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ARTIGO DE INVESTIGAÇÃO

Cuidado ao portador de transplante


hepático à luz do referencial teórico de Roy
Care for liver transplantation patients with reference to Roy’s theory
Cuidado del paciente de trasplante hepático a la luz del referencial teórico de Roy
Luciana Vládia Carvalhêdo Fragoso*
Marli Teresinha Gimeniz Galvão**
Joselany Afio Caetano***

Resumo
O estudo objectivou descrever a sistematização da assistência de enfermagem a um portador de transplante hepático, segundo a teoria
de adaptação de Roy, no modo fisiológico. O estudo de caso foi realizado num hospital universitário da Fortaleza/CE, de Outubro a
Dezembro de 2008. Utilizou-se a entrevista semi-estruturada, observação e exame físico. A avaliação dos comportamentos e estímulos
possibilitou a elaboração dos seguintes diagnósticos de enfermagem: padrão respiratório ineficaz, nutrição desequilibrada – menor do
que as necessidades corporais, constipação, mobilidade física prejudicada, déficit no auto cuidado para banho/higiene, volume de líquido
deficiente, protecção ineficaz, risco de infecção, integridade da pele prejudicada, memória prejudicada, padrão de sexualidade ineficaz.
As principais intervenções de enfermagem para os diagnósticos levantados são: administração de analgésicos, monitorização hídrica e
nutricional, cuidados com lesão, protecção contra infecção, controle hídrico, educação para saúde e escutar activamente. O processo
de enfermagem de Roy proporcionou a identificação de estímulos que desencadearam respostas positivas ou negativas, cabendo ao
enfermeiro actuar como mediador, visando a melhoria da assistência prestada ao paciente submetido a transplante hepático.

Palavras-chave: teoria de enfermagem; transplante de fígado; teoria de adaptação de Roy; diagnóstico de enfermagem.

Abstract Resumen
The aim of the study was to describe the systemization of Se ha pretendido en este estudio describir la sistematización de los
nursing care for a liver transplantation patient, in line with the cuidados de enfermería a un paciente de trasplante hepático de
physiological mode of Roy’s adaptation theory. The case study acuerdo con la teoría de adaptación de Roy, en el modo fisiológico.
was performed at a university hospital in Fortaleza/CE, Brazil, El estudio de caso se llevó a cabo en un hospital universitario
from October to December 2008. Semi-structured interviews, de Fortaleza/CE, de octubre a diciembre de 2008. Se utilizaron
observation and physical examination were used. After assessing la entrevista semiestructurada, la observación y el examen físico.
behaviors and stimuli, the following nursing diagnoses could be La evaluación de los comportamientos y los estímulos permitió
elaborated: ineffective breathing pattern, imbalanced nutrition la elaboración de los siguientes diagnósticos de enfermería:
– less than body requirements, constipation, impaired physical patrón respiratorio ineficaz, nutrición desequilibrada - inferior
mobility, self-care deficit for bathing/hygiene, deficient fluid a las capacidades corporales, estreñimiento, movilidad física
volume, ineffective protection, risk for infection, impaired skin comprometida, déficit en el autocuidado para el baño/higiene,
integrity, impaired memory, ineffective sexuality pattern. The volumen de líquido insuficiente, falta de protección, riesgo de
main nursing interventions for the identified diagnoses are: infección, la integridad de la piel perjudicada, memoria deteriorada,
administration of analgesics, hydration and nutritional monitoring, patrón de sexualidad ineficaz. Las intervenciones principales de
injury care, protection against infection, hydration control, health enfermería teniendo en cuenta los diagnósticos planteados son
education and active listening. Roy’s nursing process permitted administración de analgésicos, monitorización hídrica y nutricional,
the identification of stimuli that gave rise to positive or negative precauciones con la lesión, protección contra las infecciones,
responses, in which the nurse should act as a mediator, with a control hídrico, educación para la salud y escucha activa. El proceso
view to improving care delivery to liver transplantation patients. de enfermería de Roy permitió la identificación de los estímulos
que desencadenaron respuestas positivas o negativas, debiendo el
Keywords: nursing theory; liver transplantation; Roy adaptation enfermo actuar como mediador, para mejorar la atención prestada
theory; nursing diagnoses. al paciente sometido a trasplante hepático.

Palabras clave: teoría de enfermería; trasplante de hígado; teoría


de adaptación de Roy; diagnóstico de enfermería.
* Enfermeira. Mestranda da Universidade Federal do Ceará.
** Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do departamento
de Enfermagem da UFC.
*** Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento Recebido para publicação em: 08.09.09
de Enfermagem da UFC [joselany@ufc.br ] Aceite para publicação em: 30.03.10

III Série - n.° 1 - Jul. 2010

pp.29-38
Introdução características e complicações, envolvendo aspectos
desde os relativos à esfera biológica, até problemas
Desde 1983, os transplantes passaram a ser psicológicos, sociais e económicos.
considerados opção terapêutica e curativa para muitas Nesse sentido, são pacientes que tendem a ficar mais
doenças antes consideradas terminais, havendo então sensíveis e vulneráveis aos estímulos provocados
uma expansão dessa actividade em todo o mundo pela situação de pós-transplantados, muitas vezes
(Duarte et al., 2004; Starzl, 2005). Actualmente, em interferindo na promoção de uma resposta eficaz
centros de referência e excelência de vários países, diante desses estímulos, o que contribui de forma
realizam-se com sucesso transplantes de órgãos e negativa para a sua adaptação. Então, cabe ao
tecidos, tais como: rim, fígado, pâncreas e ilhotas enfermeiro planear a assistência integral a esses
pancreáticas, intestinos, coração, pulmão, medula pacientes, de forma ordenada e científica, utilizando
óssea, córnea, ossos, tecidos musculo esquelético e o Processo de Enfermagem, com base no Modelo de
cutâneo. Adaptação de Roy, pois o transplante hepático gera
O Registo Brasileiro de Transplantes (RBT, 2006) estímulos exigindo do portador uma resposta, que
mostrou que, até Dezembro de 2006, somente nos poderá ser tanto adaptativa como ineficaz.
cinco estados brasileiros com a maior lista de espera A escolha por estudar a sistematização da
do país, existiam 27364 pacientes aguardando um assistência de enfermagem em paciente submetido
transplante de coração, de fígado ou de rim. E desses, a transplante hepático deu-se por alguns motivos.
6414 (23,4%) esperavam por um fígado. Em primeiro lugar, devido à nossa afinidade com
O transplante de fígado é uma modalidade terapêutica essa especialidade em enfermagem cirúrgica,
que possibilita a reversão do quadro terminal de um desde a graduação. Posteriormente, a experiência
paciente com doença hepática. É utilizado como desenvolvida ao longo de anos em cuidar dos
recurso para os pacientes portadores de lesão pacientes adultos de cirurgia geral. Também pelo
hepática irreversível, quando mais nenhuma outra facto de trabalharmos num hospital referência, no
forma de tratamento se encontra disponível. nordeste, em transplante hepático. Dessa forma, o
É importante entender também que a existência de objectivo deste estudo foi descrever a sistematização
uma doença de base crónica de longa duração, o estado da assistência de enfermagem a um portador de
nutricional comprometido pela deficiência da função transplante hepático, com base no referencial
metabólica do fígado, a síndrome hepatorrenal, as teórico de Roy.
alterações cardiovasculares e respiratórias, a icterícia A partir deste estudo é possível delimitar o perfil das
e o prurido generalizado, a ascite intratável e o risco necessidades desse grupo de pacientes e, dessa forma,
aumentado para infecções são condições peculiares facilitar o direcionamento global das intervenções de
nesses casos. Para receber então um enxerto enfermagem.
hepático, o paciente é submetido a uma intervenção
cirúrgica de grande porte que demanda, em geral, um
pós-operatório imediato em terapia intensiva. Como Referencial Teórico
parte do tratamento pós-transplante, o paciente usa
imunossupressores para prevenir a rejeição do novo O modelo de Adaptação de Sister Callista Roy
órgão, o que, consequentemente, o expõe a um apresenta quatro conceitos essenciais: a pessoa
risco maior de adquirir infecções graves. Na fase de receptora do cuidado, o ambiente, a saúde e a meta
convalescença, além da reabilitação física do trauma de enfermagem.
anestésico-cirúrgico, o paciente vivencia o medo e A pessoa é o receptor do cuidado de enfermagem
o receio da saída do hospital, por ter de reassumir o e pode tratar-se de um indivíduo, uma família,
auto cuidado, passar pelo processo de readaptação um grupo, uma comunidade ou uma sociedade.
familiar e à vida sociolaborativa pós-transplante. Roy entende a pessoa como um sistema que troca
Consequentemente, este é um paciente de complexa informações com o seu meio constantemente, o que
demanda assistencial multiprofissional e, em particular, provoca mudanças internas e externas no mesmo.
de enfermagem (Duarte et al., 2004). Esses pacientes, Mas há a necessidade, diante dessas transformações,
de forma geral, apresentam uma gama complexa de de se adaptar continuamente a fim de manter a sua

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integridade. Ou seja, a pessoa é um sistema aberto adquirido, que representa as respostas apreendidas
denominado de “sistema de adaptação” (Roy, 1991). com o tempo (Roy, 1991).
O ambiente é o mundo interno e aquele ao redor Os mecanismos regulador e cognoscente agem nos
da pessoa. Os sistemas humanos interagem com as modos adaptativos que envolvem a função fisiológica, o
mudanças ambientais, de onde resultam respostas auto conceito, a função do papel e a interdependência.
adaptativas a esse ambiente. A saúde depende O modo fisiológico relaciona-se às cinco necessidades
da adaptação da pessoa a um ambiente que está fisiológicas básicas: oxigenação; nutrição; eliminação;
constantemente em mudança, levando-a a precisar actividade e descanso; integridade da pele; sentido;
ser uma pessoa integrada, com habilidade de alcançar fluidos e electrólitos; função neurológica e endócrina.
as metas de sobrevivência, crescimento, reprodução e O modo de auto conceito ou de identidade grupal
controle (Roy, 1991). é um modo psicossocial que se refere ao conceito
A meta de enfermagem é promover respostas eficazes que a pessoa/grupo tem sobre si; ou seja, é o nosso
nos quatro modos adaptativos e as nossas actividades eu. O modo de interdependência é definido como
devem promover reacções adaptativas nas situações relações estreitas entre as pessoas. Essas relações
de saúde e doença. O enfermeiro deve saber manejar envolvem o querer e as habilidades de amar, respeitar
os estímulos focais, contextuais e residuais do e valorizar os outros. É um modo social, porque suas
seu cliente. A assistência de enfermagem vai estar necessidades são satisfeitas pelas relações sociais. O
centrada na condição da pessoa, nos estímulos focais, modo de desempenho de papel é outro dos modos
contextuais, residuais e na promoção da reacção psicossociais, que focaliza especificamente os papéis
adaptativa. Os estímulos focais dizem respeito ao que a pessoa ocupa na sociedade e seu desempenho
problema central causador de mudanças no indivíduo; (Galbreath, 1993).
os estímulos contextuais são os sinais e sintomas que Esses quatros modos são os que sofrem influência
podem ser mensuráveis, observáveis e relatados dos estímulos internos e externos, promovendo uma
pelo sujeito; e os estímulos residuais são condições resposta eficaz ou não. São estes os efetuadores dos
significativas para a situação do indivíduo, mas que mecanismos de enfrentamento.
não são mensuráveis (Galbreath, 1993). As respostas a esses estímulos são chamadas de
O sistema adaptativo da pessoa tem entradas adaptativas positivas, quando favorecem a integridade
(estímulo = input), que são reguladas pelos estímulos das pessoas quanto à sobrevivência, crescimento e
provenientes externa ou internamente ao indivíduo, reprodução, ou negativas, quando não contribuem
provocando respostas que o levarão a adaptar-se para isso.
ou não. O nível de adaptação irá depender de cada De acordo com a teorista, a função do enfermeiro,
indivíduo, ou seja, dependerá dos seus mecanismos nessas situações, é promover a adaptação positiva
de enfrentamento. E o sistema adaptativo também do paciente, devendo, para isso, desenvolver duas
possui respostas (comportamento = output), que acções: avaliação e intervenção. Na avaliação, o
são as maneiras como o indivíduo se comporta, enfermeiro identificará as situações-problema e seus
como responde a determinado estímulo. Ele poderá respectivos estímulos; na intervenção, ele manipulará
responder de forma adaptativa ou ineficaz (Roy, esses estímulos de modo a eliminá-los, fazendo com
1991). que a pessoa se adapte a eles.
Os mecanismos de enfrentamento utilizados para
adaptar-se são o regulador, que envolve transmissores
químicos, neuronais ou endócrinos e o cognoscente Metodologia
que envolve percepções, julgamento e emoções.
Quanto mais desenvolvidos esses sistemas de Desenvolveu-se pesquisa convergente assistencial
enfrentamento, melhor será a resposta adaptativa do (PCA) do tipo qualitativa, mediante a descrição de
indivíduo aos estímulos. Esses mecanismos podem um caso de um paciente submetido ao transplante
ser inatos, ou seja, automáticos, não necessitando do hepático. A PCA articula o exercício profissional
raciocínio lógico. Por exemplo, no reflexo à dor, ao com o conhecimento teórico e formula temas de
sentir a picada de uma agulha no dedo, imediatamente investigação a partir da necessidade emergida do
se puxa o dedo. Ou então, pode ser um mecanismo contexto da prática (Trentini, Paim, 2004). Já o modelo

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estudo de caso é descrito como sendo a pesquisa primeiro e sétimo dia após o transplante.
que proporciona uma visão geral sobre determinado Assim, após a interacção inicial e a investigação
facto. comportamental, com enfoque no modo fisiológico
Dessa forma, o estudo tem como foco descrever e na realização do exame físico, procedemos à análise
o cuidado de enfermagem desenvolvido no pós- e à síntese dos dados colhidos e identificação dos
operatório imediato, até o 15º dia, com um portador diagnósticos de enfermagem, com base na taxonomia
de transplante hepático internado na unidade de da NANDA II (NANDA, 2006). Seguindo, então, com
terapia intensiva de uma instituição de referência, em o estabelecimento das metas e a intervenção, que foi
Fortaleza, Estado do Ceará/Brasil, durante o quarto identificada de acordo com a Nursing Interventions
trimestre de 2008. Classification (NIC) (Mccloskey, Bulechek; 2004), a
O processo de enfermagem de Roy está constituído fim de controlar ou alterar os estímulos focais. E, por
por seis etapas, considerando-se a promoção de fim, foi realizada a avaliação.
adaptação. São elas: a) investigação comportamental Em observância ao previsto na legislação relativa
– que é a colheita de respostas da pessoa em relação aos aspectos éticos da pesquisa com seres humanos
aos quatros modos adaptativos; b) investigação do – Resolução n. 196/96 (Brasil, 1996), que trata da
estímulo – que significa identificar, após os dados pesquisa com seres humanos, foi obtido, por escrito,
colhidos, quais os estímulos focais, contextuais e o consentimento para participação. O que assegura
residuais que impactam o cliente; c) diagnósticos de o anonimato do entrevistado, resguardando-lhe o
enfermagem – que são os problemas encontrados direito, inclusive, de não concluir o estudo, se assim
dentro dos modos adaptativos; d) estabelecimento de o desejasse. No primeiro encontro foi explicado
metas – referindo-se aos comportamentos que devem o objectivo do estudo, que procedimentos seriam
ser atingidos pelo cliente; e) intervenção – afim de desenvolvidos e sua finalidade.
controlar ou alterar os estímulos focais; e finalmente
f ) avaliação – que trata do alcance das metas (Roy,
1991). Resultados
No presente estudo, para a colheita de dados,
empregou-se a entrevista semiestruturada e a Os resultados estão descritos mediante: apresentação
observação sistemática, fundamentada e adaptada do caso; exame físico no pós-operatório imediato;
à Teoria de Adaptação de Roy, no modo fisiológico. avaliação do cliente no pós-operatório (PO), no 1º e no
E para a apresentação dos dados descrevem-se duas 7º dia. No Quadro 1 regista-se a proposta da assistência
visitas hospitalares, durante as quais foi reforçado de enfermagem, a partir do modelo de adaptação
o tratamento vigente e enfatizada a necessidade da de Callista Roy, no modo fisiológico, estimulo,
avaliação do órgão transplantado, ao longo da vida. diagnósticos de enfermagem e intervenções.
As visitas descritas referem-se, respectivamente, ao

QUADRO 1 - Assistência de enfermagem ao portador de transplante hepático, a partir do modelo de


adaptação de Callista Roy, no modo fisiológico. Fortaleza, 2008

Modo de adaptação Estímulo Diagnóstico de enfermagem Intervenções (NIC)


Fisiológico
Focal: dor em decorrência
do procedimento cirúrgico e Posicionamento;
dependência de broncodilatadores. Padrão respiratório ineficaz administração de
Contextual: incisão cirúrgica de
Oxigenação relacionado à dor e ansiedade, analgésicos;
grande porte; e não ter ao alcance os caracterizado por dispneia Monitorização de sinais
broncodilatadores de uso pessoal. vitais
Residual: História de distúrbio
pulmonar obstrutivo crónico

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Nutrição desequilibrada: menos
Focal: ruídos hidroaéreos hipoactivos. do que as necessidades corporais,
relacionada à incapacidade Sondagem gastrointestinal;
Contextual: restrição de movimentos; para ingerir comida e absorver Monitorização nutricional;
Nutrição abdómen globoso e não ter desejo nutrientes, causada por factores Planeamento da dieta
de comer; biológicos relacionados a ruídos Ensino: dieta prescrita.
Residual: uso de opiáceos. hidroaéreos hipoactivos e falta de
interesse por comida
Constipação relacionada à
Focal: motilidade diminuída do TGI. Controle de
motilidade diminuída do trato
Contextual: restrição de movimentos, medicamentos;
gastrointestinal e ingestão
Eliminações falta de apetite, uso de opiáceos e Controle da dor;
insuficiente de líquidos,
diuréticos. Monitorização hídrica.
caracterizada por incapacidade de
Residual: ambiente Monitorização nutricional
eliminar as fezes.
Mobilidade Física prejudicada
Focal: Dor. Controle da dor;
relacionada à dor, caracterizada
Contextual: Desconforto abdominal Terapia com exercícios:
capacidade limitada para
Residual: Tolerância diminuída a dor, deambulação.
devido a medo. desempenhar as habilidades Promoção do exercício.
motoras grossas.
Actividade e
repouso. Assistência no auto
Focal: Intolerância a actividade. Deficit no auto cuidado para cuidado: banho/higiene;
Contextual: Barreiras fisiológicas e banho e higiene relacionado à dor, Controle do ambiente:
ambientais fraqueza e cansaço, caracterizado segurança
Residual: Valores pessoais. por incapacidade de lavar o corpo. Controle do ambiente:
conforto
Focal: Privação da ingestão de água, Monitorização hídrica
dieta zero. Volume de líquidos deficiente Monitorização nutricional
Líquidos e Contextual: Pós-operatório imediato; relacionado à perda activa de Controle hídrico
electrólitos abdómen distendido, ruídos volume de líquido, caracterizado Manutenção de dispositivo
hidroáreos hipoactivos, uso de por membranas mucosas para acesso venoso
diuréticos. ressecadas. Terapia endovenosa
Residual: jejum prolongado.
Focal: Insuficiência hepática Protecção ineficaz relacionada
Protecção Controle de infecção
Contextual: Abuso de drogas, álcool ao tratamento, caracterizada por Educação para a saúde
Residual: Curiosidade. deficiência na imunidade.
Risco de infecção relacionado a
procedimentos invasivos;
Focal: Defesas primárias inadequadas, Destruição de tecidos e exposição
exposição ambiental. a patógenos; Protecção contra infecção.
Contextual: Presença de cateteres, Aumentada munossupressão; Educação para a saúde.
sondas nasogástrica e vesical.
Residual: Flora bacteriana do paciente Doença de base crónica (cirrose);
Defesas primárias e secundárias
inadequadas
Focal: déficit imunológico causado
pela imunossupressão Integridade da pele prejudicada Cuidados com lesões;
Contextual: lesão mecânica causada relacionada a procedimentos Cuidados com local de
pelo procedimento cirúrgico, à invasivos. incisão.
presença de dreno biliar
Residual: insuficiência hepática
Memória prejudicada relacionada Treino da memória.
Focal: Esquecimento.
Neurológico ao uso prolongado de droga, Orientação para a
Contextual: Uso de drogas; idade ou caracterizada por experiência realidade;
insuficiência hepática. relatada de esquecimento. Redução da ansiedade.
Focal: Diminuição da libido. Padrão de sexualidade ineficaz
Endócrina Contextual: Doença hepática, relacionado à doença crónica Escutar activamente
alterações hormonais. debilitante – cirrose.
Residual: Processo de adoecimento.

Apresentação do caso: 1980. Com esquema de vacinação completo, o seu


Cliente do sexo masculino, com 52 anos, que estava grupo sanguíneo era O negativo e foi transfundido
no pós-operatório de transplante de fígado realizado durante acto cirúrgico. Durante a sua vida o paciente
em função de hepatite alcoólica e presença de vírus informou uso de drogas ilícitas (maconha e cocaína)
do tipo C, processo iniciado no começo dos anos de e lícitas (álcool e fumo). Referiu não usar drogas

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nos últimos meses. Demonstrava conhecimento da auscultação. Genital normal. Presença de hérnia
sua doença e do motivo do internamento. Sempre inguinal à direita, de tamanho grande. Diurese por
procurou fazer tratamento, entretanto a doença sonda vesical de demora, com débito satisfatório.
evoluiu para hepatite crónica. Houve necessidade de Membros inferiores edemaciados e superiores
um internamento anterior decorrente de corte no normais, pulsos periféricos palpáveis.
membro superior (mão). Alimentava-se habitualmente
seis vezes ao dia, não gostava de cebola, batata, feijão Avaliação do cliente no pós-operatório (PO) de
e tapioca, mas gostava muito de carne, fígado e transplante hepático (1º e 7º dias)
peixe. Ingeria, em média, um litro de água por dia. - 1º PO. Acordado, consciente, cooperativo e
Tinha episódios de anorexia, náusea e sensação de comunicativo. Mucosas hipocoradas e ressecadas;
plenitude gástrica. Havia perdido em média 10 kg referia muita sede e dor, sendo medicado com morfina.
de peso corporal no último ano. Evacuava três vezes Apresentava leve dispneia. Sinais vitais estáveis. Em
ao dia e, por último, tinha episódios diarreicos. uso de acesso de veia jugular externa esquerda para
Eliminações urinárias normais. Era portador de hidratação venosa, bomba diurética e terapêutica
distúrbio pulmonar obstrutivo crónico (DPOC), medicamentosa. Sonda nasogástrica em aspiração,
porém não apresentava tosse nem expectoração. em dieta zero. Abdómen globoso. Renovado curativo
Deambulava normalmente, porém, devido ao da ferida operatória e acesso venoso central. Diurese
aparecimento de hérnia inguinal, apresentava ligeira por sonda vesical de demora. Realizado balanço
dificuldade para deambular e sentar-se. Conciliava hídrico, de duas em duas horas e controle glicémico.
sono e repouso sem dificuldades. Era míope, fazendo Estava dependente dos cuidados de enfermagem,
uso de lentes correctivas; relatava diminuição auditiva mas apresentava-se disposto a enfrentar o seu novo
e memória discretamente afectada. Era muito curioso, estilo de vida.
buscava muito o aprendizado, gostava de ler e ouvir -7º PO. Acordado, consciente, verbalizando. Ficou
música. Sua auto percepção era de que logo estaria sem conseguir alimentar-se, pois não tinha apetite,
recuperado do processo cirúrgico, retomando as suas mas havia iniciado dieta oral há 2 dias, com boa
actividades diárias normais, como cuidar dos filhos e aceitação. Estava sem sondas e cateteres. A medicação
de quem precisasse. Tinha bons relacionamentos com era por via oral. Conciliava sono e repouso. Não
os amigos e filhos. Aceitava a sua doença, mostrava-se deambulava muito e sentia dor, devido à hérnia.
adaptado e optimista durante o período de interacção. Hemodinamicamente estável. Às vezes necessitava
Participava da associação dos portadores de hepatite. de oxigénio por curto espaço de tempo. Abdómen
Ao exame físico: consciente, verbalizando seus globoso. Dificuldade para evacuar. Cliente com
problemas. Em uso de cateter venoso central em veia bom estado geral, independente dos cuidados
jugular interna (direita), por onde fluía hidratação de enfermagem, mas ainda com dificuldade para
venosa e de bomba diurética. Apresentava-se deambular devido à hérnia e por falta de cooperação
desidratado, com mucosas ressecadas, hipocorado. dos acompanhantes.
Com fácies de dor. Pulso = 78bpm; T = 36°C;
R = 28 rpm; Pressão arterial = 166x 83mmHg.
Auscultação pulmonar normal, ausência de ruídos Discussão
adventícios; era portador de DPOC e fazia uso de
broncodilatadores. Mostrava-se ansioso por não No transplante de fígado, a assistência no pós-
fazer uso desses medicamentos e apresentava operatório está direccionada para a implementação
um leve desconforto respiratório. Expectorava de intervenções voltadas para a prevenção ou
secreção espessa esbranquiçada e isto preocupava-o. detecção precoce das complicações cirúrgicas, do
Encontrava-se com sonda nasogástrica e em dieta enxerto e dos diversos sistemas – respiratórias,
zero. Abdómen doloroso à palpação e globoso, com cardiovasculares, digestivas, infecciosas, entre outras.
ferida operatória cicatrizando por primeira intenção, Sendo fundamental também o atendimento das
com drenagem de secreção sanguínea em pequena suas necessidades psicológicas, de forma a facilitar o
quantidade, sendo realizado curativo oclusivo. enfrentamento do novo estilo de vida do transplantado
Apresentava ruídos hidroaéreos hipoactivos à (Mendes e Galvão, 2008).

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De acordo com o observado, as intervenções foram verbalização, posição antiálgica, expressões faciais
implementadas e avaliadas durante as visitas hospitalares. e comportamentais e respostas autonómicas (por
No decorrer das visitas o cliente apresentou melhora exemplo, taquicardia, diaforese, alteração da pressão
significativa diante dos estímulos decorrentes do sanguínea, da respiração) relacionadas à ferida
tratamento cirúrgico, manifestando comportamentos cirúrgica, sítio do dreno aspirativo, locais de punção
que demonstraram a sua adaptação. Apesar de apresentar venosa e arterial, lesão por punção e/ou colonização
problemas de oxigenação, eliminação, actividade e por patógenos. A cefaleia também é um tipo de dor
repouso, nutrição, líquidos e electrólitos, protecção, aguda, comummente referida pelos pacientes de
neurologia, devido às manifestações esperadas de um transplante hepático e que é descrita pela literatura.
pós-operatório, principalmente as dores, os problemas Sanchez e Klintmalm (2005), correlacionam a dor
foram amenizados pelas intervenções. Outra situação a de cabeça à neurotoxicidade de imunossupressores
destacar refere-se à nutrição, que também evoluiu de como tacrolimus e ciclosporina, à hipertensão ou
forma desejada, com o paciente procurando alimentar- infecções oportunistas.
se a intervalos curtos, embora apresentasse diminuição As eliminações do paciente do estudo ficaram
do apetite. prejudicadas, sendo orientado, naquele momento, à
As intervenções utilizadas para melhora da oxigenação deambulação e ao aumento da ingesta hídrica, para
foram baseadas nos estímulos focais que estavam facilitar o processo digestivo. O cliente também foi
interferindo no processo de troca gasosa. Por isso, orientado quanto ao uso de medicação para dor,
a assistência de enfermagem foi direccionada para apenas quando realmente necessário, sendo explicado
o alívio da dor, contribuindo, após a execução das que a sua utilização contribuía para a constipação.
acções, para melhora do movimento respiratório e O diagnóstico de risco de constipação esteve presente
o alívio da ansiedade, aliado à mudança de decúbito em outro estudo, em 87% dos pacientes e é bastante
para melhora da expansão pulmonar e desconforto frequente nos pacientes, por permanecerem em
no leito. jejum durante esse período, agravado pela actividade
A nutrição ficou alterada, em virtude do estímulo focal física deficiente e pela motilidade gastrointestinal
fisiológico de diminuição dos ruídos hidroaéreos. diminuída (Canero, Carvalho, Galdeano, 2004).
Após detectar esse problema, a retirada da sonda A actividade e repouso do cliente do estudo ficaram
foi adiada e mantida em aspiração para evitar estase alterados no 1º dia pós-operatório devido à dor,
gástrica, distensão abdominal e vómitos. No quarto mas no 7º dia a partir da cirurgia ele já conseguia
dia de pós-operatório os ruídos hidroaéreos já deambular pela enfermaria, apesar das limitações.
estavam presentes, sendo iniciada dieta por via oral, Então, no modo de adaptação actividade e repouso,
em pequenas quantidades, conforme aceitação do ficou evidente a presença de dois diagnósticos:
cliente. mobilidade física prejudicada e deficit no auto cuidado
Num estudo sobre diagnóstico de enfermagem para para banho e higiene.
o pós-operatório imediato de pacientes submetidos A mobilidade física prejudicada está relacionada
a transplante hepático, o diagnóstico de nutrição principalmente ao desconforto e à dor do pós-
desequilibrada esteve presente em 70% dos pacientes operatório imediato de cirurgia de grande porte;
e as características definidoras mais frequentes aos prejuízos músculo-esqueléticos, diminuição da
relacionavam-se ao seu estado prévio, ao jejum força e massa muscular, má nutrição decorrente da
prolongado no pós-operatório e à dor abdominal disfunção hepática, ao metabolismo celular alterado,
na região da ferida operatória (Canero, Carvalho, intolerância à actividade/resistência diminuída e
Galdeano, 2004). prejuízo sensório-perceptivo e cognitivo para alguns
A dor aguda é definida como: “Experiência sensorial pacientes.
e emocional desagradável que surge de lesão O diagnóstico de “deficit para o auto cuidado” é
tecidular real ou potencial [...], com início súbito ou definido como “o estado em que o indivíduo apresenta
lento, de intensidade leve a intensa, com término prejuízo na função motora ou cognitiva, causando
antecipado ou previsível e duração de menos de 6 uma diminuição na capacidade de desempenhar cada
meses” (Nanda, 2006, p. 90). O paciente em estudo uma das actividades de autocuidado” (Carpenito-
apresentou esse tipo de dor, caracterizada pela sua Moyet, 2005, p. 657).

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Os factores relacionados a esse diagnóstico, complicações cirúrgicas que demandam maior tempo
encontrados no estudo de caso, são corroborados pela de uso de cateteres, sistemas de drenagem, nutrição
literatura e referem-se aos relativos à doença de base enteral e/ou parenteral. Ainda, Sanchez e Klintmalm
crónica debilitante (falência hepática); ao tratamento (2005), sobre Transplante hepático: Diagnósticos de
pós-operatório de cirurgia de grande porte que causa Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-
fadiga e dor; e às restrições emocionais e do ambiente operatório na unidade de internamento, afirmam que
hospitalar. as infecções isoladamente constituem o maior risco
No paciente em estudo, o aporte de líquidos foi de morte para os pacientes receptores de transplante
acompanhado pelo controle do balanço hídrico horário, hepático. Uma das razões expostas por esses autores
nas primeiras 24 horas, observando-se a necessidade é a dificuldade de avaliação e intervenção precoce
de correcção de volume, evitando a desidratação, e que os sinais e sintomas clássicos de infecção são
choque hipovolémico ou hiperhidratação. sublimados mediante a imunossupressão. Mencionam
Os diagnósticos presentes no modo de protecção ainda outras causas de morte, como fístula biliar,
foram: protecção ineficaz, risco de infecção, integridade trombose da artéria hepática, não função primária do
da pele prejudicada. Além de ocorrerem pelo facto enxerto, rejeição aguda persistente ou a crónica que,
desses pacientes terem sido submetidos a um grande muitas vezes temporariamente, são precedidas de uma
procedimento cirúrgico, as características definidoras infecção. Diante desses desafios, autores recomendam
mais presentes relacionam-se à imunossupressão e o uso de terapia medicamentosa profilática para
às defesas secundárias inadequadas. A infecção é a fungos, bactérias e vírus e o tratamento selectivo
complicação mais comum no pós-operatório precoce, nos casos de infecções confirmadas. O diagnóstico
localizando-se principalmente no sítio cirúrgico, de risco de infecção identificado na totalidade da
incluindo o fígado, o trato biliar, a cavidade peritoneal clientela pesquisada é de alto impacto profissional.
e a ferida cirúrgica (Raia et al., 2001). Toda a equipa de saúde deve ter embutida nas suas
O risco de infecção é definido como: “Estar em risco práticas a prevenção e o controle de infecção em
aumentado de ser invadido por organismos patógenos” pacientes imunossuprimidos transplantados.
(Nanda, 2006, p. 137), e foi identificado em todos os No modo neurológico, o diagnóstico presente foi
pacientes estudados. Everson e Kam (2001) afirmam memória prejudicada. O cliente referiu diminuição
que a ocorrência de infecção é previsível no pós- da memória, dizendo estar esquecido. Foi orientado a
transplante e se apresenta de forma cronológica. Na realizar actividades que melhorassem o seu processo
primeira semana é mais comum a infecção bacteriana de pensamento, como fazer palavras cruzadas e
causada por cateteres (30,0%), pneumonia (25,0%), exercitar a leitura.
infecção biliar (15,0%) e por ferida cirúrgica em 10,0% Por fim, ele relatou também que a sua libido estava
dos pacientes. Portadores de diabetes e com o estado diminuída, sendo orientado que, após o transplante,
nutricional comprometido podem desenvolver sua actividade sexual poderia ser normalizada. A
bacteremia. Ainda na primeira semana pode ocorrer disfunção sexual, segundo a NANDA (2006, p. 209),
infecção oportunista, como estomatite e candidíase. é “A mudança na função sexual, que é vista como
A recorrência de infecção pelo vírus C acontece insatisfatória, não-compensadora e inadequada”. Esse
ainda na primeira semana; e pelo vírus B após 30 diagnóstico incidiu em 22 (62,8%) pacientes. Strouse
dias de transplante. No segundo e terceiro mês pós- (2005) afirma que as consequências neuropsiquiátricas
transplante, podem ocorrer as infecções virais por têm sido mais pesquisadas, uma vez que o transplante
Citomegalovírus (CMV), Epstein-Barr, Varicela Zoster, hepático se tornou um procedimento comum e os
entre outros. O uso de imunossupressores torna o pacientes têm sobrevivido mais. Dentre as queixas e
paciente vulnerável a infecções oportunistas e activa observações nessa área, o autor menciona a disfunção
replicação viral em alguns casos. O risco de invasão sexual em homens e mulheres. Ao realizar a colheita
por fungos é directamente relacionado ao nível de de dados de saúde desses pacientes, é comum o
imunossupressão. relato de diminuição da libido, dificuldade de erecção
Busuttil e Klintmalm (2005) incluem outros factores e ejaculação prejudicada. Associada à falta de energia,
de risco para infecção, como a longa permanência edema acentuado, dispneia em alguns casos e fadiga,
na terapia intensiva, uso prolongado de antibióticos, a função sexual torna-se prejudicada na fase avançada

Revista de Enfermagem Referência - III - n.° 1 - 2010 Cuidado ao portador de transplante hepático à luz do referencial teórico de Roy

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da cirrose hepática. CANERO, T. R. ; CARVALHO, R. ; GALDEANO, L. E. (2004) -
Strouse (2005) confirma a recuperação das funções Diagnósticos de enfermagem para o pós-operatório imediato de
pacientes submetidos a transplante hepático. Einstein. Vol. 2, nº
endócrinas após o transplante. Embora haja uma 2, p. 100-104.
melhora considerável dessas funções e estado geral
CARPENITO-MOYET, L. J. (2005) - Diagnósticos de enfermagem:
do paciente, outros factores afectam indirectamente
aplicação à prática clínica. 10ª ed. Porto Alegre : Artmed.
o seu desempenho sexual, tais como depressão pós-
operatória, auto imagem, auto-estima e assuntos CINTRA, E. D. A. ; NISHIDE, V. M. ; NUNES, W. A. (2003) -
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ligados aos relacionamentos. São Paulo : Atheneu.
A assistência de enfermagem ao paciente transplantado
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na unidade de terapia intensiva requer que o enfermeiro
de 10 de Outubro de 1996. Dispõe sobre diretrizes e normas
seja capacitado para prestar um tratamento complexo, regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
que envolva o planeamento da assistência desde o Bioética. Vol. 4, Supl. 2, p. 15-25.  
preparo do leito e admissão na unidade, prevenção DUARTE, M. M. F. ; SALVIANO, M. E. M. ; GRESTA, M. M. (2004)
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nervoso, imunológico, endócrino e hematopoiético Cap. 24, p. 592-624.
(Cintra, Nishide e Nunes, 2003). EVERSON, G. T. ; KAM, I. (2001) - Immediate postoperative care. In
MADDREY, W. C. ; SORREL, M. F. ; SCHIFF, E. R. - Transplantation
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Teorias de enfermagem. Porto Alegre : Artes médicas. p. 218-
A assistência de enfermagem aplicada, utilizando-
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se a teoria de Roy, facilitou o diálogo com o cliente
e auxiliou no alcance das metas e modificações MCCLOSKEY, J. C. ; BULECHEK, G. M. (2004) - Classificação das
intervenções de enfermagem. 3ª ed. Porto Alegre : Artmed.
dos comportamentos, com a implementação das
intervenções. De forma gradual, o cliente evoluiu de MENDES, Karina Dal Sasso ; GALVAO, Cristina Maria (2008) -
Transplante de fígado: evidências para o cuidado de enfermagem.
maneira satisfatória, apresentando comportamentos
Revista Latino-Americana de Enfermagem [Em linha]. Vol. 16, 
adaptativos. nº 5.   [Consult. 8 Set. 2009]. Disponível em WWW:<URL:http://
Pode-se ainda observar que o cuidado implementado www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
com o processo de enfermagem nos permite agir 11692008000500019&lng=pt&nrm=iso>.
de forma direccionada aos problemas adaptativos NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION
do cliente, através de acções científicas e não (2006) - Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e
empiricamente, voltando a atenção ao cliente na classificação 2005-2006. Trad. de Cristina Correa. Porto Alegre :
Artmed.
busca de melhor promover a sua saúde.
Tratando-se de uma intervenção cirúrgica, torna-se RAIA, S. [et al.] (2001) - Fundamentos do transplante hepático. In
imprescindível que o cliente reconheça a sua situação GAYOTTO, L. C. C. [et al.] - Doenças do fígado e das vias biliares.
São Paulo : Atheneu. p. 1101-1215.
de saúde. Dessa forma, haverá uma adaptação
melhor. Para tanto, é importante que o cuidado seja REGISTRO BRASILEIRO DE TRANSPLANTES (2006) - Órgão
Oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Ano
desenvolvido por todos os membros da equipa de
11, nº 2, 62 p., Jan./Dez. 2006. Jurisdição.
saúde, especialmente a enfermagem, para garantir
alta possibilidade de restabelecimento precoce aos ROY, S. C. (1984) - Introduction to nursing: na adaptation
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