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MANDADO DE SEGURANÇA EM

MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA

Renato Barth Pires


Juiz Federal
Mestre em Direito pela PUC/SP
Professor da Faculdade de Direito da
PUC/SP e do Legale
Fundamento constitucional

 Constituição Federal
 “Art. 5º (...).
 LXIX – conceder-se-á mandado de segurança
para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público; (...)”.
Regulamentação

 Lei nº 12.016/2009 (LMS)


Admissibilidade

 1. Direito líquido e certo


– “certo quanto à sua existência e determinado
quanto à sua extensão” ?
– “manifesto na sua existência, delimitado na
sua extensão e apto a ser exercitado no
momento da impetração”?
Direito líquido e certo

– Fatos certos – prova documental


– Protesto por provas?
– LMS: Art. 6º (...). § 1º No caso em que o documento necessário à
prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público
ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou
de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição
desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para
o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão
extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da
petição. § 2º Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a
própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da
notificação (...)”.
– PA extraviado? CPC arts. 399, I e III, 400.
– Especificar o fato que se pretende provar.
Admissibilidade

Ilegalidade ou abuso de
 2.
poder
 Posso discutir inconstitucionalidade?
 “Mandado de segurança contra lei em
tese” (Súmula 266 do STF) X Mandado
de segurança preventivo (“justo
receio”).
Admissibilidade

3. Autoridade pública

4. Não amparado por habeas corpus ou habeas


data:
– “Art. 5º (...).
– LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder; (...).
– LXXII - conceder-se-á habeas data:
– a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
– b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo; (...)”.
Legitimidade ativa

 Precisa ser o titular do direito (individual ou coletivo) líquido e


certo (art. 18 do CPC).
 Espólio? – art. 112 da Lei nº 8.213/91.
 Estrangeiros?
 Incapazes: representados ou assistidos por seus pais, tutores
ou curadores (art. 71 do CPC). LOAS?
 Representado por Advogado: arts. 1º, I e 5º da Lei nº 8.906/94;
art. 103 a 105 do CPC.
 Ministério Público: art. 32, I, da Lei nº 8.625/93; art. 6º, VI, da
Lei Complementar nº 75/93
 Defensoria Pública: art. 4º, IX, da Lei Complementar nº 80/94,
com a redação dada pela LC 132/2009 .
Legitimidade passiva

 1) Autoridade pública
– Normas gerais ou execução concreta?
 Gerente Executivo do INSS
 Chefe da Agência da Previdência Social (APS)
 2) Agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do poder público
 Pessoa jurídica? INSS?
 Órgão? Gerência, Chefia?
 Procurador Federal (do INSS)? Ciência do art. 7º, II da
LMS
Legitimidade passiva

 Erro na indicação da autoridade apontada


como coatora:
– Extinção?
– Emenda da inicial (art. 321 NCPC)
– Teoria da encampação:
 a) houver vínculo hierárquico entre a autoridade erroneamente
apontada e aquela que efetivamente praticou o ato ilegal;
 b) a extensão da legitimidade não modificar regra
constitucional de competência;
 c) for razoável a dúvida quanto à legitimação passiva na
impetração; e
 d) houver a autoridade impetrada defendido a legalidade do
ato impugnado, ingressando no mérito da ação de segurança
Legitimidade passiva

 Litisconsórcio passivo no mandado de


segurança:
– LMS, art. 24; CPC, art. 115.
– Litisconsórcio passivo necessário:
 Notificação autoridade e citação litisconsorte (pensão).
 Art. 115, parágrafo único, CPC – pena de extinção
 Sentença ineficaz (I): art. 506 CPC (efeitos entre partes)
 Rescisória por violação literal de lei (art. 966, V, CPC –
ou querella nullitatis).
Outras restrições quanto ao cabimento do
MS

 1. Ato passível de recurso ou correição


– Súmula 267 do STF estabelece que “não cabe mandado de
segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”.
– Art. 5º da Lei nº 12.016/2009: não cabe mandado de segurança
“de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução”, assim como de
“decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo”.
– Recurso administrativo: mero “cabimento”?
– Omissão?
– Indeferimento do benefício?
1. Ato passível de recurso ou correição

 MS contra ato judicial?


– Não cabe se contra a decisão couber recurso com
possibilidade de atribuir efeito suspensivo.
– Ex.: decisão interlocutória do art. 1.015 do CPC.
– Se não estiver: sem preclusão, discussão na apelação
ou contrarrazões de apelação (art. 1.009 do CPC).
– E se causar dano grave?
 Ex. indeferimento de oitiva de testemunha muito idosa ou
doente;
 Declínio de competência para o JEF?
1. Ato passível de recurso ou correição

 STJ:
 MS contra ato judicial é cabível:
– 1) Decisão manifestamente ilegal ou teratológica;
– 2) Decisão contra a qual não caiba recurso;
– 3) Para atribuir efeito suspensivo a recurso que não o tem;
– 4) Quando impetrado por terceiro prejudicado por decisão judicial.
Outras restrições quanto ao cabimento do
MS

 2. Decisão judicial transitada em julgado.


– Súmula nº 268 do STF: “não cabe mandado de
segurança contra decisão judicial com
trânsito em julgado”.
– Art. 5º, III, da Lei nº 12.016/2009.
– Prestígio da coisa julgada (desconstituída por
ação rescisória ou ação anulatória – art. 966,
“caput” e § 4º do CPC).
Outras restrições quanto ao cabimento do
MS

 3. Efeitos patrimoniais:
– Súmula nº 271 do STF: “Concessão de mandado
de segurança não produz efeitos patrimoniais em
relação a período pretérito, os quais devem ser
reclamados administrativamente ou pela via
judicial própria”.
– Súmula nº 269 do STF: “O mandado de
segurança não é substitutivo de ação de
cobrança”.
Competência
 A competência para julgar o mandado de segurança firma-se de acordo com a
categoria da autoridade impetrada, bem como por sua sede funcional.

 Trata-se de hipótese de competência absoluta e, como tal, deve ser declarada


de ofício pelo Juiz.

 Em matéria previdenciária, a grande maioria dos mandados de segurança é


impetrada contra atos de autoridades do INSS (Chefe da Agência de
Previdência Social, Gerente Executivo do INSS, etc.). Como o INSS é uma
autarquia federal, os mandados de segurança serão processados e julgados
pela Vara da Justiça Federal com jurisdição sobre a autoridade impetrada (art.
109, VIII, da Constituição Federal de 1988).
 Atenção para o domicílio (sede funcional) da autoridade impetrada: a
identificação correta do local em que a autoridade impetrada exerce suas
funções pode alterar o Juízo competente para processar e julgar o mandado
de segurança (divisão em Subseções Judiciárias).
 Competência delegada? Art. 109, §§ 3º e 4º da CF.
Competência

– Mandado de segurança e o Juizado Especial Federal


 Lei nº 10.259/2001: “Art. 3º (...) § 1º Não se incluem na
competência do Juizado Especial Cível as causas: I - referidas
no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as
ações de mandado de segurança, de desapropriação, de
divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por
improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou
interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; (...)”.
 Mas: pode caber MS contra ato do juiz do JEF, que será
julgado pela Turma Recursal: Súmula 376 do STJ: “Compete
à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança
contra ato de juizado especial”; STF, RE 586.789
(repercussão geral).
Competência
– Em uma única situação o mandado de segurança contra ato do JEF deve ser impetrado perante o
Tribunal Regional Federal: quando o objeto do mandado de segurança é a própria competência
do JEF. Nesse sentido é o seguinte julgado da Terceira Seção do TRF 3ª Região:
– “(...). 5 - Deve-se destacar que a E. Corte Especial do C. Superior Tribunal de Justiça
excepcionou esse entendimento apenas para as hipóteses de controle sobre a competência
dos Juizados, deixando expressamente consignado que esse julgamento ‘não altera o
entendimento anterior deste Tribunal, que veda a utilização do writ para o controle do mérito
das decisões desses juizados’. 6 - Reconhecida a incompetência, os autos devem ser remetidos
à Turma Recursal competente, nos termos do art. 113, §2º, do CPC. Agravo regimental
prejudicado” (MS 0034321-90.2010.4.03.0000, Rel. Des. BAPTISTA PEREIRA, DJF3 10.5.2011).

– “CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA


DECISÃO DE TURMA RECURSAL. DISCUSSÃO SOBRE OS LIMITES DA COMPETÊNCIA DO
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. 1. Cuida-se de Recurso Ordinário contra decisão do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região que declinou da sua competência para apreciar Mandado de
Segurança em que o INSS discute os limites de competência dos Juizados Especiais Federais para
processar e julgar demanda cujo valor exorbita o patamar máximo estipulado em lei. 2. O acórdão
hostilizado apreciou matéria diversa da pretensão deduzida na inicial, pois a hipótese de Mandado
de Segurança voltado contra o mérito da decisão judicial não se confunde com a espécie dos autos,
em que o INSS se utiliza do writ para discutir os limites da competência absoluta do Juizado
Especial. 3. ‘A Corte Especial do STJ, no julgamento do RMS 17.524/BA, firmou o posicionamento
de que é possível a impetração de Mandado de Segurança com a finalidade de promover controle
da competência dos Juizados Especiais’ (RMS 26.665/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJe 21/8/2009). 4. Decisão recorrida que se mostra contrária à orientação firmada
pelo Superior Tribunal de Justiça. Competência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região para
processar e julgar o Mandado de Segurança ajuizado pelo INSS. 5. Recurso Ordinário provido”
(STJ, ROMS 201200878464, HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE 06.12.2013)
Competência
 Mandado de segurança e acidente do trabalho:
– As ações relativas a acidente do trabalho são, via de regra, de
competência da Justiça Estadual, o que decorre da regra do art.
109, I, parte final, da Constituição Federal[1].
– Isso só não ocorre, exatamente, no caso do mandado de
segurança. Para o Superior Tribunal de Justiça, o critério relativo
à natureza da autoridade impetrada prevalece sobre a natureza
da relação jurídica de direito material.

[1] “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as
causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho; (...)”.
Mandado de segurança e o terceiro
prejudicado
 Situação bastante específica é a do terceiro, estranho a uma relação
processual, que acaba sendo alcançado por uma decisão judicial proferida
naqueles autos. É o caso típico do pensionista que tem seu benefício
cancelado (ou reduzido) por força de decisão proferida em feito de que não é
parte.
 Este terceiro tem duas possibilidades a examinar. a primeira é a de interpor o
recurso que, normalmente seria cabível contra aquela decisão, isto é, agravo,
apelação, etc. (art. 996 do NCPC).
 A segunda possibilidade é a de impetrar diretamente o mandado de segurança
contra o ato judicial, o que é plenamente admissível, conforme a Súmula nº
202 do STJ: “A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial,
não se condiciona a interposição de recurso”.
 A escolha não deve ser aleatória, ao contrário, precisa ser bem ponderada, a
começar pelos prazos (do recurso ou do mandado de segurança), das custas
ou do preparo (quando for o caso), da possibilidade de produzir provas, etc.
Procedimento do mandado de
segurança

 Prazo: 120 dias, contados da ciência do


ato.
 Súmula nº 632 do STF: “É constitucional
lei que fixa prazo de decadência para
impetração de mandado de segurança”.
 Decadencial ou prescricional?
Procedimento do mandado de
segurança

 Forma de impetração: requisitos do art. 319


CPC; em caso de urgência, pode ser por
“telegrama, radiograma, fax ou outro meio
eletrônico de autenticidade comprovada” (art. 4º
LMS).
 Liminar: requisitos
– fundamento relevante”
– e “do ato impugnado puder resultar a
ineficácia da medida, caso seja finalmente
deferida”
Procedimento do mandado de
segurança

 Recurso contra decisão que aprecia pedido de


liminar:
– Agravo de instrumento (art. 7º, § 1º, LMS).
 Liminar vigora até a sentença (art. 7º, § 3º LMS;
Súmula 405 do STF);
 Informações e ciência ao representante judicial da
pessoa jurídica (Gerente Executivo/Chefe da APS e
Procurador Federal).
 Parecer do MPF e sentença.
]
Procedimento do mandado de
segurança
 O que fazer se juiz indefere a liminar, TRF reforma no agravo de instrumento e a sentença
é de improcedência?
 Súmula nº 405 do STF: “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no
julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os
efeitos da decisão contrária”.
 CPC 1973:
– a) interpor o recurso de apelação e requerer seja ele recebido nos efeitos devolutivo e
suspensivo; se a apelação for recebida só no efeito devolutivo, interpor agravo de
instrumento contra essa decisão (art. 522 do CPC/73); ou
– b) interpor o recurso de apelação e, imediatamente depois, propor uma ação cautelar
diretamente no Tribunal (art. 800, parágrafo único, do CPC/73), com a finalidade de
restabelecer o benefício até o julgamento da apelação.

 Atenção: com o CPC de 2015, o juízo de admissibilidade da apelação não é mais feito em
primeiro grau de jurisdição (art. 1.010, § 3º), mas pelo próprio Tribunal e, como regra geral,
a apelação tem efeito suspensivo (art. 1.012).
 Quando não tem, formular pedido específico; petição avulsa (dirigida ao Tribunal, se entre
a interposição e a distribuição da apelação no TRF, ou ao Relator, se já distribuído) ou nas
próprias razões da apelação.
 Regras do CPC ou da LMS?
Procedimento do mandado de
segurança
 Recursos
 O recurso cabível contra a sentença proferida no mandado de segurança é a
apelação, que deve ser interposta no prazo de 15 (quinze) dias úteis, no caso
do impetrante, ou de 30 (trinta) dias úteis, no caso do INSS.
 A sentença proferida no mandado de segurança, em caso de procedência,
estará obrigatoriamente sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório (art. 14,
§ 1º, da Lei nº 12.016/2009). A forma em que a norma está redigida
(“obrigatoriamente”) parece impedir que se aplique ao mandado de segurança
a dispensa da remessa oficial para as causas de valor certo até 1000 (mil)
salários mínimos, no caso da União e de suas autarquias (caso do INSS) – art.
496, § 3º, I, CPC.
 A Lei nº 12.016/2009, de forma inédita, também estendeu a possibilidade de
recurso à autoridade impetrada. Assim, poderão apelar da sentença não só o
impetrante e o Procurador Federal que representa o INSS em Juízo, mas
também a autoridade impetrada e o próprio Ministério Público.
Procedimento do mandado de
segurança
 Descumprimento das decisões:
– Crime de desobediência: art. 26 LMS
– Infração penal de menor potencial ofensivo: art. 69, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, depois
da lavratura do termo circunstanciado, não se imporá prisão em flagrante ao autor do fato se ele
comparecer ao Juizado ou firmar compromisso de que irá comparecer.
– O Juiz do mandado de segurança (não criminal, portanto) pode decretar a prisão da autoridade
impetrada? Não se trata da “autoridade judiciária competente” exigida pela Constituição Federal
(art. 5º, LXI).
– O que fazer? Representação ao Ministério Público para as providências criminais cabíveis, e:
– a) aplicar multa de até 20% sobre o valor da causa, por ato atentatório à dignidade da justiça,
(art. 77, §§ 1º a 5º, do CPC);
– b) representar ao MPF para apuração da ocorrência de ato de improbidade administrativa,
capitulado no artigo 11, II, da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92), para o qual está
prevista a sanção de perda do cargo (art. 12, III, da Lei nº 8.429/92, combinado com o art. 132, IV,
da Lei nº 8.112/90);
– c) representar ao superior hierárquico da autoridade impetrada para apuração da proibição
funcional estabelecida no art. 117, IV, da Lei nº 8.112/90 (“opor resistência injustificada ao
andamento de documento e processo ou execução de serviço;”);
– d) representar à Advocacia-Geral da União para fins de eventual ajuizamento de ação civil de
reparação de danos causados a terceiros pela demora no cumprimento da ordem judicial (art. 122
da Lei nº 8.112/90).
MS em matéria previdenciária

 Para efeito de sintetizar e examinar casos práticos,


separamos esta parte do estudo em três temas:
– a) casos em que o mandado de segurança não é
cabível;
– b) casos em que o mandado de segurança,
ainda que cabível, envolve riscos que precisam
ser ponderados; e
– c) casos em que o mandado de segurança é a
primeira e melhor escolha.
MS não é cabível

 1. Casos em que ultrapassado o prazo


decadencial de 120 dias
 Observações importantes:
 a) o prazo em questão não é contado da prática do ato, mas da data em que o impetrante
teve ciência desse ato;
 b) nos casos em que houve indeferimento administrativo e o segurado interpôs recurso
administrativo com efeito suspensivo, o prazo de 120 dias não é contado da ciência do
indeferimento, mas da ciência do resultado do julgamento do recurso; se o recurso
administrativo não tiver efeito suspensivo, o prazo é contado da primeira decisão.
 c) há duas situações em que não há como calcular o prazo de 120 dias: nos casos de
omissão da autoridade administrativa em praticar determinado ato, ou de mandado de
segurança preventivo. Em ambas, como ainda não existe nenhum ato praticado, não há
termo inicial para contagem desse prazo. Assim, é impossível falar em decadência do
direito de impetrar mandado de segurança.
MS não é cabível

 2. Casos em que os fatos não são


comprováveis por meio de documentos:
– Exemplos:
 1) Benefício por incapacidade que foi indeferido
porque não constatada a incapacidade para o
trabalho.
 2) Faltou carência ou qualidade de segurado
(cuidado com a DII).
 3) Não admissão de vínculo anotado em CTPS.
 4) Prova de atividade rural:
– Arts. 55, § 3º e 106 da Lei nº 8.213/91; Súmula 169 do
STJ
MS é cabível, mas precisa ser avaliado, em
concreto, se é o meio mais recomendado.

 Concessão de benefício que envolva o


pagamento de valores atrasados.
– Súmulas 269 e 271 do STF
– Avaliar o caso concreto.
 O caso dos honorários de advogado
 Aposentadoria especial (ou contagem de
tempo especial)
 Prova documental?
MS é preferível a qualquer outra ação

 1. Excesso de prazo para decisão ou para julgamento do


recurso:
– Art. 5º, LVIII, da CF/88: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação”.
– Art. 174 do Decreto nº 3.048/99: “o primeiro pagamento do benefício
será efetuado até quarenta e cinco dias após a data da apresentação,
pelo segurado, da documentação necessária à sua concessão”. O
parágrafo único do mesmo artigo determina que esse prazo fica
“prejudicado” “nos casos de justificação administrativa ou outras
providências a cargo do segurado, que demandem a sua dilatação,
iniciando-se essa contagem a partir da data da conclusão das mesmas”.
– Art. 49 da Lei nº 9.784/99: “concluída a instrução de processo
administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,
salvo prorrogação por igual período expressamente motivada”.
– Atenção: verificar reais chances de sucesso na via administrativa.
MS é preferível a qualquer outra
ação

 2. Violação a uma das garantias


constitucionais do processo (devido
processo legal, contraditório, ampla defesa,
proibição de provas obtidas por meios
ilícitos, etc.):
 Recusa imotivada à produção de provas;
 Recusa de dar cumprimento ao acórdão da Junta de
Recursos
MS é preferível a qualquer outra
ação

 3. Cerceamento das prerrogativas legais


dos Advogados
 Dificuldades para ter vista dos autos e retirá-los em
carga;
 Submissão a filas e senhas limitadas
 Prévio agendamento, etc.

 Titular do direito: é o Advogado, não o cliente.


MS é preferível a qualquer outra
ação
 Cessação do benefício por suspeita de fraude sem processo
administrativo formal, ou em desrespeito às garantias
constitucionais do processo, ou mesmo depois de decorrido o
prazo legal para revisão do ato de concessão.
Art. 69 da Lei nº 8.212/91: determinou ao INSS que institua um
“programa permanente de revisão da concessão e da
manutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de
apurar irregularidades e falhas existentes”. O dispositivo legal
em questão prevê que haja notificação do beneficiário para
apresentar defesa, no prazo de 30 dias, juntando os
documentos de que dispuser. Depois disso, o INSS deverá
decidir, mantendo o benefício (caso não haja nenhuma
irregularidade), ou cancelando-o, caso entenda que a defesa
foi insuficiente ou improcedente.
Art. 11 da Lei nº 10.666/2003
 Súmula 473 do STF: “A Administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial”.
 Súmula 60 TFR: “A suspeita de fraude na concessão de benefício
previdenciário não enseja, de plano, a sua suspensão ou cancelamento,
mas dependerá de apuração em procedimento administrativo”.
 Art. 103-A da Lei nº 8.213/91: Art. 103-A. O direito da Previdência Social de
anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus
beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé. § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o
prazo decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de
autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.
MS é preferível a qualquer outra
ação

 O art. 101 da Lei nº 8.213/91, por sua vez, prevê a


possibilidade de suspensão do auxílio-doença e da
aposentadoria por invalidez nos casos em que o
segurado não se submete ao tratamento médico gratuito
prescrito (exceto cirurgia e transfusão de sangue). Outras
possibilidades de revisão, como essas, também estão
previstas nos arts. 70 e 71 da Lei nº 8.212/91 Por
imposição das mesmas garantias constitucionais do
devido processo legal, da ampla defesa e do
contraditório, essa suspensão deve ser precedida da
oportunidade de o segurado se manifestar sobre o
assunto e, se for o caso, justificar o ocorrido.
MS é preferível a qualquer outra
ação

 Art. 46 da Lei nº 8.213/91: a


aposentadoria por invalidez do
segurado que voltar voluntariamente a
exercer atividade remunerada será
“automaticamente cancelada”.
Links úteis

 Jurisdição das Varas Federais


 http://www.trf3.jus.br/trf3r/index.php?id=3076
 Agências do INSS e respectivas vinculações:
 http://www010.dataprev.gov.br/enderecoAPS
/mps1.asp

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