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FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO COMERCIO E EMPREENDEDORISMO

Portaria de credenciamento MEC nº 364 -14 de março de 2017 - Polo: Assu/RN

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

DISCIPLINA: PESQUISA EM EDUCAÇÃO I-II


PROF. DR. DAMIÃO CARLOS

ANTÔNIO GILIARD VERAS DA SILVA


FRANCISCA VERAS DA SILVA
GEÓRGIA NOGUEIRA GALDINO
JOÃO BATISTA SIQUEIRA DE BRITO
MARIA JOSÉLIA VALENTIM LOPES CUSTÓDIO
ROSÂNGELA SÂMARA RODRIGUES DOS SANTOS

O ENSINO REMOTO NO CONTEXTO PANDÊMICO: REFLEXÕES ACERCA DA


HUMANIZAÇÃO EM MEIO AO COVID 19

ASSU/RN
20/05/2021
O ENSINO REMOTO NO CONTEXTO PANDÊMICO: REFLEXÕES ACERCA DA
HUMANIZAÇÃO EM MEIO AO COVID 19

Antônio Giliard Veras da Silva


Francisca Veras da Silva
Geórgia Nogueira Galdino
João Batista Siqueira de Brito
Maria Josélia Valentim Lopes Custódio
Rosângela Sâmara Rodrigues dos Santos

RESUMO

Este artigo reflete o quadro pandêmico vivenciado no Brasil, no mundo, e mais precisamente
no Estado do Rio Grande do Norte, considerando as complexidades desse novo momento
ocasionado pela alta contaminação pelo novo Coronavírus. Se embasa na discussão
apresentada por Lopes e Lopes (2020), quanto a organização da humanização no ensino
remoto e no contexto familiar. Busca com as considerações que aqui se apresentam mostrar a
gravidade da situação e a necessidade do ensino remoto, bem como as dificuldades
vivenciadas desde março de 2020 aos dias atuais no tocante ao processo ensino aprendizagem
e atividades laborais por meio remoto. Tem seu enfoque no pensamento que busca valorizar a
ação docente, por entender que esta é necessária, contudo, ainda enaltece o papel da família
para a construção de uma educação humanizada, que prima pelo desenvolvimendo realmente
humano.

Palavras-Chave: Humanização. Ensino Remoto. Ação docente. Família.

RESUMEN

Este artículo reflexiona la situación pandémica que se vive en Brasil, en el mundo, y más
precisamente en el estadio de Río Grande do Norte, considerando las complejidades de este
nuevo momento causadas por la alta contaminación por el nuevo Coronavirus. Embazase en
el debate presentado por Lopes y Lopes (2020), cuanto la organización de la humanización en
la educación remota y en el contexto familiar. Busca con las consideraciones aquí
presentadas mostrar la gravedad de la situación y la necesidad de enseñanza a distancia, así
como las dificultades experimentadas desde marzo de 2020 hasta la actualidad con respecto
al proceso de enseñanza de aprendizaje y actividades de trabajo a través de medios remotos.
Se centra en el pensamiento que busca valorar la acción docente, porque entiende que es
necesario, sin embargo, todavía alaba el papel de la familia para la construcción de una
educación humanizada, que sobresale en el desarrollo verdaderamente humano.

Palabras-Clave: Humanización. Educación remota. Acción docente. Familia.

INTRODUÇÃO

Discutir sobre a pandemia que dominou o mundo desde o ano de 2020 tem sido uma
constante dentro da sociedade. Buscam-se estratégias para redução do contágio, buscam-se
ações que visem um tratamento eficaz para redução da mortalidade, e por fim, elencam-se
estratégias para a retomada das aulas presenciais, paralisadas desde março de 2020.
Nesse contexto, aqui neste artigo, pretende-se discutir sobre a questão do processo
ensino aprendizagem dentro da pandemia do novo Coronavírus, em que discorre-se sobre as
ideias de Lopes e Lopes (2020), quando consideram necessária a humanização na educação
remota.
Organizado em tópicos, este mostra o princípio da pandemia no Estado do Rio Grande
do Norte, apresentando dados estatísticos e leis que respaldam as medidas preventivas. Em
seguida, discorre sobre os professores da rede pública, diante do desafio de se reinventar em
meio a pandemia para oferecer um ensino significativo aos seus alunos, bem como a
importante participação familiar nessa nova realidade. Por fim, apresenta a questão do ensino
humanizado, em que mais do que nunca, torna-se primordial nesse tempo pandêmico.
As discussões se apresentam de modo sucinto e busca responder ao seguinte
questionamento: por que falar em humanização em período de pandemia? Assim, objetiva-se
com este trabalho apresentar não apenas a necessidade do professor para a sociedade, mas
também determinar que ação humanizadora neste momento é essencial para ensinar e
aprender.
Portanto, cabe aqui a reflexão, construindo pontes que conduzam a novos caminhos e
transformem o processo educativo, não apenas enquanto se vivencia o “novo”, mas que se
estenda aos demais momentos da educação.

1 A PANDEMIA DO COVID 19 NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE


Ao término do ano de 2019, o mundo foi apresentado a um novo vírus, o Coronavírus
(SARS-CoV-2), responsável por causar a doença COVID 19. Adentrando o ano de 2020,
rapidamente vários países foram sendo afetados por uma onda de medo em decorrência da
letalidade desse vírus.
É importante que se considere a gravidade desse período pandêmico, em que de
acordo com dados oficiais da Organização Mundial de Saúde – OMS, o dia 18 de março de
2020, contabilizou a marca de 214 mil casos em todo o mundo. Diante de um contexto que
exigia renovação estratégica para lidar com o contágio, não se tinha planos de ação para isso.
E diante de um quadro mundial, o vírus chegou ao Brasil entre os meses de fevereiro e
março de 2020, e logo viu-se a necessidade de modificar as rotinas nos mais diversos setores
da sociedade mesmo sem contar com um plano de ação para redução de contágio, dentre os
quais, os ambientes escolares tiveram suas atividades suspensas em 18 de março, tendo uma
perspectiva de retorno para o começo de abril.
Desse modo, com base nessa legislação, foram publicados Decreto Federal de nº
13.979, de 06 de fevereiro de 2020, que dispôs sobre medidas para o enfrentamento
emergência dessa pandemia, e restringiu atividades diversas de maneira a evitar possível
contaminação ou propagação do corona vírus; e em âmbito estadual, o Decreto Estadual de nº
29.583 de 19 de março de 2020, bem como os subsequentes desse mesmo ano e do ano de
2021, criaram normas excepcionais para o ano letivo na educação básica e no ensino superior
em decorrência das medidas de enfrentamento da pandemia de Coronavírus.
O Estado do Rio Grande do Norte, diante da gravidade da situação, lançou mão de
medidas restritivas, amparadas por meio de Decretos e Portarias, estaduais e federais, que
sempre apontavam uma previsão de retomada da normalidade, e contou com diversas
prorrogações. As ações mais comuns foram relacionadas à suspensão de atividades
educacionais presenciais, redução ou fechamento do comércio, a fim de evitar colapso
sanitário. Contudo, essas ações foram mal interpretadas por vários norteriograndenses, e aos
poucos foram sendo vistas atividades retomadas gradativamente.
Os dados estatísticos são apontados pelo sistema LAIS - Laboratório de Inovação
Tecnológica em Saúde, apontam os seguintes números desde seu início aos dias atuais:
240.269 casos confirmados, 72.026 casos suspeitos, 474.994 casos descartados, 127.103
casos curados, 5.771 óbitos em decorrência da Covid 19.

Grande parte da população do mundo não está em condições de seguir as


recomendações da Organização Mundial de Saúde para nos defendermos do vírus
porque vive em espaços exíguos ou altamente poluídos, porque são obrigados a
trabalhar em condições de risco para alimentar as famílias, porque estão Presos em
prisões ou em campos de internamento, porque não têm sabão ou água potável, ou a
pouca água disponível é para beber e cozinhar, etc. (SANTOS, apud MACHADO
2020, p 4).

Com esses dados, o que se pode apreender é que em meio a uma situação conflituosa,
o contexto educacional necessitou se reinventar, transformar práticas estritamente pessoais
em práticas coletivas, adaptar-se ao novo e driblar as dificuldades que surgiram no decorrer
dos meses em que se alastra essa pandemia.

2 OS PROFESSORES E O ENSINO REMOTO: VIVENCIANDO O NOVO

Diante desse momento pandêmico, a educação norteriograndense necessitou de


reformulação, e com ela, muitas mudanças ocorreram. Com as aulas suspensas desde 18 de
março de 2020, as redes estadual e municipal tiveram que se adequar ao que fora proposto e
vem se perpetuando até os dias atuais. As escolas da rede privada retomaram suas atividades
gradativamente, adequando-se ao ensino híbrido. Ao ensino público, em alguns locais, a
proposta é de ensino remoto. Mas o que é o ensino remoto?
O ensino remoto consiste em desenvolver uma atividade ou aula remota, tendo como
principal instrumento para isso o uso de recursos tecnológicos aliados à internet. Esta se
apresentou como uma solução temporária, uma medida paleativa, que se tornou frequente e
persistente. É importante destacar que ensino remoto não é ensino à distância na modalidade
EAD.
Iniciando então em 04 de maio de 2020, os professores ministraram suas aulas de
maneira virtual, com aulas por meio de plataformas digitais como Google Meet, Teams ou
Zoom, ou gravadas e compartilhadas em grupos de WhatsApp. Inicialmente, os professores
que não detinham domínio de recursos tecnológicos enfrentaram dificuldades e desafios para
atuarem remotamente, inclusive com relutância. Porém, como a prática leva à ‘perfeição’, as
novidades foram se tornando passíveis de aceitação.

Muitas coisas devem reajustar o próprio rumo, mas antes de tudo é a humanidade
que precisa mudar. Falta a consciência duma origem comum, duma recíproca
pertença e dum futuro partilhado por todos. Esta consciência basilar permitiria o
desenvolvimento de novas convicções, atitudes e estilos de vida. Surge, assim, um
grande desafio cultural, espiritual e educativo que implicará longos processos de
regeneração. (PAPA FRANCISCO, apud LOPES & LOPES, 2020, p. 77).
Num parâmetro educacional em que estar em contato com os alunos, olho no olho, é
de suma importância para o processo ensino aprendizagem, colocar-se diante de um período
em que há o distanciamento social e o contato se faz por meio de mensagens de audio, vídeos
e fotografias, se constitui em um ponto de reflexão para o docente, que está tão habituado ao
contato humano, numa prática constante de humanização.
Se manter a atenção dos alunos em sala de aula em determinados era difícil, em um
ensino remoto é atividade desafiadora e leva o professor a inovar sua prática, oferecer o novo,
conduzir a um determinado nível de interesse com atividades que façam sentido por meio da
tela de um celular ou computador.
Desse modo, estando o professor adequando-se a esta nova realidade, transformando
saberes e construindo com seus alunos novos vínculos, é que se reflete sobre a questão da
participação familiar nesse novo modelo educacional. É preciso que se entenda que o
ambiente escolar é diferente em todos os sentidos do ambiente familiar. E as dificuldades
tanto de professores quanto de familiares está justamente em assimilar as divergências e
trabalhar em conjunto para a superação das mesmas.
Os professores que trabalham em casa, ministram aulas, planejam, separam materiais,
também são pais e mães e vivenciam as mais diversas inquietações no campo familiar e
profissional, considerando que é preciso organização temporal para que todas as suas
atividades sejam desenvolvidas. Mas em um contexto de estresse e incertezas como reagir a
tudo isso? Por meio da humanização.
Além dos professores, cabe também falar dos pais ou responsáveis. Estes, nesse
momento crítico que se apresenta ainda nos dias atuais no país, têm passado por desafios
constantes no tocante ao processo ensino aprendizagem. Muitos trabalham em home office e
necessitam igualmente dedicação laboral e cumprir com suas responsabilidades familiares e
domésticas, pois conforme afirma Moser (apud MACHADO, 2020, p. 31), “é hora de se
repensar o sentido da família e da vida em família, da convivência em família e comunidade,
e despertar para a solidariedade”.
Um ponto positivo que se apresenta é o reconhecimento da atuação do professor e sua
importância, reconhecendo seu valor dentro da sociedade. Os pais se veem diante de um
processo educativo que necessita paciência, compreensão, maleabilidade, e
consequentemente, demanda retomada de estudos. Nesse momento, é imprescindível que eles
percebam que sua atuação é preponderante para o desenvolvimento das aulas.
Está sendo verdadeiramente desafiador cumprir então com esse ensino remoto, tanto
para professores quanto para os familiares. Mas diante desse contexto, adequar-se é
necessário. A adaptação é determinante para o sucesso desse processo ensino aprendizagem
que se desenha, em que as incertezas são tão frequentes. E por isso, cabe falar em
humanização, para que haja melhor entendimento por parte de todos os envolvidos que é um
desafio temporário, transformador e que conduzirá a um novo olhar quanto à educação.

3 HUMANIZAÇÃO NO ENSINO REMOTO: EM QUE CONSISTE ESSA AÇÃO?

Inicialmente, remete-se aqui ao conceito de humanização. Em conformidade com


definição de Holanda (2010), humanização é ação ou efeito de humanizar ou humanizar-se;
tornar-se mais sociável, gentil ou amável. Desse modo, a humanização consiste em ver sob os
mais diversos prismas as diferentes realidades, entendendo limitações e expandindo
horizontes.
Sendo uma ação social, humana, ocorre nas mais diversas áreas, e na educação exige a
evolução ou aperfeiçoamento de entendimento e aptidões. E dentro de uma educação
humanizada, é preciso que se desenvolvam a afetividade, socialização, sabedoria e superação
dos conflitos, ou seja, conduzir os alunos a um momento de aceitação de si mesmo e de suas
relações sociais. Mas como desenvolver uma educação humanizada em tempos de ensino
remoto?
Inicialmente, deve-se deixar de lado o eu e deter-se no nós, na coletividade.
Posteriormnte, desenvolver o sentimento de empatia bem como a paciência. Levar o outro a
entender os sentimentos, angústias, medos, anseios dos envolvidos nesse processo dinâmico e
contínuo que é o ensinar e aprender. Com isso, cabe aqui a questão da humanização do
ensino remoto, por meio do estabelecimento do diálogo, da conversa franca, da interação,
mesmo que à distância.
Nesse ensino remoto humanizado, é preciso que todos se façam verdadeiramente
humanos, entendam limitações, fragilidades, potencialidades e fortaleza, para que juntos se
construa a educação de qualidade que tanto é almejada. É certo que nesse período de
pandemia, esta está um pouco difícil, porém, num entendimento humanizado, em que
professores, pais e alunos se reinventam, este é um marco para o surgimento de novas ideias,
novos olhares, novas práticas, saberes e fazeres.
Em termos educacionais, o ensino humanizado conduz à melhoria dos pontos fracos,
transformando e ampliando o desenvolvimento dos conhecimentos. Em âmbito familiar, há a
preocupação em formar cidadãos ativos, participativos, indivíduos autônomos e responsáveis,
levando para a escola e para a vida, valores gerados na família. E em termos de indivíduo, a
humanização do ensino leva ao desenvolvimento de diversas habilidades, de modo crítico e
criativo.

O que é um justo? É alguém que põe sua força a serviço do direito e dos direitos, e
que, decretando nele a igualdade de todo homem com todo outro, apesar das
desigualdades de fato ou de talentos, que são inúmeras, instaura uma ordem que não
existe, mas sem a qual nenhuma ordem jamais poderia nos satisfazer. O mundo
resiste, e o homem. Portanto, é preciso resistir a eles – resistir antes de tudo à
injustiça que cada um traz em si mesmo, que é si mesmo (SPONVILLE apud
LOPES & LOPES, 2020 p. 78).

Então, no ensino remoto, vivenciado desde março de 2020 pelas escolas estaduais e
municipais no Estado do Rio Grande do Norte, a humanização consiste na sensibilidade de
conduzir o processo ensino aprendizagem da melhor forma, entendendo que o ser humano é
repleto de indagações, incertezas, mas que buscam constantemente humanizar-se. Trazer para
o mundo a empatia, o entendimento do outro, deixando de lado o egocentrismo e egoísmo,
que foram e são tão presentes na sociedade, tendo como premissa o respeito à tudo que diz
respeito ao outro.

CONCLUSÃO

É importante discutir os rumos que toma a educação à nível de Brasil, estados e


municípios, no tocante à pandemia vivenciada. As reflexões que aqui se apresentam
subsidiam novas reflexões, conduzem a novos olhares, proporciona momentos de
questionamento quanto ao papel do professor, da família, e da humanização para o sucesso
do processo ensino aprendizagem.
Com base no que aqui se apresenta, é possível afirmar que agora mais do que nunca, o
ensino humanizado deve ser constante, pois ao entender as limitações humanas, despertar a
empatia e sensibilidade diante dos problemas que se apresentam durante a pandemia é de
extrema necessidade para o bom desenvolvimento do processo ensino aprendizagem.
Assim, este artigo, cumpre com a proposta inicial de apresentar um novo olhar
discussivo sobre o processo ensino aprendizagem dentro da pandemia do novo Coronavírus,
mesmo que aborde de modo sucinto tais ideias e embase-se nas concepções de Lopes e Lopes
(2020), tratando de aspectos humanos como insegurança, conflitos laborais e conflitos
familiares que se apresentaram nesta pandemia.
Os tópicos aqui apresentados não têm por finalidade apresentar ideias finalizadas, mas
instigar novas discussões, ideias, concepções e olhares, a fim de enriquecer cada vez mais os
conhecimentos quanto à educação brasileira, que ao longo dos tempos evolui, se tranforma,
adequa-se ao novo.
Acredita-se então que o objetivo proposto é alcançado, pois trata da importância do
professor e de sua ação conjunta com a família na formação de indivíduos críticos e criativos
dentro de uma sociedade que não democratiza a educação.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Positivo, 2010.

LOPES, Luís Fernando; LOPES, Maria Aparecida da unha. Humanos demasiado humano:
educação em tempos de Covid 19. In: MACHADO, Dinamara Pereira. Educação em tempos
de Covid 19 [livro eletrônico]: reflexões e narrativas de pais e professores. 1.ed. Curitiba:
Editora Dialética e Realidade, 2020. PDF.

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