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Apostila Cultura do Algodoeiro

Agronomia
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
20 pag.

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Cultura do Algodoeiro

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Cultura do Algodoeiro
Origem e Histórico
O algodoeiro já era conhecido 8 mil anos A. C. e tecidos de algodão eram
encontrados na Índia 3 mil anos A. C. A Índia é tida como centro de origem do
algodoeiro, apesar de outras espécies originadas em outras regiões (múmias íncas eram
envolvidas em algodão). O algodoeiro americano teria tido sua origem no México e no
Peru. Foi constatado o cultivo dessa planta pelos indígenas (que transformavam o
algodão em fios e tecidos) na época do descobrimento do Brasil.

Histórico no Brasil
Em 1576, relatos informavam que as camas dos índios eram redes de fios de
algodão. Os indígenas também usavam o caroço esmagado e cozido para fazer mingau
e com o sumo das folhas curavam feridas. Os primeiros colonos chegados ao Brasil, logo
passaram a cultivar e utilizar o algodão nativo. Os jesuítas do padre Anchieta
introduziram e desenvolveram a cultura do algodão (confecção de suas roupas e vestir
os índios). Nessa época o algodão tinha pequena expressão no comércio mundial. A lã e
o linho dominavam como tecidos. A cultura era feita em pequenas “roças” em volta das
habitações, e o artesanato têxtil era trabalho de mulheres (índias e escravas). Foi só
pelos meados do século XVIII com a revolução industrial, que o algodão foi
transformado na principal fibra têxtil e no mais importante produto das Américas.
No Brasil, o Maranhão foi o primeiro grande produtor (em 1760 exportava 130
sacas de algodão para a Europa e em 1830 chegou a 78.300 sacas). Todo o Nordeste se
tornou a grande região algodoeira dos país. No século XIX os EUA surgiu como o
grande produtor. A produção brasileira entrou em rápida decadência (outras culturas
concorriam com a do algodão. O café monopolizava, em SP, a atenção dos agricultores).
Histórico no Brasil. Porém, com a Guerra Civil nos EUA (1860), diminui a exportação à
Europa, ocasionando novo surto algodoeiro no Brasil (durou + ou -10 anos). Este surto
contribuiu para fundamentar o progresso da cotonicultura brasileira, especialmente em
São Paulo. O algodão herbáceo(anual) foi introduzido no País(antes só se cultivava o
arbóreo) e pela primeira vez, SP se destaca como produtor desta fibra. Porém, com a
restauração da produção dos EUA, a cultura em SP regrediu consideravelmente, mas
não se extinguiu. Somente durante a I Guerra Mundial, que coincidiu com a geada de
1918 que devastou os cafezais, o algodão teve outro surto em SP, que atingiu a
produção recorde de 50 mil toneladas de plumas. A indústria têxtil também já tomava
vulto e o aproveitamento industrial do caroço de algodão começou a se desenvolver.
No início do século XX, desperta o interesse da pesquisa agronômica (a cultura
ficava importante e o atraso tecnológico era grande). Em 1918 houve no Rio de Janeiro a
Conferência do Algodão. Em 1924 começam os trabalhos de melhoramento genético e
de experimentação relativa à técnica do cultivo algodoeiro. A crise do café de 1929
abalou profundamente a economia brasileira, especialmente em SP. O algodão
substituiu o café. Nos anos 30 SP se firmou como grande produtor ao lado do Paraná.
Os agricultores puderam contar com sementes selecionadas e, de 1934 em diante,toda a
lavoura de SP era de variedades paulistas. A boa qualidades das fibras aumentam a
exportação até chegar ao clímax em 1944, com 463.000 toneladas. Surto de pragas
associada ao clima derruba a cultura. Diminui a área em SP e a produtividade passa a
ser mais importante. No Brasil, desde que passou a ter importância econômica, o algodão
sempre figurou entre as atividades que trazem divisas para o País. Mesmo não cultivado
de modo generalizado em todo o território, até 1980, estava classificado entre as 7
primeiras culturas de maior valor da produção.

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Referências
http://criareplantar.com.br/agricultura/algodao/algodao.php?tipoConteudo=texto&idConte
udo=1211

Importância Econômica
Atualmente cerca de 81 países cultivam o algodoeiro, economicamente, liderados
pela China, E.U.A. Índia, entre outros. Por sua grande resistência à seca constitui-se em
uma das poucas opções para cultivo em regiões semi-áridas (fixa o homem ao campo,
gera emprego e renda no meio rural e meio urbano). É atividade de grande importância
social e econômica.

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Posição atual Cultura do Algodão


A área cultivada com a cultura do algodão no País totalizou 1,09 milhão de
hectares, superior em 27,2% (232,5 mil hectares) à da safra anterior, incremento motivado
pelos baixos preços da soja e do milho na fase de implantação, ocasionando a migração
para a cultura da fibra.
As regiões Centro-Oeste e Nordeste participam com 93% da produção do País,
com destaques para os estados de Mato Grosso e Bahia, principais produtores nacionais,
onde a área foi acrescida em 50% e 19% respectivamente. Já nos estados de São Paulo
e Paraná, o algodão cedeu espaço para a cana-de-açúcar.
Posição atual Cultura do Algodão
A produção brasileira de algodão em caroço deverá atingir 3,75 milhões de
toneladas, volume 37,6% superior ao registrado na safra 2005/06. Dessa quantidade,
38,9% (1,46 milhão de toneladas) será de pluma e 61,1% (2,29 milhões de toneladas) de
caroço.

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A colheita já foi concluída no Paraná e São Paulo. No Estado do Mato Grosso, a


colheita teve inicio em maio, com final previsto para o mês de agosto. No Sul do Estado
ocorreu veranico nos meses de janeiro e fevereiro, período em que a cultura encontrava-
se em floração e frutificação. No Oeste da Bahia, líder na produção do Estado, as
condições climáticas favoreceram a cultura em todo o seu ciclo. A colheita encontra-se na
fase inicial.
Posição atual Cultura do Algodão
Em termos de Brasil, a pesquisa está indicando que após a colheita, a
produtividade média será de 3.443 kg/ha contra 3.181 kg/ha obtidos na temporada
passada.
A nova safra recorde gerará um estoque final de 443 mil toneladas apesar do
aumento considerável das exportações brasileiras que deverão chegar ao patamar de 470
mil toneladas.
Do algodoeiro quase tudo é aproveitado notadamente o caroço (65% do peso da
produção) e a fibra, (35% do peso da produção). O caroço (semente) é rico em óleo
(18-25%) e contém 20-25% de proteína bruta; O óleo extraído da semente é refinado e
destinado à alimentação humana e fabricação de margarina e sabões. Os restos de
cultura – caule, folhas maçãs, capulhos – são utilizados na alimentação de animais em
geral. O bagaço (farelo ou torta), sub produto da extração do óleo, é destinado a
alimentação animal (bovinos, aves, suínos) devido ao seu alto valor protéico (40-45% de
proteína bruta). A fibra, principal produto do algodoeiro, tem mais de 400 aplicações
industriais, entre as quais:
confecção de fios para tecelagem (tecidos variados),
algodão hidrófilo para enfermagem,
confecção de feltro de cobertores,
de estofamentos,
obtenção de celulose, entre outros. .
Hoje 90% do comércio é de fibras tamanho médio.
A semente, utilizada para multiplicar a planta, deve apresentar um mínimo de 65%
de germinação e mínimo de 96% de pureza. O peso de 100 sementes varia de 10 a 14g.
http://www.conab.gov.br/download/safra/safra20032004Lev04.pdf
http://www.conab.gov.br/download/indicadores/0504-Algodao-Amendoim.pdf
http://www.conab.gov.br/download/safra/CustoVeraoResumo30Jan2004.pdf

Morfologia da planta
Caule
O algodoeiro é uma planta ereta, anual ou perene. A raiz principal cônica, pivotante,
profunda, e com pequeno número de raízes secundárias grossas e superficiais. O caule
herbáceo ou lenhoso, tem altura variável e é dotado de ramos vegetativos (4 a 5
intraxilares, na parte de baixo), e ramos frutíferos (extraxilares, na parte superior).
As folhas são pecioladas, geralmente cordiformes, de consistência coriácea ou
não e inteiras ou recortadas (3 a 9 lóbulos).
As flores são hermafroditas, axilares, isoladas ou não, cor creme nas recém-
abertas (que passa a rósea e purpúreo) com ou sem mancha purpúrea na base interna.
Ellas se abrem a cada 3-6 dias entre 9-10 horas da manhã.

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Os frutos (chamados "maçãs" quando verdes e "capulhos" pós abertura) são


capsulas de deiscência (abertura) longitudinal, com 3 a 5 lojas cada uma, encerrando 6 a
10 sementes.
As sementes são revestidas de pêlos mais ou menos longos, de cor variável,
(creme, branco, avermelhado, azul ou verde) que são fibras (os de maior comprimento) e
linter (os de menor comprimento e não são retirados pela máquina beneficiadora – o
Mocó não mostra linter).

Fibra/Fio de Algodão:
Fecundada a flor do algodoeiro a fibra de algodão desenvolve-se na epiderme
(parede mais externa) da semente. Cada fibra é formada por uma célula simples dessa
epiderme que se alonga (1mm./dia) até o seu tamanho final (segundo a cultivar e as
condições edafoclimáticas). Cada semente (G. hirsutum) pode conter de 7.000g. a 15.000
fibras individuais. O crescimento pode variar de 50 a 75 dias (da fecundação à abertura
das maçãs). Da sua superfície à parte mais interna a fibra pode conter cêras, gomas,
óleos, cutícula, celulose, proteínas, glicose, ácidos málico, cítrico, outros. Para produzir o
fio de algodão a fibra deve apresentar comprimento necessário, uniformidade, resistência,
finura, pureza (limpeza).
Comprimento: fibras inferiores (abaixo de 22mm.), fibras curtas (22-28mm.), fibras médias
(28-34mm.), e fibras longas (acima de 34mm.).
O G. hirsutum produz fibras médias e curtas e o G. barbadense fibras médias e
longas

Crescimento, Desenvolvimento Ecofisiologia e manejo da cultura


Taxonomia
Família Malvaceae
Gênero Gossypium (possui 39 espécies)
Espécies cultivadas - diplóides - (algodoeiro do Velho Mundo)
Gossypium arboreum (Índia, Paquistão, China, Tailândia)
Gossypium lerbaceum (alguma área apenas na Índia)
Representam 4% da área mundial.
Espécies cultivadas - tetraplóides - (algodoeiro do Novo Mundo)
Gossypium barbadense (algodão egípcio, Pima) fibra longa de alta qualidade. É cultivado
no Egito, Sudão, Peru, EUA, Europa Oriental. 5% da área mundial.
Gossypium hirsutum Cultivado em todos os países produtores. 90% da área mundial.

Ecofisiologia e manejo do algodoeiro


Introdução:
Durante a maior parte do ciclo da planta do algodão o crescimento vegetativo e o
reprodutivo (aparecimento das gemas produtivas, florescimento, crescimento e maturação
dos frutos) ocorrem ao mesmo tempo. Os eventos precisam ocorrer de modo balanceado,
devido a forte competição interna pelos carboidratos da fotossíntese, para que se atinja
uma boa produção final. Exemplo de desequilíbrio: Excessiva queda de estruturas
reprodutivas ocasiona um crescimento vegetativo exagerado o que aumenta o auto
sombreamento que causa maior queda de estruturas reprodutivas.
A temperatura influencia fortemente o crescimento e o desenvolvimento da planta,
tendo sido determinada a exigência em temperaturas para cada fase (OOSTERHUIS,
1992).

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Apesar de ocorrerem concomitantemente pode-se dividir o ciclo (para fins de


manejo e didático) nas seguintes fases:
a)Semeadura emergência
b)Emergência ao aparecimento do 1° botão floral
c)do 1° botão floral ao aparecimento da 1ª flor
d)da 1ª flor ao 1° capulho (abertura)
e)1° capulho à colheita

Semeadura - Emergência
Objetivo a atingir: Estabelecer um estande adequado no mínimo tempo possível.
Cuidados no manejo: Usar sementes de boa qualidade; Semear na época indicada (com
temperatura e umidade adequadas); Uniformidade na profundidade das sementes.
A semente é ovalada, um tanto ponteaguda, de coloração castanho escuro. Possui
um tegumento que envolve o embrião e dois cotilédones dobrados. A epiderme do
tegumento é coberta com as fibras. O embrião possui a radícula, o hipocótilo e um
pequeno epicótilo. As sementes atingem seu tamanho máximo cerca de 3 semanas após
a fertilização, mas não ficam maduras antes da abertura das maçãs (capulhos).
A velocidade de emergência depende fundamentalmente da temperatura,
normalmente de 5 a 10 dias.
Embebição da semente: se o solo não estiver muito seco, a temperatura tem maior
efeito na velocidade de embebição que a própria água. Pode provocar desuniformidade
na emergência (devido ao diferente vigor das sementes). Emissão da radícula: também
depende muito da temperatura. Independente da umidade o tempo diminui com o
aumento da temperatura sendo mais rápido a 32°C. Crescimento do hipocótilo: também
depende da temperatura mas sofre influência muito grande da umidade do solo.Ex: a –10
bar e semeado a 5 cm de profundidade não haverá emergência (comprimento
máximo do hipocótilo = 3,0 cm) .Temperaturas médias < 21 °C ou > 34 °C não ocorre
emergência da planta. Sementes mais vigorosas vencem o stress e o estande fica
desuniforme.

Emergência ao 1° botão floral


Objetivo a atingir: Estabelecer um bom sistema radicular e plantas vigorosas.
Cuidados no manejo: Semear na época indicada (com temperatura e umidade
adequadas); Uniformidade na profundidade das sementes; Boa correção e fertilização do
solo; Evitar camadas compactadas.
A fase pode durar de 27 a 38 dias (conf. temp.). Parte aérea cresce lentamente mas a raíz
cresce vigorosamente. Após a 3ª semana após a emergência o crescimento fica muito
sensível à variação da temp. Temp. diurna ótima = 30°C; Temp. noturna ótima = 22°C. A
raíz pivotante atinge 25 cm ou mais na abertura dos cotilédones. Nessa fase a raíz cresce
1,2 a 5 cm/dia. Qdo a parte aérea atige 35 cm de altura a raíz atinge 90 cm de
profundidade. Numerosas raízes laterais aparecem, mas relativamente superficiais. A raíz
cresce até a planta atingir a altura máxima e os frutos começarem a se formar. A relação
parte aérea/raíz é igual a 0,35 aos 12 dias após semeadura e cai para 0,15 aos 80 dias.
Desenvolvem-se nós e entrenós, podendo haver início do crescimento de 1 ou mais
ramos vegetativos. A planta possui 2 tipos de ramos , Reprodutivos e Vegetativos. Em
cada nó se desenvolve um ramo reprodutivo (muitos ramos vegetativos não são
desejados). Os primeiros 4 a 5 nós da haste principal são vegetativos e suas folhas têm
curta duração. O 1º botão floral deve aparecer entre o 5º e 6º nó.

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1° botão floral à 1ª flor


Objetivo a atingir. Obter uma planta com maior número possível de nós, providenciando
espaço para que haja florescimento e produção.
Cuidados no manejo: As mesmas das fases anteriores além de:Bom acompanhamento
do desenvolvimento; Bom controle de pragas iniciais.
Nesta fase acentua-se o crescimento em altura e a acumulação de MS pala planta
que entra na fase linear de crescimento. A fase leva de 25 a 35 dias (conf. Temp.). Com
uma temp. média de 22ºC a 25ºC a planta inicia a produção de 1 novo ramo simpodial
(frutífero) na haste principal a cada 3 dias. Quando surge a 1ª flor as plantas devem ter
de 14 a 16 nós na haste principal, acima do nó cotiledonar. Estima-se que a cada 3 dias
deve aparecer um botão floral em ramos sucessivos, e a cada 6 dias deve aparecer um
botão floral no mesmo ramo. (varia em função da posição na planta e da temp.). Nesta
fase o crescimento vegetativo é fundamental para gerar um grande número de posições
frutíferas. Por ocasião da primeira flor branca, uma planta com bom potencial de produção
deve ter de 9 –10 nós acima dela. Exigência de água passa de menos de 1 mm/dia para
quase 4 mm/dia. Falta de água: planta menor do que deveria, menos posições para flores
e maçãs. Seca: planta estaciona o desenvolvimento, mas se recupera se não for longa.

1ª flor ao 1° capulho
Objetivo a atingir: Fixação do maior número possível de maçãs.
Cuidados no manejo: Maximizar o controle de pragas e doenças; Acompanhamento da
queda de estruturas reprodutivas e do crescimento da planta em altura.
Diversos eventos ocorrem com grande intensidade na planta. Competição entre
crescimento vegetativo e reprodutivo se acentua. Planta continua a crescer linearmente. É
atingida a altura máxima e a máxima interseção de luz (fechamento da copa). Nesta fase
uma folha tem vida média de 65 dias. O pico da fotossíntese ocorre 20 dias após a
abertura das folhas. A máxima fotossíntese da folha ocorre quando o fruto está no início
de seu desenvolvimento, o que pode limitar o fluxo de carboidratos para o fruto,
principalmente quando existe mais de 1 fruto por ramo. Isto explica porque os frutos na
primeira posição do ramo são mais desenvolvidos que os demais. A necessidade de água
passa de 4 mm para mais de 8 mm/dia. (acompanha o desenvolvimento da área foliar) No
total precisa de 700 mm em todo o ciclo. No Brasil quanto mais água = mais nuvens =
menos luz = acaba não permitindo altas produtividades. Nesse caso a falta de luz é mais
limitante que a própria disponibilidade de água.
QUEDA DAS ESTRUTURAS REPRODUTIVAS: A queda ou abcissão de botões florais, e
de maçãs jovens é fenômeno natural no algodão (condições adversas: tempo nublado,
temp. muito alta ou baixa, def. Nutrientes, crescimento vegetativo, acentuam a queda).
Até 60% de queda é normal. A queda é regulada pelo balanço entre açucares no tecido e
teor de etileno. Qualquer fator que resulte em queda da fotossíntese, ou aumento no
gasto metabólico, resultará em queda de estruturas reprodutivas. A planta é muito
sensível à falta de luminosidade. A altura máxima da planta não deve ultrapassar 1,5
vezes o espaçamento da cultura (evitar o autosombreamento excessivo) Altas
temperaturas abalam o equilíbrio entre o crescimento vegetativo e o crescimento
reprodutivo, em favor do vegetativo. Plantas muito vigorosas, com rápido crescimento
podem significar plantas pouco produtivas.Temperaturas acima de 30ºC diminuem a
fotossíntese e aumentam a fotorespiração o que diminui a fotossíntese líquida. Nesta fase
algumas maçãs já estão na maturação. Na segunda metade da fase, qualquer estresse
que diminua a fotossíntese, além do prejuízo da queda causa aumento na % de fibras
imaturas.

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1° capulho à colheita
Objetivo a atingir: Consolidar a produção; Preparar uma colheita rápida e limpa.
Cuidados no manejo: Acompanhamento da maturação das maçãs; Aplicação de
maturadores e/ou desfolhantes.
A fase final começa com a abertura do 1º capulho e termina com a aplicação de
desfolhantes e/ou maturadores. Dura de 4 a 6 semanas, dependendo da produtividade,
do suprimento de água, nutrientes e da temperatura. A maturação das maçãs depende
fundamentalmente da temperatura.
•Temperaturas de 30ºC = 40 dias para maçãs maduras.
•Temperaturas de 26ºC = 50 dias para maçãs maduras.
•Temperaturas de 23ºC = 60 dias para maçãs maduras.
Temperaturas mais baixas favorecem a formação de maçãs mais pesadas.
A atividade do sistema radicular está em declínio. A fotossíntese é diminuída. O principal
processo na planta é a translocação. Estresse causa prejuízo na qualidade da fibra.
Baixas temperaturas poderão resultar em muitas fibras imaturas e má abertura dos
capulhos. A exigência em água cai rapidamente. O ideal após a abertura dos capulhos é
não chover mais, para preservar a qualidade das fibras. O microclima muito úmido
apodrece os capulhos e maçãs da parte inferior da planta, justamente as mais
desenvolvidas.

Fibras
Cada fibra tem origem de uma extensão de uma única célula da epiderme. Já são
visíveis como uma protuberância das células epidermais, desde a antese. A fibra possui 2
fases de desenvolvimento: Elongação e Engrossamento. Atingem o comprimento máximo
aos 25 dias após fertilização, com uma taxa de crescimento máxima aos 10-15 dias. O
engrossamento começa aos 16 dias e continua até que a maçã esteja madura, e ocorre
por deposição sucessiva de camadas de celulose de maneira espiralada ao redor do
miolo da fibra. O grau de engrossamento e o ângulo da espiral afeta a resistencia e
maturidade das fibras. Com a abertura das maçãs a fibra ainda é uma célula viva, mas se
desidrata rápidamente ficando trançada. Além das fibras longas a maiorias das cultivares
comerciais (menos a G. barbadense) possuem fibras muito curtas, brancas ou coloridas,
tipo uma penugem na semente, chamada de “linter”.
A qualidade da fibra passa pelos fatores: Comprimento; Maturidade; Resistência e
Finura. A qualidade é fator genético da cultivar, mas sofre influencia das condições do
clima e do manejo. Ex: As maçãs que maturam no final do ciclo, quando as temperaturas
são mais baixas, requerem um período maior para se desenvolver e normalmente
produzem menos fibras e de baixa qualidade.

Escala de desenvolvimento da cultura

O algodoeiro, por ser uma planta de crescimento indeterminado, possui uma das
mais complexas morfologias entre as plantas cultivadas. Ademais, as diversas cultivares
de algodoeiro apresentam diferentes ciclos, ou seja, podem ser precoces ou tardias
(algumas fecham seu ciclo produtivo em 130 dias, enquanto outras podem fazê-lo em
mais de 170 dias). Essas características impossibilitavam a confecção de uma escala
única para todas as condições de plantio ao redor do mundo. Uma escala de
desenvolvimento do algodoeiro foi gerada no IAPAR. A Escala do Algodão. começa a ser
difundida junto às universidades e aos órgãos de assistência técnica e de extensão rural,

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para utilização no manejo da cultura, sem custo para o produtor. O trabalho tem o mérito
de unificar e universalizar a linguagem para identificação de cada uma das fases do
algodoeiro.

DESCRIÇÃO DA ESCALA DO ALGODÃO


Os estádios de crescimento e desenvolvimento serão caracterizados basicamente
em função de suas fases fenológicas, ou seja: vegetativa (V), formação de botões florais
(B), abertura da flor (F) e abertura do capulho (C).
No período vegetativo, entre a emergência da plântula e até que a primeira folha
verdadeira tenha 2,5 cm de comprimento, o estádio será V0. A partir do limite anterior e
até que a segunda folha verdadeira tenha 2,5 cm de comprimento, o estádio será V1.
Sucessivamente, aplicando o mesmo critério, a planta avançará para os estádios V2, V3,
V4, V5, etc. Nesta fase, considera-se folha verdadeira expandida quando o seu
comprimento for maior que 2,5 cm.
No início da fase reprodutiva, ou seja, quando o primeiro botão floral estiver visível,
o estádio passa a ser B1 Quando o primeiro botão floral do terceiro ramo reprodutivo
estiver visível, a planta estará no estádio B3. Neste momento, estará sendo formado,
também, o segundo botão floral no primeiro ramo frutífero. Sucessivamente, à medida que
o primeiro botão floral de um novo ramo frutífero estiver visível, o estádio passará a ser
Bn. A indicação B não será mais utilizada a partir do momento em que o primeiro botão
floral do primeiro ramo frutífero transformar-se em flor. A partir de então, o estádio de
desenvolvimento passará a ser F1 .
O estádio de desenvolvimento será F3 na abertura da primeira flor do terceiro
ramo frutífero. Nota-se nessa fase, também, a abertura da flor na segunda estrutura do
primeiro ramo frutífero. Sucessivamente, à medida que ocorrer a abertura da primeira flor
do ramo frutífero de número n, o estádio passará a ser F
Quando a primeira bola do primeiro ramo transformar-se em capulho o estádio de
desenvolvimento passará a ser C1. Sucessivamente, o estádio será Cn à medida que
ocorrer a abertura da primeira bola do ramo frutífero de número n. Em certas ocasiões,
antes da abertura do primeiro capulho, pode ocorrer um curto período em que flores
abertas não sejam observadas. Em tais casos, o estádio de desenvolvimento deve ser
caracterizado como FC, que significa o período entre a última flor (F) e o primeiro capulho
(C).
Para a determinação do estádio de desenvolvimento predominante das plantas de
um experimento, sugere-se que sejam observadas no mínimo 20 plantas, tomadas ao
acaso e distantes entre si. No caso de uma lavoura, usar o mesmo procedimento para
cada hectare de área plantada. Assim, a definição final do estádio de desenvolvimento da
população de plantas será dada por aquele estádio que ocorreu com a maior freqüência
na amostragem.

Implantação da lavoura
Clima : O algodoeiro é uma planta de clima tropical; algumas cultivares podem
desenvolver-se em regiões de temperatura amena. A planta também se desenvolve em
regiões semi-áridas.
Água : Exige umidade no solo para germinação da semente, para o início do
desenvolvimento e para o período que vai da formação dos primeiros botões florais ao
início da abertura dos frutos (35 a 120 dias do ciclo de vida); O déficit hídrico e o excesso
de umidade no período compreendido entre 60 e 100 dias após a emergência (DAE),
podem induzir a queda das estruturas frutíferas e comprometer a produção, pois
aproximadamente, 80% das estruturas responsáveis pela produção do algodoeiro são

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emitidas neste período. Encharcamento do solo, em qualquer fase da planta, provoca


avermelhamento, perda de frutos e redução da produção.
Clima: Insolação (luminosidade) é importante para a planta na maior parte do ciclo (150 a
180 dias). Muito calor + muita luminosidade + regular umidade no solo são
imprescindíveis para desenvolvimento / produção do algodoeiro.
Chuvas: precipitações anuais entre 500 mm e 1500 mm distribuídas ao longo do ciclo; a
partir de 130 dias deve existir tempo relativamente seco para abertura dos frutos e boa
qualidade do algodão.
Tempertura: A média mensal de temperatura deve estar acima de 20ºC e abaixo de
30ºC (25ºC como um possível ótimo) umidade relativa do ar em 70% e insolação em
2.500 horas luz/ano (em torno de 6,5 horas/dia como mínimo).
Solos: Devem ser profundos (2m ou acima) porosos, bem drenados, textura média, ricos
em elementos minerais e pH entre 5,5 e 6,5. O terreno deve apresentar declividade
abaixo de 10% e não deve estar acima de 1.500m de altitude. Deve-se evitar plantios em
terrenos arenosos (por fácil erosão, por baixa retenção de água e nutrientes), em solos
recém desmatados, nos sujeitos a encharcamento, e naqueles com lençol de água
superficial. A planta do algodoeiro é extremamente exigente em oxigênio no solo o que
reforça a necessidade de solos profundos e porosos para o seu cultivo.
Nutrição da Planta :
Nitrogênio: (N): é aquele que o algodoeiro retira em maior proporção do solo. Promove o
desenvolvimento da planta, inclusive na floração, no comprimento/resistência da fibra.
Sua deficiência é mostrada por pequeno número de folhas na planta, amarelamento
(clorose) notadamente de folhas velhas, plantas com porte reduzido.
Fósforo (P2O5): concentra-se nas folhas e frutos principalmente; é responsável por boa
polinização, por frutificação, maturação e abertura dos frutos e formação/crescimento de
raízes. Sua deficiência atrasa o desenvolvimento, reduz frutificação, folhas escuras, fibras
com baixa qualidade e manchas ferruginosas nos bordos da folha.
Potássio (K2O): o potássio participa direta ou indiretamente na fotossíntese e respiração,
no transporte de alimentos na planta. Aumenta tamanho das maçãs, peso do capulho e
das sementes e promove qualidade das fibras do algodão. Clorose entre as nervuras das
folhas do "baixeiro" (que evolui a bronzeamento) é sinal de deficiência de potássio.
Cálcio (CaO): bastante exigido pelo algodoeiro; é importante para a utilização do N pela
planta, para crescimento e germinação da semente. Murchamento de folhas com
curvatura e colapso dos pecíolos mostram a deficiência de cálcio.
Magnésio (MgO): é pouco exigido pela planta; sua deficiência é mostrada por
amarelecimento entre as nervuras que evolui para vermelho púrpura (folhas mais velhas),
o que indica deficiência de magnésio.
Enxofre (S): é requerido continuadamente pelo algodoeiro; é importante para
aparecimento/desenvolvimento dos botões florais.
Como micronutrientes importantes destacam-se: boro (para flor, frutos), manganês (folhas
do ponteiro), zinco (folhas novas), molibdênio, ferro, cloro, cobre.
Calagem (correção do solo): Caso haja necessidade de uso de calcário aplicar metade
da dose antes da aração e a segunda metade antes da 1ª gradagem. Se o teor de
magnésio estiver acima de 1,0 meq./100cm3 não há necessidade de usar calcários
magnesianos ou dolomíticos.
Adubação: O nitrogênio deve ser fornecido ao algodoeiro na ocasião do plantio e
fracionado (2-3 vezes) em cobertura até 40 dias após emergência. A planta requer mais o
fósforo entre 30 e 50 dias, o potássio entre 30 e 50 dias e em torno de 90 dias, o
magnésio a partir de 35 dias, o enxofre em torno de 50 dias e 80 dias após a emergência.
A adubação deve seguir as recomendações da análise de solos; Ela é feita no plantio e
em coberturas – (1/3 dos 25 aos 30 dias e 2/3 aos 45 dias pós emergência). A adubação

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de base deve ser colocada a 5cm. de profundidade e ao lado da semente; a adubação de


cobertura é aplicada a uma distância de 15 a 25cm. da planta e incorporada ao solo
(cultivador). 4,5 – 10 Kg/ha de bórax, 20-24 Kg/ha de sulfato de zinco aplicados ao sulco
de plantio devem suprir as necessidades do algodoeiro em boro e zinco ao longo do ciclo.
O superfosfato simples e sulfato de amônio ou potássio suprem as necessidades de
enxofre.

Cultivo do Algodoeiro Herbáceo


O algodoeiro deve ser cultivado como parte de um programa sistemático de
rotação de culturas, em glebas apropriadas para lavouras anuais, visando obter
rendimentos elevados com um mínimo de agressão ao meio ambiente.
Preparo do Solo: A eliminação dos restos de cultura do algodoeiro deve ser feita o mais
cedo possível após a safra (arranquio e destruição com arado/grade, enxadeco
arrancador ou roçadeira) para, antes de tudo, reduzir a incidência de pragas na cultura
seguinte. Palhada de outras lavouras devem ser deixadas sobre o solo na entre safra.
Deve-se evitar ao máximo o uso da grade aradora pesada na movimentação do solo;
deve-se optar pelo uso inicial da grade leve (para triturar ervas/restos de cultura) e
seguido de aração (preferentemente com arado de aiveca). Essa ação visa conservar o
solo, permitir maior infiltração de água no solo e facilitar o controle de ervas daninhas.
Uma ou duas gradagens podem se seguir ( a 2ª próximo ao plantio).
Semeadura : A semeadura do algodoeiro no cerrado está relacionada ao grau de
incidência de pragas, doenças e a possibilidade de colheita em período seco. Geralmente,
as melhores épocas de plantio coincidem com o início do período chuvoso. Para
algodoeiro cultivado em regime de sequeiro, recomenda-se que a época de plantio não se
prolongue além de um mês. A falta de uniformidade poderá acarretar problemas com
pragas, particularmente com lagarta rosada, bicudo e percevejos, com reflexos no
rendimento.
Semeadura- época: Para a região de cerrado,( Bahia, Goiás e Minas Gerais) o plantio
no mês de novembro tem dado melhores resultados. Nos chapadões de Goiás esta
época pode ser ampliada até final de dezembro, a exemplo do vizinho Estado do Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul onde a melhor época de semeadura tem sido durante o
mês de dezembro.
No método de plantio manual usa-se enxada e plantadeiras manuais (tico-tico ou
matraca); o espaçamento de plantio é 80cm entre fileiras e 20cm entre covas com
colocação de 4-5 sementes/cova a 5cm de profundidade.
O espaçamento adequado é aquele em que as folhas das plantas devem cobrir
toda a superfície entre fileira na época do máximo florescimento, sem haver
entrelaçamentos entre elas. Como regra prática, sugere-se como espaçamento ideal,
aquele correspondente a 2/3 da altura das plantas.
Os componentes de produção como número de capulhos por planta, peso de
capulho e peso de 100 sementes, têm os seus valores reduzidos com o aumento da
população de plantas.
A produção do algodão em caroço é mais influenciada pelo espaçamento entre
fileiras e as características tecnológicas da fibra, pela densidade. Há tendência de
redução do espaçamento entre fileiras e aumento da densidade de plantas. Mas, os
resultados mostram que, nem sempre a produtividade é maior com uma alta população.
Semeadura mecanizada: Espaçamento de 80cm entre fileiras. A semeadora deve deixar
cair 15 a 25 sementes por metro de linha de plantio, a uma profundidade de 5 a 6cm.
A relação entre a produção de algodão e a população de plantas depende das
condições edafoclimáticas nas quais a cultura se desenvolve. Assim, embora a redução
do espaçamento entre fileiras possa reduzir os custos de produção sem alterar

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significativamente a produção de fibra, a qualidade desta pode ser sensivelmente


deteriorada. Para as condições do cerrado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
considerando-se as cultivares atualmente em uso, a população de plantas deve estar
entre 80.000 a 120.000 plantas/ha. O espaçamento entre fileiras deve ser de 0,80 a 0,90,
com 8 a 12 plantas/m.2
Rotação de Culturas: Tendo em vista o controle da erosão, a diminuição da
compactação do solo, o controle de pragas entre outras, sugere-se uma rotação de
cultura composta de leguminosa – algodão – milho ou feijão – algodão – milho.
Tratos Culturais: Desbate (raleamento): O raleamento (diminuição do número de plantas
no algodoal) deve ser realizado aos 20-30 dias após emergência ou quando as plantas
atingirem 15-20cm de altura; a operação a ser realizada com solo úmido, deve deixar 2
plantas vigorosas por cova ou 10 plantas por metro de linha de plantio. Isto torna o
espaçamento 80cm x 10cm, o que proporciona população de 125 mil plantas por hectare.
Controle de plantas daninhas: A lavoura do algodoeiro não deve sofrer concorrência de
invasoras notadamente nos primeiros 60 dias após a emergência (período crítico de
competição existe dos 15 aos 56 dias de vida). O controle cultural pode ser feito pelo uso
de sementes sem impurezas, época certa de plantio, número de plantas por hectare,
preparo adequado de solo, rotação de culturas, outros.O controle mecânico – capina – é
feito manualmente com enxada (homem) ou cultivador (tração animal ou tratorizada),
tendo-se o cuidado de não se cultivar a mais de 3cm. de profundidade no solo. O controle
químico – capina química – é feita através de herbicidas. A aplicação do herbicida pode
ser feita antes do plantio (em pré-plantio ou PPI), antes da emergência (em pré-
emergência ou PRE) e após a emergência do algodoeiro (em pós-plantio ou POS); nos
dois primeiros casos o solo deve estar úmido. Apesar da aplicação do herbicida o controle
de invasoras pode requerer complementação com capina mecânica.
Reguladores de Crescimento/Desfolhantes/Maturadores: Fim de ciclo, plantas acima de
1,5m de altura, algodoal bem fechado dificulta uma série de ações na cultura (colheita
mecanizada, controle de pragas) além de determinar sombreamento das partes mais
baixas da planta, apodrecimento de maçãs, entre outras. Para evitar tais problemas
recomenda-se a aplicação de reguladores de crescimento – tais como cloreto de
chlormequat e cloreto de mepiquat, na dose de 0,5 a 1,0l./hectare – quando o algodoeiro,
na floração (50 a 70 dias), ultrapassar a 1,0m de altura com 8 a 10 flores abrindo por 10m
de linha de fileira.
Os desfolhantes podem ser específicos (produzem queda da folha antes dela
secar) e herbicidas (causam morte da folha que permanece ligada à planta). Os
desfolhantes etephon, dimethipin thidiazuron, outros devem ser aplicados quando 60 a
70% dos capulhos já estiverem abertos e sua ação dá-se em 8 a 15 dias. A desfolha
apressa a maturação do fruto e abertura dos capulhos o que facilita a colheita, dá-lhe
maior rendimento com produto mais limpo e facilita o controle de pragas.Plantas que
foram desfolhadas devem ser colhidas de imediato. Em grandes áreas o desfolhante é
aplicado de modo escalonado. O dessecante (glifosate, paraquat) provoca o secamento
da folha sem sua queda, o que resulta em produtos colhidos com alto grau de impureza.
Os maturadores (etephon + cyclanilide) devem ser aplicados quando 90% dos
capulhos estiverem abertos. O alvo único é o fruto, acelerando sua maturação e abertura.
A mistura maturadora pode conter entre 720 a 1200g. de ethephon + 90 a 150g. de
cyclanilide.

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Cultivares
As principais características exigidas pelos produtores de algodoeiro, para uma
cultivar a ser utilizada nos cerrados são: produtividade elevada (200 a 300 arrobas/ha);
alto rendimento de fibras (38 a 41%); ciclo normal a longo (150 a 180 dias de ciclo);
características tecnológicas modernas medidas em HVI (high volume instrument)
incluindo: finura de 3,9 a 4,2 I.M ; resistência acima de 28 gf/tex ; maturidade acima de
82% ; teor de fibras curtas inferior a 7% ; comprimento de fibras acima de 28,5 mm ;
número de neps na fibra inferior a 250 ; fiabilidade acima de 2.200 ; alongamento em
torno de 7% . As características extrínsecas devem ser correspondentes aos tipos 4,5 a
6,0 com refletância (Rd) acima de 70% e grau de amarelecimento (+b) menor que 10,0 e
com índice de caramelização ou açúcar inferior a 0,40%. São exigidas também:
resistência múltipla às principais doenças causadas por vírus (doença azul , vermelhão e
mosaico comum), bactérias (bacteriose ou mancha angular), fungos (ramulose, mancha
branca, causada por ramulária areola, pintas pretas causadas por Alternaria ou
stemphylium, fusariose, verticilose, cercosporiose, antarcnose, tombamento, podridão das
maçãs) e nematóides das galhas e reniforme. A resistência a pragas sugadoras e
transmissoras de viroses como pulgões e mosca branca é altamente desejável.
As cultivares devem apresentar boas respostas a aplicação de insumos modernos,
incluindo fertilizantes químicos, inseticidas, herbicidas, fungicidas, reguladores de
crescimento e desfolhantes. É exigida boa adaptação a colheita mecanizada, devendo as
plantas apresentarem a inserção do primeiro ramo frutífero acima de 20 cm do solo; porte
ereto, mesmo quando fixarem todo seu potencial produtivo; capulhos bem aderidos as
cápsulas e que não caiam mesmo após fortes chuvas e ventos. Devem ser tolerantes aos
veranicos prolongados, que ocorrem normalmente nos cerrados de Goiás, Bahia,
Maranhão e Piauí; devendo apresentar sistema radicular vigoroso e profundo; possuírem
alta capacidade de fixação de capulhos nas plantas, inclusive até nos ponteiros; e
suportarem espaçamentos estreitos e altas densidades de plantas/metro linear de sulco.

CULTIVARES INDICADAS PELOS OBTENTORES/MANTENEDORES(2007/07)

Ciclo Precoce:
EMBRAPA - BRS Araçá;
EPAMIG- EPAMIG PRECOCE 1(Região de Guanambi);

Ciclo Médio:
BAYER- Sicala 40;
COODETEC - CD 406, CD 407, CD 408;
D&PL- NuOPAL, Delta Opal, Delta Penta, Sure Grow 821;
EMBRAPA- BRS Rubi, BRS Safira, BRS Verde, BRS 187, BRS 200, BRS 201;
EPAMIG - EPMG Redenção;
SYNGENTA- Makina;

Ciclo Tardio:
BAYER - FiberMax 977, FM 993;
EMBRAPA -BRS Camaçari, BRS Acácia, BRS Aroeira, BRS Cedro, BRS Ipê, BRS
Jatobá,BRS Sucupira, CNPA ITA 90;
D&PL- Acala 90, DP 90 B;
COODETEC- CD 409;
SYNGENTA - Fabrika, INTASP 41368.

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Pragas do algodoeiro

As pragas constituem-se um dos fatores limitantes para sua exploração, caso não
sejam tomadas medidas eficientes de controle. Dentre as pragas que atacam o algodão
cultivado no cerrado, destacam-se As brocas (Eutinobothrus brasiliensis e Conotrachellus
denieri),. lagarta rosca (Agrotis spp.), os pulgões (Aphis gossypii e Myzus persicae), tripes
(Frankliniella spp.) o percevejo de renda (Gargaphia torresi), o curuquerê (Alabama
argillacea) o bicudo (Anthonomus grandis) a lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) as
lagartas do gênero Spodoptera (S.frugiperda e S. eridania) a lagarta rosada (Pectinophora
gossypiella) os ácaros (Tetranychus urticae e Polyphagotarsonemus latus), os
percevejos (Horcias nobilellus e Dysdercus spp.) a mosca branca (Bemisia tabaci).

Sistema de Manejo Integrado de Pragas – MIP


Para o controle de pragas a Embrapa preconiza o uso do MIP, o qual é constituído
de várias estratégias de controle. Todavia o sucesso no emprego dessas estratégias
dependem da utilização de métodos de amostragens, para determinação dos níveis de
controle das pragas e da ação dos inimigos naturais, visando otimizar o emprego de
inseticidas.
Amostragem de pragas:Geralmente, as amostragens deverão ser feitas em intervalo de
cinco dias, tomando-se aleatoriamente 100 plantas em talhões com até 100 ha, área
homogênea, através do caminhamento em ziguezague, dentro da cultura de tal maneira
que se observem plantas que estejam bem distribuídas na cultura.
Para amostrar o curuquerê em cada planta deve-se examinar a terceira folha,
contada a
No caso do bicudo, deve-se observar um botão floral de tamanho médio, tomado
aleatoriamente, na metade superior da planta, a fim de se verificar a presença ou não de
orifícios de oviposição e\ou alimentação. As amostragens visando o bicudo, deverão ser
feitas a partir do surgimento dos primeiros botões florais até o aparecimento do primeiro
capulho na cultura.
Estratégias de controle: O manejo integrado de pragas tem como base fundamental a
integração de várias estratégias de controle de pragas, tais como: manipulação de
cultivar, controle cultural (plantio, conservação do solo e adubação, densidade de plantio,
catação de botões florais e maçãs caídas no solo, destruição dos restos de cultura e
rotação de cultura), controle climático, controle biológico, controle químico.
Manipulação de cultivar e plantio
Sugere-se a utilização de cultivares produtivas de algodão de ciclo curto
resistentes a virose e uniformidade da época de plantio, sempre que possível, em áreas e
períodos comprovadamente com menor incidência de pragas, visando quebrar a sincronia
entre a fonte alimentar da praga e sua ocorrência, além de possibilitar a antecipação da
colheita e, conseqüentemente, a destruição precoce dos restos de cultura.
Conservação do solo e adubação: A utilização correta do solo, baseada em
recomendações técnicas de preparo e adubação, constitui-se em ferramenta
indispensável para manutenção da sua fertilidade e estrutura, contribuindo diretamente
para a formação de plantas vigorosas e, portanto, menos vulneráveis ao ataque de
pragas.
Densidade de plantio :A densidade de plantio deverá ser constituída de tal maneira que se
evite o adensamento excessivo da cultura, facilitando a penetração dos raios solares e o
deslocamento de gotas da calda do inseticida até o alvo biológico.
Controle climático :

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Nas regiões brasileiras cujas condições edafoclimáticas são caracterizadas por


insolação excessiva, tem exercido um papel preponderante na redução populacional de
pragas. A insolação aumenta a taxa de evaporação da água presente no solo e nos
insetos, funcionando como fator limitante para a sua sobrevivência, principalmente da
broca e do bicudo.
Controle Biológico
Sugere-se efetuar, uma vez por semana, liberações inundativas de 100.000 ovos
parasitados/ha, pela vespinha Trichogramma pretiosum no momento do aparecimento na
lavoura de lepidópteros-praga, como: curuquerê, lagartas do gênero Spodoptera spp.,
lagarta rosada e lagarta-das-maçãs. A liberação deverá ser feita com 15 cartões de 2 pol2
contendo ovos parasitados distribuídos em 15 pontos equidistantes entre si por ha.
Outra alternativa é efetuar pulverizações com o inseticida microbiológico a base de
Bacillus thuringiensis, na dosagem comercial de 8-16 e 16-32 g.i.a./ha, respectivamente,
quando o curuquerê e a lagarta-das-maçãs atingirem o nível de controle. Deve-se ter
bastante atenção para a presença de predadores (joaninhas, sirfídeos, bicho-lixeiro e
aranhas) e parasitóides (vespinha: Lysiphlebus testaceipes) do pulgão na lavoura,
obedecendo ao nível de ação desses inimigos naturais
Controle Químico
O controle químico das principais pragas do algodoeiro somente deverá ser
efetuado quando necessário, ou seja, quando a praga atingir o nível de controle (Tabela
1). Até o aparecimento das primeiras maçãs firmes (cerca de 70 dias), não devem ser
utilizados inseticidas piretróides. A escolha dos inseticidas químicos deverá levar em
consideração a eficácia, a seletividade, a toxicidade, o poder residual, o período de
carência, o método de aplicação, a formulação e o preço.
Destruição dos restos de cultura
Imediatamente após a colheita, deve-se proceder à destruição dos restos de
cultura, tais como: raízes, caules, botões florais, flores, maçãs, carimãs e capulhos não
colhidos, respectivamente, através do arranquio e/ou coleta, para destruição e
incorporação no solo. A destruição dos restos de cultura no final da safra visa quebrar o
ciclo biológico das pragas, através da eliminação dos sítios de proteção, alimentação e
reprodução.
Rotação de cultura
O cultivo alternado do algodoeiro com outras culturas, em sucessões repetidas,
adotando-se uma seqüência definida, além de contribuir para a redução de pragas
específicas associadas a uma delas, concorre favoravelmente para a melhoria das
condições físicas e químicas do solo.
MIP
O MIP baseia-se em amostragens periódicas na cultura. Assim, o cotonicultor
poderá decidir qual a estratégia correta que deverá ser aplicada para o controle de
determinada praga. O cotonicultor deve aprender a tolerar a presença de insetos na sua
lavoura, enquanto esses não atingirem o nível de controle. Lavouras de algodão de
diferentes idades, em uma mesma região, favorecem a sobrevivência e o surgimento
precoce de pragas, aumentando o custo de produção. A destruição de restos de cultura
na lavoura algodoeira é obrigatória por lei e seu descumprimento é crime. Para o
agricultor, a utilização do MIP resultará em economia nos custos de produção, melhoria
na sua qualidade de vida, garantia de que esta atividade agrícola permanecerá viável
economicamente por muito tempo, enquanto para a sociedade a garantia de preservação
da biodiversidade, dos mananciais hídricos (lençóis, poços, açudes e rios) e à certeza da
redução de resíduos nos subprodutos do algodão.

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Doenças do Algodoeiro
Principais doenças do algodoeiro no cerrado. Tombamento, Ramulose, Mancha
angular, Mancha branca ou mancha de ramulária, Manchas de alternária e estefilium,
Murcha de fusarium, Doença Azul.

Tombamento: É uma doença bastante comum e de ocorrência generalizada em todas as


áreas produtoras de algodão do cerrado, sobretudo aquelas onde são verificados maiores
índices pluviométricos, podendo causar sérios prejuízos ao estabelecimento da cultura,
em função, principalmente, dos efeitos sobre a redução do estande. Os sintomas de
tombamento podem ser observados logo após a emergência das plântulas, nas folhas
cotiledonares e primárias, as quais apresentam lesões irregulares de coloração pardo-
escura. Estas lesões também podem ser observadas no caule da plântula, na mesma
face de inserção da folha e imediatamente abaixo do coleto. Essas lesões, ao
circundarem todo o caule, induzem o tombamento e morte da plântula. Entre os
patógenos causadores de tombamento podem-se destacar os fungos dos gêneros
Colletotrichum, Fusarium, Pythium e Rhizoctonia, sendo este último o mais importante. O
controle da doença é feito por meio do tratamento de sementes.

Ramulose; Doença causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides é


caracterizada por ocasionar encurtamento dos internódios e superbrotamento da região
apical, dando aspecto de vassoura aos ramos terminais. É uma das mais importantes
doenças do algodoeiro, particularmente no cerrado. Alta pluviosidade e fertilidade do solo,
temperaturas entre 25º e 30ºC e umidade relativa do ar acima de 80% favorecem a ação
do fungo. O controle é realizado através do uso de cultivares resistentes: as principais
recomendadas pela Embrapa são: BRS Aroeira e BRS Sucupira.

Mancha angular: A mancha angular é causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis


pv. malvacearum e caracteriza-se por apresentar manchas foliares de formato anguloso,
delimitadas pelas nervuras. As manchas, de início oleosas adquirem posteriormente,
aspecto necrótico e apresentam coloração marrom ou parda-escura. As lesões também
podem se localizar ao longo das nervuras principais, formando uma zona necrótica
adjacente a estas; nos caules e ramos podem ser observadas lesões deprimidas, escuras
e alongadas, podendo atingir vários centímetros de comprimento no sentido longitudinal,
enquanto nas maçãs, lesões circulares inicialmente encharcadas de coloração verde
escuro, são formadas na parede do carpelo e posteriormente se tornam escuras e
causam a podridão das maçãs. O controle desta doença é feito unicamente com o uso de
cultivares resistentes. O controle químico com o uso de antibióticos é de elevado custo e
de eficiência duvidosa. As principais cultivares recomendadas para controle são: BRS
Aroeira, BRS Ipê e BRS Sucupira.

Mancha branca ou mancha de ramulária: Causada pelo fungo Ramularia areola,


caracteriza-se por apresentar manchas esbranquiçadas, de formato anguloso em ambas
as superfícies foliares; sob condições de alta umidade e ambientes sombreados,
sobretudo no terço inferior da planta pode afetar o algodoeiro ainda precoce e ocasionar
queda de folhas. Lesões com as mesmas características daquelas ocasionadas nas
folhas, podem ocorrer nas brácteas; não é comum sobre plântulas, em especial nos
cotilédones, porém quando ocorrem, os cotilédones se tornam cloróticos e avermelhados
e há queda de folhas. Não existem cultivares resistentes, porém existem algumas
tolerantes tais como a BRS Sucupira, BRS Ipê e BRS Aroeira. A Cultivar BRS Antares é

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altamente suscetível. O controle químico em cultivares suscetíveis deve se iniciar a partir


dos 40 dias após a emergência utilizando-se os fungicidas recomendados.

Manchas de alternária e estefilium : Causadas pelos fungos Alternaria sp e


Stemphylium solani. Caracterizam-se por apresentar manchas necróticas circulares no
início, evoluindo para manchas irregulares no caso de S solani e circulares com anéis
concêntricos quando ocasionadas por Alternaria sp. São cíclicas, não obedecendo um
padrão lógico de ocorrência a cada ano. As cultivares da Embrapa recomendadas para o
cerrado apresentam resistência a estas doenças. O controle químico pode ser feito
utilizando-se fungicidas estanhados.

Murcha de fusarium: Doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp.


vasinfectum . Os sintomas caracterizam-se pela murcha das folhas e ramos. Muitas
plantas jovens podem morrer em poucos dias após os primeiros sintomas externos serem
observados, comuns quando as plantas encontram-se com, aproximadamente seis
semanas de idade. Algumas plantas afetadas podem sobreviver à doença emitindo novas
brotações próximas ao solo mas, em geral, os ramos originados a partir desses novos
brotos não são produtivos. As plantas mortas perdem todas as suas folhas e as pequenas
brotações caem, permanecendo apenas o caule enegrecido. A maioria das plantas que
não morrem, sofrem severa redução de crescimento. Os sintomas internos caracterizam-
se pela descoloração dos feixes vasculares os quais sofrem bloqueio impedindo a livre
circulação de água e seiva bruta para a parte aérea, induzindo a murcha. A murcha de
fusarium é ainda mais severa quando ocorre associada com nematóides, especialmente
os do gênero Meloidogyne, Rotylenchus e Pratylenchus formando o que se convencionou
chamar de complexo fusarium-nematóide. O controle desta doença é feito somente
através de cultivares resistentes. A Embrapa recomenda o plantio da BRS Aroeira nas
áreas de cerrado, sobretudo de Goiás, onde a murcha de fusarium tem ocorrido.

Doença Azul: É uma doença de natureza virótica cujo agente causal ainda não foi
descrito, caracteriza-se por induzir o encurtamento dos entrenós, o que acarreta redução
do porte das plantas. As folhas apresentam palidez das nervuras, curvatura das bordas
para baixo e rugosidade. A doença tem como vetor o pulgão Aphis gossypii. Os sintomas
desenvolvem-se ente nove e 28 dias após a inoculação. O controle da doença é feito
com cultivares resistentes e com o controle do vetor através da pulverização com
inseticidas. As principais cultivares resistentes são: BRS Aroeira e BRS Sucupira. As
cultivares BRS Ipê e CNPA Ita 90 apresentam suscetibilidade a esta virose.

COLHEITA
Por exigir atenção constante ao longo do seu desenvolvimento (mão-de-obra e
capital) maiores cuidados com o algodoeiro devem ser alocados à colheita e
armazenamento. Como a destinação principal do algodão é a indústria têxtil a qualidade
da fibra é de fundamental importância e também depende da colheita.
A qualidade final da semente e da fibra do algodoeiro depende da tecnologia de
pré-colheita, colheita e pós-colheita. Os métodos empregados nas duas últimas fases são
fundamentais para a qualidade; deles também depende o tempo de armazenamento,
importante fator no que se refere à comercialização do produto.
A ocorrência de sujeira – notadamente fios de sisal, ráfia, náilon e plásticos, penas
de aves (já no armazenamento) - contamina o algodão, deprecia sua qualidade e induz

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mau conceito junto a consumidores. O algodão deve ser colhido em sacos de algodão; no
ato da colheita separar o algodão mais limpo do produto sujo. A colheita, iniciada em até
130 dias de ciclo, pode ser manual ou mecânica.
Colheita manual: Própria para algodoais em áreas pequenas com exploração quase
familiar. Deve-se evitar o que se chama "rapa" isto é, colheita misturando o algodão
baixeiro com o algodão do ponteiro da planta o que produz tipos 6 e 7 (inferiores). Um
apanhador (colhedor) pode colher 3 a 6 arrobas/dia. A colheita deve ser iniciada quando
60% dos capulhos estiverem abertos. Deve-se conscientizar os apanhadores acerca da
importância da colheita. A medida que o algodão é colhido deve ser entregue à usinas de
beneficiamento (evita-se riscos de incêndio, fermentação, contaminação). Existem alguns
cuidados que devem ser observados na colheita manual tais como:
–iniciar a colheita quando 60% dos capulhos estiverem abertos, realizando quantas
colheitas forem viáveis;
–evitar colher capulhos com carimãs, plantas daninhas, maçãs verdes e outros produtos
estranhos;
–não usar sacaria e amarrações de plásticos, juta e sisal, dentre outros, para evitar
contaminação por materiais como polipropileno.
Na colheita manual, se bem conduzida, o produto pode atingir os tipos 4 e 4/5 (de
ótima qualidade), que não exige muita pré-limpeza nem limpeza após o beneficiamento e
alcança melhor cotação no mercado.

Colheita mecânica: ( Colhedeiras do tipo Picker de 2 a 5 fileiras). De alto rendimento é de


menor custo que a manual; em lavouras bem conduzidas tecnicamente e com bom
rendimento um equipamento colhedor pode colher de 3 a 5ha/dia de trabalho (colhendo 2
filas). O algodão colhido (tipo 5) passa a tipo 4. Para a colheita mecânica a declividade
do terreno deve estar abaixo de 8%, não devem existir obstáculos no terreno, tocos,
pedras, buracos, ser adequada a cultivar, população de plantas, controle de ervas, entre
outros. O teor de umidade de 7 a 12% (colher em horas quentes do dia) , operadores
capacitados, a cultura deve estar no limpo, desfolhada e uniforme. Perdas admitidas em
até 10%. Velocidade de trabalho em 3,5 km/h. Rendimentos variam de 1.500kg a
2.500kg/ha em condições de sequeiro;Em trabalhos experimentais já se conseguiu
4.500kg/ha (Bahia) em condição de lavouras irrigadas. Caso haja necessidade de
armazenamento antes da comercialização o local deve estar seco, ventilado, limpo,
protegido da umidade e do fogo.

Pontos importantes para se obter o máximo desempenho da colheitadeira:


–Preparar e nivelar bem o terreno, que deve ser, de preferência, plano - não excedendo a
8% de declividade - isento de pedras, tocos e sulcos de erosão.
–Realizar a semeadura, de preferência em fileiras retas, proporcionando densidade
uniforme entre 10 a 12 plantas por metro linear;a semeadora adubadeira a ser utilizada
deverá ter o mesmo número de unidades colhedoras da máquina ou número múltiplo.
–A cultivar deve ser de estrutura compacta, com tamanho homogêneo de plantas e de
ciclo relativamente precoce, para proporcionar maturação uniforme por ocasião da
colheita.
–A adubação deve ser equilibrada, de acordo com as necessidades do solo e da planta,
com vistas a se obter ótimos desenvolvimento, maturação do cultivo e produtividade.
–O controle de ervas daninhas deverá ser cuidadoso e eficiente, em função das
dificuldades que elas impõem ao bom desempenho das colheitadeiras, além de depreciar
a qualidade da fibra.
–A aplicação de reguladores de crescimento é fundamental para se obter a altura ideal
das plantas que favorecerá o bom desempenho das colheitadeiras, esta altura pode variar

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entre 1,0 m e 1,30 m; entretanto, como o algodão tem hábito de crescimento


indeterminado, deve haver equilíbrio entre o crescimento (vegetativo e reprodutivo) e o
seu desenvolvimento, que é de natureza seqüencial.

Beneficiamento do algodão
O beneficiamento do algodão é feito nas Algodoeiras, é a etapa prévia para a sua
industrialização e consiste na separação da fibra das sementes por processos mecânicos,
com mínima depreciação das qualidades intrínsecas da fibra e a obtenção de um bom tipo
de algodão, de maneira a atender às exigências da indústria têxtil e de fiação.
O processo se inicia com a pesagem do fardão que, posteriormente, passa por um
equipamento denominado vulgarmente de Piranha ou Ricardão, que tem a função de
desmanchá-lo através de eixos batedores de pinos que abrem, desempelotam e limpam
parte do algodão, conduzindo-o a uma esteira que o levará à sucção de alimentação da
usina.
Em outras algodoeiras que não dispõe de desmanchadores, o processo de
alimentação é realizado por meio de tubos telescópio que atuam sobre os fardões ou
gaiolas promovendo alimentação da usina de beneficiamento via sucção.
Em algodoeiras equipadas com aferidores eletrônicos é possível determinar a
umidade do algodão e proceder a secagem ou umidificação conforme o caso, para
melhorar as operações de limpeza e descaroçamento, garantindo melhor qualidade final
da fibra.
O processo de separação da fibra da semente é realizado por descaroçadores de
serras circulares que são apresentados em diferentes modelos, número de serras,
capacidade de trabalho e fabricantes.
Através de processos eletrônicos é possível regular o peso médio dos fardos a
serem compactados e amarrados ao final do processo além da retirada automática de
amostras para analise no HVI (high volume instruments).

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