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A existência do indígena só parece possível para o conquistador situada num espaço mítico,

maravilhoso; que pode ser um paraíso, ou um lugar de caos.

O imaginário do conquistador moldou esse encontro, e os discursos produzidos a partir dele.


Imaginário sobre “o outro”, e sobre “um novo mundo”.

Os índios e a américa foram interpretados com base em discursos e mitos prévios.

Para o homo religiosus, tudo pode ser ou sagrado ou profano. Existe a presença divina, ou
não. Aquilo que existe fora dos limites previamente considerados sagrados, sem a presença do
divino, é profano.

Aquilo fora do divino é um espaço de caos, habitado por seres fantásticos que, no mito
original, são vencidos e subjugados, para que se efetue sua sacralização e ordenação. Mas, as
características que tornam o caos inóspito para o europeu, se vencidas, o levariam ao inverso e
complemento do caos: o cosmos, o mundo bem ordenado, divinizado. Ele seria então agente da
criação desse novo mundo.

O arquétipo do centro o lugar da criação: montanha/abóboda/caverna; gólgota; jerusalém;


árvore da vida; santuário/templo. Símbolos: mandala, labirinto. O centro confere a sacralidade, o
absoluto.

O homem se orienta por esse desejo de ultrapassar a condição humana, recuperar a condição
divina. Por isso ele cria e se volta para o centro, funda seu cosmos. Por isso também ele imagina “o
outro”, o obstáculo à sua posse, como a serpente.

Jacob de Varazze, em A Lenda Durea: o tempo do homem se divide entre o do desvio (queda
do paraíso?), o da peregrinação (remissão), e o da reconciliação final. O homem está numa jornada
em direção ao paraíso, ao centro e “o outro” espreita o homem, se esforça para desviá-lo da
salvação.

O mundo físico não tem, para o cristão medieval, seu aspecto concreto, porque ele olha com
os olhos do espírito, e não do corpo. O mundo terreno é apenas uma etapa.

Cartografias Ecumênica (T/O) e Hemisférica; os mapas mais como imagem do que como
instrumento. O mundo visto sob uma lente espiritual e mística. Imago Mundi.

Haviam teorias sobre o outro mundo, o quarto continente, que seriam habitados por
“antípodas”. Poderia ser um “cosmos”, ou o “caos”.

O homem medieval vivia imerso na religiosidade. O cristianismo dominava a ciência, tentava


dominar todo o conhecimento humano.

Ao “outro” se atribuem qualidades diferentes de si.


Histórias de cavaleiro: O “outro” em lugares inóspitos, como floresta, caverna, montanha,
deserto. Lugares envenenados por seus pecados, que só poderiam produzir monstros.

Os mapas revelavam uma concepção de universo (“cosmos”) do homem medieval.

Nova concepção de mundo: abandono da centralidade, adoção da perspectiva.

O oceano racionalizado, subjugado e preso nas malhas de uma teia que o homem construíra.

Colombo se considerava detentor de uma “verdade revelada”, sua viagem à índia era pra ele
um milagre evidente.

Ele via sinais vistos na viagem com olhos voltados pro mundo espiritual: os via como sinais
de Deus, ou reconhecia nele avisos dados por grandes filósofos ou teólogos.

Sobre o “Theatri Orbis Terrarum”: “Em posição diametralmente oposta à Europa, como
“antípoda”, está a América, colocada aos seus pés (da Europa), submissa. Em posição reclinada,
quase deitada, é sem dúvida uma figura ambígua. Embora bem proporcionada e com longos
cabelos, a sua feminilidade é contrabalanceada por um discreto ar viril, conferido pelas armas que
empunha e, sobretudo, pelo toucado à feição de um capacete. A figura sugere uma disponbilidade
sexual expressa pela sua posição reclinada. A ambiguidade de sua figura sugere, ainda, a de uma
Amazona e, associada ao hábito monstruoso da antropofagia – indicado pela cabeça da vítima em
sua mão – condena-a, inexoravelmente, a transgressão do Levítico e a uma destruição justificada”

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