Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS II
São Paulo
2019
RESUMO
EA Educação Ambiental
EACH Escola de Artes, Ciências e Humanidades
GA Gestão Ambiental
GEAC Grupo de Educação Ambiental Crítica
RRD Redução de Risco de Desastres
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
PAP Pessoas que Aprendem Participando
USP Universidade de São Paulo
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4
1.4 JUSTIFICATIVA 9
2 OBJETIVOS 9
3. MATERIAIS E MÉTODOS 10
3.1 ENTREVISTA 10
3.2 ANÁLISE 10
4 RESULTADO E DISCUSSÃO 11
5 CONCLUSÃO 20
REFERÊNCIAS 21
3
1 INTRODUÇÃO
4
desenvolvimento tecnológico, ainda não considerando as complexidades das relações entre
sociedade e natureza (LAYRARGUES & LIMA, 2014).
Com o tempo, como apontado por Layrargues & Lima (2014), percebeu-se que
existem diferentes concepções de EA e que cada prática educativa varia de acordo “com as
percepções e formações de seus protagonistas, com os contextos sociais nos quais se inserem
e com as mudanças experimentadas ao longo do tempo pelo próprio ambientalismo”
(LAYRARGUES & LIMA, 2014, p.28). Dessa forma, foram desenvolvidas diferentes
correntes pedagógicas no campo da EA, sendo a corrente crítica uma delas, que é a base de
pesquisa deste trabalho.
5
A formação crítica dos educadores ambientais é de suma importância para romper
com a hegemonia de concepção de EA conservacionista e, assim, alcançar a real
transformação social que precisamos para superar os problemas estruturais e conjunturais
ambientais. Para Guimarães (2004, p. 141), a formação de educadores:
O filósofo holandês Espinosa retrata essa potencialidade como potência de ação, que,
segundo Santos & Costa-Pinto (2005), “está relacionada à nossa capacidade de agir no mundo
e de transformar a realidade em que vivemos na direção do que desejamos”. O filósofo diz
que o que nos move é a busca da felicidade e a liberdade, e, esta busca, se relaciona com a
nossa capacidade de realizar e expressar nossos desejos (SANTOS & COSTA-PINTO, 2005).
Assim, é fundamental que tenhamos consciência da causa de nossos desejos, já que são eles
que impulsionam as nossas ações (SANTOS & COSTA -PINTO, 2005).
“Ao definirmos a participação como potência de ação, podemos afirmar que o que
move a participação é a vontade de ser feliz, cuja ação reflete, no limite, na ação
política transformadora, mas o motor dessa ação não é apenas a consciência política,
1
“Um sujeito que pode ser visto em sua versão grandiosa como um sujeito heróico, vanguarda de um movimento
histórico, herdeiro de tradições políticas de esquerda mas protagonista de um novo paradigma
político-existencial; em sua versão new age é visto como alternativo, integral, equilibrado, harmônico,
planetário, holista; e também em sua versão ortodoxa, onde é suposto aderir a um conjunto de crenças básicas,
uma espécie de cartilha - ou ortodoxia - epistemológica e política da crise ambiental e dos caminhos para
enfrentá-la”
6
mas também a descoberta de potencialidades, talentos e capacidades individuais e
coletivos, pois estas descobertas trazem o estímulo à ação e à participação.”
Portanto, trazer essa visão de potência de ação para os coletivos educadores e grupos
de EA é importante pois, como mencionado por Guimarães (2004), para que haja realmente
uma ruptura com o paradigma dominante, é necessário transformações significativas através
de uma sinergia de um movimento conjunto e não apenas a soma de mudanças de
comportamentos individualizados.
Para analisar a motivação do grupo, precisamos entender quais processos agem sobre
o indivíduo e que resultam no processo motivacional. A motivação são ações construídas de
ordem individual, com o desenvolvimento do aprendizado e busca de desenvolvimento de
habilidades e valores pessoais, agindo em conjunto com motivos extrínsecos (externos) que
buscam a obtenção de resultados (SANTOS; STOBÄUS; MOSQUERA, 2007).
7
projeto pretende superar essas dificuldades através de um processo educativo permanente,
articulado e continuado, fortalecendo o pertencimento entre a EACH e a comunidade da Zona
Leste, atuando em escolas públicas dessa região (GEAC). Desta forma, o GEAC pretende
atuar como um grupo de Pessoas que Aprendem Participando (PAP) pois ao mesmo tempo
que é agente das ações que realiza na região, é também um paciente dessas ações e das outras
atividades realizadas.
8
É importante destacar que essas caracterizações existem apenas como uma forma de
distribuir a organização do grupo e não é uma hierarquização imutável, de forma que
monitores podem passar a ser facilitadores assim como o oposto (SILVIA & PEREIRA).
Atualmente, o GEAC conta com nove monitores, sendo um deles um doutorando, e cerca de
quinze facilitadores. Para esse projeto em específico, temos o foco nos monitores do GEAC.
1.4 JUSTIFICATIVA
2 OBJETIVOS
9
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 ENTREVISTA
3.2 ANÁLISE
10
entrevista e organização das respostas por meio de uma matriz estrutural (Quadro 1), com o
objetivo de sintetizar as respostas em frases ou palavras-chave e retirar gírias ou termos que
influenciassem na análise da motivação individual. Após isso, utilizando o software NVivo,
analisamos quais termos e palavras foram mais citados por todos os participantes resultando
na criação da nuvem de palavras que sintetiza o que cada participante apresentava em comum
e caracterizar um ponto principal sobre a motivação de permanência no grupo, relacionado
com a perspectiva individual.
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
11
Para a caracterização dos entrevistados, de forma a manter seus nomes em sigilo,
fizemos a separação pelas letras: A, B, C e D. Para montar o perfil de cada um, levantamos
informações sobre idade, gênero e qual semestre está cursando, além de verificar a origem do
interesse por EA.
Integrantes Idade
A 21
B 21
C 20
D 20
A integrante A nos disse que seu interesse por Educação surgiu ao acompanhar o
trabalho da mãe, que é educadora, mas que não possuía conhecimento prévio em EA.
12
4.2 MATRIZ ESTRUTURAL A PARTIR DA ENTREVISTA
Para análise das entrevistas, as respostas obtidas dos entrevistados foram colocadas
em uma matriz onde consideramos incluir os pontos principais presentes no roteiro de
perguntas e que são interligados com os nossos objetivos, pois é partir das respostas obtidas
em cada pergunta que surgiria tanto a nuvem de palavras desenvolvida, quanto a busca pelos
apontamentos convergentes.
13
4.3 MOTIVAÇÃO DE ENTRADA
Como mostrado anteriormente (Figura 1), três dos quatro entrevistados cursaram o
Técnico em Meio Ambiente e tiveram o seu primeiro contato com EA durante esse curso, em
alguns casos até mesmo realizando o TCC nessa área. Essa vivência anterior pode ser uma das
experiências anteriores dos participantes que foi importante para motivá-los para entrar no
grupo e é observado nas respostas
Porém, não podemos dizer que apenas os integrantes que tinham uma experiência
prévia na área entraram com o objetivo de trabalhar com esse tema. A outra entrevistada, que
não possui Técnico em Meio Ambiente, disse que o trabalho de sua mãe como educadora foi
importante e que a motivou e incentivou a trabalhar com esse tema. O que nos mostra que
mesmo sem conhecimento anterior sobre o tema, sua interação com a sua mãe foi suficiente
para a incentivar nessa área.
“Acho que o primeiro motivo é trabalhar com EA, porque eu não conhecia nada e eu
acredito muito no poder da educação de transformar as pessoas” (A)
Nas entrevistas também foi possível perceber que as motivações de entrada estão
relacionadas com necessidades de cada indivíduo, como mostrado por Huertas (2001 apud
SANTOS et al. 2007). Alguns trechos das entrevistas mostram essas necessidades individuais
14
“ [...] e também acho que o motivo que eu entrei no GEAC foi de
autoconhecimento.” (A)
“Por ser um grupo que eu pensei que me abriria portas para isso (trabalhar com EA
e dar aulas), porque ele já tava mais montado e articulado, então ele foi um meio
para isso.” (B)
“Acho que foi o interesse a satisfazer tipo a minha necessidade de fazer ciência,
sabe? Acho que educação em si não é uma das coisas que a gente faz sozinho, não
tem como fazer sozinho [...] então acho que não só para melhorar meu trabalho
individual, o que me motivou a ficar no GEAC quanto um grupo e acreditar que ele
poderia ser um grupo é que assim que tem que ser o fazer da EA” (C)
“Acho que uma primeira motivação para que isso acontecesse foi a necessidade de
cumprir a função social da universidade, isso sem sombra de dúvida.” (C)
Ao formular uma EA crítica, que tem como viés ser um ato voltado para a
transformação social, os entrevistados transpareceram essa percepção de mudança pessoal
quando perguntados sobre. Isto pode ser observado nas respostas
“[...] quando a gente estuda a área ambiental, a gente se estuda porque estamos
presentes no meio, então querendo ou não você começa a criticar suas ações, como
você trata o outro, como você trata os recursos naturais, a natureza, o ser humano,
enfim. E eu percebi que eu comecei a me criticar muito também e […] o fato de
estar em grupo faz eu perceber coisas em mim e no grupo [...]. Eu acho que mudei
bastante coisa, e querendo ou não quando você fala das suas ações você se muda.
Não tem como achar que tá mudando algo na sociedade e não se mudar [...]. Eu
estou mudando dia após dia graças ao GEAC” (D)
“[...] eu acho que o meu conceito de educação ambiental mudou muito e isso me fez
enxergar mais a parte de mudanças que eu posso fazer efetivamente e fez eu me ver
como um agente que pode incentivar os outros e como que eu posso me comunicar
melhor com os outros e comigo mesma.” (B)
Ao perguntar aos integrantes “O que você gosta no grupo?” obtivemos respostas que
dialogam entre si e que inferem nas características do grupo como um todo. Como nos trechos
abaixo
“Sempre buscamos ser democrático e participativo, é claro que tem vários problemas
no meio do caminho, porque acho que tudo tem, nada é perfeito. E a gente também
não tá buscando a perfeição, acho que isso é o principal ponto. Acho que o fato da
gente entender que é um processo, a gente se permite desconstruir e construir nossas
relações, nossas dinâmicas também.” (D)
Com esses trechos podemos dizer que o GEAC é um espaço que busca ser
democrático e participativo na sua construção e esses são pontos que Jacobi (2005) aponta
como eixos principais da atuação em EA. Além disso, para Santos e Costa-Pinto (2005)
algumas características e princípios adotados em processos educativas em EA visam o
fortalecimento do sujeito, como práticas baseadas em princípios democráticos e nos desejos
daqueles que a integram; apropriação do processo de transformação que se deseja realizar,
internalizando as causas; a realização de bons encontros que possibilitam a ocorrência de
mudanças internas de cada participante e também mudanças na postura do coletivo/grupo.
Os pontos citados por Santos e Costa-Pinto podem ser observados no tópico anterior
que trata das mudanças pessoais de cada integrante e também nos trechos anteriores que
abordam esse caráter democrático e participativo do grupo. Nos trechos abaixo podemos ver
que os integrantes também concordam com a atuação do grupo, que dizem baseadas no que
eles acreditam, o que corrobora com o ponto de apropriação do processo de transformação e a
internalização das causas citado pelas autoras
“Acho que a gente faz o que a gente acredita na maioria das vezes, o agir e o pensar
concordando assim” (A)
16
“O GEAC é bem livre, ele não tem essa questão de [...]. hierarquia, então ninguem
manda a gente fazer nada, precisamos fazer pois senão o GEAC não funciona, é
orgânico e não tem que submeter a fatores externos porque o projeto já tem um viés
crítico e podemos fazer o que é de acordo com os nossos ideais, pois estamos
acreditando no que estamos fazendo.” (D)
“Então quando não podemos seguir nossos ideais [...] acho limitante e no GEAC eu
posso ser quem eu sou, por isso que gosto do GEAC.” (D)
“Eu acho que a relação e a comunicação que a gente tenta manter em compreender
os outros [...] A forma como a gente sempre está disposto a querer fazer as coisas,
por mais que a gente não faça no final, mas sempre quer abraçar tudo. “ (B)
“Eu gosto de todo mundo, eu gosto das pessoas, sabe? [...] Eu ainda acredito que as
relações em um grupo dependem diretamente da maneira que as pessoas se
relacionam entre si, então estar entre amigos é muito melhor que estar em um grupo
de pessoas que tu é obrigado. E por mais que esse grupo de amigos se afaste, ou se
aproxime, acho que uma das coisas que eu mais gosto é que a gente tá sempre lá uns
pros outros, sempre posso contar com alguém que tá naquele grupo, e essas pessoas
também podem contar comigo.” (C)
18
“O que me motiva no GEAC é que nada é definido, então tudo tá sendo reconstruído
a todo momento e eu acho que isso é muito importante, porque sempre estamos se
reconstruindo e acho que o GEAC é isso”. (D).
“Acho que o meu interesse por desastres e também o grupo tem interesse por
desastres é muito legal porque eu me sinto muito confortável em discutir com as
pessoas, de ouvir as experiências delas, as metodologias, a diversificação de
abordagem no GEAC me faz ficar porque não tenho isso em nenhum outro espaço”
(C).
19
5 CONCLUSÃO
20
REFERÊNCIAS
21
SANTOS, C. C.; COSTA-PINTO, A. B. Potência de Ação. In: JUNIOR, L. A. F. et al. (Orgs).
Encontros e caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. 1.ed.
Brasília: MMA, Diretoria de Educação Ambiental, 2005. p. 297-302.
SAUVE, L. Uma cartografia das correntes em Educação Ambiental. In: SATO, M.;
CARVALHO, I. C. M. (Orgs.). Educação Ambiental - pesquisas e desafios. Porto
Alegre:Artmed, 2005.
22
ANEXO A –EIXOS FORMATIVOS DE EDUCADORES AMBIENTAIS
Quarto eixo - Formar o educador ambiental como uma liderança que dinamize o movimento
coletivo conjunto de resistência.
Sexto eixo - Fomentar a percepção que o processo educativo se faz aderindo ao movimento da
realidade social, para, por meio do movimento, transformar a realidade.
Sétimo eixo - Trabalhar a auto-estima dos educadores ambientais, a valorização de sua função
social, a confiança na potencialidade transformadora de sua ação pedagógica articulada a um
movimento conjunto.
Nono eixo - Sensibilizar o educador ambiental para uma permanente autoformação eclética,
permitindo-lhe transitar das ciências naturais às ciências humanas e sociais, da filosofia à
religião, da arte ao saber popular, para que possa atuar como um interlocutor na articulação
dos diferentes saberes.
23
Décimo eixo - Exercitar a emoção como forma de desconstrução de uma cultura individualista
extremamente calculada na razão, e a construção do sentimento de pertencimento ao coletivo,
ao conjunto, ao todo, representado pela comunidade e pela natureza.
Décimo primeiro - Estimular a coragem da renúncia ao que está estabelecido, ao que nos dá
segurança, a ousadia para inovar.
24