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Prof.

Gustavo Paulinelli

Departamento de Engenharia de Controle e


Automação e Técnicas Fundamentais

Escola de Minas

Universidade Federal de Ouro Preto

Radiação Sonora de Estruturas


Vibrantes
Superfícies de estruturas que estão submetidas a vibrações são comumente
encontradas em problemas acústicos e são caracterizadas como fontes de
ruído.

É importante compreender o fenômeno de radiação acústica de estruturas


vibrantes, uma vez que a eficiência com que um superfície converte energia
vibratória em som depende não somente do nível de vibração, mas também:
• da frequência de vibração,
• da forma da estrutura vibrante,
• da distribuição espacial do movimento da superfície,
• das propriedades acústicas do fluido.

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Vibrantes
O comportamento da radiação de ruído por painéis vibrantes é controlado,
principalmente, por dois fenômenos.

O primeiro refere-se ao fenômeno do “cancelamento de radiação”. A


proximidade de regiões de superfície que apresentam deslocamento de
volume em direções opostas, reduz a eficácia da compressão do fluido
localmente e, consequentemente, inibe a radiação em campo livre.

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O segundo fenômeno está relacionado à dispersão das ondas de flexão.
Todo painel que está submetido a ondas de flexão apresenta uma frequência
crítica (fc), na qual os números de onda acústico (k) e estrutural (kf) são
iguais. 2
c
fc = c f = 1,8 f hcl
1,8hcl
E
Onde cl = é a velocidade da onda longitudinal, E é o módulo de
ρs
elasticidade e ρ s é a densidade, ambos referentes ao material da placa. E h
refere-se à espessura da chapa.

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Segundo Fahy (2001), para um plano infinito, acima de fc, a impedância


presente na superfície do plano é real, ou seja resistiva, e o campo sonoro
radiado toma a forma de uma onda plana propagando-se com um número de
onda normal à superfície. Abaixo de fc, a impedância é reativa representando
a inércia do fluido em relação ao movimento da estrutura. O efeito desta
reação do fluido é o aumento da massa efetiva do painel, reduzindo a
velocidade de propagação da onda.

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A impedância acústica (Z) em um ponto (x0,y0) do fluido devido à velocidade
da superfície vibrante no ponto (x1,y1) é a razão complexa entre a pressão
sonora p imediatamente em frente ao ponto da superfície com a respectiva
velocidade v. Fluido

Estrutura

Desta forma fica evidenciado que a velocidade da superfície relaciona-se


diretamente com a compressão (ou rarefação) do fluido imediatamente à sua
frente e a impedância explica a transferência de energia no limiar entre a
superfície do painel e o fluido a ele acoplado.

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Ζ = R + jX

A parcela real R significa a parte resistiva, descreve a potência entregue pelo


painel ao fluido a ele acoplado e representa a energia que, de fato, será
convertida em energia acústica em campo distante.

A parcela imaginária X significa a reatância e representa a energia que é


trocada no “cancelamento de radiação”. Esta parcela de energia não se
traduz em potência acústica no campo distante.

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Considerando ainda uma placa infinita ideal, a impedância de radiação é


puramente resistiva para frequências acima da frequência crítica fc e é
puramente reativa abaixo de fc. Ou seja, não há potência sonora efetiva
sendo gerada abaixo de fc.

Entretanto, na prática, é evidente que painéis vibrantes reais irradiam


energia sonora em frequências abaixo de fc. Dois fatores são responsáveis
por este fenômeno.

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O primeiro fator refere-se às


condições de contorno as
quais um painel real está
submetido. A forma como ele é
apoiado ou fixado, localmente,
reduz o efeito do
cancelamento, contrapondo a
condição teórica que considera
o painel sem pontos de
fixação. A radiação percebida
abaixo de fc é atribuída
principalmente às bordas.

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O segundo fator refere-se ao campo de vibrações da estrutura, que
raramente é proveniente de apenas um modo. A superposição das
respostas modais produz graus de falta de correlação entre regiões do
painel que estão separadas por mais de meio comprimento de onda de
flexão estrutural .
Para uma placa engastada (em todo o perímetro) quadrada de lado a,
espessura h, modulo de elasticidade E, razão de Poisson ν e massa por
unidade de área ma, é possível encontrar as frequências naturais a partir de:
2
ψ mn Eh 3
f mn =
2π a 2 12ma (1 −ν 2 )

m,n 1,1 2,1 1,2 2,2 3,1 1,3


Ψm,n 35,99 73,41 73,41 108,3 131,6 132,2
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A resistência da radiação (para cada
modo) pode ser definida através da
potência radiada e da média espacial e
temporal da velocidade quadrada:

Rmn = W / v 2

A eficiência de radiação pode, então,


ser definida por:

σ mn = Rmn / ρ 0cS = W / ρ 0cS v 2

k
γ=
kf
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A potência radiada pode ser definida como:
W = Sρ 0c v 2 σ rad

Outra equação para o Nível de Potência Sonora (NWS) pode ser escrita
como:
NWS = 20 log(v ) + 10 log(S ) + 10 log(σ rad ) + 146,2

S área total da superfície do painel

v2 velocidade quadrática média (espaço e tempo)

v velocidade média

σ eficiência de radiação
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Recomendações para atenuação do ruído causado por painéis
vibrantes:

• Atenuar a velocidade de vibração através da aplicação de amortecimento;

• Afastar a frequência crítica para valores maiores (diminuição da espessura


do painel);

• Usar chapa perfurada ou tela;

• Reduzir as áreas das estruturas vibrantes de maneira geral.

NWS = 20 log(v ) + 10 log(S ) + 10 log(σ rad ) + 146,2

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Exercício:

Considere uma chapa de alumínio quadrada de 1 m de lado e espessura de


5 mm, engastada em todas as bordas.
a) Calcule a frequência crítica.
b) Calcule as frequências naturais para os modos
m,n = 1,1; 1,2; 2,1; 2,2; 3,1; 1,3
c) Faça uma avaliação qualitativa do efeito dos modos na potência irradiada.
d) Caso a espessura da placa fosse reduzida para 2 mm, qual seria a nova
frequência crítica? E quais novas frequências naturais?
e) Faça uma nova avaliação qualitativa do efeito dos modos na potência
irradiada.

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Referências
FAHY, F. J. Foundations of engineering acoustics. London:
Academic Press, 2001. 443p.
GERGES, S. N. Y. Ruídos e vibrações veiculares.
Florianópolis: S.N.Y. Gerges, 2005. 732p
Wallace, C. E. Radiation Resistance of a Rectangular Panel.
Journal of the Acoustical Society of America, Vol 51,
Number 3 (Part 2), 1972.
Elliot, S. J. and Johnson, M. E. Radiation Modes and the
Active Control of Sound Power. Journal of the Acoustical
Society of America, Vol 94, Number 4, 1993.
LMS International. (www.lmsintl.com)
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