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CULTURA DO GIRASSOL

ORIGEM
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual originária da América do
Norte (ZOBIOLE et al., 2010). Pesquisas arqueológicas revelaram o seu uso por índios norte-
americanos, com pelo menos uma referência, indicando seu cultivo nos Estados do Arizona e
Novo México, por volta de 3.000 anos a.C.
O cultivo de girassol no Brasil iniciou no século XIX, na região Sul, provavelmente
trazido pelos colonizadores europeus que consumiam as sementes torradas e fabricavam uma
espécie de chá matinal. A primeira indicação de cultivo comercial data de 1902, em São
Paulo, quando uma Secretaria de Agricultura distribuiu sementes aos agricultores. Na década
de 30, sendo o girassol indicado como planta de muitas aptidões como produtora de silagem,
alimentação de aves, oleaginosa, entre outros. Os primeiros cultivos comerciais ocorreram no
Rio Grande do Sul, porém não obtiveram sucesso, pela falta de adaptação dos cultivares e
competição com a área de soja (SANTOS, 2014).

IMPORTÂNCIA
A cultura do girassol apresenta grande potencial econômico e mundial, sendo
cultivado em praticamente todos os continentes em aproximadamente 18 milhões de hectares,
possuindo como um de seus principais produtos o óleo de ótima qualidade retirada das
sementes, sobressaindo-se em relação às demais espécies oleaginosas potenciais quando
comparadas as suas características de ciclagem de nutrientes, baixo custo de produção e
qualidade nutricional (ROCHA et al., 2020). Dentre outros usos possíveis desta cultura,
recentemente, o conteúdo interno das hastes de girassol está sendo utilizado na composição de
aglomerados para indústria de móveis, e na construção civil no isolamento térmico e acústico
(DE OLIVEIRA et al., 2022).
O girassol possui inúmeras aplicações e, é considerada uma das plantas das quais se
torna possível explorar quase toda a sua totalidade, podendo ser utilizado na alimentação
humana e na produção de Biodiesel (SILVA et al. 2011).
A cultura do girassol é também uma excelente opção para silagem, sendo considerada
de qualidade igual ou superior a silagem de milho (OLIVEIRA et al., 2010). O principal
motivo que a torna superior às demais forrageiras é o seu bom valor nutricional, que no
momento certo do corte, possui carboidratos solúveis e matéria seca em proporções ideais
para que tenha uma boa fermentação, que segundo estudo realizado por Souza et al. (2018)
podem gerar 10,5% de proteína bruta (PB). Nesse sentido, o girassol pode ser considerado
uma excelente alternativa para produção de silagem, pelo fato de se desenvolver muito bem
em regiões de clima temperado, subtropical e tropical, possuindo maior tolerância a
deficiência hídrica e geada leve, quando comparado com o milho e o sorgo (EMBRAPA,
2017). Segundo a EMBRAPA (2017), a silagem de girassol apresenta como uma de suas
principais vantagens um bom teor de proteína e elevado valor energético, que podem ser 35%
superior ao do milho

GIRASSOL NO BRASIL
O cultivo de flores no Brasil é uma atividade agrícola que vem sendo incrementada
desde a década de trinta com o estabelecimento de imigrantes japoneses em São Paulo. A
situação nacional vem crescendo nos últimos anos, sendo um segmento promissor da
horticultura intensiva no campo do agronegócio nacional. Nos últimos anos, chegou-se a
cinco mil produtores de flores e plantas ornamentais, com cultivo de aproximadamente oito
mil e quinhentos hectares. Constituindo em uma importante opção para o produtor agrícola
em sistemas que envolvem rotação ou sucessão de culturas (SOARES et al., 2015), devido a
capacidade da ciclagem de nutrientes no solo, beneficiando o desenvolvimento e a melhoria
do estado nutricional das culturas subsequentes (SOARES et al., 2016).
Conforme a Embrapa (2017), a cultura do girassol é semeada no Centro-Oeste (Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás), Sudeste (Minas Gerais) e Sul (Rio Grande do Sul) do
Brasil. Mas as plantações têm sido mais comuns nas fazendas do Centro-Oeste e em Minas
Gerais, na região do Cerrado, que de alguns anos pra cá tem usado as flores pra rotação de
culturas e também par alimentar o gado durante o período de seca.
As plantações de girassol no Brasil, especialmente no Cerrado, florescem no período
da seca e entressafra, que começa no outono e continua até lá pelo meio do inverno – meses
de maio, junho e julho e alguns casos até em agosto. No hemisfério norte é o oposto: da
primavera para o verão e por isso a floração coincide de ser na mesma época que a dos nossos
(EMBRAPA 2017).

PRODUÇÃO
De acordo com dados da Conab (2022), têm-se uma estimativa de 37,4 mil toneladas
de girassol na safra 2022/23, sendo que o estado de Goiás se destaca como o maior produtor
dessa cultura no país. Há nível nacional, têm-se uma projeção de aumento da área cultivada de
42,3% em relação a safra anterior, alcançando uma marca de 26 mil hectares cultivados com a
cultura (CONAB, 2022). Na figura abaixo mostra os principais produtores do Brasil e sua
produção nacional.

UTILIZAÇÃO
O girassol é principalmente cultivado no mundo como fonte de óleo comestível, sendo
a terceira cultura anual com maior produção de óleo no mundo. Entre as culturas anuais, o
girassol é responsável por 16% da produção mundial de óleo, enquanto a soja atende por 46%
da produção. Por outro lado, considerando as principais culturas produtoras de óleo (culturas
anuais e perenes), o girassol responde por 9%, logo após a palma de óleo (dendê) com 35%, a
soja com 26% e a canola com 15% (EMBRAPA, 2023).
A Embrapa (2023), discorre sobre o óleo de girassol, que tem grande destaque por
suas excelentes características nutricionais e funcionais à dieta humana. Possui alta relação de
ácidos graxos poli-insaturados/saturados (65%/11%), em média, sendo que o teor de poli-
insaturados é constituído, em sua quase totalidade, pelo ácido graxo linoleico. Chamamos de
ácidos graxos essenciais aqueles que, contrariamente a todos os outros, não podem ser
sintetizados pelo organismo humano, por meio de vias metabólicas próprias. Estes ácidos
graxos, não produzidos pelo organismo, devem ser ingeridos por meio dos alimentos, e o
girassol produz em abundância. Recentemente, tem sido introduzido no mercado o girassol
rico em ácido graxo oleico (girassol alto oleico). A presença deste ácido graxo, além de trazer
os benefícios à saúde, confere ao óleo alto grau de estabilidade oxidativa, sendo bastante
procurado pela indústria de alimentos.
O girassol também pode ser fonte de proteínas para alimentação animal na forma de
farelo e até como silagem. Os farelos constituem importante fonte de proteína para a
alimentação animal, formados por aproximadamente 44% de proteína bruta, rico em ferro e
cálcio, vitaminas A e do complexo B com valor biológico elevado (60%), alto teor de
metionina e sulfurados, mas com menor conteúdo de lisina, comparado com a soja. Estudos
realizados no Brasil e demais países produtores de girassol têm demonstrado a eficiência
nutricional da torta de girassol na formulação de rações para nutrição animal (EMBRAPA,
2023).
Ainda conforme a Embrapa (2023), não podemos esquecer também do mercado de
grãos para alimentação de pássaros - para essa finalidade, o mercado prefere os grãos rajados
de preto e branco - e o mercado de grãos para confeitaria, para confecção de pães, bolos,
biscoitos, etc. ou para ser consumido torrado.
Além dessas vantagens diretas, existe a possibilidade de produção integrada de mel de
excelente qualidade, uma vez que a flor de girassol é bastante atrativa para abelhas. A lavoura
também é beneficiada pela melhor polinização realizada pelas abelhas, favorecendo maior
produção de grãos. Outro mercado que vem despertando grande interesse entre a população é
o de girassol ornamental, que pode ser utilizado em jardins ou como flor de corte, com grande
aceitação no mercado de floricultura (EMBRAPA, 2023).

DESCRIÇÃO MORFOLOGICA
O sistema radicular pivotante do girassol permite reciclagem de nutrientes no solo,
suas hastes podem ser utilizadas na fabricação de material para isolamento acústico, as suas
folhas juntamente com as hastes promovem a adubação verde, podendo a massa seca atingir
de 3 a 5 toneladas por hectare, além do mel que pode ser produzido pelas abelhas a partir das
flores. Estas fecundadas dão origem aos frutos (aquênios), que contêm as sementes ricas em
óleo (47%) de excelente qualidade nutricional (SANTOS, 2014).
O girassol se adapta em condições variáveis de temperatura, considerando-se uma
faixa entre 18°C e 24°C como a melhor para o desenvolvimento dessa cultura. A planta
apresenta caule ereto, geralmente não ramificado, com altura variando entre 1,0 e 2,5 m e com
cerca de 20 a 40 folhas por planta (SANTOS, 2014).
Suas folhas são ovais, opostas, pecioladas, com nervuras visíveis e ásperas. Sua flor é
chamada de capítulo, onde se desenvolvem os grãos, denominados aquênios. Os aquênios têm
forma oblonga, geralmente achatada, composto de pericarpo, mesocarpo e endocarpo de
tamanho, cor e teor de óleo variável conforme as características de cada cultivar (SANTOS,
2014).
O ciclo da cultura do girassol varia de 90 a 130 dias, de acordo com a cultivar, a época
de plantio, a disponibilidade de água, os tratos culturais utilizados e as condições
edafoclimáticas (Castro e Farias, 2005). O florescimento ocorre, em média, 60 dias após a
semeadura. A ocorrência de ventos de alta intensidade pode interferir no período de
enchimento de grãos, levando ao tombamento de plantas, prejudicando a colheita e a
qualidade dos grãos (SANTOS, 2014).
A germinação das sementes de girassol é afetada, principalmente, pela temperatura,
estando estas em solos com aeração e disponibilidade hídrica adequada. A germinação é
inibida com temperaturas inferiores a 4 ºC e superiores a 37 ºC, apresentando intervalo ideal
de 6 ºC a 23 ºC. É importante ressaltar que atrasos no período da germinação podem
comprometer todo ciclo, deixando as sementes expostas a ataques de patógenos e favorecendo
as plantas daninhas (SANTOS, 2014).
A exigência hídrica varia de acordo com a fase de desenvolvimento da planta, ficando
o total entre 600 e 1000 mm, dependendo do clima e do cultivar. Porém, as necessidades
hídricas do girassol não se encontram plenamente definidas, sendo que em sua maioria,
valores de 400 a 600 mm de água bem distribuídos durante o ciclo da planta são suficientes
para resultarem em rendimentos próximos ao potencial máximo.

ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO
Seu desenvolvimento é dividido em duas fases: vegetativa e a vegetativa. A fase
vegetativa se inicia pela emergência da plântula e, posteriormente, é subdividida em uma série
de estádios. A fase apresenta nove estádios e é iniciada com o surgimento do botão floral até a
maturação fisiológica. O período vegetativo é iniciado com a emergência das plântulas e
termina com o aparecimento do botão floral. Após a emergência, os estádios vegetativos são
definidos em função do número de folhas maiores que 4 cm de comprimento da base da
lâmina até a sua extremidade. O período reprodutivo inicia-se com o aparecimento do botão
floral e evolui até a maturação fisiológica da planta (SANTOS, 2014), conforme demostrado
na tabela abaixo:
Tabela 1. Fenologia do girassol e amplitude cronológica para duração total do ciclo.
65 a 165 dias
VE: (emergência): período em que o hipocótilo se eleva e emerge na
superfície do solo juntamente com os cotilédones e ocorre o
FASE aparecimento do primeiro par de folhas verdadeiras que deve
VEGETATIVA apresentar menos que 4 cm de comprimento.
Vn: (desenvolvimento das folhas): período referente ao aparecimento
de folhas verdadeiras com o mínimo de 4 cm de comprimento.
R1: A inflorescência circundada pela bráctea imatura está visível e
apresenta muitas pontas, parecida com uma estrela, por isso fica
conhecida como estádio estrela.
R2: O internódio abaixo da base do botão floral alonga-se de 0,5 a 2,0
cm acima da ultima folha inserida no caule.
R3: O internódio imediatamente abaixo do botão reprodutivo continua
a se alongar, a uma distancia maior que 2,0 cm acima da última folha
inserida no caule.
R4: A inflorescência começa a abrir. As flores liguladas são visíveis e,
frequentemente amarelas. Este é o período mais crítico da cultura.
FASE R5: Caracteriza-se pelo início da antese. As flores liguladas estão
REPRODUTIVA completamente expandidas e todo o disco das flores está visível
R6: É caracterizado pela abertura de todas as flores tubulares e as
flores liguladas perderam a turgidez e estão murchando.
R7: Fase do início do desenvolvimento dos aquênios. O dorso do
capítulo torna-se amarelo-claro.
R8: Continua o desenvolvimento dos aquênios. O dorso do capítulo
torna-se amarelo, porém as brácteas permanecem verdes.
R9: Fase referente a maturação dos aquênios (maturação fisiológica),
os quais apresentam umidade entre 30 a 32%. As brácteas adquirem a
coloração entre amarela a castanha e, grande parte do dorso do
capítulo torna-se castanho
Fonte: De própria autoria, 2023.

SEMEADURA (Épocas, Safra e Safrinha)


A época de semeadura é fundamental para o sucesso e obtenção de altas
produtividades no cultivo do girassol, assim como em qualquer outra cultura. As épocas de
semeadura comumente indicadas para a cultura, no Brasil, são de janeiro à segunda quinzena
de fevereiro para Goiás e Centro-Oeste; de agosto até meados de outubro para o Paraná; de 21
de julho até meados de outubro no Rio Grande do Sul e de fevereiro a março para São Paulo,
novembro em áreas de reforma de cana-de-açúcar, agosto a setembro no sudeste do estado e
regiões de inverno frio e chuvoso.
No Brasil, é comum a realização de uma segunda safra com semeadura em
fevereiro/março. O girassol é uma das espécies que pode ser semeada nessa época, em razão
da ocorrência de condições pluviais (200 a 600 mm) e de temperaturas adequadas (20 a 28o
C) ao seu cultivo (DALCHIAVON, 2016).
SEMEADURA (Espaçamento, Densidade, Profundidade)
Reis destaca que os espaçamentos utilizados variam de 45 cm até 90 cm, tendo os
espaçamentos de 50 cm e 70 cm os melhores resultados em produtividades. Velocidade de
plantio de 2,5 a 3km/hora para que haja uniformidade de semeadura.
A densidade de plantas deve ser de 40 mil a 45 mil plantas por hectare, o que torna a
semeadura uma operação cuidadosa. Mais uma vez, ainda hoje, um dos maiores problemas do
cultivo de girassol é o estabelecimento da população adequada e uniforme (EMBRAPA,
2023).
Para obtenção de uma perfeita germinação e emergência uniforme, a semente deve ser
coberta com uma camada de terra de 3 a 5 centímetros, sendo a profundidade do sulco
variável, conforme a umidade e natureza do solo (LEITE et al., 2005).

CLIMA E SOLO
A cultura do girassol apresenta exigências climáticas comparáveis às do milho e da
soja. Considera-se, porém, que a primeira possua maior capacidade de adaptação às condições
marginais de clima que as últimas. O girassol mostra, como a soja, maior resistência à seca e
tolerância às baixas temperaturas que o milho (CIIAGRO,2023).
O preparo do solo deve ser planejado de acordo com especificidade de cada um, com
objetivo de fornecer condições ideais para germinação rápida e uniforme, pois não tolera a
compactação, sendo o pH considerado ideal entre 5,2 e 6,5. Diminuindo os teores disponíveis
alumínio, ferro, manganês, zinco e cobre, por outro lado aumenta a disponibilidade da maioria
dos nutrientes, determinando o ambiente nutricional mais equilibrado (SANTOS, 2014).
O girassol pode ter boa produtividade tanto em solos arenosos quanto em argilosos,
desde que os argilosos apresentem boa drenagem e os arenosos tenham controle de acidez, já
que são naturalmente menos férteis. A textura do solo deve ser considerada para se determinar
a profundidade de semeadura, pois um bom estabelecimento da cultura é imprescindível para
a produção de sementes. Em solos argilosos, a semeadura não deve ser muito profunda, ou
então poderá haver atraso e desuniformidade de emergência. A má drenagem desse tipo de
solo leva a um crescimento superficial das raízes, dificultando a sustentação mecânica da
planta.

ALTITUDE, TEMPERATURA E AMPLITUDE TÉRMICA


O girassol é uma cultura que tem boa adaptabilidade se deve em parte ao fato da
espécie ser pouco influenciada pela latitude, altitude e fotoperíodo (ZOBIOLE et al., 2010).
O girassol se desenvolve bem entre as temperaturas de 20ºC a 25ºC, com ponto ótimo
entre 27ºC e 28ºC, obtidas em condições controladas. Entretanto, não há redução significativa
de produção na faixa de 8 ºC a 34ºC, o que demonstra uma grande tolerância da cultura,
suportando regiões de dias quentes e noites frias. Baixas temperaturas aumentam o ciclo da
cultura, atrasando a floração e maturação e afetam a produtividade quando ocorrem no início
da floração. Com relação à germinação, a temperatura é o fator mais limitante, sendo inibida
com temperaturas de solo menores de 3ºC e mantida máxima entre 6ºC e 23ºC.
Temperaturas altas ou muito baixas podem causar danos no aparelho fotossintético,
alterando a fotossíntese e a respiração das plantas por inibirem ou desnaturarem os respectivos
sistemas enzimáticos (CARNEIRO, 2011). A maior produtividade é alcançada quando a
cultura é submetida a uma faixa de temperatura ótima até um ponto de compensação, desde
que não haja fatores limitantes. De acordo com Larcher (2006), o ponto de compensação da
temperatura é aquele onde a quantidade de CO2 fixado pela fotossíntese é igual à liberada
pela respiração. Temperaturas acima das que promovem o ponto de compensação diminuem a
reserva de carboidratos por que há mais CO2 perdido do que fixado, e a qualidade do produto
final diminui. Entretanto, algumas espécies que possuem metabolismo C3, como girassol, têm
bom desempenho em temperaturas altas (≈35 ºC).

ZONEAMENTO AGRÍCOLA (Ponta Porã)


O girassol é pouco influenciado pelas variações de latitude e de altitude, apresenta
tolerância a baixas temperaturas e é relativamente resistente à seca. O Zoneamento Agrícola
de Risco Climático tem o objetivo de reduzir os riscos relacionados aos problemas climáticos
e permite ao produtor identificar a melhor época para plantar, levando em conta a região do
país, a cultura e os diferentes tipos de solos. O modelo agro meteorológico considera
elementos que influenciam diretamente no desenvolvimento da produção agrícola como
temperatura, chuvas, umidade relativa do ar, ocorrência de geadas, água disponível nos solos,
demanda hídrica das culturas e elementos geográficos (altitude, latitude e longitude)
(LANGRAF, 2021).
Figura 1. Zoneamento agrícola de Ponta Porã-MS.
Fonte: AGRITEMPO, 2023.

ROTAÇÃO DE CULTVIOS
De acordo com Prevedel (2021), o girassol é considerado excelente opção para a
rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos. Essa associação aumenta a
proteção do solo devido ao maior aporte de resíduos vegetais, reduzindo assim a incidência
de plantas daninhas.
Com a inserção do girassol na rotação de culturas com a soja, milho e outros grãos, o
cultivo pode ser muito vantajoso. Essa cultura tem baixo custo de implantação e um
bom retorno econômico. Seu sistema radicular pivotante auxilia na descompactação de solos
adensados. A cultura pode ser utilizada no outono-inverno, na rotação e/ou sucessão de
culturas com soja, milho e algodão (PREVEDEL, 2021).

SISTEMA DE CULTIVO CONSORCIADO


O girassol tornou-se uma opção rentável para rotação de culturas em regiões
produtoras de grãos. Por possuir vantagens como melhor tolerância à seca do que o milho e o
sorgo, baixa incidência de pragas e doenças, em áreas onde se faz rotação de culturas percebe-
se um aumento de 10% e 15 a 20% nas culturas de soja e milho, respectivamente (EMPRESA
BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 2023).
O girassol vem sendo usado como culturas anuais alternativas para utilização no
sistema de integração agricultura-pecuária (SOUZA et al., 2015), com resultados promissores
do consórcio com os capins xaraés, piatã e massai (GONTIJO NETO et al., 2009), mostrando
que o plantio consorciado pode ser recomendado aos produtores como forma de
diversificação de produtos e de renda por meio da intensificação da produção vegetal em uma
mesma área.

ADUBAÇÃO
O girassol apresenta-se como uma cultura melhoradora da fertilidade do solo, por
apresentar uma elevada capacidade de ciclagem de nutrientes absorvidos em profundidade, e
tem uma reduzida taxa de exportação de nutrientes. Verifica-se que, do total absorvido e
acumulado, grande parte dos nutrientes permanece na lavoura, sendo disponibilizado para as
culturas em sucessão, após a mineralização dos restos culturais
Reis (2015) recomenda a adubação a base de Macronutrientes confrome: 15kg N : 40-
80Kg P2O5: 40-80Kg K2O (doses kg/ha) e Adubação de cobertura: 45Kg de N até 30 dias
pós plantio (doses Kg/ha).
Ainda como Reis (2015), discorre aplicação de Boro recomendada é de 2Kg/ha do
elemento via solo e não foliar, devido a sua baixa mobilidade via floema (absorção foliar) e
alta mobilidade via xilema (absorção radicular). É indicado aplicar ácido bórico junto com o
glifosato na dessecação.

PRAGAS E DOENÇAS
Os primeiros 30 dias após a emergência das plantas, pois a fase de crescimento do
girassol é lento e com isso há a competição elevada dessas plantas (ALVES et al., 2013). As
principais pragas e doenças registradas na literatura que podem causar danos ao girassol nas
condições edafoclimáticas são as seguintes: Vaquinha (Diabrotica speciosa), lagarta preta
(Chlosyne lacinia), percevejos (Nezara viridula, Piezodorus guildinii e Euschistus heros),
besouro do capítulo (Cyclocephala melanocephala), formigas, principalmente as saúvas (Atta
spp.), e a lagarta rosca (Agrostis ipsilon).
As doenças populares que afetam a cultura são: A mancha de Alternária (Alternaria
helianthi), é caracterizada por lesões necróticas localizadas nas folhas baixeiras. A podridão
da raiz e do colo das plantas é causada pelo fungo Sclerotium rolfsii. Este fungo, em geral, é
beneficiado também pelo excesso de umidade e altas temperaturas no ambiente (LOOSE et
al., 2012).

COLHEITA
A colheita do girassol pode ser mecanizada ou semimecanizada. Ela é realizada 90 a
100 dias após a emergência das plantas, quando o capítulo está com coloração castanha. A
colheita mecanizada pode ser feita com uma adaptação na plataforma de colheita do milho. A
colheita semimecanizada é semelhante à de feijão. A limpeza dos grãos é indispensável para a
obtenção de boa qualidade do óleo e da torta. O teor de umidade dos grãos para o
armazenamento é de 11%, podendo o girassol ser colhido com 14 a 16% de umidade para
posterior redução da umidade a 11% (SCHWERZ et al., 2015).

VARIEDADES NO MS
O programa de melhoramento genético de girassol da Embrapa Soja lançou novas
cultivares de girassol com bom rendimento de grãos e de óleo, porte baixo e de ciclo precoce
(aproximadamente 105 dias), característica esta que facilita sua utilização no sistema
produtivo brasileiro conforme descritos abaixo (EMBRAPA, 2023):
 O híbrido BRS 323 apresenta potencial de produtividade média de 1800 kg/ha
e teor médio de óleo de 42%. Foi desenvolvido e adaptado especificamente para as condições
de solo e de clima brasileiros.
 A cultivar BRS 324 é uma variedade que tem potencial de produtividade de
1500 kg/ha e alto teor de óleo (média de 47%), o que agrega valor à produção. Seu potencial
produtivo em grãos é similar ao da Embrapa 122, mas mostra teor de óleo (47%) superior ao
daquela (43%). Por apresentar um menor custo de semente em relação ao de um híbrido, o
cultivo da BRS 324 pode ser uma boa opção para produtores menos tecnificados ou para
plantio em época marginal.
 O híbrido de girassol BRS 387 é produtivo e precoce, o que facilita sua
adaptação a diferentes sistemas produtivos. Apresenta teor de óleo acima de 40%, podendo
ser destinado para o mercado de óleo e de pássaro.

Para uma agricultura mais extensiva, também pode ser adotada a semente híbrida, que
resulta em plantas mais uniformes, facilitando as operações de manejo e principalmente de
colheita. Assim, existe um grande número de opções de materiais genéticos disponíveis e a
escolha deve ser baseada na experiência e na assistência técnica local (EMBRAPA, 2023).
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