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LIBRAS

Prof.ª Keyla Ferrari Lopes


Prof. Everton Thiago Moreira Macedo
Prof. Guilherme Bernardes Filho
Diretor Presidente
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes
Diretor Tesoureiro
Prof. Frederico Ribeiro Simões
Reitor

UNISEPE – EaD
Prof.ª M.ª Caroline das Neves Mendes Nunes
Prof. Danillo Yuzo Fujii Sakuma
Prof. Me. Fernando Henrique Ignácio Dos Santos
Prof. Me. Igor Gabriel Lima
Prof. Dr. José Luís Izidoro
Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa
Prof. Me. Leonardo José Tenório Mourão Torres
Prof. Me. Ricardo Nakamura

Material Didático – EaD

Equipe editorial:
Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395
Isis Gabriel Alves
Laura Lemmi Di Natale
Pedro Ken-Iti Torres Omuro
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz – Editor Responsável

Apoio técnico:
Alexandre Meanda Neves
Anderson Francisco de Oliveira
Douglas Panta dos Santos Galdino
Fabiano de Oliveira Albers
Gustavo Batista Bardusco
Kelvin Komatsu de Andrade
Matheus Eduardo Souza Pedroso
Vinícius Capela de Souza

Revisão: Camila Santos Seimaru

Diagramação: Giovanni Silva Kawano


SOBRE O AUTOR:

A professora responsável pela disciplina é Keyla Ferrari Lopes, graduada em Pedagogia, com
habilitação em Deficiência da Áudio-Comunicação pelo Centro Universitário Nossa Senhora do
Patrocínio (CEUNSP - Campus Itu). Concluiu seu mestrado pelo Programa de Pós-Graduação
stricto sensu em Atividade Física Adaptação e Saúde, pela Faculdade de Educação Física da
Universidade Estadual de Campinas (FEF/UNICAMP). Atualmente, é doutoranda pelo Programa de
Pós-Graduação stricto sensu em Atividade Motora Adaptada, pela Faculdade de Educação Física
da Universidade Estadual de Campinas (FEF/UNICAMP).

O professor Everton Thiago Moreira Macedo é formado em Letras, Português/Inglês e suas


respectivas literaturas pela UniVr, (2009), possui especialização em Libras pela Faveni - Faculdade
de Venda Nova, Minas Gerais e produziu o material desta disciplina, juntamente com a professora
Keyla Ferrari.

SOBRE A DISCIPLINA:

Caro aluno, a disciplina de Libras (Língua Brasileira de Sinais) é de extrema importância, uma vez
que existem demandas de serviços e atendimentos para pessoas em diversas condições de
deficiência, bem como para a população surda que utiliza a Libras como primeira língua para
interagir e se comunicar na sociedade brasileira. Os indivíduos surdos são pessoas capazes e
inteligentes, mas enfrentam um problema quando se coloca a Língua Portuguesa oral como única
forma de comunicação, seja no mercado de trabalho, no cotidiano e, principalmente, nas escolas.
Partindo desse contexto, observa-se a necessidade de profissionais capacitados em Libras para
atender à demanda dessa população, tanto no contexto educativo como no ambiente de trabalho.

O objetivo geral da disciplina é a aquisição do vocabulário básico de Libras, compreendendo as


particularidades culturais e linguísticas das comunidades surdas, além do desenvolvimento de
habilidades comunicativas que contribuam para a inclusão da pessoa surda no âmbito social.
Nesse sentido, é necessário esclarecer que o espaço desta apostila não será suficiente para
esgotar toda a temática que abrange a Língua Brasileira de Sinais e a inclusão dos surdos,
necessitando de práticas e pesquisas constantes por parte dos alunos para tornarem-se fluentes
nessa língua de modalidade visual espacial.

O estudo da Língua Brasileira de Sinais nos traz a reflexão e compreensão de que a Libras é a
língua da população surda; população que tem sua própria cultura e identidade e que deve ser
olhada não por uma ótica medicalizada da perda da audição, mas por suas peculiaridades,
características próprias que destacam uma habilidade visual pertencente aos indivíduos que
utilizam uma língua gestual visual para a comunicação. A relação e a comunicação entre pessoas
surdas e ouvintes, considerando a língua oral auditiva falada como principal fonte de mediação,
nem sempre se faz plena em razão das dificuldades que os surdos e pessoas que apresentam
perdas auditivas graves apresentam para aprender a falar, mesmo que não haja problemas com o
aparelho fonador.

Nesse sentido, a Libras, enquanto língua oficial do surdo brasileiro, faz-se necessária, sendo que a
sua divulgação e difusão são de extrema importância para a inclusão dessas pessoas na
sociedade, na escola, no mercado de trabalho e no contexto cotidiano geral. Historicamente, a
difusão da língua de sinais foi motivada pela necessidade de se estabelecer uma língua comum e
possível para comunicação entre surdos com surdos e surdos com ouvintes, porém houve períodos
de não reconhecimento, discriminação e preconceitos até conseguir sua legitimidade enquanto
língua oficial em diversos países. As pessoas surdas são plenamente capazes de realizar as
mesmas atividades que os ouvintes, desde que assegurados seus direitos de comunicação e
acessibilidade, especialmente pela substituição dos recursos sonoros por recursos visuais. As
línguas de sinais utilizadas pelos surdos de diversos países têm status de língua e não de
linguagem, pois possuem regras e gramáticas próprias, permitindo a expressão sobre quaisquer
assuntos e ideias.

No Brasil, temos a Língua Brasileira de Sinais (Libras). É necessário que as pessoas ouvintes
aprendam a língua para se comunicar com as pessoas surdas, respeitando as suas necessidades
e diferenças, considerando que fazem parte de uma minoria linguística que deve ser valorizada.

Aprender a língua que as pessoas surdas utilizam é um desafio enriquecedor, ao mesmo tempo em
que os movimentos das mãos e as expressões faciais se confundem com o prazer de ver a
comunicação em sua mais verdadeira essência acontecer. Assim, a Língua Brasileira de Sinais
ressignifica as relações sociais entre surdos e ouvintes, agrega valores qualitativos e quantitativos
a essas relações e estabelece o diálogo e a interação transcultural sob o olhar da diversidade.
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem
e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
SUMÁRIO

UNIDADE I ...............................................................................................................05
1º Compreendendo as necessidades linguísticas...........................................05
2º Os conceitos das línguas de sinais e seus avanços no país......................13

UNIDADE II ..............................................................................................................26
3º Reconhecimento da língua e parâmetros da língua de sinais....................26
4º Datilologia / alfabeto manual e numerais....................................................35

UNIDADE III ..............................................................................................................46


5º Os sinais......................................................................................................46
6º Cores, membros da família e verbos...........................................................56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................68


UNIDADE I
CAPÍTULO 1 – COMPREENDENDO AS NECESSIDADES
LINGUÍSTICAS
No término deste capítulo, você deverá saber sobre:

✓ Caracterizando a surdez
✓ Tipos de perda auditiva
✓ Cultura, comunidade e identidades surdas

Introdução

Aprender uma nova língua é sempre um desafio, novas construções, conceitos, e também
possíveis desconstruções pessoais são necessárias. Portanto, nesta unidade, falaremos dos
conceitos e identidades de um povo, um grupo com suas próprias especificidades, sua própria
visão de mundo, para entender que a Língua Brasileira de Sinais é adentrar, realmente, em um
universo completamente novo.

Acredite, não se trata simplesmente da assimilação de um novo conjunto linguístico. A primeira


unidade te fará compreender quem são os indivíduos que utilizam essa língua e suas
necessidades, partindo sim de uma ótica ouvinte que se propõe a perceber e sensibilizar o maior
número de indivíduos no aprendizado da Libras.

No âmbito da medicina, o termo surdo é utilizado para caracterizar uma pessoa que possui surdez
profunda. Já o termo deficiente auditivo é utilizado quando a surdez é leve ou moderada e há um
resíduo auditivo. Já o termo Surdo, com o S maiúsculo, é utilizado para definir a pessoa
pertencente à Comunidade Surda, que usa a Libras para se comunicar. O termo Surdo-Mudo,
erroneamente utilizado em literaturas antigas, é uma ideia equivocada, pois a pessoa Muda é
aquela que não faz uso do seu aparelho fonador (conjunto de órgãos e estruturas que produzem os
sons de nossa fala) para falar ou realizar qualquer outra manifestação vocal. “Mudez" não está
relacionada à "surdez". O surdo que tenha seu aparelho fonador em perfeito estado poderia
desenvolver a fala, claro que com certa dificuldade, dependendo do grau da perda e dos estímulos
recebidos, bem como de uma terapia fonoaudiológica. Portanto, Surdo-Mudo é a mais inadequada
denominação atribuída ao surdo. Atualmente, não se aceita mais tal termo. Acreditamos que só um
trabalho informativo da comunidade surda junto à sociedade sobre a inadequação do termo surdo-
mudo pode, aos poucos, fazer a terminologia cair em desuso. Diferentemente do contexto da
medicina, para a comunidade surda, o termo deficiente auditivo é usado quando o indivíduo não
aceita ser surdo e não participa da comunidade surda, não usa Libras e também aqueles que
tiveram perda auditiva na idade adulta; surdo é aquele que tem a Libras como sua língua.

É importante observar dois aspectos:

• Nem todos os surdos fazem leitura labial;


• Nem todos os surdos sabem Língua Brasileira de Sinais.

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Isso ocorre por diferentes motivos: alguns surdos não aprendem a língua de sinais porque não
gostam; a família não aceita ou nunca incentivou; muitos moram em localidades inacessíveis ou
simplesmente não têm contato com outros surdos que saibam Libras.

1.1 Caracterizando a surdez

Conhecer as características da surdez permite compreender as diferenças entre as identidades


surdas, o uso da Libras e como abordar e atender à pessoa surda em diversos segmentos da
sociedade. A surdez pode ser classificada em dois grupos:

• congênita – o indivíduo nasce surdo antes de ter adquirido uma língua, neste caso, denomina-
se surdez pré-lingual;
• adquirida – o indivíduo poderá adquiri-la ao longo da vida, inclusive após ter adquirido a fala,
sendo denominada surdez pós-lingual.

Na surdez congênita, a criança adquire a deficiência durante a gestação, podendo ser decorrente
de medicamentos tomados pela gestante, doenças adquiridas durante a gestação, como sífilis e
toxoplasmose, causa hereditária, exposição da mãe a radiações e problemas no parto, nascimento
antes ou depois do tempo, infecções hospitalares, uso de fórceps para retirar a criança ou a falta
de oxigenação, dentre outros.

Algumas doenças deixam como sequela a surdez, e se uma gestante for contaminada, a sequela
pode afetar o bebê. São elas: rubéola, toxoplasmose, sarampo, sífilis, herpes, diabetes, pressão
alta, meningite etc. A surdez adquirida pode ocorrer ao longo da vida, de causa súbita ou gradual,
como:

• Cera no ouvido médio em grande quantidade;


• Presença de líquido, como secreções, no ouvido médio;
• Presença de um objeto estranho dentro do ouvido, como grão de arroz, comum em crianças;
• Otosclerose, doença em que o estribo, um osso do ouvido, deixa de vibrar e o som não
consegue passar;
• Otite aguda ou crônica na parte externa ou média do ouvido;
• Efeito de alguns medicamentos como quimioterapia, diuréticos da alça ou aminoglisídeos;
• Ruído excessivo, superior a 85 decibéis por longos períodos, como de máquinas industriais,
música alta, armas ou foguetes, que causam lesão nos nervos de condução do som;
• Traumatismo cranioencefálico ou Acidente Vascular Cerebral (AVC);
• Doenças como esclerose múltipla, lúpus, doença de Peget, meningite, doença de Ménière,
pressão alta ou diabetes;
• Síndromes como Alport ou Usher;
• Tumor no ouvido ou tumores cerebrais que afetam a parte auditiva.

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Caracterizamos como surdo congênito, o indivíduo que adquire a deficiência durante a gestação. A surdez do
bebê pode se dar por medicamentos tomados pela gestante ou por doenças adquiridas pela mãe durante a
gestação.

Na surdez adquirida, o indivíduo perde a audição ao longo da vida por diversos fatores diferentes.

A perda auditiva pós-aquisição da língua falada faz com que o surdo tenha melhor compreensão da Língua
Portuguesa em sua modalidade escrita, muitas vezes, nota-se a articulação de muitas palavras associadas
ao uso dos sinais em libras.

1.2 Tipos de perda auditiva

A deficiência auditiva caracteriza-se pela diminuição da capacidade de percepção dos sons, de


forma total ou parcial, em que ainda pode persistir algum grau de audição. Essa perda da audição
pode ser medida por meio de um aparelho chamado audiômetro, que verifica os níveis de audição
em decibéis. Assim, a surdez pode ser classificada pelos graus:

• Leve – quando a perda auditiva é de até 40 decibéis, que impede a audição de um som fraco
ou distante. A pessoa pode ter dificuldade para compreender uma conversa e pedir que a frase
seja repetida frequentemente, parecendo estar sempre distraída, mas não costuma causar
alterações graves na linguagem;
• Moderada – é a perda auditiva entre 40 e 60 decibéis, em que só são compreendidos sons de
alta intensidade, causando dificuldades na comunicação, como atraso da linguagem, e
necessidade de habilidades de leitura labial para uma melhor compreensão;
• Severa – causa perda auditiva entre 70 e 90 decibéis, que permite a compreensão de alguns
ruídos e vozes intensas, tornando a percepção visual e a leitura labial importantes processos
para a compreensão;
• Profunda – é a forma mais grave e acontece quando a perda auditiva ultrapassa 90 decibéis,
impedindo a comunicação e a compreensão da fala.

1.3 Cultura, comunidade e identidades surdas

O conceito de cultura busca apresentar os surdos em todas as suas dimensões, psicológica,


histórica e social. Os aspectos culturais e identitários das pessoas surdas devem ser destacados,
ao contrário do desconhecimento que acaba por gerar preconceitos que rotulam essas pessoas
como deficientes físicos com incapacidades geradas por conta da perda auditiva.

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O conceito de identidade é composto por características que distinguem uma pessoa e por meio
das quais é possível individualizá-la. Os surdos possuem suas diferenças e identidade surda a fim
de distinguir as necessidades de cada um.

Nesse sentido, a surdez destaca um grupo específico de pessoas com hábitos visuais, com sua
maneira de se comunicar própria (língua de sinais). O termo cultura e comunidade surda são
amplamente difundidos nas literaturas que abordam as questões da surdez nos aspectos
linguísticos, educativos e sociais.

Os estudos de Strobel (2009) apresentam o termo “povo surdo” para diferenciá-lo da comunidade
surda, pois consideram que a comunidade é composta apenas por surdos, enquanto o povo surdo
é o conjunto de surdos, ouvintes, amigos, familiares, educadores, estudiosos e interessados na
área da surdez.

Entretanto, nem todos os surdos fazem e aceitam a língua de sinais, muitos deles transitam entre a
identidade surda e a ouvinte, não necessariamente pertencendo à comunidade surda.
Distinguiremos as categorias para os sete tipos de identidades surdas, com suas diferenças e
peculiaridades, com o objetivo de compreender as diferenças linguísticas entre os surdos e o papel
da Libras em cada contexto e identidade.

• Tipos de identidades surdas

Identidade Surda Política - Refere-se aos surdos que se aceitam como surdos e pertencem à
comunidade surda. Geralmente, estes participam de reuniões, políticas, debates, associações,
aceitam e fazem uso da língua de sinais, não assimilam a língua falada ou assimilam pouco, pois
podem apresentar dificuldade de entendê-la. Buscam e aceitam os intérpretes, podem possuir uma
escrita bem desenvolvida, porém, na maioria dos casos, sua escrita obedece às regras e estrutura
gramatical da língua de sinais. Fazem uso das 17 tecnologias disponíveis para surdos, como
legendas de TV, campainha luminosa, sendo o canal visual o principal veículo de exploração e
conhecimento do mundo.

Identidade Surda Híbrida - Esta identidade pertence às pessoas que nasceram ouvintes e
tornaram-se surdas, ou seja, deficiência adquirida. Podem ser classificados como pré ou pós-
linguísticos, dependendo da idade em que ocorreu a perda auditiva e também do grau de sua
perda. Nesse sentido, podem fazer uso da língua de sinais, ou da língua oral, podendo também
utilizar-se dos dois recursos simultaneamente. Aceitam-se como surdos, convivem com as
comunidades surdas, fazem uso da tecnologia para surdos, quando necessário, e podem assimilar,
um pouco mais que os outros surdos, a língua falada, dependendo de cada história de vida e fase
da ocorrência da perda da audição.

Identidade Surda Flutuante - Nesta identidade, geralmente, encontram-se os surdos frutos de


uma educação oralista, que não mantêm contato com a comunidade surda. Normalmente,
identificam-se com a comunidade ouvinte e falam corretamente, não participam dos movimentos
surdos ou lutas e associações, recusam a presença do intérprete de língua de sinais, rejeitam a

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língua de sinais, pois, para eles, pode ser significativa do estereótipo da deficiência. Em alguns
casos, sentem-se inferiores aos ouvintes em razão das dificuldades auditivas encontradas em
diversos contextos, porém, mesmo assim não se reconhecem como surdos.

Identidade Surda Embaçada - É o desconhecimento da surdez como questão cultural. Esta


identidade não consegue captar a representação da identidade surda e nem da identidade ouvinte,
como fazem os flutuantes. Sua comunicação é, muitas vezes, realizada por alguns sinais
incompreensíveis, as pessoas não têm condição de dizer onde moram, nome, idade etc. Não usam
a língua de sinais, pois não lhes foi ensinada, nem tiveram contato com ela; normalmente são
pessoas vistas como incapacitadas. Geralmente, possuem famílias que não tiveram informações
sobre a surdez ou não possuem estrutura para auxiliá-las.

Identidade Surda de Transição - Estão presentes na situação dos surdos que, devido a sua
condição social, viveram em ambientes sem contato com a identidade surda, vivem, portanto, em
um momento de trânsito entre uma identidade e outra.

A partir do momento em que possuem contato com a comunidade surda e se reconhecem como
tal, há uma passagem da comunicação visual/oral para a comunicação visual/sinalizada, ou seja,
esta identidade é contrária à identidade flutuante.

Identidade Surda de Diáspora - Nesta identidade, encontram-se os surdos que se mudam de um


estado brasileiro para outro, de uma região para outra ou, ainda, de um país para outro. Podemos
identificar esta identidade como surdo carioca, surdo paulista, surdo brasileiro, o surdo europeu ou
surdo americano. É uma identidade muito presente e marcada pelas localidades em que habitaram.

Identidade Surda Intermediária - Neste tipo de identidade, as pessoas vivem um conflito, pois não
se encontram na identidade surda e tampouco na identidade de ouvinte. Geralmente, são pessoas
que possuem um resíduo auditivo, consideram importante o treinamento oral, fazem uso de
próteses auditivas e aparelhos amplificadores de som, porém, podem possuir dificuldades de
comunicação em seu cotidiano.

Distantes dos discursos de deficientes, incapazes, muitos sujeitos surdos lutam hoje pelo reconhecimento da
surdez como uma, entre outras tantas, formas de reconhecimento quanto indivíduo. Sabemos da força dessa
afirmação, mas precisamos pensar que em inúmeras comunidades surdas, uma luta comum se desenha no
dia a dia: a luta pelo reconhecimento da surdez como diferença e compreendida como barreira por tantos.

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Dessa maneira, faz-se necessário o estudo sobre os tipos de surdez, quem é esse cidadão surdo, seus
conceitos e suas identidades. Ao longo deste capítulo, pudemos perceber que cada identidade se fortalece
quando eles se relacionam com os seus pares e essa relação é vista também como multiculturalismo.
A partir do momento em que compreendemos essa diversidade de identidade, observamos quais tipos de
comunicações que esses indivíduos fazem uso e assim estabelecer um diálogo mais adequado.

E é nessa pluralidade e complexidade que damos início aos nossos estudos sobre o universo da Língua
Brasileira de Sinais, a Libras.

Confira o vídeo da fonoaudióloga Ariane Gonçalves, onde ela fala tecnicamente sobre os tipos de perda
auditiva:

https://youtu.be/mnCrfluYQb4

"Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceito a pessoa.

Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós mesmos.

Quando eu aceito a língua de sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem
o direito de ser surdo.

Nós não devemos mudá-los, devemos ensiná-los, ajudá-los, mas temos que permitir-lhes serem surdos".

Terje Basilier

“A identidade torna-se uma ‘celebração móvel’: formada e transformada continuamente em relação às formas
pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1987). É
definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes
momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um ‘eu’ coerente” (HALL, 2006, p. 13).

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Aprenda mais sobre cultura surda em:

https://culturasurda.net/

1. Em relação à surdez, é INCORRETO afirmar que:

a. É considerado surdo o indivíduo que não possui resíduo auditivo e não consegue captar e compreender
sons.
b. Na visão clínica, os indivíduos que possuem resíduo auditivo com capacidade funcional podem ser
considerados deficientes auditivos.
c. O termo surdo-mudo é considerado pejorativo, uma vez que os surdos podem se comunicar e não
possuem problemas no aparelho fonador.
d. A sociedade enxerga pessoas surdas pela ótica da diversidade cultural e linguística e não como um
impedimento auditivo ou condição de deficiência.
e. Para os surdos, o mundo é visual e a língua de sinais corresponde aos seus olhos e ouvidos.

Resposta correta: D

2. Surdo é aquela pessoa com surdez congênita ou adquirida na infância, que assume uma identidade surda
em um processo de utilização da língua e apropriação dos elementos culturais de uma determinada
comunidade surda. Para ele, a língua de sinais:

a. É a segunda língua e é natural.


b. Deve ser aprendida após a aquisição do português escrito.
c. É subjacente à leitura labial.
d. É a primeira língua natural e também considerada como língua materna.
e. Deve ser utilizada somente para os indivíduos que não conseguiram ter acesso à terapia e
fonoaudiologia.

Resposta correta: D

3. Em geral é comum para sociedade definir as pessoas surdas como mudas. Além desse conceito
equivocado, marque a opção que revela somente a verdade sobre a pessoa surda.

a. Mudo e diferente.
b. Mudo e eficiente.
c. Mudo e sujeito sinalizante.
d. Mudo e deficiente.
e. Surdo e usuário de língua de sinais.

Resposta correta: E

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4. O termo atual e correto para se referir à pessoa que não ouve e se comunica em Libras é:

a. Surda-muda.
b. Mudo e surdo.
c. Surdo.
d. Deficiente auditivo.
e. Mudinho.

Resposta correta: C

5. É o desconhecimento da surdez como questão cultural, pois esta identidade não consegue captar a
representação da identidade surda e nem da identidade ouvinte. A tal identidade, damos o nome de?

a. Identidade surda híbrida.


b. Identidade surda de transição.
c. Identidade surda embaçada.
d. Identidade surda flutuante.
e. Identidade surda política.

Resposta correta: C

Questão Discursiva

Ao iniciarmos os estudos sobre a Língua Brasileira de Sinais, percebemos a importância da língua para a
comunidade surda. Em sua opinião, o estudo da Libras é necessário apenas para o indivíduo surdo ou para
toda a sociedade?

Compreender as diferentes identidades surdas é de suma importância para iniciarmos uma discussão acerca
de acessibilidade. Entender as necessidades de cada indivíduo faz com que sejamos mais assertivos em
uma abordagem, ajudando a comunicação de maneira mais eficaz.

Em muitos casos, o surdo não necessita da língua de sinais para se comunicar. Percebemos, com o estudo
das identidades, que não devemos colocar todos deficientes auditivos no mesmo espectro.

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UNIDADE I
CAPÍTULO 2 – OS CONCEITOS DAS LÍNGUAS DE SINAIS E
SEUS AVANÇOS NO PAÍS
No final deste capítulo, você deverá saber sobre:

✓ Conceitos das línguas de sinais


✓ A educação de surdos e o ensino da libras no Brasil
✓ O movimento político e as associações dos surdos no Brasil
✓ Tecnologias para surdos

Introdução

Linguagem é o ato de comunicar, de passar uma mensagem, tudo que envolve significação e
comunicação. Podemos considerar a pintura (linguagem visual), a dança (linguagem corporal), a
música (linguagem musical) e o cinema como linguagem também. Ainda temos a linguagem
animal, como a dos golfinhos, e a linguagem artificial, como a linguagem de computador ou o
Código Morse.

A língua pode ser entendida, segundo o dicionário Aurélio, como o conjunto de palavras e
expressões usado por um povo, nação e também como o conjunto de regras de sua gramática,
idioma.

Para Olviedo (1996), "língua" designa um sistema específico de signos que é utilizado por uma
comunidade para estabelecer a comunicação. Já a "linguagem" está relacionada à capacidade da
espécie humana de se comunicar por meio de um sistema de signos; é a capacidade de criar e
usar as diferentes línguas.

2.1 Conceitos das línguas de sinais

Um aspecto de destaque é que, assim como na língua oral, podemos encontrar sinais que
denominem uma mesma palavra de formas diferentes, dependendo da região do país em que os
surdos vivem e interagem.

Outra característica importante é observar que a palavra ou léxico nas línguas orais auditivas na
língua gestual visual é denominada sinal.

As línguas de sinais não são a transposição direta das línguas de modalidade oral, simplesmente
expressando por meio de gestos os significados (fonético ou gráfico) das palavras da língua falada,
ainda que alguns gestos sejam semelhantes às palavras e objetos de referência e pareçam
mímica, imitativos (icônicos), embora isso não seja aplicável a todos os sinais.

A expressão Linguagem Brasileira de Sinais é um termo equivocado para definir a Libras, pois a
Língua Brasileira de Sinais é reconhecida como língua, assim como todas as outras línguas orais,

13
com estruturas gramaticais próprias. Dessa forma, perde o status de mímica e gesto, passando a
não ser considerada linguagem. Nesse sentido, não se usa o termo Linguagem Brasileira de Sinais
e sim Língua Brasileira de Sinais.

Pode-se dizer que as gramáticas particulares das línguas orais e das línguas de sinais são
intrinsecamente as mesmas, posto que seus princípios básicos são respeitados em ambas
modalidades: elas são dotadas de dupla articulação (estruturam-se a partir de unidades mínimas
distintivas e de morfemas ou unidades mínimas de significado); usam a produtividade como meio
de estruturar novas formas, a partir de outras já existentes; estruturam suas sentenças a partir dos
mesmos tipos de constituintes e categorias linguísticas; suas sentenças são estruturadas sempre
em torno de um núcleo com valência, isto é, o núcleo que requer os argumentos (complementos)
necessários para a completude do significado que veicula.

Quadros (2010) aponta as principais diferenças e semelhanças entre as línguas orais e de sinais.

Quadro 1 – Línguas Orais e de Sinais: Diferenças e Semelhanças

Língua predominante Oral-auditiva Visuoespacial


(entoação e intensidade) (expressão facial e corporal)

Unidade mínima sem Léxico reproduzido por meio


FONEMA (som) significado de uma língua e a de sinais, baseado nas
sua organização interna. interações sociais do
indivíduo.

Língua predominante Oral-auditiva Visuoespacial


(entoação e intensidade) (expressão facial e corporal)

Combinações de letra-som Realizado de forma icônica


ALFABETO (oralizado), possibilitando o (dactilologizado); auxilia no
entendimento de qualquer processo de transcrição da
léxico. língua de sinais para a língua
portuguesa.

Preocupa-se com a Envolve todos os aspectos


SINTAXE linearidade do texto. espaciais, incluindo os
classificadores, ou seja, é um
tipo de morfema gramatical
afixado a um morfema lexical
ou sinal para mencionar a
classe a que pertence o
referente desse sinal.

Limita-se à transcrição de a. Utiliza a estrutura tópico

14
CONSTRUÇÃO DE UM acordo com as regras. comentário, realizado através
TEXTO de repetições sistemáticas;

b. Utiliza referências
anafóricas, por meio de pontos
estabelecidos no espaço.

Apoia-se em fazer a marcação Só aparece para seres


ARTIGO do gênero, por exemplo: o, a, humanos e animais. Define o
os, as – um, uma, uns, umas. item lexical classificado, por
exemplo: homem, mulher.

Convencionada pela Essa estruturação sofre


ESTRUTURA DE estruturação de SVO. alteração OSV ou SOV (o
SENTENÇAS sujeito pode ser marcado por
um sinal acompanhado da
datilologia).

Pessoal: eu, tu, ele (a), nós, Pessoal: eu, você (precisa
PRONOMES vós, eles (as). olhar para pessoa) ele/ela, nós
– nós 2 – nós 3 – nós 4.

Língua predominante Oral-auditiva Visuoespacial


(entoação e intensidade) (expressão facial e corporal)

Flexão de número por meio do Identificado pela repetição de


PLURAL acréscimo de (s), nos itens lexicais.
substantivos, artigos,
pronome, verbo.

Com o que dissemos até aqui, é possível concluir que o meio ou canal que distingue as línguas
orais das línguas de sinais pode privilegiar e explorar características próprias do canal na
constituição das estruturas linguísticas e na sua articulação e percepção. Basicamente, pode-se
afirmar que as línguas de sinais e línguas orais são muito semelhantes.

2.2 A educação de surdos e o ensino da libras no brasil

A história de pessoas com deficiência foi marcada ao longo dos tempos pela segregação e
exclusão social, pois carregavam o estigma da incapacidade e diferença dos padrões da
normalidade das sociedades.

15
No Brasil, a educação de pessoas com deficiência era privilégio de poucos, e teve seu início a
partir de influências de instituições especializadas que surgiram na Europa, bem como educadores
que migraram para o Brasil.

No que se referia à educação dos surdos, especificamente, a primeira escola brasileira para essa
população foi o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, atualmente conhecido como Instituto Nacional
de Educação de Surdos (INES).

Fundado em 1856, por D Pedro II, teve como diretor pedagógico o professor francês Padre Ernest
Huet, que era cego. O Instituto funcionava em regime de internato e oferecia educação apenas aos
surdos de sexo masculino, o currículo era composto por língua portuguesa, língua articulada
acompanhada de leitura labial e aritmética. Os alunos que também eram educados pela língua
escrita datológica e de sinais conseguiram ser recuperados na comunicação expressiva, dos seus
sentimentos, para conviver com as pessoas ouvintes.

Ainda hoje existem muitos sinais que eram usados nos primeiros tempos do INES e foi lá que
surgiu a Língua Brasileira de Sinais, que é uma mistura da Língua de Sinais Francesa, trazida pelo
professor Huet, com a Língua de Sinais Brasileira antiga, já utilizada pelos surdos nas várias
regiões do Brasil.

Em 1931, o INES passou a oferecer oficinas de costura e bordado para meninas surdas com
objetivos profissionalizantes e em caráter de externato.

O INES também oscilou suas propostas e abordagens de ensino chegando a aderir à proposta
oralista e abolir os sinais em 1856, influenciados pelas decisões do congresso de Milão, que
adotava o oralismo puro como método oficial de educação dos surdos na Europa e no mundo.

A partir de 1993, o INES passou a ser um centro nacional de referência e, com esta nova
atribuição, realizou ações que subsidiaram a educação dos surdos e a formação de professores
nesta área em todo o país.

O alfabeto manual, de origem francesa, foi difundido por todo o Brasil pelos próprios alunos do
INES, que naquela época eram trazidos pelos pais para o Rio de Janeiro, vindos de todas as
partes do país.

De acordo com Mazzota (1999), em 1929 foi fundado o Instituto Santa Teresinha na cidade de
Campinas/SP, depois de duas freiras passarem quatro anos no Instituto de Bourg la-Reine, em
Paris/França, a fim de terem uma formação especializada no ensino de crianças surdas. Esse
Instituto funcionava em regime de internato só para meninas surdas.

Para Albres (2005, p.3),

Os principais Institutos de Educação de Surdos tiveram como modelo a educação


francesa e consequentemente, independente da contradição entre ensino oralidade
ou Língua de Sinais, carregam consigo a Língua Francesa de Sinais. Por isso a
escola francesa tem relação direta com o desenvolvimento da Língua de Sinais em
nosso país, pois foi nesse contexto que os surdos se encontraram quando crianças.

16
A história da educação dos surdos no Brasil foi permeada por contradições, diferentes abordagens
e propostas pedagógicas que oscilaram entre os métodos de ensino oralista ou pela língua de
sinais.

O oralismo apresentava a língua oral como prioridade, com objetivo de capacitar o surdo para a
fala e aproximá-lo ao máximo do modelo ouvinte, por meio da leitura oro facial, para que assim
aprendessem a língua da comunidade majoritária. Essa tendência predominou fortemente após o
congresso de Milão, em 1880, que proibiu o uso das línguas de sinais na educação dos surdos.

As resoluções nesse congresso foram quase unânimes, contando com poucas e isoladas
oposições: às escolas de surdos cabia o ensino da fala como meio de inserção do surdo em um
mundo ouvinte e o uso da língua gestual deveria ser banido. Nesse sentido, o Brasil também
adotou a proposta oralista durante o período.

O oralismo muitas vezes tornou-se ineficaz, pois nem sempre os surdos conseguiam se adaptar, ao
mesmo tempo em que muitos deles possuíam pouco ou nenhum resíduo auditivo. Essa tendência
ignorava as diferenças entre surdos e ouvintes bem como as características da cultura surda.

A tendência oralista, segundo Sá (2006), é uma imposição aos surdos, uma vez que não se aceita
a língua de sinais como a maneira própria deles se comunicarem, discriminando a cultura surda e
ignorando a diferença entre surdos e ouvintes.

Uma alternativa ao fracasso escolar gerado pela tendência oralista foi a difusão de uma proposta
denominada comunicação total ou bimodalismo, na década de 1960. Essa proposta considerava o
surdo com características diferentes do oralismo, não focando na deficiência de ordem médica,
sendo assim, agregava a língua de sinais a diversos recursos linguísticos e métodos de
comunicação e linguagem, entre eles: língua de sinais, treino auditivo, ritmo, mímica, escrita, entre
outros.

A principal meta da comunicação total era o uso de qualquer estratégia que permitisse o resgate da
comunicação das pessoas surdas (SCHELP, 2008). Entretanto, ainda dentro desta tendência, a
língua de sinais não era prioridade e era também colocada como segundo plano.

De acordo com Sá (2006), o enfoque da comunicação total submete a língua natural das pessoas
com surdez à língua oral, acarretando prejuízos e desvantagens de ordem cognitiva, afetiva,
linguística, sociocultural e política para os surdos.

Em contraposição a tais propostas, nasceu o bilinguismo, que consiste em trabalhar com duas
línguas no contexto escolar. Nesse caso, as línguas em questão são: a Língua Brasileira de Sinais
como primeira língua e língua natural das pessoas surdas e, a Língua Portuguesa na modalidade
escrita, como segunda língua.

Quadros diz que, ao mencionar a proposta bilíngue, “conhecer várias línguas não representa uma
ameaça, mas abre um leque de manifestações linguísticas dependentes de diferentes contextos”
(apud FERNANDES, 2010, p. 28).

A educação bilíngue representa um desafio em nosso país, considerando que a maioria dos
professores e profissionais da educação não está capacitada, metodologicamente, para lecionar

17
aulas na proposta bilíngue, considerando a didática para o ensino do aluno surdo e o domínio
fluente da Libras.

Destacamos três principais abordagens de ensino na história da educação de surdos: o oralismo, a


comunicação total e o bilinguismo. Essas abordagens se distinguiram pelo reconhecimento, ou
não, de que a língua de sinais é a forma natural e mais adequada para educação e comunicação
dos surdos.

Em 1987 foi criada a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), que
atua na defesa dos direitos linguísticos e culturais da comunidade surda, divulgando a Libras como
meio natural de comunicação dessa população.

Em 2002 foi promulgada a Lei n. 10.436, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio
de comunicação objetiva e de utilização das comunidades surdas no Brasil. Em 2005 foi
promulgado um decreto que tornou obrigatória a inserção da disciplina de Língua Brasileira de
Sinais nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério em nível médio
(curso normal) e superior (Pedagogia, Educação Especial, Fonoaudiologia e Letras). Desde então,
as instituições de ensino vêm procurando se adequar a esses regimentos legais. Assim, a Libras
assume um papel linguístico em destaque no cenário nacional da educação, permitido pela
realidade da comunicação, dentro de um modelo multicultural, como uma perspectiva
humanizadora, oportunizando, nos espaços sociais, uma leitura de mundo que respeita a
diversidade.

Pesquisas na área da surdez apontam abordagens consideradas mais eficazes para inclusão e
educação dos surdos no sentido de romper a exclusão e melhorar o acesso e qualidade de ensino
para essa população que enfrenta barreiras de comunicação e aprendizagem plena.

Há, ainda, debates, discussões para a criação e aprovação de leis que garantam o ensino da
Libras como disciplina obrigatória para todos os alunos nas escolas brasileiras a partir da educação
infantil.

Assim como as línguas orais, cada país possui a sua língua de sinais, criada pelos indivíduos de maneira
natural, possuindo, inclusive, gramática diferente da língua oral existente no mesmo país. Importante
lembrarmos que todas as manifestações linguísticas acontecem partindo da necessidade humana de se
comunicar, se relacionar.

Portanto, Libras não é universal, essa dúvida é recorrente, porque muitas pessoas imaginam que os mesmos
sinais são utilizados pelos surdos do mundo todo, o que é errado, pois já vimos que a língua nasce através
das necessidades de cada indivíduo, de cada comunidade surda, de cada povo.

Há pelo menos uma língua de sinais utilizada pela comunidade surda de cada país, isso prova a
independência, a desvinculação das línguas orais e gestuais dentro de um mesmo espaço geográfico.

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2.3 O movimento político e as associações dos surdos no Brasil

O movimento social do surdo brasileiro pode ser compreendido, de acordo com os estudos de
Melucci (1996), como um sistema composto de relações sociais envolvendo pessoas surdas,
grupos e organizações de surdos e surgiu no começo da década de 1980, quando o país vivia um
clima de expansão dos movimentos de diversos setores da sociedade, que decorria do processo
de abertura política e redemocratização.

Existem surdos em todos os estados brasileiros e muitos estão se organizando e formando


associações pelo país. Devido à grande área territorial e diversidade do Brasil, as comunidades
surdas, tal quais as comunidades ouvintes, também se diferenciam regionalmente em relação ao
hábito alimentar, vestuário e situação socioeconômica, entre outros. Esses fatores geram variações
linguísticas e regionais.

As comunidades urbanas surdas no Brasil têm como principais objetivos o reconhecimento e


difusão da Libras, os esportes e interações sociais, por isso há diversas organizações, entre elas:
Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS); Federações Desportivas e associações,
clubes, sociedades, congregações, em várias capitais e cidades do interior, segundo dados de
diretoria da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS).

A Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), fundada em 1984, tem por objetivo o
desenvolvimento dos surdos na área do desporto, por isso promove campeonatos nacionais em
várias modalidades de esporte. Recentemente, filiou-se à Confederação Internacional e os surdos
brasileiros participam, constantemente, de campeonatos esportivos internacionais.

As associações de surdos organizadas por todo Brasil possuem entre seus participantes e
membros, pessoas ouvintes, educadores, assistentes sociais, terapeutas, religiosos, intérpretes,
familiares de surdos, pais e cônjuges de surdos ou, ainda, amigos que participam ativamente em
questões políticas e educacionais e por isso estão sempre nas comunidades, tornando-se
membros. Muitas vezes, os ouvintes ou filhos de surdos participam dessas comunidades desde
crianças, o que favorece o contato e domínio da Libras como primeira língua. Geralmente, eles se
tornam intérpretes para os próprios pais e para a comunidade.

Os surdos, pertencentes às associações e organizações, estão sempre interagindo com outras


associações de outras localidades do país, como também com as Federações, a Confederação e a
FENEIS.

A FENEIS é uma entidade não governamental, registrada no Conselho Nacional de Serviço


Social/Ministério da Educação, que conta com 100 entidades filiadas (escolas, associações,
institutos e outras instituições); atuando como órgão de integração dos surdos na sociedade por
meio de convênios com empresas, instituições que empregam surdos, Ministério da Educação -
Secretaria da Educação Especial (MECSEESP), Coordenadoria Nacional de Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência (CORDE), Secretarias de Educação (SEDUC) estaduais e municipais,
além de promover debates, seminários, congressos nacionais e internacionais em defesa dos
direitos dos surdos em relação a sua língua, educação, intérpretes em escolas e estabelecimentos
públicos, programas de televisão legendados, assistência jurídica e trabalhista.

19
Os surdos que participam dessas comunidades têm assumido a identidade surda e uma cultura
própria, ou seja, com características peculiares, como:

• Algumas pessoas surdas preferem um relacionamento mais íntimo com outra pessoa surda;
• Suas piadas envolvem a problemática da incompreensão da surdez pelo ouvinte, que
geralmente os desconhece por ignorância;
• O surdo tem um modo próprio de observar a realidade em um mundo em que as pessoas são
marcadas por suas fisionomias e expressões faciais.

Quando usam as mãos ao librar, possuem agilidade e leveza que podem se transformar em arte e
beleza. Os surdos, que frequentam os espaços a eles destinados, convivem com duas
comunidades e cultura: a dos surdos e a dos ouvintes e precisam utilizar duas línguas: a Libras e a
Língua Portuguesa. Portanto, numa visão mais ampla, considerando a sociologia e antropologia,
uma comunidade surda não é um "lugar" em que pessoas deficientes com problemas de
comunicação se encontram, mas é um ponto de união, interação política e social de uma minoria
linguística que luta por seus direitos. O surdo é diferente do ouvinte porque percebe e interage no
mundo de forma diferenciada e se identifica com aqueles que apreendem e compreendem o
mundo como surdos. Possuem valores que são transmitidos de geração em geração,
independentemente da cultura ouvinte, na qual estão inseridos.

2.4 Tecnologias para surdos

O Telefone para Surdos (TS) é um aparelho muito importante para a comunidade surda, pois tem
teclado e visor de legenda para enviar e receber mensagens de outra pessoa surda.

Os celulares com aplicativos como WhatsApp e Messenger têm sido muito úteis para a
comunicação entre pessoas surdas.

A Sinalização Luminosa (SL) pode estar presente para sinalizar uma emergência em um local de
atendimento ao público, também para avisar o intervalo na escola de surdos, nos shoppings, além
disso, também existe a babá eletrônica com sinal luminoso, para avisar o choro do bebê, e a
campainha luminosa, colocada em hotéis.

O relógio despertador vibrador também se faz muito útil no cotidiano das pessoas surdas.

No link abaixo, você confere o canal Visurdo falando sobre as tecnologias utilizadas:

https://www.youtube.com/watch?v=93Vr07dRd9w

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Quando falamos de cultura surda, aspectos linguísticos envolvendo as línguas de sinais, quem é o indivíduo
surdo, os estudos se tornam cada vez mais complexos, afinal, as relações humanas são complexas e não
estudamos a Libras de maneira estática, estudamos a maneira como ela se relaciona com os indivíduos
surdos.

Neste capítulo, procuramos identificar e aproximá-los dessas particularidades, precisamos compreender toda
a história de segregação que os surdos passaram, precisamos também entender os aspectos da sua língua,
que não são os mesmos da nossa língua oral.

Vimos também que as lutas da comunidade surda ainda não cessaram, ainda se faz necessária a maior
difusão da língua, com a finalidade de uma real inclusão em todos os ambientes da sociedade.

"A gaivota cresceu e voa com suas próprias asas. Olho do mesmo modo como que poderia escutar. Meus
olhos são meus ouvidos. Escrevo do mesmo modo que me exprimo por sinais. Minhas mãos são bilíngues.
Ofereço-lhes minha diferença. Meu coração não é surdo a nada neste duplo mundo".

O voo da gaivota, Emmanuelle Laborrit

“Cultura é um território bem atual das lutas sociais por um destino melhor. E uma realidade e uma concepção
que precisam ser apropriadas em favor do progresso social e da liberdade, em favor da luta contra a
exploração de uma parte da sociedade por outra, em favor da superação da opressão e da desigualdade”
(SANTOS, 2010, p. 45).

Entenda mais sobre os acontecimentos durante o Congresso de Milão:

https://culturasurda.net/congresso-de-milao/

21
Observamos que o mundo sem barreira de comunicação favorece a inclusão, convivência e socialização das
pessoas surdas, entretanto, a maioria da sociedade brasileira não fala Libras. Se toda a população ouvinte
brasileira aprendesse Libras e o seu ensino fosse realizado para todos os alunos a partir do ensino
fundamental, crianças e adultos surdos teriam mais sucesso na inclusão escolar, na vida social e no mercado
de trabalho. Teríamos, também, mais professores bilíngues capacitados para o ensino de alunos surdos nas
escolas públicas. Diante desse cenário, que não corresponde à realidade brasileira, responda às questões a
seguir.

1. A língua de sinais é:

a. Língua única e universal usada por todas as pessoas surdas de diferentes países.
b. Uma mistura de pantomimas ou gestos que tem o intuito de fazer que o outro veja o objeto, apresentando
sempre uma relação de semelhança.
c. Superficial e, por isso, não consegue expressar conceitos abstratos.
d. A forma natural de comunicação e expressão das comunidades surdas de diferentes países. Cada país
possui sua língua de sinais. É de natureza viso motora, com estrutura gramatical própria.
e. É organizada espacialmente, estando representada pelo hemisfério direito do cérebro, que é responsável
pelo processamento da informação espacial.

Resposta correta: D

2. O método oralista simplesmente desconsiderava questões relacionadas à cultura e à comunidade surda.


Em oposição a essa metodologia surgiu uma proposta que permitiu o uso da língua de sinais pelos sujeitos
surdos como língua natural e primeira. Que proposta seria esta?

a. Bilinguismo.
b. Naturalismo.
c. Bimodalismo.
d. Comunicação total.
e. Letramento.

Resposta correta: A

3. Os estudos sobre surdez apontam que a educação desse público deve ser pensada sob as perspectivas
bilíngue e:

a. Especial.
b. Bimodal.
c. Reabilitadora.
d. Bicultural.
e. Comunicação total.

Resposta correta: D

22
4. Sobre o processo de aprendizagem de Língua Portuguesa para os sujeitos surdos, no contexto do
bilinguismo, é correto afirmar que:

a. A educação bilíngue para surdos considera que a Língua Portuguesa escrita deve aprendida como
segunda língua (L2), e a língua de sinais como primeira língua do surdo (L1).
b. O método mais eficaz para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua (L2) é o método fônico,
por isso, toda escola que atende às crianças surdas deverá ter um profissional fonoaudiólogo em seu
quadro de funcionários.
c. Por se tratar de um grupo linguístico minoritário, a língua de instrução no ambiente escolar deve ser a
língua majoritária do país, no caso do Brasil, a Língua Portuguesa, que deverá ser ensinada como
primeira língua (L1) também para o aluno surdo.
d. O aprendizado da escrita para o grupo de sujeitos surdos é mediado por elementos diversos, como
mímica, figuras, todos de natureza visual, com destaque à Língua Portuguesa nesse processo.
e. A apropriação da escrita de Língua Portuguesa para os sujeitos surdos é mediada pela oralidade,
considerando que o surdo já conhece a leitura labial e o treino de fala pelo qual ele passa na escola.

Resposta correta: A

5. O Congresso de Milão foi um marcante acontecimento na história mundial da educação dos surdos. Sobre
ele, é correto afirmar:

a. Que a educação dos surdos passaria a ser realizada a partir do bimodalismo.


b. Que os surdos de escolas públicas teriam somente educadores surdos.
c. Que seria adotado o bilinguismo em todas as escolas da Europa.
d. Que a educação dor surdos passaria a ser somente realizada na proposta oralista e os gestos seriam
banidos do contexto escolar.
e. Como um momento de grande impacto para os educadores surdos que puderam defender o uso da
língua de sinais e, assim, a língua ficou consagrada.

Resposta correta: D

6. A expressão Linguagem Brasileira de Sinais é:

a. Equivocada, pois a Libras é reconhecida como língua, com estruturas gramaticais próprias, portanto
perde o status de mímica e gesto, passando a não ser considerada como linguagem.
b. Correta, pois engloba gestos e expressões faciais que transmitem uma linguagem.
c. Correta, pois uma linguagem é a língua expressiva que define características de um povo, neste caso, o
povo surdo.
d. Neutra, pois língua e linguagem de sinais significam a mesma coisa.
e. Equivocada, porém, a expressão é aceita em algumas regiões do Brasil, pois muitos livros foram
publicados com este termo.

Resposta correta: A

Questão Discursiva

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Por que é importante utilizar a língua de sinais na comunicação e educação de pessoas surdas?

Leia os trechos a seguir, que apresentam relatos de dois rapazes surdos e, em seguida, escreva sua
impressão sobre a vida de uma pessoa surda no mundo ouvinte.

Relato de um surdo: Rimar Carvalho Segala

“Alguns pensam que sou louco, afinal até mesmo filósofos famosos na história pensaram assim também de
pessoas como eu. Certa vez, Platão e Aristóteles, observando um surdo, chegaram à seguinte conclusão:
“Não sabe falar, não sabe ouvir; és louco!”. Triste conclusão estes tão sábios filósofos chegaram! Se tão
somente Platão tivesse lembrado de suas palavras: “Tudo que sei, é que nada sei”, talvez sua conclusão
fosse diferente. Realmente, estes cultos filósofos nada sabiam sobre aquele surdo. Talvez se tivesse
“escutado” aquele surdo, digo, prestado atenção, estudado, compreendido, esta frase não partiria deles na
história. Talvez os conceitos existentes sobre os surdos fossem bem diferentes. Que pena! O surdo como
qualquer outro deficiente possui uma compreensão natural, o que os seus ouvidos não podem ouvir, os seus
olhos ouvem. Ele é um estrangeiro brasileiro no Brasil. Tem que aprender a língua dos ouvintes e isto não é
fácil.”

Fonte: Kojima e Segala, 2009.

“Sou surdo, tenho 28 anos, nasci em Quixeramobim/CE, já concluí dois cursos superiores: Bacharelado em
Geografia pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA e Letras Libras pela Universidade Federal do
Ceará, polo da Universidade Federal de Santa Catarina.

Nos meus primeiros anos escolares, estudei numa escola de surdos, onde o método era ensinar a falar
(oralismo), muito boa pelo compromisso com o trabalho e a organização; no entanto, não pude avançar
conforme minha vontade e possibilidades. Aos 12 anos fui para uma escola inclusiva, éramos 02 a 03 surdos
em salas de 20 a 30 alunos ouvintes. Foi muito difícil, perdi o contato com meus colegas surdos e não
conseguia ter amigos ouvintes e nem entender os conteúdos escolares, pela falta da comunicação. Precisava
da ajuda da minha mãe, que em casa, tentava me ensinar usando sinais. Lembro que nos primeiros dias de
aula havia aproximação e curiosidade dos “colegas”, depois cada um se relacionava com seus pares e nós
surdos ficávamos meio perdidos, isolados”.

Fonte: Campos, (2011).

Escreva sua compreensão e reflexão acerca do seguinte enunciado:

“A comunicação é parte fundamental no processo de inclusão, socialização e desenvolvimento do sujeito


surdo. A perda da audição se torna um fator limitante quando a sociedade majoritária não reconhece e não
domina a língua de sinais e todas as mensagens comunicativas são baseadas apenas na fala e nos sons”.

O dia 26 de setembro foi instituído como o Dia do Surdo por ser a data de inauguração do INES (Instituto
Nacional de Educação de Surdo), em 1857, no Rio de Janeiro, sendo a primeira escola para surdos do Brasil.

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Até 1908, a data de fundação do Instituto era considerada 1º de janeiro de 1857, mas o artigo 7º do decreto
de n.º 6892 de 19 de março de 1908 determinou a mudança para a data de fundação do INES em 26 de
setembro de 1857, isso porque, através do artigo 16º da Lei 939 de 26.09.1857, o Império brasileiro concede
a primeira dotação orçamentária para o Instituto, passando então a chamar Imperial Instituto de Educação de
Surdos Mudos.

O INES é tido como referência nacional na educação de surdos, mantido pelo Ministério da Educação e
Cultura.

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UNIDADE II
CAPÍTULO 3 – RECONHECIMENTO DA LÍNGUA E
PARÂMETROS DA LÍNGUA DE SINAIS
No término deste capítulo, você deverá saber sobre:

✓ Características da Língua Brasileira de Sinais


✓ Gramática da língua brasileira de sinais

Introdução

Libras é a palavra utilizada para definir a Língua Brasileira de Sinais, língua natural utilizada pelas
comunidades surdas para comunicação entre surdos com surdos e surdos e ouvintes. Enquanto
língua é formada por diferentes níveis linguísticos, (gramática, sintaxe, semântica, entre outros),
mas a principal diferença está na modalidade de articulação, que é visual-espacial. A FENEIS
define a Libras como a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por
qualquer pessoa interessada em se comunicar com essa população.

A Língua Brasileira de Sinais, graças à luta sistemática e persistente das comunidades surdas, foi
reconhecida no Brasil como a Língua Oficial da Pessoa Surda com a publicação da Lei n. 10.436,
de 24 de abril de 2002, e o Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005.

A conquista deste direito traz significados na vida social e política da nação brasileira. O
provimento das condições básicas e fundamentais de acesso à Libras se faz indispensável. Requer
o seu ensino, a formação de instrutores e intérpretes, a presença de intérpretes nos locais públicos
e sua inserção nas políticas de saúde, educação, trabalho, esporte e lazer, turismo e, finalmente,
nos meios de comunicação e nas relações cotidianas entre pessoas surdas e ouvintes. Tais
conquistas, decorrentes dessas lutas sociais, constroem novas oportunidades para que o surdo
possa integrar-se à luta pelo seu próprio desenvolvimento e pela valorização de sua condição
sociocultural.

É importante sempre reconhecer a complexidade da Libras enquanto uma língua legítima, cuja
difusão determinará a melhor inserção dos surdos nos ambientes sociais a partir da comunicação
em sua língua natural.

3.1 Características da Língua Brasileira de Sinais

A Libras possui variações regionais e sociais, assim como as línguas orais têm suas variações,
podemos exemplificar como:

• Variações regionais – caracterizam as variações de sinais de uma região para outra. Um


exemplo é o sinal da cor verde que pode variar nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

• Variações sociais – referem-se às pequenas variações na configuração de mãos ou no


movimento, não modificando o sentido do sinal. Como exemplo, podemos citar a letra P do alfabeto

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manual que, antigamente, tinha o movimento/orientação acentuado para baixo e, atualmente, não é
necessário.

• Mudanças históricas – os sinais podem passar por alterações, de acordo com a história das
gerações que os utilizam.

3.2 Gramática da língua brasileira de sinais

A Libras tem estrutura gramatical própria, organizada a partir de cinco parâmetros que compõem os
diferentes níveis linguísticos, são eles: configuração das mãos (CM), movimento (M), ponto de
articulação (PA); orientação (O) e as expressões não manuais (faciais e ou corporais).

• Configuração da mão (CM) – é a forma ou maneira que a mão deverá assumir durante a
execução de um determinado sinal. De acordo com os estudos realizados por linguistas da área, a
Libras possui 46 configurações das mãos, sendo que o alfabeto manual utiliza 26 para representar
as letras.

• Ponto de articulação (PA) – trata-se da área no corpo, do local em que será realizado o sinal, ou
seja, onde incidirá a mão predominante. As localizações dividem-se em quatro regiões principais:
cabeça, mão, tronco/membros e espaço neutro.

• Orientação/Direção – os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros anteriores. Assim,
os verbos IR e VIR se opõem à direcionalidade.

• Movimento – os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM
PÉ não têm movimento; já os sinais ADORAR e TRABALHAR possuem.

• Expressões não manuais (faciais e corporais) – podem realizar-se por meio de movimentos na
face, olhos, cabeça ou tronco, as expressões faciais /corporais são de fundamental importância
para o entendimento real do sinal.

As expressões faciais são divididas na Libras em duas categorias:

• Afetivas – são aquelas que compõem os sinais que expressam sentimentos/estados, como:
TRISTE, ALEGRE, RAIVA, CANSADO, por exemplo.

Não conseguimos utilizar o sinal de triste com a configuração de mão em Y no queixo e manter no
rosto uma expressão de sorriso, o sinal perde seu sentido se isso acontecer, o inverso também,
pois não podemos fazer o sinal de feliz, configuração das mãos em F, e manter minha expressão
de rosto fechado, triste, esses aparentes detalhes fazem o sinal perder o sentido.

• Gramaticais lexicais – estão ligadas ao grau dos adjetivos: BONITO, BONITINHO, BONITÃO.

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Os adjetivos são atrelados também aos pronomes, por exemplo, eu aponto ou menciono o ser e
depois atribuo o adjetivo.

Exemplo: CASA+BONITA.

Para expressar a ideia de que a casa é bonita.

• Gramaticais sentenciais – estão ligadas às sentenças:

• Interrogativas – COMO? O QUE? QUERER? PODE? POR QUE? ONDE?


• Afirmativas/Negativas – SIM, NÃO.
• Exclamativas.

Assim como uma língua oral-auditiva, as línguas de sinais possuem características próprias e sofrem
mudanças, essas mudanças são naturais e inclusive nos mostram a vivacidade de uma língua, um
organismo que acompanha as necessidades de seus usuários.

https://cultura-sorda.org/aspectos-linguisticos-da-lingua-brasileira-de-sinais/

Leia um trecho da tese de mestrado de Karin L. Strobel, onde ela aborda as mudanças de cada língua.

Sinais icônicos e arbitrários

Por sua característica visual gestual espacial, muitas pessoas pensam que todos os sinais são o
“desenho” no ar ou mímica do referente que representam. Por decorrência de sua natureza
linguística, alguns sinais podem ser similares às características do dado da realidade a que se
refere, mas não é uma regra.
A maioria dos sinais da Libras é arbitrária, não mantendo relação de semelhança com seu
referencial. Vejamos alguns exemplos entre os sinais icônicos e arbitrários:

• Sinais icônicos: ex.: telefone, carro, xícara, são sinais que mantêm semelhança com o
referente, ou seja, assim que vemos o sinal de telefone, fazemos a relação com o objeto,
mesmo sem conhecer a Libras.

Quando fazemos o sinal de telefone, a mão se configura na letra Y e levamos a mão à orelha, o
que nos remete realmente a um telefone. Ao sinalizarmos carro, representamos as mãos ao
volante, que remete realmente ao veículo, isso é iconicidade.

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• Sinais arbitrários: são aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado
referencial que representam. É equivocado afirmar que as línguas de sinais não eram línguas
por serem icônicas, não havendo representação de conceitos abstratos. Isso não condiz com a
realidade, pois em língua de sinais, tais conceitos também podem ser representados em toda
sua complexidade.

Ao sinalizarmos chocolate, com as mãos em configuração em N, passando na lateral dos punhos,


esse sinal em nada se parece com o objeto mencionado, o que não acontece com nossos
exemplos anteriores, telefone, carro. O sinal de chocolate lembra mais uma faca, ou algo sendo
cortado.

O corpo é a língua do surdo. Proponho aqui que, ao conhecer os parâmetros e os conceitos básicos, tente
contar uma história sem a utilização de palavras, pode através de mímicas, danças, mesmo que ainda não
conheça os sinais em Libras. Deixe que seu corpo se expresse naturalmente, muitas vezes,
inconscientemente, fazemos isso. Esse exercício faz com que conheçamos nosso corpo e percebamos o
quão expressivos somos.

É interessante que grave essa atividade. Posteriormente, refaça-a com a utilização de sinais aprendidos no
decorrer do curso.

Gênero: masculino/feminino

É interessante observar que não há flexão de gênero em Libras, em geral, os substantivos e


adjetivos não marcados. Entretanto, quando se quer explicitar substantivos dentro de determinados
contextos, a indicação de sexo é feita acrescentando-se o sinal HOMEM/MULHER, para pessoas e
animais. Exemplos: irmão/irmã, mãe/pai.

Advérbio de tempo

Não há marcas de tempo definidas nas formas verbais na Libras, por isso é comum encontrar a
representação verbal sempre no infinito (COMER, SONHAR, IR). O tempo é marcado
sintaticamente por meio de advérbios de tempo que indicam a ação: No presente (HOJE, AGORA,
JÁ); no passado (ONTEM, ANTEONTEM) e no futuro (AMANHÃ).

Por exemplo, utilizamos o sinal de ONTEM+COMER para expressar a sentença:

ONTEM EU COMI.

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Devemos nos atentar sempre aos contextos.

Assim, a frase AMANHÃ+COMER+MAÇÃ pode expressar as seguintes construções:

AMANHÃ EU COMEREI A MAÇÃ.

(Amanhã comerei a maçã, não utilizo o artigo em libras, portanto, nesse contexto, eu sei qual é a
maçã, ela já existe).

AMANHÃ EU COMO MAÇÃ.

(Amanhã eu como maçã, eu não utilizei nenhum artigo ainda, portanto, não sei se essa maçã
existe ou não, o que irá me induzir a esse conhecimento é o contexto da conversa).

O sentido é basicamente o mesmo, porém dentro de um contexto, precisamos perceber que o


verbo em Libras está sempre no infinitivo e o que irá mudar sua temporalidade, ou seja, expressar
o tempo daquele verbo será o advérbio, daí a importância de conhecer os marcadores temporais.

Você pode se perguntar: “Como posso entender se essa maçã do mencionado “contexto” existe ou
não?”.

Pensando nisso, percebam a transcrição de uma conversa em Libras:

1º Contexto:

PESSOA 1: VOCÊ COMER O QUÊ? TER MAÇÃ GELADEIRA.

PESSOA 2: AMANHÃ EU COMER MAÇÃ!

Percebam que eu sei que essa maçã existe, pois ela está inserida no contexto. Eu consigo
entender com totalidade a expressão AMANHÃ+COMER+MAÇÃ, porque foi me apresentado todo
o contexto.

2° Contexto:

PESSOA 1: VOCÊ IR TRABALHAR CEDO, FICAR FOME!

PESSOA 2: AMANHÃ EU COMO MAÇÃ!

30
Nesse contexto, a maçã é uma possibilidade de alimentação, ela ainda não existe, portanto,
percebemos que o contexto sempre se faz necessário para a total compreensão das sentenças e o
uso dos advérbios atrelados aos verbos é de suma importância.

Importante lembrar que devemos sempre nos atentar aos contextos para evitar interpretações
equivocadas. É natural, quando iniciamos os estudos de Libras, que peçamos para que o surdo
repita várias vezes os mesmos sinais, e ainda assim, podemos nos confundir com a temporalidade.
Esse dinamismo no uso da língua e a diminuição dos equívocos acontecerão com o uso frequente
dos sinais e de sua visualização.

Neste capítulo, você pôde conhecer os parâmetros necessários para existir uma língua de sinais, as
configurações das mãos, os pontos ou locais de articulações, os movimentos, as
orientações/direcionalidades e as tão importantes expressões faciais e/ou corporais.

Aprendemos que assim como todas as línguas, as línguas de sinais também possuem variações, mediante
suas relações sociais, regionais e históricas.

O tempo médio de aprendizado de um novo idioma varia de acordo com o indivíduo, seu tempo de estudo e
principalmente seu tempo de exposição à língua nova.

Portanto, se seu desejo é aprender Libras e se tornar fluente, é fundamental a busca por mais informações,
sobretudo, o contato direto com os surdos. Caso esse contato não seja possível em sua cidade, faça buscas
pelas redes sociais, utilizando marcadores que agrupam essa comunidade: #deaf #Surdo #Libras
#AprendendoLibras.

Os surdos são os melhores professores, uma vez que são os nativos da língua e a utilizam de maneira
natural.

O grupo Corposinalizante, formado por jovens surdos e ouvintes adultos, com a ideia de convidar um grupo
de cinco ou seis surdos, no máximo, de diferentes idades, com experiências diferentes, para participarem de
um círculo de histórias de vida.
Os resultados são histórias fascinantes e que nos ajudam, inclusive, a praticar a língua.

https://youtu.be/DBpojtfTE_8

31
"No mundo há muitas línguas diferentes, mas cada uma tem seu sentido. Porém, se eu não entendo a língua
que alguém está falando, então quem fala é estrangeiro para mim e eu sou estrangeiro para ele".

*Primeira carta de Paulo aos Coríntios*, adaptação.

A Língua Brasileira de Sinais foi, graças à luta sistemática e persistente das comunidades surdas,
reconhecida no Brasil como a Língua Oficial da Pessoa Surda, com a publicação da Lei n. 10.436, de 24 de
abril de 2002, e o Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005.

Lexicais: relativo ao vocabulário; léxico. Palavra.

Arbitrários: que não seguem princípios lógicos.

Icônico: que representa ou reproduz com exatidão e fidelidade; icástico.

1. A Lei de Libras também é conhecida como:

a. Lei n. 10.436.
b. Lei n. 10.426.
c. Lei n. 10.048.
d. Lei n. 10.098.
e. Lei n. 10.438.

Resposta correta: A

32
2. Os cinco parâmetros das Libras são:

a. Configuração das mãos, movimento, ponto de articulação, expressão facial e corporal, orientação.
b. Movimento, local definido, orientação, pausa, expressão facial e corporal.
c. Movimento, ritmo, gesto, orientação e ponto de articulação.
d. Movimento, ritmo, ponto de articulação, configuração de mãos e expressão facial e corporal.
e. Configuração das mãos, movimento, ponto de articulação, interpretação, ritmo.

Resposta correta: A

3. De acordo com a Lei n. 10436/2002, entende-se Libras como:

a. Um sistema de representação do Português.


b. A língua utilizada nas comunidades de surdos.
c. Um conjunto de gestos.
d. A nova língua oficial do Brasil.
e. Um sistema de linguagem gestual.

Resposta correta: D

Questão Discursiva

Quais são os benefícios que o reconhecimento da Libras trouxe para a comunidade surda?

Esta importante obra contém uma visão vasta de conteúdos e aprofundada em todos os momentos que se
relacionam com a educação física, dentro das suas mais variadas manifestações. Com essa obra
conseguimos compreender e adentrar em toda história das atividades físicas e seu desenvolvimento.

O código de Manu é de aproximadamente 1.000 anos a.C, sendo considerado por vários legisladores como a
primeira organização geral da sociedade, muito antes do código de Hamurabi, porém, não tão importante
quanto este, que foi do ano de, aproximadamente, 621 a.C. O código de Manu foi escrito em sânscrito e é a
legislação mais antiga da Índia.

33
O código de Manu é marcado por fortes influências políticas e religiosas e a uma série de ideais sobre
valores, tais como, verdade, justiça e respeito. No entanto, as leis de Manu privilegiavam as chamadas
‘castas superiores’, que consideravam a condição social da pessoa, e os Brâmanes, que são a religião, a
classe sacerdotal.

https://www.webartigos.com/artigos/codigo-de-manu/102431/

34
UNIDADE II
CAPÍTULO 4 – DATILOLOGIA / ALFABETO MANUAL E
NUMERAIS

No final deste capítulo, você deverá saber sobre:

✓ Numerais
✓ Pronomes
✓ O intérprete de língua de sinais

Introdução

As comunicações utilizando as línguas de sinais propiciam uma compreensão e ligação entre


surdos e ouvintes, a presença de intérpretes de Libras em diferentes instituições públicas, como
escolas, universidades, congressos, seminários, programas de televisão, entre outros já é prevista
em lei. Sabemos que ela é uma língua regulamentada e o cidadão surdo precisa receber em
totalidade tudo o que é exposto publicamente em sua língua.

A comunicação entre os surdos e membros de uma mesma comunidade é facilitada com a


utilização da língua de sinais, pois eles passam a se compreender como indivíduos que possuem
características comuns e que devem ser reconhecidos como tal, praticando assim, uma real
inclusão, não meramente uma inserção social.

A datilologia ou alfabeto manual é um sistema de representação, quer simbólica, quer icônica, das
letras dos alfabetos das línguas orais na sua forma escrita, porém, por meio das mãos. Ou seja, no
caso do Brasil, a datilologia é usada como o empréstimo da Língua Portuguesa para a Libras,
sendo útil para entender melhor a comunidade surda, uma vez que esta faz parte da sua cultura e
surge da necessidade de contato com os cidadãos ouvintes. Em geral, é um erro comparar o
alfabeto manual à língua de sinais, quando, na realidade, o alfabeto é a anotação, por meio das
mãos, das letras das línguas orais e dos seus principais caracteres.

A datilologia foi inserida nas línguas gestuais por educadores, tanto ouvintes quanto surdos, e
serve de ponte entre a língua gestual e a língua oral. É usada em muitas línguas de sinais com
vários propósitos: representar palavras (especialmente nomes de pessoas ou de localidades), que
não têm sinal equivalente; para dar ênfase ou clarificação; ou ainda, para ensinar ou aprender uma
determinada língua de sinais. Outro equívoco é pensar que o alfabeto manual é igual em todas as
línguas de sinais. Embora haja semelhanças em muitos alfabetos manuais de línguas de sinais
diferentes, observam-se muitas diferenças em suas estruturas manuais.

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Figura 1 – Alfabeto de libras

Fonte: disponível em: https://goo.gl/7UmGvZ. Acesso em: 17 set. 2018.

Na Libras, o alfabeto manual como empréstimo da língua portuguesa pode ser utilizado para
expressar nomes próprios, nomes de ruas, localidades, sinais desconhecidos, entre outros. Porém,
a comunidade surda costuma designar um sinal visual para representar a identidade de cada
pessoa dentro de um mesmo grupo, assim, eles evitam soletrar muitas vezes os nomes cada vez
que se necessita falar e referenciar os sujeitos de um determinado grupo. Nesse sentido, cada
pessoa tem um sinal que é atribuído pelos surdos, que corresponde à característica física/ visual
mais evidente e marcante de cada um, ou seja, cada pessoa tem um nome visual, um sinal.

4.1 Numerais

Os numerais em Libras também possuem diferentes formas de apresentação quando utilizados


como cardinais, ordinais e quantidades (Filipe, 2001).

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Figura 2 - Números cardinais

Fonte: disponível em: https://goo.gl/xo6iUz. Acesso em: 17 set. 2018.

Representando quantidades

Quando representam quantidades, os números de um a quatro apresentam configuração de mãos


diferentes. A partir do número cinco há uma representação igual aos cardinais.

Figura 3 - Representação de quantidades

Fonte: disponível em: https://goo.gl/2G8GCH. Acesso em: 17 set. 2018.

37
Números ordinais

Os números ordinais, do primeiro até o nono, têm a mesma forma dos cardinais, mas são utilizados
movimentos trêmulos.

Figura 4 - Números ordinais

Fonte: disponível em: <https://goo.gl/7LL8oQ>. Acesso em: 17 set. 2018.

4.2 Pronomes

Os pronomes também podem ser divididos em: pronomes pessoais, pronomes possessivos e
pronomes demonstrativos. Em Libras, os pronomes não possuem marca para gênero, o sinal é o
mesmo, tanto para o feminino como para o masculino, e estão relacionados às pessoas do
discurso e não à coisa possuída, como acontece na Língua Portuguesa.

Pronomes pessoais

No singular são representados com a mesma configuração da mão, mudando apenas a sua
orientação. Para se referir ao enunciador, ou seja, à pessoa que está fazendo o sinal, é utilizado o
sinal de “EU”, este que é feito com o indicador apontando para o peito.

Usa-se “VOCÊ” para se referir à pessoa com quem o enunciador está falando, o sinal será feito
igual, no entanto, o enunciador deverá apontar para a pessoa com quem está falando e a palma da
mão ficará virada para o lado esquerdo. Já, quando o enunciador quiser se referir a uma pessoa
com a qual não esteja falando, ou seja, não participa da conversa, deverá ser utilizado o sinal de
“EL@”, este que será feito apontando o dedo indicador para a pessoa indicada, esteja ela presente
ou não. Nesse caso, para a realização do sinal, a palma da mão deverá estar virada para baixo.
Note que foi utilizado o símbolo “@”, usado para representar tanto o masculino quanto o feminino
(ELE ou ELA).

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No plural, a configuração da mão vai variar de acordo com a quantidade de pessoas, ou seja, duas,
três ou mais pessoas, e a orientação muda com relação à localização das pessoas as quais o
enunciador está se referindo. Para se referir a duas pessoas que não estão na conversa, usa-se o
sinal de “EL@S-2”, caso sejam três pessoas, será usado o sinal de “EL@S-3”, esses dois são
iguais ao sinal de “EL@”, mudando apenas a configuração da mão. Para se referir a mais de três
pessoas, usa-se o sinal de “EL@S”, em que a configuração da mão é aberta, com o punho para
baixo, fazendo movimentos circulares.

Pronomes demonstrativos

Tanto na Língua Portuguesa como na Língua de Sinais, tais pronomes estão relacionados às
pessoas do discurso e representam, na perspectiva do emissor, o que está bem próximo, perto ou
distante, mudando somente o ponto de articulação e a orientação do olhar.

Para fazer o sinal, com a palma da mão virada para baixo, apontar com o indicador e o olhar em
direção às pessoas ou aos objetos. O uso dos sinais “ESTE”, “ESSE” e “AQUELE” vai depender da
distância em que estão os objetos ou as pessoas.

Pronomes possessivos

Em Libras, estes não possuem gênero como acontece na Língua Portuguesa, mas estão
relacionados às pessoas do contexto. Apesar de não apresentarem gênero, os pronomes
possessivos sempre indicam a qual pessoa do discurso pertence o elemento a que se refere.

Figura 5 - Pronomes

Fonte: disponível em: <https://goo.gl/9a3G6W>. Acesso em: 17 set. 2018.

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Pronomes interrogativos

Quem, quando, o que e onde são exemplos de pronomes essencialmente caracterizados pela
expressão facial interrogativa feita junto com o sinal.

Na Língua Portuguesa, os pronomes acompanham os substantivos, em alguns casos, genericamente, os


substituem. Eles existem efetivamente para remeter, retomar ou qualificar outras palavras expressas no seu
texto. Sem eles, muitas orações e frases ficariam confusas, desconexas, e/ou longas demais.

Quando falamos das línguas de sinais isso não é diferente, no entanto, os sinais dos pronomes em Libras
sempre dão a impressão de mais pessoalidade, pois sempre identificam, mencionam o ser em contexto. Por
exemplo, quando menciono em uma conversa um animal, um “pato”, na história, sinalizo o animal do meu
lado direito e sempre que for retomar o ser na história, eu aponto para o lugar onde a iniciei, ou seja, onde
“deixei” o pato quando comecei o relato.

4.3 O intérprete de língua de sinais

Modalidades de tradução-interpretação

Língua brasileira de sinais para português oral, sinais para escrita, português para a língua de
sinais l, escrita para sinais. Uma tradução sempre envolve uma língua escrita, assim, poder-se-á ter
uma tradução de uma língua de sinais para a língua escrita, da língua falada para a língua de
sinais. A interpretação sempre envolve as línguas faladas/ sinalizadas, ou seja, nas modalidades
orais-auditivas e visuoespaciais, assim, poder-se-á ter a interpretação da língua de sinais para a
língua falada e vice-versa, da língua falada para a língua de sinais. Vale destacar que o termo
tradutor é usado de forma mais generalizada e inclui o termo interpretação.

• Tradutor-intérprete

Pessoa que traduz e interpreta o que foi dito e/ou escrito.

• Tradutor-intérprete de língua de sinais

Pessoa que traduz e interpreta a língua de sinais para a língua falada e vice-versa em qualquer
modalidade que se apresentar (oral ou escrita).

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• Tradução-interpretação simultânea

Processo de tradução-interpretação de uma língua para outra que acontece simultaneamente, ou


seja, ao mesmo tempo. Isso significa que o tradutor-intérprete precisa ouvir/ver a enunciação em
uma língua (língua fonte), processá-la e passar para a outra língua (língua alvo) no tempo da
enunciação.

• Tradução-interpretação consecutiva

É o processo de tradução-interpretação de uma língua para outra que acontece de forma


consecutiva, ou seja, o tradutor-intérprete ouve/vê o enunciado em uma língua (língua fonte),
processa a informação e, posteriormente, faz a passagem para a outra língua (língua alvo).

• Intérprete

Quem é o intérprete da língua de sinais? Aquele que serve de língua ou de intermediário para fazer
compreender indivíduos que falam idiomas diferentes. Ou ainda, pessoa que traduz a outrem, na
língua que este fala. o que foi dito ou escrito por outra pessoa em língua diferente. Logo, o
intérprete da língua sinais é aquele que interpreta uma dada língua de sinais para outra língua, ou
desta outra língua para uma determinada língua de sinais (QUADROS, 2002).

Assim, para interpretar ou traduzir uma língua é fundamental o domínio profundo das duas línguas.
Por exemplo, o intérprete de Língua Brasileira de Sinais/Língua Portuguesa deve primordialmente
dominar as Línguas Portuguesa e Brasileira de Sinais igualmente, pois este é responsável pelo
acesso legítimo às informações veiculadas. Outro exemplo é o intérprete de Língua Brasileira de
Sinais /Língua de Sinais Americana (ASL), o profissional precisa dominar profundamente as duas
línguas de sinais.

Qual a formação do Intérprete?

O Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005, em seu capítulo V, artigo 17, determina que “A
formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso
superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa”. No entanto,
tal curso superior ainda não é de total acesso aos profissionais que já atuam como intérpretes de
Libras – Língua Portuguesa. Sendo assim, até que haja profissionais devidamente formados, toma-
se por base a formação definida pela FENEIS, presente no documento O que é intérprete de língua
de sinais para pessoas surdas?

Algumas dessas condições são:

1) Ter competência na Língua Portuguesa e na Língua Brasileira de Sinais;


2) Possuir, no mínimo, o ensino médio completo, mas, preferencialmente, ensino superior;

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3) Ser membro ativo da Associação de Surdos local;
4) Possuir certificado expedido pela FENEIS;
5) Possuir certificado Exame PROLIBRAS – MEC;
6) Possuir alguma noção de outro idioma;
7) Possuir alguma noção de outro idioma estrangeiro;
8) Ter noções suficientes de linguística, comunicação e técnicas de tradução e interpretação;
9) Ter contato com surdos adultos com frequência comprovada;
10) Ter disponibilidade de tempo para estar presente onde se fizer necessário.

Aqui fizemos a exposição de apenas alguns pontos sobre o profissional intérprete de Libras.

Considerações Finais

Esta unidade apresentou a lei que regulamenta a Libras, a lei que trouxe o reconhecimento no
Brasil como Língua Oficial da Pessoa Surda, através da publicação Lei n.10.436, de 24 de abril de
2002, e o Decreto n.5.626, de 22 de dezembro de 2005.

Você pôde aprender sobre as características das línguas de sinais, a sua gramática própria, que é
realmente diferente das línguas orais, iniciando os estudos com a prática da datilologia, que
consiste no alfabeto manual e nos numerais.

Fortalecemos os estudos com a percepção das pessoas do discurso, facilitando assim a


comunicação entre os indivíduos e, finalmente, identificamos quem são os profissionais que
trabalham no processo de ensino da Libras e transposição de uma língua oral para uma gestual.

Neste capítulo, aprendemos a datilologia, que é a representação manual das letras do alfabeto. Quando
assimilamos essa representação, podemos escrever palavras que não possuem sinais, iniciar um diálogo,
escrever os nomes próprios ou substantivos que não possuem um sinal próprio.

Vimos também inúmeras possibilidades de trabalho e os conhecimentos necessários para exercer a função
de intérprete/tradutor de Libras.

O mercado de trabalho para o intérprete de libras é vasto, mas não apresenta crescimento expoente, pois o
profissional é absorvido em grande maioria nas áreas educacionais. Já nas empresas há a figura de outros
profissionais que aprendem a língua para facilitar a comunicação com funcionários surdos, tais sujeitos não
são necessariamente intérpretes, essa prática é, em sua maioria, voluntária e parte das necessidades

42
observadas pelos colegas de trabalho do indivíduo surdo. Há relatos de empresas que oferecem
treinamentos na área para o seu quadro de funcionários.

Os profissionais que trabalham no ensino da língua de sinais, como já mencionado, estão principalmente na
educação formal dos surdos, auxiliando diariamente no processo de ensino/aprendizado das matérias e
principalmente da Língua Portuguesa.

FEDERAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS SURDOS: Disponível em:


<https://goo.gl/LNDqrJ>. Acesso em: 29 set. 2018.

INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS (INES): Disponível em: <http://www.ines.gov.br/>.


Acesso em: 02 ago. 2018.

Datilologia: comunicação através de sinais feitos com os dedos. Alfabeto manual.

1. A Libras e a Língua Portuguesa são, reconhecidamente, línguas naturais, com estrutura própria. No que
tange à produção e à recepção linguística, as línguas citadas são, respectivamente, de modalidade:

a. Áudio-oral e gestovisual.
b. Áudio-oral e visuoespacial.
c. Visuoespacial e oral-auditiva.
d. Gestual-visual e oral-auditiva.
e. Visuoespacial e auditivo-oral.

Resposta correta: C

2. Nos termos do Decreto n. 5.626/2005, a partir de 2016, a formação do tradutor/intérprete de língua de


sinais deve efetivar-se por meio de:

a. Curso superior de Letras e especialização em Educação, com habilitação em Língua de Sinais.


b. Curso de licenciatura em qualquer área e especialização em Libras.
c. Curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa.
d. Curso de licenciatura em qualquer área e especialização em Tradução de Línguas.
e. Curso em qualquer área de humanas, preferencialmente em Educação com especialização em Libras.

Resposta correta: C

43
3. Datilologia é:

a. Datilografar palavras no computador.


b. O ato de escrever palavras e usar o alfabeto manual, qualquer palavra.
c. Soletrar palavras, cujo sinal é desconhecido, serve também para soletrar nomes próprios, nomes de rua
com o alfabeto manual dos surdos.
d. O ato de escrever palavras letra por letra.
e. O ato de indagação de um sinal pela Língua Portuguesa.

Resposta correta: C

4. O sinal de telefone em Libras é:

a. Universal.
b. Arbitrário.
c. Icônico.
d. Usual.
e. Mímico.

Resposta correta: C

5. Interpretar e traduzir em Libras referem-se:

a. Atividades totalmente diferentes.


b. Uma coisa é igual à outra.
c. Atividades diferentes, mas que se complementam.
d. Não existe tradução em Libras.
e. Seguem a regra da tradução de línguas estrangeiras.

Resposta correta: C

6. No que diz respeito ao conjunto de hábitos específicos das comunidades onde se forma a cultura surda,
tem-se as seguintes tecnologias que seguem abaixo, EXCETO:

a. Utilização de campainha luminosa.


b. Utilização de telefone para surdos.
c. Utilização de celulares para envio de mensagens.
d. Utilização de buzina luminosa nos carros.
e. Utilização de despertadores com sistema de vibração.

Resposta correta: D

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Questão Discursiva

Faça o alfabeto e os numerais e marque:

A. Quantas letras já memorizou?

B. Quantos numerais já memorizou?

C. Consegue fazer seu nome em datilologia?

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UNIDADE III
CAPÍTULO 5 – OS SINAIS
No término deste capítulo, você deverá saber sobre:

✓ Escrita de sinais - signwriting


✓ Saudações
✓ Calendário e dias da semana

Introdução

Durante este capítulo, você conhecerá o sistema SignWriting, palavra em inglês que define um
sistema de escrita visual direta da língua de sinais. Com esse sistema, somos capazes de
transcrever as propriedades sublexicais das línguas de sinais, configurações de mão, orientações,
movimentos, espaços e expressões associadas, assim como o alfabeto fonético internacional
permite uma descrição detalhada dos fonemas de uma língua falada, é como um registro formal
das línguas.

Você irá aprender saudações, que serão úteis para uma comunicação inicial com os surdos e os
dias e meses do ano, que estão atrelados aos estudos de numerais feitos na unidade anterior.

5.1 Escrita de sinais - signwriting

SignWriting (escrita gestual, escrita de sinais) é o sistema de escrita das línguas gestuais.

SignWriting expressa os parâmetros da língua de sinais. Até agora, as únicas formas de registro
das línguas gestuais eram em vídeos, que continuam a ser uma forma valiosa para a comunidade
surda.

Esse sistema não segue a ordem usual de outros sistemas de escrita, nem a ordem da língua oral
do país onde está inserida, no caso da Libras, a Língua Portuguesa.

Seu desenvolvimento se deu em 1974, por Valerie Sutton, uma dançarina que havia, dois anos
antes, desenvolvido a DanceWriting. Na Dinamarca houve o primeiro registro, uma primeira página
de uma longa história: a criação de um sistema de escrita de línguas gestuais. Conforme os
registos feitos por Valerie Sutton na homepage do SignWriting, em 1974, a Universidade de
Copenhague solicitou que ela registasse os gestos gravados em vídeo. As primeiras formas foram
inspiradas em um sistema escrito de danças.

Mesmo não sendo a primeira tentativa de se registrar uma língua de sinais, a SignWriting foi a
primeira que conseguiu representar adequadamente as expressões faciais e as nuances de
postura de quem se expressa ou a incluir informações como, por exemplo, se a frase é longa ou
curta. É o único sistema que é usado em base regular, por exemplo, para publicar informações
universitárias em ASL etc.

Em 1977, o Dr. Judy Shepard-Kegl organizou o primeiro workshop sobre SignWriting para a
Sociedade de Linguística de Nova Inglaterra, nos Estados Unidos. Nesse ano, o primeiro grupo de

46
surdos adultos a aprender o sistema foi um grupo do Teatro Nacional de Surdos, em Connecticut.
A primeira história escrita em SignWriting publicada foi: Goldilocks and the three bears. Em 1978,
as primeiras aulas em vídeo foram editadas. Em 1979, Valerie Sutton trabalhou com uma equipa
do Instituto Técnico Nacional para Surdos, em Rochester, prestando assistência na elaboração de
uma série de panfletos, chamados The Techinical Signs Manual, que usaram ilustrações em
SignWriting.

Na década de 1980, Sutton apresentou um trabalho no Simpósio Nacional em Pesquisa e Ensino


da Língua de Sinais, intitulado “Uma Forma de Analisar a ASL e Qualquer Outra Língua Gestual
Sem Passar Pela Tradução da Língua Falada”. Depois disso, SignWriting começou desenvolver-se
cada vez mais. De um sistema escrito à mão, passou a um sistema possível de ser escrito no
computador.

Através do computador, a SignWriting começou a tornar-se muito mais popular nos Estados
Unidos. O sistema evoluiu ao longo dos anos, não mais tendo a forma como foi criado em 1974.

Figura 1 – Escrita de Sinais

Fonte: disponível em: < encurtador.com.br/fkxIJ>. Acesso em: 19 jan. 2020.

Em Portugal, faz parte do programa escolar da Escola Superior de Educação de Coimbra do curso
de LGP, vertente de formação. No Brasil, também no curso de Letras Libras na Universidade
Federal de Santa Catarina existe essa disciplina.

Não há informação precisa de quantos países usam esse sistema de escrita.

Antigamente, usuários da língua gestual não tinham como escrever na sua própria língua. Isso quer
dizer que para escrever, usam o português escrito, a sua segunda língua, embora nesta língua,
encontrem muitas dificuldades de expressão. A produção escrita dos surdos é quase inexistente,
limita-se a comunicações básicas efetuadas com dificuldade. Na leitura, por norma, mesmo depois
de muitos anos de escolaridade, a compreensão é limitada. Com a SignWriting existe a
possibilidade de os surdos escreverem no seu próprio idioma, sem usar uma língua oral.

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"... o Sign Writing, que pode registrar qualquer língua de sinais sem passar pela tradução da língua
falada. O fato de o sistema representar unidades gestuais faz com que ele possa ser aplicado a
qualquer língua de sinais do mundo. Para usar o SW, é preciso saber bem uma língua de sinais.
Cada língua de sinais vai adaptá-lo a sua própria ortografia" (Stumpf, 2003).

Figura 2

Fonte: disponível em: < encurtador.com.br/fgnW9>. Acesso em: 19 jan. 2020.

O novo Deit-Libras: dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira


(Libras) traz em sua composição os sinais, a suas descrições e SignWriting, facilitando a
assimilação do sinal em pesquisa.

Figura 3 - Dicionário Deit-Libras

Fonte: disponível em: < https://images.app.goo.gl/AkUcwMSmHqXkNVJ79>. Acesso em: 19 jan. 2020.

48
Figura 4 - Apresentação dos sinais

Fonte: disponível em: < https://images.app.goo.gl/CoVAf8KebuBFLxVHA>. Acesso em: 19 jan. 2020.

O INES, Instituto já estudado por nós durante nossas aulas, possui um dicionário virtual de Libras, onde você
digita a palavra e a plataforma busca o vídeo em seu banco de dados do sinal solicitado. A busca pode ser
feita por assuntos, ajudando no aprendizado dos sinais, ou por ordem alfabética.

https://www.ines.gov.br/dicionario-de-libras/main_site/libras.htm

49
5.2 Saudações

As saudações são o início de todas as relações comunicativas, nas línguas de sinais não poderia
ser diferente. Aqui, você irá conhecer alguns sinais para iniciar uma conversa, mas é importante
saber que não é necessário utilizar exclusivamente esses sinais para introduzir uma conversa,
você pode fazer da maneira que se sentir mais à vontade, com um aceno, um aperto de mão, um
abraço etc.

Figura 5

Fonte: disponível em: <https://goo.gl/Jck8sY>. Acesso em: 17 set. 2018.

5.3 Calendário e dias da semana

Utilizamos os numerais em libras associados a outro sinal para indicar dias e meses em Libras. É
extremamente importante o sinal de mês para caracterizá-lo, por exemplo:

Sinal de mês + sinal de carnaval = fevereiro.

Sinal de mês + sinal de fogueira = junho.

50
Sinal de mês + sinal de natal = dezembro.

Se o sinal de mês não for feito anteriormente, descaracteriza-o como sendo efetivamente e passa a
ser um substantivo comum, o mesmo não é necessário com os dias da semana, que podem ser
caracterizados por um único sinal. Observe as imagens para melhor compreensão:

Figura 6

Sinal de mês

Fonte: disponíveis em: <https://goo.gl/e5W4fk>. Acesso em: 15 ago. 2018

Dias da semana

A maioria dos dias da semana é representado pela associação de números com ponto de
articulação na cabeça, são simples e podem ser decorados com facilidade, sendo úteis para
agendamentos de compromissos no ambiente de trabalho.

51
Figura 7

Fonte: disponível em: < encurtador.com.br/mEJOW >. Acesso em: 21 jan. 2020.

Nesse contexto, também temos a contagem das horas e do tempo:

Figura 8

Fonte: disponível em: < https://images.app.goo.gl/XkERaMfYbiwN7Hu1A >. Acesso em: 21 jan. 2020.

52
Neste capítulo, você conheceu a SignWriting, que é a representação gráfica da língua gestual. É comum que
as pessoas pensem que essa representação se dá pela escrita em Língua Portuguesa, no entanto, é através
dela que conseguimos identificar todos os parâmetros das línguas de sinais.

Também vimos alguns sinais pertinentes para a comunicação com os surdos, aprendemos os meses do ano,
dias da semana, que nos dão a ideia de temporalidade.

Conhecer os dias da semana e os meses do ano efetiva o conhecimento dos números e se entrelaça à
gramática, pois para utilizá-los, o aluno precisa criar um contexto, um enunciado que torna o uso dos sinais
dos meses e dos dias eficaz.

Estamos falando de uma língua com seu código, especificações e todas as suas regras, além de aprender
esses sinais básicos que estamos treinando, é de suma importância que você busque mais, pois apenas com
eles não será possível elaborar conversas complexas e adentrar em assuntos mais abstratos.

Assista a este vídeo sobre apresentação pessoal e os cumprimentos em Libras:

https://youtu.be/i0BpWhfow58

"Sem linguagem não somos seres humanos completos e, por isso, é preciso aceitar a natureza e não ir
contra ela. Obrigados a falar algo que não lhes é natural, os surdos não são expostos suficientemente à
linguagem e estão condenados ao isolamento e à incapacidade de formar sua identidade cultural".

Vendo Vozes: Uma Viagem pelo Mundo dos Surdos

Oliver Sacks

53
É necessário o treino dos sinais e principalmente buscar uma comunicação com o surdo. Revisite o material,
a fim de buscar informações para uma comunicação e entenda que quando você adentra no mundo dos
surdos, eles te atribuem um sinal, que substitui seu nome. Geralmente, esse sinal vem acompanhado da letra
inicial do seu nome (veja na unidade anterior), atrelado a uma característica sua, uma pinta, uma mania, uma
expressão forte sua são alguns exemplos.

O surdo sempre será o melhor professor da sua língua, portanto, sugiro que procure um surdo de seu bairro,
cidade, até mesmo nas redes sociais e inicie uma comunicação e diga que está aprendendo.

Outra ideia é tentar sinalizar em frente ao espelho, a fim de perder a vergonha e perceber as suas falhas e
acertos.

1. Os sinais, na Língua Brasileira de Sinais, são constituídos a partir da:

a. Percepção e criatividade de seus usuários, que não precisam seguir regras fixas.
b. Inserção dos movimentos de negação, afirmação e elementos semânticos.
c. Configuração de mãos associada ao conhecimento da Língua Portuguesa.
d. Configuração de mãos, movimento, semântica e morfologia.
e. Configuração de mãos, movimento, locação, expressão e ponto de articulação.

Resposta correta: E

Nas questões 2, 3, 4 e 5, identifique a opção que corresponde, em Libras, à frase construída em português.

2. Por favor, compre cinco doces

a. COMPRE DOCES POR FAVOR CINCO.


b. POR FAVOR COMPRE CINCO DOCE.
c. COMPRAR POR FAVOR CINCO DOCES.
d. POR FAVOR COMPRAR DOCE CINCO.

Resposta correta: B

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3. Quantos livros você quer comprar?

a. VOCÊ QUERER LIVRO COMPRAR QUANTO?


b. QUERER COMPRAR QUANTOS LIVROS?
c. VOCÊ COMPRAR LIVRO QUANTO QUERER?
d. QUERER VOCÊ COMPRAR QUANTOS LIVROS?

Resposta correta: B

4. Estou cansado, fraco, todo o meu corpo dói. Preciso de um médico.

a. CANSADO, FRACO, CORPO DÓI PRECISAR MÉDICO.


b. EU CANSADO, FRACO, CORPO TODO DOER PRECISAR MÉDICO.
c. EU FRACO, CANSADO, MEU CORPO DÓI PRECISAR UM MÉDICO.
d. CANSADO, FRACO, TODO MEU CORPO DOE PRECISAR MÉDICO.

Resposta correta: B

5. Quanto custa uma passagem aérea para São Paulo?

a. QUANTO PASSAGEM AÉREA SÃO PAULO CUSTA?


b. PASSAGEM AVIÃO SÃO PAULO CUSTA?
c. CUSTA PASSAGEM AÉREA SÃO PAULO?
d. AVIÃO PASSAGEM SÃO PAULO CUSTA QUANTO?

Resposta correta: D

Questão Discursiva

Nas questões objetivas anteriores, o que foi observado de diferente da língua oral?

Ao tentar organizar uma frase, quais suas principais dificuldades?

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UNIDADE III
CAPÍTULO 6 – CORES, MEMBROS DA FAMÍLIA E VERBOS
No final deste capítulo, você deverá saber sobre:

✓ Cores
✓ Verbos
✓ Perguntas mais comuns quando falamos da Língua Brasileira de Sinais

Introdução

A seleção dos sinais deste capítulo se dá para uma comunicação rápida, tomando como ponto de
partida as escolhas profissionais de cada um de vocês, alunos. Conhecer as cores facilita um
atendimento administrativo, uma seleção em emprego, direcionando o surdo para uma sala de
determinada cor, mostrar o papel de uma cor específica para assinatura, por exemplo. A
assimilação dos sinais dos familiares também é útil para um possível comunicado, um informe
empresarial, um eventual problema em que seja necessário comunicar a família, além dos verbos,
que são primordiais para a compreensão de conceitos tão abstratos na língua.

6.1 Cores

Os sinais de cores também podem sofrer alterações, o regionalismo, como já mencionamos, pode
fazer com que o sinal mude em cada estado ou microrregião brasileira. O sinal de VERDEe, por
exemplo, é o que mais muda em nosso país, em algumas regiões, os surdos fazem o sinal “V” no
dorso, outros, o sinal que apresentamos aqui na apostila, que se parece muito com o sinal da
palavra FRIO.

O sinal da COR LARANJA é exatamente o mesmo da fruta e do dia da semana referente ao


sábado, porém, já foram observados casos em que os surdos sinalizaram essa cor através da
junção dos sinais AMARELO e VERMELHO.

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Figura 1

Fonte: disponível em: <https://goo.gl/LpsH7H>. Acesso em: 09 ago. 2018.

Aprender uma língua de sinais é uma forma de estreitar as relações entre a comunidade surda e a
comunidade ouvinte. Segundo dados do IBGE, quase 10 milhões de brasileiros têm algum problema auditivo
e quando falamos de surdez severa ou profunda, os dados são alarmantes, cerca de 80% dos surdos
possuem baixa escolaridade, muitos com problemas na alfabetização e falta de acesso a informações
básicas sobre saúde.

Como já enfatizado ao longo deste material, aprender ao menos o básico para uma comunicação é um ato
de cidadania.

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Figura 2 - Membros da família

Fonte: disponível em: <https://goo.gl/HJv8fm>. Acesso em: 15 ago. 2018

Os sinais dos membros da família estão intrinsecamente ligados aos gêneros, porém é preciso
associar o sinal de mulher e homem para a identificação do gênero o qual se refere. Utilizamos o
@ para neutralizar o gênero em uma explicação.

Figura 4

Sinal de MULHER + Sinal de TI@ = Tia


Sinal de HOMEM + Sinal de TI@ = Tio

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Fonte: disponível em: < https://images.app.goo.gl/YC6MhVRYzHWr6mWMA>. Acesso em: 28 jan. 2020

6.2 Verbos

Verbo é palavra que indica acontecimentos representados no tempo, uma ação, um estado ou um
fenômeno natural. Os verbos flexionam-se em número, pessoa, modo, tempo, aspecto e voz. As
orações e os períodos desenvolvem-se sempre em torno de um verbo, portanto, ele é primordial
em um processo comunicativo ou no aprendizado de uma língua.

Aprendamos agora alguns sinais básicos em Libras.

Existe uma comunidade indígena brasileira que possui uma elevada taxa de surdez, um surdo para cada 75
ouvintes, superior à média de outros povos. Por esse motivo, a tribo possui uma língua de sinais própria (a
Língua de Sinais Ka'apor Brasileira - LSKB), usada na comunicação, tanto pela comunidade surda do povo,
como também por seus membros não surdos.

https://www.libras.com.br/urubu-kaapor

Fonte: https://www.libras.com.br/urubu-kaapor. Acesso em: 22 jan. 2020

Figura 5

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Fonte: disponível em: < https://images.app.goo.gl/eNcWcJdKG8c7YLiM8 >. Acesso em: 28 jan. 2020

Como mencionado ao longo da construção deste livro-texto, a língua é um elemento vivo, mutável,
portanto, a Libras sofre variações. É importante que ao se apropriar dessas informações, você
perceba que não existe erro se a comunicação for estabelecida, ou seja, se o surdo entendeu o
que você disse e o inverso também ocorreu, a comunicação foi plenamente concretizada.

Ao conhecer um pouco da língua, os conceitos envoltos no universo da cultura surda, você pode
agora iniciar um diálogo. Os surdos são como estrangeiros em seu próprio país 24h por dia, pois
possuem língua própria, escrita própria, cultura definida, e a maioria da população não a conhece,
e não a conhecendo, a empatia se distancia ainda mais.

Por fim, conhecendo tudo isso, estreitamos os laços entre a comunidade surda e a comunidade
ouvinte.

Figura 6

Fonte: disponível em: < https://images.app.goo.gl/seZkwe8cxYVh2Bm66 >. Acesso em: 28 jan. 2020

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Ao usar esses sinais, é importante lembrar-se da utilização dos pronomes que estudamos no
Capítulo 4, por exemplo:

TELEFONE + SINAL PRONOME SEU + EXPRESSÃO DE DÚVIDA

Para perguntar qual o seu telefone?

VERBO IR+ SINAL PRONOME MEU + CASA + HOJE

Vá a minha casa hoje!

6.3 Perguntas mais comuns quando falamos da Língua Brasileira de Sinais

As perguntas abaixo são as mais comuns quando falamos da Língua Brasileira de Sinais:

O artigo escrito por Lak Lobato, surda oralizada que, desde 2009, utiliza implante coclear, é enriquecedor.
Suas acepções são de suma importância para nossos estudos, pois partem de uma ótica surda acerca da
sua própria língua, uma vez que a maioria das colocações aqui presentes parte de uma perspectiva do
ouvinte. Você pode tentar responder a essas questões antes de ler as respostas, pois todo nosso material
contempla assuntos abordados e assim, testar seus conhecimentos.

O texto pode ser acessado na íntegra em:

https://desculpenaoouvi.com.br/9-perguntas-sobre-libras-lingua-brasileira-de-sinais/

• Quais são as principais diferenças entre a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa?

A mais óbvia reside no fato da primeira ser de modalidade espaço-visual e a segunda, oral-auditiva. Cada
uma possui uma estrutura própria, assim como todas as línguas existentes têm complexidades distintas. Um
enunciado simples em português segue a ordem sujeito+verbo+complemento/predicado. Em Libras, segundo
a gramática que lhe é inerente, pode seguir, por exemplo, a ordem inversa. Resumindo, a língua de sinais
não é uma versão sinalizada da língua oral, não é mímica, não é universal (cada país tem a sua), nem se
resume à datilologia. é uma língua autônoma e natural.

Quando sinalizamos seguindo a estrutura do português, na verdade estamos praticando um ‘português


sinalizado’, prática esta que configura o bimodalismo.

• Bimodalismo, bilinguismo e comunicação total. Qual a diferença entre os três conceitos?

Bimodalismo:

Esta filosofia pode ser entendida como um meio para atingir um fim, no caso, utiliza-se a língua de sinais
como recurso para o ensino da língua oral. Embora a intenção vise facilitar a aprendizagem da língua oral, tal
método relega a língua de sinais a uma “pseudolíngua intermediária”, desprezando toda uma história, cultura
e riqueza linguística.

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Bilinguismo:

Quando se fala em bilinguismo, não se trata do domínio pleno de duas línguas, independente de qual for a L1
(primeira língua) do surdo. Entende-se nesta concepção, a língua de sinais como L1 e a língua oral
(português) como L2 e a aquisição de ambas visa a relativizar a diferença e facilitar a comunicação, tal qual o
aprendizado da língua inglesa por brasileiros.

Comunicação total:

O foco aqui recai no aprendizado exclusivo da língua oral, para tanto, utilizando-se de recursos espaço-
visuais como facilitadores de aprendizagem. Defende o uso de qualquer recurso linguístico para facilitar a
comunicação: sinais, oralidade, códigos manuais, imagens etc. Não privilegia o fato de a língua de sinais ser
natural e carregar uma cultura própria. A criação de recursos artificiais para facilitar a educação pode
dificultar a comunicação entre surdos que dominam códigos diferentes da língua de sinais. Principais
metodologias: Libras, datilologia, sinais manuais, português sinalizado, pidgin (simplificação da gramática do
duo Português-Libras).

• A língua de sinais foi originada da língua oral?

Não, cada língua de sinais tem influência histórica de outras línguas de sinais. Tanto a língua americana de
sinais (ASL) como a língua brasileira de sinais (Libras) têm suas origens a língua francesa de sinais, ou seja,
ambas as modalidades seguem, em princípio, uma linha do tempo paralela. Influenciam-se mutuamente,
dada a “coabitação” linguística, ocorrendo empréstimos e hibridismos, fenômeno comum a todas as línguas,
resultante da globalização.

• Quais fatores qualificam a Libras como uma língua oficial em seu sentido pleno?

Toda e qualquer língua oficial é estruturada nos seguintes níveis linguísticos: fonológico, morfológico,
sintático, semântico e pragmático. A língua brasileira de sinais tem seu sistema convencional de sinais
estruturado nesses níveis. Seu léxico é infinito, possibilitando a geração contínua de novas palavras,
seguindo o princípio de que todas as línguas mudam com o tempo. Existe uma pressuposição equivocada de
que não se consegue expressar conceitos abstratos em Libras, pois a língua teria um léxico limitado, pois
seria simplificada. Desmistificando essa ideia, qualquer conceito, inclusive abstrato, pode ser expresso.

• Existe uma língua de sinais universal?

Sim, porém é uma língua artificial, ou seja, foi estabelecida com um propósito específico, como é o caso da
língua oral esperanto. Denominada Gestuno, conhecida como língua de sinais internacional. Esse tipo de
língua é considerado uma língua auxiliar e tal como o esperanto, objetiva estabelecer uma comunicação
internacional. Não é considerada uma língua “real”, visto que é inventada e adaptada.

• É mais difícil aprender Libras, em comparação a outras línguas?

Não. Muito do sucesso na aprendizagem de qualquer língua depende do aluno, de este estar aberto ao
processo de aprendizagem e disposto a praticar. A motivação é um forte reagente, pois potencializa a
aprendizagem. Se o aluno não está motivado, por melhor e bem disposto que esteja o professor, o
conhecimento não é efetivamente transmitido. A aquisição de vocabulário é semelhante ao método das
línguas orais, o indivíduo memoriza uma palavra, ou sinal, e contextualiza, de forma a memorizar com mais
eficiência.

• Há dicas que possam ser úteis a quem deseja aprender?

Sempre há estratégias que podem potencializar a aprendizagem, uma delas seria praticar em frente ao
espelho. assim é possível observar como os sinais estão sendo articulados. Outra ainda, para quem tem por
hábito ouvir música, seria exercitar o que aprendeu tentando ‘traduzir’ a música. Na ausência de outra
pessoa para praticar, funciona muito bem, é um desafio que nos força a expandir e buscar novos conceitos

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que não foram adquiridos em aula. Mais eficiente ainda seria ter contato contínuo com um usuário fluente,
mas na impossibilidade dessa opção, a tecnologia existente pode contribuir.

Considerações Finais

A lei 13.146/2015 institui a inclusão das pessoas com deficiência. Nela se encontra o seguinte: “É
dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de
qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e
discriminação”, ou seja, a responsabilidade de garantir todos esses direitos não é somente do
Estado e da família, mas de toda a sociedade.
Nesse âmbito, percebemos a necessidade de incluir todas as pessoas em todos os movimentos da
sociedade, a Libras vem para efetivar a inclusão da pessoa surda, rompendo a barreira
comunicativa.
Toda construção deste livro-texto é baseada na ideia de capacitar os mais diferentes profissionais
em sua comunicação com os indivíduos surdos, minando as limitações comunicativas e
aproximando esses universos tão distintos.

Nesta unidade, você aprendeu e praticou alguns sinais básicos de Libras divididos por temas. A partir destes
estudos, já saberá como se apresentar para um surdo, pois treinou saudações; poderá falar de sua família,
da data de seu nascimento, pois treinou o calendário, bem como outros sinais de cores, animais e frutas.
Agora, você já pode treinar e buscar sempre o aperfeiçoamento nesta língua, especialmente por meio do
convívio com as pessoas surdas.

Acesse o Dicionário de Libras online para aumentar seu vocabulário e praticar. Disponível em:

<https://goo.gl/EKP4g2>

Acesso em: 29 set. 2018.

"Somos notavelmente ignorantes a respeito da surdez, muito mais ignorantes do que um homem instruído
teria sido em 1886 ou 1786. Ignorantes e indiferentes(...). Eu nada sabia a respeito da situação dos surdos,
nem imaginava que ela pudesse lançar luz sobre tantos domínios, sobretudo o domínio da língua. Fiquei
pasmo com o que aprendi sobre a história das pessoas surdas e os extraordinários desafios (linguísticos)

63
que elas enfrentam, e pasmo também ao tomar conhecimento de uma língua completamente visual, a língua
de sinais, diferente em modo de minha própria língua, a falada(...)".

Oliver Sacks

Tudo o que foi aprendido neste livro-texto faz parte de algo linear, único, sendo cada conhecimento
necessário para a efetivação de uma comunicação, mas eles não são os únicos e universais conhecimentos,
a língua de sinais é um campo rico e plural, cabe a você, agora, desvendá-lo.

Assista à propaganda da empresa Samsung, a qual apresenta seu novo recurso para surdos, que acabou
indo além das expectativas, dando uma aula de inclusão.

Estamos longe de algo como o criado no exemplo vídeo, mas damos um passo de cada vez.

https://www.youtube.com/watch?v=bFKWwiXD0Ds

Acesso em: 17 jun. 2020.

Este site possui testes onde você pode treinar a datilologia em Libras:

http://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/datilologia.php

1. Identifique o dia da semana a seguir:

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a. Quinta-feira.
b. Terça-feira.
c. Sexta-feira.
d. Domingo.
e. Quarta-feira..

Resposta correta: C

2. Identifique o mês a seguir:

a. Setembro.
b. Maio.
c. Fevereiro.
d. Dezembro.
e. Abril.

Resposta correta: D

3. Descubra as palavras e suas sequências na datilologia.

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A sequência é:

a. I) TRATOR, II) TRATAR, III) FROTAS, IV) TRAPO, V) FRITAS.


b. I) TRATAR, II) TRATOR, III) FROTAS, IV) TRAPO, V) FRITAS.
c. I) TRATOR, II) TRATAR, III) TRAPOS, IV) FROTAS, V) FRITAS.
d. I) TRATOR, II) TRATAR, III) FROTAS, IV) TRAPO, V) FRITOS.
e. I) TRATOR, II) TRATAR, III) FRITAS, IV) TRAPO, V) FROTAS.

Resposta correta: D

4. Identifique quais são as palavras representadas pelo alfabeto manual:

Qual a sequência correta?

a. I) João, II) Ema, III) Luciano, IV) Lúcia


b. I) José, II) Ema, III) Luciano, IV) Lúcia
c. I) João, II) Ema, III) Luciano, IV) Lúcio.
d. I) João, II) Ema, III) Luciana, IV) Lúcia.
e. I) João, II) Emo, III) Luciano, IV) Lúcia.

Resposta correta: A

5. Identifique a cor no sinal a seguir:

a. Amarelo.
b. Verde.
c. Vermelho.
d. Preto.
e. Rosa.

Resposta correta: A

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Questão Objetiva

Nas características da abordagem crítico superadora citadas abaixo, qual não é correspondente a esta
abordagem?

a. Valoriza a questão da contextualização dos fatos e do resgate histórico.


b. Levanta questões de poder, interesse, esforço e contestação, utilizando da justiça social com ponto de
apoio;
c. Integrar e introduzir o aluno de 1º e 2º graus no mundo da cultura física
d. A Educação Física é entendida como uma disciplina que trata de um tipo de conhecimento denominado
cultura corporal.
e. Educação Física deveria contribuir para a saúde física e mental;

Resposta correta: E

Questão Discursiva

Com base nos estudos realizados, qual é a importância do aprendizado da Língua Brasileira de Sinais?

Adquirido: que não depende da constituição hereditária ou congênita, mas de fatores externos que atuam
sobre o organismo durante a vida extrauterina (diz-se de doença, alteração ou processo mórbido, incluindo
hábitos, caráter etc.).

Arbitrários: que não seguem princípios lógicos.

Arbitrariedades: sinais que não mantêm relação de semelhança com o seu referente.

Congênito: característico do indivíduo desde, ou antes, do nascimento; conato.

Datilologia: também conhecido como alfabeto manual, é um sistema de representação das letras dos
alfabetos das línguas orais escritas, por meio das mãos.

Decibéis: escala de intensidade sonora

Fonológico: relativo ao fonema e à fonologia.

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Icônico: que representa ou reproduz com exatidão e fidelidade; icástico.

Iconicidade: semelhança existente entre signos linguísticos.

Lexicais: relativo ao vocabulário; léxico. Palavra.

Morfológico: relativo a morfema; morfêmico. A forma das palavras.

Sintático: relacionado à sintaxe, com a parte da gramática que se dedica ao estudo das palavras enquanto
constituintes de uma frase.

ALBRES, Neiva de Aquino. A educação de alunos surdos no Brasil do final da década de 1970 a 2005;
análise dos documentos referenciadores. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (dissertação de
mestrado), 2006.

ALMEIDA, Wolney Gomes. Introdução à Língua Brasileira de Sinais. Ilhéus: UAB/UESC: 2013. Disponível
em: <https://goo.gl/grcEnQ>. Acesso em: 29 set. 2018.

BRASIL. Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá
outras providências. Disponível em: <https://goo.gl/VsYB4A>. Acesso em 18 ago. 2018.

__________. Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de


2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de
dezembro de 2000. Disponível em: <https://goo.gl/k9NZU5>. Acesso em: 18 ago. 2018.

CAMPOS, Lília. Relato de um Surdo: Rodrigo Machado. Disponível em: <https://goo.gl/3UA5EK>. Acesso
em: 29 set. 2018.

DICIONÁRIO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS. Disponível em: <https://goo.gl/EKP4g2>. Acesso em: 29


et. 2018.

FEDERAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS SURDOS. Disponível em:


<https://goo.gl/LNDqrJ>. Acesso em: 29 set. 2018.

__________. O que é intérprete de língua de sinais para pessoas surdas? Belo Horizonte: 1995.

FELIPE, Tanya. A. LIBRAS em contexto-curso básico- livro do estudante cursista. Brasília. Programa
Nacional de apoio à educação dos surdos. MEC; SEESP, 2001.

FERNANDES, Eulália (Org.). Surdez e bilinguismo. 3. ed. Porto Alegre: Mediação, 2010.

INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS (INES). Disponível em: <http://www.ines.gov.br/>.


Acesso em: 02 ago. 2018.

MAZZOTA, Marcos J. S. Educação Especial no Brasil: História e Política Públicas. São Paulo: Cortez, 1999.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Especial (SEESP). Saberes e práticas da inclusão:


desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos.

68
Brasília: MEC/SEESP, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunossurdos.pdf>.
Acesso em: 10 ago. 2018.

OVIEDO, Alejandro. "Lengua de Señas", "Lenguaje de Signos", "Lenguaje Gestual", "Lengua Manual"?
Razones para Escoger una Denominación. In: El Bilinguismo de los Sordos. Ministério de Educacion
Nacional - Instituto Nacional para Sordos. 1996

QUADROS, Ronice Muller de. O “BI” em bilinguismo na educação de surdos. In: FERNANDES, Eulália
(Org.). Surdez e bilinguismo. 3. ed. Porto Alegre: Mediação, 2010.

QUINTO-POZOS, David. Deictic points in the visual-gestural and tactile-gestural modalities. In: MEIER,
Richard P.; CORMIER, Kearsy; QUINTO-POZOS, David. Modality and Struture in Signed and Spoken
Language. Cambridge: Cambridge University Press, 2002

SÁ, Nídia Regina Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas, 2006.

SANTOS, José Luiz. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2010.

SCHELP, Patrícia Paula. Práticas de letramento de alunos surdos em contexto de escola inclusiva.
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Ijuí, 2008.

STROBEL, Karin. Surdos: vestígios culturais não registrados na história. Dissertação de mestrado GES /
UFSC, 2006. SUTTON-SPE.

__________. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2. ed. rev. Florianópolis: UFSC, 2009.

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