaminação por materiais como polipropileno.
Na colheita manual, se bem conduzida, o produto pode atingir os tipos 4 e 4/5 (de
ótima qualidade), que não exige muita pré-limpeza nem limpeza após o beneficiamento e
alcança melhor cotação no mercado.
Beneficiamento do algodão
O beneficiamento do algodão é feito nas Algodoeiras, é a etapa prévia para a sua
industrialização e consiste na separação da fibra das sementes por processos mecânicos,
com mínima depreciação das qualidades intrínsecas da fibra e a obtenção de um bom tipo
de algodão, de maneira a atender às exigências da indústria têxtil e de fiação.
O processo se inicia com a pesagem do fardão que, posteriormente, passa por um
equipamento denominado vulgarmente de Piranha ou Ricardão, que tem a função de
desmanchá-lo através de eixos batedores de pinos que abrem, desempelotam e limpam
parte do algodão, conduzindo-o a uma esteira que o levará à sucção de alimentação da
usina.
Em outras algodoeiras que não dispõe de desmanchadores, o processo de
alimentação é realizado por meio de tubos telescópio que atuam sobre os fardões ou
gaiolas promovendo alimentação da usina de beneficiamento via sucção.
Em algodoeiras equipadas com aferidores eletrônicos é possível determinar a
umidade do algodão e proceder a secagem ou umidificação conforme o caso, para
melhorar as operações de limpeza e descaroçamento, garantindo melhor qualidade final
da fibra.
O processo de separação da fibra da semente é realizado por descaroçadores de
serras circulares que são apresentados em diferentes modelos, número de serras,
capacidade de trabalho e fabricantes.
Através de processos eletrônicos é possível regular o peso médio dos fardos a
serem compactados e amarrados ao final do processo além da retirada automática de
amostras para analise no HVI (high volume instruments).