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e prevenção das
DST/HIV/Aids
na adolescência
Presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
José Mendonça Bezerra Filho
Reitor
Prof. Henry de Holanda Campos
Vice-Reitor
Prof. Custódio Luís Silva de Almeida
Imprensa Universitária
Diretor
Joaquim Melo de Albuquerque
Conselho Editorial
Presidente
Prof. Antônio Cláudio Lima Guimarães
Conselheiros
Prof.ª Angela Maria R. Mota Gutiérrez
Prof. Ítalo Gurgel
Prof. José Edmar da Silva Ribeiro
Patrícia Neyva da Costa Pinheiro
Fabiane do Amaral Gubert
(Organizadoras)
Promoção da saúde
e prevenção das
DST/HIV/Aids
na adolescência
Fortaleza
2017
Promoção da saúde e prevenção das DST/HIV/Aids na adolescência
Copyright © 2017 by Patrícia Neyva da Costa Pinheiro, Fabiane do Amaral Gubert
(Organizadoras)
Coordenação editorial
Ivanaldo Maciel de Lima
Revisão de texto
Adriano Santiago
Normalização bibliográfica
Marilzete Melo Nascimento
Programação visual
Sandro Vasconcellos / Thiago Nogueira
Diagramação
Sandro Vasconcellos
Capa
Heron Cruz
ISBN: 978-85-7485-306-2
1. Enfermagem. 2. Saúde do adolescente. 3. Doenças sexualmente transmissíveis.
I. Pinheiro, Patrícia Neyva da Costa, org. II. Gubert, Fabiane do Amaral, org. III. Título.
CDD 610.73
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
Betina Hörner Schlindwein Meirelles..................................................13
PRIMEIRAS PALAVRAS
Profa. Dra. Patrícia Neyva da Costa Pinheiro ...................................15
INTRODUÇÃO
As organizadoras ................................................................................17
PARTE I
ASPECTOS ENVOLVENDO A PROMOÇÃO DA SAÚDE
DO ADOLESCENTE: concepções e cenário para prevenção
das DST/HIV/Aids.............................................................................21
PARTE II
DISCUTINDO AS SITUAÇÕES DE RISCO E
VULNERABILIDADE ENVOLVENDO O ADOLESCENTE
NO CONTEXTO DAS DST/HIV/Aids ............................................183
As organizadoras
Parte I
ASPECTOS ENVOLVENDO A
PROMOÇÃO DA SAÚDE DO
ADOLESCENTE: concepções e
cenário para prevenção das
DST/HIV/Aids
PANORAMA ATUAL DAS DST/HIV/AIDS
ENTRE ADOLESCENTES
Avanços e desafios
Gráfico 1 – Casos de aids notificados no Sinan, segundo faixa etária, sexo e ano
de diagnóstico
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
Implicações do cuidado de enfermagem
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
relação de amor que subsiste entre pais e filhos, como também insubs-
tituível e inalienável.16
O papel de destaque da família para o adolescente é reconhecido,
pois é nela que são construídos valores, princípios e comportamentos
que caracterizam as formas de enfrentamento e de resolução de pro-
blemas individuais e coletivos. É no convívio familiar que questões re-
lacionadas à sexualidade são melhores debatidas, considerando-se va-
lores, atitudes, crenças religiosas e culturais.17
Autores enfatizam a uniformização do discurso entre família,
cultura e sociedade, destacando que, quando uma sociedade é mono-
cultural, não há conflito entre cultura e sociedade. No entanto, quando
uma sociedade é multicultural, as mensagens para os adolescentes
sobre sexualidade podem ser confusas. A exemplo, existe conflito
sobre a abordagem da sexualidade entre famílias, culturas e sociedade,
particularmente no que é representado através da mídia. Deste modo,
mensagens claras sobre a definição de papéis e comportamentos acei-
táveis da
família e da cultura podem ajudar a minimizar esta confusão.
O fato é que muitos pais abdicam de seu papel neste esforço, deixando
seus filhos abertos à influência da cultura da sociedade, como visto
através da mídia.13
O dever de educar sexualmente os filhos é um desafio, em vir-
tude das comunicações sociais e da pornografia inspirada em critérios
comerciais que deformam a sensibilidade dos adolescentes. A este res-
peito, é necessário que os pais tenham duplo cuidado: educação preven-
tiva e crítica em relação aos filhos e ação corajosa de denúncia junto às
autoridades. Os pais, individualmente ou associados entre si, têm o di-
reito e o dever de promover o bem dos filhos e de exigir das autoridades
leis que previnam e reprimam a exploração da sensibilidade das crianças
e dos adolescentes.18
A sexualidade é um componente fundamental da personalidade,
um modo de ser, de se manifestar, de se comunicar com os outros, de
sentir, de expressar e de viver o amor humano, e, enquanto modalidade
de se relacionar e de se abrir aos outros, tem como fim intrínseco o
amor, mais precisamente o amor como doação e acolhimento, como
dar e receber.18
PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DA DST HIV/AIDS NA ADOLESCÊNCIA 75
O ser humano é o
procriador
ções com muito prazer. Um casal tem todo direito de buscar e gozar
do prazer genital, independente da possibilidade de aquela relação
gerar vida.24, 25
Desta forma, tudo o que envolve a sexualidade humana foi criado
por Deus para assegurar o projeto divino da procriação humana.
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
Cuidado ambiental
Cuidado ambiental
Cuidado
consigo
muitas vezes optam por realizar o ato sem o uso do mesmo, assim a
prática do uso do preservativo é o cuidado consigo e com o outro. Como
elaborar estratégias para essa habilidade?
As reflexões nesse contexto necessitam ser mais intensas, bus-
cando a integralidade do adolescente como um todo, não só para o meio
ambiente ou prevenção de drogas ou DST ou obesidade, mas estratégias
de cuidado que agreguem reflexão do cuidado ambiental, cuidado com
o outro e consigo que refletirá na saúde integral do adolescente para seu
protagonismo juvenil.
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
gias que incentivem a população a tornar esse gesto parte dos seus há-
bitos e valores de vida. Como a doação não faz parte da vida da maioria
da população, seu planejamento é fundamental para o sucesso da cap-
tação.11 Esse planejamento deve levar em consideração o perfil socioe-
conômico, a faixa etária, a escolaridade, o conhecimento prévio sobre
doação; esses dados subsidiariam a criação de uma estratégia efetiva,
que consegue sensibilizar os potenciais doares à importância do gesto.
Estudos mostram que um bom atendimento, a ampliação de co-
letas, o aumento de oportunidade de coletas e a exposição a mensagens
de altruísmo são fatores que contribuem para a conquista, retenção e
fidelização dos doadores. No mundo, as estratégias educativas são as
mais efetivas, como os vídeos educativos sobre a necessidade da do-
ação de sangue. Uma campanha educativa baseada em um super-herói
que precisa da ajuda dos doadores para salvar vidas motiva o altruísmo
da população e o desejo de ajudar, por exemplo.11
Trabalho de Araújo e colaboradores,12 realizado em Recife, re-
velou que o perfil de doadores que retornaram ao serviço de hemote-
rapia para realização de nova doação (tendendo a se tornar um doador
fidelizado) é, na sua maioria, do sexo masculino, com idade entre 25 e
34 anos, segundo grau completo, casado ou em uma relação estável.
Este estudo possibilitou o reconhecimento da população mais receptiva
à doação de sangue e, desta forma, reforça as melhores estratégias de
captação para essa população. Muitas são as vantagens do recrutamento
de doadores jovens, como, além da saúde global, o seu potencial para
doações vitalícias. Mas há evidências de que as pessoas jovens são, em
geral, aquelas que mais provavelmente praticam comportamentos de
risco associados com infecções transmissíveis por transfusão.13
Os motivos mais comuns para doação é a solicitação por amigos
ou parentes e a iniciativa própria; uma importante parcela dos doadores
de repetição tem histórico de doadores de sangue na família.14
Porém, as estratégias de captação devem ser usadas com mode-
ração e precaução. No Brasil, a doação de sangue remunerada é proi-
bida por lei, mas nos países em que é permitida (sistema misto, com
doadores voluntários e também remunerados), como os Estados Unidos,
Alemanha, Áustria, esse tipo de incentivo costuma atrair candidatos
PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DA DST HIV/AIDS NA ADOLESCÊNCIA 143
BIBLIOGRAFIA
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180 Estudos da Pós-Graduação
DISCUTINDO AS SITUAÇÕES
DE RISCO E VULNERABILIDADE
ENVOLVENDO O ADOLESCENTE
NO CONTEXTO DAS DST/HIV/AIDS
RESILIÊNCIA E FATORES DE PROTEÇÃO
Aspectos importantes na vida dos adolescentes
e para a prevenção de DST/HIV/Aids
Os fatores de proteção
Resiliência na adolescência
bientes, envoltos por teias de relações sociais que tanto podem favo-
recer a construção de fatores resilientes quanto exigir do adolescente
uma posição de enfrentamento e transposição das adversidades.29
Nesse sentido, a resiliência emerge como potencial de contri-
buição para o conhecimento da enfermagem na promoção da saúde e,
por conseguinte, na qualidade de vida das populações, haja vista a sua
aplicabilidade e importância nos diversos cenários e situações que en-
volvem o processo saúde/doença ao longo dos ciclos de vida e na saúde
do adolescente. As ações preventivas, curativas e educacionais em
saúde são campo propício para a atuação da enfermagem.41
Neste cenário de atuação, a enfermagem, como profissão, integra
uma equipe multiprofissional de saúde e, especificamente no atendi-
mento às crianças e aos adolescentes, com o objetivo de acompanhar o
crescimento e desenvolvimento com atenção integral e cuidados que
vão além das questões biológicas e pontuais, mas que incorpora ações
de promoção de saúde e prevenção de agravos, com resgate de compe-
tências e responsabilidades, inclusive familiares,42 considerando os as-
pectos físico, afetivo, psíquico e social. Assim sendo, o cuidado se
volta para as questões que englobam o adolescente e o processo da ado-
lescência e conhecer os aspectos constituintes e as peculiaridades desta
fase da vida é de fundamental importância para qualificar o cuidado
direcionado a esta população.29
BIBLIOGRAFIA
Método
(continuação Quadro I)
Valores
,52
Relaç_gener
,77 ,69
,60
Conclusões
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
Método
Tabela 2 - Qual método utilizado para evitar uma gravidez indesejada pelos
adolescentes de duas escolas públicas na cidade de Fortaleza – CE
Na última vez que você teve relação sexual, qual
método você ou seu parceiro (a) usou para evitar
N %
gravidez?
Eu nunca tive relação sexual 267 71,2
8,3
Nenhum método foi usado para evitar gravidez 31
Pílula Anticoncepcional 11 2,9
Preservativo (camisinha) 42 11,2
Anticoncepcional Injetável 4 1,1
1,3
Coito Interrompido ("tira na hora H") 5
0,3
Algum outro método 1
Não sei 14 3,7
Total 375 100,0
Fonte: Elaborada pelos autores.
por 41,8% dos alunos de 15 anos. Já no item que afirmava ter prati-
cado em todos os sete dias antecedentes ao questionário, 10% dos
alunos de 13 anos assinalaram essa alternativa, enquanto nenhum
aluno de 17 assinalou o mesmo. Não houve diferença significativa
(p>0,05) entre as idades estudadas.
Existe claramente o declínio da atividade física em um estudo
realizado com escolares de sete a 16 anos, sendo que os mais jovens
apresentaram 100% de prática de atividades físicas em, pelo menos,
cinco dias da semana e, no mínimo, 60 minutos por dia, conforme as
recomendações do United Kingdom Expert Consensus Group, caindo
para 29,4% aos 16 anos.16
As aulas de educação física se tornam um ambiente propício à
prática pedagógica relacionada à discussão sobre o tema transversal
orientação sexual; em contrapartida, observamos que o tema sexuali-
dade pouco tem sido debatido pelos professores de educação física, um
resultado preocupante já que os adolescentes estão cada vez mais
atentos quando se trata da sexualidade e, se não encontram esse debate
na escola ou na família, as informações ficam restritas a grupos de
amigos, pátios e festas.
A educação física tem as mais importantes ferramentas para tra-
balhar a orientação sexual na escola de forma eficaz e interessante;
esse é o momento em que se faz necessário que os professores de edu-
cação física façam valer sua formação e deixem transparecer sua im-
portância pedagógica e social através da eficiência na formação inte-
gral dos alunos. Não é fácil evitar o início da vida sexual precoce. No
entanto, o diálogo em casa e na escola com os adolescentes poderia dar
um suporte com mais informação e os levaria a começar mais tarde do
que aqueles que estão desamparados, que não têm família que os
apoiem, que não estão na escola e que têm uma condição socioeconô-
mica mais precária.
Finalmente, é imprescindível oportunizar um espaço onde pais,
familiares, escola, adolescentes, professores e profissionais de saúde
possam discutir para superar as relações de vulnerabilidade às doenças
sexualmente transmissíveis (DSTs), assim como a gravidez precoce e
não planejada.
244 Estudos da Pós-Graduação
BIBLIOGRAFIA
1 Também conhecido como pedra, deriva do som produzido pelo cloreto de sódio
presente na pedra quando este é queimado no cachimbo à temperatura de aproxi-
madamente 95oC.
2 Consumo repetitivo da droga.
250 Estudos da Pós-Graduação
Por outro lado, existem os fatores que colaboram para que o in-
divíduo, mesmo tendo contato com a droga, tenha condições de se pro-
teger. Estes são os fatores de proteção, os quais contrabalançam as vul-
nerabilidades para os comportamentos que resultam no uso e abuso de
drogas e não adoção do sexo seguro. Assim, existem fatores do próprio
indivíduo: habilidades para resolver os problemas, autonomia, autoes-
tima desenvolvida, vínculos positivos com pessoas, instituições e va-
lores; fatores familiares: pais que acompanham as atividades dos filhos,
respeito aos ritos familiares, estabelecimento de regras e condutas
claras; fatores escolares: bom desempenho, vínculos afetivos com pro-
fessores e colegas, prazer em aprender, ligações acentuadas com a es-
cola, descoberta e construção de projeto de vida; fatores sociais: opor-
tunidades de trabalho e lazer, informações adequadas sobre drogas e
seus efeitos, clima comunitário afetivo; fatores relacionados à droga:
regras e controle para consumo adequado e informações contextuali-
zadas sobre efeitos.3
Mostra-se evidente a inter-relação e a interdependência exis-
tentes entre o usuário adolescente e o contexto que o circunda. Pensar
nesta teia de vulnerabilidades e nos determinantes socioculturais em
relação ao uso de drogas e ao HIV/Aids, em uma sociedade, certamente
amplia e torna mais complexa a abordagem desse fenômeno.2
Atualmente, os adolescentes representam, sem dúvida, a popu-
lação mais estudada em relação ao uso de drogas. Nas últimas décadas,
foram realizados inúmeros levantamentos epidemiológicos sobre
drogas com adolescentes, especialmente entre estudantes. No Brasil, os
estudos mais abrangentes são realizados pelo Cebrid, que teve início na
década de 1980, e até o ano de 2010 foram seis levantamentos entre
estudantes do ensino fundamental e médio.
O VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas
Psicotrópicas, concluído em 2010, revelou que, na população adoles-
cente, houve diminuição de 49,5% no uso de drogas ilícitas em compa-
ração com a última pesquisa em 2004. Somente no caso da cocaína não
foi observada redução do consumo. No Nordeste, a variação de “uso na
vida” nas nove capitais desta macrorregião, comparando-se 2004 e 2010,
é expressa pela relação Diminuição/Aumento. Portanto, as diminuições
PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DA DST HIV/AIDS NA ADOLESCÊNCIA 255
urgentes são necessárias para protegê-lo dos efeitos desta droga tão de-
vastadora. As políticas públicas devem considerar que a dependência de
qualquer droga é uma doença crônica e que necessita de um tratamento
com múltiplos recursos e de longo prazo; que, além do tratamento, a
reinserção social de longo prazo é necessária; e que a participação do
setor de autoajuda (Narcóticos Anônimos [NA], grupos familiares, or-
ganizações comunitárias e religiosas) deveria fazer parte da organi-
zação dessas políticas.
Estratégias de prevenção entre os usuários de drogas têm maior
impacto na modificação do comportamento de risco relacionado ao uso
de droga (como compartilhamento de apetrechos) do que modificações
no comportamento sexual de risco, o que aponta para um nicho a ser
explorado na tentativa de se permitir redução de danos a esta população
de forma mais ampliada. Porém, sabe-se que a questão comportamental
é algo difícil de ser modificado, o que significa que a compreensão da
influência do comportamento sexual ou de qualquer variável comporta-
mental que incida sobre a saúde precisa de abordagem que não se res-
trinja aos aspectos biológicos e que inclua a forma como se produz a
construção cultural e social de fatores correlatos.32
Assim surge a necessidade de apontar a autonomia dos sujeitos a
qual depende das condições externas destes, da cultura em que estão
inseridos, do acesso à informação e, mais do que isso, da capacidade de
utilizar o conhecimento em exercício crítico de interpretação, ou seja, o
sujeito da reflexão e ação.33
Essa autonomia, no sentido de mudar o comportamento em relação
às drogas e ao HIV/Aids, é subsidiada pela conscientização advinda do
processo de educação em saúde e grupos terapêuticos, os quais surgem
como uma estratégia voltada para a promoção da saúde, comprometida
com o processo de transformação social efetiva das pessoas envolvidas.
Nesse cenário, a educação em saúde requer do profissional de saúde
e, principalmente do enfermeiro, por sua proximidade com esta prática,
análise crítica da atuação, bem como reflexão acerca de seu papel como
educador, o qual está profundamente atrelado ao crescimento e desenvol-
vimento da profissão. Dessa forma, o enfermeiro deve agir como facili-
tador, desenvolvendo ambiente voltado à aprendizagem que motive e pos-
PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DA DST HIV/AIDS NA ADOLESCÊNCIA 259
BIBLIOGRAFIA
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PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DA DST HIV/AIDS NA ADOLESCÊNCIA 277
interagir com a cultura de rua, o que contribui para que esse sujeito se
integre totalmente ao ambiente de rua.21
A rua raramente proporciona a estes indivíduos subsídios ade-
quados para o enfrentamento, com um mínimo de sucesso, desta etapa
da vida em direção à construção do indivíduo pleno e cidadão.22
cente. Busca, assim, criar um espaço de reflexão para que esses sujeitos
desfrutem de sua sexualidade de forma sadia e responsável.18, 32, 37
A enfermagem, dentro da proposta interdisciplinar e multipro-
fissional embasada na Política Nacional de Prevenção das DST/Aids,
vem prestando o atendimento ao adolescente por meio de programas
educativos que visam informar o público acerca das mudanças que
ocorrem no seu corpo, ressaltando aspectos preventivos e curativos das
doenças às quais estão expostos. Propõe estratégias que criem um es-
paço de diálogo com vista a neutralizar a influência dos fatores de
ordem social e cultural que contribuem nocivamente para a vida sexual
e reprodutiva do adolescente, orientando-o sobre os métodos de pre-
venção das DST/HIV/Aids. 40
O trabalho de orientação desenvolvido nas ações educativas pelo
enfermeiro visa levantar, junto ao adolescente, necessidades e inte-
resses temáticos a serem desenvolvidos no processo educativo. A pro-
posta educativa norteada por metodologias emancipatórias e dialogais
tem como finalidade permitir que haja a transformação dos sujeitos en-
volvidos no processo. Saber escutar, refletir e dialogar com o outro per-
mite enxergar a diversidade dos saberes com a consciência de que são
seres inacabados enquanto estiverem convivendo e experimentando
com o outro o prazer da busca do conhecimento.41
Salienta-se que as atribuições do enfermeiro na promoção da saúde
do adolescente são: desenvolver um cuidado no sentido de prevenir do-
enças e situações indesejadas; orientar a formação de multiplicadores que
têm uma ação mais próxima dos pares; facilitar conhecimento, partici-
pação e fortalecimento do vínculo entre pais, adolescente e profissional.
As ações do enfermeiro que atua na prevenção de DST/HIV/Aids
são norteadas por oficinas grupais de prevenção. As metodologias edu-
cativas por meio de oficinas favorecem a análise integral do público a
ser assistido, a contextualização do grupo, a clareza e a definição do
foco temático da proposta educativa conforme as necessidades e o inte-
resse do público-alvo, o planejamento flexível (implicando contínua
transformação enquanto fluir o processo grupal), a aplicação de téc-
nicas de sensibilização, dinamização, comunicação, ação-reflexão, a
fim de propiciar a formação de vínculo grupal, respeitando-se a auto-
PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DA DST HIV/AIDS NA ADOLESCÊNCIA 289
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POPULAÇÕES ESPECIAIS
Importância da prevenção de DST/Aids
e das escolhas conscientes
É com a amamentação
Que nós vamos conhecer
As vantagens para a mãe
Vamos nós esclarecer
E também para a criança
Pois é quem vai receber
BIBLIOGRAFIA
sequências para o homem e, por sua vez, para a sua saúde, sejam elas
benéficas ou maléficas.1
Nos últimos anos, diversas abordagens vêm sendo apresentadas
para se entender as complexas relações entre os ambientes. Para tanto,
têm-se levado em consideração a estrutura social, econômica, política e
a organização que determinada sociedade atinge.
Uma das mais importantes abordagens é o chamado modelo
Lalonde, adotado pelo governo canadense para a re-organização da
saúde pública desse país a partir do final da década de 1970. Tal modelo
leva em consideração o imbricamento de quatro elementos, sejam eles:
a) o espaço biofísico; b) os fatores sociais; c) os atributos individuais
que se expressam nos estilos de vida e d) a bagagem genética. Vale
ressaltar que os quatro elementos desse modelo atuam como modula-
dores dos efeitos dos diferentes causadores das enfermidades ou da pro-
moção da saúde na sociedade.3
Levando-se em consideração o desenvolvimento dos conceitos
de promoção da saúde, é válido destacar a 1a Conferência Internacional
sobre Promoção da Saúde, a qual teve como principal produto a Carta
de Ottawa, que define promoção da saúde como “o processo de capaci-
tação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e
saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo”.4
Entre os cinco campos centrais de ação da Carta de Ottawa,
ressalta-se aqui a criação de “ambientes favoráveis à saúde”, ou seja,
o reconhecimento da complexidade das nossas sociedades e das rela-
ções de interdependência entre diversos setores. Diante dessa pers-
pectiva, passam a compor centralmente a agenda da saúde: a proteção
do meio ambiente e a conservação dos recursos naturais, o acompa-
nhamento sistemático do impacto que as mudanças no meio ambiente
produzem sobre a saúde, bem como a conquista de ambientes que fa-
cilitem e favoreçam a saúde, como o trabalho, o lazer, o lar, a escola e
a própria cidade.5
Portanto, diante do que foi exposto acima acerca da relação exis-
tente entre ambiente e promoção da saúde, é possível percebermos as
influências de muitos aspectos diante da possibilidade de efetividade de
ambientes favoráveis à saúde; entre eles, é possível citar os riscos e as
PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DA DST HIV/AIDS NA ADOLESCÊNCIA 317
BIBLIOGRAFIA
Adolescência e a sexualidade
Tratamento e medicamento
Discriminação
Revelação diagnóstica
A revelação do diagnóstico constitui-se como um momento sen-
sível e estressante, pois geralmente gera apreensão ao cuidador familiar
porque há dúvidas sobre quando, como e quem deve fazê-lo. Acredita-se
que a revelação deve ser realizada por pessoas com quem o adolescente
tenha vínculo, principalmente a mãe e o pai. Mas para que possa fazê-lo de
maneira mais adequada, os familiares/cuidadores precisam ser preparados
e apoiados pela equipe de saúde que vêm acompanhando o adolescente e
a família. Este apoio dependerá das necessidades e vontades do familiar/
cuidador, podendo ser direto ou indireto no momento da revelação.
O momento da revelação dependerá de cada família, mas poderá
ocorrer no momento em que iniciam os questionamentos da criança e/
ou adolescente sobre os aspectos relacionados à doença ou aos medica-
mentos. Entretanto, o apoio da família é fundamental nesse momento.
Imagens explicativas ou livros sobre a doença poderão ser utilizados
para auxiliar no momento da revelação.
Considerações finais
BIBLIOGRAFIA
COLABORADORAS
Marli Teresinha Gimeniz Galvão
Elucir Gir
Marli Teresinha Gimeniz Galvão